Abordando o solo na escola - Unidade 4 - Principais Solos do Estado do Paraná

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ABORDANDO O SOLO NA ESCOLA: PARA PROFESSORES DO ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO

UNIDADE 4

PRINCIPAIS SOLOS DO ESTADO DO PARANÁ


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2 UNIDADE 4

PRINCIPAIS SOLOS DO ESTADO DO PARANÁ


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UNIDADE 4 PRINCIPAIS SOLOS DO ESTADO DO PARANÁ

SUMÁRIO 1 APRESENTAÇÃO ���������������������������������������������1 2 POR QUE E COMO CLASSIFICAR OS SOLOS? � 2 3 OS PRINCIPAIS SOLOS QUE OCORREM NO PARANÁ ��������������������������������������������������������������3 3.1 LATOSSOLOS ������������������������������������������������������� 5 3.2 NEOSSOLOS �������������������������������������������������������� 7

3.4 NITOSSOLOS ������������������������������������������������������� 9 3.5 CAMBISSOLOS �������������������������������������������������� 11 3.6 GLEISSOLOS ������������������������������������������������������ 13 3.7 ESPODOSSOLOS ����������������������������������������������� 15 3.8 ORGANOSSOLOS ���������������������������������������������� 17

4 SUGESTÕES PARA O PROFESSOR ABORDAR ESTE TEMA ��������������������������������������������������������19 5 SÍNTESE DA UNIDADE �����������������������������������21 6 REFERÊNCIAS �����������������������������������������������21

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3.3 ARGISSOLOS ������������������������������������������������������� 8



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PRINCIPAIS SOLOS DO ESTADO DO PARANÁ Marcelo Ricardo de Lima

1 APRESENTAÇÃO

A intenção desta unidade é mostrar conceitos atualizados em relação à classificação dos principais solos existentes no estado do Paraná. A classificação dos solos nos livros didáticos, em geral, é bastante simplificada e, muitas vezes, não adequada à realidade dos solos tropicais brasileiros, pois apresentam termos que não são claramente explicados e que não caracterizam a realidade local do aluno e do professor. Nesta perspectiva, destacamos os seguintes objetivos específicos desta unidade: • Apresentar algumas dificuldades conceituais existentes nos livros didáticos em relação à classificação dos solos; • Indicar materiais didáticos que podem ser utilizados pelo professor para este tema, contextualizando-os à realidade dos alunos. Ao final desta unidade, espera-se que vocês, professores, possam ter uma visão mais crítica em relação às informações existentes nos livros didáticos sobre a classificação dos solos e tenham condições de abordar esse conteúdo em suas aulas com maior conhecimento conceitual, procurando contextualizar o tema em relação à realidade local na qual se insere sua instituição de ensino.

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Prezados professores,


2 2 POR QUE E COMO CLASSIFICAR OS SOLOS? Classificar é uma forma de organizar o conhecimento existente a respeito de algo; significa agrupar segundo determinados critérios. Os carros, por exemplo, podem ser classificados pelo critério “cor”: pretos, cinzas, vermelhos, etc.

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É importante que os solos sejam classificados, pois: a) permite conhecer a qualidade e as limitações dos solos de um município, estado ou país; b) possibilita a troca de informações técnicas entre as pessoas que usam ou estudam os solos; c) permite predizer o comportamento dos solos; d) possibilita identificar o uso mais adequado dos solos. Há muitas denominações usuais sobre os diversos tipos de solos em livros didáticos, bem como sobre os solos argilosos, solos arenosos, solos rasos, solos vermelhos, solos profundos, solos de mata, solos de campo, solos de basalto, solos de granito, solos jovens, solos velhos, solos calcários, solos humíferos, entre outros. Mas o que seria um solo calcário? Seria um solo derivado de uma rocha calcária ou com carbonato de cálcio em sua composição? No Brasil, os solos com essa constituição são pouco frequentes e restritos a regiões semiáridas onde os solos são alcalinos. No caso do termo humífero, a única coisa que se pode deduzir é tratar-se de um solo que contém húmus, também de pouco significado ou valia, já que praticamente todos os solos contêm esse componente em maior ou menor quantidade. Essas denominações podem ser consideradas formas simples de classificação, pois se considera apenas um fator ou característica, como, por exemplo, a profundidade, a composição, a granulometria, a cor, o tipo de vegetação, o material de origem ou a idade. É muito comum, principalmente nos livros didáticos de ciências, a classificação dos solos em arenosos, argilosos, humíferos e calcários. Para as condições do Paraná, essa classificação apresenta grandes restrições, pois tanto os solos arenosos quanto os humíferos (orgânicos) ocorrem, cada um, em apenas 0,5% do território estadual, e não há solos “calcários” (com carbonatos). Assim, 99% dos solos do

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Paraná podem ser considerados de textura muito argilosa, argilosa ou média (conforme estudamos na unidade 3, “Perfil e Morfologia do Solo”), sendo abordados de forma generalizada nos livros didáticos da educação básica. Além de causar confusão, a utilização indiscriminada desses termos pouco contribui para o conhecimento do solo. Por se fundamentar em uma única característica ou propriedade, essas formas de agrupar solos pouco revelam a respeito das suas qualidades ou limitações para uso.

SAIBA MAIS: Leia o texto que discute criticamente as classificações de solos utilizadas nos livros didáticos da educação básica, disponível no link: http://goo.gl/EhX8Vc

Nesse texto também são discutidas sugestões para trabalhar a classificação de solos no Ensino Fundamental.

Atualmente é possível contar com o Sistema Brasileiro de Classificação de Solos (SiBCS) (SANTOS et al., 2013), no qual os solos são agrupados em categorias, segundo propriedades em comum, e recebem denominações próprias e condizentes com o estágio atual do conhecimento científico. Dessa forma, desaconselha-se a utilização de termos impróprios, superados e errôneos para tratar os solos. No SiBCS, os solos são classificados com base em propriedades que resultam dos processos de gênese do solo, ou seja, do modo como foram formados. Para ter uma ideia da diversidade de solos no Brasil, o SiBCS, atualmente, possui 861 classes de solos identificadas em sua chave de classificação, no quarto nível categórico deste sistema.

3 OS PRINCIPAIS SOLOS QUE OCORREM NO PARANÁ O sistema de identificação, classificação e mapeamento dos solos do Brasil iniciou-se na década de 1951-1960, culminando com o atual Sistema Brasileiro de Classificação de Solos (SANTOS et al., 2013). Este sistema é dividido em 13 ordens, sendo que algumas não são comuns no Paraná. Na Tabela 1 são relacionadas as ordens de maior ocorrência no estado e, de forma resumida, são dados os conceitos e as áreas de ocorrência destes solos.

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Também é muito comum os solos serem conhecidos por denominações locais, utilizadas na linguagem coloquial, tais como, massapê, terra roxa, chernozem e outras, mas que não deveriam estar divulgadas em livros didáticos nacionais, devido à especificidade local destas terminologias.


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Tabela 1 - Principais classes de solos, em nível de ordem, encontradas no estado do Paraná Classe

Principais regiões de ocorrência no Paraná(1)

Latossolos

Solos velhos (muito alterados em relação à rocha de origem), profundos, com grande desenvolvimento do horizonte B.

Em todas as regiões, sendo pouco frequente no litoral do Paraná.

30,8

Neossolos

Solos jovens em início de formação (sem horizonte B).

Em todas as regiões do estado, principalmente nas áreas mais declivosas. É menos comum no noroeste do Paraná.

22,2

Argissolos

Em todas as regiões do Paraná, Solos com acumulação de argila no com exceção das áreas de solos horizonte B. formados de basaltos (sudoeste, oeste e norte do Paraná).

15,5

Nitossolos

Solos com agregados do horizonte B com superfícies brilhantes.

Principalmente nas regiões de solos formados de basaltos (sudoeste, oeste e norte do Paraná).

15,2

Cambissolos

Solos que possuem horizonte B em estágio inicial de formação.

Principalmente no sul e leste do Paraná.

10,6

Gleissolos

Solos com cores acinzentadas.

Ocorrem predominantemente nas áreas de várzeas (banhados) no estado do Paraná.

1,2

Solos com altos teores de matéria orgânica.

Ocorrem predominantemente nas áreas de várzeas (banhados) e também nas áreas Altomontanas das serras no estado do Paraná.

0,5

Ocorrem somente no litoral do Paraná.

0,4

(ordem)

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Área(2)

Termos de conotação ou memorização

Organossolos

Solos muito arenosos com acúmulo

Espodossolos de matéria orgânica e compostos de ferro e alumínio no horizonte B

%

(1) Adaptado de Bhering e Santos (2008). (2) Área do estado do Paraná na qual esta classe é predominante, segundo Bhering e Santos (2008).

SAIBA MAIS: Antes de continuar a leitura desta unidade, assista à Escola Interativa “Conhecendo os Solos do Paraná”, por meio do link:

http://goo.gl/o8HLCt


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UNIDADE 4 PRINCIPAIS SOLOS DO ESTADO DO PARANÁ 3.1 LATOSSOLOS

Perfil de Latossolo localizado no município de Araucária (PR). •

Ocorrência: É a principal classe de solo encontrada no Paraná, sendo predominante em 30,8% do território estadual (BHERING; SANTOS, 2008). A Planície Litorânea e as áreas mais declivosas do estado apresentam a menor ocorrência dessa classe de solo. Ocupam, normalmente, relevos mais planos, conforme a imagem a seguir.

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Conceito: São solos profundos (1 a 2 m) ou muito profundos (mais de 2 m), bastante intemperizados (velhos e alterados em relação à rocha) e geralmente de baixa fertilidade. De maneira geral, são muito porosos, permeáveis, com boa drenagem (não têm problemas de excesso de água). A imagem a seguir apresenta um perfil de Latossolo.

Foto: Itamar Antônio Bognola


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Foto: Marcelo Ricardo de Lima.

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Paisagem de ocorrência de Latossolos, localizada no município de Jussara (PR).

Significado agrícola: Suas características, tais como boa profundidade, relevo quase plano, ausência de pedras, grande porosidade, boa drenagem e permeabilidade fazem com que sejam os mais utilizados na produção rural. Embora geralmente sejam de baixa fertilidade, as práticas de adubação e correção do solo, realizadas pelos produtores rurais, os tornam mais produtivos.

Significado ambiental e urbano: O relevo plano e as características físicas adequadas já destacadas anteriormente determinam que os Latossolos apresentem alta estabilidade, baixo risco de erosão e grande capacidade para suportar estradas, construções, além de ser local favorável para instalação de áreas industriais e aterros sanitários. Por este motivo muitas áreas de Latossolos foram incorporadas à malha rodoviária, urbana e/ou áreas industriais dos municípios paranaenses. Contudo, os Latossolos do noroeste do Paraná apresentam maior teor de areia (embora não sejam definidos como arenosos) e, por este motivo, são mais susceptíveis à erosão e com maior fragilidade ambiental, apesar do relevo aplainado.


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UNIDADE 4 PRINCIPAIS SOLOS DO ESTADO DO PARANÁ 3.2 NEOSSOLOS

Perfil de Neossolo localizado no município de Piraquara (PR). •

Ocorrência: São predominantes em 22,2% do território paranaense (BHERING; SANTOS, 2008), principalmente nas áreas mais declivosas. Ocorrem em todas as regiões, porém com pouca incidência na região noroeste do Paraná.

ignificado agrícola: Podem ser de baixa ou alta fertiS lidade, dependendo do material de origem (rocha). Quando ricos quimicamente, são muito utilizados para a agricultura, principalmente por agricultores familiares que possuem pequena área. Quando possuem baixa fertilidade e relevos inclinados, estes solos deveriam ser reservados para pastagens ou reflorestamento, ou preservação da flora e fauna. Como principais obstáculos ao uso, podem ser citados o relevo normalmente

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Conceito: Em geral são solos rasos, em estádio inicial de evolução, apresentando mais comumente apenas horizonte A sobre o horizonte C ou sobre a rocha de origem (camada R). Estes solos são tão jovens que não têm horizonte B, como se observa na imagem a seguir.

Foto: Marcelo Ricardo de Lima.


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Paisagem de ocorrência de Neossolos com elevada pedregosidade, em relevo declivoso, no município de Francisco Beltrão (PR). •

Significado ambiental e urbano: Considerando as características já relatadas, constituem áreas extremamente frágeis. Deveriam ser evitados para ocupação urbana para não intensificar os processos erosivos. Em alguns casos, apresentam ocorrência de rochosidade (com presença de enormes matacões) que podem causar grandes danos materiais em caso de deslizamentos em áreas urbanizadas. Nos Neossolos com maior teor de areia, devido à pequena capacidade de retenção de substâncias químicas e água, resultam em sua baixa capacidade de atuar como filtro de materiais poluentes.

Foto: Cristhian Hernandez Gamboa.

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Foto: Marcelo Ricardo de Lima.

declivoso, reduzida espessura e eventual presença de pedras, como se observa na imagem a seguir.

3.3 ARGISSOLOS •

Conceito: Apresentam acúmulo de argila no horizonte B, ou seja, o horizonte mais superficial do solo (horizonte A) possui mais areia que o horizonte subsuperficial (horizonte B), conforme a imagem ao lado.

Perfil de Argissolo localizado no município de Colombo (PR).


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Ocorrência: São predominantes em 15,5% do território paranaense (BHERING; SANTOS, 2008), desde o litoral até o noroeste. Contudo, são escassos nas regiões de rochas basálticas (norte, oeste e sudoeste do estado). Normalmente ocupam relevos moderadamente declivosos.

Significado agrícola: Normalmente apresentam reduzida capacidade de reter nutrientes para as plantas, e maior risco de erosão, devido ao menor teor de argila existente no horizonte A.

Significado ambiental: São solos bastante susceptíveis à erosão, principalmente em relevos mais declivosos. Muitos dos problemas de intensa erosão existentes no noroeste do Paraná ocorrem neste tipo de solo, como apresenta a imagem abaixo.

Foto: Marcelo Ricardo de Lima.

Paisagem de ocorrência de erosão em Argissolos utilizado com pastagem, no município de Peabiru (PR). 3.4 NITOSSOLOS •

Conceito: São solos caracterizados pela presença de um horizonte B cujos agregados apresentam estrutura predominantemente em blocos e brilho característico (reluzente), conforme se observa nas imagens seguintes.

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Foto: Marcelo Ricardo de Lima.

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Perfil de Nitossolo localizado no município de Palotina (PR).

Foto: Marcelo Ricardo de Lima.

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Estrutura e brilho característicos de Nitossolo, em um perfil localizado em Palotina (PR)


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Paisagem de ocorrência de Nitossolos em Jussara (PR) •

ignificado agrícola: No Paraná, são, em sua maioria, S de boa fertilidade e relevo favorável à mecanização. No entanto, ocorrem em relevo mais declivoso que os Latossolos, aumentando o risco de erosão.

Significado ambiental: Quando em relevos ondulados e mal manejados, a erosão é um fator preocupante nestes solos.

3.5 CAMBISSOLOS •

Conceito: São solos um pouco mais evoluídos que os Neossolos, pois já possuem horizonte B, mas ainda em estágio inicial de formação. São solos, geralmente, poucos profundos, conforme se observa na imagem a seguir.

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corrência: São predominantes em 15,2% do território O paranaense (BHERING; SANTOS, 2008), principalmente nas regiões de rochas basálticas (norte, oeste e sudoeste do estado) em relevos moderadamente declivosos, conforme a imagem a seguir.

Foto: Marcelo Ricardo de Lima.


Ocorrência: São predominantes em 10,6% do território paranaense (BHERING; SANTOS, 2008), principalmente no sul e leste do estado.

Significado agrícola: Geralmente são solos mais profundos que a maioria dos Neossolos, mas podem restringir o desenvolvimento das raízes de espécies arbóreas. A maioria dos Cambissolos no estado do Paraná apresenta baixa fertilidade química natural, o que demanda o uso de grandes quantidades de corretivos e fertilizantes pelos agricultores. O relevo é geralmente ondulado, o que também é um aspecto favorável à erosão. Naqueles Cambissolos situados em relevo mais plano (Lapa, Campo do Tenente, Morretes, etc.), a utilização de corretivos e adubos os tornam produtivos. Estes aspectos podem ser observados nas imagens a seguir.

Foto: Marcelo Ricardo de Lima.

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Perfil de Cambissolo localizado no município de Pinhais(PR).

Foto: Marcelo Ricardo de Lima.

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Área de ocorrência de Neossolos e Cambissolos, localizada no município de Rio Branco do Sul (PR), onde se observa a ocorrência destes solos em relevo mais declivoso, utilizado com reflorestamentos de Pinus sp.


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Área de ocorrência de Cambissolos, localizada no município da Lapa (PR), onde se observa a ocorrência deste solo em relevo com menor declividade. •

Significado ambiental e urbano: Os Cambissolos que ocorrem em relevos inclinados, geralmente são poucos profundos e mais susceptíveis à erosão. Essa situação é agravada quando, junto com o solo, são levados adubos e agrotóxicos, que poderão contaminar rios e lagos, além de assorear estes corpos hídricos superficiais. Nas áreas mais declivosas, estes solos deveriam ser destinados à preservação da fauna e flora, mas frequentemente são utilizados com pastagem ou reflorestamento.

Foto: Marcelo Ricardo de Lima.

3.6 GLEISSOLOS • Conceito: São solos que apresentam horizonte de subsuperfície (B ou C) de cor acinzentada, conforme a imagem ao lado.

Perfil de Gleissolo localizado no município de Morretes (PR).

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Foto: Marcelo Ricardo de Lima.

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PRINCIPAIS SOLOS DO ESTADO DO PARANÁ Ocorrência: São predominantes em apenas 1,2% do território paranaense (BHERING; SANTOS, 2008), em áreas planas e abaciadas, como em manguezais, várzeas e banhados dos rios, nas quais há excesso de água, como se observa na imagem a seguir.

Foto: Marcelo Ricardo de Lima.

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Paisagem de ocorrência de Gleissolo, em área de várzea próxima ao rio Canguiri, no município de Colombo (PR), atualmente ocupada com pastagem. •

Significado agrícola: Uma vez drenados (retirada do excesso de água por meio de valetas ou canais), podem ser utilizados com agricultura. Geralmente são solos de baixa fertilidade, o que implica na obrigatoriedade de emprego de adubos e corretivos.

ignificado ambiental e urbano: Localizam-se S próximos aos rios e lagos e, em razão disso, geralmente se apresentam saturados por água, o que facilita a contaminação da água subterrânea com produtos químicos e adubos utilizados na agricultura. Devido a essa fragilidade ambiental, as leis ambientais vigentes passaram a proteger grande parte desses solos, transformando-os em áreas de preservação ambiental. A ocupação urbana destes solos é desaconselhada, por apresentarem excesso de água e serem sujeitos à inundação. Contudo, é muito comum a ocorrência de loteamentos (regulares ou não) nestas áreas, principalmente na Região Metropolitana de Curitiba. Os Gleissolos localizados nas áreas de manguezais (ver imagem a seguir) também


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Área de ocorrência de Gleissolo, em área de manguezal na Floresta Estadual do Palmito, município de Paranaguá (PR). 3.7 ESPODOSSOLOS Conceito: São solos muito arenosos, com acúmulo de matéria orgânica e/ou óxidos de ferro no horizonte B, deslocados dos horizontes superficiais do solo, conforme a imagem ao lado. Normalmente apresentam um horizonte E entre os horizontes A e B. Este horizonte E é claro, devido à predominância de quartzo em sua mineralogia (conforme estudamos na unidade 3, “Perfil e Morfologia do Solo”).

Foto: Marcelo Ricardo de Lima.

Perfil de Espodossolo, com destaque para o horizonte E (de cor clara) e o horizonte B (de cor escura) localizado na planície litorânea em Paranaguá (PR)

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Foto: Arquivo do Programa Solo na Escola/UFPR

apresentam grande importância para manter a estabilidade deste frágil ambiente litorâneo.


16 Ocorrência: São predominantes em apenas 0,4% do território paranaense (BHERING; SANTOS, 2008), sendo encontrados somente na planície litorânea do estado.

Significado agrícola: Apesar de ocorrerem em relevo plano, apresentam grande quantidade de areia, condicionando baixa fertilidade química e baixa capacidade de retenção de água. Nos períodos mais secos ocorre escassez de água para as plantas e nas épocas chuvosas o relevo plano favorece o acúmulo de água. Com todas essas limitações os solos são usados apenas esporadicamente para a agricultura em pequenas áreas. Significado ambiental e urbano: Por serem muito arenosos, são extremamente frágeis e devem ser considerados apenas para a preservação da fauna e flora. Graças à grande capacidade de infiltração e baixo poder de retenção de poluentes, o lençol freático pode ser facilmente contaminado por adubos, agrotóxicos e poluentes urbanos ou industriais. A exuberância das espécies florestais nativas é dependente da decomposição lenta e contínua da matéria orgânica e liberação de nutrientes para o solo (ciclagem de nutrientes). Em alguns casos, o horizonte B destes solos pode ser duro e pouco permeável à água, conhecido popularmente como “piçarra”, o que determina condições desfavoráveis à drenagem urbana. No litoral do Paraná, muitas das áreas de Espodossolos são ocupadas por loteamentos ou por unidades de conservação (parques, estações ecológicas, etc.), como se observa na imagem ao lado.

Área de ocorrência de Espodossolos, na Floresta Estadual do Palmito, no município de Paranaguá (PR).

Foto: Arquivo do Programa Solo na Escola/UFPR

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Foto: Marcelo Ricardo de Lima.

Conceito: Apresentam elevados conteúdos de material orgânico e cor muito escura na superfície do solo. A grande quantidade de matéria orgânica é favorecida pelo acúmulo de restos vegetais em ambientes saturados por água (banhados) ou em ambientes Alto-montanos (principalmente na Serra do Mar). Em razão da falta de oxigênio (banhado) ou do frio (ambientes Alto-montanos), a decomposição é lenta e a matéria orgânica se acumula ao longo dos anos, formando horizontes orgânicos, conforme a imagem ao lado.

• Ocorrência: São predominantes em apenas 0,5% do território paranaense (BHERING; SANTOS, 2008), em situações que permitem saturação permanente por água, tais como várzeas e banhados que são permanentemente alagados. Nas várzeas do alto Rio Iguaçu, Perfil de Organossolo (horizonte orgânico superficial a leste e sul de Curitiba, bastante escuro) localizado no município de Pinhais (PR) boa parte destes solos já foi destruída pela exploração de areia ou construção de represas para abastecimento de água. As áreas existentes em Tijucas do Sul e Castro já foram, em grande parte, drenadas na década de 1981-1990 e atualmente são utilizadas com agricultura. O Parque Nacional da Ilha Grande, na divisa com Mato Grosso do Sul, é uma das poucas áreas remanescentes ainda preservadas destes solos. Também existem pequenas áreas deste solo em ambientes alto-montanos, principalmente em pontos elevados da Serra do Mar. •

Significado agrícola: São solos de baixa fertilidade natural e muito ácidos. Quando localizados em

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3.8 ORGANOSSOLOS


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Foto: Marcelo Ricardo de Lima

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banhados, para uma possível utilização agrícola, há a necessidade de abertura de drenos (“valetas”) para a saída do excesso de água (drenagem). Na região de Tijucas do Sul e Castro, muitos destes solos foram drenados e, depois de elevados investimentos na correção da baixa fertilidade química, foram incorporados à agricultura ou ao pastoreio, como se observa na imagem seguinte.

Área de Organossolos que foram drenados na década de 1981-1990 localizada no município de Tijucas do Sul (PR). •

ignificado ambiental e urbano: Quando estes S solos são drenados, o maior arejamento acelera a decomposição da matéria orgânica. Esse solo tem grande importância no meio ambiente por abrigarem fauna e flora específicas e funcionarem como verdadeiras esponjas na retenção de água proveniente das chuvas, ajudando na manutenção dos rios e na recarga dos aquíferos. A proximidade com os cursos de água (rios, córregos, nascentes), e a elevada saturação por água, tornam essas áreas facilmente contamináveis por agrotóxicos, adubos e outros produtos químicos, assim como por qualquer tipo de lixo doméstico ou industrial. Esse tipo de solo deveria ser preservado, não sendo recomendável sua utilização, seja para atividades agrícolas ou para construção de moradias, pois se constituem em áreas de elevado risco ambiental, inclusive de enchentes. Do ponto de vista da construção civil, não são solos adequados, pois não são estáveis, contudo é observado a ocupação destes solos por áreas urbanas na Região Metropolitana de Curitiba.


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4 SUGESTÕES PARA ABORDAR ESTE TEMA

O

PROFESSOR

Conforme discutido anteriormente nesta unidade, os termos utilizados para “classificar” solos, existentes nos livros didáticos de ensinos fundamental ou médio, apresentam terminologias que levam a simplificações inadequadas ou até mesmo incorretas.

Sugere-se consultar o “Mapa Simplificado de Solos do Estado do Paraná” e a cartilha “Conhecendo os Principais Solos do Paraná”, que podem ser vistos nas imagens a seguir.

DISPONÍVEL EM: Mapa Simplificado de Solos do Estado do Paraná, distribuído a todas as escolas estaduais.

http://goo.gl/XtzDoj

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A divulgação da terminologia de classificação de solos utilizada no Brasil contribui para minimizar este equívoco, permitindo que os alunos possam visualizar, com maior clareza, os solos que ocorrem em sua região, tendo em vista a existência de mapas de solos do estado.


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DISPONÍVEL EM: Cartilha “Conhecendo os Principais Solos do Paraná”, distribuída a todas as escolas estaduais.

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http://goo.gl/Ll71Mo

Junto com os alunos, o professor pode identificar quais solos são predominantes na região. O Núcleo Estadual Paraná da Sociedade Brasileira de Ciência do Solo, em parceria com outras instituições, também está montando cartilhas, voltadas aos professores da educação básica, detalhando os solos que ocorrem em cada região do estado do Paraná. Já foi publicada a cartilha “Conhecendo os Principais Solos do Litoral do Paraná” (SILVA et al., 2013) e estão em edição outras cartilhas abrangendo a região metropolitana de Curitiba, oeste e sudoeste do Paraná. É possível sugerir aos alunos que eles procurem na internet, ou em outras fontes, mais informações sobre os solos predominantes na região, e fotos dos mesmos. Eles podem comparar as fotos dos solos mais comuns na região com perfis de solos existentes no entorno da escola, caso existam. O objetivo é que analisem se é possível identificar, ainda que aproximadamente, quais as prováveis classes de solos desses perfis. É preciso ressaltar aos alunos que nem sempre a escola, ou seu entorno, está inserida no contexto do solo mais comum de sua região. Um mapa de solos apenas delimita locais onde a ocorrência de determinado solo é mais comum, mas outros solos podem ocorrer nesta área em menor proporção.

SAIBA MAIS: Não encontrou os materiais indicados em sua escola? Consulte o “Mapa Simplificado de Solos do Estado do Paraná” e as cartilhas “Conhecendo os Principais Solos do Paraná” e “Conhecendo os Principais Solos do Litoral do Paraná” por meio do link: http://goo.gl/LdWxJ8


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5 SÍNTESE DA UNIDADE Inicialmente, nesta unidade, foi discutida a importância de se classificar os solos como meio de organizar o conhecimento humano a respeito deste componente ambiental. Também foi abordada a conceituação equivocada que é utilizada em muitos livros didáticos da educação básica, com referência à classificação do solo.

Também foram discutidas outras classes de menor importância, em termos de área no estado, como os Gleissolos, Espodossolos e Organossolos. No entanto, estas classes podem ser muito relevantes em determinados ambientes do Paraná, como os Gleissolos e Organossolos nas áreas de várzeas (banhados) e manguezais, e os Espodossolos na planície litorânea costeira. Por fim, esta unidade de estudo apresentou alguns recursos didáticos disponíveis que permitem contextualizar a classificação com seus alunos, no âmbito de sua região geográfica.

6 REFERÊNCIAS BHERING, S. B.; SANTOS, H.G. (Eds.). Mapa de solos do estado do Paraná: legenda atualizada. Rio de Janeiro: Embrapa Florestas, Embrapa Solos, Instituto Agronômico do Paraná, 2008. 74 p. LIMA, V. C.; LIMA, M. R.; MELO, V. F. Classificação brasileira de solos. In: LIMA, V. C.; LIMA, M. R.; MELO, V. F. (Eds.). O solo no meio ambiente: abordagem para professores do ensino fundamental e médio e alunos do ensino médio. Curitiba: Universidade Federal do Paraná, Departamento de Solos e Engenharia Agrícola, 2007. p. 77-88. ______. Conhecendo os principais solos do Paraná: abordagem para professores do ensino fundamental e médio. Curitiba: Sociedade Brasileira de Ciência do Solo, Núcleo Estadual Paraná, 2012. 18 p.

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Num segundo momento, foram apresentadas classes de solos muito importantes em termos de área e relevância para o uso no estado do Paraná, como os Latossolos, Neossolos, Argissolos, Nitossolos e Cambissolos.


22 SANTOS, H. G. et al. Sistema brasileiro de classificação de solos. 3. ed. Rio de Janeiro: Embrapa Solos, 2013. 353 p.

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SILVA, V. et al. Conhecendo os principais solos do litoral do Paraná: abordagem para educadores do ensino fundamental e médio. Matinhos, PR: UFPR, 2013. 32 p.

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ABORDANDO O SOLO NA ESCOLA: PARA PROFESSORES DO ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO

UNIDADE 4

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