1. Jan 2000_Promessa.pdf 1. Jan 2007_Crianças e a Santa Ceia.pdf 1. Jan 2008_Ladroes e salteadores.pdf 1. Jan 2009_ Teria Paulo ensinado que o sabado foi abolido.pdf 1. Jan 2010_Teria Jesus morrindo numa quarta-feira.pdf 1.Jan 2011_Tormento eterno.pdf 1.Jan 2012_Todas as coisas sao puras.pdf 1.Jan 2013_Pagamento de impostos.pdf 2.Fev 2000_Vegetarianismo.pdf 2.Fev 2006_Procedencia do Espirito Santo.pdf 2.Fev 2007_Reis de decretos.pdf 2.Fev 2008_Jogos de azar.pdf 2.Fev 2009_Participa satanas da expiação.pdf 2.Fev 2010_Teria Deus criado o mal.pdf 2.Fev 2011_Oração a Jesus ou a Deus o Pai.pdf 2.Fev 2012_O pecado vai se levantar novamente.pdf 2.Fev 2013_Alegria com responsabilidade.pdf 3.Mar 2000_Filho de Deus e Filho do Homem.pdf 3.Mar 2006_Dias da criação.pdf 3.Mar 2007_Espirito Santo.pdf 3.Mar 2008_Jeus perdeu algum atributo divino ao encarnar.pdf 3.Mar 2009_Adoração da estatua, onde estava Daniel.pdf 3.Mar 2010_Estarás comigo no paraiso.pdf 3.Mar 2011_discrepancia entre Marcos e Joao, crucificação.pdf 3.Mar 2012_Quem ressuscitou Jesus.pdf 3.Mar 2013_Cidade amaldiçoada.pdf 4.Abr 2000_Justificação e santificação.pdf 4.Abr 2006_O Espritio do homem e o Espritito de Deus.pdf 4.Abr 2007_Outra Ellen White.pdf 4.Abr 2008_Uso de jóias.pdf 4.Abr 2009_O sinal de Caim.pdf 4.Abr 2010_João reencarnação de Elias.pdf 4.Abr 2011_Teologia da prosperidade.pdf
4.Abr 2012__Ovos e coelhos.pdf 4.Abr 2013_Casamento do profeta Oseas.pdf 5.Mai 2000_Normas da igreja.pdf 5.Mai 2006_Regime alimentar.pdf 5.Mai 2007_Tronos.pdf 5.Mai 2008_Crianças e santa ceia.pdf 5.Mai 2009_Seria Jesus criatura do Pai.pdf 5.Mai 2010_É a mentira justificavel.pdf 5.Mai 2011_Deus quis matar Moises no caminho do Egito.pdf 5.Mai 2012_A má influencia da mae Mica.pdf 5.Mai 2013_Tal filha tal mae.pdf 6.Jun 2006_Duvidas sobre o carater de Deus.pdf 6.Jun 2007_Lei em Galatas.pdf 6.Jun 2008_Armagedon.pdf 6.Jun 2009_Abraão e a cidade inesistente.pdf 6.Jun 2010_Jesus teria sido desreipeitoso.pdf 6.Jun 2011_Escapara alguem do juizo.pdf 6.Jun 2012_Teria Judas predestinado a trair Jesus.pdf 6.Jun 2013_Casamento de Sansão.pdf 7.Jul 2006_A historia e a bíblia.pdf 7.Jul 2008_Perdoar quantas vezes.pdf 7.Jul 2009_Será o santuario purificado.pdf 7.Jul 2010_Como conciliar.pdf 7.Jul 2012_Quem incitou Davi a realizar o censo.pdf 7.Jul 2013_Contagem inclusiva na biblia.pdf 8.Ago 2007_Por que sofremos.pdf 8.Ago 2008_Pregaçao aos esprititos em prisao.pdf 8.Ago 2009_Ester e o concurso de beleza.pdf 8.Ago 2010_Nascemos com o nosso destino traçado.pdf 8.Ago 2011_Teria Deus usado a mentira.pdf 8.Ago 2012_Teria Moises descrito a propria morte.pdf 8.Ago 2013_Lebre rumina.pdf 9.Set 2007_Dom de linguas.pdf
9.Set 2008_Balaão e Davi.pdf 9.Set 2009_Teria Jefté sacrificado a filha.pdf 9.Set 2010_Almas dos mortos tremendo d´baixo dágua.pdf 9.Set 2011_Quantas vezes satanas foi expulso do céu.pdf 9.Set 2012_Quem derrotou Jabim, rei de hazor.pdf 10.Dez 2007_principio dia - ano.pdf 11.Nov 2007_Expiação.pdf 11.Nov 2008_mulheres caladas na igreja.pdf 11.Nov 2009_Deus foi justo em mandar matar os cananeus.pdf 11.Nov 2010_Tormento do inferno.pdf 11.Nov 2011_A noiva de cânticos dos cânticos.pdf 11.Nov 2012_Jesus manda aborrecermos nossos familiares.pdf 12.Dez 2007_Sangue do Espirito Santo.pdf 12.Dez 2008_Equivoco de Jesus.pdf 12.Dez 2009_Tipo de vinho que Timoteo bebeu.pdf 12.Dez 2011_Estaria errado o inicio da era cristã.pdf 12.Dez 2012_Abraão, Isaque e Jacó.pdf 13.As festas de Israel.pdf 14.As tres peneiras de socrates.pdf 15.Bebidas alcolicas.pdf 16.Dom de linguas.pdf 17.Pascoa.pdf 18.Predestinação.pdf 19.Teve Satanás acesso ao céu.pdf
Consultoria doutrinária
Ouvi alguém dizer que Gênesis 3:15 não tem nada a ver com a promessa da vitória de Cristo sobre Satanás. Há fundamento nisso? T. G.
al
to
de
te
Revista Adventista
tr.
Através dos séculos, os cristãos têm chamado Gênesis 3:15 de protoevangelium, ou seja, as “primeiras boas novas” encontradas na Bíblia. A passagem tem sido interpretada como uma profecia referente à vinda do Messias, através do qual a serpente – Satanás – devia ser destruída. Hoje muitos estudiosos têm a tendência de rejeitar a interpretação messiânica ou qualquer outra interpretação que faça referência à teologia cristã, argumentando que o ponto de vista cristão é encontrado pela primeira vez nos escritos de Irineu (c. 115202) não sendo, portanto, bíblico. Em segundo lugar, afirmam que a palavra semente se refere aos descendentes da mulher e não a um descendente específico. Consideremos as evidências bíblicas: 1. A serpente é símbolo do mal. O contexto de Gênesis 3:15 mostra claramente que a serpente é símbolo do mal e da rebelião contra Deus. Ela representa mal a Deus e O contradiz em sua tentativa de persuadir Adão e Eva a se afastarem do Senhor, oferecendo uma existência alternativa irreal separada de Deus. Esse poder é identificado
3 4 janeiro2000
palavra “semente” se refira a um descendente específico, o pronome que a acompanha fica no singular. A tradução grega do Novo Testamento, a Septuaginta (LXX), sugere que os tradutores entenderam que a passagem era uma promessa acerca de um futuro descendente. Neste caso específico, eles entenderam “semente” não no sentido coletivo, mas designando um único descendente. Alguns
futura extinção. (Apoc. 20.) De acordo com Apocalipse 12, o que foi anunciado em Gênesis 3:15 está agora sendo cumprido no curso da História. A semente da mulher esmagou a cabeça da serpente e a consumação dessa vitória está rapidamente se aproximando. A vitória do descendente da mulher assegura a futura vitória de seus descendentes sobre o dragão. Isto é o que afirma Romanos 16:20, a
encontraram na Septuaginta, e não nos escritos de Irineu, a primeira interpretação messiânica de Gênesis 3:15. 4. Alusões no Novo Testamento. Há pelo menos duas alusões a Gênesis 3:15 no Novo Testamento. A primeira delas está em Apocalipse 12, onde encontramos uma terminologia semelhante e o conceito de um conflito entre a mulher e o dragão e entre seu filho e o dragão. O dragão é explicitamente identificado como a “antiga serpente” (NIV), uma evidente referência a Gênesis 3. A “semente” da mulher derrota a serpente, determinando sua
segunda alusão a Gênesis 3:15: “Em breve o Deus da paz esmagará a Satanás debaixo dos pés de vocês” (NIV). Esta maravilhosa esperança foi anunciada à raça humana pela primeira vez no Jardim do Éden. – Angel Manuel Rodríguez, diretor associado do Instituto de Pesquisa Bíblica da Associação Geral.
Heber Pintos
Promessa
no Novo Testamento como o inimigo mortal de Cristo, Satanás. (Apoc. 12:9.) No Jardim do Éden esse poder maligno derrotou Adão e Eva e estendeu seu domínio sobre os descendentes da mulher. 2. Vitória sobre a serpente. O contraste entre a serpente e seus descendentes e a semente da mulher sugere uma vitória final sobre a serpente. A serpente “ferirá” o calcanhar da semente da mulher, mas a semente da mulher “esmagará” a cabeça da serpente. O verbo hebraico sûp (ferir, golpear, esmagar) é o mesmo em ambos os casos, sugerindo que a seriedade do ataque depende da parte do corpo que recebe o ferimento. O ataque contra a semente da mulher não é permanente, mas o fato de que a semente da mulher tem como alvo a cabeça da serpente indica que a intenção é trazer a esse poder maligno um fim permanente. 3. Significado de “semente”. O substantivo hebraico zera é geralmente empregado como substantivo coletivo para designar “prole, posteridade” no sentido de descendentes como um único grupo. Ele pode, entretanto, ser usado para se referir a um único descendente (ex.: II Sam. 7:12 e 13). Percebemos que em Gênesis 3:15 as duas formas estão presentes. Lemos acerca dos descendentes da mulher e dos descendentes da serpente/Satanás, mas ao mesmo tempo se faz menção de um descendente masculino da mulher (hû’), que esmagará a “sua [singular] cabeça”, isto é, a cabeça da serpente. Quando quer que a
?
Perguntas para: CONSULTORIA DOUTRINÁRIA Caixa Po s t a l 3 4 1 8 2 7 0 - 0 0 0 Tatuí,SP
Crianças e Santa Ceia Em algumas de nossas igrejas, crianças não batizadas têm recebido permissão para participar nos ritos do lava-pés e da Santa Ceia. Tem essa prática apoio na Bíblia? Se você procura uma passagem bíblica que esclareça definitivamente sua preocupação, a resposta é não. M u i tas questões teológicas só podem ser abordadas adequadamente por meio da análise dos princípios bíblicos que se aplicam a elas, ou através de estudo dos ensinos bíblicos sobre um assunto específico. Sua pergunta requer a última abordagem. 1. As ordenanças pressupõem batismo. Como sabemos, o batismo simboliza o fato de que rompemos com uma vida de pecado, confessamos publicamente Cristo como Salvador e Senhor, e fomos unidos à comunidade dos crentes como o corpo de Cristo. O serviço do lavapés significa que experimentamos a completa lavagem do corpo no batismo (João 13:10; cf. Heb. 10:22). De acordo com Paulo, os que participam da Santa Ceia são membros do corpo de Cristo, a comunidade do novo concerto: "Porque nós, embora muitos, somos unicamente um pão, um só corpo; porque todos participamos do único pão" (I Cor. 10:17; cf. 11:25). É a comunidade da fé, os que já experimentaram o poder salvador do sangue de Cristo, que agora se reúne para partir o pão e tomar o cálice da comunhão com o Senhor ressurreto. Os adventistas praticam uma comunhão aberta; todos os que entregaram a vida ao Salvador, independentemente de sua confissão religiosa, podem participar ao visitarem a igreja durante a celebração dos ritos. Desde que as ordenanças são celebradas pela comunidade dos crentes, sua realização não deveria ser definida simplesmente como uma cerimônia familiar. A Páscoa era um rito basicamente familiar, mas a Santa Ceia é uma cerimônia familiar apenas no sentido de que a igreja, como a família de Deus, se reúne em obediência ao Senhor para participar dos emblemas de Sua morte sacrificial. 2. As ordenanças pressupõem uma compreensão do seu significado simbólico. A frase "fazei isto em memória de Mim" (Luc. 22:19) é parte da celebração dos ritos e requer clara compreensão da morte de Cristo (I Cor. 11:24 e 25). Os símbolos apontam para o corpo quebrantrado e o sangue derramado de Cristo como nosso único meio de expiação. Por meio deles, comemoramos e guardamos em nossa mente o glorioso ato redentivo de Deus em Cristo. As ordenanças também expressam nossa constante necessidade da graça purificadora do Senhor durante nossa caminhada pós-batismo, com Ele. Finalmen-
te, elas apontam para a futura celebração da Ceia com o Senhor em Seu reino de glória. A esperança do advento está implícita nas ordenanças e é conservada viva no íntimo de nosso ser quando participamos delas. Todos os que participam desses ritos sagrados devem ter clara compreensão de sua mensagem salvífica. 3. Aspectos práticos da celebração das ordenanças. Pais e líderes da igreja são responsáveis por instruir os filhos sobre a importância e santidade das ordenanças. As crianças que captaram o significado do poder salvador da morte de Cristo estão preparadas, não apenas para participar das ordenanças, mas também para serem batizadas. Em outras palavras, em vez de permitir que participem das ordenanças antes de serem batizadas, que elas sejam batizadas! Pemitam que elas se unam a nós à mesa do Senhor. Isso requer certo nível de maturidade cronológica e espiritual que leve as crianças a tomar, sob a orientação dos pais, sua própria decisão. Geralmente, as crianças querem fazer o que vêem os pais fazerem, mesmo que não estejam preparadas para fazêlo por si mesmas. Cumpre-nos ensinar-lhes que a recompensa imediata nem sempre é correta; algumas vezes, é melhor esperar. A espera pode ser uma maravilhosa l i ção para o crescimento emocional, a formação do caráter e o antegozo espiritual. Depois de ter dito isso, aconselho os pais e os líderes de igeja a tornarem a celebração das ordenanças um evento significativo até mesmo para as crianças enquanto elas aguardam o momento em que poderão participar plenamente de sua celebração. Por exemplo, em lugares em que é fácil conseguir uvas, seria bom dar às crianças várias uvas no momento em que o suco é servido aos pais. Façam com que elas se sintam bem-vindas a esse rito sagrado enquanto crescem em sua compreensão do seu significado e estejam preparadas para participar dele. - Angel Manuel Rodriguez, diretor do Instituto da Pesquisa Bíblica da Associação Geral A
Pergunta Ladrões e salteadores C o m o e n t e n d e r J o ã o 10:8,9? O q u e significa " e n trar, sair e a c h a r p a s t a g e m " ? Q u e m são e s t e s , i d e n tificados como "todos q u e v i e r a m antes d e Mim", e que "são ladrões e salteadores"? - J . C .
Diz o referido texto: "Todos quantos vieram antes de Mim são ladrões e salteadores; mas as ovelhas não lhes deram ouvido. Eu sou a porta. Se alguém entrar por Mim, será salvo; entrará, e sairá, e achará pastagem." Jesus é a porta de salvação, e cumpre ao pecador "entrar" por Ele, para que alcance a salvação. O verso 9 fala em termos de "entrar" e "sair" e "achar pastagem" indicando um movimento simultâneo: entra-se para o redil do "bom Pastor" e sai-se do redil do pecado e da morte. 'Achará pastagem": só em Jesus é encontrada autêntica satisfação. "Sair" evoca o sentido etimológico da palavra "igreja" (que, em grego, tem o significado de "chamado para fora"). A seqüência de movimento no texto é "entrar" e "sair" Psperaríamos "sair e entrar" porque a pessoa deveria, primeiro, "sair" do engano e, então, "entrar" no redil do bom Pastor. Mas o processo é exatamente o contrário: não há como renunciar o pecado sem primeiro "entrar pela porta" isto é, aceitar a Jesus como Salvador e Senhor da vida. Se tentarmos primeiro sair do pecado para, então, aceitar a Cristo, enveredamos pelo legalismo, o que redundará em perdição. Com o ex-cego não foi diferente; primeiramente ele foi curado (curar, às vezes, é a versão do grego sõzõ, que significa "salvar") e tornou-se um discípulo de Jesus, razão por que foi excluído da sinagoga. Nele se cumpriu o que Jesus afirmou: "Se alguém entrar por Mim [o que o ex-cego fez], será salvo [sõzõ]; entrará, e sairá, e achará pastagem" (v. 9). Pm que sentido "todos os que vieram antes de Mim são ladrões e salteadores"? Naturalmente Moisés, Isaías, Jeremias e todos os demais fiéis anteriores a lesus, incluindo o próprio João Batista (ver 1:30), não se enquadram nessa classificação. Pntão, o que Pie quis dizer?
_J Os Mistérios de
ORION
lesus não envolve qualquer seqüência cronológica em sua declaração, mesmo porque ninguém pode se antecipar a Pie no tempo, pois Pie é um com o Pai desde toda a eternidade [O Desejado de Todas as Nações, p. 13). O precursor afirmou que Aquele que veio depois dele já existia antes dele (1:30). Acerca de Abraão, lesus disse que antes que ele passasse a existir, "Pu sou" (8:58). P de Isaías é dito que este "viu a glória dPle e falou a Seu respeito" (12:41). O que Jesus tem em vista são os elementos que se antecipam a Pie, que se apressam a pastorear à revelia dPle. Jesus é o "Caminho, e a Verdade e a Vida" (Jo 14:6), e aqueles que "não entram pela porta" enveredam por um caminho escuso, apóiam-se na mentira e no engano, e logram apenas "roubar, matar e destruir" (10:10); por isso são "ladrões e salteadores" Como os fariseus, nos dias de lesus, muitos se tornam líderes para a própria perdição e a dos liderados. São cegos que passam a guiar cegos, e outro destino não lhes cabe senão cair "no barranco" (Mt 15:14). Alguns, por exemplo, enveredam para a especulação profética, interpretando profecias em total desarmonia com a luz dada à igreja. Logo um bom número de pessoas está acreditando em fantasias. Outros começam a alardear supostos pecados da igreja e de seus líderes, ou erros administrativos que estariam sendo cometidos. Querem dirigir a obra a seu próprio modo e, assim, surge mais um grupo dissidente. Outros, ainda, passam a questionar as doutrinas bíblicas ensinadas pela igreja, e não faltam ouvidos para lhes ouvir e bocas para lhes dizer "amém!" Com raras exceções, tais líderes vêm a naufragar na fé. Alguns anos atrás, perguntei a um deles: "Você poderá até se arrepender e reintegrar-se à igreja, mas, e aquelas pessoas que você desviou e que nunca mais voltarão? Quem responderá por elas?" O tempo, infelizmente, veio comprovar a razão de ser da minha pergunta. A única segurança é nos apegarmos a um claro 'Assim diz o Senhor" e não nos desviarmos daí um milímetro sequer. O fato é que só aqueles que tomam a Palavra de Deus como fundamento não sucumbirão aos enganos dos últimos dias, mas serão fiéis líderes do povo de Deus e se encontrarão entre os vitoriosos no último dia, porque entraram "pela porta" - Por José Carlos Ramos, professor de Teologia no Unasp. A
O s M i s t é r i o s
d e
. ^ • B ^ . .
Orion Ligue 0800-9790606*
Acesse www.cpb.com.br
Muitos acreditam que Jesus voltará através de uma abertura na constelação de Orion. 0 que há de verdade nisso? Teria Eilen White realmente dito que a comitiva de Jesus passará por essa constelação? Neste livro fascinante, o autor discute essas^e outras questões.
Faça seu pedido no
Ou dirija-se a uma
SELS de sua Associação
das Lojas da CASA
*Horários de atendimento: Segunda a quinta, das 8h às 20h/ Sexta, das 7h30 às 15h45 / Domingo, das 8h30 às 14h.
Pergunta Teria Paulo ensinado que o sábado foi abolido? O que Paulo queria dizer com a e x p r e s s ã o : " N i n g u é m , pois, vos julgue por causa de comida e bebida, ou dia de festa, ou lua nova, ou s á b a d o s " (Cl 2:16)?-C. D. L. Com esse texto, Paulo tinha em vista os gnósticos, hereges dualistas (diziam que a carne é má e o espírito é bom) e sincretistas (misturavam ritos judaicos com a adoração dos anjos). Ensinavam que o mundo material não foi criado pelo grande e verdadeiro Deus, mas por um Demiurgo (o chefe dos Arcontes), u m ser imperfeito e l i mitado em poder e sabedoria. Diziam que Jesus não é o Salvador-Sofredor, mas apenas um Revelador-Iluminador, e que a salvação é obtida pelo conhecimento, ou autoconhecimento, que vem quando a pessoa liberta a faísca divina que recebeu na Criação (Pfeiffer, C. F. Dicionário Bíblico Wycliffe. Rio de janeiro: CPAD, 2007, p. 871). Paulo menciona, nessa mesma epístola, algumas práticas desses gnósticos: "culto dos anjos" (2:18), "aparência de sabedoria, culto de si mesmo, falsa humildade, rigor ascético [desprezo pelo corpo e suas sensações, para possibilitar a vitória do espírito] (2:23), chamadas de "preceitos e doutrinas dos homens" (2:22) - o que não é o caso dos 10 mandamentos, que são preceitos de Deus, escritos com Seu próprio dedo (Êx 31:18). O problema era que esses hereges estavam se colocando no papel de juízes dos irmãos (Cl 2:16,18,21), em pelo menos duas questões: 1. Comida e bebida - Os gnósticos, com seu rigor ascético, davam muito valor ao jejum, como prelúdio para uma revelação divina (Martin, R. P. Colossenses e Filemom: introdução e comentário. São Paulo: Mundo Cristão, 1973, p. 100). Acusavam os irmãos de não observarem certas prescrições alimentares. Achavam que comer carne era um tipo de canibalismo, pois acreditavam na transmigração das almas (Martin, R. P, Ibid.). A expressão "não manuseies isto, não proves aquilo, não toques aquiloutro" (Cl 2:21) parece apontar mais para regras ascéticas (confira "rigor ascético" em 2:23), do que para regras mosaicas quanto aos alimentos limpos e imundos (Bacchiocchi, S.From Sabbath to Sunday. Roma: The Pontifical Gregorian University Press, 1977, p. 352,353). O fato é que o ascetismo já estava em curso nos dias de Paulo, com alguns pregando como necessários à salvação o vegetarianismo e a abstinência de vinho (Rm 14:2,21) e a observância de determinados dias (Rm
14:5,6). Além de exigir abstinência de alimentos, chegavam a proibir o casamento (lTm 4:3). 2. Dia de festa, lua nova, ou sábados - São os feriados e dias santos judaicos, guardados legalisticamente, como meio de salvação, e para aplacar os "poderes astrais", que, segundo os gnósticos, dirigiam não só as estrelas, mas a vida das pessoas (Bacchiocchi, S. Ibid, p. 361 e Martin, R. P. Colossenses e Filemom: introdução e comentário, op. cit, p. 101). Esses dias santos envolvem os sábados anuais/cerimoniais das festas, o sábado mensal da lua nova, e o sábado semanal. Paulo não está falando contra a observância desses dias, mas contra os motivos errados em fazê-lo (Martin, R. P. Op. cit., p. 101.) Note que Paulo guardou alguns sábados cerimoniais, mas não para merecer a salvação (At 20:16 e ICo 16:8). "Tudo isso tem sido sombra das coisas que haviam de vir" (Cl 2:17). Há os que dizem que os "sábados" mencionados em 2:16 são somente os cerimoniais. Basicamente, seu argumento é que nenhum mandamento da lei de Deus é "sombra", pois não são simbólicos. (Ver Nichol, F. D. Comentário Bíblico Adventista delSéptimo Dia, v. 7. Boise: Pacific Press Publishing Association, 1990, p. 211.) A dificuldade com essa interpretação é que, se os "sábados", em Colossenses 2:16, são somente cerimoniais, a que feriados ou dias santos estaria se referindo a expressão "dia de festa", mencionada pouco antes, no mesmo verso? Teria Paulo feito uma repetição desnecessária? Ao que parece, o texto de Colossenses 2:16 refere-se a quaisquer tipos de sábado: anuais, mensais ou semanais. Expressão similar à de Colossenses 2:16 (só que ao inverso) é encontrada em Gálatas 4:10: "Guardais dias [dias santos semanais], e meses [dias santos mensais], e tempos e anos [dias santos anuais]". O problema era a guarda legalística desses dias, como meio de justificação e salvação. Quanto à palavra "sombra" (skiá), em Colossenses 2:17, a dificuldade ocorre quando ela é sempre vista em sentido negativo, como algo imperfeito e transitório (como em Hebreus 8:5 e 10:1). É verdade que os ritos judaicos eram "sombras" transitórias, que apontavam para Cristo, e se tornaram sem efeito quando Ele foi sacrificado. Os sábados anuais se cumpriram em Cristo, pois cada festa apontava para algum aspecto dEle e de Seu ministério. Os sábados da Lua Nova, que, "no judaísmo tradicional, era considerado um Dia menor de Expiação" (rabino Yaacov Farber, em: http://www.cmy.on.ca/Monthly_ Newsletter/2005/january2005pt.htm), com toques de trombetas e sacrifícios (Nm 28:11 e 14), também não fazem mais sentido, tendo em vista o sacrifício de Cristo. Já o sábado semanal não deve ser visto como "sombra" transitória e passageira, mas como "sombra" ou "símbolo do descanso da salvação presente e futura" (Bacchiocchi, S. Op. cit., p. 359), que o crente encontra em Jesus. Esse sentido simbólico do sábado semanal é apresentado em Hebreus 4:3,4,9-11.
•
Mas, o descanso em Cristo não substitui nem anula o sábado, nem qualquer outro mandamento. Mesmo após se tornar cristão, Paulo continuou guardando o sábado semanal. O livro dos Atos menciona 84 sábados guardados por esse apóstolo (At 13:14,42,44; 16:13; 17:2 e 18:4,11). Paulo não ensinou a abolição da lei moral, e isso pode ser constatado na própria carta aos Colossenses. Nela, o apóstolo faz alusão a vários mandamentos: ao 7°, em 2:23 e 3:5; ao I , 2 e 10°, em 3:5; ao 9 , em 3:8, 9; e ao 5 , em 3:20. E diz que "por estas coisas é que vem a ira de Deus [sobre os filhos da desobediência]" (3:6). Ora, se a lei moral foi abolida, por que viria a ira de Deus contra os transgressores desses mandamentos? Se Paulo não mencionou o 4 mandamento, foi porque isso não era necessário, uma vez que a igreja já o observava (alguns o
o
o
o
o
até fazendo dele u m meio de salvação). Paulo também não mencionou nessa epístola o 3 , nem o 6 , nem ainda o 8 mandamentos. Essa omissão, todavia, não significa que eles foram abolidos. Os mandamentos referidos pelo apóstolo devem estar relacionados com problemas que ocorriam entre os irmãos de Colossos. Os não referidos, provavelmente, não tinham que ver com a situação espiritual deles. Em conclusão, pode-se dizer que o texto de Paulo em Colossenses 2:16 não é contrário à guarda do sábado semanal, nem está autorizando alimentos que a Bíblia proíbe, mas contra aqueles que se julgavam juízes dos irmãos e faziam dos alimentos e dos dias sagrados u m meio de salvação. - Por Ozeas C. Moura, doutor em Teologia Bíblica e editor na Casa Publicadora Brasileira. E-mail: ozeas.moura@cpb.com.br A o
o
o
ao seu firïï! Meditações Diárias
2009
Neste devocional, Eilen G. White apresenta temas práticos todos os meses e cada leitura cria uma expectativa para a mensagem do dia seguinte. Tudo para tornar claro que a salvação envolve muito mais do que simplesmente acreditar. Significa amar a Jesus, obedecer-Lhe e procurar ser semelhante a Ele. Muitos textos foram extraídos de periódicos; portanto, são inéditos em português. A compilação privilegiou o conteúdo mais interessante, e que se aplica aos dias atuais. Linguagem simples e atualizada, mas conservando total fidelidade ao original.
Leia o texto com um lápis ou marcador na mão, para destacar ao menos uma frase a cada dia, e levá-la consigo na memória como inspiração para o seu dia.
casa
Para adquirir, ligue: 0800-9790606*, acesse: www.cpb.com.br, faça seu pedido no SELS ou dirija-se a uma das Lojas da Casa. "Horários de atendimento: Segunda a quinta, das 8h às 20h / Sexta, das 7h30 às 15h45 / Domingo, das 8h30 às 14h.
Pergunta
rei. Note que os "três dias" do jejum não haviam ainda se completado (estavam no terceiro) e a rainha já considerava esse último dia de jejum como tendo se completado. • 1 Reis 12:5,12. O rei Roboão disse ao povo: "Idevos e, após três dias, voltai a mim. E o povo se foi." Pela nossa maneira de contar o tempo, o povo devia voltar no quarto dia, certo? Mas no verso 12 é dito que "veio, pois leroboão e todo o povo, ao terceiro dia, a Roboão..." Os três dias ainda não haviam se completado, pois ainda estavam no terceiro dia. Mas o povo já considerava esse último dia como se o mesmo já tivesse se completado. • Gênesis 17:12 e Filipenses 3:5. De acordo com o verso de Gênesis, a ordem de Deus a Abraão foi: "O que tem oito dias será circuncidado." Se contarmos o tempo à nossa maneira ocidental, o menino deveria ser circuncidado no nono dia, certo? Mas lemos em Filipenses 3:5 que Paulo foi "circuncidado ao oitavo dia". Isto é, o oitavo dia de vida já era contado como um dia completo e os meninos eram circuncidados nesse oitavo dia. Entendendo a maneira inclusiva de contar o tempo, fica claro o que lesus queria dizer com "três dias e três noites no coração da terra" (Mt 12:40). Ao dizer isso, Ele, sendo judeu, estava empregando a "contagem inclusiva". Ou seja, pelo fato de ter morrido na sexta-feira, ter descansado na tumba no sábado e haver ressuscitado no domingo, se contam inclusivamente "três dias", bem como as "três noites" desses dias (5 à noite - início do dia de sexta-feira; 6 à noite - início do dia de sábado; e sábado à noite - início do domingo, chamado nos evangelhos de "primeiro dia da semana"). A seguir, veja os três dias e as três noites pela contagem inclusiva:
Teria Jesus morrido numa quarta-feira? Se Jesus morreu na sexta-feira à tarde, como teria Ele passado "três dias e três noites no coração da terra"? Como entender Mateus 12:40? - C. M. Os quatro evangelhos afirmam que lesus morreu no dia da "preparação" [parasceve, em grego paraskeuê), ou seja, na sexta-feira (Mt 27:62; Mc 15:42; Lc 23:54; lo 19:31), descansou na tumba no dia de sábado (Mt 27:59-28:1; M c 15:45-16:1; Lc 23:52-56; lo 19:31-20:1) e ressuscitou no domingo, bem cedo (Mt 28:1-7; Mc 16:1-6; Lc 24:1-7; lo 20:19). Contudo, mesmo com todas essas informações bíblicas com respeito ao tempo entre a morte e a ressurreição de lesus, alguns, mal interpretando Mateus 12:40, insistem na ideia de que lesus teria morrido numa quartafeira (outros, na quinta-feira). Seria isso mera questão de dia ou haveria uma questão teológica com respeito a esse tempo? O texto em questão diz: "Porque assim como esteve lonas três dias e três noites no ventre do grande peixe, assim o Filho do homem estará três dias e três noites no coração da terra." Pela nossa contagem ocidental, tais palavras de lesus implicariam 72 horas completas. Acontece que não sabemos a hora em que lonas foi engolido pelo grande peixe, nem a hora em que o peixe o vomitou na praia, nem ainda se esse profeta ficou mesmo 72 horas no ventre do peixe. 5 à noite "d ia" de 6 1° Dia = Sexta-feira Assim, o acontecido ao profeta lonas não pode ser tomado para indicar 72 horas completas, e o mesmo acontece com o tempo entre a morte e a ressurreição de lesus. Para um melhor entendimento da contagem do tempo entre os judeus, no Antigo e Novo Testamentos, detenhamo-nos um pouco no que é conhecido como "contagem inclusiva" dos judeus (bem diferente da nossa contagem ocidental). Pela contagem inclusiva, notamos que a palavra "dia" podia incluir um dia (as 12 horas de claridade) e uma noite (as 12 horas de escuridão). Exemplos: • 1 Samuel 30:11-13. Nesses versos, é dito que Davi se encontrou com um moço egípcio que "havia três dias e três noites que não comia pão, nem bebia água" (v. 12). Mas, no verso 13, o próprio moço disse a Davi que tinha adoecido havia "três dias". Ou seja, ainda estavam no terceiro dia da doença do moço, mas já contavam "três dias e três noites" completos. • Ester 4:16-5:1. A rainha Ester pediu ao primo Mordecai que jejuasse por ela "três dias..., de dia e de noite" (v. 16). Depois disso, ela iria ao encontro do rei. Em 5:1, é dito que "ao terceiro dia", Ester foi ao encontro do a
a
a
a
a
6 à noite o
"dia"de sábado
2 Dia = Sábado
Sábado à noite
"dia"de domingo
o
3 Dia = Domingo
Alguém poderia dizer que não importa o dia em que Jesus morreu, mas sim o ato de Sua morte vicária e salvífica. Realmente, o ato é mais importante que a data, mas mesmo essa tem implicações teológicas. Não há como negar que, através de Sua morte, lesus desempenhou a função de Recriador. O paralelo entre a semana da criação e o ministério de Cristo é claro: assim como Ele, na função de Criador, concluiu Sua obra na sexta-feira (Gn 1:31), assim Ele, na função de Recriador, concluiu Seu ministério (Seu trabalho) numa sexta-feira, morrendo pelos pecadores. Assim como o Criador descansou no sábado (Gn 2:1-3), também como Recriador, descansou de Sua obra salvadora em outro sábado, no túmulo emprestado por losé (Lc 23:50-56). Tudo o que Deus podia fazer para nos salvar foi feito no Calvário. Mas de nada adianta saber do que Cristo fez se não O aceitarmos como nosso Salvador e não nos valermos de Seus méritos. - Por Ozeas C. Moura, doutor em Teologia Bíblica e editor na Casa Publicadora Brasileira. E-mail: ozeas.moura@cpb.com.br Â.
Apocalipse 14:11 diz: “A fumaça do seu tormento sobe pelos séculos dos séculos, e não têm descanso algum, nem de dia nem de noite, os adoradores da besta e da sua imagem e quem quer que receba a marca do seu nome.” O verso anterior lança luz sobre o significado do tormento que se abaterá sobre os ímpios. O tormento é produzido com “fogo e enxofre” – uma clara alusão ao fogo final, enviado por Deus, o qual consumirá tudo e todos. Note o que é dito em Apocalipse 21:8: “Quanto, porém, aos covardes, aos incrédulos, aos abomináveis, aos assassinos, aos impuros, aos feiticeiros, aos idólatras e a todos os mentirosos, a parte que lhes cabe será no lago que arde com fogo e enxofre, a saber, a segunda morte.” Você está percebendo que o fogo e o enxofre causam a “segunda morte”? Ora, se os ímpios sofrerão a “segunda morte”, como ficariam sofrendo eternamente?
e 2002,
ord
ues”, em
Graw-Hill,
Character edical
d Emotional vembro de
Do it?”
rialized
nião emplificado ”. A música o fanatismo. rdia de
mencionada alavras hamado ara Sara
Jo Card
Pacific
RA/jan’11
Referindo-se aos “adoradores da besta”, Apocalipse 14:11 diz que “a fumaça de seu tormento sobe pelos séculos”. Não é isso a doutrina do tormento eterno? – A. G. T.
de póseologia, Berrien ngs, MI.
, p. 23. esthetics in
Apoia a bíblia o ensino do tormento eterno?
Outro fator importante a ser levado em conta é o ensino bíblico de que Deus é “o único que tem imortalidade” (1Tm 6:16). Para que o sofrimento fosse eterno, os ímpios teriam que ser imortais e eternos, não é verdade? Então, como ficariam em eterno sofrimento pessoas que morrerão a segunda morte? Além disso, a ideia do castigo ou sofrimento eterno é contrária ao princípio de justiça de que a pena deve ser proporcional ao crime cometido. Que dizer da justiça de um Deus que, pelas transgressões de uma vida de 70 ou 80 anos, pune o pecador com uma pena de duração eterna? Se um tribunal humano procura aplicar a punição de maneira justa e proporcional ao crime cometido, agiria Deus de maneira diferente, uma vez que Ele é o “Juiz de toda a Terra”? (Gn 18:25). Voltemos a Apocalipse 14:11. Perceba que ali não é dito que o tormento acontece pelos séculos dos séculos, mas que “a fumaça do seu tormento” é que sobe pelos séculos dos séculos. Estamos tratando aqui não da duração do sofrimento, mas de suas consequências. Ou seja, as consequências do “fogo e enxofre”, pois causarão destruição eterna, “pelos séculos dos séculos”. Nunca mais os ímpios voltarão à vida, pois o fogo e o enxofre causarão a “segunda morte” (Ap 21:8), morte da qual ninguém volta e para a qual não há ressurreição. O fato de a “fumaça do tormento subir” indica que os pecadores já foram queimados, o fogo se apagou e a fumaça sobe. Essa imagem nos lembra o texto de Malaquias 4:1, 3, que diz: “Eis que vem o dia e arde como fornalha; todos os soberbos e todos os que cometem perversidade serão como o restolho; o dia que vem os abrasará, diz o Senhor dos Exércitos, de sorte que não lhes deixará nem raiz nem ramo. [...] Pisareis os perversos, porque se farão cinzas debaixo das plantas de vossos pés, naquele dia que prepararei, diz o Senhor dos exércitos.” Uma vez que os perversos “se farão cinzas”, como ficariam queimando para todo o sempre? A linguagem do texto de Apocalipse 14:11 é baseada em Isaías 34:9, 10: “Os ribeiros de Edom se transformarão em piche, e o seu pó, em enxofre; a sua terra se tornará em piche ardente. Nem de noite nem de dia se apagará; subirá para sempre a sua fumaça; de geração em geração será assolada, e para todo o sempre ninguém passará por ela.” Perceba que esses versos de Isaías se referem ao castigo de Deus sobre os edomitas, inimigos implacáveis do povo de Israel. Também Isaías emprega a imagem de fogo e fumaça que “sobe para sempre”. Mas ninguém, em são juízo, acredita que a terra de Edom esteja queimando até os dias de hoje. Tanto João, no Apocalipse, quanto Isaías em sua mensagem de juízo para o edomitas, estão empregando a imagem de fogo e fumaça “subindo para sempre” como indicativo de que o castigo divino, através do fogo, tem consequências eternas. Não nos esqueçamos de que nem o demônio, nenhum ser humano, nem o castigo divino têm duração eterna. Somente Deus é eterno. – Por Ozeas C. Moura, doutor em Teologia Bíblica e professor de Teologia no Salt Unasp – Campus 2, Engenheiro Coelho, SP. E-mail: ozeas.moura@ unasp.edu.br
23981
Jupterimages
fim de é puro, a mente us. Que me, e os ca hoje se dom -lo para e Profeue diriuilíbrio apenas mples e adoraUsemos adoraao levao trono ipos de es difem aceimovida m cuidaos conulturais m a múr transditada os aprema culleve os o Cria-
Designer
Editor Texto
C.Qualidade
Depto. Arte
Revista Adventista I janeiro • 2011
17
Jupterimages
Todas as coisas são puras? O texto de Tito 1:15 diz que “todas as coisas são puras para os puros; todavia, para os impuros e descrentes, nada é puro. Porque tanto a mente como a consciência deles estão corrompidas”. Estaria Paulo dizendo que as leis de saúde, quanto aos alimentos limpos e imundos, foram abolidas por Cristo? – L. P.
O texto em questão é da autoria de Paulo, um judeu-cristão, e foi endereçado a Tito, um gentio-cristão, filho na fé desse apóstolo (Tt 1:4), possivelmente natural de Antioquia e pastor da igreja cristã da ilha de Creta (1:5). Quando analisamos o conteúdo dessa epístola paulina, vemos que, dentre os assuntos abordados, está o dos falsos mestres, especialmente os de origem judaica (1:10), que, com suas falsas doutrinas, estavam desviando muitos membros da verdadeira fé e da sã doutrina (1:11). Uma boa regra de interpretação da Bíblia é, primeiramente, saber do que o texto não trata e, depois, do que ele trata. Com isso em mente, e olhando-se os assuntos abordados nessa epístola, vê-se que Paulo não estava tratando das leis de saúde, que orientam sobre alimentos limpos e imundos, conforme a que se encontra em Levítico 11. Conforme Tito 1:14 e 3:9, os assuntos abordados têm que ver com “fábulas judaicas” (como, por exemplo, histórias imaginárias sobre os patriarcas, muito presentes no Talmude), “mandamentos de homens” (criados pelos falsos mestres, como regras ascéticas ou cerimoniais, praticadas para se buscar o favor de Deus. Só para lembrar: as leis de saúde não são “mandamentos de homens”, pois foram dadas pelo próprio Deus), “genealogias” (assunto caro principalmente aos judeus, os quais procuravam traçar suas genealogias desde os patriarcas), “contendas e debates sobre a lei” (regras cerimoniais, tais como aquelas contra as quais Jesus Se insurgiu, em Marcos 7:1-22, podendo também incluir a lei moral, utilizada legalisticamente como meio de justificação e salvação). No dizer de Paulo, todas essas questões “não têm utilidade e são fúteis” (3:9),
pois não têm que ver com a justificação, que é alcançada unicamente pela graça de nosso Senhor Jesus Cristo (3:5-7). Mas o que dizer da expressão “todas as coisas são puras para os puros; todavia para os impuros e descrentes nada é puro” (1:14)? – “Paulo, aqui, trata de rituais judaicos de purificação. Ele distingue entre aqueles que procuram compensar a falta de pureza moral com purificações cerimoniais, daqueles que creem que práticas cerimoniais não são essenciais ao desenvolvimento de uma vida aprovada por Deus. Paulo não estava dizendo que o cristão está livre para se envolver em práticas condenadas pelas Escrituras, nem que as proibições bíblicas com respeito à conduta moral e à dieta não mais se aplicam aos cristãos. Compare o ensino de Cristo [sobre o assunto da pureza cerimonial] em Marcos 7:19” (Comentário Bíblico Adventista [em inglês], v. 7, p. 362). Na última parte de Tito 1:15, Paulo menciona que tanto a mente quanto a consciência dos que buscam justificação em práticas ascéticas e cerimoniais “estão corrompidas”. “Aqui, ‘mente’ e ‘consciência’ dizem respeito à atitude ou disposição mental. A corrupção se dá pelo fato de acreditarem que são justos e serão salvos por suas obras, em contraposição ao ensino bíblico de que a justificação é por graça (3:7), pela fé nos méritos de Cristo, e de que a salvação nos é oferecida como um dom, devido à “benignidade de Deus, nosso Salvador, e o seu amor para com todos” (3:4). Ou seja, a salvação por obras é uma corrupção do plano divino de salvação, e quem acredita nesse meio deturpado de se alcançar a salvação acaba por ter a mente e consciência corrompidas, sendo presa fácil dos desejos não santificados. A verdade é que práticas humanas, mesmo boas, não podem mudar a disposição pecaminosa com a qual nascemos. Isso só é conseguido pela fé na obra de Cristo em nosso favor. Somente Ele pode nos dar forças para vencer o pecado. Como Ele mesmo afirmou: “Sem Mim nada podeis fazer” (Jo 15:5). Em conclusão, podemos dizer que, em Tito 1:15, Paulo não trata de alimentos limpos ou imundos, mas de práticas ascéticas e regras cerimoniais, seguidas com o fim de ser justo e se obter o favor divino. Isso nos é concedido pelos méritos de Cristo, que nos são creditados por Sua graça, e não por qualquer boa obra nossa (3:5). Nossas boas obras (Tt 3:1, 8; Ef 2:7-10) serão apenas consequência de nosso amor por Ele (Jo 14:15). – Por Ozeas C. Moura, doutor em Teologia Bíblica e professor no Salt Unasp – Campus de Engenheiro Coelho, SP. E-mail: ozeas.moura@unasp.edu.br
Comentário Bíblico
Adventista do Sétimo Dia (Volume 1) – Gênesis a Deuteronômio Editor: Francis D. Nichol
Este primeiro volume com 1.264 páginas contém o comentário referente aos cinco primeiros livros da Bíblia (Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio) produzidos por Moisés e denominados “Pentateuco”. Apresenta artigos que abordam diferentes aspectos da história, arqueologia, cultura, formação do texto e do cânon das Escrituras e um material suplementar que relaciona os escritos de Ellen G. White, facilitando ao leitor o acesso imediato ao posicionamento do Espírito de Profecia sobre as diversas passagens e temas das Escrituras. Cód. 12108 Encadernado 16,5 x 23,8 cm; 1.264 páginas
Ligue
Acesse
Faça seu pedido no
Ou dirija-se a uma
0800-9790606* www.cpb.com.br SELS de sua Associação das Lojas da CASA *Horários de atendimento: Segunda a quinta, das 8h às 20h @casapublicadora cpb.com.br/facebook Sexta, das 8h às 15h45 / Domingo, das 8h30 às 14h.
Jupterimages
Visite nossa livraria em sua cidade.
MOEMA Av. Juriti, 573 – Moema São Paulo, SP – Fone: (11) 5051-1544 E-mail: moema@cpb.com.br PRAÇA DA SÉ Praça da Sé, 28 – A1 – Sala 13 São Paulo, SP – Fone: (11) 3106-2659 E-mail: se@cpb.com.br VILA MATILDE R. Gil de Oliveira, 153 São Paulo, SP – Fone: (11) 2289-2111 E-mail: vila.matilde@cpb.com.br UNASP/EC Rod. SP 332, km 160 – Fazenda Lagoa Bonita – Engenheiro Coelho, SP Fone: (19) 3858-1398 E-mail: unasp@cpb.com.br TATUÍ Rod. SP 127, km 106 – Guardinhas Tatuí, SP – Fone: (15) 3205-8688 E-mail: vendas@cpb.com.br
CURITIBA R. Visconde do Rio Branco, 1.335 Loja 1 – Centro – Curitiba, PR Fone: (41) 3323-9023 E-mail: curitiba@cpb.com.br CAMPO GRANDE R. Quinze de Novembro, 589 Centro – Campo Grande, MS Fone: (67) 3321-9463 E-mail: campo.grande@cpb.com.br GOIÂNIA Av. Goiás, 1.013 – Loja 1 – Centro Goiânia, GO – Fone: (62) 3229-3830 E-mail: goiania@cpb.com.br BRASÍLIA SD/Sul – Bloco Q, Loja 54 – Térreo Edifício Venâncio IV – Asa Sul Brasília, DF – Fone: (61) 3321-2021 E-mail: brasilia@cpb.com.br
FORTALEZA R. Pedro I, 1.120 – Centro Fortaleza, CE – Fone: (85) 3252-5779 E-mail: fortaleza@cpb.com.br RIO DE JANEIRO R. Conde de Bonfim, 80, Loja A Tijuca – Rio de Janeiro, RJ Fone: (21) 3872-7375 E-mail: rio@cpb.com.br SALVADOR Av. Joana Angélica, 747 – Sala 401 Nazaré – Salvador, BA Fone: (71) 3322-0543 E-mail: salvador@cpb.com.br RECIFE R. Gervásio Pires, 631 – Santo Amaro Recife, PE – Fone: (81) 3031-9941 E-mail: recife@cpb.com.br
RA/jan’13
da. ue ses as, es. ma om ser e
Ao abordarmos a questão do pagamento de impostos, devemos nos lembrar das palavras do próprio Jesus, quando foi interrogado sobre o assunto: “Dai, pois, a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus” (Mt 22:21). Por essa resposta, vemos que Jesus era favorável à prática do pagamento de impostos. Mas, então, como entender a repreensão de Jesus a Pedro, quando este disse aos cobradores de impostos que seu Mestre os pagava? (Mt 17:25). O que Ele quis dizer com a afirmação “logo, estão isentos os filhos”? (17:26). Primeiramente, deve-se dizer que esse imposto cobrado de Jesus não era o cobrado pelos conquistadores romanos, mas o imposto para os serviços do Templo, instituídos por Moisés (Êx 30:13; 38:26). Tal imposto era de meio siclo, o equivalente a duas dracmas, ou dois denários (dois salários de um trabalhador braçal por dia trabalhado), o qual devia ser pago por todo homem de vinte anos para cima. De acordo com Ellen G. White, os profetas estavam isentos desse imposto (O Desejado de Todas as Nações, p. 433). Nesse sentido, entende-se que, se Jesus tivesse concordado com esse imposto, teria demonstrado que não era Profeta, um enviado de Deus. Essa pode ter sido uma das razões que explicariam por que o Mestre condenou a precipitação de Pedro, quando respondeu que Jesus pagava, sim, o tal imposto. Além disso, estavam isentos desse imposto os levitas e sacerdotes, por já estarem vinculados aos serviços do Templo. Por isso, estes não foram contados no censo, que visava
27718
res ea, os. vro ças mo da
Gostaria de entender o episódio relatado em Mateus 17:24-27. Parece que Jesus não estava muito disposto a pagar o imposto do Templo. É isso mesmo? Ou há outra maneira de entender o relato? – S. R.
Designer
Renan Martin / Imagem: Divulgação
on,
era Jesus contrário ao pagamento de impostos?
a saber quantos homens de vinte anos para cima havia em Israel, os quais deveriam pagar o imposto para os serviços do santuário, pelo qual todas as demais tribos passaram (Nm 1:47-50). Essa é outra razão pela qual Jesus Se achava isento daquele imposto. Mesmo não sendo levita, Ele estava vinculado aos serviços do Templo, visto que tudo o que se fazia ali dizia respeito ao Seu trabalho e à Sua missão. Ele é o “Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” (Jo 1:29). Essa afirmação de João Batista refere-se aos sacrifícios que aconteciam no Templo. E o próprio Jesus afirmou que o Templo era “a casa de Seu Pai” (Lc 2:49). Então, não se esperaria que um filho pagasse impostos relacionados à casa de seu pai. Mas a razão maior, pela qual Jesus Se achava isento em relação àquela taxa, era Sua situação de Filho do Rei, de Deus, o Pai. Essa razão está implícita no diálogo de Jesus com Pedro: “Simão, que te parece? De quem cobram os reis da terra impostos ou tributo: dos filhos ou dos estranhos? Respondendo Pedro: Dos estranhos, Jesus lhe disse: Logo estão isentos os filhos” (Mt 17:25). Como Filho de Deus, o Rei e dono do Universo, Jesus estava isento de qualquer tributo. Aceitasse Ele o pagamento daquele tributo como se fosse mero homem, e não o Filho de Deus, estaria negando Sua filiação divina. Como vimos, três razões poderiam ser apontadas para explicar a reação de Cristo ao pagamento daquele tributo para o Templo: (1) Seu trabalho como Profeta, (2) Seu relacionamento com o Templo e seus serviços e (3) Sua filiação divina com o dono do Templo, Deus, o Pai. O relato de Mateus 17:24-27 nos mostra o tato e o trato de Cristo em relação às autoridades: Mesmo isento, Ele pagou o imposto por Si e pelo Seu discípulo Pedro, pela pesca de um peixe que havia engolido um estáter (17:27), moeda que valia quatro dracmas (duas pagaram o imposto cobrado de Jesus e as outras duas o de Pedro). O relato nos ensina duas preciosas lições: (1) devemos fazer tudo para “não escandalizar” ninguém (17:27), mesmo que isso nos custe abrir mão de algum direito, e (2) como cidadãos de dois mundos, devemos lealdade aos dois. Por isso, devemos dar a Deus o que é de Deus (dízimos e ofertas) e às autoridades o que elas requerem de todos os cidadãos, incluindo o pagamento honesto dos impostos. – Por Ozeas C. Moura, doutor em Teologia Bíblica e professor no Unasp, Campus Engenheiro Coelho. E-mail: ozeas.moura@unasp.edu.br
Editor Texto
C.Qualidade
Depto. Arte
Consultoria doutrinária
Vegetarianismo
6777
al
xto
de
te
Revista Adventista
str.
“Escolha um regime rico em verduras, frutas e cereais”; “Escolha um regime com pouca gordura saturada e colesterol”. Uma vez que os produtos de origem animal
Pirâmide Alimentar Vegetariana Guia de Alimentação Diária
Gorduras e óleos vegetais, doces e sal
Há quatro razões para a Coma controladamente escolha de um regime vegetariano: Grupo Alternativo do Grupo Alternativo leite, iogurte e queijo 1. A recomendação do dos feijões, nozes e fresco desnatados ou Criador. Quando se compra sementes semi-desnatados 2-3 porções 2-3 porções um carro, um dos primeiros Coma Coma passos é consultar as moderadamente moderadamente orientações do fabricante para o uso do veículo. Grupo das Grupo das Frutas O Criador diz em Gênesis Verduras 2-4 porções 1:29: “Eis que vos tenho dado 3-5 porções Coma Coma todas as ervas que dão generosamente generosamente semente e se acham na superfície de toda a terra e todas as árvores em que há fruto que dê semente; isso vos será para mantimento.” Portanto, o regime Grupo dos cereais, pães, massas e arroz integral planejado originalmente por 6-11 porções Deus para Seu povo, era Coma liberalmente vegetariano. Somente depois do dilúvio, quando as plantas um regime estimulante.” – são primariamente uma fonte foram completamente Conselhos sobre Saúde, pág. de gordura saturada e de destruídas, que Deus permitiu 115. colesterol, o regime que o homem comesse 3. Descobertas científicas. vegetariano preenche melhor animais limpos. (Ver Gênesis O Adventist Health Study – a referida recomendação. 9:3 e The Seventh-day um instituto patrocinado 4. Considerações Adventist Bible pela Igreja Adventista – ambientais. Sete quilos de Commentary, vol. 1, pág. descobriu que os adventistas cereais ou de feijão-soja são 263, para a discussão de carne vivem mais do que a necessários para produzir limpa e carne imunda.) população em geral. O meio quilo de carne. Cerca de 2. Conselho inspirado. A regime vegetariano tem sido vinte mil litros de água são ênfase sobre saúde, dada por mencionado como a necessários para produzir meio de Ellen G. White, é principal razão. meio quilo de carne, em única entre as denominações. O U. S. Dietary comparação com 100 litros, Ela descreve o regime ideal Guidelines, de 1995 – que é o para produzir meio quilo de nos seguintes termos: “Frutas, documento mais próximo do trigo. Para se obter uma cereais e verduras, preparados plano de nutrição nacional caloria de proteína animal, de maneira simples, livres de dos Estados Unidos – gastam-se 78 calorias de especiarias e gordura animal apresenta, entre outras, as combustível natural, ao passo de qualquer espécie, fazem seguintes recomendações: que para se obter uma caloria Pau lo G odo y
RA/fev 2000
É importante ser vegetariano? Há adventistas que não comem carne e há os que comem. Quem está certo?
com leite ou nata, o mais saudável regime dietético. Comunicam nutrição ao corpo, e dão um poder de resistência e um vigor de intelecto não produzidos por
3 4 fevereiro2000
de proteína de soja, são necessárias apenas duas calorias de combustível natural. Nosso amorável Criador deu-nos a liberdade de fazer escolhas sobre todos os aspectos de nossa vida. Você pode escolher um regime cárneo ou um regime vegetariano. Uma vez que tenho acesso a alimentos que se harmonizam com a dieta vegetariana, fiz minha opção por ela. Se você escolher o regime vegetariano, todos os nutrientes necessários para a boa saúde estarão à sua disposição se seguir a Pirâmide do Guia Vegetariano. (Ver ilustração.) Faça suas refeições usando a quantidade necessária de cada grupo de alimentos. As porções prescritas garantem as quantidades necessárias de nutrientes (dependendo da idade, sexo e níveis de atividade de cada indivíduo dentro da família). A decisão é sua. O Criador, o profeta e a ciência apóiam um regime vegetariano rico em nutrição. Talvez, para a sua saúde e para o meio ambiente, seja a melhor escolha. – Georgia B. Hodgkin, membro da Associação Americana de Dietética e professora associada do Departamento de Nutrição e Dietética, da School of Allied Health Professions, Loma Linda University
?
Perguntas para: CONSULTORIA DOUTRINÁRIA Caixa Po s t a l 3 4 1 8270-000 Tauí, SP
BOA
Às vezes, o sentido de procedência de ekporeúomai está implícito; o texto de Atos acima é um exemplo disso. Quando, todavia, o ponto de origem do movimento expresso pelo verbo é explícito (que é o que ocorre em João 15:26), o sentido de procedência (isto é, de onde precisamente procede aquele que cumpre a Procedência do Espírito Santo ação de se locomover) é dependente da preposição que se liga a esse ponto de origem. Três exemplos alegados Gostaria d e saber o q u e significa, n o original por Nicotra (Eu e o Pai Somos Um, pág. 35), com as grego d e J o ã o 15:26, o v e r b o q u e foi t r a d u z i d o referidas preposições aqui italizadas, são como seguem: " p r o c e d e r " na versão q u e utilizamos, a A l m e i d a . Dissidentes a f i r m a m q u e a tradução correta é (1) "Nem só de pão viverá o homem, mas de toda a "vir d e d e n t r o " e que, n e s s e caso, o Espírito palavra que procede da boca de Deus" (Mat 4:4); S a n t o não é a terceira p e s s o a d a Trindade, m a s (2) "O que sai do homem, isso é o que o contamina" algo q u e sai d o interior d e Deus, c o m o S e u (Mar 7:20); e fôlego. Isso é verdade? (3) "Então vi sair da boca do dragão, da boca da besta..." (Apoc 16:13). O original de (3) não consigna verbo algum Não, não é verdade! Diz o texto em apreço: "Quando, traduzido "sair" e está apenas subentendido, razão pela porém, vier o Consolador, que Eu vos enviarei da parte qual o desconsideramos. Observamos, então, que em do Pai, o Espírito da verdade, que dEle procede, esse dará testemunho de Mim." Não é apenas a Almeida que (1), a preposição é diá, cujo sentido principal é através de; qualquer palavra, no exercício da comunicação verte o texto assim. Com uma ou outra pequena verbal, é geralmente emitida através da boca, daí variação, praticamente as demais versões portuguesas o procedendo. Alegar que antes que uma palavra seja dita fazem, bem como outras para outros idiomas. ela se formulou na mente (embora de vez em quando O verbo grego aí empregado é ekporeúomaí, palavras são proferidas ou escritas por aí sem que ao corretamente traduzido "proceder" em nossas Bíblias. menos se pense nelas), e que, portanto, significa "sair de Os dissidentes Ricardo Nicotra e Jairo de Carvalho, como exemplo, presumem que este verbo significa sair, dentro" é impor ao verbo um sentido que ele, por si só, ou partir, ou vir de dentro de, do interior de. (Eueo Painão indica. É a preposição que se liga ao ponto de onde parte o movimento que poderá dar esse significado. Somos Um", pág. 35; A Divindade, pág. 114.) Não importa de onde copiaram esta idéia (talvez do parecer No exemplo (2) acima, a preposição é ek, "de, desde" de um partidário de algum ministério independente e pode envolver o sentido "do interior" como o emprego norte-americano ou europeu); de qualquer forma, ela de ésõten, "de dentro" em Marcos 7:21 e 23, confirma. expõe uma dedução apressada e sem fundamento. Dizemos que pode, porque nem sempre é isto o que O verbo tem um sentido amplo. Quando empregado ocorre, ainda que seja empregada a preposição ek. Exemplos: "Do trono (ek toü thrónou) saem sem referência ao ponto de partida do movimento que (ekporeúontai) relâmpagos, vozes trovões..." (Apoc 4:5), ele expressa, significa simplesmente sair encaminhar-se, e "rio da água da vida... que sai (ekporeuómenon) do conduzir-se, movimentar-se, prosseguir, apresentar-se, trono (ek toü thrónou) de Deus" (22:1) não significam adiantar-se, destacar-se, aparecer, espalhar difundir-se, necessariamente que os relâmpagos, vozes, trovões e o correr etc. Que o verbo sair, mesmo em nosso idioma, rio procedem do interior do trono; indicam apenas que não significa apenas se deslocar de dentro para fora, saem de onde ele está. basta uma olhada num bom dicionário; e se assim é em português, muito mais no grego. Exemplos: Lucas 3:7 Assim, a preposição é importante para se estabelecer o fala de multidões que "saíam para serem batizadas" ponto de origem do movimento expresso por ekporeúomaí. (saíam de onde?); Atos 9:28 informa que, estando Paulo Em João 15:26, a preposição épará, significando também em Jerusalém, entrava e saía com toda a liberdade "de, desde" mas com a acepção de posição, cobcação, etc entrava e saía sem sair de Jerusalém, isto é, ele se (como em nossa palavraparaMó). Segundo Robertson, movimentava livremente na cidade. uma das maiores autoridades no estudo do koinê, o grego popular do Novo Testamento, pará significa "ao lado de" Quando o emprego de ekporeúomai é feito com 1£> "junto com" (A Grammarofthe GreekNew Testamentin the referência ao ponto de partida do movimento, o verbo LighofHUtorical Research, pág 613; a quem possa encerra também o sentido de vir ir partir, prosseguir, proceder, etc. W. E. Vine afirma que, dentro do sentido interessar as páginas 553-649 dessa obra trazem uma abordagem exaustiva das preposições gregas). Em outras de locomoção específica, o verbo aponta palavras, o Espírito Santo procede de onde o Pai está, da "expressivamente a um curso definido" mais do que Sua companhia, não do interior dEle; isso foi o que Jesus poderia ser expresso por "sair" {Dicionário Vine, pág. afirmou - José Carlos Ramos, diretor dos cursos depós853). Como exemplo, confira Atos 25:4, que registra o graduação do Sa.lt, em Engenheiro Coeho, SP A . propósito de Festo de "partir" para Cesaréia.
Pergunta
12
Revista Adventista I FEVEREIRO-2006
Pergunta Reis e decretos Geralmente se afirma que o Artaxerxes mencionado em Esdras 4:7 e 8 é o mesmo do capítulo 7, isto é, aquele rei que, em 457 a.C, emitiu o decreto permitindo a reconstrução de Jerusalém, ano a partir do qual se computam as 70 semanas e as 2.300 tardes e manhãs do livro de Daniel. Como, porém, conciliar essa afirmação com o que Eilen G.White diz em Profetas e Reis, pág. 547, de que o Artaxerxes do verso 7 foi o falso Smerdis que reinou antes? - J. M. Quais são os anos de reinado dos seguintes reis: Ciro, Dario e Artaxerxes? Sempre afirmamos que é o decreto de Artaxerxes em 457 a.C. que dá início às 2.300 tardes e manhãs. Porém, Esdras 1:1-4 afirma que Ciro, em seu primeiro ano, baixou um decreto autorizando os judeus a retornarem a Jerusalém e reconstruírem o templo; além disso, segundo Esdras 6, Dario, outro rei, também emitiu um decreto. Que base existe, então, para se afirmar que é o decreto de Artaxerxes, e não o de Ciro ou o de Dario, que determina o início das 2.300 tardes e manhãs? C. L. Ciro comandou o império persa entre 559 e 530; Dario I , conhecido na História como Hystaspes o Grande, entre 522 e 486; e Artaxerxes I , conhecido como Longimanus, entre 465 e 423, todos, naturalmente, antes de Cristo. Com respeito a Ciro, este é o período dele como imperador da Pérsia; não como rei de Babilônia, período que começa em 537 (seu ano de ascensão ao trono babilónico). Seu primeiro ano como rei de Babilônia é 536; é aí que ele emitiu o decreto para a reconstrução do templo de Jerusalém, não da própria Jerusalém (cidade). Contando 70 anos (o tempo de duração do cativeiro) a partir de 605, quando este começou, chegamos em 536. O decreto de Dario I , em 519, ratificou o anterior, o de Ciro. O de Artaxerxes em 457, seu sétimo ano, foi original dele, para a reconstrução da cidade; o templo, a esta altura, já havia sido inaugurado. Portanto, este decreto é o único que cumpre as especificações da profecia, porque foi dado permitindo a reconstrução de Jerusalém. Daniel 9:25 deixa claro que teria que ser um decreto desta natureza, com este objetivo, que valeria como ponto inicial dos períodos proféticos. Ademais, a única data para o início das 70 semanas que nos leva aos eventos previstos dentro deste importante período é mesmo 457; as outras datas de decretos, 536 e 519, simplesmente caem no vazio, quanto a este detalhe. Sobre a primeira questão, há duas formas de abor-
dar o aparente impasse: 1) que a Sra. White tenha meramente expressado uma opinião corrente em seus dias, de que o Artaxerxes de Esdras 4:7 foi o falso Smerdis (ela colocou entre parênteses essa afirmação); entre os estudiosos de Esdras, essa opinião ainda perdura em nossos dias, com aqueles que imaginam que, no capítulo 4, o escritor seguiu uma ordem cronológica dos reis persas mencionados. Assim, o Assuero do verso 6 seria Cambises, filho do Ciro, mencionado no verso 5, sendo a seqüência de reis assim estabelecida: Ciro (versos 3 e 5), Cambises (Assuero no verso 6), falso Smerdis (Artaxerxes no verso 7), e Dario I (mencionado nos versos 5 e 24); esta seqüência está em harmonia com a História. Mas o consenso geral é que Esdras, nesse capítulo, se preocupou apenas em relatar as dificuldades que os samaritanos criaram para os judeus no processo da construção do templo e da cidade; ele não estaria interessado na ordem cronológica dos reis. Além disso, é muito improvável que os fatos relatados nos versos 7-23 tenham ocorrido mesmo com o falso Smerdis que dominou por apenas alguns meses em 522, usurpando o trono que era de Cambises, que se encontrava no Egito e dali governava. O verdadeiro rei, portanto, era Cambises e não Smerdis (razão pela qual passou este para a História como "falso"). Quando Cambises morreu, Dario I subiu ao trono (como legítimo herdeiro real) e baniu Smerdis, ainda em 522. 2) A segunda forma é considerar o Artaxerxes do verso 7 não o mesmo Artaxerxes do verso 8. O primeiro seria Smerdis, em harmonia com o que Eilen G. White declara, enquanto que o segundo seria o do decreto em 457 a.C. Com efeito, os que escreveram a carta ao Artaxerxes do verso 7 não são os mesmos que escreveram a carta ao Artaxerxes do verso 8. Reum e Sinsai, que escreveram a segunda carta, são novamente mencionados nos versos 17 e 23, enquanto que os que escreveram a primeira carta, Bislão, Mitredate e Tabeel, não mais são referidos. Isto é, a carta que o Artaxerxes do verso 8 responde é endereçada a Reum e Sinsai (os remetentes do verso 8) e não a Bislão, Mitredade e Tabeel (os remetentes do verso 7). Este, então, seria o Artaxerxes do decreto, também referido nos versos I I , 17 e 23. É verdade que os dois grupos de missivistas poderiam ter escrito a um único rei, que a Bíblia aqui estaria identificando como Artaxerxes, mas ficaria sem resposta a indagação do porquê o primeiro grupo ficou sem uma resposta oficial para um assunto tão importante para o império. Entretanto, se considerarmos o primeiro Artaxerxes como sendo o Smerdis da História, é fácil deduzir por que este rei não respondeu: não teria havido tempo para uma resposta, face ao seu curto mandato. - José Carlos Ramos, professor de Teologia no UNASP, campus Engenheiro Coelho, SP. A
Pergunta Jogos de azar Eu gostaria que vocês me dessem uma orientação sobre jogos de azar. Perante as leis civis, eles são lícitos, além do fato de que parte da renda de tais jogos é destinada a projetos sociais. Qual é a posição da igrej a quanto a isso? E se um membro se envolver e m tais j o g o s , o que poderá ocorrer com ele? - W. S. P.
A posição da Igreja Adventista do Sétimo Dia com respeito aos jogos de azar é a mencionada no Manual da Igreja, baseada na Bíblia Sagrada. Veja que, entre as razões para a disciplina de um membro, está a prática de jogos de azar: "Violação da lei de Deus, tal como a adoração de ídolos, homicídio, roubo, profanação, jogos de azar, transgressão do sábado, e falsidade voluntária e habitual" (p. 194,195). Seria mero capricho da igreja ser contra jogos de azar? Não. Veja que a Bíblia é clara ao dizer que deveríamos trabalhar para ganhar nosso sustento: "Tomou, pois, o Senhor Deus ao homem e o colocou no jardim do Éden para o cultivar e o guardar" (Gn. 2:15). E depois do pecado, o meio para se obter o sustento não foi mudado. Ainda deveria ser pelo trabalho: "No suor do rosto comerás o teu pão" (Gn 3:19). Veja, ainda, o que Paulo diz:" [...] nem jamais comemos pão à custa de outrem; pelo contrário, em labor e fadiga, de noite e de dia, trabalhamos, a fim de não sermos pesados a nenhum de vós; [...] se alguém não quer trabalhar, também não coma" (2Ts 3:8,10). Qualquer outro meio para se conseguir o pão que não seja por um trabalho e, acima de tudo, honesto, está fora do ideal de Deus para o sustento do ser humano. Note que o profeta Isaías (55:2) adverte sobre "[gastar] o dinheiro naquilo que não é pão" Isso indica que o uso do dinheiro deve ser feito com muito critério, em coisas
que realmente são necessárias, e não ser gasto tentando a sorte em jogos, onde raramente ou nunca se ganha, e quando se ganha é às custas do sofrimento de milhares que perderam seu dinheiro. Imagine: ganhar às custas de quem perdeu. Seria isso cristão? Poderíamos assim resumir as diversas razões pelas quais um cristão não deve se envolver em jogos de azar: 1. Não é o meio indicado por Deus para se conseguir o sustento, que é trabalhando (Gn 2:15; 3:19; Is 55:2; 2Ts 3:7,8,10-12, etc). 2. É dinheiro ganho às custas de quem perdeu o seu no jogo (dinheiro que faz muita falta no lar). 3. É uma tentativa de ganhar dinheiro fácil, sem o "suor do rosto" Esta maneira de viver, muitas vezes leva ao roubo e à desonestidade (outras maneiras de se tentar ganhar dinheiro fácil). 4. Jogos de azar podem viciar, e o vício é uma espécie de idolatria (um ídolo é tudo aquilo a que dedico meu tempo, minhas energias e meus bens). E os idólatras não herdarão o reino de Deus (ICo 6:9). 5. Geralmente, o lugar e os companheiros de jogo não ajudam em nada a vida espiritual. Em vez disso, tornamse forças contrárias ao bem e ao crescimento da espiritualidade. Junto com o jogo de azar, geralmente, andam o tráfico de drogas, de armas, a prostituição, etc. 6. Mesmo sendo lícitos pelas leis do Estado, o cristão tem, como sua lei maior, a Santa Bíblia, que é contrária a esses jogos. "Parece que precisamos de uma lei para acabar com as escolas de jogo. Estas proliferam em toda parte. Mesmo a igreja (inadvertidamente, sem dúvida) algumas vezes faz a obra do diabo. Concertos com fins beneficentes, bingos e rifas, algumas vezes em auxílio de objetivos religiosos ou caritativos, mas freqüentemente com finalidades menos dignas, sorteios de prendas, jogos de prêmios, etc, são todos expedientes para se obter dinheiro sem retribuição correspondente. Nada é tão desmoralizador ou pernicioso, particularmente para os jovens, como a aquisição de dinheiro ou propriedade sem trabalho. Se pessoas respeitáveis se empenham nessas empresas de azar e acalmam a consciência com o pensamento de que o dinheiro se destina a um bom fim, não é para se estranhar que a juventude do Estado tão a miúdo caia nos hábitos que, com quase toda a certeza, a tornarão afeiçoada aos jogos de azar" (Governador Washburn, de Wisconsin, em sua mensagem anual, em 9 de janeiro de 1873, citado por Eilen G. White, em O Grande Conflito, p. 387). Finalmente, o irmão pergunta sobre o que deveria ser feito com irmãos que jogam. Diria que o pastor, anciãos e outros oficiais da igreja os visitassem, mostrando-lhes o que a Bíblia diz sobre o assunto de como se conseguir o pão de cada dia. Se, apesar de todo o esclarecimento recebido, persistirem no jogo, podem sofrer disciplina eclesiástica (conforme já mencionado e previsto no Manual da Igreja). - Por Ozeas Caldas Moura, editor na Casa Publicadora Brasileira. Â.
Pergunta Participa Satanás da expiação? O texto de Levítico 16:10 é claro em afirmar que o bode emissário participa da expiação. Se esse bode representa Satanás, isso significaria sua participação na expiação ao lado de Cristo? - L. M. O texto em questão afirma: "O bode sobre que cair a sorte para bode emissário [azazel] será apresentado vivo perante o Senhor, para fazer expiação [kaphar] por meio dele e enviá-lo ao deserto como bode emissário" (Lv 16:10). A palavra "Azazel" só ocorre nesse texto de Levítico e tem sido objeto de muita discussão entre os eruditos bíblicos. Diversos significados têm sido propostos para o termo: u m lugar no deserto, "bode emissário", u m demônio do deserto, ou o próprio Satanás. No pseudepígrafo 1 Livro de Enoque (8:1; 10:12; 13:1), Azazel é o chefe dos anjos caídos. Uma análise do papel dos dois bodes no ritual do Dia da Expiação aponta para Azazel como u m ser pessoal, em oposição ao Senhor (Yahweh): u m bode era "para o Senhor"- um ser pessoal (Lv 16:8), o outro "para Azazel" (Lv 16:8) - que, em oposição ao Senhor, deve ser também um ser pessoal. O bode "para o Senhor" era sacrificado (Lv 16:15) - representando o sacrifício de Cristo; o outro bode era enviado ao deserto (Lv 16:20-22) - representando Satanás, que, durante o Milênio, vagará pela Terra desolada e desértica (Ap 20:1-3). Assim, sendo Azazel símbolo de Satanás, como entender, em Levítico 16:10, a expressão "para fazer expiação [kaphar] por meio dele"? Se esse bode não era imolado em sacrifício, como participa da expiação? Frank B. Holbrook, em sua obra O Sacerdócio Expiatório de Jesus Cristo (Tatuí: Casa Publicadora Brasileira, 2002), na página 143, argumenta, com propriedade, que o vocábulo "expiação" (kaphar) tem mais de um significado na Bíblia: 1. Expiação em sentido "redentivo", Isso se dava quando o pecado do penitente era perdoado e apagado por meio da morte de u m substituto. Essa expiação redentiva é a mencionada em Levítico 4:34-35: "Então, o sacerdote, com o dedo, tomará do sangue da oferta pelo pecado e o porá sobre os chifres do altar do holocausto. [...] Assim, o sacerdote, por essa pessoa, fará expiação [kaphar] do seu pecado que cometeu, e lhe será perdoado." O mesmo tipo de expiação era feito com o sangue do "bode para o Senhor" (Lv 16:15-19). Essa expiação "redentiva" era símbolo da que é efetuada pelo precioso
sangue de Cristo, "como de cordeiro sem defeito e sem mácula" (IPe 1:19). 2. Expiação em sentido "punitivo", quando o pecador perde a vida devido ao castigo por seus delitos. No l i vro de Números, ocorrem dois exemplos de expiação "punitiva": 1) quando o imoral simeonita Zimri e sua parceira sexual Cosbi foram atravessados com uma lança pelo sacerdote Fineias (ver N m 25:6-18). É dito que, com a morte desses dois pecadores impenitentes, se fez "expiação [kaphar] pelos filhos de Israel" (Nm 25:13); 2) quando um homicida era executado por seu crime (ver N m 35:16,30-33). Com isso, Deus deixou claro que "o sangue profana a terra; nenhuma expiação [kaphar] se fará pela terra por causa do sangue que nela for derramado, senão com o sangue daquele que o derramou" (Nm 35:33). Esse tipo de expiação punitiva é a que acontecia com o bode emissário (Lv 16:10), o qual levava sobre si, não vicariamente, mas punitivamente, os pecados confessados, perdoados e apagados do povo de Israel. O bode Azazel é símbolo apropriado de Satanás, autor e instigador de todo o pecado, o qual levará sobre si, durante mil anos, os pecados que fez o povo de Deus cometer. Interessante é que Eilen G. White também fala em expiação nos aspectos "punitivo" e "redentivo": "Visto que Satanás é o originador do pecado, o instigador direto de todos os pecados que ocasionaram a morte do Filho de Deus, exige a justiça que Satanás sofra a punição final. A obra de Cristo para a redenção dos homens e purificação do Universo da contaminação do pecado será encerrada pela remoção dos pecados do santuário celestial e deposição dos mesmos sobre Satanás, que cumprirá a pena final. Assim no cerimonial típico, o ciclo anual do ministério encerrava-se com a purificação do santuário e confissão dos pecados sobre a cabeça do bode emissário. Em tais condições, no ministério do tabernáculo e do templo que mais tarde tomou o seu lugar, ensinavam-se ao povo cada dia as grandes verdades relativas à morte e ministério de Cristo, e uma vez ao ano sua mente era transportada para os acontecimentos finais do grande conflito entre Cristo e Satanás, e para a final purificação do Universo, de pecado e pecadores" [Patriarcas eProfetas, p. 358 [grifos acrescentados]). E então, participa Satanás da expiação? A resposta é "sim", se levarmos em conta a expiação "punitiva", e "não", se temos em vista a expiação "redentiva", a qual é feita somente através de Jesus Cristo e seu precioso sangue. Por Ozeas C. Moura, doutor em Teologia Bíblica e editor na Casa Publicadora Brasileira. - E-mail: ozeas.moura@cpb. com.br A.
Pergunta Teria Deus criado o m a l ? Isaías 45:7 diz claramente que Deus criou o mal. Seria Ele o responsável pelo pecado e pelas coisas ruins em nosso mundo? - M. L. S. Um princípio exegético importante é o de que a Bíblia não se contradiz, visto ser inspirada pelo Espírito Santo (2Pe 1:21). Muitos versos bíblicos afirmam que Deus é o autor ou criador do que é bom (Gn 1:31; lTm4:4, etc). Assim sendo, como poderia Ele ser autor do mal? O texto de Isaías (45:7) deve ser entendido dentro de seu contexto (capítulos 44-49), que é o de Ciro (44:28; 45:1,13; 48:14) conquistando a Babilônia (47:1, 5; 48:14, 20), libertando o povo judeu e permitindo a volta dele para a Palestina (44:28; 45:13). Com esse contexto em mente, analisemos o verso 7 de Isaías 45: • "Eu formo a luz": "Foi no tempo de Ciro, ou pouco depois, que o Zoroastrismo se tornou a religião da Pérsia. O grande deus dessa religião é Ahura-Mazda, o deus da luz e da vida, aquele que está em constante conflito com as hostes das trevas lideradas pelo deus Ahriman. Deus fez conhecido a Ciro e, por meio dele ao mundo, que Ele é o criador do mundo, o verdadeiro Deus da luz" (SDABC, v. 4, p. 267). Essa expressão também nos remete à criação, quando Deus disse: "Haja luz" (Gn 1:3). •"... e crio as trevas": novamente é evocada a cena da criação, quando é dito que Deus "fez separação entre a luz e as trevas" (Gn 1:4). Ao dizer que faz tanto a luz quanto as trevas, Deus está chamando a atenção dos seres humanos para Sua soberania sobre tudo e sobre todos. Como diz o salmista: "... até as próprias trevas não Te serão escuras" (SI 139:12).
a
•"... faço a paz": No manuscrito lQIs (achado numa caverna em Qumrã, região do Mar Morto), se diz: "faço o bem" (ibid.). É Deus quem estabelece a paz: "Estabelecerei paz na terra; deitar-vos-eis, e não haverá quem vos espante; farei cessar os animais nocivos da terra, e pela vossa terra não passará espada" (Lv 26:6). •"... e crio o mal": "Era uma doutrina hebraica comum que Deus é a causa única de tudo; e isso fazia dEle a causa do mal, por igual modo.... Devemos relembrar que a teologia dos hebreus era fraca quanto a causas secundárias, pelo que, equivocadamente, atribuía tudo à agência divina, até mesmo as coisas más" (R.N. Champlin, O Antigo Testamento Interpretado, v. 5, p. 2.917). Ou seja, tudo o que Deus permitia era como se Ele tivesse feito. Platão tinha razão ao dizer: "Deus, se Ele é bom, não é o autor de todas as coisas, conforme muitos asseveram, mas é a causa somente de algumas coisas, e não da maior parte das coisas que acontecem aos homens. Pois poucos são os pontos bons da vida humana, e muitos são os males; e somente o que é bom deve ser atribuído a Ele. Quanto ao que é mal, outras causas têm que ser descobertas" (A República, II, 379, in: ibid.). No contexto em que está, Isaías 45:7 mostra a soberania de Deus sobre a história e todas as coisas. É Ele quem domina sobre a luz e as trevas (e não Ahura-Mazda, nem Ahriman ou qualquer outro deus). Ele "faria a paz" para seu povo cativo, na Babilônia, através do rei Ciro. Esse rei, ao conquistar Babilônia, permitiu a volta dos judeus para a Palestina. Mas Deus também "criaria o mal" para os cruéis babilónicos. Ou seja, permitiria que eles fossem conquistados pelos MedoPersas, sob o comando de Ciro. O contexto, portanto, mostra que os vocábulos trevas/mal indicam punição para os babilônios; enquanto que luz/paz indicam salvação para o povo de Deus. (C. F. Keil & F. Delitzsch. Commentary on the Old Testament, v. 7, p. 220.) Um dia, acontecerá o mesmo: Deus castigará os ímpios e recompensará os justos (Mt 25:31-46). Em que grupo estaremos? Hoje é o dia de se fazer a escolha. - Por Ozeas C. Moura, doutor em Teologia Bíblica e editor na Casa Publicadora Brasileira. E-mail: ozeas.moura@cpb.com.br A.
Dúvidas iUESTÕES DOUTRINA
sobre doutrinas da Igreja Adventista Questões Sobre Doutrina foi escrito para apresentar
ao mundo evangélico uma visão mais clara dos ensinos adventistas. Agora você tem a chance de obter esta obra fundamental e esclarecer tudo sobre a teologia e as doutrinas adventistas. Você não pode deixar de ler este clássico!
r
Para adquirir, ligue: 0800-97^0606*, acesse: vwvvvc^.com.br, ou dirija-sjj^rijma das Lojas ^^daCASAouSELS.
a Igreja Queens, rk, EUA.
RA/fev’11
Jupterimages
A verdade é que toda a Trindade está interessada em nossas orações. Deus, o Pai deseja dar “boas coisas aos que Lhe pedirem” (Mt 7:11), Deus, o Filho promete que, se pedirmos alguma coisa em Seu nome, isso Ele fará (Jo 14:14), e Deus, o Espírito Santo “intercede por nós sobremaneira, com gemidos inexprimíveis [...], porque não sabemos orar como convém” (Rm 8:26). Mas esse interesse de todos os membros da Trindade em nossas orações não significa que devamos passar por cima das orientações bíblicas quanto à maneira correta de fazer nossas orações e orar, por exemplo, ao Espírito Santo “em nome de Jesus” ou a Jesus “em nome de Jesus”. Não negamos que tais orações possam ser atendidas, devido à ignorância quanto às orientações bíblicas, mas seria bom atentarmos para o que a Bíblia diz sobre a oração:
1. Toda oração deve ser dirigida a Deus, o Pai. Eis alguns textos: “[...] A fim de que tudo quanto pedirdes ao Pai [...] Ele vo-lo conceda” (Jo 15:16); “Se pedirdes alguma coisa ao Pai, Ele vo-la concederá” (Jo 16:23). O próprio Jesus deixou-nos a oração-modelo, o Pai nosso, que assim começa: “Pai nosso, que estás nos Céus [...]” (Mt 6:9). Em Suas orações, Jesus Se dirigia ao Pai. Veja alguns exemplos: “Pai nosso, que estás nos Céus [...]” (Mt 6:9 – ao ensinar os discípulos a orar); “Pai, graças Te dou porque Me ouviste” (Jo 11:41 – em Sua oração, antes de ressuscitar Lázaro); “E Eu rogarei ao Pai, e Ele vos dará outro Consolador” (Jo 14:16 – ao prometer o envio do Espírito Santo); “Pai, é chegada a hora” (Jo 17:1 – no início de Sua oração sacerdotal); “Meu Pai, se possível, passe de Mim este cálice” (Mt 26:39 – na noite de agonia no Getsêmani); “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem” (Lc 23:34 – ao estar suspenso numa cruz romana e, mesmo assim, perdoando Seus algozes). 2. Toda oração deve ser concluída com a expressão “em nome de Jesus”, com “nome” indicando a “pessoa” de Jesus. Ou seja, pedimos confiados nos méritos de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual deu Sua vida como resgate pelos nossos pecados (Mt 20:28). Ou seja, pedimos para que tudo o que Jesus merece seja creditado para nós, pois, naturalmente, o que merecemos é a morte, como “salário do pecado” (Rm 6:23). Eis alguns textos sobre pedir em nome de Jesus: “E tudo quanto pedirdes em Meu nome, isso farei” (Jo 14:13); “A fim de que tudo quanto pedirdes ao Pai, em Meu nome, Ele vo-lo conceda” (15:16); “Se pedirdes alguma coisa ao Pai, Ele vo-la concederá em Meu nome” (16:23). 3. Mesmo que em nossas orações não necessitemos pedir ao Espírito Santo que o faça, Ele atua como nosso intercessor junto ao Pai: “Também o Espírito, semelhantemente, nos assiste em nossa fraqueza; porque não sabemos orar como convém, mas o mesmo Espírito intercede por nós sobremaneira, com gemidos inexprimíveis” (Rm 8:26). Mais uma palavra sobre a oração: não devemos orar sempre para pedir coisas a Deus. Pedidos são apenas parte de uma oração. A oração deve incluir “confissão (Sl 51), adoração (Sl 95:6-9; Ap 11:17), gratidão (1Tm 2:1), petição pessoal (2Co 12:8) e intercessão pelos outros (Rm 10:1). Para ser atendida, a oração requer purificação (Sl 66:18), fé (Hb 11:6), vida em união com Cristo (Jo 15:7), submissão à vontade de Deus (1Jo 5:14-15; Mc 14:32-36), direção do Espírito Santo (Jd 20), espírito de perdão (Mt 6:12) e relacionamento correto com as pessoas (1Pe 3:7)” (Bíblia do Obreiro. Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 2007, p. 1.654). Como está sua vida de oração? Tem se valido desse meio tão poderoso, colocado à sua disposição, para falar com o Altíssimo? Mas ore dirigindo-se ao Pai, conclua sua oração com a expressão “em nome de Jesus”, e conte sempre com a divina intercessão da pessoa do Santo Espírito. – Por Ozeas C. Moura, doutor em Teologia Bíblica e professor de Teologia no Salt – Unasp 2, Engenheiro Coelho, SP. E-mail: ozeas. moura@unasp.edu.br
23595
no moNão se e você. i dizer. é utodo pornar, que da e não possa se até disnto real eriência erá utoarantir está na i sentir, os seus stá exaue estie cuide dEle. pre. Esue caia estará
Oração a Jesus ou a Deus, o Pai?
Já ouvi pessoas orando a Jesus e concluindo a oração “em nome de Jesus”. Teologicamente falando, isso é correto? – C. A.
Shutterstock
ísicas e s de roficuldas sabe o ão, cone resolando as s e preEle tem qui sem mais do , ter fio, consquentar a Bíblia Viva a rânsito ométriospital, ntre ser a onde e ra! Desodas aljamais orrisos ais nodos no ortável
Designer
Editor Texto
C.Qualidade
Depto. Arte
Revista Adventista I fevereiro • 2011
19
Jupterimages
Poderia surgir novamente o pecado após o fim do grande conflito?
Naum 1:9 diz que “não se levantará por duas vezes a angústia”. Isso se refere à cidade de Nínive ou ao mal, após o fim do grande conflito entre Cristo e Satanás? Se se refere ao mal, então perderemos nosso livre-arbítrio para não mais pecar? – P. L.
O verso 9, do capítulo 1, está inserido numa “sentença contra Nínive” (Na 1:1), sentença que inclui todos os três capítulos do pequeno livro do profeta Naum (cuja profecia pode ser datada em cerca de 640 a.C.). A cidade de Nínive, capital dos temíveis e cruéis assírios, estava situada no lado leste do rio Tigre e foi fundada por Ninrode (Gn 10:8-11). Tinha Ishtar como deusa patronesse. Seu período de glória deu-se nos dias do rei Senaqueribe (705-681 a.C.), indo até sua tomada e destruição em 612 a.C., pelos exércitos combinados de babilônios e medos. Nínive teve sua oportunidade de salvação provavelmente no tempo do rei Adad-nirari (810-782 a.C.), quando Jonas pregou ali. Devido ao arrependimento ocorrido naquela ocasião (Jn 3:5-10), o castigo foi adiado por cerca de 170 anos. Mas parece que aquele arrependimento foi temporário, e os ninivitas (bem como os demais assírios) voltaram aos seus atos cruéis (como, por exemplo, deportar populações inteiras, empalar prisioneiros, pendurá-los pelas mãos ou pés e deixá-los morrer lentamente sob essa tortura, cortar-lhes a língua, furar-lhes os olhos, decapitá-los, e outras práticas similares, como meios de intimidar as populações atacadas). Realmente, quando os povos souberam da queda de Nínive, eles “bateram palmas” (Na 3:19), pois estava quebrado o poder que aterrorizava o mundo. E Deus, em Sua presciência, incumbiu o profeta Naum de declarar que nunca mais ocorreria a “angústia” causada às nações pelo cruel império assírio, da qual Nínive era a representante. A história está aí para confirmar a profecia de Naum: os assírios, ao ser derrotados pelos babilônios e medos, desapareceram, praticamente, sem deixar vestígios, salvo algumas ruínas de suas cidades mais importantes. Acontece que, devido à sua maldade, crueldade e idolatria, Nínive acabou se tornando um tipo de Satanás, o iniciador e propagador do mal no Universo, especialmente no planeta Terra, o qual, por milênios, tem sofrido a influência maléfica e assassina desse arquirrebelde e inimigo de Deus e do bem. Dessa maneira, a “sentença” ou profecia de Naum sobre Nínive pode perfeitamente ser aplicada a Satanás e ao
mal que ele tem causado desde que se rebelou contra Deus e foi expulso do Céu. Após o milênio, depois que chegar ao fim o grande conflito entre Deus e as forças do mal, compostas por Satanás, os anjos que o apoiam e os ímpios, então a profecia de Naum terá seu segundo cumprimento: o mal nunca mais se levantará outra vez. Mas geralmente se pergunta: Se o pecado não brotará novamente no Universo, isso se dará por falta de livre-arbítrio dos seres humanos salvos e dos seres de outros mundos que não pecaram? Certamente, não. Nada há na Bíblia dizendo que os seres humanos salvos, bem como os habitantes de outros mundos que não pecaram, perderão seu livre-arbítrio. Se isso ocorresse, a obediência seria forçada. Isso nunca esteve nem estará nos planos de Deus, uma vez que “Deus é amor” (1Jo 4:8). Ele espera obediência também por amor: “Se Me amais, guardareis os Meus mandamentos” (Jo 14:15). Essas palavras de Cristo, ditas no primeiro século aos Seus apóstolos, são válidas para os dias atuais e continuarão válidas por toda a eternidade. Mas, então, que garantia se tem de que seres com livrearbítrio não hão de pecar? A resposta é que eles usarão sua liberdade escolhendo não pecar. Não porque não possam fazê-lo, mas porque deliberadamente escolherão o caminho da obediência. E por que agirão dessa maneira? A verdade é que os seres humanos salvos terão experimentado em si mesmos os resultados nefastos do pecado e não hão de querer experimentá-lo novamente. Os seres de outros mundos que não pecaram acompanharam o desenrolar do drama do pecado na história humana e não irão querer para eles as desgraças que se abateram sobre o planeta Terra. Comentando esse assunto, diz-nos Ellen G. White: “O Universo todo terá sido testemunha da natureza e resultado do pecado. E seu completo extermínio, que no princípio teria acarretado o temor dos anjos, desonrando a Deus, reivindicará então Seu amor e estabelecerá Sua honra perante a totalidade dos seres que se deleitam em cumprir Sua vontade, e em cujo coração está a lei divina. Jamais o mal se manifestará de novo. Diz a Palavra de Deus: ‘Não se levantará por duas vezes a angústia’ (Na 1:9). A lei de Deus, que Satanás acusara de jugo de servidão, será honrada como a lei da liberdade. Uma criação experimentada e provada nunca mais se desviará da fidelidade para com Aquele cujo caráter foi perante eles amplamente manifesto como expressão de amor insondável e infinita sabedoria” (O Grande Conflito, p. 504). Não é confortante saber que, após o fim do grande conflito, o mal será vencido completa e eternamente? – por Ozeas C. Moura, doutor em Teologia Bíblica e professor no Salt – Unasp, campus Engenheiro Coelho, SP. E-mail: ozeas. moura@unasp.edu.br Revista Adventista I fevereiro • 2012
19
Jupterimages
Alegria com responsabilidade Em Eclesiastes 11:9, Deus ordena que nos alegremos, mas fala em juízo para os que se alegram. Como entender a ordem divina seguida dessa ameaça? – A. G.
Fevereiro é o mês do Carnaval em que o foco é a alegria sem compromisso, sem responsabilidade. Na maioria das vezes, essa alegria se transforma em tristeza e dissabor, tão logo acabam os festejos carnavalescos ou algum tempo depois, com as consequências do aparecimento de filhos cujos pais são desconhecidos, de mães solteiras, do contágio de doenças sexualmente transmissíveis, entre outros problemas. Em contraste, vê-se a importância da alegria com responsabilidade. É exatamente sobre isso que fala o texto de Eclesiastes 11:9, mencionado abaixo em sua forma original, com seus três dísticos (um dístico são duas linhas, dispostas em forma paralela), estando os dois primeiros dísticos dispostos em paralelismo sinônimo e o último em paralelismo sintético: Alegra-te, jovem, na tua juventude, E recreie-se o teu coração nos dias da tua mocidade; Anda pelos caminhos que satisfazem ao teu coração, E [anda pelos caminhos que] agradam os teus olhos; Sabe, porém, que de todas estas coisas, Deus te pedirá contas. Você percebe que é o próprio Deus (por meio de Salomão) quem está ordenando ao jovem (e, por extensão, a todos nós) que se alegre e faça coisas prazerosas? Não devemos esperar ordem diferente de Deus, uma vez que Ele é a fonte de toda alegria, de todo prazer, porém lícitos. Vemos, então, que é falsa a ideia de que a alegria não combina com o cristão. Ao contrário, o cristão deve ser a pessoa mais alegre e feliz do mundo,
uma vez que se encontrou com Cristo e entregou a vida a Ele, o que dá significado à vida presente e ilumina a vida futura. Jesus é nosso modelo de pessoa cuja alegria era responsável. Ele frequentava festas de casamento, como, por exemplo, aquela que foi realizada na cidade de Caná, onde realizou Seu primeiro milagre, transformando a água em vinho (Jo 2). Ele aceitava convites para banquetes, como os que Mateus (Mt 9:9-13) e Simão, o ex-leproso (Mc 14:3-9), deram em Sua homenagem. Mas a alegria do divino Mestre estava dentro dos parâmetros da vontade de Deus e Ele aproveitava essas ocasiões festivas e momentos de confraternização e sociabilização para abençoar os que O convidavam, bem como os demais convidados. Esse tipo de alegria e postura social será sempre bem-vindo, em qualquer lugar, em qualquer época. Mas voltemos ao texto de Salomão. Que lições podemos tirar dessa passagem bíblica? As seguintes: (1) Deus deseja (e até ordena) que tenhamos alegria em nossa vida, que sejamos pessoas felizes (dentro das limitações que o mundo mau nos impõe), sendo pessoas positivas, que exemplifiquem corretamente o que é viver o evangelho, o que é ser um verdadeiro cristão; (2) nossa alegria deve ter como parâmetro e limite a vontade de Deus; do contrário, nossa alegria poderá resultar em dissabor e tristeza para nós e para os outros. Devemos aqui nos lembrar do conselho paulino: “Portanto, quer comais, quer bebais ou façais outra coisa qualquer, fazei tudo para a glória de Deus” (1Co 10:31) e (3) haverá um julgamento, no qual daremos contas de tudo o que fizemos, o que inclui nossos momentos de lazer e prazer. Desejo concluir com as importantes palavras de Ellen G. White sobre o valor da alegria cristã: “A alegria de Cristo é pura, sem mescla. Não é alegria [...] vulgar, que induz a palavras vãs ou leveza de conduta. [...] Deus não quer que Seus filhos andem com a ansiedade e a aflição expressas na fisionomia. Quer que a bela expressão de Seu semblante se revele em cada um de nós que somos participantes da natureza divina” (Nossa Alta Vocação [MM 1962], p. 146). “A alegria de Cristo está em nosso coração, e nossa alegria é completa. Isto é religião verdadeira. Certifiquemo-nos de obtê-la, e de sermos bondosos, corteses, e de ter o amor na alma – esse tipo de amor que flui e é expresso em boas obras, que é uma luz para refletir ao mundo, e que torna nossa alegria completa” (Olhando para o Alto [MM 1983], p. 262). – Por Ozeas C. Moura, doutor em Teologia Bíblica e professor no Unasp – EC. E-mail: ozeas.moura@unasp.edu.br
Sob Suas Asas Marcos Lima
Sua Maior Paixão Ronaldo Arco
CD instrumental do violonista Marcos Lima. 13 músicas.
CD com 10 músicas e todos os playbacks.
Para adquirir, ligue: 0800-9790606*, acesse: www.cpb.com.br, ou dirija-se a uma das livrarias da CPB. *Horários de atendimento: Segunda a quinta, das 8h às 20h / Sexta, das 8h às 15h45 / Domingo, das 8h30 às 14h.
CONSULTORIA DOUTRINARIA
Filho de Deus e Filho do homem Algumas pessoas acham que os títulos "Filho de Deus" e "Filho do homem" pressupõem que Jesus é inferior a Deus. Há base bíblica para essa opinião? D. A. No caso dos títulos dados a Jesus - Filho de Deus e Filho do homem - há interpretações tendenciosas, que não se harmonizam com o que a Palavra de Deus revela sobre a natureza de Jesus. Propalam a idéia de que Ele é inferior a Deus e dEle dependente. 0 que diz a Bíblia sobre isso? 0 Prof. Pedro Apolinário, em seu livro Explicação de Textos Difíceis da Bíblia, esclarece: "0 uso da expressão 'Filho de Deus' aparece 11 vezes em Mateus; 7 vezes em Marcos; 9 vezes em Lucas; 2 vezes em Atos; 17 vezes nos escritos de João e 18 vezes nos de Paulo. Um total de 64 vezes no Novo Testamento. "Jesus foi chamado por Deus como Seu Filho, o que ocorreu por ocasião do Seu batismo e no Monte da Transfiguração. Filho de Deus nestas passagens sugere não somente o Messias, mas também o Senhor de II Coríntios 3:7 a 4:6, em cuja face a glória de Deus brilhou, não temporariamente, como na face de Moisés, mas
permanentemente. João 17:5: 'E, agora, glorifica-Me, ó Pai, contigo mesmo, com a glória que Eu tive junto de Ti, antes que houvesse mundo.' "Marcos usa o título Filho de Deus como sua designação favorita para Jesus, o que pode ser notado logo no seu primeiro verso. 'Princípio do evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus'. "A doutrina das Escrituras, universalmente aceita pela igreja cristã, inclui os seguintes aspectos: 1) Cristo é o Filho eterno como o Pai é eterno. Tanto Cristo como os apóstolos falam de Seu estado preexistente; 2) o Filho é, no mais completo sentido, da mesma natureza que o Pai. Possui os mesmos atributos, realiza as mesmas obras e reclama honra igual ao Pai.
de passagens com referência à vida de Jesus na Terra (Mar. 2:10 e 28; Luc. 19:10); 2) Este grupo refere-se aos sofrimentos e à morte de Jesus (Mar. 8:31; 9:31; 14:21); 3) Nesta classe, a frase faz referência à segunda vinda de Cristo (Mat. 24:30; 25:31). "Pelo cotejo dos três grupos de passagens, vemos que a expressão é usada por Cristo em conexão com Sua missão, morte e ressurreição, e ainda com Seu segundo advento. "O título Filho do homem assegura-nos que o Filho de Deus, na verdade, veio viver na Terra como um homem entre os homens, a fim de que Ele pudesse morrer por nós. 'Pois o próprio Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a Sua vida em resgate por muitos' (Mar. 10:45).
"Aplicado a Jesus Cristo, é um título que realça a Sua divindade, ao passo que o título Filho do homem realça a Sua humanidade. (Em João 5:18; 10:33; Mat. 26:63-66; Luc. 22:67-71; I Tim. 3:16; Col. 2:9; João 1:14, temos a prova máxima de que o título 'Filho de-Deus' indica a natureza divina de Cristo.) "Filho do homem" - Esta expressão é usada 94 vezes no Novo Testamento, sendo empregada 32 vezes por Mateus; 14, por Marcos; 26, por Lucas; 12, por João; 7 em Atos; 1 em Hebreus; 2 em Apocalipse; sempre pelo próprio Cristo, exceto em João 12:34, Atos 7:56, Hebreus 2:6 e Apocalipse 1:13; 14:14. "Nos evangelhos sinóticos, esta expressão com referência a Jesus divide-se em três classes: 1) Aparece num grupo
"Para a nossa mente ocidental, os termos Pai e Filho sugerem, por um lado, a idéia de origem e superioridade, e por outro lado, a idéia de dependência e subordinação. Na linguagem teológica, porém, eles são usados no sentido oriental ou semítico de igualdade com respeito à natureza (mesma natureza). Quando as Escrituras chamam a Jesus Cristo de Filho de Deus, querem afirmar a verdadeira divindade de Cristo. Quando 0 denominam Filho do homem, querem realçar a Sua humanidade. "A obra The Christology of the New Testamerit, de Oscar Culmann, diz, na pág. 162: 'A teologia clássica sempre contrastou Filho do homem e Filho de Deus. Do ponto de vista do dogma - verdadeiro
Deus, verdadeiro homem entendeu-se a designação Filho do homem apenas como uma expressão da natureza humana de Jesus em contraste com Sua natureza divina. Nessa época, os teólogos não estavam familiarizados com as especulações judaicas sobre a figura do Filho do homem, e não levavam em consideração o fato de que por meio desse próprio termo Jesus falou de Seu divino caráter celestial.'
"Com efeito, há passagens na Bíblia em que a expressão Filho do homem é usada, que mais parecem indicar a Sua divindade do que a humanidade. Os exemplos mais frisantes são: Mat. 24:3ft 'Então, aparecerá no céu o sinal do Filho do homem; todos os povos da Terra se lamentarão e verão o Filho do homem vindo sobre as nuvens do céu, com poder e muita glória'; Mat. 25:31: 'Quando vier o Filho do homem na Sua majestade e todos os anjos com Ele, então, Se assentará no trono da Sua glória'; João 3:13: 'Ora, ninguém subiu ao Céu, senão Aquele que de lá desceu, a saber, o Filho do homem'; Luc. 5:24: 'Mas, para que saibais que o Filho do homem tem sobre a Terra autoridade para perdoar pecados...'" (Pedro Apolinário, Op. cit., págs. 277-288.)
Pergunta BOA
Dias da Criação Certa pessoa, q u e se diz c r i s t ã , a f i r m o u q u e os dias da C r i a ç ã o n ã o f o r a m dias l i t e r a i s de v i n t e e q u a t r o horas. C o m o r e f u t a r essa o b j e ç ã o ? G. P.
Alguns pensam que os adventistas descobriram, tardiamente, uma conexão entre a semana da criação e o sábado do sétimo dia. Nada disso. Essa conexão, com base na narrativa do Gênesis, é digna de confiança, pois o quarto mandamento afirma claramente; 'Em seis dias, fez o Senhor os céus e a Terra, o mar e tudo o que neles há e, ao sétimo dia, descansou; por isso, o Senhor abençoou o dia de sábado e o santificou." Êxo. 20:11. Ora, não teria sentido a ordem para os israelitas trabalharem seis dias do ciclo semanal e descansar no sétimo dia, em memória da criação, se esta não tivesse ocorrido nesse mesmo molde. Seria incoerente transformar os dias da criação em longos períodos, uma vez que isso anularia o paralelismo que Deus estabeleceu entre os eventos da criação e o ciclo semanal de atividade humana e descanso. Frank Lewis Marsh, renomado pesquisador, argumenta "Se supomos que os dias da semana da criação foram períodos geológicos, então, para sermos coerentes, devemos de igual modo supor que o dia de descanso foi um período de milhões de anos. Mas nesse caso Deus está ainda descansando, porque a cronologia bíblica mostra claramente que não são decorridos mais de seis mil anos desde Adão. Se Deus está ainda no Seu sétimo dia, e descansando, então é difícil explicara declaração que Jesus fez: Minha comida é fazer a vontade dAquele que Me enviou e terminar a Sua obra" - Estudos Sobre Criacionismo, pág. 180. A idéia de que os dias da criação foram longos períodos é incompatível com a idade de Adão, que viveu 930 anos. Francis D Nichol, no livro Respostas a Objeçóes (CPB, 2004), pág. 172, esclarece: "Muito antes da totalização desses anos, ele [Adão] tinha sido expulso do Jardim do Eden e, em sua condição pecaminosa, havia criado uma família De acordo com a objeção, Adão deve ter vivido toda a sua vida dentro da extensão daquele sexto 'dia porque 930 anos constituem apenas um pequeno segmento de um período que é medido em milhões de anos. Mas quando Deus criou o sétimo dia e olhou para trás, para a semana da criação, Ele abençoou esse dia como o clímax de uma obra perfeita. Portanto, nenhum pecado havia entrado para manchar a Terra Como poderia
Adão, que viveu sem pecado no mínimo além do fim da semana da criação, ter vívido um total geral de apenas 930 anos, quando ele teve de viver durante uma fração do sexto e todo o sétimo dia da criação, se aqueles dias tiveram milhões de anos de duração?" Frank L. Marsh, por sua vez, argumenta: "Se estes dias foram períodos geológicos, então o homem foi criado na sexta divisão. De acordo com a história do Gênesis, Adão foi criado no sexto dia Mesmo que ele houvesse pecado e morrido no domingo, ainda teria vivido através de todo um período e partes de dois outros. Isto requereria que ele vivesse pelo menos vinte milhões de anos. Mas o registro de Gênesis 5:5 declara que Adão viveu 930 anos." - Op. Cit., págs. 180 e 181. Outros argumentos poderiam ser usados, como as plantas e o período escuro, a dependência entre plantas e animais, e o termo hebraicoyom acompanhado por um número definido, indicando um dia solar. No caso de yom, por exemplo, um número definido é usado para cada um desses períodos de um a sete. Conclusão: Os dias da criação são dias solares. Os dicionários hebraicos, que constituem nossa primeira fonte fidedigna, não admitem qaeyom seja um período indefinido. —RLessa A.
Revista Adventista I ABRIL-20«
Pergunta Espírito Santo
0 texto abaixo parece dizer que, no batismo de Jesus, apenas duas pessoas estavam presentes, pois afirma que"a pomba sobre Jesus era apenas um raio de luz do Pai": "Os anjos nunca tinham ouvido uma oração como essa. Eles estavam ansiosos para levar ao suplicante Redentor mensagens de certeza e amor. Mas não; o próprio Pai atenderá ao Filho. Diretamente do trono é enviada a luz da glória de Deus. Abrem-se os céus, e raios de luz e glória procedentes de lá assumem a forma de uma pomba, como o aspecto de ouro polido. A forma semelhante de uma pomba era um emblema da mansidão e suavidade de Cristo." - Exaltai-O [MM 1992], pág. 79.-M.P. Ter o Espírito Santo é o mesmo que ter Seu poder?-J. A. Realmente, quando se considera apenas a citação acima, pode-se ter a falsa impressão de que o Espírito Santo seria apenas "raios de luz e glória" procedentes dos Céus, que assumiram a forma de uma pomba. Felizmente, podemos consultar a obra toda, da qual a citação foi tirada (Youths Instructor, de março de 1874), pois há sempre o perigo de má interpretação quando uma compilação é feita, como é o caso de Meditações Matinais de 1992. Mas, se temos a obra completa, podemos ter uma
7
visão mais clara quanto ao significado de determinada citação em relação ao assunto como um todo. Três parágrafos após a referida citação, Ellen G. W h i te menciona o apóstolo João, quando disse: "Vi o Espírito descer do Céu como pomba e pousar sobre Ele" (João 1:32), e 'Aquele sobre quem vires descer e pousar o Espírito, esse é o que batiza com o Espírito Santo" (1:33). Vê-se, assim, que essa escritora vincula os "raios de luz e glória" ,"procedentes dos céus" que "assumem a forma de uma pomba" ao Espírito Santo. Isto não significa que Ele seja somente "raios de luz e glória" mas que Sua divina presença traz luz que ilumina o que se deixa guiar por Ele. Veja, a seguir, a tradução do 7 parágrafo de Youths Instructor, março de 1874, onde ela se refere ao divino Espírito pairando suavemente (como o pairar de uma pomba) sobre Jesus: "João ficou profundamente comovido ao testemunhar o Salvador do mundo, curvado na mais profunda humilhação, pleiteando fervorosamente, com lágrimas, a aprovação de Seu Pai. No momento em que a luz e glória do Céu envolveram o Salvador, e uma voz foi ouvida, asseverando ser Jesus o Filho do Infinito, João viu o sinal que Deus tinha prometido a ele, e soube, com certeza, que o Redentor do mundo havia recebido o batismo por suas mãos. Pleno de alegria e sentida emoção, ele estendeu a mão e apontou para Jesus, dizendo: 'Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo! Este é aquele do qual eu disse: após M i m vem um varão que tem a primazia, porque já existia antes de Mim.' Eu não o conhecia; Aquele, porém, que me enviou a batizar com água me disse: Aquele sobre quem vires descer e pousar o Espírito, esse é o que batiza com o Espírito Santo.' Vi o Espírito descer como pomba e pousar sobre Ele; e eu ouvi a voz de Deus testificar que Ele é o Filho de Deus." a
Biblicamente falando, quem tem o Espírito Santo é capacitado por Seu divino poder. Mas não devemos confundir a pessoa do Espírito Santo com Seu poder, como se Ele fosse somente u m poder e não uma pessoa (mais precisamente, a Terceira Pessoa da Trindade). Quem recebe a pessoa do Espírito Santo como Guia, Consolador e Advogado, e aceita Suas orientações, recebe também Seu poder para vencer as tentações e viver a vida cristã como Deus espera. No início do livro de Atos, Lucas fala que Jesus havia "dado mandamentos por intermédio do Espírito Santo aos apóstolos" (Atos 1:2). Já em Atos 1:8, é dito: "Recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo..." Por este verso, vê-se que Ele traz poder àqueles que O recebem, e não que Ele seja algo impessoal como u m poder ou força. A pergunta que se impõe é: Poderia u m poder ou força "dar mandamentos" a alguém? A resposta óbvia é: Não. "Dar mandamentos" só pode ser feito por uma pessoa, com uma mente para se fazer isso. Ozeas Caldas Moura é editor na Casa Publicadora Brasileira.
Revista Adventista I MARÇO • 2007
17
Pergunta Jesus perdeu algum atributo divino ao Se encarnar? Tenho d ú v i d a quanto à onisciência de Jesus. Já ouvi que, quando Ele disse: "Mas a respeito daquele dia e hora ninguém sabe, nem os anjos dos Céus, nem o Filho, senão o Pai" (Mt 24:36), foi porque, estando Ele encarnado, não teria feito uso de Sua onisciência, em Seu próprio benefício. Mas, lendo Apocalipse 1:1, parece que, mesmo depois de Sua ressurreição e ascensão, Ele dependia da revelação do Pai para eventos futuros. Teria Jesus, por causa da Encarnação, perdido Sua onisciência? - M. B. Apocalipse 1:1 diz: "Revelação de Jesus Cristo, que Deus Lhe deu para mostrar aos Seus servos as coisas que em breve devem acontecer e que Ele, enviando por intermédio do Seu anjo, notificou ao Seu servo João." Deve-se dizer, de início, que, pelo fato de Se encarnar, Jesus não perdeu qualquer atributo divino. Isso é o que nos diz Paulo, em Colossenses 2:9: "Porquanto, nEle, habita corporalmente toda a plenitude da divindade" (destaque acrescentado). Se, mesmo após Sua ascensão, Paulo fala que "toda a plenitude da divindade" habita corporalmente em Jesus, isso significa que Ele, mesmo tendo passado pelo processo da Encarnação, continua com todos os poderes divinos, que sempre teve, incluindo a onisciência. Então, como entender que a "revelação" que João recebeu tinha sido dada a Jesus pelo Pai? Essa declaração deve ser vista no papel de cada membro da divindade com respeito ao plano da salvação. Ou seja, como Jesus, mediante a Encarnação, Se tornou o Mediador entre Deus e os homens (ver l T m 2:5), Deus Pai incumbe Jesus de transmitir certas informações que dizem respeito aos humanos, como é o caso do verso 1 de Apocalipse 1. Mas isso não significa que Jesus não pudesse sabê-las, pois se o texto de Colossenses 2:9 está certo, então Jesus sabe todas as coisas, pois é onisciente, e em plenitude. É interessante ver como os membros da Trindade são altruístas, ou seja, sempre dividem com os outros membros alguma tarefa (mesmo podendo fazê-las sozinhos, se assim o desejar). Um exemplo claro é o da Criação. Deus Pai poderia, sozinho, ter idealizado e criado o mundo, mas não o fez. Deixou que o Filho desse o comando, falasse para as coisas e seres aparecerem. É por isso que Ele é chamado de "Verbo" (Jo 1:1,10) e de "Verbo de Deus" (Ap 19:13). O Filho, o Verbo de Deus, contou com a
atuação do Espírito Santo para moldar a face do abismo (Gn 1:2). O "pairar sobre as águas" do Espírito, em Gênesis 1:2, indica Sua obra criadora, e não que Ele tenha ficado olhando passivamente as coisas e seres sendo criados. Alguém menos avisado poderia inferir do relato da Criação, em Gênesis capítulo 1, que o Pai não seria onipotente, pois foi o Filho quem comandou toda a obra de criação, ou que o Filho teria alguma limitação, pois é dito que quem moldou a face do abismo foi o Espírito Santo (e não só o abismo, mas o próprio homem. Jó 33:4 e 6 menciona que o Espírito Santo moldou o homem do barro e soprou em suas narinas o fôlego de vida. Confira, ainda, SI 104:30, onde o Espírito Santo é mencionado como Criador). O que acontece na Criação é uma bela cena de altruísmo: uma pessoa divina aceita a participação de outra na tarefa de criar, mas isso não significa que haja limitação de algum atributo nas pessoas da Divindade. O mesmo se deu com a revelação de Jesus a João: O Pai poderia têla concedido diretamente a João, mas deixou o Filho fazer isso, pois Ele é o nosso Mediador, e, pela Encarnação, nosso irmão mais velho. - Por Ozeas C. Moura, editor na Casa Publkadora Brasileira. A
Pergunta Adoração da estátua: Onde estava Daniel? Nabucodonosor ordenou que todos os que n ã o adorassem a e s t á t u a de ouro fossem mortos. Mas, onde estava o profeta Daniel, visto que ele n ã o é citado com os t r ê s rapazes em Daniel 3? - F. L. A adoração da estátua, levantada pelo rei Nabucodonosor, figura entre os grandes relatos de fé na Bíblia. Três corajosos e fiéis jovens - Sadraque, Mesaque e AbedeNego - preferiram a morte em uma fornalha de fogo a desonrar o nome de Deus, curvando-se perante um ídolo. Só não morreram porque Deus interveio, enviando um Ser que, aos olhos do rei da Babilônia, parecia ser "o filho dos deuses" (Dn 3:25), para estar com aqueles jovens. Esse Ser era Jesus, perante o qual o fogo perdeu seu poder destruidor e os jovens foram salvos de morte certa. Ao que tudo indica, ao fazer uma imagem toda de ouro, Nabucodonosor quis contradizer a interpretação dada por Daniel de que apenas a cabeça da estátua, vista em sonho pelo rei babilónico, era de ouro - essa interpretação indicava que o império babilónico não seria eterno e que outros impérios o sucederiam, conforme representados pelos diferentes metais (Dn 2:31-43). O ato de se prostrar em adoração à imagem seria uma demonstração de lealdade e submissão ao império babilónico. Podemos apenas conjecturar quanto à data dessa adoração. Uma boa hipótese é aquela que aponta a ocasião em que o rei Zedequias fez uma viagem a Babilônia (Ir 51:59), no 4 ano do seu reinado (594/593 a.C), possivelmente atendendo à convocação de Nabucodonosor para que todos os seus magistrados e vassalos fossem a Babilônia para adorar a imagem de ouro (Dn 3:2). Se essa viagem do rei Zedequias foi para atender à convocação do rei babilónico, podemos imaginar o espanto dos jovens hebreus ao verem o rei do povo de Deus adorando uma imagem - prática proibida pelo I e 2° mandamentos. E também o espanto do rei de Judá ao ver seus súditos se recusarem a se prostrar, mesmo correndo risco de morte. E quanto a Daniel? Onde estava ele quando ocorreu a adoração da imagem? A verdade é que ele já havia dado mostras de sua fidelidade a Deus e às Suas orientações desde o tempo em que a ele e aos outros jovens hebreus foram oferecidos alimentos da mesa do rei, mas eles haviam recusado, porque aqueles alimentos não estavam de acordo com as normas bíblicas. Teria Daniel fraquejado no momento da adoração daquela imagem e se prostrado diante dela? A verdade é que não sabemos onde estava Daniel, por o
o
ocasião da adoração da estátua. Conhecendo bem o caráter desse profeta, como é mostrado no livro que leva seu nome, podemos estar certos de uma coisa: se ele estivesse presente àquela cerimônia, também não teria se prostrado. Ele era tão fiel às suas crenças que preferiu morrer devorado por leões a negar a fé (Dn 6). Só não morreu porque Deus o protegeu miraculosamente, fechando a boca daqueles animais (Dn 6:22). A seguir, eis algumas hipóteses sobre o não comparecimento de Daniel à adoração da imagem de Nabucodonosor: 1. Poderia estar enfermo. Que geralmente Daniel tinha boa saúde pode ser inferido do cuidado que ele tinha com sua alimentação (Dn 1:8,11-15). Mas ele não estava totalmente imune à doença, como pode ser visto em Dn 8:27: "Eu, Daniel, enfraqueci e estive enfermo alguns dias..." 2. Poderia ter recebido uma missão especial do rei e, assim, estaria em viagem pelo reino. Um exemplo de viagem pelo reino é encontrado em Daniel 10:4, 7, quando o profeta teve uma visão "à margem do grande rio Tigre", no tempo do rei Ciro. 3. Poderia ter sido dispensado daquele ato de adoração pelo próprio Nabucodonosor. Aquele era um ato através do qual os súditos demonstravam lealdade ao rei, e Nabucodonosor não tinha dúvida quanto à lealdade de Daniel, tanto que o havia nomeado "governador de toda a província da Babilônia" (Dn 2:48). Assim, poderia tê-lo dispensado. Ao agir assim, estaria evitando duas situações: (1) matar Daniel, pois o rei sabia que esse fiel servo não se prostraria diante da imagem. Mas, como Daniel era u m oficial altamente capaz, qualificado e honesto, o rei não desejava perder u m auxiliar tão valioso; ou (2) ser desmoralizado perante os grandes de seu reino, ao permitir que Daniel ficasse impune, mesmo não se prostrando diante da estátua. Essa opção também não estava nos planos do rei, que era arrogante e prepotente (Dn 3:15,19), e não deixaria que alguém o desmoralizasse e humilhasse. Qualquer uma das três hipóteses é uma boa candidata para explicar por que Daniel não é mencionado no ato de adoração da estátua. A verdade é que, sempre que sua fé foi provada, ele se manteve fiel - u m poderoso exemplo a nós, que vivemos no tempo em que deuses modernos desafiam nossas crenças e nossa fé. -Por Ozeas C. Moura, doutor em Teologia Bíblica e editor na Casa Publicadora Brasileira. E-mail: ozeas.moura@cpb.com.br A
' P e r g u n t a
"Estarás comigo no paraíso C o m o e n t e n d e r L u c a s 23:43? T e r i a J e s u s r e a l m e n t e p r o m e t i d o ao ladrão a r r e p e n d i d o q u e naquela m e s m a sexta-feira ele estaria n o paraíso? - C. A . P. Nos manuscritos originais, como no texto de Lucas 23:43, não havia pontuação como hoje. Nem tinha o "que", partícula que complica o entendimento do texto. Os textos eram escritos sem pontuação e geralmente com as palavras todas ligadas, assim (já transliterado): "kaieipenautôamensoilegosemeronmetemoueseentôparadeisô." Em português: "Edisseaeleemverdadeatidigohojeestaráscomigonoparaíso." Separando-se as palavras: "E disse a ele em verdade a ti digo hoje estarás comigo no paraíso." O entendimento do texto depende do lugar em que colocamos a pontuação, especialmente em relação ao advérbio de tempo "hoje". Vejamos as duas possibilidades de pontuação: 1. "E disse a ele: Em verdade te digo, hoje estarás comigo no paraíso." Por essa maneira de pontuar, colocando-se a vírgula antes de "hoje", o texto quer dizer que foi prometido ao ladrão arrependido que naquela mesma sexta-feira ele estaria com Jesus no paraíso. Tal tradução, porém, vai contra os ensinamentos da própria Bíblia quanto ao momento da recompensa, que, para os justos, será na ocasião da segunda vinda de Cristo (Mt 25:31-34; lTs 4:16) e, para os ímpios, após o Milênio (Ap 20:5,7-9), e não quando se morre. 2. "E disse a ele: Em verdade te digo hoje, estarás comigo no paraíso." Essa maneira de traduzir, combinando o advérbio de tempo "hoje" com o verbo "digo", está de acordo com outras expressões bíblicas similares como, por exemplo, "Eu
do
te ordeno hoje" (ver Êx 34:11; Dt 4:40, etc). Além dessa concordância gramatical, essa maneira de traduzir o texto está de acordo com o ensinamento bíblico de que a recompensa para os justos será dada na segunda vinda de Cristo, e para os ímpios, após o Milênio, e não por ocasião da morte (como visto no parágrafo anterior). Por esse modo de tradução do texto, a promessa ao ladrão arrependido teria sido de que ele estaria no paraíso quando Jesus "viesse no Seu reino" (Lc 23:42) e não ao morrer naquela sexta-feira da crucificação. A opção pela primeira maneira de traduzir o texto apresenta sério questionamento: teria Jesus mentido ao ladrão arrependido, visto que Ele não foi ao paraíso naquela sextafeira? No domingo pela manhã, Jesus disse a Maria Madalena: "Não Me detenhas; porque ainda não subi para Meu Pai" (Jo 20:17). Ora, se Jesus, no domingo cedo, não havia ainda ido ao paraíso, como teria estado nesse lugar, na sexta-feira, com o ladrão arrependido? O Novo Testamento é claro em dizer que Jesus é Deus, e "é impossível que Deus minta (Hb 6:18). A opção pelo segundo modo de se traduzir o texto está de acordo com outras expressões bíblicas, nas quais aparece o advérbio de tempo "hoje" com verbos similares a "digo" como "ordeno", "falo"; está de acordo com o ensinamento bíblico de que a recompensa não é dada quando se morre, mas por ocasião da segunda vinda de Cristo (para os justos) e após o Milênio (para os ímpios); além de estar de acordo com o próprio pedido do ladrão: "Lembra-te de mim quando vieres no Teu reino" (Lc 23:42, itálico acrescentado). Com a promessa feita ao ladrão, Jesus estava dizendo a ele: "Estou lhe dizendo hoje, agora: Morra tranquilo! Descanse confiando no que estou lhe dizendo hoje: Você vai estar comigo no paraíso." Essa mesma promessa pertence a todo aquele que enfrenta o "vale da sombra da morte". Um dia Jesus virá e ressuscitará todo aquele que fez dEle seu Salvador e morreu confiando nEle, que é "ressurreição e a vida" (Jo 11:25). Não é essa uma doce e confortadora promessa? - Por Ozeas C.
Moura, doutor em Teologia Bíblica eprofessor do Salt, campus Engenheiro Coelho, SP. A
S Á B A D O p a r a o DOMINGO
CARLYLE B. HAYNES
1(1
COMO, QUANDO, POR QUE E POR QUEM FOI FEITA A MUDANÇA DO SÉTIMO PARA O PRIMEIRO DIA DA SEMANA. ESTE LIVRO MOSTRA, ATRAVÉS DE FATOS BEM DOCUMENTADOS, QUE O CICLO SEMANAL PERMANECE INALTERADO DESDE A CRIAÇÃO. E QUE O SÁBADO DO SÉTIMO DIA, PORTANTO, NÃO SE PERDEU AO LONGO DA HISTÓRIA HUMANA.
PARA ADQUIRIR, LIGUE 0800-9790606, ACESSE WWW.CPB.COM.BR OU DIRIJA-SE A UMA DAS LOJAS DA CASA OU SELS
ir 1
Afinal, em que hora Jesus foi crucificado: na hora terceira (Marcos 15:25) ou na hora sexta (João 19:14)? – I. A.
Os exegetas bíblicos ainda não chegaram a um acordo quanto à cronologia dos momentos finais de Jesus desde que foi entregue a Pilatos até Sua morte, algumas horas depois, numa cruz no monte do Calvário. O que é claro é o fato de que Jesus foi entregue a Pilatos bem cedo naquela sexta-feira, 15 de Nisã, mas sem uma hora precisa. Mateus diz que foi “ao romper o dia” (27:1, 2); para Marcos, foi “logo pela manhã” (15:1); Lucas fala que foi “logo que amanheceu” (22:66; 23:1), e João menciona que foi “cedo de manhã” (18:28, 29).
ormada mpus de Ensino ventista Sul, RS.
m, em
ree Rivers
ew Jersey,
ublicado em /articles/i/
Bible (1999),
the us stian
anges n em ded
Doubleday
Survey of
Dying and eden:
on
lace,
citando
by pagan 94) p. 8.
Dynamic Graphics Liquid Library
Grand
w York:
RA/mar’11
lusão a em que ação da da vida, a Bíblia em necéu não o entre ue seja-
Discrepância entre Marcos e João quanto ao momento da crucificação?
Dos quatro evangelhos, somente os sinóticos (Mateus, Marcos e Lucas) mencionam que houve trevas sobre a Terra desde a “hora sexta até a hora nona” (Mt 27:45; Mc 15:33 e Lc 23:44) – pelo nosso horário, das 12 às 15 horas, e que Jesus morreu na “hora nona”, ou seja 15 horas (Mt 27:45-50; Mc 15:33-37; Lc 23:44-46). Contudo, nem Mateus nem Lucas mencionam a hora da crucificação. O mais complicado é harmonizar Marcos e João quanto ao momento ou hora da crucificação de Jesus. Enquanto Marcos diz que ela ocorreu na “terceira hora” (15:25) – 9 horas da manhã, pelo nosso modo de calcular as horas, João diz que foi “cerca da hora sexta” que Pilatos entregou Jesus para ser crucificado (19:14-16) – ou seja, por volta de 12 horas. Como, pois, entender essa aparente discrepância? O fato é que a maioria dos intérpretes bíblicos crê que a razão está com Marcos. O Comentário Adventista (SDABC, v. 5, p. 549, em inglês), diz que, em João 19:14, esse apóstolo empregou o método romano (e o nosso) de calcular as horas. Assim, a expressão “cerca da hora sexta”, nessa passagem, indicaria 6 horas da manhã, momento em que Pilatos se dirigiu aos judeus e exclamou: “Eis aqui o vosso rei” (19:14) e, a seguir, entregou Jesus para ser crucificado (19:16). No entanto, esse mesmo comentário afirma que as outras horas mencionadas por João, em seu evangelho, são horas segundo o modo judaico de contá-las. (Para saber as horas em nosso modo de contálas, acrescente 6). Assim, nesse comentário é dito que a “hora sétima” (em 4:25) seria “perto de 13 horas” (v. 5, p. 944) , a “hora décima” (em 1:39) seria “cerca de 16 horas” (v. 5, p. 910). No entanto, deve-se perguntar por que João empregaria a maneira judaica quanto às demais horas mencionadas em seu evangelho e abriria exceção para a “hora sexta” (em 19:14), empregando a maneira romana de contá-las? Cremos, porém, ser mais coerente entender que João, com a expressão “cerca da hora sexta” (19:14) para a crucificação de Jesus esteja empregando a contagem judaica, indicando perto do meio dia, talvez por volta das 11 horas. Deve-se mencionar também que não se pode dizer que Marcos, com a expressão “terceira hora” (15:25), pretendesse indicar a hora exata, sem faltar nem passar um minuto sequer. Seria mais prudente entender tanto a “terceira hora” de Marcos quanto a “hora sexta” de João como horas aproximadas. Assim, a crucificação de Jesus teria ocorrido em algum momento entre as 9 e 12 horas daquela manhã de sexta-feira. Nesse sentido, deve-se observar que os horários quanto aos eventos da prisão, julgamento e morte de Cristo têm importância relativa. O mais importante é o fato de que, por meio daquela morte, a salvação se tornou possível e disponível a todo aquele que a desejar. Está você entre aqueles que têm se valido do sacrifício feito no Calvário e aceitado Jesus como seu Senhor e Salvador? Se sim, a vida eterna lhe está assegurada. Se não, por que não fazêlo agora? – por Ozeas C. Moura, doutor em Teologia Bíblica e professor no Salt Unasp - Campus 2, Engenheiro Coelho, SP. E-mail: ozeas.moura@unasp.edu.br
24113
a de ars é clara d Nash: r a reveos argues pagãs artir da mações mentos co incrisa con-
Jupterimages
inando esbofeo exemapenas daquilo
Designer
Editor Texto
C.Qualidade
Depto. Arte
Revista Adventista I março • 2011
13
Jupterimages
Quem ressuscitou Jesus?
Passagens do Novo Testamento afirmam que Deus, o Pai, ressuscitou Jesus (Gl 1:1). Pedro afirma que Ele foi “vivificado no espírito” (1Pe 3:18). E o próprio Jesus disse que tinha autoridade para entregar a vida e também para reavê-la (Jo 10:17, 18). Afinal, quem O ressuscitou? – L. A.
Imagem: Shutterstock
As passagens citadas acima querem dizer exatamente isto: que Deus, o Pai, e Deus, o Espírito Santo, participaram da ressurreição de Jesus, e que Ele mesmo tomou parte em Sua ressurreição. Mas, como Jesus teria ressuscitado a Si mesmo? Ele não morreu na cruz? Devemos reconhecer que aqui estamos lidando com um mistério divino e não devemos ir além do que a Bíblia afirma sobre a ressurreição do Salvador. A verdade é que, pelo fato de sermos criaturas e, consequentemente, seres de mente finita, jamais compreenderemos como as naturezas divina e humana estão unidas em Cristo. Por um lado, Ele é “homem” (1Tm 2:5), perfeitamente humano, em tudo semelhante a nós (Hb 2:14, 17), exceto no pecado (Hb 4:15). Assim, Ele poderia morrer (e morreu, conforme Hb 2:9). Por outro lado, Ele é Emanuel, Deus conosco (Mt 1:23), Deus encarnado (Jo 1:1, 14) e imortal, pois Deus é “o único que possui imortalidade” (1Tm 6:16). Comentando sobre a encarnação de Deus, o Filho, diz-nos Ellen G. White: “Precisamos compreender, na medida do possível, a verdadeira natureza humana de nosso Senhor. O divino e o humano foram unidos em Cristo, e ambos eram completos” (Mensagens Escolhidas, v. 3, p. 135). Comentando sobre a ressurreição do Salvador, ela afirma: “Aquele que disse: ‘Dou a Minha vida para tornar a tomá-la’ (Jo 10:17), ressurgiu do túmulo para a vida que estava nEle mesmo. A humanidade morreu; a divindade não morreu. Em Sua divindade, Cristo possuía o poder de romper os laços da morte.
Ele declara que tem vida nEle mesmo, para dar vida a quem quer” (Mensagens Escolhidas, v. 1, p. 301). Assim, a resposta bíblica para a pergunta sobre quem teria ressuscitado Cristo é esta: as três pessoas da Divindade atuaram na ressurreição do Salvador – Deus, o Pai, mediante Seu Espírito (Rm 8:11), e o próprio Deus, o Filho, pela vida que há em Si mesmo (Jo 10:17, 18). É digno de nota que a Bíblia nos apresenta as três pessoas da Divinjdade sempre trabalhando juntas. Isso pode ser visto nos grandes eventos da história do Universo e da humanidade: Vemos isso: (1) Na Criação, o Pai criou (Gn 1:1) através do Filho, o Verbo (Jo 1:1-3), com a participação do Espírito Santo, o qual “pairava sobre as águas” (Gn 1:2). (2) Na Encarnação, o Pai enviou o Filho ao planeta Terra (Gl 4:4). Este aceitou ser enviado (Hb 10:5-9), e o Espírito Santo possibilitou o nascimento virginal (Lc 1:35). (3) No batismo de Jesus, Ele foi batizado, o Pai falou de Seu apreço pelo Filho amado e o Espírito Santo desceu “como pomba” sobre o Filho (Mt 3:16, 17); (4) por ocasião da ressurreição de Jesus, quando as três pessoas da Divindade dela participaram (como já mencionado, nas passagens de Gálatas 1:1; 1 Pedro 3:18 e João 10:17, 18); e (5) por ocasião da segunda vinda de Jesus, quando o Filho descer do Céu, ao lado do Pai (Mc 14:62; Mt 26:64), e o Espírito Santo (que aqui já está, desde que foi enviado pelo Pai e pelo Filho, cf. Jo 14:16) Se juntar ao Filho e ao Pai, quando, então, os salvos serão levados para a pátria celestial. Que belo exemplo de altruísmo nos dão as três pessoas da Divindade! Cada uma dessas pessoas basta a Si mesma, visto que cada qual é Deus; mas as três trabalham unidas, delegam a execução de trabalhos umas às outras, subordinam-Se umas às outras, cada uma procurando a glória da outra. E não foi diferente por ocasião da ressurreição do Salvador: As três pessoas divinas estiveram presentes e participaram daquele ato, que atesta que Jesus era realmente quem dizia ser: Deus conosco, enviado por Deus, o Pai, para “buscar e salvar o perdido” (Lc 19:10). – por Ozeas C. Moura, doutor em Teologia Bíblica e professor no Salt Unasp, Campus Engenheiro Coelho, SP. E-mail: ozeas.moura@unasp.edu.br
Questões Sobre Doutrina foi escrito para apresentar ao mundo evangélico uma visão mais clara dos ensinos adventistas. Ironicamente, porém, acabou gerando muitos debates dentro da própria igreja. Foi até considerado o livro mais divisivo na história do adventismo e um símbolo de tensão. Agora você tem a chance de obter esta obra fundamental e esclarecer tudo sobre a teologia e as doutrinas adventistas. Você não pode deixar de ler este clássico! Encadernado Formato: 16,5 x 23,8 cm 512 páginas Cód. 8473
Para adquirir, ligue: 0800-9790606*, acesse: www.cpb.com.br, ou dirija-se a uma das lojas da CASA ou SELS. *Horários de atendimento: Segunda a quinta, das 8h às 20h / Sexta, das 7h30 às 15h45 / Domingo, das 8h30 às 14h.
o sobre a le-study/
nsamento,
ação da
l. da
Church, 2005, h.org/sites/
Casa
Em Mateus 11:20-24, está o relato de que Jesus amaldiçoou Corazim, Betsaida e Cafarnaum. Como entender isso? Não teria Jesus sido severo demais com essas cidades? – C. M.
O verso 20 indica a razão pela qual Jesus “increpou” (repreendeu com energia) as cidades de Corazim, Betsaida e Cafarnaum: a despeito dos “numerosos milagres” ali realizados, elas “não se arrependeram”. Eis a maldição de Cristo pronunciada contra essas cidades: “Ai de ti, Corazim! Ai de ti, Betsaida! Porque, se em Tiro e em Sidom se tivessem operado os milagres que em vós se fizeram, há muito que elas se teriam arrependido com pano de saco e cinza. E, contudo, vos digo: no dia do Juízo, haverá menos rigor para Tiro e Sidom do que para vós outras. Tu, Cafarnaum, elevar-te-ás, porventura até o céu? Descerás até ao inferno; porque, se em Sodoma se tivessem operado os milagres que em ti se fizeram, teria ela permanecido até ao dia de hoje. Digo-vos, porém, que menos rigor haverá, no dia do Juízo, para com a terra de Sodoma do que para contigo” (Mt 11:21-24). Em recente viagem a Israel, visitamos as ruínas dessas três cidades próximas do mar da Galileia. Corazim está situada cerca de quatro quilômetros a nordeste de Cafarnaum. Talvez seja a Karazayîm mencionada no Talmude. Hoje, suas ruínas são identificadas com Khirbet Kerâzeh. Vimos em Corazim as ruínas de uma sinagoga, com sua “cadeira de Moisés” – assento de pedra, onde se assentavam os escribas e fariseus para explicar as Escrituras (Mt 23:2). Não pude resistir ao desejo de também me sentar nessa cadeira. Assentado, pensei: Será que dessa mesma cadeira Jesus teria explicado como as Escrituras profetizaram sobre Ele e Sua obra de salvação? Não sabemos se isso ocorreu ali, nem que milagres teriam sido realizados por Jesus nessa cidade. O certo é que Mateus 11:20 deixa claro que Jesus fez ali “numerosos milagres” (confira João 20:30 e 21:25 sobre outros milagres realizados por Jesus que não constam nos Evangelhos). E qual foi o resultado? Corazim não se arrependeu. Deixou passar a oportunidade de salvação, cujo convite fora feito pelos lábios do próprio Jesus – “Deus conosco”. E o que dizer de Betsaida, a “Casa do Peixe”? Suas ruínas estão situadas a 1,5 km a nordeste do mar da Galileia, entre Corazim e Cafarnaum. Betsaida era a cidade natal de três dos discípulos de Cristo: Filipe, André e Pedro (Jo 1:44). Dos “numerosos milagres” operados ali por Jesus, somos informados de dois: o da cura de um homem cego (Mc 8:22-26) e o milagre da primeira multiplicação dos pães e peixes (Lc 9:10-17). Mas veja os paradoxos: (1) um cego dessa localidade quis
Ra/mar’13
Cidades amaldiçoadas
enxergar e foi curado de sua cegueira, ao passo que os demais habitantes preferiram continuar cegos quanto a Jesus e Sua obra; (2) uma multidão de mais de cinco mil pessoas, provavelmente de outras localidades, foi alimentada pelo divino Mestre, ao passo que os habitantes de Betsaida preferiram seguir o caminho da incredulidade e continuar famintos do Pão da Vida, Jesus Cristo. Hoje, entre as coisas que mais chamam a atenção nas ruínas de Betsaida está a estela de um deus, com corpo de homem e cabeça de touro (Baal?) junto ao portão dessa cidade (uma réplica, visto que a estela original está no Museu de Israel, em Jerusalém). Ao ver aquele deus, fiquei pensando: de que época seria ele? Quem sabe, do tempo dos cananeus, antes que Josué conquistasse a terra de Canaã? Ou seria do tempo do rei Acabe, quando sua esposa fenícia importou e implantou o culto de Baal em Israel? O paradoxo é que seja justamente a figura em pedra de um deus pagão que chama a atenção dos visitantes, quando poderia ser de algo relacionado a Cristo e à Igreja Cristã. Semelhantemente a Corazim, Betsaida deixou passar a oportunidade de salvação e disso será cobrada no Dia do Juízo. E o que falar sobre Cafarnaum, a “Vila de Naum”? Suas ruínas estão junto ao mar da Galileia, a noroeste dele, e são identificadas com Tell Hûm. Nos dias de Cristo, Cafarnaum era a cidade mais importante das que circundavam o mar da Galileia. Por sua localização, era um lugar de cobrança de impostos, sendo o local em que o publicano Levi Mateus tinha sua coletoria, de onde foi chamado a se tornar discípulo de Jesus (Mc 2:1, 14). Era também conhecida como a “cidade de Jesus” (Mt 9:1, 9), seu lugar-base, de onde saía a pregar o Evangelho por toda a Galileia, Samaria e Judeia. Ali Jesus também realizou “numerosos milagres”. Dois edifícios chamam a atenção nas ruínas de Cafarnaum: a “Casa de Pedro”– ruínas de uma casa, talvez do primeiro século d.C., onde foram encontradas 131 inscrições, muitas das quais mencionam os nomes de Jesus e Pedro; e a sinagoga dessa cidade, construída por volta de 400 d.C., mas sobre os alicerces da sinagoga dos dias de Cristo, ainda hoje visíveis. Mas, mesmo havendo Jesus morado nessa cidade e ali realizado tantos milagres, Cafarnaum disse “não” ao convite do divino Mestre e também deixou passar o momento oportuno, o dia da salvação. As principais lições que podem ser tiradas da atitude rebelde dessas três cidades são: (1) milagres, por si sós, não convertem ninguém (nos acostumamos a eles); (2) a oportunidade de salvação não dura para sempre. “Hoje é o dia da salvação” (2Co 6:2); e (3) colhemos o que plantamos: no Dia do Juízo cada um dará contas a Deus das oportunidades que teve. Você já disse “sim” ao convite de salvação que Jesus hoje lhe faz por meio do Seu Espírito? – Por Ozeas C. Moura, doutor em Teologia Bíblica e professor no Unasp, Campus Engenheiro Coelho, SP. E-mail: ozeas.moura@unasp.edu.br
28059
iado de asileira.
Jupterimages
ode susodos esconsentanto, ial, que entos fisas peso recee marão com 4; 14:4). sangue vitória a perses são viue vêm uas vesdo Corado). O da destribulaelestial. aída do o de sua deserto a antitímarca cristão coa orimaneira ndálias lo-eis à x 12:11). finitiva: ir para om avido Cora espirieguir na à tona a é longe naã está
Designer
Editor Texto
C.Qualidade
Depto. Arte
Revista adventista I MARÇO • 2013
17
CONSULTORIA DOUTRINARIA Justificação e santificação Alguém me disse que não há relação entre justificação e santificação. Não concordei mas, ao tentar dar uma explicação convincente, não consegui o resultado que esperava. Ajudem-me. B. L. S. É um absurdo afirmar que não existe relação entre justificação e santificação. Pode uma pessoa experimentar a santificação sem ter sido justificada pela fé em Cristo Jesus? Para os reformadores, justificação pela fe' significava a obra de Deus pelo homem, consumada na cruz, enquanto santificação constituía a obra de Deus no homem, com a operação do Espírito Santo produzindo a regeneração. Eles não confundiam os dois aspectos da obra salvífica, incluindo a santificação na exposição da justificação pela fé. Reconheciam, porém, que a genuína experiência de justificação pela fé põe em ação o processo de santificação "sem a qual ninguém verá o Senhor" (Heb. 12:14). É interessante a maneira como Ellen White descreve justificação e santificação. "É imputada a justiça pela qual somos justificados; aquela pela qual somos santificados, é comunicada. A primeira é nosso título para o Céu; a segunda, nossa adaptação para ele." Mensagem aos Jovens, pág. 35. A "justiça imputada" é o perdão que Deus nos concede em virtude da aceitação de
Cristo pela fé, quando ocorre a justificação do pecador. A "justiça comunicada" é o poder que Cristo comunica para a vitória sobre o pecado ao longo da carreira cristã, no processo de santificação, que não é obra de um momento, mas de toda a vida. Justificar, de acordo com o pensamento da Reforma do século XVI, significa "considerar justo" e nunca "tornar justo", como defendia o catolicismo. Deus não opera a regeneração em primeiro lugar para, daí, aceitar o pecador. As Escrituras Sagradas revelam que o Senhor aceita o penitente tal qual está. "Mas Deus, sendo rico em misericórdia, por causa do grande amor com que nos amou, e estando nós mortos em nossos delitos, nos deu vida juntamente com Cristo, - pela graça sois salvos" (Efés. 2:4 e 5). Ao justificar o homem, Deus o considera como se nunca houvesse pecado. Deus aceita o pecador penitente não em virtude de sua contrição ou de qualquer mérito que possua, mas considerando a Cristo e Sua morte expiatória. A fé é a expressão de confiança do pecador em que Deus cumprirá os termos de Sua promessa de salvação, constituindo apenas o instrumento, e não a causa da salvação. Não é por causa da fé da parte do homem que Deus o salva (pois isso já seria considerar um mérito nele), embora sem ela seja impossível obter salvação (ver Heb. 11:6). Na justificação pela fé, a justiça de Cristo é creditada ao homem porque o Salvador Se tornou seu substituto e penhor. A todos os que se
aproximam do trono da graça reconhecendo sua condição de carentes "da glória de Deus" (Rom. 3:23) e se voltam para Ele aceitando o Seu plano de salvação, é feita a promessa: "Temos a redenção dos pecados pelo Seu sangue, a remissão" (Efés. 1:7). Deus, porém, não justifica ninguém a quem Ele não possa santificar. Somos salvos do pecado para as boas obras. Um renomado teólogo disse que "a santificação é o resultado inevitável da justificação". Mas devemos entender que o desenvolvimento do caráter não é um acréscimo para obtermos graça, mas um crescimento em graça. Quando o apóstolo Paulo escreveu sua epístola a Tito, deixou bem clara a idéia de como, uma vez justificado por Deus, o pecador é induzido a uma vida de obediência em harmonia com a vontade divina: "Porquanto a graça de Deus se manifestou salvadora a todos os homens, educando-nos para que, renegadas a impiedade e as paixões mundanas, vivamos, no presente século, sensata, justa e piedosamente" (Tito 2:11 e 12). Ao analisar Gaiatas 2:16, o Seventh-day Bible Commentary, vol. 6, à pág. 949, afirma: "A justificação advém como dom gratuito de Deus por meio de Jesus Cristo. As obras não participam dessa transação. Da parte de Deus, ela é uma dádiva que se torna possível por intermédio de Jesus Cristo. Da parte do homem, ela exige completa fé e confiança em que Deus é poderoso para justificar o pecador e está disposto a fazê-
lo. A fé é o meio pelo qual o homem recebe a justificação." A observância da lei é o fruto da salvação operada por Cristo Jesus e constitui uma demonstração de nosso amor para com Ele 0oão 14:15). Observamos os mandamentos não para sermos salvos, mas porque Cristo nos salva e nos dá forças para sair do pecado e andar nos caminhos da justiça. Andar em justiça é a obra de santificação. Finalmente, devemos considerar três aspectos: 1) Precisamos de Cristo para sermos salvos de nossos pecados. Isto é justificação, e nossas obras são insuficientes para nos conceder esta feliz experiência. Ela, como já vimos, é obtida pela fé em nosso Salvador. 2) Precisamos de Cristo para não vivermos mais em pecado, ou seja, não continuar transgredindo os mandamentos de Deus. Sozinhos não podemos fazer isso, mas afirmamos como o apóstolo Paulo: "Posso todas as coisas nAquele que me fortalece" (Filip. 4:13). Tal experiência recebe o nome de santificação. 3) Praticar certos atos, com o objetivo de obter mérito diante de Deus, independentemente de Cristo, é uma terrível ilusão. As boas obras devem ser fruto da fé e uma demonstração de amor pelo que o Redentor fez por nós. Ele acrescenta então a essas obras os Seus méritos incomparáveis, e elas se tomam agradáveis a Deus "no Amado". A
BOA
Pergunta
0 espírito do homem e o Espírito Santo de Deus Gostaria de saber a explicação de I Coríntios 2:11, sob a ótica filosófica trinitariana, uma vez que o verso 10 é utilizado para "provar" a personalização do Espírito como sendo "outra pessoa"; então, o espírito de uma pessoa humana, pelas mesmas premissas, seria também outra pessoa? Ou o espírito humano é mais evoluído que consegue saber, sentir, perscrutar, e para isso não precisa ser outra pessoa à parte do seu titular? O meu espírito sabe das minhas coisas e não creio que meu espírito seja outra personalidade! Não tenho dupla personalidade, nem creio que exista, formada pelo meu espírito, outra pessoa em uma outra dimensão paralela! Pelos argumentos trinitarianos de personalização de Espírito, como se pode entender I Coríntios 2:10,11 e 16? 1. Pedimos licença ao leitor para dar nossa explicação sob a ótica da Bíblia e do Espírito de Profecia, e não "sob a ótica filosófica" como nos solicita. 2. Coincidentemente, no capítulo em consideração, Paulo trata com os coríntios da questão da busca da sabedoria pelas alternativas divina e humana. De início, ele diz que, se alguém se arrisca a entender assuntos espirituais, deve levar em conta que "a sabedoria deste século" e "a dos poderosos desta época,... se reduzem a nada" (verso 6). Enquanto o conhecimento humano incita à especulação filosófica, a sabedoria de Deus se manifesta pela operação do Espírito Santo, por meio da fé, e objetiva produzir na pessoa uma mudança de vida. 3. No verso 16 ("quem conheceu a mente do Senhor que O possa instruir?"), Paulo conclui a seqüência da linha de raciocínio dos versos anteriores mostrando o resultado da operação do Espírito na vida do cristão: "Nós, porém, temos a mente de Cristo" A pergunta que ele faz no início do verso 16 é uma citação de Isaías 40:13, quando o Antigo Testamentofezreferência a Javé. Assim Paulo estabelece conexão entre a mente do Senhor e a de Javé. Quando "falamos, não em palavras ensinadas pela sabedoria humana, mas ensinadas pelo Espírito, conferindo coisas espirituais com espirituais" (verso 13), desenvolvemos a mente de Cristo ou Javé. O verso 16 também nos indica a impossibilidade de haver alguma criatura que conheça os íntimos recessos do Conselho Divino ou "as profundezas de Deus" (verso 10); o cristão é incapaz de compreender todos os pensamentos de Cristo ou Javé, mas o Espírito quefezparte do Conselho e habita em "nós" (verso 16) revela Seu caráter. Ver também João 16:13 e 14.
4. Em I Coríntios 2:14, Paulo explica que "o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque lhes são loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente'.' 5. Ao citar I Coríntios 2:11, no livro Educação, pág. 134, Eilen White não fica especulando a respeito de como se processa o Conselho Divino ou as "profundezas de Deus'.' Sua preocupação é descrever a operação do Espírito Santo em auxílio daqueles que necessitam do conhecimento da verdade. 6. No livro Parábolas de Jesus, pág. 414, ela acrescenta: "Pela atuação do Espírito Santo, a Palavra de Deus é uma luz quando se torna um poder transformador na vida de quem a recebe. Implantando-lhes no coração os princípios de Sua Palavra, o Espírito Santo desenvolve nos homens os predicados de Deus. A luz de Sua glória - Seu caráter - deve refletir-se em Seus seguidores. Assim deve glorificar a Deus, e iluminar o caminho para a mansão do esposo, para a cidade de Deus, e para o banquete do Cordeiro." 7. Revisemos I Coríntios. 2:11: "Porque qual dos homens sabe as coisas do homem, senão o seu próprio espírito, que nele está? Assim, também as coisas de Deus, ninguém as conhece, senão o Espírito de Deus." O texto está dizendo que nenhum homem fora ele mesmo pode conhecer ou entender seus pensamentos, desejos, intenções e planos íntimos. E quanto a Deus, ninguém conhece as "profundezas de Deus" (ver verso anterior), senão o Espírito de Deus. Assim, a primeira parte desse verso está falando do espírito do homem em relação ao homem; e a segunda parte está falando do Espírito Santo em relação às "profundezas de Deus" 8. A analogia entre homem e Deus não deveria ir além daquilo que está revelado, pelo fato de a natureza do homem ser diferente da natureza de Deus. Sem considerar outras características diferenciais, o homem em si é apenas uma pessoa, indivisível em relação "ao espírito, alma e corpo" (I Tess. 5:23), e Deus são três pessoas: o Pai, o Filho e o Espírito Santo (Mat. 28:19). Somente entendendo o Espírito Santo como uma das pessoas da Divindade, podemos entender esse texto em harmonia com a Bíblia. 9. A respeito, Eilen White escreveu: "O Espírito Santo tem personalidade, do contrário não poderia testificar ao nosso espírito e com nosso espírito que somos filhos de Deus. Deve ser também uma pessoa divina, do contrário não poderia perscrutar os segredos que jazem ocultos na mente de Deus. 'Por que qual dos homens sabe as coisas do homem, senão o espírito do homem, que nele está? Assim também ninguém sabe as coisas de Deus, senão o Espírito de Deus.' I Cor. 2:11. Manuscrito 20,1906." - Evangelismo, pág. 617. - Paulo Roberto Pinheiro, editor associado da Revista Adventista. Revista Adventista I MAIO • 2006
17
Pergunta O u t r a
E i l e n
G . W h i t e ?
Gostaria de saber se, até que Jesus volte, Deus suscitará, à semelhança do que fez com Eilen G. White, outra mensageira ou mensageiro para o povo de Deus, principalmente nos dias finais da História, para, entre outros propósitos, encorajar o remanescente final. Não seria esse último mensageiro o cumprimento do anjo de Apocalipse 18, que iluminará a Terra toda com a sua glória? Ademais, parece que, à luz do que ela previu em Mensagens Escolhidas, vol. 1, pág. 412 ("alguém há de vir, no espírito e poder de Elias"), esta questão requereria uma resposta positiva. - C . Z.O.C. Só Deus sabe se, à semelhança de Eilen G. White, deverá ou não se levantar outra(o) mensageira(o) para o povo de Deus antes que Jesus venha. Se Ele achar que isso é necessário para o fortalecimento do Seu povo, podemos estar seguros de que Ele o fará no tempo certo e da maneira correta, e que "o eleito" não precisará alardear para os quatro ventos ser ele o Elias que haveria de vir. Deus proverá que o mesmo seja reconhecido como tal, justamente como aconteceu com a Sra. White. Quanto à citação de Mensagem Escolhidas, não podemos esquecer que o bom senso e a prudência requerem que não se faça uma afirmação taxativa de fé ou doutrina, inclusive em assuntos proféticos, fundamentada em uma citação isolada, seja da Bíblia, seja do Espírito de Profecia. Se não respeitarmos os corretos princípios de interpretação, nós os faremos dizer o que queremos que digam. Com prioridade à Bíblia, há que se ver igualmente em Eilen G. White o que é dito sobre esse e qualquer outro ponto em seus escritos, se queremos saber o que ela, de fato, afirma. Por exemplo, ela também declara: 'A obra de João Batista e a obra dos que nos últimos dias saem no espírito e poder de Elias para despertar as pessoas de sua apatia, são idênticas em muitos aspectos." - Maranata, O Senhor Vem, pág. 20. "Os que devem preparar o caminho para a segunda vinda de Cristo são representados pelo fiel Elias, assim como João veio no espírito de Elias para preparar o caminho para o primeiro advento de Cristo." - Testemunhos para a Igreja, vol. 3, pág. 62. "Na ocasião apropriada, Ele envia Seus fiéis mensageiros para fazer uma obra semelhante à de Elias." - Ibidem, vol. 5, pág. 254. "Elias foi um tipo dos santos que estarão vivendo na Terra por ocasião do segundo advento de Cristo.... Hoje, no espírito e poder de Elias e de João Batista, mensageiros escolhidos por Deus estão chamando a atenção de um mundo em vias de julgamento para os solenes acontecimentos a terem lugar breve em conexão com as horas finais de graça e o aparecimento de Cristo Jesus como Rei dos reis e
Senhor dos senhores." - Profetas e Reis, págs. 227 e 716. Nesses trechos, é evidente o sentido coletivo do "Elias que há de vir" adotado pela mensageira do Senhor. Entre os aludidos princípios de interpretação, situamse os contextos histórico e literário de qualquer passagem, e se não os levarmos em conta, o resultado será uma interpretação apressada e, precisamente por isso, superficial, tendenciosa e equivocada. Conferindo a referência de Mensagens Escolhidas, observa-se que ela está censurando a atitude dos judeus do tempo de Jesus de resistir à verdade e tentar impedir a sua proclamação. Então ela deixa entrever que essa atitude se repete inclusive em nossos dias, de tal modo que, mesmo aquele que vem no espírito e poder de Elias, seja também resistido. O anjo de Apocalipse 18 que ilumina toda a Terra com sua glória, a exemplo dos três anjos do capítulo 14, não é u m indivíduo, não importa se homem ou mulher, mas uma comunidade de fiéis; nesse caso, o remanescente final, sob o poder da chuva serôdia. Segundo o mesmo Apocalipse, uma das qualidades da Igreja de Jesus Cristo é que ela possui o "espírito de profecia" (Apoc. 12:17; 19:10). Isso é particularmente verdade com relação ao povo de Deus nos últimos dias, o que significa que o exercício profético poderá eventualmente se manifestar de forma específica no meio desta Igreja, como no início se manifestou na pessoa e nos escritos de Eilen G. White. Não estou afirmando que terá que se manifestar, pois como disse, só Deus sabe se, como u m povo, necessitamos uma segunda ou terceira (ou até mais de uma terceira) Eilen G. White. A meu ver, não precisamos, pois a Bíblia (secundada pela luz menor, os escritos dela) contém tudo o que precisamos para que cheguemos ao último dia preparados para a trasladação. Outra coisa: Devemos lembrar que possuímos o espírito, ou dom, de profecia não porque possuímos Eilen G. White, mas temos Eilen G. White porque possuímos o espírito de profecia. Segundo o Novo Testamento, o ato de se estudar e proclamar as profecias bíblicas equivale a "profetizar"; isto é, para se profetizar não é necessariamente imperativo que haja sonhos e visões, ou predições inéditas do futuro. O último livro da Bíblia confirma esse fato, assinalando que os 144 mil, a última geração de salvos, é constituída de "servos" (Apoc. 7:3), u m termo técnico identificativo dos "profetas" (ver 1:1; 10:7; 11:18; 22:9). Em outras palavras, os 144 mil perfazem uma comunidade profética, e não precisamos assumir que eles viverão sonhando e tendo visões. Essa comunidade profética última de fiéis cumpre as especificações do Elias a ser enviado antes do "grande e terrível dia do Senhor" (Mal. 4:5; ver SDABC, vol. 4, pág. 1184), e que cumprirá a obra prevista nesse texto, através da pregação, em todo o mundo, da tríplice mensagem angélica de Apocalipse 14. Tudo, é claro, sob o poder e providência do Espírito Santo, segundo o que transparece na obra do "quarto anjo" de Apocalipse 18. - Por José Carlos Ramos, professor de Teologia do Salt, em Engenheiro Coelho, SP A. Revista Adventista I ABRIL -2007
17
Pergunta O cristão e o uso de jóias Por que os membros da Igreja Adventista do Sétimo Dia não devem usar jóias? -1. A. B. Para início da discussão, deveria se perguntar: Por que alguém usa jóias? Qual é a finalidade básica de uma jóia? Quem usa jóias pode alegar que o faz porque se sente bem, porque acredita que elas valorizam alguma parte do corpo, porque quase todo mundo usa, etc, etc. Sem desconhecer as razões mencionadas, o certo é que seriam duas as verdadeiras razões para o uso de jóias: (1) chamar a atenção (quem usa uma jóia não a mantém escondida sob a roupa), e (2) ostentação. Chamar a atenção para si contraria o princípio bíblico de 1 Coríntios 10:31: "Portanto, quer comais, quer bebais ou façais outra coisa qualquer, fazei tudo para a glória de Deus." Esse verso paulino indica que tudo aquilo que faço deve atrair a atenção dos outros, não para a minha pessoa ou alguma parte dela, mas para Cristo. Atrair atenção para si pode ser caracterizado como pecado de idolatria. E há pessoas que preferem incorrer nesse pecado a deixar de usar suas jóias. Por sua vez, a ostentação, que consiste em mostrar r i queza ou status, tem que ver com o pecado do orgulho, com a exaltação do eu. Note que foi esse pecado que t i rou Lúcifer do Céu (ver Is 14:12-14). É dito de Lúcifer (simbolizado pelo rei de Tiro) que "no brilho das pedras andavas" (Ez 28:14. Veja a descrição completa das pedras mencionadas como adornando Lúcifer no verso
13). Essa atitude de ostentação, de mostrar riqueza, status, poderio, está em flagrante contraste com a atitude demonstrada por Cristo, que, "sendo rico, Se fez pobre por amor de vós, para que, pela Sua pobreza, vos tornásseis ricos" (2Co 8:9). E sendo Deus, "a Si mesmo Se esvaziou, assumindo a forma de servo, [...] a Si mesmo Se humilhou, tornando-Se obediente até a morte e morte de cruz" (Fp 2:7-8). E o que dizer do uso de jóias nos tempos do Antigo Testamento? Pode-se responder a essa pergunta com outra: O que dizer da escravidão, poligamia, guerra contra os inimigos, bebidas fermentadas, toleradas por Deus durante o mesmo período? Tudo isso foi praticado pelo povo de Deus do Antigo Testamento, "mas a vereda dos justos é como a luz da aurora, que vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito" (Pv4:18). Gradualmente, Deus foi admoestando contra essas práticas, e, nos tempos do Novo Testamento, elas foram condenadas (ver a condenação do uso de jóias, em ITimóteo 2:9,10 e 1 Pedro 3:3, 4; da escravidão, em 1 Coríntios 7:21,23; Filemom 16; da poligamia, em 1 Coríntios 7:1; e das bebidas fermentadas ou embriagantes, em Efésios 5:18; 1 Coríntios 6:10). Na Bíblia, o uso de jóias, nem sempre, mas freqüentemente, está associado a pessoas ou povos de má conduta, de moral reprovável. É o caso da ímpia rainha jezabel (2Rs 9:30), da apostatada Judá (Jr 4:30); das duas meretrizes, mencionadas no capítulo 23 de Ezequiel (ver o verso 40); da grande meretriz, mencionada por João em Apocalipse 17 (ver o verso 4). Será que foi por isso que Jacó, ao promover uma reforma religiosa em sua família, mandou que as jóias fossem tiradas e escondidas debaixo de uma árvore? (ver Gn 35:2-4). Em contraste com o desejo de chamar a atenção e o espírito de ostentação, as "santas mulheres" da Bíblia procuraram a beleza do caráter (IPe 3:3-5), e a que é demonstrada pela beleza das boas obras ( l T m 2:9,10). E hoje não deve ser diferente. Em conclusão, leiamos o conselho divino através do seguinte texto de Eilen White: "Pedro dá valiosas instruções quanto ao vestuário das mulheres cristãs: 'O enfeite delas não seja o exterior, no frisado dos cabelos, no uso de jóias de ouro, na compostura de vestidos; mas o homem encoberto no coração; no incorruptível trajo de um espírito manso e quieto, que é precioso diante de Deus. Porque assim se adornavam também antigamente as santas mulheres que esperavam em Deus' (IPe 3:3-5). Tudo quanto insistentemente vos recomendamos é o cumprimento das recomendações da Palavra de Deus. Somos nós leitores da Bíblia e seguidores de seus ensinos? Obedeceremos a Deus, ou nos conformaremos com os costumes do mundo? Serviremos a Deus ou a Mamom? Podemos nós esperar fruir paz de espírito e a aprovação de Deus, ao passo que andamos diretamente em contrário aos ensinos de Sua Palavra?" {Testemunhos Seletos, v. 1, p. 598). - Por Ozeas C. Moura, editor na Casa Publicadora Brasileira. Â.
Pergunta O sinal de Caim e seu casamento Gostaria de saber qual foi o sinal que Deus pôs em Caim, para que n i n g u é m o matasse, e com quem ele teria se casado. - J . O. S. C a i m foi o p r i m e i r o bebê deste m u n d o . Deve ter sido m u i t o l i n d o , forte e sadio. Talvez sua mãe, Eva, tenha até imaginado que ele pudesse ser o Messias prometido, Aquele que esmagaria a cabeça de Satanás, simbolizado pela serpente. M a l sabia ela que segurava e m seus braços o p r i m e i r o assassino, aquele que, por ciúme, mataria seu irmão, o piedoso e justo A b e l . Chamado a se explicar diante de Deus, declarou cinicamente: A c a s o sou eu t u t o r de m e u irmão?" (Gn 4:9). O relato bíblico afirma que C a i m estava c o m medo de morrer devido a seu crime (Gn 4:14). Isso poderia acontecer pelas mãos de a l g u m "vingador do sangue", que poderia ser Adão mesmo ou qualquer u m de seus outros irmãos (veja, em G n 5:4, que ele teve outros irmãos e irmãs). Então, Deus pôs nele u m sinal, "para que o não ferisse de m o r t e quem quer que o encontrasse" (Gn 4:15). A palavra "sinal", no original, é 'ôt, e significa "sinal", "marca", "emblema", "símbolo". Essa palavra aparece também e m Gênesis 9:12 e 13, c o m respeito ao arco-íris, sinal divino de que a Terra não mais seria destruída por outro dilúvio. N o entanto, apenas pelo significado dessa palavra hebraica não se pode saber qual teria sido o sinal posto em C a i m . "Alguns comentaristas t ê m interpretado este sinal como u m a marca externa, posta em C a i m , ao passo que outros i n t e r p r e t a m o sinal como sendo a promessa d i vina de que nada poria e m risco a vida de C a i m . D e toda maneira, não era u m sinal de perdão, mas tão-somente de proteção t e m p o r a l " (F. D . Nichol, Comentário Bíblico Adventista delSéptimo Dia, v. 1, p. 254). R. N . C h a m p l i n (em O Antigo Testamento Interpretado, v. 1, p. 47) lista diversas tentativas de explicação para esse sinal, algumas até risíveis: 1. C a i m teria se tornado negro e foi o pai das pessoas de pele escura. Essa é u m a hipótese nitidamente racista. N a verdade, os negros se o r i g i n a r a m c o m u m dos filhos de Noé - Cam; 2. Ele teria recebido u m a espécie de tatuagem; 3. O n o m e de Deus, Yahweh, teria sido estampado na testa dele; 4. O nome "Caim, o fratricida", teria sido escrito e m sua testa; 5. Deus teria tornado C a i m invencível - não podia ser queimado, afogado, n e m ferido à espada; 6. U m a luz, como o círculo do Sol, o acompanhava por onde quer que ele fosse.
C o m o se pode ver, n e n h u m a dessas explicações satisfaz a curiosidade em relação àquele sinal. Contudo, o mais importante não é o sinal em si, mas a razão pela qual Deus o pôs em C a i m : foi para que ele tivesse tempo de se arrepender. Percebe o grande amor de Deus pelo p r i meiro homicida? Pena que C a i m não tenha aproveitado sua longa vida (talvez perto dos m i l anos, como m u i t o s dos seus parentes antediluvianos) para se arrepender, desprezando o oferecimento d i v i n o de salvação. Sobre o casamento de C a i m , deve-se dizer que as i n formações são b e m escassas. Sabemos apenas que ele se r e t i r o u "da presença do Senhor e habitou na terra de Node, ao oriente do Éden" (Gn 4:16) e, nesse lugar, "coabit o u c o m sua mulher; ela concebeu e deu à luz a Enoque" (4:17). "Coabitar", nesse verso, é ter relações sexuais. C o m o C a i m teria conseguido m u l h e r na terra de Node, u m a vez que, segundo a Bíblia, Adão e Eva formar a m o casal que i n i c i o u o povoamento da Terra? Perceba que o relato bíblico diz apenas que, em Node, C a i m teve relações sexuais c o m sua mulher. C o m certeza, já era casado c o m u m a de suas irmãs ou sobrinhas, antes de f u gir da presença do Senhor (em G n 5:4 é dito que Adão teve outros filhos e filhas). N o início da história da Terra, não havia problemas c o m casamentos tão próximos, o que não é o caso hoje, devido às tendências degenerativas no ser humano. N o t e que Abraão era casado c o m Sara, sua irmã por parte de pai (Gn 20:12), e Moisés era filho de u m casamento entre tia e sobrinho (a mãe dele era tia do marido, conforme Êxodo 6:20). Casamentos c o m parentes tão próximos for a m proibidos por Deus ainda nos dias de Moisés (ver Levítico 18:9-14). A l g u m a s lições p o d e m ser tiradas da vida de C a i m : (1) ira m a l resolvida pode levar ao ódio, e este ao assassinato, (2) Deus não nos rejeita quando praticamos u m ato m a u , mas nos dá o p o r t u n i d a d e para que nos arrependamos, sejamos perdoados e salvos, (3) a piedade e religiosidade dos pais não são automaticamente transferidas aos filhos. C o m certeza, ajudam no desenvolvim e n t o de u m b o m caráter, mas o fator decisivo é a t o mada de decisões por parte de cada filho, "pois cada u m de nós dará contas de si mesmo a Deus" ( R m 14:12). Por Ozeas C. Moura, doutor em Teologia Bíblica e editor na Casa Publicadora Brasileira. E-mail: ozeas.moura@ cpb.com.br A.
'
S e r i a
P
J o ã o
e
r
g
u
n
t
de Jesus relatadas em Mateus 17:10-13: "Mas os discípulos O interrogaram: Por que dizem, pois, os escribas ser necessário que Elias venha primeiro? Então, Jesus respondeu: De fato, Elias virá e restaurará todas as coisas. Eu, porém, vos declaro que Elias já veio, e não o reconheceram; antes,fizeramcom ele tudo quanto quiseram. Assim também o Filho do homem há de padecer nas mãos deles. Então, os discípulos entenderam que lhesfalara a respeito de João Batista" (grifos acrescentados). Percebe o que diz o fim do trecho bíblico? Jesus fala da vinda de Elias e diz que essa profecia se cumpriu, não com o Elias do Antigo Testamento (que está no Céu), mas com João Batista, que foi um grande profeta, semelhante ao Elias dos dias do rei Acabe. Veja alguns paralelos entre Elias e João Batista: 1. Ambos tiveram que denunciar pecados sexuais: Elias na condenação ao culto a Baal, deus da fertilidade, cujo culto envolvia sexo entre os adoradores; João Batista na condenação ao comportamento adúltero entre Herodes e Herodias (mulher de seu irmão Filipe); 2. Ambos enfrentaram um casal real: Elias enfrentou o rei Acabe e a rainha Jezabel; João Batista enfrentou o rei Herodes e sua esposa Herodias; 3. Elias foi ameaçado de morte por decapitação por Jezabel, a ímpia esposa de Acabe; João Batista foi decapitado a pedido de Herodias, a ímpia esposa do rei Herodes; 4. Elias foi perseguido pela polícia do rei Acabe, que buscava prendê-lo; João Batista foi preso pelo rei Herodes e, na prisão, foi decapitado. 5. Tanto Elias quanto João Batista buscaram uma reforma espiritual entre o povo de seus dias, chamando as pessoas ao arrependimento e à adoração do Deus verdadeiro. Devemos agradecer a Deus pela vida desses dois gigantes na fé e pela coragem de falar a verdade. O mundo atual está bastante parecido com o enfrentado por Elias e João Batista, e Deus espera contar com pessoas que permaneçam firmes pelo que é direito, mesmo em face de perseguições e sofrimentos. Ele pode contar com você? - Por Ozeas C. Moura, doutor em Teologia Bíblica eprofessor do Salt, em Engenheiro Coelho, SP. E-mail: ozeas.moura@unasp.edu.br A.
a
B a t i s t a
r e e n c a r n a ç ã o
d e
E l i a s ? Como entender a promessa da vinda de Elias em Malaquias 4:5? Jesus n ã o afirmou, em Mateus 17:12, que João Batista era Elias? - D. A. Para início de discussão, deve-se dizer que a Bíblia não apoia a doutrina da reencarnação. O autor de Hebreus é claro em dizer que "aos homens está ordenado morrerem uma só vez, vindo, depois disto, o juízo" (Hb 9:27). Vê-se que tal declaração bíblica contraria frontalmente o ensinamento da reencarnação, que se baseia em muitas mortes e reencarnações de uma mesma pessoa. Outro detalhe muito significativo é o fato de que o profeta Elias não morreu, mas foi levado vivo ao Céu numa carruagem de fogo (2Rs 2:11). Ora, se Elias não morreu, como poderia ter se reencarnado em João Batista? Em vez de reencarnação, a Bíblia fala de ressurreição. Ou seja, a mesma pessoa que morreu (se justa) receberá vida novamente, por ocasião da segunda vinda de Jesus à Terra (Jo 5:28,29; 11:25; ICo 15:52-55; lTs 4:16, etc). Já os ímpios mortos serão ressuscitados após o Milênio (Ap 20:5). Então, como entender a promessa da vinda de Elias em Malaquias 4:5? Ora, se Elias já está no Céu, glorificado, o que ele viria fazer na Terra? Note que essa é uma promessa de alguém que viria fazer uma obra semelhante à que Elias fez. Portanto, Elias, nessa passagem de Malaquias, é uma figura ou símbolo de um grande profeta, tal como o Elias do passado, quando enfrentou um período de muita apostasia e descalabro moral, como aquele ocorrido nos dias do ímpio rei Acabe. A promessa de Malaquias 4:5 é explicada pelas palavras
A
l
e
j
a
n
d
r
o
B
Para Deus nada é impossível. Convite Para Mudar vai fazer você entender isso ainda melhor. São dez histórias de vidas transformadas pelo poder de Deus. Relatos de pessoas comuns que passavam por problemas é angústias, mas que receberam esperança para um novo começo. Com seu estilo cativante, o autor revela como a graça de Deus pode proporcionar uma vida com sentido. ai 1W70 Formato: 14 x 21 cm
u
l
l
ó
n
Jupterimages
A Bíblia apoia a teologia da prosperidade?
advera a hua. “Será no por a todas t 24:14). undiais, precisaai alta a m 13:12). a obra a o, na facidade consaz. Deus para coe” (Ellen
As palavras de Jesus: “Pedireis o que quiserdes, e vos será feito” (Jo 15:7) não constituem um endosso à teologia da prosperidade? – A. T. O.
É verdade que, fora de seu contexto, essa afirmação de Jesus poderia ser tomada como endosso ou apoio à teologia da prosperidade, tão em moda, hoje. Essa teologia faz do crente e seu Deus nada mais que dois barganhadores: o crente devolve o dízimo ou dá ofertas em troco de um carro ou apartamento, por exemplo. Em vez de um relacionamento salvífico, ocorre aí mero relacionamento financeiro. Tudo se reduz ao ato de dar para receber algo em troca. Bem, vamos ao texto de João 15:7: “Se permanecerdes em Mim, e as Minhas palavras permanecerem em vós, pedireis o que quiserdes, e vos será feito.” A que se referia Jesus com a expressão “pedireis o que quiserdes”? Seria primeiramente uma referência a bens materiais? Uma análise atenta do contexto mostrará que não era a bens ou frutos materiais que Cristo Se referia. O contexto é todo o capítulo 15 de João, onde aparece a ilustração da videira e seus ramos, a qual ilustra o íntimo relacionamento espiritual entre o crente e Cristo. Esse relacionamento produz frutos espirituais. Quais são? O primeiro é o amor (15:9, 12, 17); a seguir, obediência (15:10, 14), gozo ou alegria (15:11), altruísmo (15:13), humildade e perseverança em meio ao sofrimento (15:20). Perceba que alguns desses
Carlos Souza / Imagem: Shutterstock
ecia escas hatro, ela ção das io vicádor sode Sua se torelho sea Terra. domías consempre rteza de alizou e vez. r desse o evan-
RA/abr’11
e nossa a partir ão com ciliação Ali ressa sande uma
frutos aparecem também na famosa lista do “fruto do Espírito”, em Gálatas 5:22, 23. É importante ver que também em João 15 esses frutos estão vinculados à atuação do Espírito Santo na vida do crente. No verso 26, Jesus fala que enviaria a Seus seguidores o Consolador, o Espírito da verdade. Como resultado da atuação do divino Espírito, os crentes haveriam de “testemunhar” (verso 27). Mas, testemunhar como? Obviamente, testemunho pelos frutos do Espírito, manifestados na vida dos seguidores de Jesus (amor, alegria, altruísmo, humildade, perseverança). Para que não paire nenhuma dúvida sobre o que poderá – de acordo com o capítulo 15 de João – ser pedido ao Senhor e Ele certamente atenderá, deve-se atentar para a expressão “e o vosso fruto permaneça”, no verso 16. Ou seja, no capítulo 15 de João, Jesus Se refere àquilo que “permanece” (como é o caso do fruto do Espírito já mencionado), e não às coisas terrenas e passageiras. No entanto, mesmo não sendo o assunto tratado no capítulo 15 de João, Deus está disposto a nos dar coisas, se elas contribuírem para nosso bem, uma vez que estejam de acordo com a Sua vontade. Tiago fala de pessoas que “pedem mal”, “para esbanjar em seus prazeres” (4:3). Isto é, pedem coisas apenas para ostentar riqueza, para satisfação egoísta, ou ainda como simples barganha com Deus. Mas pedir ao Senhor possibilidade de ter uma casa própria, um veículo como instrumento de trabalho e locomoção, emprego para o ganha-pão, etc., são pedidos aceitáveis e não pecaminosos. A verdade é que nosso Pai celeste está desejoso de dar “boas coisas aos que Lhe pedirem” (Mt 7:11). No entanto, essas coisas devem vir sempre em segundo lugar, pois primeiramente devemos “buscar o reino de Deus e Sua justiça” (Mt 6:33). Se contribuírem para nosso bem, as coisas materiais nos serão dadas por Deus. Mas não façamos do “ter” assunto prioritário em nossa vida. – Por Ozeas C. Moura, doutor em Teologia Bíblica e professor no Salt Unasp – Campus Engenheiro Coelho, SP. E-mail: ozeas.moura@unasp.edu.br
24324
ado daauxílio. tava os tava os nças faos pasTemos ondosa White,
Designer
Editor Texto
C.Qualidade
iado na asileira.
Depto. Arte
Revista Adventista I abril • 2011
24324_RAabr11.indd 15
15
25/03/11 11:10
poder r comsomos , paz e tado de do Bom
Jupterimages
a come, corpo as naripassou
Ovos e coelhos
Poderia me explicar o porquê de ovos e coelhos na Páscoa? A Bíblia não é clara quanto a mencionar um cordeiro ligado a essa festa? – P. A.
Você está certo em dizer que a Bíblia é clara quanto ao fato de que Deus escolheu o cordeiro para fazer parte do ritual judaico da Páscoa (Pessach, em hebraico, que significa “passagem”). De acordo com Êxodo 12:1-14, uma família (ou mais de uma, no caso de serem pequenas) matava um cordeiro na tarde do dia 14 de Nisã, espargia seu sangue nos batentes das portas, assava-o e o comia, com ervas amargas, na noite de 14 para 15 desse mesmo mês. A morte de um cordeiro por ocasião da Páscoa era tipológica, isto é, apontava para o sacrifício do Messias, Jesus Cristo. Paulo falou de Cristo como sendo “nosso cordeiro pascal”, que “foi imolado” (1Co 5:7), e Pedro afirmou que nosso resgate das garras do pecado só foi possível pelo derramamento do “precioso sangue, como de Cordeiro sem defeito e sem mácula, o sangue de Cristo” (1Pe 1:19). E o apóstolo João deixou claro que a vitória contra o diabo é possível somente “por causa do sangue do Cordeiro” (Ap 12:11), nosso Senhor Jesus Cristo, também chamado Miguel, em Apocalipse 12:7. Mas se a Bíblia é tão clara quanto ao cordeiro que era morto na Páscoa, como, então, coelhos e ovos passaram a ser associados a essa festa? A verdade é que alguns elementos pagãos foram inseridos nas festas cristãs. Coelhos e ovos são um exemplo disso. Antigos povos pagãos europeus homenageavam Ostera
m. Tudo mpo fies estão c 10:27). o evandadeira balham de hoLc 4:18,
26310
RA/abr’12
abordaular. Os cologia, advenna resDeus no persoa saúde exto da opósito e numa eguinte mantido vo a ser apenas dade, as as com tras paráter de disfuna. Conajuda a ores que imento
(ou Ostara), deusa da Primavera, a qual era retratada segurando um ovo e observando um coelho brincando a seus pés. O ovo é símbolo de vida e o coelho, símbolo da fertilidade. Assim, esses dois símbolos foram inseridos na festa da Páscoa. No mundo materialista e consumista em que vivemos, as empresas de alimento investem muito na produção de ovos de chocolate e figuras de coelhos, mas não associam o cordeiro a essa festa. O que é uma pena, pois nossa salvação não foi conseguida através do sangue de um coelho, mas do Cordeiro de Deus. Cabe aos cristãos voltar à Bíblia e resgatar o cordeiro como símbolo do sacrifício de Cristo, o “Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” (Jo 1:29). Comentando sobre o sacrifício de Cristo como “Cordeiro de Deus”, Ellen G. White assim se expressou: “O sacerdote está para matar a vítima, mas o cutelo cai-lhe da mão paralisada, e o cordeiro escapa. O tipo encontrara o antítipo por ocasião da morte do Filho de Deus. Foi feito o grande sacrifício. Acha-se aberto o caminho para o santíssimo. Um novo, vivo caminho está para todos preparado. Não mais necessita a pecadora, aflita humanidade esperar a chegada do sumo sacerdote. Daí em diante, devia o Salvador oficiar como Sacerdote e Advogado no Céu dos Céus. Era como se uma voz viva houvesse dito aos adoradores: Agora têm fim todos os sacrifícios e ofertas pelo pecado. O Filho de Deus veio, segundo a Sua palavra: ‘Eis aqui venho [...], para fazer, ó Deus, a Tua vontade’ (Hb 10:7). ‘Por Seu próprio sangue, entrou uma vez no santuário, havendo efetuado eterna redenção’” (O Desejado de Todas as Nações, p. 757). Você já se valeu do sangue do Cordeiro de Deus, para ter vida eterna? Lembre-se de que a salvação é oferecida de graça a todos nós, mas custou a vida de Jesus. Qual será sua resposta a tão grande amor? – Ozeas C. Moura é doutor em Teologia Bíblica e professor no Salt Unasp, Campus de Engenheiro Coelho, SP. E-mail: ozeas.moura@unasp.edu.br
hefe do logia da hington, nd, EUA.
Designer
Editor Texto
4.
Cód.: 13293
Renan MaRtin
C.Qualidade
Ligue
Acesse
Faça seu pedido no
Ou dirija-se a uma
0800-9790606* www.cpb.com.br SELS de sua Associação das lojas da CASA *Horários de atendimento: Segunda a quinta, das 8h às 20h @casapublicadora cpb.com.br/facebook Sexta, das 8h às 15h45 / Domingo, das 8h30 às 14h.
Depto. Arte
Jupterimages
O casamento do profeta Oseias O sétimo mandamento ordena: “Não adulterarás” (Êx 20:14). Contudo, Deus ordenou ao profeta Oseias: “Vai, toma uma mulher de prostituições. [...] Foi-se, pois, e tomou a Gômer, filha de Diblaim, e ela concebeu e lhe deu um filho” (Os 1:2, 3). No capítulo 3, verso 1, Deus repetiu a ordem: “Vai outra vez, ama uma mulher, amada de seu amigo, e adúltera.” Como entender essas ordens divinas? – E. I.
Muito se tem debatido e escrito sobre o casamento (ou casamentos) do profeta Oseias. Eis algumas hipóteses: 1. A história do casamento desse profeta não teria acontecido realmente, mas foi tudo fruto de uma visão (citando, em apoio, Oseias 1:1, 2). Em visão, ele teria se casado, gerado dois filhos e uma filha, a mulher dele o teria traído, etc., e, ao sair dessa visão, teria continuado solteiro e sem filhos, como antes. O problema com essa hipótese é que nada no texto sugere tratar-se de uma visão. Ao contrário, parece ser história real, literal. 2. A história do casamento desse profeta não teria acontecido realmente, mas é uma lenda (citando, em apoio, Oseias 14:9). Ou seja, alguém a teria inventado para mostrar o grande amor de Deus por Israel, mesmo estando esse povo em pecado e em profunda apostasia. Mas nada no texto sugere tratar-se de uma lenda. Ao contrário, parece ser história real, literal. 3. Gômer teria sido moça direita, mas filha de prostituta (citando, em apoio, a expressão “mulher de prostituição”, em Oseias 1:2, a qual deveria ser entendida como “mulher, filha de uma prostituta”). Mas Gômer acabara se prostituindo (conforme Oseias 2:5), imitando, assim, a mãe dela. Quem defende essa hipótese, consegue livrar-se do incômodo da ordem divina para que o profeta tomasse “uma mulher de prostituições” (Os 1:2). 4. Gômer teria sido prostituta e Deus teria ordenado ao profeta Oseias que se casasse com ela (citando em apoio Oseias 1:2, verso em que é ordenado ao profeta que se casasse com “uma mulher de prostituições”, acostumada com muitos “amantes”, conforme Oseias 2:7, 10, 12, 13). Bem, como há pelo menos quatro hipóteses, escolho essa quarta, a qual parece fazer mais justiça ao texto bíblico (sem desmerecer quem opta por uma das três primeiras). O fato é que, às vezes, Deus dava ordens intrigantes a Seus profetas: a Isaías foi dito que andasse “despido e descalço” por três anos (Is 20:2, 3), como andavam despidos e descalços os prisioneiros egípcios e etíopes. A Ezequiel foi
ordenado que preparasse sua comida usando fezes humanas (Ez 4:12), sinal para os cativos de Judá, os quais, em terra estrangeira, comeriam coisas imundas. E ao profeta Oseias teria sido ordenado que se casasse com uma prostituta (Os 1:2). Essa ordem ao profeta Oseias não indica que Deus apoie a prostituição ou o adultério, mas sim, que Ele perdoa a vida passada e dá nova chance ao pecador, se este se arrepender e mudar de vida. Essa teria sido a razão para dar uma ordem tão estranha ao profeta. Gômer devia ser grata a ele pela chance de abandonar a velha vida (Os 2:2) e passar a viver decentemente, desfrutando do amor incondicional do marido e do carinho e amor dos filhos (parece que somente o primeiro era filho de Oseias, conforme indica o pronome “lhe”, na expressão “ela concebeu e lhe deu um filho”, em 1:3, pronome ausente em relação aos outros dois, conforme Oseias 1:6, 8). Resta, ainda, a questão da segunda ordem divina ao profeta: “Vai outra vez, ama uma mulher, amada do seu amigo e adúltera” (Os 3:1). Uns entendem que essa seria outra mulher. Outros (entre os quais me incluo) pensam que se trata de Gômer, a mesma mulher do primeiro capítulo de Oseias, prostituta a quem foi dada a chance de ser amada de verdade e de ter um lar, mas que não correspondeu. Se esse entendimento está correto, então o amor do profeta Oseias pela esposa adúltera fica ainda mais evidente. Gômer teria traído o marido, tido dois filhos fora do casamento e, finalmente, deixado o lar para viver com muitos amantes, sendo que o último a vendeu, indo ela parar em um mercado de escravos. O profeta, que nunca a esquecera, soube que sua ex-esposa estava à venda. E o que fez? Foi rapidamente ao local e pagou o preço cobrado por um escravo, resgatando-a daquela situação infeliz e vexatória. Ele não tinha todo o valor em espécie (30 peças de prata), mas nem por isso desistiu: pagou metade em dinheiro e a outra metade com cereais (3:2). Que amor maravilhoso e incondicional o profeta demonstrou para com sua ex-esposa! Ele a quis novamente. Deu-lhe nova chance. Não é assim que Deus faz conosco? Ele nos aceita como somos – pecaminosos e imperfeitos. Quando erramos e O abandonamos, nem por isso deixa de amar-nos! Quando estávamos escravizados pelo pecado, Ele nos resgatou com algo muito mais valioso do que prata e ouro: o sangue de Seu amado Filho, Jesus Cristo (1Pe 1:18, 19). Será que Gômer aproveitou a segunda chance dada pelo marido? Não sabemos. Tomara que sim! O que sabemos é que você e eu podemos dizer sim a Cristo e corresponder a Seu amor com nosso amor. Faremos isso? – Por Ozeas C. Moura, doutor em Teologia Bíblica e professor no Unasp, Campus Engenheiro Coelho, SP. E-mail: ozeas.moura@unasp.edu.br Revista Adventista I abril • 2013
19
Consultoria doutrinária
Normas da igreja Por que nossa Igreja dá tanto valor a normas e regras? Não há exagero nessa ênfase? H. P. L.
7158
RA/mai 00
D
al
xto
te
Revista Adventista
str.
de
e fato, a Igreja Adventista do Sétimo Dia tem em alta consideração as normas que devem reger a vida de seus membros. Alguns, contudo, tentam transformar essas normas no carro-chefe da experiência cristã, o que é um grosseiro equívoco. Já outros, procuram minimizá-las. Uns apertam; outros afrouxam. Esses extremos são ditados por atitudes que não têm amparo nas Escrituras Sagradas. O fanático pensa sozinho; não pensa em parceria com o Espírito Santo. Sua maneira individualista e unilateral de ver as coisas é a medida das normas. Ele exagera ou torce o que Deus prescreve. O liberal também pensa sozinho, mas não quer compromisso com nada. É complacente. Por que algumas pessoas acham rígidas as normas da Igreja? Há vários motivos, mas o principal relaciona-se com a maneira como os fanáticos concebem e impõem “normas” e “regras”. Eles as transformam em um fardo penoso. E não apenas isso: não demonstram preocupação pelos faltosos. Obediência estrita às normas é o que interessa. Quando uma pessoa aceita a Cristo, há uma troca de senhorio: ela deixa de servir ao pai das trevas para servir ao Senhor da luz. Antes, sua vida não tinha limites de ordem moral e espiritual. Sua inclinação era para o mal. A Bíblia chama isso de “obras da carne”, ou “vonta-
34 maio2000
de da carne” (João 1:13: Gál. 5:19-21). Agora, porém, “o seu prazer está na lei do Senhor, e na Sua lei medita de dia e de noite” (Sal. 1:2). A submissão ao Senhor da luz, longe de ser um fardo, é um prazer, pois é a expressão de uma vida liberta dos costumes mundanos. O crente passa a amar o que é puro e honesto (Filip. 4:8). Deixa de amar o mundo e as coisas que nele há (I João 2:15). As normas cristãs, para toda pessoa transformada pelo poder de Cristo, não são vistas como exageradas nem restritivas. Seu papel ou função é mostrar o padrão de conduta. E esse padrão tem como fundamento os princípios de ordem moral e espiritual exarados na Bíblia. Os dez mandamentos, por exemplo, são normas de conduta com relação a Deus e com relação ao nosso próximo. Seus princípios básicos são: amor a Deus e amor ao próximo. Desses dois grandes princípios derivam os demais, que, por sua vez, constituem a base de todas as normas cristãs. Mas as normas da Igreja não nos tornam cristãos. O que, então, nos torna cristãos? Só há uma resposta: submissão ao senhorio de Cristo. E essa submissão a Cristo é uma experiência de harmonia com a vontade de Deus. Diz Paulo: “E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus” (Rom. 12:2).
A “vontade de Deus” estriba-se em princípios imutáveis. Assim, toda norma fundamentada nesses princípios, tem razão de ser e visa ao nosso bem-estar físico, moral e espiritual. O papel das normas é expressar o que o princípio estabelece. Outra função das normas é proteger-nos de marginalizações em nossa conduta. Diz o Manual da Igreja: “Necessita-se hoje em dia de que, como membros dessa Igreja, enfatizemos novamente as grandes normas de procedimento cristão, e renovemos nossa fidelidade a estes princípios de origem divina. Todos devem atingir as altas normas da vida cristã e estar separados do mundo.” (Pág. 146.) Nossa vida deve refletir as normas de conduta com relação à observância do sábado, ao lugar de culto, às leis de saúde e temperança; com relação ao vestuário, à recreação, à música, à leitura, às relações sociais, aos negócios, ao noivado, casamento, etc. Quando alguém se filia a um clube, recebe um manual de procedimentos, e se compromete a respeitá-lo. Assim também, ao nos submetermos ao senhorio de Jesus, aceitamos Seu código de ética. E esse código, fundamentado em princípios imutáveis, é expresso por meio de normas. Há, contudo, dois grandes perigos. O primeiro, já referido nos primeiros parágrafos, consiste em torcer ou exacerbar as normas cristãs. Como vimos, esse zelo aparente é corolário de atitudes individualistas. A submissão a essas exigências não transforma ninguém: apenas entorta e deforma. O outro perigo é uma sub-
missão formal ao conjunto de normas da Igreja. Essa atitude não é resultado de submissão à vontade de Deus, mas do esforço humano. Os escribas e fariseus eram mestres em formalidades. Por isso foram tachados por Jesus de “sepulcros caiados”. A única atitude correta é viver por princípio, ou seja, viver como resultado de uma transformação operada pelo poder do Espírito Santo. Quando o “homem interior” é transformado, o crente pergunta: “Senhor, o que queres que eu faça?” Finalmente, as normas da Igreja servem para mostrar a diferença entre o que é certo e o que é errado. Diz ainda o Manual da Igreja: “Como adventistas do sétimo dia, fomos apartados do mundo. Somos reformadores. A verdadeira religião que entra em cada aspecto da vida, tem de ter uma influência modeladora em todas as nossas atividades. Nossos hábitos de vida devem alicerçar-se em princípios, e não no exemplo do mundo que nos rodeia. Podem os costumes e as modas variar com os anos, mas os princípios atinentes ao devido procedimento são sempre os mesmos.” (Pág. 149.) Uma igreja sem normas é a expressão da vontade do homem, não da vontade de Deus. Mas quando a igreja, que é o corpo de Cristo, aceita e pratica as normas cristãs, seus membros são libertos da escravatura das obras da carne, para viverem a excelência da virtude. – Rubens S. Lessa
?
Perguntas para: CONSULTORIA DOUTRINÁRIA Caixa Postal 34 18270-000 Tatuí, SP
Pergunta
guia do Seu Espírito, aprenderão a transformar em alimentos saudáveis os produtos em estado natural. Conseguirão, dessa forma, ensinar os pobres a proverem-se de alimentos que substituirão a alimentação cárnea" — Conselhos Sobre o Regime Alimentar, pág. 254. 'Dizem os pobres, quando lhes é apresentada a reDevemos seguir todo o regime alimentar para fa- forma de saúde: 'Que vamos comer? Não podemos zer parte do povo de Deus? Onde moro não se pro- comprar alimentos com base em nozes.' Ao pregar o duz verdura e, como resido na zona rural, não tenho evangelho aos pobres, sou instruída a dizer-lhes que comam os alimentos que forem mais nutritivos. Não onde comprar. E. L. G. posso dizer-lhes: 'Vocês não devem comer ovos, nem Entendo que a consulta se refere à alimentação com usar leite ou nata" — Medicina e Salvação, pág. 288 "Quando não me foi possível obter o alimento de que carne. Vamos buscar a orientação oferecida pela Sra. necessitava, comi um pouco de carne algumas vezes; Eilen G. White: "Tem-me sido repetidamente mostrado que Deus mas estou ficando cada vez mais atemorizada de fazêestá procurando levar-nos de volta, passo a passo, a Seu lo." - Conselhos Sobre o Regime Alimentar, pág. 394 desígnio original - que o homem subsista com os proNas regiões em que o clima não permite o cultivo de dutos naturais da terra. hortaliças, aplica-se a ressalva: "Não estabelecemos regra alguma para ser seguida no "Verduras, frutas e cereais devem constituir nosso regime. Nem um grama de carne deve entrar em nosso regime alimentar, mas dizemos que nos países onde são estômago. O comer carne não é natural. Devemos vol- comuns as frutas, cereais e nozes, os alimentos cárneos tar ao desígnio original de Deus ao criar o homem." — não constituem alimentação própria para o povo de Deus." - Conselhos Sobre o Regime Alimentar, pág. 404. Conselhos Sobre o Regime Alimentar, pág. 380. Algumas sugestões: Procure plantar em sua propriedaPor mais saudáveis que sejam as verduras, deve-se notar que não são apenas elas que devem fazer parte de de árvores frutíferas, como laranja, mamão, banana e as deliciosas frutas da Região Norte do Brasil, como cupuanossa alimentação. A escritora menciona que, para substituir a carne, nosso regime alimentar deve ser bas- çu, taperebá, cajá, pupunha e serigüela. Não deixe de contante variado, incluindo verduras, frutas e cereais. Ela sumir as saborosas castanhas-do-pará e de caju Os feijões, inclusive a soja, são boa fonte de proteína E se, ainda se refere com muita freqüência às nozes ou castanhas. Deus deu Suas orientações à Igreja para que tenha- assim, isso for impossível, querido irmão, faça uso modemos saúde, não que passemos fome ou privação. Para rado da carne obtida de animais sadios, especialmente de peixes. Neste caso, pelo menos tire o que puder da gorduisso, nunca foi propósito de Deus que tivéssemos um ra, para não abusar do colesterol - Lícius O. Lindqiàst. regime desequilibrado. Creio que uma boa orientação pode ser encontrada nesta citação: "E desígnio divino que em toda parte homens e mulheres sejam animados a desenvolver seus talentos pelo preparo de alimentos saudáveis dos produtos em estado natural, oriundos da sua própria região do país. Se reÉ verdade que os alunos de Teologia de nossos correrem a Deus, exercendo perícia e habilidade sob a colégios estão sendo ensinados a não crer mais no Espírito de Profecia? J. A. P. - Rio de Janeiro
Regime alimentar
Espírito de Profecia
Absolutamente, não! A Igreja Adventista do Sétimo Dia foi ricamente abençoada pelo ministério profético da Sra White e, em nossos colégios, esse recurso é amplamente utilizado. Nossos estudantes fazem constantes pesquisas nos livros de Ellen G. White e têm matérias específicas sobre o dom profético. O Dr. Amin Rodor, diretor de Graduação do SALTUnasp, afirma que "não apenas cremos na voz profética aos adventistas, através do dom profético manifesto em Ellen G. White, mas temos também, em nossa grade curricular, cursos inteiros dedicados a este tema, para confirmar nos alunos esta convicção..." Assim, a informação que lhe passaram é absolutamente ínverídica - Lícius O. Lindquist, editor da Lição da Escola Sabatina dos Adultos. Revista Adventista I JUNHO • 2006
Pergunta Trono
Poderiam me explicar por que s ó v e m o s m e n ç ã o a J e s u s e a o Pai no t r o n o e n ã o ao E s p í r i t o Santo? Seria isso uma i n d i c a ç ã o de que o E s p í r i t o Santo n ã o é u m a p e s s o a ? - J . B.
Nas vezes em que a Bíblia menciona o trono em relação às pessoas divinas, vemos que: 1. Somente o Pai é mencionado no trono, na figura do 'Ancião de Dias" (Dn 7:9). Depois o Filho, como o "Filho do homem" chega-Se até Ele (Dn. 7:13). 2. Somente Jesus é mencionado no trono (Mt 19:28; 25:31; Hb 4:14 e 16). 3. Geralmente, Jesus e o Pai são mencionados juntos (ver Ap 3:21; 7:10,15 e 17; 22:1 e 3, etc). 4. Há duas alusões à pessoa do Espírito Santo e o trono. Elas estão em Apocalipse 1:4: "da parte dos sete Espíritos que se acham diante do Seu trono" e em 4:2 e 5: "e eis armado no Céu um trono, e, no trono, alguém sentado [Deus Pai, conforme 5:1. Jesus também é mencionado como estando 'no meio do trono,' em 5:6]. Do trono saem relâmpagos, vozes e trovões, e, diante do trono, ardem sete tochas de fogo, que são os sete Espíritos de Deus" Veja que nessas duas menções ao Espírito Santo e ao trono, Ele é apresentado como sendo "sete Espíritos'.' O que isso indica? É notório que no livro do Apocalipse, o número "sete" indica "plenitude" e não, necessariamente, sempre pluralidade. Veja que o Cordeiro (Jesus) tem "sete chifres" - indicando plenitude de poder, ou onipotência, "sete olhos"- indicando plenitude de sabedoria, ou onisciência. E como Jesus enviou o Espírito Santo como Seu representante (Jo 14:16), é dito, em Apocalipse 5:6, que Seus "sete olhos" "são os sete Espíritos de Deus enviados por toda a Terra" - ou seja, Jesus atua junto à humanidade através de Seu divino Espírito. E se alguém pensa que o número "sete" seria literal, indicando mesmo "sete" Espíritos, pode tirar essa dúvida lendo Efésios 4:4, onde se lê que "há somente u m corpo e u m Espírito" Mas poderíamos perguntar: Por que, na maioria das vezes, Jesus (o Cordeiro) é mostrado junto ao Pai no trono e não o Espírito? Poderíamos dizer que isso é mais uma questão de ênfase, numa pessoa ou noutra da Trindade, do que indicativo de quantas pessoas há ou não. Veja que foi diretamente contra Jesus que o diabo fez guerra (veja Apocalipse 12:7-11). Assim, nada mais justo que os escritores bíblicos enfatizem Jesus como sendo Deus e assentado junto ao Pai. Isso não indica que
Deus Espírito Santo não exista. Mas que a ênfase é sobre Aquele contra quem o diabo apontou suas armas da inveja, da calúnia e do assassinato (note o que Satanás fez com Jesus na cruz). Se a relação trono e pessoa divina fosse indicativo de que só aquela mencionada existiria, então Deus Pai não existiria, pois em Mateus 19:28; 25:31; Hebreus 4:14 e 16 somente Jesus é mencionado no trono. Por que essas menções somente a Jesus? É porque se quer enfatizar Sua pessoa: Aquele que foi humilhado, cuspido, crucificado, virá num glorioso trono, como "Rei dos reis e Senhor dos senhores" (Ap 19:16) . Enquanto esse dia não chega, podemos nos achegar confiadamente, junto a Seu trono de graça, "a fim de recebermos misericórdia e acharmos graça para socorro em ocasião oportuna" (Hb 4:14 e 16). É interessante que no Salmo 47:8 se afirma que "Deus Se assenta no Seu santo trono" e em Atos 5:3 e 4 se diz que o Espírito Santo é Deus. Então, se "Deus Se assenta no Seu santo trono" isso, seguramente, inclui a pessoa do Espírito Santo como também assentado no trono, junto às duas outras pessoas divinas: Deus Pai e Deus Filho. Sobre a divindade do Espírito Santo, veja o que nos diz Eilen G. White: "O Consolador que Cristo prometeu enviar depois de ascender ao Céu, é o Espírito em toda a plenitude da D i vindade, tornando manifesto o poder da graça divina a todos quantos recebem e crêem em Cristo como u m Salvador pessoal. Há três pessoas vivas pertencentes à Trindade celeste; em nome destes três grandes poderes - o Pai, o Filho e o Espírito Santo - os que recebem a Cristo por fé viva são batizados, e esses poderes cooperarão com os súditos obedientes do Céu em seus esforços para viver a nova vida em Cristo." - Evangelismo, p. 615. "O príncipe da potestade do mal só pode ser mantido em sujeição pelo poder de Deus na terceira pessoa da Divindade, o Espírito Santo" - Special Testimonies, Série A, n° 10, p. 37,1897, citado em Evangelismo, p. 617. "Precisamos reconhecer que o Espírito Santo, que é tanto uma pessoa como o próprio Deus, está andando por estes terrenos" - Manuscrito 66,1899, de uma palestra feita aos alunos da Escola de Avondale, afirmação citada em Evangelismo p. 616. 'A Divindade moveu-Se de compaixão pela raça, e o Pai, o Filho e o Espírito Santo deram-Se a Si mesmos ao estabelecerem o plano da redenção" - Conselhos Sobre Saúde, p. 222. - Por Ozeas Caldas Moura, editor na Casa Publicadora Brasileira. A Revista Adventista
I MAIO-2007
17
Pergunta Crianças e Santa Ceia À luz de 1 Coríntios 11:28,29, gostaria de saber se crianças p o d e m p a r t i c i p a r da Santa Ceia o u ao m e n o s comer o p ã o e t o m a r o v i n h o n ã o a b e n ç o a d o s . - H . S.
O texto em questão diz: "Examine-se, pois, o homem a si mesmo, e, assim, coma do pão, e beba do cálice; pois quem come e bebe sem discernir o corpo, come e bebe juízo para si." Esses dois versos paulinos nos ensinam que: 1. Antes da participação na Santa Ceia, deve ocorrer um auto-exame (para ver se todos os pecados foram confessados a Deus e as ofensas ao próximo). O verbo "examinar" no verso 28, é dokimázo, no original, e significa "colocar em prova" testar, examinar. O ato de se examinar pressupõe idade para isso. Crianças não teriam idade nem condições mentais para cumprir o que Paulo pediu que os crentes de Corinto fizessem. 2 . 0 auto-exame, como preparação para a participação na Santa Ceia, pressupõe uma compreensão do seu significado simbólico - participação simbólica da carne e do sangue de Jesus (ver M t 26:26-28; Jo 6:53-56). Devemos concordar que crianças não têm condições para compreender plenamente os símbolos envolvidos na cerimônia da Santa Ceia. 3 . 0 auto-exame pressupõe o batismo, que é uma demonstração pública de que alguém passou a viver espiritualmente, que nasceu de novo (jo 3:3-5). Então, o crente, antes de participar da Ceia, deve fazer uma avaliação dos votos feitos no dia de seu batismo e se sua vida tem correspondido a esses votos. Para que alguém seja batizado, é necessário que creia em Jesus e O aceite como Salvador (ver Mc 16:15,16). Portanto, deve-se ter idade para crer. Então, vê-se que a Santa Ceia é para pessoas que creram e foram batizadas - e não para crianças que não têm idade nem para crer nem ser batizadas. 4. Auto-exame pressupõe comunhão aberta - todos os que têm idade para crer, ser batizados e se auto-examinar podem participar da Santa Ceia. Não caberia, então, uma pessoa excluir outra da Ceia do Senhor. Mas quem participa deve ter consciência do que está fazendo, pois "quem come e bebe sem discernir o corpo, come e bebe juízo para si" (v. 29). Alguns crêem que seria bom dar às crianças pão e vinho que foram reservados para elas (e, portanto, não abençoados), no momento em que os pais participam dos mesmos símbolos (só que abençoados). Outros advogam que se poderia dar a elas algumas uvas, no momento em que o suco é servido aos pais. Mas tais práticas não têm base na Bíblia nem no Espírito de Profecia. E também não é o ensinamento da Igreja Adventista
do Sétimo Dia. A propósito, vejamos o que nos diz o Manual da Igreja Adventista: "Quem pode participar A Igreja Adventista do Sétimo Dia pratica a comunhão aberta. Todos os que entregaram a vida ao Salvador podem participar. As crianças aprendem o significado da cerimônia observando a participação dos outros. Depois de receberem instrução formal em classes batismais e fazerem sua entrega a Jesus no batismo, estarão elas mesmas preparadas para participar da cerimônia" (edição de 2005, p. 83). Há uma esclarecedora citação de Eilen G. White sobre crianças na Santa Ceia: Após a ceia, quando as horas do tempo sagrado estavam findando, tivemos um agradável período de oração. Tiago conversou com as crianças antes de inclinarse para orar" {Manuscrito 6,1859, citado emMensagens Escolhidas, v. 3, p.263). Por esse texto, vê-se que havia crianças presentes a uma celebração de Santa Ceia, na qual, tanto a senhora White quanto o marido Tiago estiveram presentes. Mas nada é dito sobre a participação delas ou não. Provavelmente, o pastor Tiago explicou a elas o que acabavam de presenciar, ou seja, os pais e irmãos comendo o pão sem fermento e tomando o puro suco de uva, e o que isso significava. Em vez de se dar às crianças qualquer alimento que imite os emblemas do corpo e do sangue de Cristo, o ideal seria que os pais explicassem a elas o simbolismo do pão e do vinho, e dizer que, quando tiverem idade para ser batizadas, elas poderão participar desses símbolos. Mas, no momento em que os diáconos servem o pão e o vinho, elas devem ficar em silêncio, observando os membros da família (batizados) participarem. Quanto à tarefa dos pais em explicar o significado dos símbolos da Santa Ceia às crianças, pode-se aplicar a seguinte citação de Eilen G. White: A verdadeira reverência para com Deus é inspirada por uma intuição de Sua infinita grandeza e consciência de Sua presença. Com esta percepção do Invisível deve ser profundamente impressionado o coração de toda criança. Deve-se ensiná-la a considerar como sagrados a hora e o lugar das orações e cerimônias do culto público, porque Deus está ali" {Educação, p. 242-243). -Por Ozeas C. Moura, editor na Casa Publicadora Brasileira. A
Pergunta Seria Jesus criatura do Pai? Gostaria muito q u e m e tirassem u m a dúvida: Colossenses 1:15 e Apocalipse 3:14 estão, realmente, afirmando que Deus Pai criou Jesus Cristo? - V . M . M .
prega protótokos para traduzir o vocábulo hebraico ifkôr -"primogênito". Assim, protótokos significa tanto "primeiro/primogênito", como também "mais importante/ preeminente". "Primogênito" é empregado na Bíblia com duas ideias: (1) em sentido literal: o primeiro a nascer (cf. Lc 2:7: "E ela [Maria] deu à luz o seu filho primogênito"; Hb 11:28: "... para que o exterminador não tocasse nos primogênitos dos israelitas"), e (2) em sentido figurado: o mais importante, o mais preeminente (cf. Êx 4:22: "Israel [2 filho de Isaque] é meu filho, meu primogênito"; SI 89:27: "Fá-lo-ei [a Davi, filho mais novo de Jessé], por isso, meu primogênito, o mais elevado entre os reis da Terra"; Jr 31:9: "Efraim [2 filho de José] é meu primogênito"). Então, sendo Jesus Deus, e como tal eterno, a palavra "primogênito" é empregada, em Colossenses 1:15, para mostrar que Ele é "o mais importante" de toda a Criação, pois foi seu Criador, o Autor da própria Criação. Veja que Colossenses 1:16 explica o verso 15: "... pois nEle, foram criadas todas as coisas, nos céus e sobre a Terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos, sejam soberanias, quer principados, quer potestades. Tudo foi criado por meio dEle e para Ele." Em Colossenses 1:15, Paulo destaca a posição de Cristo em relação à Criação. Ele é apresentado como estando acima de todas as coisas criadas. A razão disso é que Ele é a causa primária da Criação, Seu Originador. Ele é o que tem todo o poder, "no Céu e na Terra" (Mt 28:18), "porquanto, nEle, habita, corporalmente, toda a plenitude da divindade" (Cl 2:9), e "NEle, tudo subsiste" (Cl 1:17). Apocalipse 3:14 diz que Jesus é "o princípio da Criação de Deus". A palavra "princípio", na língua original grega, é archê, e significa "início", "origem", "princípio", mas também "líder" e "primeira causa". A ideia de que Jesus foi o início da Criação de Deus, no sentido de ter sido a primeira coisa criada, novamente contraria os textos mencionados anteriormente, os quais afirmam que Jesus é Deus, e como tal eterno, e quem é eterno não pode ter sido criado. A palavra "princípio", em Apocalipse 3:14, quer dizer que Jesus é o "originador", a "causa primária", o "líder" da Criação de Deus. Em conclusão, dizemos que os textos de Colossenses 1:15 e Apocalipse 3:14, longe de sugerirem que o Filho foi criado, afirmam Sua eternidade e Seu poder criador. - Por Ozeas C. Moura, doutor em Teologia Bíblica e editor na Casa Publicadora Brasileira. E-mail: ozeas.moura® cpb.com.brA. 2
o
o
A Bíblia é clara em afirmar que Jesus é Deus. Eis alguns textos bíblicos sobre essa verdade: "No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus" (Jo 1:1); "Ninguém jamais viu a Deus; o Deus Unigénito, que está no seio do Pai, é quem O revelou" (Jo 1:18); "Respondeu-Lhe Tomé: Senhor meu e Deus meu" (Jo 20:28);"... mas acerca do Filho: o Teu trono, ó Deus, é para todo o sempre" (Hb 1:8);"... na justiça do nosso Deus e Salvador Jesus Cristo" (2Pe 1:1); "Aguardando a bendita esperança e a manifestação da glória do nosso grande Deus e Salvador Cristo Jesus" (Tt 2:13); "Eis que a virgem conceberá e dará à luz u m filho, e Ele será chamado pelo nome de Emanuel (que quer dizer: Deus conosco)" (Mt 1:23). À luz do conteúdo desses versos, não há motivo para se pensar que Jesus tenha sido criado pelo Pai. Se isso tivesse acontecido, Jesus teria sido o primeiro a nascer, o que contradiria os textos anteriormente mencionados, que declaram ser Ele Deus e, portanto, eterno. Colossenses 1:15 diz que Jesus "é a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a Criação". A palavra "primogênito" vem do grego "protótokos" (protos = "o primeiro a nascer", "o principal", "o mais importante", e tokos = "dado à luz", "nascido", "descendência", "prole" do verbo tikto = "nascer", "dar à luz" ). A Septuaginta em1
3
Referências 1. DAVIDSON, B. The Analytical Greek Lexicon. Nova York: Harper & Brothers Publishers, s/d, p. 404. 2. BARTELS, K. H , in: COENEN, L. & BROWN, C Dicionário Internadonal de Teologia do Novo Testamento, v. 2. São Paulo: Vida Nova, 2000, p 1851. 3. GINGRICH, F. W. & DANKER, F. W. Léxico do Novo Testamento Grego/Português: São Paulo: Vida Nova, 1993, p. 35.
B O A
'Pergunta É a
mentira
justificável algumas
em
situações?
Teria Deus aceitado o emprego da mentira, como no caso de Raabe (Js 2:3-7) e até orientado o profeta Samuel a mentir (ISm 16:1-4)? - C. M. Para início de discussão, deve-se dizer que a Bíblia não apoia o emprego da m e n t i r a e m n e n h u m a situação; ao contrário, credita-a ao diabo: "Vós sois do diabo, que é vosso pai, e quereis satisfazer-lhe os desejos. Ele foi h o m i c i d a desde o princípio e jamais se f i r m o u na verdade, porque nele não há verdade. Q u a n d o ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso e pai da mentira" (Jo 8:44). Ora, visto que Deus não apoia n e n h u m a espécie de m e n tira, como entender a m e n t i r a de Raabe e a instrução divina a Samuel para que ele omitisse o objetivo m a i o r de sua v i sita a Belém? Analisemos a m e n t i r a de Raabe, relatada e m Josué 2:3-7: "Mandou, pois, o rei de Jericó dizer a Raabe: Faze sair os h o mens que v i e r a m a t i e entraram na tua casa, porque v i e r a m espiar toda a terra. A mulher, porém, havia tomado e escondido os dois homens; e disse: É verdade que os dois homens vieram a m i m , porém eu não sabia donde eram. Havendo-se de fechar a porta, sendo já escuro, eles saíram; não sei para onde foram; ide após eles depressa, porque os alcançareis. Ela, porém, os fizera subir ao eirado e os escondera entre as canas do l i n h o que havia disposto e m o r d e m no eirado. Foram-se aqueles homens após os espias pelo c a m i n h o que dá aos vaus do Jordão; e, havendo saído os que i a m após eles, fechou-se a porta." É claro que Raabe sabia q u e m eram aqueles dois espias, conforme suas próprias palavras e m 2:8-13. Então, c o m o fica sua evidente mentira, mesmo que fosse para salvar sua própria vida e a dos dois israelitas? O fato de sua m e n t i r a ser mencionada na Bíblia é u m a indicação de que Deus a teria aprovado? Primeiramente, devemos nos lembrar de q u e m era Raabe. Era u m a cananeia, p r o s t i t u t a e adoradora de ídolos. Não devemos, pois, cobrar dela mais do que poderia dar. O u seja, não devemos julgá-la à luz do conhecimento que Israel t i n h a de Deus e do que era certo o u errado. Ela agiu como u m a típica pagã teria agido. "Para u m cristão, u m a m e n t i r a nunca pode ser justificada, porém para u m a pessoa c o m o Raabe a luz v e m gradualmente. 'Deus não leva em conta os tempos da ignorância ( A t 17:30). Deus aceita o que é sincera e honestamente praticado, mesmo quando m i s t u r a d o c o m fragilidade e ignorância.... Deus nos aceita
como somos, porém devemos crescer na graça (2Pe 3:18)" (SDABC, v. 2, p. 183). Assim, vê-se que a Bíblia apenas menciona a m e n t i r a de Raabe, sem, contudo, endossá-la ou apoiá-la. O certo é que Raabe deve ter feito mudanças e m sua maneira de agir ao se casar c o m Naasom, u m príncipe da t r i b o de Judá ( M t 1:5), tornando-se, assim, ancestral de Cristo. U m a vez que ela f i gura na galeria dos heróis da fé (Hb 11:31), c o m certeza, deix o u de lado o uso da mentira. O caso de Samuel é mais difícil de entender do que o de Raabe, que era u m a pagã. Samuel era israelita e t a m b é m profeta de Deus. C o m o , pois, entender a instrução divina a ele, relatada e m 1 Samuel 16:1-4?: "Disse o Senhor a Samuel: Até quando terás pena de Saul, havendo-o Eu rejeitado, para que não reine sobre Israel? Enche u m chifre de azeite e vem; enviar-te-ei a Jessé, o belemita; porque, dentre os seus filhos, M e p r o v i de u m rei. Disse Samuel: C o m o irei eu? Pois Saul o saberá e me matará. Então, disse o Senhor: T o m a contigo u m n o v i l h o e dize: V i m para sacrificar ao Senhor. Convidarás Jessé para o sacrifício; Eu te mostrarei o que hás de fazer, e ungir-Me-ás a q u e m eu te designar. Fez, pois, Samuel o que dissera o Senhor e veio a Belém. Saíramlhe ao encontro os anciãos da cidade, tremendo, e perguntaram: É de paz a tua vinda?"
Esse é u m caso de "informação incompleta", ou seja, Sam u e l não devia dizer naquele m o m e n t o t u d o sobre sua v i sita a Belém, visto que o rei Saul poderia matá-lo e t a m b é m aquele que seria ungido (no caso, Davi) e quem sabe até toda a família de seu pai, Jessé. A o dizer para os anciãos de Belém: " V i m para sacrificar ao Senhor", Samuel não estava m e n t i n d o , pois havia ido até Belém também para isso. Só que, naquele m o m e n t o , não devia revelar o objetivo m a i o r de sua visita, que era u n g i r u m novo rei. "Não era do interesse público que a unção de D a v i fosse conhecida naquele momento" (Ibid., p. 529). E m qualquer situação, e em especial as de risco, deve o cristão seguir o conselho de Cristo: "Eis que Eu vos envio c o m o ovelhas para o m e i o de lobos; sede, p o r t a n t o , p r u dentes como as serpentes e símplices como as pombas" ( M t 10:16). Imagine u m cristão c o m u m carregamento de Bíblias tentando entrar n u m país em que o cristianismo é proibido. A o ser perguntado p o r u m guarda da alfândega sobre o que está levando, seria prudente dar todos os detalhes do conteúdo das caixas, dizendo tratar-se de Bíblias, i n c l u i n d o o tipo de versão, se em brochura ou encadernadas, a cor, tamanho, etc, o u bastaria dizer que está levando livros? Agora, se lhe fosse perguntado se o que estava levando eram Bíblias, então deveria dizer que sim, que eram Bíblias. O u seja, não deveria dizer mais do que lhe fosse perguntado. Vivemos em dias de m u i t a falta de honestidade e veracidade. Deus espera que cada seguidor Seu diga sempre a verdade, mas c o m a prudência orientada pelo Espírito Santo. - Por Ozeas C. Moura, doutor em Teologia Bíblica eprofessor no Llnasp, campus de Engenheiro Coelho, SP. - E-mail: ozeasmoura@hotmail.com.br A
24387
RA/mai’11
O relato de Êxodo 4:24-26 é bastante estranho, pois, após Deus ter comissionado Moisés para libertar da escravidão os israelitas, esse mesmo Deus quis matá-lo no caminho de volta ao Egito. Como entender esse incidente? – O. C.
Designer
Editor Texto
C.Qualidade
Depto. Arte
Realmente, parece não ter sentido o fato de Deus chamar Moisés para uma missão e, logo em seguida, tentar matá-lo. Além disso, o relato pode dar a impressão de que Deus seria bastante instável emocionalmente, podendo agradar-Se de alguém e escolhê-lo para uma importante missão, para, em seguida, desgostar-Se do escolhido a ponto de querer matá-lo. Como, pois, entender o incidente ocorrido com Moisés naquela estalagem na rota Midiã-Egito? O contexto em que está inserido o verso 24 (que menciona o risco de morte corrido por Moisés nas mãos do Senhor) apresenta-nos cinco personagens: Jetro (sogro de Moisés), o Senhor (que havia ordenado a volta de Moisés ao Egito), Moisés (aquele que o Senhor quis matar), Zípora, esposa de Moisés (que, às pressas, circuncidou um filho), e o filho que foi circuncidado. Desses cinco, Zípora é o personagem-chave para a compreensão do relato da quase morte de Moisés. A Bíblia nos informa que Zípora, esposa de Moisés (Êx 2:21), era midianita (Nm 10:29) e, assim, descendente de Abraão. Ela fazia parte de uma família de oito irmãos (sete mulheres e um homem, cf. Êx 2:16; Nm 10:29). Seu pai chamava-se Jetro (Êx 3:1; 4:18), também chamado de “Reuel” (Êx 2:18; Nm 10:29 – talvez seu nome religioso, sacerdotal). Quando conheceu Moisés, Zípora trabalhava como pastora de ovelhas (Êx 2:16-20). Foi mãe de dois filhos, Gérson e Eliézer (Êx 18:3, 4). Em Êxodo 18:2 e 3, é dito que Moisés enviou Zípora e os dois filhos de volta a Jetro, o pai dela. Isso certamente ocorreu antes de chegarem ao Egito. Embora a Bíblia não seja explícita quanto aos motivos desse envio, o relato da circuncisão
Carlos Souza / Imagem: Shutterstock
Jupterimages
Por que Deus quis matar Moisés no caminho de volta ao Egito?
de um dos filhos, efetuada por ela, e as palavras “tu és para mim esposo sanguinário” (Êx 4:25) indicam que Zípora era muito sensível ao sofrimento. Daí Moisés enviá-la de volta ao pai, para que ela não presenciasse todas as pragas que se abateriam sobre o Egito, o que resultou em muita destruição, sofrimento e morte de pessoas e de animais. Ellen White diz que “Zípora era adoradora do verdadeiro Deus. Tinha disposição tímida, acanhada, e era gentil, afetuosa, e grandemente sensível à vista do sofrimento; e foi por esta razão que Moisés, quando a caminho para o Egito, consentiu que ela voltasse a Midiã. Ele quis poupar-lhe a dor de testemunhar os juízos que deveriam cair sobre os egípcios” (Patriarcas e Profetas, p. 383, 384). Temos agora os elementos que nos permitem entender a razão de Deus em querer matar Moisés naquela estalagem, no caminho para o Egito. Pela sensibilidade de Zípora ao sofrimento, Moisés não havia circuncidado seu segundo filho (Eliézer). Esse patriarca, em consideração aos sentimentos da esposa, passara por cima da clara ordem divina quanto à circuncisão: “[...] todo macho entre vós será circuncidado [...]; será isso por sinal de aliança entre Mim e vós. O que tem oito dias será circuncidado entre vós” (Gn 17:10, 11). Desatendendo ao mandado divino, Moisés incorria no desfavor de Deus e, assim, não podia contar com a bênção e a proteção divinas. Os detalhes que faltam ao relato bíblico são supridos por Ellen White: “Um anjo apareceu-lhe [a Moisés] de maneira ameaçadora, como se o fosse imediatamente destruir. [...] Moisés, porém, lembrou-se de que havia desatendido um dos mandos de Deus; cedendo à persuasão de sua esposa, negligenciara efetuar o rito da circuncisão em seu filho mais moço. Deixara de satisfazer a condição pela qual seu filho poderia ter direito às bênçãos do concerto de Deus com Israel. [...] Zípora, temendo que seu marido fosse morto, efetuou ela mesma o rito, e o anjo então permitiu a Moisés que prosseguisse com a jornada” (Ibid., p. 255, 256). As lições do relato da quase morte de Moisés são claras: (1) Deus espera que todos, incluindo os líderes, obedeçam ao que Ele ordenou; (2) as ordenanças divinas estão acima do gosto e sensibilidade pessoais – deve-se obedecer, porque Deus ordenou; (3) não há segurança para o transgressor. Os anjos não podem proteger os que transgridem conscientemente e propositalmente o que Deus ordenou (cf. Ibi‑ dem, p. 256). – Por Ozeas C. Moura, doutor em Teologia Bí‑ blica e professor no Unasp – Campus Engenheiro Coelho, SP. E‑mail: ozeas.moura@unasp.edu.br
Gostaria de entender Juízes 17:3: Como alguém faria um ídolo “para o Senhor”? Deus não havia proibido que se fizessem imagens? – O. C.
A história de Mica e da mãe dele, a qual fez duas imagens “para o Senhor”, se passou no tempo em que os israelitas eram governados por juízes, um período aproximado de 350 anos (1405-1050 a.C.). Aquele foi um tempo em que “não havia rei em Israel; cada um fazia o que achava mais reto” (Jz 17:6). Essa declaração, que aparece também no último verso do livro (21:25), ajuda a explicar a razão pela qual alguém faria ídolos “para o Senhor”, pensando com isso agradar a Deus. Passemos aos detalhes da história, mencionada em Juízes 17:1-6: Um homem chamado Mica morava na “região montanhosa de Efraim” e possivelmente fosse daquela tribo israelita. Ele havia roubado da mãe dele “mil e cem siclos de prata” (cerca de 13 quilos). Pela quantidade de prata, percebe-se que aquele era um lar abastado. O pai do efraimita não é mencionado, talvez porque já houvesse falecido. A mãe de Mica lançou várias maldições contra o ladrão. Tais maldições eram levadas a sério naqueles tempos, sendo muito temidas. Esse deve ter sido o motivo pelo qual Mica devolveu à mãe o dinheiro roubado. Chama nossa atenção o fato de que a mãe de Mica não ficou surpresa quando descobriu que seu próprio filho era o ladrão. Será que foi porque ela conhecia o caráter desonesto do filho? Em vez de demonstrar surpresa, ela proferiu uma bênção sobre ele: “Bendito do Senhor seja meu filho” (17:2). E, em gratidão ao Senhor, prometeu-Lhe fazer duas imagens – uma de escultura e outra de fundição. Do total devolvido, duzentos siclos (cerca de 2,5 quilos) foram gastos na confecção dessas imagens. Assim, Mica passou a ter “uma casa de deuses”, chegando mesmo a consagrar como sacerdote um de seus filhos (mesmo que este não fosse levita nem da família de Arão). Mais tarde, e como meio de acalmar um pouco a consciência culpada, ele pôs um levita apostatado como sacerdote de sua casa de deuses (Jz 17:7-13).
Visite nossa loja em sua cidade MOEMA Av. Juriti, 573 – Moema São Paulo, SP – Fone: (11) 5051-1544 E-mail: moema@cpb.com.br
UNASP/EC Rod. SP 332, km 160 – Fazenda Lagoa Bonita – Engenheiro Coelho, SP Fone: (19) 3858-1398 E-mail: unasp@cpb.com.br
PRAÇA DA SÉ Praça da Sé, 28 – A1 – Sala 13 TATUÍ São Paulo, SP – Fone: (11) 3106-2659 Rod. SP 127, km 106 – Guardinhas E-mail: se@cpb.com.br Tatuí, SP – Fone: (15) 3205-8910 E-mail: vendas@cpb.com.br VILA MATILDE CURITIBA R. Gil de Oliveira, 153 São Paulo, SP – Fone: (11) 2289-2111 R. Visconde do Rio Branco, 1.335 Loja 1 – Centro – Curitiba, PR E-mail: vila.matilde@cpb.com.br Fone: (41) 3323-9023 E-mail: curitiba@cpb.com.br
CAMPO GRANDE R. Quinze de Novembro, 575 Salas 2 e 3 – Centro Fone: (67) 3321-9463 E-mail: campo.grande@cpb.com.br
FORTALEZA R. Pedro I, 1.120 – Centro Fortaleza, CE – Fone: (85) 3252-5779 E-mail: fortaleza@cpb.com.br
RECIFE R. Gervásio Pires, 631 – Santo Amaro Recife, PE – Fone: (81) 3031-9941 E-mail: recife@cpb.com.br
GOIÂNIA Av. Goiás, 1.013 – Loja 1 – Centro Goiânia, GO – Fone: (62) 3229-3830 E-mail: goiania@cpb.com.br
RIO DE JANEIRO R. Conde de Bonfim, 80 – Loja A Tijuca – Rio de Janeiro, RJ Fone: (21) 3872-7375 E-mail: rio@cpb.com.br
BRASÍLIA SD/Sul – Bloco Q, Loja 54 – Térreo Edifício Venâncio IV – Asa Sul Brasília, DF – Fone: (61) 3321-2021 E-mail: brasilia@cpb.com.br
SALVADOR Av. Joana Angélica, 747 – Sala 401 Nazaré – Salvador, BA Revista Adventista Fone: (71) 3322-0543 E-mail: salvador@cpb.com.br
I maio • 2012
Douglas Assunção / Imagem: Divulgação
Jupterimages
A (má) influência da mãe de Mica
Mas a história de Mica e seus deuses não ficou restrita somente a ele e à sua família. Seus deuses foram roubados pela tribo de Dã (conforme Juízes 18:14-31), os quais foram adorados até o tempo em que os danitas foram levados cativos. O que havia começado com uma história de roubo e maldições terminou com a idolatria de toda uma tribo e seu cativeiro. A verdade é que, uma vez postos os pés no pecado, não se sabe até aonde alguém irá, nem a que profundeza de degradação chegará. Essa história de roubo, maldições e idolatria chama nossa atenção para a mãe de Mica, da qual não sabemos o nome. Ela parece ter sido abastada e soube administrar o dinheiro herdado do marido. Nem toda família tinha mil e cem barras de prata, cada uma pesando cerca de 12 gramas, num total de cerca de 13 quilos. Era uma boa quantia para aquele tempo. Basta lembrar que um escravo era vendido por 20 dessas barras de prata, como foi o caso de José (Gn 37:28). Admitamos, a mãe de Mica tinha muitas virtudes: era econômica, boa administradora e, na ausência do marido, cuidou bem da casa e criou o filho Mica (não sabemos se ela teve outros filhos). Com o dinheiro herdado e poupado, ela e sua família tinham o suficiente para viver com dignidade. Mas, embora tivesse virtudes admiráveis, a mãe de Mica tinha um sério problema espiritual: seu critério para o certo e errado era ela mesma, suas próprias ideias, e não a vontade de Deus. Ela era uma daquelas pessoas de seus dias que faziam o que lhes parecia mais reto (Jz 17:6). Quando fazemos de nossas ideias o critério para determinar se algo é certo ou errado, geralmente escolhemos e agimos mal, como foi o caso dessa senhora e de seu filho ladrão e idólatra. Nessa história relatada em Juízes, vários mandamentos foram quebrados: o quinto, que manda honrar pai e mãe; o oitavo, que proíbe o roubo; o primeiro e o segundo, que proíbem ter outros deuses além do Deus verdadeiro e ordenam que não seja feita representação dEle, visto que qualquer representação seria insuficiente para mostrar Sua grandeza e demonstrar Seu santo caráter. Em conclusão, gostaria de mencionar às mães (e aos pais também) a sábia advertência de outra mãe, Ellen G. White: “Se a Palavra de Deus fosse cuidadosamente estudada e fielmente obedecida, haveria menos angústia de alma pela conduta perversa de filhos ímpios” (O Lar Adventista, p. 306). – Por Ozeas C. Moura, doutor em Teologia Bíblica e coordenador do curso de Teologia do Unasp – Campus Engenheiro Coelho, SP. E-mail: ozeas.moura@unasp.edu.br
17
Jupterimages
Tal filha tal mãe
O capítulo 5 de 2 Reis apresenta um interessante relato de uma jovenzinha cativa, cuja influência contribuiu para a cura e conversão de seu patrão, Naamã. Por que a Bíblia não menciona o nome dela nem dá detalhes de seus familiares? Não seria isso preconceito contra ela pelo fato de, como mulher, ter sido a protagonista da história? – A. L.
A história da menina cativa no lar do siro Naamã é realmente interessante e comovente. Mesmo tendo acontecido por volta de 2.800 anos atrás (talvez nos dias do reinado de Jorão, isto é, de 852 a 841 a.C.), esse relato ainda mexe com nossos sentimentos. Como pode alguém que viveu como escrava, longe do lar e dos amigos ter demonstrado tanto altruísmo e empatia para com seu captor, o general siro Naamã? Analisemos a questão do alegado preconceito da Bíblia para com as mulheres. Deve-se entender que preconceito é quando se tem possibilidades iguais tanto para homens quanto para mulheres e se privilegia os homens. Mas tal não era o caso nos tempos bíblicos. Vivia-se numa sociedade patriarcal, em que a ênfase era mesmo nos homens e na atuação deles na sociedade. Isso não é preconceito, mas fruto da sociedade na qual a Bíblia foi escrita. Fosse a Bíblia escrita hoje, veríamos, com certeza, mais destaque dos escritores para com os feitos das mulheres. Mas voltemos ao caso da menina levada pelos siros para ser escrava no lar do general Naamã, o qual tinha uma doença de pele chamada “lepra”. Todavia, pode ser que não se tratasse de hanseníase, visto que esse oficial parecia conviver com seus familiares. Na Bíblia, até o mofo em uma roupa ou na parede de uma casa era chamado “lepra” (Lv 13:47 e 14:33-57). Infelizmente, não sabemos o nome dessa menina, nem o nome da mãe ou o do pai dela. Tentei suprir essa falta, dando-lhe o nome de “Naará”, pois essa é a palavra hebraica para designá-la. Entre seus diversos significados, o vocábulo “Naará” significa “menina”, “jovenzinha”. Porém, mesmo com a falta de mais informações sobre ela, pode-se perceber que ela teve um bom lar. Nesse lar, a mãe dela deve ter sido mulher de princípios, mulher alegre, trabalhadeira, altruísta e confiante em Javé – o Deus verdadeiro. E essas virtudes podem ser vistas em Naará, a filha dela, a qual, mesmo vivendo na condição de escrava em um país estrangeiro, não se deixou abater nem vencer pelas adversidades. Vejamos como essas virtudes transmitidas pela mãe e pelos outros familiares, cultivadas no ambiente do lar, aparecem no relato da cura de seu captor e patrão, Naamã: 1. Através de seu bom serviço e jeito cativante de ser, despertou a confiança e a simpatia da mulher de Naamã, a ponto de tê-la como confidente. Ela falava com sua senhora de um
modo muito informal e espontâneo (2Rs 5:2, 3), bem diferente do relacionamento entre dona e escrava; 2. Apesar de suas vicissitudes como escrava, ela não se tornou amarga nem vingativa em relação aos que lhe haviam feito o mal. Ao ver seu senhor doente, preocupou-se com ele e desejou que ele fosse curado, quando o normal seria desejar que ele morresse, visto todo o infortúnio que este lhe havia causado, capturando-a e tirando-a do meio da família e de seus amiguinhos. Ela foi extremamente altruísta, mesmo para quem não merecia (5:3); 3. Embora fosse escrava e vivesse em um país idólatra, Naará não perdeu a fé em Deus. Ela acreditava que Ele poderia curar seu patrão por meio do profeta Eliseu. Essa fé é demonstrada por seu desejo, expresso em palavras: “Tomara o meu senhor estivesse diante do profeta que está em Samaria; ele o restauraria da sua lepra” (5:3). A crença na atuação do profeta Eliseu reflete a fé que essa menina depositava em Javé, Deus de Eliseu e dela também. A fé desenvolvida no ambiente de seu lar manteve-se intacta em um lar estrangeiro. Com certeza, Naará deve ter ouvido instruções da mãe, que poderiam ser traduzidas em dois ditados: (1) Floresça onde for plantada! e (2) Se a vida lhe der um limão, faça dele uma limonada! E foi exatamente isso que essa jovenzinha fez. Em vez de reclamar de sua situação e fazer as coisas de má vontade, atuou com tal presteza e boa vontade que se tornou um raio de sol a todos à sua volta. E, com o limão da escravidão que lhe deram, fez dele uma doce e refrescante limonada, abençoando quem lhe cruzasse o caminho. Posso imaginar o encontro de Naará com sua família na Nova Terra (se é que seu dono, Naamã, não a mandou de volta para a casa dos pais depois que ele foi miraculosamente curado de sua doença). Depois de abraçada pelos familiares, eis que ela, apontando um homem de aparência ilustre, acompanhado da esposa e filhos, dirá aos familiares dela: “Quero lhes apresentar o general Naamã, meu patrão, e a família dele. Eles se converteram ao Deus verdadeiro e é por isso que também estão aqui!” Com certeza, seus familiares vão querer saber mais detalhes de como o testemunho da filha foi decisivo para a conversão do general siro e também da família dele. Valeu, Naará! Seu exemplo de altruísmo e fé em Deus ainda hoje nos inspira. Mas não nos esqueçamos de dar os devidos créditos à mãe (e aos outros familiares dela) por ter dado à filha tão elevada instrução e passado a ela tão significativos valores. – Por Ozeas C. Moura, doutor em Teologia Bíblica e professor no Unasp-EC. E-mail: ozeas.moura@ unasp.edu.br Revista Adventista I maio • 2013
19
Pergunta Dúvidas
sobre
o caráter de
Deus
Muitas religiões falam de Deus. Qual delas me levaria ao Paraíso? A Bíblia fala que, no juízo final, a pessoa cujo nome não estiver escrito no livro da vida será lançada no lago de fogo, e que seu nome somente é escrito no livro após o batismo. Pois bem, suponhamos que um índio, mesmo antes do nascimento de Jesus, estivesse vivendo em paz no mais profundo recanto de uma floresta. Ele foi um bom índio, nunca roubou nem matou. Ele envelhece e morre sem nunca ter ouvido falar em Jesus, mas, segundo a lei do seu Deus, ele deve sofrer o tormento eterno. Pergunto: Isso é ato de um Deus justo? - M.
blica) nos ajuda a manter essa relação com a única fonte e caminho da salvação, Jesus Cristo. "Diariamente perseveravam unânimes no templo, partiam pão de casa em casa e tomavam as suas refeições com alegria e singeleza de coração, louvando a Deus e contando com a simpatia de todo o povo. Enquanto isso, acrescentava-lhes [à igreja] o Senhor, dia a dia os que iam sendo salvos" (Atos 2:46 e 47).
2. Defato, a Bíblia diz que no juízo final o nome que não estiver escrito no livro da vida será lançado no lago de fogo, mas o restante de sua pergunta não está bem de
acordo com as Escrituras. Note o que diz o apóstolo Paulo, em Romanos 2:11 e 12: "Porque para com Deus não há acepção de pessoas. Assim, pois, todos os que pecaram sem lei também sem lei perecerão; e todos os que com lei pecaram mediante lei serão julgados." Jesus também disse que "a quem muito foi dado, muito lhe será exigido; e àquele a quem muito se confia, muito mais lhe pedirão" (Luc. 12:48). Portanto, cada um será julgado pelo nível de verdade que lhe foi revelado (o que não quer dizer que podemos rejeitar deliberaPrezado M., suas perguntas são muito pertinentes e damente a verdade, uma vez que tenhamos a chance é bom ver que você busca respostas, já que há tantos de conhecê-la). A Bíblia diz que Deus é justo e julgará que, embora se digam sem religião ou ateus, não se distudo com justiça; por isso, não precisamos temer o juípõem a conhecer o "outro lado da moeda" a fim de dezo. Um bonito exemplo de salvação pela graça é o do cidir o melhor paradigma para sua vida. Vamos às suas "bom" ladrão. Lucas 23:39-43 menciona os dois laperguntas: i . Que religião nos levará ao Paraíso? Num primei- drões que foram crucificados ao lado de Jesus. Um deles se converteu ali e foi perdoado pelo Mestre, recero momento, eu diria que nenhuma. Explico: Jesus bendo a garantia da vida eterna. Ele foi batizado? Praafirmou que Ele é o "caminho, e a verdade, e a vida; ticou alguma boa obra depois? Evidentemente, não, ninguém vem ao Pai senão por Mim" (João 14:6); pois morreu na cruz. Logo, não é o batismo ou a práti"Quem crê em Mim tem a vida eterna" (João 6:47); e "a ca de boas obras que nos garantem a salvação. Novavida eterna é esta: que Te conheçam a Ti, o único Deus mente fica claro que ela é um dom de Deus. Se o laverdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste" (João drão convertido tivesse tido a chance de descer da 17:3). Portanto, o único meio de salvação, segundo a cruz, teria começado nova vida e teria sido batizado, já Bíblia, é Jesus Cristo. Isso porque, sendo Deus, Se fez que o batismo cristão é o símbolo da união com Crishomem (eis outro assunto digno de profundo estudo) to e da vida nova pela fé. e levou sobre Si nossos pecados, assumindo a conseqüência da má escolha da humanidade (Adão e Eva) Assim, se o índio bom, lá na selva, praticou a justiça a morte, ou separação de Deus. É claro que ainda morconforme a aprendeu, Deus saberá como julgá-lo. É inremos, mas graças a Jesus temos a garantia da vida teressante que Zacarias 13:6 dá a entender que haverá eterna em Sua segunda vinda, e isso não depende nepessoas no Céu que não terão ouvido falar do sacrifício cessariamente de estarmos vinculados a essa ou àquede Jesus aqui, mas terão sido salvas por Ele: "Se alguém la igreja. A igreja foi estabelecida por Deus como uma Lhe disser: Que feridas são essas nas Tuas mãos?, resespécie de "hospital" para ajudar a curar feridas e susponderá Ele: São as feridas com que fui ferido na casa tentar os cansados. Na igreja, nossa fé é fortalecida dos Meus amigos." pelo contato com Deus e com os irmãos. Se a vida Às vezes, atribuímos a Deus características e ações eterna consiste em conhecer a Deus, a igreja deve proque mesmo nós, seres humanos com tendência ao ver esse conhecimento também. mal, jamais faríamos, como condenar alguém que igA palavra "religião" (religio) também significa "reli- nora os fatos sobre Deus. João diz que "Deus é amor" gar" ou seja, religar a humanidade caída a Deus, ajudan- (I João 4:8). E essa revelação deve nortear sempre nossos pensamentos e conclusões sobre o Pai celesdo a manter a relação Criador/criatura. Entendo, portial. - Michelson Borges, editor associado da Revista tanto, que ter uma religião (a bíblica) é um privilégio Adventista. A. que nos é concedido por Deus, já que ela (a religião bíRevista Adventista I JULHO -;
17
Pergunta
A lei em Gálatas
Gostaria de entender Gálatas 3:10. - R. S.
Gálatas 3:10 diz: "Todos quantos, pois, são das obras da lei estão debaixo de maldição; porque está escrito: Maldito todo aquele que não permanece em todas as coisas escritas no Livro da lei, para praticá-las." De início, analisemos as duas frases-chave do texto: "obras da lei" e "sob maldição": "Obras da l e i " : Obras é tradução do vocábulo grego érgon, e significa: negócio, serviço, ato, ação, algo feito. Lei, do grego nomos, significa: costume, lei, preceito, leis mosaicas, o Pentateuco e os livros do Antigo Testamento. A 'lei' era o título que geralmente aplicavam os judeus dos dias do Novo Testamento aos escritos de Moisés (ver Lc 24:44). Essa referência talvez seja ao l i vro do Deuteronômio em particular, que, às vezes, era chamado de 'livro da lei"' {Comentário Bíblico Adventista dei Séptimo Dia, Vol. 6, pág. 953). "Sob maldição": O contrário de Gálatas 3:9, onde "os da fé" é que "são abençoados" Aqueles que dependem das obras da lei não podem compartilhar a bênção, porque eles estão sob a maldição do que 'está escrito.' PERFEITA obediência é requerida pelas palavras: 'em todas as coisas! e CONTÍNUA obediência, pela palavra 'permanece! H o m e m nenhum pode prestar essa obediência (Rm 3:19, 20). (Comentário de Jamieson, Fausset e Brown). A palavra "maldição" em Gálatas 3:10, é katára, e significa: "execração", "imprecação" "maldição'! A citação de Deuteronômio 27:26, que aparece em Gálatas 3:10 é tirada da Septuaginta ou L X X (Paulo mudou somente o vocábulo "palavras" - lógois, da LXX, para "[coisas] escritas" -gegramménois). Ao citar Deuteronômio 27:26, Paulo tinha em mente as maldições pronunciadas no Monte Ebal (Dt 27:15-26 e 28:15-68). Os judeus tentaram escapar a essas maldições esforçando-se para observar cada detalhe das leis que receberam (moral, cerimonial e civil - esta última não é fator de discussão aqui, em Gálatas 3:10). Mas, na melhor das hipóteses, conseguiam somente uma justiça legal, não a verdadeira justificação diante de Deus, que é alcançada somente pela fé nos méritos de Cristo (Gl 2:16). Gálatas 3:10 deve ser analisado no contexto geral da Epístola aos Gálatas, que trata da luta de Paulo contra os chamados "judaizantes'! Estes eram judeus-cristãos que pregavam a guarda da Lei, incluindo a Cerimonial, e também a prática da Circuncisão (ver Gl 5:2, 3, 6,11; 6:12,13,15), como necessárias à justificação diante de Deus. Paulo se refere a eles como "falsos irmãos" (2:4), pois pregavam o evangelho além do que Paulo já havia
pregado (1:8,9). Enquanto Paulo ensinava que a justificação e salvação são pela graça de Cristo (1:6), mediante a fé (2:16) - fé que leva à prática dos mandamentos: Gl 5:19-21 e 24 - , esses judaizantes enfatizavam a justificação pela prática de normas e costumes. É nesse contexto que Gálatas 3:10 deve ser entendido. Paulo está falando aí que, se alguém pretende ser justo e merecedor do Céu pelas "obras da lei" está "debaixo de maldição" porque todos pecam, pois a vontade de fazer o bem encontra "outra lei" que impele a pessoa a fazer o mal (Rm 7:22 e 23), chamada de "lei do pecado" (Rm 7:23 e 25). É verdade que Paulo, ao falar da Lei, afirmou que "Qualquer que observar os seus preceitos por eles viverá" (Gl 3:12). Acontece que, sem a graça de Cristo, ninguém consegue isso. Quando alguém peca está "debaixo da maldição" ou "condenação da Lei" Esse é seu papel: condenar, apontando os pecados (Rm 3:19 e 20). E, ao se sentir condenado, deve o pecador ir a Cristo, que perdoa, justifica e dá poder para obedecer a Lei, por amor (ver Jo 14:15). Os judeus não compreenderam o papel da Lei. Primeiro, achavam que podiam guardá-la por seus próprios esforços. Segundo, pensavam que, por guardá-la, teriam méritos para a salvação. A Lei mostrava o ideal de Deus para a conduta humana. Mas entre esse ideal divino e nossa pecaminosidade está u m grande abismo, só transposto pela graça de Deus, que nos habilita a obedecer por amor ("O amor de Cristo nos constrange'! 2Co 5:14). É verdade que é "maldito todo aquele não permanece em todas as coisas escritas no Livro da Lei, para praticá-las" Nesse sentido, todos são "malditos" pois todos pecam ("Não há justo, nem um sequer" Rm 3:10). Mas aí entra Deus que, através do sacrifício e justiça de Cristo, "nos resgata da maldição [condenação] da lei" (Gl 3:13) e nos concede poder para obedecê-la, por amor. Devese lembrar ainda que se a justificação fosse "por obras da lei" jamais a alcançaríamos, pois mesmo nossas boas obras são imperfeitas, visto que são praticadas por pessoas imperfeitas. Se nossa "justiça" é comparada a "trapo da imundícia" (Is 64:6), imagine a nossa "injustiça"! Mas, graças a Deus por Cristo Jesus, que "Se tornou justiça pornós" (ICo l:30).Ecomo somos aceitos e justificados pelos méritos de Cristo, e não pelos nossos, podemos confiantemente exclamar: Agora, pois, já nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus" (Rm 8:1). - Por Ozeas Caldas Moura, editor na Casa Publicadora Brasileira. A Revista Adventista I JUNHO-2007
17
Pergunta O Armagedom e o secamento do Rio Eufrates Gostaria de saber o que é o Armagedom e em que consiste o secamento do rio Eufrates (Ap 16:12-16). As guerras no Oriente têm que ver com o cumprimento das profecias? - V. R. T. A palavra Armagedom vem de duas outras palavras hebraicas: AR = monte, montanha, e MEGIDO = cidade localizada perto dos vales de Sarom e Jezreel, onde se cruzavam duas importantes rotas comerciais. A cidade foi fortificada por Salomão (lRs 9:15) e se tornou cenário de grandes batalhas (Jz 5:19-21; 2Rs 23:29). Etimologicamente, Armagedom significa "Monte de Megido" Como no Armagedom ocorreram grandes batalhas, esse lugar passou a figurar nas profecias como o lugar da batalha final entre Deus e Seu povo, de um lado, e Satanás e os ímpios, do outro. A batalha ocorrerá quando as forças do mal tentarem acabar com o povo de Deus, mas Ele os protegerá. Isso ocorrerá pouco antes da segunda vinda de Cristo. A sexta praga tem que ver com a preparação das nações para o Armagedom, e a sétima com a batalha propriamente dita (ver Ap 16:12-21). O secamento do rio Eufrates está diretamente relacionado com essa batalha final entre as forças do bem e do mal. Alguns de nossos pioneiros pensavam que o secamento desse rio seria o desaparecimento da Turquia (país
onde o rio Eufrates se forma pela junção de dois outros: o Kara (Eufrates Ocidental), que nasce nas montanhas orientais da Turquia, e o Murat (Eufrates Oriental), que se origina no lago Van). Pensavam que o Eufrates secaria para dar passagem às tropas em guerra, numa batalha física entre nações inimigas. Mas, como o Apocalipse é um livro bastante simbólico, o "secamento do Eufrates" e a "guerra" ou batalha final (o Armagedom) também devem ser simbólicos. Assim sendo, essa guerra final será uma batalha espiritual entre a verdade e o erro. O secamento das águas do Eufrates será, então, a retirada do apoio humano à Babilônia simbólica (poderes religiosos, que antes estavam coligados e unidos contra a verdade e o povo de Deus). Essa idéia tem apoio em Apocalipse 17:1-3,15, onde "águas" representam povos e nações. Comentando sobre o Armagedom, diz Eilen G. White: "Todo o mundo estará em um ou no outro lado da questão. Será travada a batalha do Armagedom. E nesse dia nenhum de nós deverá estar dormindo. Precisamos estar bem despertos, como as virgens prudentes, tendo azeite em nossas vasilhas com nossas lâmpadas. O poder do Espírito Santo deve estar sobre nós, e o Capitão do exército do Senhor estará à frente dos anjos para dirigir a batalha.... Precisamos estudar o derramamento da sétima taça (Ap 16:17-21). Os poderes do mal não capitularão no conflito sem uma luta. Mas a Providência Divina tem uma parte a desempenhar na batalha do Armagedom. Quando a Terra for iluminada com a glória do anjo de Apocalipse 18, os elementos religiosos, bons e maus, despertarão do sono, e os exércitos do Deus vivo pôr-se-ão em campo. Em breve será travada a batalha do Armagedom. Aquele em cuja vestimenta está escrito o nome: Rei dos reis e Senhor dos senhores, conduz os exércitos do Céu montados em cavalos brancos e vestidos de linho fino, branco e puro [Ap 19:1116]" (Eilen G. White, Eventos Finais, p. 250, 251). Seriam as guerras no Oriente Médio o cumprimento das profecias? Não vemos base bíblica para se afirmar que as guerras que ocorreram ou ocorrem no Oriente Médio sejam o cumprimento direto ^ das profecias. No máximo, a elas podem-se aplicar as palavras de Jesus de que, antes do ^ fim, "haveria guerras e rumores de guerras" (Mt 24:6 e Mc 13:7). Mas, atualmente, essas palavras podem ser aplicadas a qualquer guerra, em qualquer parte do mundo. Ozeas C. Moura, editor na Casa Publicadora Brasileira. E-mail: ozeas. moura@cpb.com.br A
Pergunta Abraão e a cidade 'Inexistente" Ao ler Gênesis 14:14, fiquei com uma dúvida: Como poderia Abraão ter perseguido até a cidade de Dã os quatro reis que invadiram a terra de Canaã, quando ainda não havia cidade com esse nome no tempo desse patriarca?-O.C. Os copistas dos livros da Bíblia tinham o costume de "atualizar" ou "modernizar" nomes de localidades quando isso se fazia necessário. Não faziam isso com o fim de adulterar a Palavra de Deus, mas, sim, para melhor compreensão dos leitores. O entendimento dessa prática ajuda a esclarecer a questão da menção à cidade de Dã, no tempo de Abraão (nascido em aproximadamente 1950 a.C., conforme SDABC, v. 8, p. 9), quando ainda não havia cidade com esse nome. Como nos informa o relato bíblico, só houve uma cidade com o nome de Dã quando os descendentes desse bisneto de Abraão conquistaram determinada cidade ao norte da Palestina, por volta de 1405 a.C. Vejamos, a seguir, alguns exemplos de atualização de nomes de lugares mencionados pela Bíblia, geralmente introduzidos pelas expressões "esta é" ou "que é": 1. "Fizeram guerra contra [...] o rei de Bela (esta é Zoar)" (Gn 14:2). 2. "... morreu [Sara] emQuiriate-Arba, que é Hebrom..." (Gn 23:2). 3. "Seguia o limite... e terminava em Quiriate-Baal (que é Quiriate-learim) (Is 18:14). 4. "Então, José estabeleceu a seu pai e a seus irmãos e lhes deu possessão na terra do Egito, no melhor da terra, na terra de Ramessés" (Gn 47:11). O nome "Ramessés" aparece ainda em Êxodo 1:11; 12:37 e Números 33:3. Nesse mesmo capítulo de Gênesis 47, é mencionado o nome antigo do lugar dado aos israelitas para morar: trata-se da "terra de Gósen" (ver Gn 47:1,4,6,27). "Gósen" aparece ainda em Gênesis 46:28, 29,34 e Êxodo 9:26. Muitos, por desconhecerem a prática da "atualização" de nomes feita pelos copistas bíblicos, chegam a afirmar que a Bíblia data o Êxodo do tempo do faraó Ramsés I I (1299-1232 a.C), somente por causa da menção ao nome "Ramessés", em Êxodo 1:11, onde se diz que "os israelitas edificaram a Faraó as cidades-celeiros, Pitom e Ramessés". Mas, de acordo com a informação bíblica de 1 Reis 6:1, o Êxodo pode ser datado por volta de 1445 a.C, no tempo do faraó Amenotepe I I (1450-1425 a.C). A verdade é que o faraó Ramsés II tinha o costume de atribuir a si feitos de faraós anteriores. Assim, muito tempo depois da expulsão dos invasores Hicsos, esse faraó au-
mentou e embelezou a antiga capital daqueles invasores, chamada Tânis (a bíblica Zoã, cf. N m 13:22), e deu seu próprio nome a ela (SDABC, v. 1, p. 497,498). Os exemplos de atualização mencionados são suficientes para se ver que o mesmo processo aconteceu ao texto de Gênesis 14:14: "Ouvindo Abrão que seu sobrinho estava preso, fez sair trezentos e dezoito homens dos mais capazes, nascidos em sua casa, e os perseguiu até Dã." Sabemos, pela Bíblia, que, no tempo de Abraão, a cidade de Dã era chamada de "Laís" (Jz 18:27-29) ou "Lesem" (Is 19:47). Então, como a cidade de Laís/Lesém passou a se chamar Dã? Isso ocorreu quando a tribo de Dã tomou essa cidade, após os israelitas terem invadido a Palestina, por volta de 1405 a.C. É isso o que nos diz o relato bíblico: "Saiu, porém, pequeno o limite aos filhos de Dã, pelo que subiram os filhos de Dã, e pelejaram contra Lesem, e a tomaram, e a feriram ao fio de espada; e, tendo-a possuído, habitaram nela e lhe chamaram Dã, segundo o nome de Dã, seu pai" (Is 19:47);"... e chegaram a Laís, a um povo em paz e confiado, e os feriram a fio de espada, e queimaram a cidade. [...] Reedificaram a cidade, habitaram nela e lhe chamaram Dã, segundo o nome de Dã, seu pai, que nascera a Israel; porém, outrora, o nome desta cidade era Laís" (Jz 18:27-29). Assim, fica óbvia a atualização da cidade que, no tempo de Abraão, se chamava Laís ou Lesem, para Dã, nome pelo qual ficou conhecida após sua conquista pela tribo de Dã, mais de 400 anos depois do tempo de Abraão. Assim, é verdadeira a informação de que esse patriarca perseguiu os reis até "Dã", nome como era conhecida nos dias do copista bíblico, mas conhecida por Abraão como Laís ou Lesem. Devemos dar graças a Deus porque, além de inspirar os escritores bíblicos ao escreverem a Bíblia, Ele também velou para que Sua Palavra escrita fosse preservada sem adulteração. Alguma "atualização" que se fez necessária a algum nome antigo não prejudica o relato bíblico, antes ajuda os leitores a compreendê-lo ainda melhor. - Por Ozeas C. Moura, doutorem Teologia Bíblica e editor na Casa Publicadora Brasileira. E-mail: ozeas.moura@cpb.com.br A
B O A
Pergunta Teria sido Jesus desrespeitoso para com Sua família? Como entender a expressão "Quem é minha mãe e meus irmãos?", em Marcos 3:33? Teria Jesus faltado com o respeito para com seus familiares? -1. A. Antes de olharmos onde o verso 33 de Marcos 3 está inserido, devemos nos lembrar de que foi Cristo mesmo quem deu a Moisés o mandamento "Honra teu pai e tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na terra que o Senhor, teu Deus, te dá" (Êx 20:12). Ao Se encarnar, teria Ele agido contra Suas próprias palavras ditas a Moisés? Não foi Ele quem desafiou os líderes religiosos de Seus dias com a incisiva pergunta: "Quem dentre vós Me convence de pecado?" (Jo 8:46). A conclusão é óbvia: Se ninguém poderia convencê-Lo de pecado, então Ele guardava todos os dez mandamentos, incluindo aquele que ordena honrar pai e mãe (e, por extensão, toda a família). Vamos, então, ao texto de Marcos 3:33, começando com o verso 31: "Nisto chegaram Sua mãe e Seus irmãos e, tendo ficado do lado de fora, mandaram chamá-Lo. Muita gente estava assentada ao redor dEle e Lhe disseram: Olha, Tua mãe, Teus irmãos e irmãs estão lá fora à Tua procura. Então, Ele lhes respondeu, dizendo: Quem é Minha mãe e Meus irmãos? E, correndo o olhar pelos que estavam assentados ao redor, disse: Eis Minha mãe e Meus irmãos. Portanto, quem quiser fazer a vontade de Deus, esse é Meu irmão, irmã e mãe" (Mc 3:31-35). Alguns fatos chamam a atenção no texto acima: (1) Jesus estava ocupado com a obra da pregação do Reino de Deus; (2) havia muitas pessoas ouvindo-O; e (3) o fato de não terem entrado para ouvir denota que esses parentes de Jesus não criam nEle como o enviado de Deus (à exceção de Maria, Sua mãe; mas mesmo esta não entendia bem a missão de seu Filho). João 7:3-6 declara a franca hostilidade dos irmãos de Jesus em relação a Sua pessoa. A declaração feita por eles de que Jesus estava "fora de si" (Mc 3:21), isto é, demente, louco, só é excedida pela afirmação dos escribas de que Jesus estava possesso por Belzebu (Mc 3:22). Tais irmãos só se converteriam após a ressurreição de Cristo (ver
AtbtrieR- Tmim
o SÁBADO c a s a
na B Í B L I A Porque Dtuifaz questão iíe um
Para adquirir, ligue 0800-9790606, acesse www.cpb.com.br ou dirija-se a urna das lojas da CPB ou SELS.
o
O
Atos 1:14). Esses parentes estavam ali apenas preocupados quanto ao bem-estar físico de Jesus, ou com a reputação deles, visto que as obras desse irmão motivaram os escribas a declarar que Ele estava possesso pelo demônio (ver Mc 3:22). Possivelmente a chave para se entender Marcos 3:33 esteja nos versos 20-22 deste mesmo capítulo. A l i é dito: "Então, Ele foi para casa. Não obstante, a multidão afluiu de novo, de tal modo que nem podiam comer. E quando os parentes de Jesus ouviram isso, saíram para O prender; porque diziam: Está fora de si." Percebe a intenção desses parentes de Jesus? Eles não foram lá para ouvir as verdades que saíam de Seus lábios, mas "para O prender". E se Jesus Se deixasse prender, o que teria acontecido à Sua missão de pregar o evangelho? Percebe-se claramente que esses parentes iriam estorvar o trabalho de Jesus, caso Ele não tivesse agido com a firmeza necessária àquele momento de Seu ministério. A maneira de Jesus tratar seus parentes, nessa ocasião, não mostra desrespeito, mas firmeza. Ele deixou claro que "qualquer que fizer a vontade de Deus" esse é Seu irmão, irmã e mãe (verso 35). Essas palavras mostram que "a chegada do reino de Deus muda os relacionamentos humanos. Os que se opõem ao seu progresso - quer sejam mães ou irmãos - devem ser deixados; os que estão no reino se tornam nossos amigos mais íntimos, mais próximos e mais queridos que quaisquer outros" (Bíblia de Genebra, p. 1152, comentando Marcos 3:35). Que os parentes de Jesus não tomaram como desrespeito Sua declaração, contida em Marcos 3:33-35, de que Seus verdadeiros parentes são aqueles que fazem a vontade de Deus, é visto no fato de que esses irmãos, mais tarde, O aceitaram como o Messias, enviado de Deus. Dois deles, Tiago e Judas se tornaram pessoas de destaque na igreja cristã: Tiago, além de escrever a epístola que leva seu nome (ver Tg 1:1), foi o presidente no Concílio de Jerusalém, que debateu o assunto da circuncisão (ver At 15:13-21), e Judas também escreveu uma epístola, a de Judas (ver Jd 1). E Maria, com esses irmãos, agora convertidos, é mencionada entre os seguidores de Jesus que se reuniram no cenáculo (ver At 1:14). Jesus foi e continua sendo nosso modelo de cortesia para com todos, especialmente para com os que estão mais próximos de nós, os nossos familiares. Mas também é exemplo no fato de não deixar que nada se interponha entre o crente e Deus, nem mesmo mãe ou irmãos. Deus nos dê a graça de ter esse equilíbrio tão necessário a uma vida cristã saudável. - Por Ozeas C. Moura, doutor em Teologia Bíblica eprofessor no Llnasp, campus de Engenheiro Coelho, SP. - E-mail: ozeas.moura@unasp.edu.brA.
o SÁBADO NA BÍBLIA (^_Por
que
Deus
faz
questão
âe um
dia_
relacioaseavamília. rmeada uvintes, er a aties. ent, soato: “O precondy. Mas, Ele pasto, ‘pois ma alma
As palavras de Jesus, em João 5:24: “Quem ouve a Minha palavra e crê nAquele que Me enviou tem a vida eterna, não entra em juízo, mas passou da morte para a vida” indicam que haverá pessoas que escaparão do julgamento divino? O texto parece ainda dizer que tão logo um justo morre ele vai para o Céu. Como entender essas palavras de Jesus? – L. M.
Em João 5:24, Jesus não está tratando do estado dos justos mortos nem sobre a ocasião em que eles irão para o Céu. O assunto é sobre a mudança de status espiritual quando alguém aceita Cristo como seu Salvador: de candidato à morte eterna a pessoa passa à condição de candidato à vida eterna; da situação de réu e sujeito ao juízo condenatório, passa, graças aos méritos de Cristo, à condição de inocente e, consequentemente, livre de qualquer condenação (cf. Rm 8:1). No verso em análise, Jesus estabeleceu que ouvir Suas palavras e crer no Pai, que O enviou, é a condição para alguém passar da “morte” (status de réu e candidato à perdição eterna) para a “vida” (status de inocente e candidato à vida eterna). Ou seja, a salvação é obra divina. O pecador precisa apenas aceitar Cristo como “Cordeiro de Deus” (Jo 1:29), pedir perdão pelos seus pecados e se valer do sacrifício feito por Cristo na cruz do Calvário. A expressão “não entra em juízo” parece contradizer outros textos bíblicos que afirmam claramente que todos irão a julgamento, a fim de que recebam a sentença de morte eterna ou de vida eterna. Segundo Paulo, “importa que todos nós compareçamos perante o tribunal de Cristo, para que
polo? E e quem e se glo31). t-Quay uinte: do
Tua
William de Moraes
Carlos Souza / Imagem: Shutterstock
uz. Por arauto, ares de ncias e opuse. nós? Ao o Mesem boa a coma cem, t 13:23). sageiro a Pala-
ditor da ventista.
Escapará alguém do julgamento divino?
RA/jun’11
O apóse “ouviu eve um u exem-
cada um receba segundo o bem ou o mal que tiver feito por meio do corpo” (2Co 5:10); e “todos compareceremos perante o tribunal de Deus” (Rm 14:10). Então, como entender a expressão “não entra em juízo”, dita por Jesus? Devemos atentar para o original da palavra “juízo”, em João 5:24, que é krísis. Esse vocábulo, com suas diferentes terminações e de acordo com os casos típicos da gramática grega, além de significar “juízo”, de maneira geral (Mt 10:15; Lc 10:14; 11:32; Jo 5:30; At 24:25; 2Ts 1:5; Hb 9:27), é empregado também com o significado de “juízo condenatório”, “condenação”. Vejamos alguns exemplos: “Veio o Senhor [...] para exercer juízo [krísin] contra todos e para fazer convictos todos os ímpios” (Jd 15), “Serpentes, raça de víboras! Como escapareis da condenação [kríseōs] do inferno?” (Mt 23:33), “os que tiverem praticado o mal, [sairão] para a ressurreição do juízo [kríseōs]” (Jo 5:29). Por esses textos, vê-se que o juízo para os ímpios é o condenatório, do qual estarão a salvo os justos. É a esse juízo condenatório que Jesus Se refere por meio da expressão “não entra em juízo”. Por sua vez, o julgamento dos justos se dá na fase “investigativa” do juízo divino (cf. Dn 7:9, 10; Mt 22:1-14), um pouco antes da segunda vinda de Cristo (fase iniciada em 1844, conforme Daniel 8:14). Nesse julgamento, os justos têm Jesus como seu Advogado (1Jo 2:1) e, quando seus nomes são analisados, Ele Se coloca como substituto daquele que está sendo julgado e apresenta Seu sangue derramado como expiação pelo pecador. A expressão “passou da morte para a vida” (Jo 5:24, última parte) alude, como dissemos, não à ida para o Céu de algum justo morto, mas à mudança de status daquele que aceita Cristo como Salvador: de pecador e morto espiritualmente, passa à condição de inocente (graças aos méritos de Cristo) e candidato à vida eterna. Além do mais, a Bíblia é clara quanto à ocasião em que os justos mortos irão para o Céu e receberão a vida eterna: será por ocasião da primeira ressurreição, quando Cristo vier segunda vez (cf. 1Ts 4:13-18; 2Tm 4:8), e não por ocasião da morte. – Por Ozeas C. Moura, doutor em Teologia Bíblica e professor no Unasp – Campus Engenheiro Coelho, SP. E‑mail: ozeas.moura@unasp.edu.br
24668
Jupterimages
ignado Como o rebas boas-
Designer
Editor Texto
C.Qualidade
Depto. Arte
de 2010). em Saúde. tel Brasil ças crônicas 010. 116p. Il
or Idosos Esc. Enferm.
ivities and dicine
stolic WAN. Ann.
offman D. M. n for African ement 1.
Role of outhern ealth 2010;
An nsions of Med. 2009;
rwood A. sure. Psych.
yn M. The ssure in 723-725. t Religion ational h. Med.
Doctoral]. quest.
ng Hostility, n. 1, 81-89. piritual and Hypert.
us Ageing. 2010). e: www.
Hill R. D. ascular 005. 27:221. em: http://
panic Women . 3. nfluência da Sistêmica.
tude de Vida: , 2008.
Os versos citados estão no contexto de um salmo imprecatório, que deve ser lido à luz do grande conflito entre o bem e o mal. Nesse tipo de salmo, alguém pede a Deus que não deixe o mal vencer o bem, que as pessoas más, que estão a serviço de Satanás, desapareçam da face da Terra. Enfim, que Deus acabe definitivamente com o mal. No cabeçalho do salmo 109, afirma-se que seu autor é Davi, mas só essa informação não é suficiente para sabermos quando e em que contexto o salmo foi escrito. Caso seu autor seja mesmo Davi, parece que ele tinha em mente as perseguições movidas pelo rei Saul contra ele, visto que o perseguidor é apresentado como alguém bastante próximo, que havia retribuído com o mal o bem que recebera (v. 4, 5). Isso indica que o salmo 109 não tinha por objetivo primeiro denunciar a traição de Judas, mas a de algum examigo de Davi. Acontece que a traição desse discípulo de Jesus foi parecida com a de Saul para com Davi. Por isso, os apóstolos aplicaram a mensagem desse salmo a Judas Iscariotes, como se vê em Atos 1:16, 20. É bem provável que Davi, ao denunciar um traidor de seus dias, não se apercebesse que suas palavras se encaixariam perfeitamente na traição de Judas. (Os teólogos chamam isso de sensus plenior. Ou seja, o profeta fala ou escreve algo para seus dias, mas suas palavras adquirem outro sentido, além da intenção ou sentido originais, pretendidos pelo autor.) É nesse sentido que devemos entender Atos 1:16: “Convinha que se cumprisse a Escritura que o Espírito Santo proferiu anteriormente por boca de Davi, acerca de Judas, que foi o guia daqueles que prenderam Jesus”. Mas o fato de o Espírito Santo ter predito, “por boca de Davi”, a traição de Judas indica que esse traidor estava pre-
Visite nossa livraria em sua cidade.
MOEMA Av. Juriti, 573 – Moema São Paulo, SP – Fone: (11) 5051-1544 E-mail: moema@cpb.com.br
UNASP/EC Rod. SP 332, km 160 – Fazenda Lagoa Bonita – Engenheiro Coelho, SP Fone: (19) 3858-1398 E-mail: unasp@cpb.com.br
PRAÇA DA SÉ Praça da Sé, 28 – A1 – Sala 13 TATUÍ São Paulo, SP – Fone: (11) 3106-2659 Rod. SP 127, km 106 – Guardinhas E-mail: se@cpb.com.br Tatuí, SP – Fone: (15) 3205-8910 E-mail: vendas@cpb.com.br VILA MATILDE CURITIBA R. Gil de Oliveira, 153 São Paulo, SP – Fone: (11) 2289-2111 R. Visconde do Rio Branco, 1.335 Loja 1 – Centro – Curitiba, PR E-mail: vila.matilde@cpb.com.br Fone: (41) 3323-9023 E-mail: curitiba@cpb.com.br
CAMPO GRANDE R. Quinze de Novembro, 575 Salas 2 e 3 – Centro Fone: (67) 3321-9463 E-mail: campo.grande@cpb.com.br
FORTALEZA R. Pedro I, 1.120 – Centro Fortaleza, CE – Fone: (85) 3252-5779 E-mail: fortaleza@cpb.com.br
RA/jun’12
tp://
Poderiam me explicar os versos 4 a 9 do Salmo 109? O fato de os apóstolos terem aplicado esse texto a Judas Iscariotes não quer dizer que esse apóstolo estava predestinado a trair Jesus? Se estava, como fica seu livre-arbítrio? – C. M.
26611
vista ertensão: http://www. RDHA.pdf
estava Judas predestinado a trair Jesus?
destinado a fazer isso? A verdade é que a mesma Escritura é clara em afirmar que todos (isso inclui Judas) têm livrearbítrio. Todos podem escolher entre a vida e o bem, entre a morte e o mal (cf. Dt 30:15, 19). Judas livremente escolheu o mal e, consequentemente, a morte (acabou por suicidarse, conforme Mateus 27:3-5). O certo é que, mesmo após ter se comprometido em trair Jesus, ainda havia esperança de perdão para Judas (O Desejado de Todas as Nações, p. 720). Chama nossa atenção o fato de Jesus ter lavado os pés dele na última Ceia (cf. Jo 13:2, 11, 12, 18, 21-30). Mesmo após ter dado o beijo da traição em Jesus, ainda havia chance de perdão para o traidor, caso ele se arrependesse verdadeiramente – o que não ocorreu (Ibid., p. 722). Se houve perdão e reabilitação para Simão Pedro, após ter negado de maneira tão vergonhosa seu Mestre (Mt 26:69-75; Jo 21:15-22), não haveria também perdão e reabilitação para Judas, caso ele “chorasse amargamente”, como fez Pedro? Será que, ao chamá-lo de “amigo” (Mt 26:50), Jesus não estava apelando ao coração de Judas para que se arrependesse, confessasse, fosse perdoado e salvo? Mas, em vez de chorar por seu pecado e sinceramente se arrepender dele, Judas foi se enforcar. Com esse ato, desligou-se definitivamente de Cristo, que é a Vida, e selou sua condenação. A verdade é que não conseguimos entender completamente como funciona a onisciência divina (Deus conhece tudo), nem Sua presciência (Deus antevê o que vai acontecer) diante do fato desse mesmo Deus nos ter dado livrearbítrio. O fato de Deus prever as ações humanas não significa, de alguma forma, que Ele está predestinando essas ações? A resposta bíblica é que Deus prevê sem predestinar. Os teólogos chamam isso de “onisciência/presciência não causativa”. Isto é, Ele sabe antecipadamente, mas não causa o que sabe por antecipação. Seria, mal comparando, prevermos que um motorista alcoolizado acabará provocando um acidente. No entanto, nossa previsão não influi em nada no acidente que porventura venha a ocorrer. As lições que podem ser extraídas da traição de Judas são claras: (1) o amor ao dinheiro pode nos levar ao pecado e à perdição; (2) tendo posto os pés no caminho do pecado, não se sabe até onde alguém chegará; por isso, é necessário enfrentar, com o poder de Deus, a tentação logo no início; e (3) qualquer pecado é passível de perdão – desde que haja tristeza, arrependimento sincero e abandono do erro. – por Ozeas C. Moura, doutor em Teologia Bíblica e professor no Salt Unasp – Campus Engenheiro Coelho, SP. E-mail: ozeas. moura@unasp.edu.br
Designer
RECIFE R. Gervásio Pires, 631 – Santo Amaro Recife, PE – Fone: (81) 3031-9941 E-mail: recife@cpb.com.br
GOIÂNIA Av. Goiás, 1.013 – Loja 1 – Centro Goiânia, GO – Fone: (62) 3229-3830 E-mail: goiania@cpb.com.br
RIO DE JANEIRO R. Conde de Bonfim, 80 – Loja A Tijuca – Rio de Janeiro, RJ Fone: (21) 3872-7375 E-mail: rio@cpb.com.br
BRASÍLIA SD/Sul – Bloco Q, Loja 54 – Térreo Edifício Venâncio IV – Asa Sul Brasília, DF – Fone: (61) 3321-2021 E-mail: brasilia@cpb.com.br
SALVADOR Av. Joana Angélica, 747 – Sala 401 Nazaré – Salvador, BA Revista Adventista I Fone: (71) 3322-0543 E-mail: salvador@cpb.com.br
Editor Texto
C.Qualidade
junho • 2012
17
Douglas Assunção
ermeira, UEFS) e scola de e de São EE/USP).
Jupterimages
nfluênhor reé todo amente lestiais, o crente pios do os uma A relido qual jamais
Depto. Arte
Jupterimages
Permissão divina e o casamento de Sansão
Em Juízes 14:4, afirma-se que o casamento de Sansão com uma filisteia idólatra e inimiga do povo de Deus “vinha do Senhor”. Como pode ser isso, visto que Deus mesmo havia proibido tais casamentos? – J. C.
Sansão, o “Pequeno Sol” (esse é o significado do seu nome) nasceu para brilhar, para desempenhar o importante papel de juiz e libertador de seu povo, mas acabou “apagado” pelas mulheres com as quais se envolveu, a começar com a primeira, uma jovem filisteia, da cidade de Timna. Na verdade, Sansão começou errado: Em vez de buscar uma jovem israelita, adoradora do Deus verdadeiro, ele “desceu” (Jz 14:1) à cidade filisteia de Timna. Essa seria uma de suas muitas “descidas” – física e espiritualmente. Ao que parece, e pelas poucas informações de que dispomos sobre essa jovem de Timna, ela era moça de boa moral, porém idólatra. Mais tarde, Sansão desceria a Gaza, onde frequentou um prostíbulo. E acabou descendo ao vale de Soreque, onde, traído por Dalila, teve os olhos vazados, indo parar num moinho, fazendo o trabalho de um jumento. Mas tudo começou com a moça de Timna. Quando ele notificou aos pais sobre sua intenção de casar com a timnita, os pais de Sansão, de maneira sensata, chamaram-lhe a atenção para a gravidade de ele se casar com uma inimiga e idólatra: “Não há, porventura, mulher entre as filhas de teus irmãos ou entre todo o meu povo, para que vás tomar esposa dos filisteus?” (14:3). A resposta de Sansão não poderia ser mais leviana: “Toma-me esta, porque só desta me agrado” (14:3). (Literalmente: “Toma-me esta, pois ela parece certa aos meus olhos.” Mais tarde, cruéis mãos filisteias lhe furariam os olhos, os quais Sansão usava como critério na hora de tomar alguma decisão). Depois desse “diálogo” com os pais (na verdade, mais ultimato que diálogo), encontramos o comentário do autor do livro de Juízes, dizendo que essa decisão de Sansão de casar com alguém “de fora da igreja” “vinha do Senhor” (14:4). MOEMA Av. Juriti, 573 – Moema São Paulo, SP – Fone: (11) 5051-1544 E-mail: moema@cpb.com.br Renan Martin / Imagem: Divulgação
Visite nossa livraria em sua cidade.
PRAÇA DA SÉ Praça da Sé, 28 – A1 – Sala 13 São Paulo, SP – Fone: (11) 3106-2659 E-mail: se@cpb.com.br VILA MATILDE R. Gil de Oliveira, 153 São Paulo, SP – Fone: (11) 2289-2111 E-mail: vila.matilde@cpb.com.br
Como poderia ser isso? Não havia o próprio Senhor proibido tais casamentos? (Êx 34:15, 16). Para podermos compreender o comentário de que o casamento de Sansão “vinha do Senhor” devemos entender como os israelitas pensavam quanto aos atos divinos. Para eles, o que Deus permitia era como se Ele causasse. E esse modo de pensar resultava da má interpretação quanto à onipotência divina. Eles sabiam que Deus é onipotente e pode evitar qualquer coisa. E quando deixava que algo acontecesse, pensavam que Ele fosse o causador. Essa maneira de pensar nos permite compreender diversos textos “difíceis”, como, por exemplo, o fato de que “o Senhor endureceu o coração de Faraó” (Êx 11:10), “um espírito maligno, da parte de Deus, se apossou de Saul” (1Sm 18:10), e o texto onde é dito que Deus incitou Davi a levantar o censo de Israel (2Sm 24:1), entre outros. Em cada um desses episódios, não foi Deus o causador, mas as coisas aconteceram porque Ele as permitiu. Mas voltemos ao relato do casamento desastrado de Sansão e tiremos as devidas lições: (1) colocar somente o gosto pessoal como critério para se decidir sobre algo é muito perigoso, pois é um critério que, muitas vezes, ignora a vontade de Deus. Quando Sansão disse aos pais “toma-me esta, porque ela parece certa aos meus olhos”, ele desconsiderou as orientações divinas quanto ao casamento e se deu mal: sua esposa, juntamente com a família dela, foi assassinada e queimada (Jz 15:6); (2) quem pretende casar deve se lembrar de escolher alguém cujo “jugo” seja igual (2Co 6:14, 15). Ou seja, deve-se primeiramente escolher alguém da mesma fé, depois levar em conta a diferença de idade e escolaridade (que não deve ser muito grande entre os cônjuges), além de se avaliar a questão dos gostos, profissão, cultura, saúde dos futuros cônjuges, entre outras. Com certeza, Sansão e a moça de Timna não tinham praticamente nada em comum, e o resultado desse relacionamento foi altamente desastroso para ambos; e (3) ter um tempo apropriado para o namoro. Não sabemos quanto tempo Sansão namorou a moça filisteia, mas parece que não foi o tempo suficiente para que se conhecessem melhor. Sansão viu a moça, gostou dela e se casou com ela. Mas morreu sozinho, cego e desgostoso por ter que atuar como palhaço para os filisteus zombadores. O brilho do “Pequeno Sol” foi apagado pelas escolhas sentimentais que ele fez. Fica, pois, a lição para todos, quanto à importância de se prestar atenção à vontade de Deus com respeito aos relacionamentos. – Por Ozeas C. Moura, doutor em Teologia Bíblica e professor no Unasp-EC. E-mail: ozeas. moura@unasp.edu.br
UNASP/EC Rod. SP 332, km 160 – Fazenda Lagoa Bonita – Engenheiro Coelho, SP Fone: (19) 3858-1398 E-mail: unasp@cpb.com.br
CAMPO GRANDE R. Quinze de Novembro, 589 Centro – Campo Grande, MS Fone: (67) 3321-9463 E-mail: campo.grande@cpb.com.br
FORTALEZA R. Pedro I, 1.120 – Centro Fortaleza, CE – Fone: (85) 3252-5779 E-mail: fortaleza@cpb.com.br
TATUÍ Rod. SP 127, km 106 – Guardinhas Tatuí, SP – Fone: (15) 3205-8688 E-mail: vendas@cpb.com.br
GOIÂNIA Av. Goiás, 1.013 – Loja 1 – Centro Goiânia, GO – Fone: (62) 3229-3830 E-mail: goiania@cpb.com.br
RIO DE JANEIRO R. Conde de Bonfim, 80, Loja A Tijuca – Rio de Janeiro, RJ Fone: (21) 3872-7375 E-mail: rio@cpb.com.br
CURITIBA R. Visconde do Rio Branco, 1.335 Loja 1 – Centro – Curitiba, PR Fone: (41) 3323-9023 E-mail: curitiba@cpb.com.br
BRASÍLIA SD/Sul – Bloco Q, Loja 54 – Térreo Edifício Venâncio IV – Asa Sul Brasília, DF – Fone: (61) 3321-2021 E-mail: brasilia@cpb.com.br
SALVADOR Av. Joana Angélica, 747 – Sala 401 Nazaré – Salvador, BA Fone: (71) 3322-0543 E-mail: salvador@cpb.com.br
RECIFE R. Gervásio Pires, 631 – Santo Amaro Recife, PE – Fone: (81) 3031-9941 E-mail: recife@cpb.com.br
Pergunta
A História e a Bíblia
Um agnóstico afirmou que a historiografia m o derna não aceita a Bíblia como fonte histórica confiável, ou seja, que as Escrituras não recebem o endosso da História. Ele cita certos fatos sobrenaturais, narrados na Palavra de Deus, como a destruição de Sodoma e Gomorra, as pragas do Egito, a destruição de Jericó, e outros eventos miraculosos como meras lendas. Eu pergunto: Qual a real posição da moderna historiografia em relação à Bíblia? Há indícios arqueológicos para os acontecimentos acima m e n cionados? - F. A aceitação o u não da veracidade bíblica vai depender do paradigma que a pessoa adota. Se a pessoa está disposta a crer, verá evidências da confiabilidade bíblica; p o r o u t r o lado, se parte do pressuposto de que a Bíblia é u m a coleção de fábulas, interpretará os fatos sob essa ótica. N a verdade, não há perigo na dúvida, desde que se esteja disposto a acreditar. M u i t o s achados arqueológicos c o n f i r m a r a m e t ê m confirmado a parte histórica das Escrituras, e há m u i t o s bons livros sobre esse assunto. D e v i d o ao espaço, seria quase impossível mencionar aqui todas as descobertas arqueológicas que t ê m c o n f i r m a d o a historicidade bíblica. Por isso, l i m i t o - m e a analisar alguns achados que c o r r o b o r a m relatos bíblicos (e se o pano de f u n d o histórico é verdadeiro, pode-se confiar t a m b é m na mensagem espiritual). OreiDavi - Escavações arqueológicas nas ruínas da antiga cidade israelita de Dã, na alta Galileia, e m 1993, revelaram u m achado impressionante: u m a pedra de basalto c o m inscrições. O arqueólogo A v r a h a m Biran, do H e b r e w U n i o n College de Jerusalém, logo i d e n t i ficou a pedra c o m o parte de u m a estela datada do século 9 a.C. Aparentemente, comemorava a vitória do rei de Damasco sobre dois i n i m i g o s : o rei de Israel e a Casa de D a v i . A referência histórica a D a v i caiu c o m o
-3^ -
u m a b o m b a . O n o m e do rei de Israel nunca fora antes encontrado e m n e n h u m d o c u m e n t o antigo, além da Bíblia. M a s ali estava u m a inscrição feita não p o r u m escriba hebreu, mas p o r u m i n i m i g o dos israelitas, p o u co mais de u m século após a época e m que D a v i vivera. Essa descoberta não só c o n f i r m o u a existência do rei c o m o t a m b é m sua dinastia. K e n n e t h A . K i t c h e n , egiptólogo e orientalista aposentado pela Universidade de L i v e r p o o l , na Inglaterra, afirma que a arqueologia e a Bíblia "se h a r m o n i z a m " quando descrevem o contexto histórico das narrativas dos patriarcas. U m exemplo: José, u m dos filhos de Jacó, f o i v e n d i d o c o m o escravo p o r 20 moedas de prata (ver Gênesis 37:28). K i t c h e n assinala que esse era o exato preço de u m escravo naquela região, naquela época, c o m o ficou comprovado p o r documentos recuperados na região que hoje compreende a Síria e o Iraque. Outros documentos revelam que o preço de escravos subiu de f o r m a contínua nos séculos seguintes. Se a história de José tivesse sido inventada p o r u m escriba judeu do 6 século, como sugerido por alguns céticos, por que o valor citado não corresponde ao preço da época? e
O Êxodo - E m b o r a haja os que contestem este que é u m dos relatos mais i m p o r t a n t e s da Bíblia Hebraica - o Êxodo - , N a h u m Sarna, professor de estudos bíblicos da Universidade de Brandeis, afirma que o relato do Êxodo "não pode, de m o d o a l g u m , ser u m a peça de ficção. N e n h u m a nação inventaria para si mesma u m a tradição assim tão inglória" a menos que houvesse u m núcleo verídico. E W i l l i a m G. Dever, arqueólogo da Universidade do A r i z o n a , observa: "Escravos, servos e nômades c o s t u m a m deixar poucos traços nos registros arqueológicos." Daí não se ter encontrado vestígios arqueológicos do Êxodo. já o Dr. Paulo Bork, que fez cursos e m várias universidades, c o m o a Pacific School o f Religion, da Califórnia, a Universidade Hebraica de Jerusalém e a Universidade de Londres, Inglaterra, e que p a r t i c i p o u de diversas pesquisas e expedições arqueológicas ao redor do m u n d o , afirma que "sempre existirão aqueles que não c r ê e m na Bíblia e a c r i t i c a m . M u i t o s deles não vão m u d a r sua form a de pensar, independentemente das evidências arqueológicas. Por o u t r o lado, temos descoberto tantas evidências que i l u m i n a m a parte histórica da Bíblia que isso t e m tornado m u i t o s céticos e m crentes" Sodoma e Gomorra - O Dr. Bork, n u m a entrevista que m e concedeu há a l g u m t e m p o , disse: "Escavamos aquela região p o r vários anos e descobrimos coisas m u i t o interessantes, que respaldam o relato bíblico. Existiam cinco cidades na parte leste do M a r M o r t o . Q u a n d o as escavamos, encontramos grande quantidade de cinzas. E m alguns lugares havia u m a camada de u m m e t r o de cinzas. Não há outra maneira de explicar tamanha destruição e tanta cinza e m u m só local, a não ser pelo trágico relato de Gênesis." -Michelson Borges, editor associado da Revista Adventista. Â. Revista Adventista I AGOSTO -2006
17
Pergunta Perdoar "setenta vezes sete" ou "setenta e sete"? Gostaria que me explicassem Mateus 18:22, sobre quantas vezes Jesus nos pediu q u e perdoássemos. A l g u m a s Bíblias a p r e s e n t a m a expressão "setenta v e z e s sete", a o p a s s o q u e o u t r a s " s e t e n t a e sete". Qual número está correto? - 1 . F.
Em Mateus 18:21 está a pergunta de Pedro: "Senhor, até quantas vezes meu irmão pecará contra mim, que eu lhe perdoe? Até sete vezes?" E no verso seguinte (22) Jesus lhe respondeu: "Não te digo que até sete vezes, mas até setenta vezes sete." Acontece que em algumas versões bíblicas, como a N T L H (Nova Tradução na Linguagem de Hoje), aparece o número "setenta e sete'! Algumas versões trazem "setenta vezes sete" mas, no rodapé, apresentam "setenta e sete" como outra possibilidade de tradução (por exemplo, a N V I - Nova Versão Internacional, e a T L H - Tradução na Linguagem de Hoje). "Setenta vezes sete" é tradução da expressão grega hebdomekontákis heptá, que tanto pode ser traduzida por "setenta vezes sete" quanto "setenta e sete" A seguir, vejamos a opinião de dois comentaristas bíblicos: '"Setenta vezes sete.' A sintaxe dessa frase é ambígua no grego e, portanto, alguns têm entendido que Jesus disse que se deve perdoar setenta vezes sete [...] Evidentemente, o número em si não é importante, pois é meramente simbólico. Qualquer das cifras [490 ou 77] se harmoniza com a verdade aqui ensinada, ou seja, que o perdão não é assunto de matemática, nem de regras ou leis, mas de atitude. [...] Se o espírito de perdão move o coração, uma pessoa estará tão disposta a perdoar alguém arrependido pela oitava vez como esteve na primeira vez, ou na vez 491 como esteve na oitava. O verdadeiro perdão não está limitado por números. Além disso, não é o ato que vale, mas o espírito que o motiva. Nada pode justificar um espírito não perdoador" {Comentário Bíblico Adventista dei Séptimo Dia, v. 5. Boise: Pacific Press Publishing Association, 1987, p.438).
r
"Segundo os ensinos da literatura judaica, a regra observada entre os judeus era três vezes; e, quando Pedro falou em 'sete vezes! como padrão possível, sem dúvida pensou que sua regra fosse extraordinariamente generosa. As citações [a seguir] ilustram a atitude dos judeus: 'Se um homem pecar, a primeira vez eles o perdoam; a segunda vez eles o perdoam; a terceira vez eles o perdoam; mas da quarta vez não perdoam, de acordo com Amós 2:6 e Jó 33:29' (T. Bab. Yoma, foi. 86:2. Mainon. Hilch. Teshuba, c. 3, sect. 5). E também: 'Quem diz que cometeu pecado e se arrepende, eles o perdoam até três vezes, e não mais que isso' (Aboth R. Nathan, c. 40, foi. 8). "Com respeito à questão do número que se acha no V. 22 [...] setenta e sete ou então setenta vezes sete, o fato de haver bons intérpretes como advogados de ambas as idéias ilustra que esse problema não tem solução certa. [...] A maioria das autoridades ensina setenta vezes sete, mas nomes importantes como Meyer e Goodspeed, defendem 'setenta e sete! Apesar dessas dúvidas sobre o número certo, o ensino é bem claro. A vingança ilimitada do homem [sem Cristo] cede lugar ao perdão ilimitado dos cristãos. O perdão é qualitativo, e não quantitativo"' (R. N . Champlin, O Novo Testamento Interpretado, v. 1. São Paulo: Candeia, 1995, p. 472,473). Sobre este assunto, importante é a lição ensinada por Jesus Cristo: O perdão não é questão de número, mas de atitude. Devemos perdoar quantas vezes forem necessárias (como Deus faz conosco). - Ozeas C. Moura, editor na Casa PublicadoraBrasileira. E-mail: ozeas.moura® cpb.com.br A
Pergunta Será o santuário "purificado"? Estaria correta a t r a d u ç ã o "... e o S a n t u á r i o s e r á purificado", em Daniel 8:14? E como aceitar um j u í z o "investigativo", uma vez que essa palavra n ã o e s t á na B í b l i a ? - J . G . B . 1. J u í z o i n v e s t i g a t i v o
Quem usa o argumento de só aceitar uma doutrina se determinada palavra constar nas Escrituras, terá problemas também com o ensinamento bíblico sobre o Milênio, pois tal vocábulo não se encontra na Bíblia. Mas a expressão "mil anos", mencionada em Apocalipse 20:2,3,4, 6, 7, não quer dizer a mesma coisa? Vejamos o que a Bíblia diz sobre o Juízo Investigativo: 1. Jesus Cristo exemplificou esse julgamento com a parábola das Bodas (Mateus 22). Antes de começar a festa, foi feita uma investigação para ver se os convidados estavam devidamente trajados (verso 11). Isso i n dica que, antes que Cristo venha para buscar Sua noiva (a igreja) para as bodas, faz-se necessária a investigação dos convidados. 2. O profeta Daniel fala que, antes de ser dado aos salvos o reino eterno (Dn 7:22,27), será feita "justiça aos santos do Altíssimo" (Dn 7:22). Isso indica que antes da segunda vinda de Cristo haverá um julgamento ou investigação de todos os que professaram ou professam servir a Deus. Para isso, o Ancião de dias (Deus Pai) instaura um tribunal, quando livros são abertos (Dn 7:10). Esse juízo mostra quem está pronto para participar das bodas entre Cristo e a igreja. 2 . " P u r i f i c a ç ã o " d o s a n t u á r i o , e m D a n i e l 8:14
O verbo hebraico que aparece em Daniel 8:14 é nitsdaq, forma Niphal (passiva) do verbo tsadaq, que tem os significados de "justificar", "vindicar". Os tradutores da Septuaginta (versão grega do Antigo Testamento) se depararam com tsadaq, nesse verso, e o traduziram com o termo grego katharízo (limpar, purificar), e não com dikaioo (ser justo, justificar), como seria o esperado. Por quê? Ou (1) porque traduziram o livro de Daniel de um manuscrito que tinha tahar (limpar, ser limpo), e não tsadaq (justificar, vindicar), ou, mais provavelmente, (2) por verem em tsadaq um aspecto cerimonial, relacionado com a purificação do santuário, no Dia da Expiação. Paulo (sendo ele o autor de Hebreus) seguiu a Septuaginta, ao falar da purificação do santuário celestial, em Hebreus 9:22, 23. Nesses dois versos, ele usa o mesmo verbo katharízo (limpar, purificar), empregado na Septuaginta para traduzir o verbo tsadaq.
Aqueles que dizem que tsadaqnão pode ser traduzido por "purificar" advogam que Antíoco Epifânio I V (175c.163 a.C.) é o "chifre pequeno" (Dn 8:9). Mas Antíoco não cumpre todas as condições para ser o "chifre pequeno": 1. A profecia era para o "tempo do fim" (Dn 8:17) ou para "dias ainda mui distantes" (Daniel 8:26), e não para o tempo de Antíoco. 2. Deveria ser um poder mundial, ou "muito forte" (Dn 8:9), como os impérios representados pelo carneiro (Medo-Pérsia) e o bode (Grécia) - não foi esse o caso de Antíoco, pois ele governou apenas na Síria. Ao tentar se intrometer nos negócios da Palestina, acabou sendo expulso pelos macabeus. 3. Deveria destruir o santuário israelita (Dn 8:11). Apesar de ter profanado o santuário, até com sacrifício de porcos, Antíoco não o destruiu. 4. Deveria "lançar a verdade por terra" (Dn 8:12). Antíoco tentou helenizar os judeus, proibiu a circuncisão, forçou alguns judeus a comer carne de porco, ofereceu sacrifícios de porcos no templo, mas não conseguiu "lançar a verdade por terra" de modo permanente, pois foi expulso da Palestina. 5. Devia "prosperar" naquilo que empreendesse (Dn 8:12). Mas não se pode dizer que Antíoco "prosperou" (Dn 8:12), nem que se "tornou muito forte" (Dn 8:9). Ele, depois de um fugaz triunfo no sul (Egito), foi totalmente derrotado nesse país, quando o embaixador romano C. Popílio Laenas meramente lhe informou que o Senado Romano queria que ele se retirasse. O inflexível romano traçou, com sua bengala, um círculo em torno de Antíoco e exigiu deste uma decisão antes que ele saísse de dentro do círculo! Antíoco morreu sob circunstâncias obscuras e tristes no leste (Mesopotâmia). Até mesmo na "terra gloriosa" (Palestina), onde, a princípio, ele parecia destinarse ao sucesso, todas as suas ambições ruíram por terra enquanto ele ainda vivia (M. Maxwell, lhe Message of Daniel, p. 159). Somente Roma, em suas duas fases, cumpre todos os detalhes proféticos para ser o "chifre pequeno": Roma pagã destruiu o santuário judaico, no ano 70 d.C, e Roma papal usurpou de Cristo (que ministra no santuário), a função de perdoador dos pecados, dando essa prerrogativa aos seus sacerdotes. Exortamos aos que não aceitam o Juízo Investigativo e a Purificação do Santuário a fazer um reexame de seus argumentos, para ver como tais doutrinas se baseiam solidamente na Bíblia. - por Ozeas C. Moura, doutor em Teologia Bíblica e editor na Casa Publicadora Brasileira. Ernail: ozeas.moura@cpb.corn.br A
BOA
'Pergunta •
Como conciliar? Em João 3:13, Jesus disse: "Ninguém subiu ao Céu, senão Aquele que de lá desceu, a saber, o Filho do homem [que está no Céu]". Afinal, Enoque e Elias subiram ou não para o Céu? Em caso afirmativo, como conciliar com o que Jesus disse? E como entender que Ele tenha também dito "que está no Céu", se quando disse isso estava conversando com Nicodemos? - R. S. É claro que Enoque e Elias subiram para o Céu, pois a Bíblia assim o diz (Gn 5:22-24; 2Rs 2:1,11; Hb 11:5). O que Jesus disse não contradiz a informação bíblica. João 3:13 precisa ser entendido dentro de seu próprio contexto, e não no contexto das passagens acima. Segundo João 3:11-13, Jesus fala de coisas celestiais com a familiaridade e naturalidade próprias de alguém que desceu do Céu, mas, de alguma forma, sem deixar de estar lá. Quando Ele diz que "ninguém subiu... senão Aquele que desceu", não alude à Sua ascensão (fato que ocorreria só mais tarde), pois, com efeito, nessa hora Ele conversava com Nicodemos. Assim, o assunto não é o evento histórico da ascensão, mas o papel revelacional de Deus que o Filho cumpre em Seu ministério terrestre. Cristo pode falar de "coisas celestiais" (v. 12) porque sabe o que estas coisas são e as tem visto (v. 11). Ele é o único que "subiu ao Céu", isto é, que penetrou o conhecimento dessas coisas; e que "desceu do Céu", isto é, que entrou em comunhão conosco pela encarnação, para nos trazer o conhecimento dessas coisas. Céu aqui, diferente do que é quanto à ascensão de Enoque e Elias, tem sentido espiritual e não local nem geográfico; indica a única posição da qual pode ser auferido o conhecimento completo e verdadeiro sobre Deus, trazido e comunicado. O que Jesus estava afirmando a Nicodemos era que ninguém tem entrado em comunhão com Deus e possui, procedente desta comunhão, u m conhecimento intuitivo de coisas divinas a fim de revelá-las aos outros, exceto Aquele a quem o Céu foi aberto. Céu, portanto, indicaria a igualdade do Filho com o Pai, da qual Ele desceu por meio da encarnação (cf. Fl 2:6-8), mas que ainda reteve enquanto estava na Terra (Jo 5:18). O paralelismo com 1:18 parece óbvio:
João 1:18 ninguém jamais viu Deus
João 3:13 •
ninguém subiu ao Céu
• o Deus unigénito
• o Filho do homem
• que está no seio do Pai
• que está no Céu
• é quem 0 revelou
• desceu do Céu
Isaías 14:12, 13 é um provável background veterotestamentário para João 3:13. Nesse texto, é declarada a ambição do "filho da alva" (Lúcifer) de ascender ao Céu e ser "semelhante ao Altíssimo". Todavia, ele não o conseguiu; ficou apenas na pretensão e na vontade. Mas o que ele cobiçou já pertencia a Cristo. Entendemos que essa pretensão foi alimentada pelo querubim antes de sua expulsão do Céu. Em outras palavras, ele estava num local que se chama Céu, todavia pretendendo subir ao Céu. A conclusão lógica é que, nesse texto, subir ao Céu significa participar da igualdade com Deus, ser igual a Ele. Mas aquilo que para Lúcifer foi pretensão, para Cristo é natural participação. "Ninguém subiu ao Céu" senão Ele. É verdade que poucos manuscritos contêm a afirmação de 13c, "que está no Céu" (é por isso que aparece entre colchetes). Mas é possível que sua omissão num bom número de documentos, bem como a alteração para "que estava no Céu" em algumas versões antigas, foram feitas para remover uma dificuldade óbvia. Sua originalidade é coerente com o que se observa no Evangelho de João, segundo o qual, o Filho permanecia junto ao Pai mesmo quando esteva na Terra. Ademais, o verbo estar é empregado no presente do indicativo em outras passagens numa conotação semelhante à de 3:13 e 1:18: • 7:34 - "Haveis de procurar-Me, e não Me achareis; também onde Eu estou vós não podeis ir" (ver também o v. 36). • 11:26 - "Onde£w estou ali estará também o Meu servo." • 14:3 - "Voltarei e vos receberei para M i m mesmo para que onde£« estou estejais vós também." • 14:11 - "Eu estou no Pai" (com o verbo subentendido). • 17:24 - "Pai, a Minha vontade é que onde Eu estou, estejam também comigo os que Me deste." Estes exemplos do emprego de "Eu estou" apontam para a realidade da íntima e perfeita comunhão do Filho com o Pai, a qual não foi alterada pela encarnação: o Filho enquanto esteve na Terra continuou sendo um com o Pai ("Eu e o Pai somos [não éramos, ou seremos] um", 10:30). - Por José Car-
los Ramos, professor de Teologia jubilado.
A
Este livTO reúne os principais pensamentos e descrições do Céu, o
1SOES
DO
futuro lar dos remidos. Fala também das atividades que serão desenvolvidas pelos salvos, da certeza da volta de Jesus, do fim do sofrimento, e de como o Céu pode ser experimentado em nossa vida desde agoTa. Visões do Céu vai fazeT você sentir saudades de u m laT que ainda não v i u nem esteve lá.
Cód.l
Ligue 0800-9790606, acesse www.cpb.com.br ou dirija-se a uma das lojas da CASA ou SELS
"T^" casa
Jupterimages
Quem incitou Davi a realizar o censo: Deus ou Satanás?
Poderiam me explicar as informações contidas em 2 Samuel 24:1 e 1 Crônicas 21:1? Afinal, foi Deus ou Satanás quem incitou Davi a ordenar a realização do censo em Israel? – A. P. G.
À primeira vista, as informações contidas nesses dois textos são contraditórias. Em 2 Samuel 24:1, afirma-se que “tornou a ira do Senhor a acender-se contra os israelitas, e Ele incitou a Davi contra eles, dizendo: Vai, levanta o censo de Israel e de Judá”; já em 1 Crônicas 21:1, a informação é de que “Satanás se levantou contra Israel e incitou Davi a levantar o censo de Israel”. Uma vez que a Bíblia é fruto do Espírito Santo e não pode se contradizer, como, então, entender esses dois textos bíblicos? Para responder a essa questão, devemos recorrer à própria Bíblia e atentar para outros textos bíblicos que contêm informações aparentemente incoerentes e até contraditórias. De início, podemos afirmar que os textos de 2 Samuel e de 1 Crônicas não são contraditórios, mas dois aspectos de um mesmo relato. Na verdade, foi Satanás (cf. 1Cr 21:1) quem incitou o rei Davi a realizar o censo de seus soldados (para saber quão numeroso e forte era seu exército), com o claro objetivo de levar esse rei ao pecado do orgulho, o pecado original, que fizera com que Lúcifer se tornasse um diabo. Por isso, entendemos, então, que não foi Deus quem incitou Davi a realizar esse censo, pois seria inimaginável a Divindade incitar alguém ao pecado. Mas, como explicar o outro verso (2Sm 24:1), que diz que Deus incitou Davi a levantar o censo? Deve-se entender que, na Bíblia, encontramos a ideia de que aquilo que Deus não evita, mas permite acontecer, é como se Ele causasse. Ou seja, Ele acaba sendo responsabilizado por aquilo que deixa acontecer. Eis alguns exemplos: 1. O endurecimento do coração de Faraó: “Disse o Senhor a Moisés: Quando voltares ao Egito, vê que faças diante de Faraó todos os milagres que te hei posto na mão; mas Eu lhe endurecerei o coração, para que não deixe ir o povo” (Êx 4:21). Na verdade, não foi Deus quem, arbitrariamente, endureceu o coração daquele monarca egípcio, e sim ele mesmo se endureceu, como mostrado em Êxodo 8:32, na praga dos piolhos: “Mas ainda esta vez endureceu Faraó o coração e não deixou ir o povo”. O ocorrido foi que, tendo Deus permitido que o Faraó continuasse de coração endurecido, era como se Deus mesmo tivesse endurecido o coração daquele monarca.
2. Saul e o “espírito maligno da parte do Senhor”: “Tendo-se retirado de Saul o Espírito do Senhor, da parte deste um espírito maligno o atormentava” (1Sm 16:14). À primeira vista, parece que o texto está dizendo que Deus teria algum tipo de sociedade com o maligno, chegando a enviar um espírito mau para atormentar aquele rei israelita. Aqui, a ideia é a mesma: Visto que Deus havia retirado Sua proteção do rei Saul e permitido que o diabo tivesse livre acesso à vida daquele rei, então é como se Deus tivesse enviado aquele demônio para atormentar Saul. Na verdade, foi Saul mesmo, por sua atitude de rebeldia contra as ordens divinas (cf. 1Sm 15:22, 23), quem convidara o demônio a lhe controlar a vida. 3. Deus como Aquele que “cria” o bem e o mal: “Eu formo a luz e crio as trevas; faço a paz e crio o mal; Eu, o Senhor, faço todas essas coisas” (Is 45:7). A dificuldade nesse texto é a expressão “crio o mal”. Como Deus pode criar o mal, sendo Ele santo? Devemos atentar para o fato de que esse texto está inserido no contexto da tomada de Babilônia pelo rei Ciro e a consequente libertação dos cativos judeus que ali residiam (ver caps. 40:1 – 52:12). Assim, para os babilônios, Deus “criaria as trevas e o mal”, ou seja, permitiria que fossem derrotados por Ciro (fato acontecido em 539 a.C.); e, para os judeus, Deus “criaria a luz e a paz”, isto é, através do mesmo Ciro, Deus os libertaria do cativeiro babilônico (fato acontecido em 537 a.C., ano em que Ciro decretou a volta dos cativos judeus à Palestina). Assim, voltando ao censo de Davi e seu orgulho, podemos tirar desse fato pelo menos quatro lições: (1) Pelo poder de Deus, devemos lutar contra o orgulho, pois foi através dessa atitude que o pecado entrou no Universo; (2) Há perdão para o pecado, desde que haja arrependimento e confissão, como ocorreu com Davi (cf. 1Cr 21:17); (3) Deus nos perdoa os pecados, mas não nos livra de suas consequências: Davi teve que escolher um entre três castigos propostos por Deus, e escolheu a peste (cf. 1Cr 21:11-14); (4) O pecado que cometemos não é algo que afeta somente a nós. Outros podem sofrer por causa dele, como foi o caso daqueles 70 mil israelitas que perderam a vida devido à peste escolhida por Davi (1Cr 21:14). Peçamos a Deus um coração humilde, que nos leve a dar a Ele o crédito por tudo o que temos e somos. Se quisermos nos gloriar, que seja na cruz de Cristo (Gl 6:14), através da qual obtemos a salvação e todas as demais bênçãos. – Por Ozeas C. Moura, doutor em Teologia Bíblica e coordenador do curso de Teologia do Unasp, Campus Engenheiro Coelho, SP. E-mail: ozeas.moura@unasp.edu.br Revista Adventista I julho • 2012
15
Jupterimages
Contagem inclusiva na Bíblia
Jesus disse que ficaria “três dias e três noites no coração da terra” (Mt 12:40. Como pode ser isso, se Ele morreu na tarde de sexta-feira e ressuscitou no domingo pela manhã? – P. A.
Alguém que não saiba como os israelitas contavam o tempo, ou seja, que desconheça a “contagem inclusiva” empregada na Bíblia, encontra dificuldade em harmonizar os “três dias e três noites” de Jonas no ventre do peixe com o tempo em que Jesus esteve morto. Essa dificuldade tem levado alguns até a imaginar que Jesus teria morrido na quarta-feira. Mas quando se conhece a “contagem inclusiva”, o problema é resolvido. O que, então, seria “contagem inclusiva”? É a maneira de contar incluindo todas as horas de um dia ou de uma noite, quando, em alguma ação, se empregou apenas parte deles. Ou seja, se alguém fez algo em determinada hora do dia, se contava o dia todo. Se algo era feito em determinada hora da noite, se contava a noite toda. Tomemos como exemplos os relatos de Jonas, Ester, o moço egípcio, servo de um amalequita, e o de Jesus. 1. Jonas: “Deparou o Senhor um grande peixe, para que tragasse a Jonas; e esteve Jonas três dias e três noites no ventre do peixe” (Jn 1:17). Em nenhum lugar no livro desse profeta é dito que ele ficou três dias e três noites completos, ou seja, 72 horas exatas. Na verdade, não sabemos nem a hora exata em que esse profeta foi tragado pelo peixe, nem a hora exata em que foi deixado na praia. O certo é que Jonas ficou parte de três dias e parte de três noites no ventre do peixe. E, assim, pelo método inclusivo de contagem dos israelitas, ele teria ficado “três dias e três noites” em sua sepultura viva. 2. Ester: “Vai, ajunta a todos os judeus que se acharem em Susã, e jejuai por mim, e não comais, nem bebais por três dias, nem de noite nem de dia; eu e as minhas servas também jejuaremos. Depois irei ter com o rei. [...] Ao terceiro dia, Ester se aprontou com seus trajes reais e se pôs no pátio interior da casa do rei, defronte da residência do rei” (Et 4:16; 5:1). Percebe o leitor que o pedido foi para que jejuassem por três dias e três noites, mas que, no terceiro dia, ou seja, antes que terminasse esse período, Ester se aprontou e foi ter com o rei? O fato é que, como
o terceiro dia já havia começado quando Ester foi à presença do rei, contou-se inclusivamente todo aquele terceiro dia. 3. O moço egípcio, servo de um amalequita: “Acharam no campo um homem egípcio e o trouxeram a Davi; deramlhe pão, e comeu, e deram-lhe a beber água. Deram-lhe também um pedaço de pasta de figos secos e dois cachos de passas, e comeu; recobrou, então, o alento, pois havia três dias e três noites que não comia pão, nem bebia água. Então, lhe perguntou Davi: De quem és tu e de onde vens? Respondeu o moço egípcio: Sou servo de um amalequita, e meu senhor me deixou aqui, porque adoeci há três dias” (1Sm 30:11-13). O moço relatou que havia adoecido havia “três dias”. Mas o texto diz que ele estava sem comer e beber por “três dias e três noites”. Ou seja, esse terceiro dia em jejum é contado como se já houvesse passado. 4. Jesus: “Assim como esteve Jonas três dias e três noites no ventre do grande peixe, assim o Filho do Homem estará três dias e três noites no coração da terra” (Mt 12:40). Os Evangelhos mencionam que Jesus morreu no “dia da preparação” (parasceve), isto é, na sexta-feira, véspera do sábado (Mt 27:62; Mc 15:42; Lc 23:54; Jo 19:14, 31, 42). E que esteve na sepultura até o “primeiro dia da semana”, isto é, no domingo bem cedo, quando ressuscitou (Mt 28:1-6; Mc 16:1, 2, 9; Lc 24:1-3; Jo 20:1). Mas, então, como Ele teria passado os “três dias e três noites” no sepulcro? Pelo método de “contagem inclusiva” dos judeus, esses dias e noites são assim computados: • Dia (parte clara) de sexta-feira + dia de sábado + primeiras horas do dia de domingo = 3 dias; • Noite de quinta-feira (início do dia de sexta) + noite de sexta + noite de sábado = 3 noites. Pode parecer estranho contar a noite de quinta-feira, mas o fato é que, como Jesus morreu na sexta-feira e esse dia da semana começa com quinta à noite (conforme o calendário bíblico), conta-se essa noite de quinta, com as noites de sexta e do sábado. Em conclusão, vê-se que a maneira de contagem do tempo dos antigos israelitas (contagem inclusiva) difere da nossa maneira ocidental de contá-lo. Compreendendo-se isso, pode-se afirmar que Jesus passou “três dias e três noites” no coração da terra. E por que o fez? Foi porque Sua morte é a única maneira pela qual o ser humano pode ser salvo. Como disse o profeta Isaías: “Ele foi transpassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre Ele, e pelas Suas pisaduras [feridas] fomos sarados” (53:5). Você já se beneficiou desse sacrifício? – Por Ozeas C. Moura, doutor em Teologia Bíblica e professor no Unasp-EC. E-mail: ozeas.moura@unasp.edu.br
Elio Yzael / Imagem: Fotolia
VISITE NOSSA LIVRARIA EM SUA CIDADE! TATUÍ Rod. SP 127, km 106 Guardinhas Fone: (15) 3205-8910 E-mail: vendas@cpb.com.br
livraria
MOEMA Av. Juriti, 573 – Moema São Paulo, SP Fone: (11) 5051-1544
VILA MATILDE R. Gil de Oliveira, 153 São Paulo, SP Fone: (11) 2289-2021
CURITIBA BRASÍLIA R. Visc. do Rio Branco, 1.335 SD/Sul – Bloco Q – Loja 54
E-mail: moema@cpb.com.br E-mail: vila.matilde@cpb.com.br E-mail: curitiba@cpb.com.br
E-mail: brasilia@cpb.com.br
PRAÇA DA SÉ Praça da Sé, 28 – A1 Sala 13 – São Paulo, SP Fone: (11) 3106-2659
UNASP/EC Rod. SP 332, km 160 Fazenda Lagoa Bonita Engenheiro Coelho, SP Fone: (19) 3858-1398
FORTALEZA R. Pedro I, 1.120 Centro Fone: (85) 3252-5779
GOIÂNIA Av. Goiás, 1.013 Loja 1 – Centro Fone: (62) 3229-3830
E-mail: fortaleza@cpb.com.br
E-mail: goiania@cpb.com.br
E-mail: rio@cpb.com.br
E-mail: recife@cpb.com.br
E-mail: se@cpb.com.br
E-mail: unasp@cpb.com.br
Loja 1 – Centro
Fone: (41) 3323-9023
Térreo – Ed. Venâncio IV – Asa Sul
Fone: (61) 3321-2021
CAMPO GRANDE R. Quinze de Novembro, 589 Centro Fone: (67) 3321-9463
SALVADOR Av. Joana Angélica, 747 Sala 401 – Nazaré Fone: (71) 3322-0543
E-mail: campo.grande@cpb.com.br
E-mail: salvador@cpb.com.br
RIO DE JANEIRO R. Conde de Bonfim, 80 Loja A – Tijuca Fone: (21) 3872-7375
RECIFE R. Gervásio Pires, 631 Santo Amaro Fone: (81) 3031-9941
Pergunta Por que sofremos? Como conciliar o amor de Deus com Sua justiça? Afinal, q u e m é o responsável por nosso sofrimento: Deus, Satanás ou nós m e s m o s ? - 1 . S.
O que a Bíblia diz sobre Deus e a aplicação de Sua justiça: 1. Ele mesmo, e de forma direta, pode punir uma pessoa ou um povo. Foi o que ocorreu com Ananias e Safira (At 5), com os antediluvianos (Gn 6:7), com os habitantes de Sodoma e Gomorra (Gn 19:23-25), etc. Contudo, essas punições não foram injustas, pois os que foram punidos as mereciam. 2. Ele, muitas vezes, pune de forma indireta, ao deixar que o pecador colha os frutos de sua vida má e desvirtuada. É o caso das maldições de Deuteronômio 8, onde Ele permite doenças físicas, fracasso nos empreendimentos, derrota para os inimigos, problemas familiares, invasões de gafanhotos, perturbação mental, secas, etc. E mais uma vez, devido à desobediência de pessoas ou de todo um povo. 3. Quando tem que punir o culpado, ou seja, fazer justiça (SI 103:6), Deus o faz com dor no coração, pois Ele "não tem prazer na morte de ninguém" (Ez 18:32). Com respeito às causas do sofrimento humano, poderíamos apontar: 1) Satanás (Jó capítulos 1,2). Mas, sua atuação é limitada por Deus, que só permite o que pode ser "para o bem dos que amam a Deus" (Rm 8:28). Foi o que ocorreu no caso das desgraças que se abateram sobre Jó.
2) Pessoas usadas por Satanás. U m exemplo disso é o de Herodias, que pediu a cabeça de João Batista, para que o mesmo deixasse de incomodá-la em seus caminhos pecaminosos (ver M t 14:1-12). 3) Nós mesmos, quando colhemos os frutos de nossos pecados. É o que diz Gálatas 6:7: "Não vos enganeis: de Deus não se zomba; pois aquilo que o homem semear, isso também ceifará" Mas deve-ser lembrado que, mesmo quando somos nós os causadores de nossos sofrimentos, há a mão de Satanás nos incitando a fazer o mal para que colhamos seus resultados. 4) Alguma herança ou defeito genético: caso de criancinhas com síndromes diversas, ou de adultos, nos quais doenças se desenvolvem (boa parte dos tipos de câncer, por exemplo). É o resultado do que poderíamos chamar de "salário do pecado" (Rm 6:23). O sofrimento por essa causa pode ser minorado por tratamentos médicos e um estilo de vida saudável, mas sua extirpação final só se dará quando este corpo corruptível se revestir de incorruptibilidade, e o que é mortal se revestir da imortalidade (ICo 15:53). O problema do sofrimento sempre intrigou as pessoas, em todos os tempos. Quando sofre alguém que é mau, é até compreensível, pois, devido a seu estilo devida, dificilmente o resultado poderia ser diferente. Mas quando um justo sofre, então vem à mente a inevitável pergunta: Por quê? Para muitos sofrimentos pode-se apontar, com clareza, uma determinada causa. Para outros, não. Para essa última situação, o cristão deve se valer da promessa bíblica: "Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus" (Rm 8:28), e de que nenhum tipo de sofrimento jamais "poderá separar-nos do amor de Deus" (8:39), e de que "Em todas estas coisas, porém, somos mais que vencedores, por meio dAquele que nos amou" (8:37). - Por Ozeas Caldas Moura, editor na Casa Publicadora Brasileira. A
Revista Adventista I AGOSTO -2007
17
Pergunta Pregação de Cristo aos "espíritos em prisão" Quais são os significados destas citações de Pedro sobre Jesus, em 1 Pedro 3:18b-20? Entre as várias interpretações, está a de q u e Noé foi incumbido por Cristo de pregar aos ímpios de sua época. Outra afirma q u e Cristo, entre Sua morte e ressurreição, pregou a o s mortos ímpios pré-diluvianos. Afinal, qual interpretação tem base bíblica? - D. A. C. C.
Nesse texto, a parte que traz dificuldade de interpretação é: "Pois também Cristo..., morto, sim, na carne, mas vivificado no espírito, no qual também foi e pregou aos espíritos em prisão" (IPe 3:18-19). Entre as várias interpretações, uma é comum aos católicos e evangélicos: Cristo, entre Sua morte e ressurreição, teria ido ao Hades pregar a espíritos. Para os que crêem na imortalidade da alma, o Hades seria um lugar intermediário para onde supostamente vão os espíritos desincorporados. Essa interpretação não tem base bíblica pelas seguintes razões: 1. Com a morte, encerra-se o tempo de preparo para a salvação. O passo seguinte após a morte é o juízo: "E, assim como aos homens está ordenado morrerem uma só vez, vindo, depois disto, o juízo..." (Hb 9:27). O tempo de preparo para a vida eterna é "hoje" e "agora": 'Assim, pois, como diz o Espírito Santo: Hoje, se ouvirdes a Sua voz, não endureçais o vosso coração" (Hb 3:7,8); "Porque Ele diz: Eu te ouvi no tempo da oportunidade e te socorri no dia da salvação; eis, agora, o tempo sobremodo oportuno, eis, agora, o dia da salvação" (2Co 6:2). 2. Os mortos não podem ouvir a pregação do evangelho; tampouco podem aceitá-lo, pois viraram pó:"... até que tornes à terra, pois dela foste formado; porque tu és pó e ao pó tornarás" (Gn 3:19). Como conseqüência disso, quem morreu não têm consciência: "Sailhes o espírito, e eles tornam ao pó; nesse mesmo dia, perecem todos os seus desígnios" (SI 146:4); "Os mortos não louvam ao Senhor, nem os que descem à região do silêncio" (SI 115:17);"... os mortos não sabem coisa nenhuma...; a sua memória jaz no esquecimento...; porque no além, para onde tu vais,
não há obra, nem projetos, nem conhecimento, nem sabedoria alguma" (Ec 9:5,10). A própria Bíblia e o contexto de 1 Pedro 3:18-21 nos ajudam a entender o texto em questão: 1. Jesus foi "vivificado no espírito" (IPe 3:18). Pelo original grego, podemos também traduzir essa frase como: "Vivificado pelo Espírito" Ou seja, o Espírito Santo participou na ressurreição de Cristo (ver Rm 8:11). 2. "No qual também foi e pregou aos espíritos em prisão'.' A expressão "no qual" se refere ao Espírito Santo, mencionado na parte final de IPe 3:18. Então, Jesus, através do Espírito Santo, pregou a esses "espíritos em prisão" No entanto, o elemento humano usado pelo Espírito Santo foi Noé (ver IPe 3:20). A menção a esse patriarca fornece a pista para se saber em que tempo foi feita essa pregação. 3. A pregação se deu, não no período entre a morte e a ressurreição de Cristo, mas "nos dias de Noé" (3:20), isto é, no tempo anterior ao Dilúvio, "enquanto se preparava a arca" (3:20). 4. Quem seriam esses "espíritos" aos quais foi feita a pregação? O próprio contexto nos esclarece: foram os "desobedientes,,, nos dias de Noé, enquanto se preparava a arca" (3:20). O u seja, a pregação foi feita aos antediluvianos, e não a espíritos desincorporados no Hades. A parte final de 3:20 nos esclarece que "poucos, a saber, oito pessoas, foram salvos" A palavra "pessoas" aqui, é psychai {psychê significa "alma, vida, pessoa, criatura"). Então, vê-se que os oito "espíritos" que foram salvos são as oito pessoas da família de Noé (ele, a esposa, três filhos e três noras). 5. E qual seria a "prisão" mencionada em 1 Pedro 3:19? A Bíblia nos diz que a prisão é o pecado: "Tira a minha alma do cárcere, para que eu dê graças ao Teu nome..." (SI 142:7); "Quanto ao perverso, as suas iniquidades o prenderão, e com as cordas do seu pecado será detido" (Pv 5:22). É digno de nota que um dos atos do Messias seria "tirar da prisão o cativo e do cárcere, os que jazem em trevas" (Is 42:7). E isso foi feito por Jesus, para todos aqueles que O aceitaram como Salvador. Portanto, podemos concluir dizendo que o texto de 1 Pedro 3:18-20 afirma que Jesus, através da atuação do Espírito Santo em Noé, pregou aos antediluvianos, mas somente oito deles (Noé e sua família) aceitaram a pregação e foram salvos. Está você aproveitando o dia de hoje, o presente momento, para entregar sua vida ao Senhor Jesus, para que esteja a salvo quando vier o dilúvio de fogo? Não se esqueça de que "hoje" é o dia da salvação, "agora" é o momento oportuno. Por Ozeas C. Moura, editor na Casa Publicadora Brasileira. E-mail: ozeas. moura@cpb. com. br A
Pergunta Estere o concurso de beleza de Assuero Por que Ester foi ao concurso de beleza, no qual seria escolhida outra rainha para o rei Assuero? Ela não sabia que ele era um homem casado? Será que foi um caso de adultério entre eles? - W. S. Os relatos bíblicos devem ser analisados p r i m e i r a m e n t e à l u z dos costumes e práticas do tempo e m que f o r a m escritos. Nos tempos do A n t i g o Testamento, e m Israel e nas demais nações, era c o m u m a prática da poligamia especialmente entre os reis, e isso não era visto c o m o adultério. Note que o rei Davi tinha muitas mulheres e não era considerado adultério quando ele arranjava mais uma. Adultério era tomar a mulher de outro homem, como foi o caso quando o rei teve relações sexuais c o m Bate-Seba, m u l h e r de u m de seus generais, chamado Urias. É verdade que a poligamia nunca esteve nos planos de Deus, que c r i o u u m a m u l h e r para Adão e, consequentemente, deu apenas u m m a r i d o para Eva. Foi o pecado que deu origem à poligamia, que b r o t o u p r i m e i r a m e n t e entre os descendentes de C a i m (ver Lameque e suas duas esposas, e m Gênesis 4:19). Vários patriarcas, incluindo Abraão e seu neto Jacó, f o r a m polígamos ( G n 25:5, 6; 31:17). Mas, nos tempos do N o v o Testamento, essa prática foi desestimulada (ver I C o 7:2, 3). À semelhança dos demais reis daquela época, o rei Assuero era polígamo. Assim, não era considerado adultério ter relações c o m Ester, pois ela não era m u l h e r casada, e s i m solteira. É muitas vezes perguntado se Ester poderia ter evitado o concurso de beleza, no q u a l haveria a escolha de o u t r a r a i n h a para o lugar de Vasti. Nessa questão, os teólogos estão b e m divididos quanto à resposta: uns d i z e m que Ester foi ao concurso de beleza por livre e espontânea vontade; outros pensam exatamente o contrário. Estes últimos crêem que nenhuma mulher estava e m condição de exercer o direito de escolha face ao decreto real, e que elas f o r a m levadas ao r e i contra a vontade delas. O livro de Ester parece sugerir que Ester não foi àquele concurso de beleza por vontade própria. Vejamos o que nos d i z e m alguns versos do l i v r o que leva o seu nome: "Tragam-se moças para o rei..." (2:2); "Ponha o rei comissários..., que reúnam todas as moças virgens..." (2:3); "Em se divulgando, pois, o mandado do r e i e a sua lei, ao ser e m ajuntadas muitas moças na cidadela de Susã..., levar a m t a m b é m Ester à casa do rei" (2:8); "Assim, foi levada Ester ao r e i Assuero, à casa real" (2:16),
Alguém poderia pensar que era u m a grande h o n r a participar daquele evento e ser u m a candidata à condição de esposa do rei. Mas as circunstâncias poderiam não ser assim tão boas para as participantes. Somente u m a delas seria a escolhida: a que mais satisfizesse sexualmente o rei. Depois de ficar u m a noite c o m o rei, se não fosse escolhida, t a l candidata não voltava para casa. Ela se tornava concubina do rei, e ia m o r a r na "casa das mulheres' (nome para o harém real). A l i vivia n u m regime de quase viuvez, pois só voltava a ter relações c o m o rei se este a chamasse pelo n o m e (2:14) - algo bastante raro, devido ao elevado número de mulheres e concubinas reais. A própria rainha Ester queixou-se ao p r i m o M o r d e c a i que, e m determinada ocasião, se havia passado t o d o u m mês sem ser "chamada para entrar ao rei" (4:11). N o entanto, forçada o u não a p a r t i c i p a r daquele evento, u m a vez nele, Ester fez o m e l h o r que podia, naquela circunstância. Possivelmente creu que Deus poderia transformar aqueles acontecimentos e m algo b o m para ela e seu povo (judeu). Era essa a opinião de seu p r i m o M o r d e c a i : " Q u e m sabe se para conjuntura c o m o esta é que foste elevada a rainha?" (4:14). O certo é que não conhecemos todos os detalhes quanto à elevação de Ester a rainha da Pérsia. Mas, apesar do que lhe aconteceu, ela não perdeu sua fé e m Deus e ajudou a salvar seu povo de uma destruição certa. Verdadeiramente, para ela se c u m p r i r a m as palavras de Paulo: "Sabemos que todas as coisas cooperam para o b e m daqueles que a m a m a Deus, daqueles que são chamados segundo o Seu propósito" (Rm 8:28). - Por Ozeas C. Moura, doutorem Teologia Bíblica e editor na Casa Publicadora Brasileira. - E-mail; ozeas. moura@cpb. com. br A
nada que ver com salvação ou perdição, e sim com posições de maior ou menor destaque no mundo. ' P e r g u n t a 2. Predestinação de caracteres - Esse tipo de predestinação é apresentado pela figura de dois tipos de vasos: "vaso Nascemos com nosso de ira" e "vaso de misericórdia". "Que diremos, pois, se Deus, querendo mostrar a Sua ira e dar a conhecer o Seu poder, suportou com muita longanimidade os vasos de ira, preparadestino traçado? dos para a perdição, a fim de que também desse a conhecer Gostaria de entender Romanos 9:22, 23. Nesses as riquezas de Sua glória em vasos de misericórdia, que para a dois versos, Paulo fala em "vasos de ira, preparados para a perdição" e "vasos de misericórdia, pre- glória preparou de antemão, os quais somos nós, a quem tamparados de antemão para a glória". N ã o seria isso bém chamou, não só dentre os judeus, mas também dentre os gentios?" (Rm 9:22-24). Esse tipo de predestinação indica dupla predestinação: uns para a salvação e outros que Deus "predestinou", ou "determinou", que quem tiver um para a perdição? - A. P. caráter justo se salvará e quem tiver um caráter mau se perDevemos nos aperceber de que, em Romanos 9, Paulo derá. Note que é o tipo de caráter que é predestinado, e não trata de dois tipos de predestinação: de papéis ou funções e pessoas. Cada pessoa é livre para escolher que tipo de caráter irá desenvolver. Quem (pelo poder de Deus) desenvolver um de caracteres. Analisemos os dois tipos: 1. Predestinação de papéis ou funções - Esse tipo de caráter justo será salvo, tornando-se "vaso de misericórdia". predestinação é mostrado com o exemplo de Jacó e Esaú, E quem, ao contrário, desenvolver caráter mau se perderá, torem Romanos 9:11-13: "E ainda não eram os gêmeos nascidos, nando-se, assim, "vaso de ira". A esta altura de nossa análise, nem tinham praticado o bem ou o mal (para que o propó- é importante deixar bem claro que os vasos não devem ser sito de Deus, quanto à eleição, prevalecesse, não por obras, "misturados", isto é, "vaso de honra" não é o mesmo que "vaso mas por aquele que chama), já fora dito a ela [Rebeca]: O de misericórdia", nem "vaso de desonra" o mesmo que "vaso de mais velho será servo do mais moço. Como está escrito: ira". Os vasos "para honra e para desonra" têm que ver com Amei a Jacó, porém Me aborreci de Esaú." Aqui, Paulo não maior ou menor destaque na história, e é Deus quem escoestá falando em "eleição" ou predestinação para a salvação lhe; os vasos "para ira e para misericórdia" têm que ver com ou perdição, e sim para papéis ou funções no mundo. Jacó, o tipo de caráter que poderá resultar em perdição ou salvao mais novo, teria um papel mais importante que o do ir- ção, e são as pessoas que escolhem que tipo de vaso desemão Esaú. Antes do nascimento dos gêmeos, Deus escolheu jam ser, ou que caráter irão desenvolver. Jacó para ser o ancestral do Messias. E por que escolheu Pelas informações bíblicas, vemos que Jacó tanto foi um Jacó e não Esaú? Porque Deus é soberano. Ele escolhe quem "vaso de honra" (pela escolha divina) quanto um "vaso de quer. Contudo, devemos entender que a escolha soberana misericórdia" (por sua escolha em se arrepender e mudar de Deus não se dá no vácuo, isto é, por um mero capricho. de vida). Ele teve papel destacado no mundo, tornando-se Em Sua presciência, Deus sabia que tipo de pessoa seria Jacó: ancestral de Cristo, bem como estará, como "vaso de mimesmo tendo sido enganador algumas vezes, ele "lutaria sericórdia", entre os salvos (ver sua menção entre os heróis com Deus" e consigo mesmo para ser uma pessoa melhor da fé, em Hebreus 11:21, 22). Já seu irmão Esaú, além de ter e diferente. Sua luta com Deus no vau do ribeiro Jaboque sido um "vaso para desonra" (ou menos honra), ou seja, não (Gn 32:24-32) foi o momento de seu arrependimento e con- ter tido papel de destaque no mundo, pelo seu caráter "imversão, tanto que teve seu nome mudado de Jacó, enganador, puro e profano" (Hb 12:16), tornou-se também um "vaso de para Israel, príncipe de Deus. Desse modo, Jacó se tornou ira" e, a menos que tenha se arrependido antes de morrer, habilitado para ser ancestral do Messias, e Jesus nasceu de estará entre os perdidos. sua família. Por esse papel destacado na história, Jacó se torNosso papel no mundo (de maior ou menor destaque) nou um "vaso de honra" (Rm 9:21). depende, em grande medida, dos dons ou habilidades natuJá Esaú, por ter sido "impuro" e "profano" (Hb 12:16), não rais com os quais Deus nos dotou ao sermos gerados e das foi escolhido para o importante papel de ancestral de Cristo. oportunidades que Ele nos propicia ao longo da vida. Essa Contudo, ele ainda poderia ser salvo, se assim o desejasse. decisão é dEle. Nossa parte é desenvolver ao máximo essas A escolha de seu irmão Jacó para um papel de destaque não potencialidades. Mas não nos esqueçamos: todos são úteis, significava que ele, Esaú, devesse perder sua salvação. Esaú e com muita ou pouca honra, com maior ou menor destaque. seus descendentes, os edomitas, não tiveram a mesma im- Mas, quanto à salvação ou perdição, podemos escolher se portância histórica que tiveram Jacó e os israelitas. Foram vamos ser "vasos de misericórdia" ou "vasos de ira". O tipo "vasos para desonra", ou "vasos com menos honra" (Rm 9:21). de caráter desenvolvido determinará se estaremos entre os Mas deve-se lembrar de que um vaso "para desonra" ou "me- salvos ou entre os perdidos. Você já fez sua escolha? - Por nos honra", como uma lixeira, por exemplo, não é menos Ozeas C. Moura, doutor em Teologia Bíblica e professor de útil que um "vaso para honra", como um vaso para flores, Teologia naFAT, Llnasp, campus de Engenheiro Coelho, SP. por exemplo. Vasos "para honra" ou "para desonra" não têm E-mail: ozeas.moura@unasp.edu.br A
Jesus foi claro quando disse que Satanás é o “pai da mentira” (Jo 8:44). Assim, Deus nada tem que ver com a mentira, “pois não é homem, para que minta” (Nm 23:19). No entanto, Micaías, profeta de Deus, parece contradizer essa verdade ao dizer ao rei Acabe “que o Senhor pôs o espírito mentiroso na boca de todos esses teus profetas e o Senhor falou o que é mau contra ti” (1Rs 22:23). Uma vez que a Bíblia não se contradiz, como entender esse verso bíblico? Algo que ajuda na compreensão do verso em questão é ver como os israelitas entendiam a questão da soberania divina – sendo que tudo o que acontece está sob controle divino, e visto ser Deus onipotente, quando Ele permite que algo aconteça é como se Ele o tivesse feito. Ou seja, Deus acaba sendo responsabilizado por aquilo que permite acontecer. A permissão divina é interpretada como a causadora do evento. Eis alguns exemplos que demonstram essa maneira de encarar a soberania divina: 1. Em Êxodo 4:21 e 7:3 Deus diz que endureceria o coração de Faraó para que este não libertasse os israelitas da escravidão; e em 10:1, 20 é dito que o Senhor fez isso. Mas outros versos no mesmo livro do Êxodo dizem que foi Faraó mesmo quem endureceu o coração (7:13; 8:15, 32; 9:34; confira ainda 1 Samuel 6:6). Deus apenas permitiu que Faraó se endurecesse. 2. Em 1 Samuel 18:10 é dito que “um espírito maligno, da parte de Deus, se apossou de Saul” (cf. 16:15). Na verdade, Deus apenas permitiu que um espírito maligno se apossasse de Saul, quando retirou desse rei Sua proteção. 3. Em 2 Samuel 24:1 é dito que o Senhor incitou Davi a levantar o censo de Israel e Judá, quando, na verdade,
a o ENEM
Ensino
225-7250
rg.br
Tratado de Teologia
Primeiro lançamento da
Com 1.168 páginas, este livro apresenta um estudo exaustivo das principais doutrinas e crenças adventistas. Deus, Cristo, Espírito Santo, Pecado, Salvação, Santuário, Juízo, Sábado, Família, Profecias, Milênio, Segunda Vinda de Jesus, Grande Conflito... Cada um dos 28 temas é analisado ao longo de toda a Bíblia; depois, na história cristã e nos escritos adventistas. Cód. 8784
Ligue
Acesse
Faça seu pedido no
Ou dirija-se a uma
0800-9790606* www.cpb.com.br SELS de sua Associação das Lojas da CASA *Horários de atendimento: Segunda a quinta, das 8h às 20h @casapublicadora cpb.com.br/facebook Sexta, das 8h às 15h45 / Domingo, das 8h30 às 14h.
RA/ago’11
Uma vez que Deus abomina a mentira, como é que Ele pôs um espírito mentiroso na boca dos profetas do rei Acabe? Como entender o relato de 1 Reis 22:19-23? – P. M.
24958
Teria Deus se valido do expediente da mentira?
Carlos Souza / Imagem: Shutterstock
o
Jupterimages
ê!
apenas deixou que o orgulhoso e envaidecido Davi levasse avante seu plano de saber quão numeroso era seu exército. 1 Crônicas 21:1 deixa bem claro que foi Satanás quem incitou Davi a realizar aquele censo. Mas, por ter permitido que Davi contasse seus guerreiros, foi como se Deus mesmo incitasse Davi a realizar aquela contagem. O diálogo entre o profeta Micaías e o rei Acabe (1Rs 22:19-23) é similar aos três casos mencionados. Esse ímpio rei não queria ouvir a verdade (daí não ter primeiramente chamado Micaías, o profeta do Senhor). O rei queria ouvir da boca de seus profetas palavras lisonjeiras de que ele seria bem-sucedido na guerra contra os sírios, em sua luta por recuperar para Israel a cidade de Ramote-Gileade (1Rs 22:3). E, como o rei estava obstinado em ouvir somente aquilo que exaltava seu ego, Deus permitiu que Satanás falasse pela boca daqueles profetas. E como não impediu que o demônio enganasse Acabe, foi como se Deus mesmo fosse o causador daquele engano. Onde se lê que “o Senhor pôs o espírito mentiroso na boca de todos estes teus profetas”, leia-se que o Senhor permitiu que o espírito mentiroso falasse através de todos aqueles falsos profetas. Em conclusão, devemos entender que, quando é dito que o Senhor “fez” alguma coisa que não condiz com Seu caráter, isso deve ser compreendido como o Senhor “permitiu”. A lição que fica do episódio da vontade do rei Acabe de ouvir somente palavras lisonjeiras, bem como da obstinação de Faraó em não conceder liberdade aos israelitas, da ideia fixa de Saul em matar Davi e da teimosia do próprio Davi em levar avante seu plano de realizar o censo de todos os seus guerreiros, é que Deus não interfere no livre-arbítrio concedido ao ser humano. Por respeitar-lhe a liberdade, Ele o deixa ir avante com seus planos, mesmo que estes estejam contra a Sua vontade. No entanto, não o livrará das consequências: Acabe morreu flechado na batalha de Ramote-Gileade. Faraó teve seu país atingido por dez pragas, sendo a última a morte de todos os primogênitos, incluindo o dele. Saul, sem a ajuda de Deus e de seu hábil guerreiro Davi, perdeu a vida na batalha contra os filisteus. E o censo levantado por Davi acarretou a morte de setenta mil israelitas. Em todos esses casos, foi demonstrada a verdade de que “aquilo que o homem semear, isso também ceifará” (Gl 6:7). – Por Ozeas C. Moura, doutor em Teologia Bíblica e professor no Unasp, campus Engenheiro Coelho, SP. E-mail: ozeas.moura@unasp.edu.br
Designer
Editor Texto
C.Qualidade
Depto. Arte
Acreditamos que Moisés seja o autor do livro de Deuteronômio. O que dizer, porém, do capítulo 34? Teria ele escrito a narrativa da própria morte? – P. A.
Diferentemente dos teólogos da Alta Crítica, que atribuem a autoria da quase totalidade de Deuteronômio (cap. 6-28) a escritores do reino do Norte (Israel dividido, com suas 10 tribos), e sua forma final como fruto de edição por parte de Esdras, preferimos acreditar nas informações do próprio livro, do qual Moisés é autor (cf. Dt 31:24). Mas, como entender o relato da morte de Moisés, mencionada no capítulo 34 do referido livro? Há, basicamente, duas hipóteses para o relato: (1) Moisés teria, por inspiração profética, não só previsto, mas também narrado, e com detalhes, a própria morte; e (2) outro escritor bíblico teria acrescentado a narrativa do capítulo 34 de Deuteronômio, que trata da morte de Moisés como um fecho a esse livro, bem como da grande obra de Moisés – o Pentateuco. Com respeito à primeira hipótese, devemos dizer que a menção da idade de Moisés ao morrer (120 anos), sua boa acuidade visual (os olhos não se escureceram), seu bom vigor físico, mencionados no verso 7, além da menção de que nunca mais apareceu outro profeta semelhante a Moisés (verso 10) soariam melhor se tivessem sido proferidas e escritas por outra pessoa. Do contrário, Moisés estaria fazendo um autoelogio – o que não combina com o que as páginas da Escritura mencionam sobre esse grande libertador do povo israelita, do qual, entre as muitas virtudes que possuía, estava a humildade. (Confira a avaliação que ele fez de si mesmo em Êxodo 3:11.)
Visite nossa livraria em sua cidade.
MOEMA Av. Juriti, 573 – Moema São Paulo, SP – Fone: (11) 5051-1544 E-mail: moema@cpb.com.br PRAÇA DA SÉ Praça da Sé, 28 – A1 – Sala 13 São Paulo, SP – Fone: (11) 3106-2659 E-mail: se@cpb.com.br VILA MATILDE R. Gil de Oliveira, 153 São Paulo, SP – Fone: (11) 2289-2111 E-mail: vila.matilde@cpb.com.br UNASP/EC Rod. SP 332, km 160 – Fazenda Lagoa Bonita – Engenheiro Coelho, SP Fone: (19) 3858-1398 E-mail: unasp@cpb.com.br TATUÍ Rod. SP 127, km 106 – Guardinhas Tatuí, SP – Fone: (15) 3205-8910 E-mail: vendas@cpb.com.br
CURITIBA R. Visconde do Rio Branco, 1.335 Loja 1 – Centro – Curitiba, PR Fone: (41) 3323-9023 E-mail: curitiba@cpb.com.br CAMPO GRANDE R. Quinze de Novembro, 575 Salas 2 e 3 – Centro Fone: (67) 3321-9463 E-mail: campo.grande@cpb.com.br GOIÂNIA Av. Goiás, 1.013 – Loja 1 – Centro Goiânia, GO – Fone: (62) 3229-3830 E-mail: goiania@cpb.com.br BRASÍLIA SD/Sul – Bloco Q, Loja 54 – Térreo Edifício Venâncio IV – Asa Sul Brasília, DF – Fone: (61) 3321-2021 E-mail: brasilia@cpb.com.br
FORTALEZA R. Pedro I, 1.120 – Centro Fortaleza, CE – Fone: (85) 3252-5779 E-mail: fortaleza@cpb.com.br RIO DE JANEIRO R. Conde de Bonfim, 80, Loja A Tijuca – Rio de Janeiro, RJ Fone: (21) 3872-7375 E-mail: rio@cpb.com.br SALVADOR Av. Joana Angélica, 747 – Sala 401 Nazaré – Salvador, BA Fone: (71) 3322-0543 E-mail: salvador@cpb.com.br RECIFE R. Gervásio Pires, 631 – Santo Amaro Recife, PE – Fone: (81) 3031-9941 E-mail: recife@cpb.com.br
Renan Martin / Imagem: Divulgação
Jupterimages
Teria Moisés descrito a própria morte?
Analisemos, agora, a hipótese de que algum outro escritor, que não Moisés, possa ter sido o autor do capítulo 34 de Deuteronômio. De início, atentemos para uma pergunta feita com certa frequência: Poderia um escritor bíblico acrescentar alguma informação ao livro de um escritor anterior? A resposta é afirmativa. Eis um exemplo: o capítulo 52 do livro de Jeremias. Sabemos que esse capítulo não é de Jeremias, pela afirmação contida no último verso: “Até aqui as palavras de Jeremias” (Jr 51:64), indicando que o conteúdo do capítulo 52 não é da autoria desse profeta, mas que foi acrescentado a seu livro por algum escritor posterior. Josué poderia ser bom candidato a autor do capítulo 34 de Deuteronômio, pelas seguintes razões: (1) A expressão: “ninguém sabe, até hoje, o lugar da sua sepultura” (34:6) pressupõe alguém que sobreviveu a Moisés e o sucedeu, como foi o caso de Josué; (2) a menção a “Dã”, em 34:1, pressupõe a tomada da cidade de Lesém (seu nome original, como em Josué 19:47) pela tribo de Dã, o que só ocorreu no período da conquista de Canaã, no tempo de Josué, e não no tempo de Moisés; (3) a divisão da terra de Canaã pelas tribos, tal como aparece em 34:1-3, tem que ver com a distribuição da terra feita por Josué; (4) a informação, em 34:9, do sucessor de Moisés na liderança do povo de Israel é outra evidência que aponta para Josué como autor do capítulo 34 de Deuteronômio; (5) o elogio a Moisés (“Nunca mais se levantou em Israel profeta algum como Moisés”, cf. 34:10), parece mais apropriado se feito por Josué, do que por Moisés mesmo (SDABC, v. 1, p. 1.077). Devemos dar graças a Deus pelo fato de Ele ter velado por Sua Palavra ao longo do tempo, desde que ela foi escrita, no sentido de não ter deixado que nela fosse inserida nenhuma informação que a deturpasse ou a contradissesse. No entanto, ao deixar que houvesse algum acréscimo posterior, isso foi feito sob a orientação do Espírito Santo, e para benefício dos leitores da Bíblia, no sentido de aclará-la ainda mais ou fornecer alguma informação relevante, como é o caso do capítulo 34 de Deuteronômio. – Por Ozeas C. Moura, doutor em Teologia Bíblica e professor no Unasp, Campus Engenheiro Coelho. E-mail: ozeas.moura@unasp.edu.br
Jupterimages
Lebre rumina? Gostaria de entender Levítico 11:6, onde é dito que não devemos comer a carne da lebre porque ela rumina, mas não tem as unhas fendidas. É verdade que a lebre é animal ruminante? – L. A.
Devemos nos lembrar de que a Bíblia não é um manual científico, mas um livro cujo grande tema é o da salvação oferecida ao ser humano, por meio do sacrifício de Cristo. Cientificamente falando, a lebre não é animal ruminante, visto não ruminar o bolo alimentar, pois não está equipada para isso. Porém, para quem observa esse animal comendo, ele mastiga seu alimento de maneira que parece estar ruminando. Por isso é que a lebre aparece na lei mosaica como ruminante. Mas isso só da perspectiva de quem a observa. Esse e outros exemplos (a seguir) mostram que, em diversos lugares, os escritores bíblicos se utilizaram de um tipo de linguagem chamado de “observacional”. Vejamos outros exemplos: 1. O Sol “nasce” e “se põe: “Para que vos torneis filhos do vosso Pai celeste, porque Ele faz nascer o Seu sol sobre maus e bons” (Mt 5:45), e “nunca mais se porá o teu sol” (Is 60:20). Como sabemos, cientificamente falando, não é o Sol que “nasce”e “se põe”, mas a Terra, que gira sobre seu eixo (movimento de rotação), dando-nos o dia e a noite. Mas, mesmo vivendo no século 21, e em que pese todo o conhecimento científico que temos, ainda hoje dizemos que o sol “nasce” e “se põe. O fato é que, da perspectiva de quem observa o Sol, parece que ele gira ou se movimenta e não a Terra. 2. O Sol e a Lua “pararam” no tempo de Josué: “O Sol se deteve e a Lua parou, até que o povo se vingou de seus inimigos” (Js 10:13). Cientificamente falando, se o Sol e a Lua parassem, haveria catástrofes sobre a Terra, até com perigo de extinção da vida neste planeta. Como sabemos, o Sol viaja pelo espaço “carregando” consigo seus planetas com suas luas. “Todo o sistema solar, em conjunto com as estrelas visíveis numa noite clara, orbitam em volta do centro da nossa Galáxia, um disco em espiral com aproximadamente 200 bilhões de estrelas, a qual chamamos de Via Láctea” (http://www.ciencia-cultura.com/astronomia/avançado. html). Agora, imagine se o Sol parasse sua órbita, o que poderia acontecer à Terra e ao restante do nosso sistema solar? Mas o fato é que, da perspectiva de Josué e seus comandados, pareceu que o Sol se deteve e a Lua parou “quase um dia inteiro” (Js 10:13). Não sabemos explicar como se deu esse fenômeno acontecido nos dias da conquista de Canaã por Josué e seus guerreiros israelitas. Talvez algo como a refração da luz solar ou até o uso por Deus de alguma lei desconhecida a nós. Nesse episódio, vemos mais uma vez o uso da “linguagem observacional”.
3. Jacó e o milagre das “varas riscadas”. Em Gênesis 30:3743, encontra-se um relato curioso: Jacó riscando ou descascando algumas varas, colocando-as à vista do rebanho de seu sogro, Labão, e o rebanho produzindo filhotes “listrados, salpicados e malhados” (verso 39). A verdade é que ainda não se provou cientificamente que aquilo que a mãe gestante vê influencia geneticamente seu filho. Mas Jacó e o povo de seu tempo pensavam que isso fosse possível. E não é que o expediente das varas riscadas pareceu funcionar? Depois disso, é dito que Jacó se tornou mais e mais rico e teve muitos rebanhos (verso 43). Para Jacó era fato de que seu método funcionava: era só colocar as tais varas que o rebanho produzia filhotes listrados. Para desfazer essa impressão de Jacó, Deus teve que mostrar-lhe, em um sonho, que o milagre dos filhotes listrados não foi devido àquelas varas, mas à direta intervenção divina, para corrigir as injustiças cometidas contra Jacó por seu sogro Labão (Gn 31:7-12). Finalmente, mais um exemplo de “linguagem observacional”. Em Isaías 65:25, é dito que a serpente “comerá pó”. Como sabemos, as serpentes são animais predadores e se alimentam de outros animais, aves e até de outras serpentes. Mas, então, como entender essa predição do profeta Isaías? Primeiramente, devemos olhar para o verso como um todo: ele fala de lobo pastando e leão comendo palha. Ou seja, esses animais predadores e carnívoros se tornariam mansos e herbívoros (profecia feita ao antigo Israel. Mas, devido à desobediência deles em não aceitar o Messias, a profecia se cumprirá com o Israel espiritual, na Nova Terra.) E, da mesma forma que o lobo e o leão, a serpente também se tornará pacífica, não predadora e se alimentará de [algo que procede do] pó. Isto é, a serpente, à semelhança do lobo e do leão, também se tornará herbívora. Mas o fato é que, observando-se uma serpente em um deserto, onde achamos que não há nada para ela se alimentar, não parece que ela come pó? (ainda não se provou cientificamente se as serpentes fazem isso). Vê-se que é apenas da perspectiva de alguém que observa uma serpente saudável em um lugar inóspito e desértico que se poderia pensar que ela come pó. Em conclusão, queremos dizer que, durante a leitura da Bíblia, deve-se prestar atenção ao tipo de linguagem utilizada. Pode ser que o autor bíblico tenha empregado “linguagem observacional”, não científica, como é o caso de ainda hoje dizermos que o Sol “nasce e se põe”, quando sabemos que, cientificamente falando, não é isso o que ocorre, e sim que é a Terra que gira. – Por Ozeas C. Moura, doutor em Teologia Bíblica e professor no Unasp EC. E-mail: ozeas.moura@ unasp.edu.br Revista Adventista I agosto • 2013
19
Pergunta Dom de línguas
Gostaria de receber uma explicação sobre o dom de línguas, especialmente do capítulo 14 de 1 Coríntios. - A. J . S. F.
Com respeito ao dom de línguas, deve-se deixar claro, logo de início, que ele foi dado, não para alguém se autoedificar, ou mostrar que recebeu o Espírito Santo, mas para a pregação do Evangelho, como veremos a seguir. • A manifestação do dom em Atos, 2. A chave para se saber que tipo de línguas foi falado nessa ocasião está em 2:8: "E como os ouvimos falar cada um em nossa própria língua materna?" O que é "língua materna"? É aquela que aprendemos com nossa mãe, é a língua de nossa nação, e não os sons sem sentido que se ouvem em diversas igrejas cristãs da atualidade. E para que não haja dúvidas sobre quais línguas foram faladas, Lucas as menciona em Atos 2:9-11. Veja que em 1 Coríntios 12:7 é dito que um dom é dado "visando a um fim proveitoso" Ora, se todos numa reunião falam a língua do país, qual seria o "fim proveitoso" de se falar em outras línguas (maternas ou não maternas)? Não seria mais "proveitoso" se o pregador falasse no próprio idioma ou na língua dos ouvintes? Vê-se que o dom de línguas, dado aos apóstolos no dia de Pentecostes, foi a possibilidade de eles pregarem o evangelho em línguas estrangeiras ("maternas") para os estrangeiros que estavam naquela ocasião em Jerusalém. E "língua materna" deve ser o padrão para toda manifestação genuína do dom de línguas. • A manifestação do dom em Atos 10. Línguas foram faladas pelos da casa do centurião Cornélio (10:44,46). Em 10:46 é dito que, ao falarem em línguas, eles estavam "engrandecendo a Deus" Ora, se Pedro disse isso, é porque ele e aqueles que o acompanhavam entenderam o que foi falado. Se fossem línguas não maternas, como saberiam que eles estavam "engrandecendo a Deus"? Aqui também vemos como o dom de línguas tem que ver com a pregação do evangelho, pois sendo Cornélio um militar e sempre transferido de um lugar a outro, o falar em outras línguas (maternas - veja o padrão e modelo em Atos 2:8) seria de muita utilidade na pregação do evangelho aonde ele e os de sua casa fossem. • A manifestação do dom em Atos 19:1-7ocorreu com 12 irmãos da cidade deÉfeso. Novamente vemos a relação de línguas (maternas) com a pregação do evangelho. É sabido que Éfeso era uma grande cidade, visitada por gente de todos os lugares. Assim, o falar em outras línguas (maternas) seria de muita utilidade na pregação àqueles que passassem pela cidade e entrassem em contato com os cristãos dessa localidade. • A manifestação do dom em 1 Coríntios 14. Não sabemos ao certo como foi a manifestação de línguas na Revista Adventista I SETEMBRO -2007
cidade de Corinto. A Bíblia nos oferece elementos para pensarmos em pelo menos dois tipos de línguas: 1) línguas maternas - só para ostentação, sem nenhuma interpretação, e isso não edificava a igreja (ver 14:5,11,13), e 2) línguas não maternas (ou extáticas), como acontece entre os pentecostais de hoje. Isso trazia confusão aos ouvintes (ver 14:7-10). O conselho de Paulo quanto ao dom de línguas é falar só o que possa ser traduzido ou interpretado e compreendido (ver 14:5,13,19). E o "falar em mistério" de 14:2? Mistério é para quem não conhece a língua (materna) falada, não para Deus que conhece todas as línguas do mundo. Se alguém estiver numa congregação onde ninguém conheça a língua e não haja nenhum intérprete, a pessoa pode falar "em espírito" ou seja, apenas em pensamento (14:28) a Deus, e não à congregação, que não será edificada. Em 1 Coríntios 14:27, estão as três regras paulinas para se falar em línguas: 1) falar dois ou quando muito três; 2) falar de forma sucessiva (um de cada vez); e, 3) haja quem interprete. A pergunta é: São essas três regras seguidas pelos modernos faladores de línguas? A resposta é "não!" pois falam mais de dois ou três (às vezes fala toda a congregação), não falam de forma sucessiva, isto é, um de cada vez, mas todos juntos, e não há pessoas interpretando no momento em que as línguas estão sendo faladas. E isso gera confusão - algo que desagrada a Deus, pois Ele não é Deus "de confusão e sim de paz. Como em todas as igrejas dos santos" (ICo 14:33), tudo deve ser feito "com decência e ordem" (14:40). - Por Ozeas Caldas Moura A
Pergunt Balaão e Davi: contradições bíblicas? G o s t a r i a q u e m e r e s p o n d e s s e m : 1) S e D e u s d i s s e q u e B a l a ã o d e v i a ir c o m o s a n c i ã o s d o s m o a b i t a s e m i d i a n i t a s (Nm 2 2 : 2 0 , 2 2 ) , p o r q u e S u a ira s e a c e n d e u q u a n d o o p r o f e t a f o i a o e n c o n t r o d e B a l a q u e ? ; 2) F o i D e u s ( 2 S m 2 4 : 1 ) o u S a t a n á s ( K r 21:1) q u e m i n c i t o u D a v i a l e v a n t a r o c e n s o d e Israel? e 3) A r a ú n a ( 2 S m 2 4 : 1 6 ) e O r n a ( I C r 21:15) s ã o a m e s m a p e s s o a ? - C . A .
A primeira pergunta começa a ser respondida pelo texto de Números 22:12 e 13: "Então, disse Deus a Balaão: Não irás com eles, nem amaldiçoarás o povo; porque é povo abençoado. Levantou-se Balaão pela manhã e disse aos príncipes de Balaque: Tornai à vossa terra, porque o Senhor recusa deixar-me ir convosco." As duas idéias centrais do texto são: 1) Deus proíbe Balaão de ir, e 2) O profeta (certamente interessado no dinheiro que ganharia) gostaria de ir e amaldiçoar o povo que Deus dissera ser "abençoado" Mas, então, por que Deus disse ao profeta que fosse (22:20)? O fato é que Deus estava simplesmente deixando que Balaão fizesse o que ele queria fazer. Quando alguém conhece claramente a vontade de Deus, mas não está disposto a obedecê-la, Deus acaba deixando-o fazer sua própria vontade. Balaão ouvira do próprio Deus que não deveria ir Então, o que deveria ter feito quando Balaque enviou pela segunda vez os príncipes, desta vez, mais honrados e em maior número? Certamente que o correto seria tê-los mandado embora (como fizera da primeira vez). Mas, ao contrário, pediu-lhes: Agora, pois, rogo-vos que também aqui fiqueis esta noite, para que eu saiba o que mais o Senhor me dirá" (22:19). Ele já não sabia o que o Senhor havia dito? Sim, ele sabia. Mas deve ter pensado que, talvez, Deus pudesse ter mudado de idéia. Então, Deus deixou Balaão seguir seu próprio caminho, respeitando seu livre arbítrio (se tem algo que Deus respeita é a liberdade que nos deu). Que Deus não queria que Balaão fosse fica evidente pelo que aconteceu no caminho. 'Acendeu-se a ira de Deus, porque ele se foi; e o Anjo do Senhor pôs-se-lhe no caminho por adversário" (22:22). Então, o Anjo é visto pela mula de Balaão, que primeiramente se desviou do caminho, indo para o campo, depois, comprimindo o pé do profeta contra um muro, e finalmente, deixando-se cair debaixo de seu dono (22:23-27). Podemos ver nessa atuação do Anjo uma última tentativa de Deus para que Balaão não prosseguisse viagem. Mas o que fez o profeta? Espancou a jumenta e falou até em matá-la (22:23, 27, 29). Então, o Anjo lhe apareceu e disse-lhe que seu caminho "era perverso" diante de Deus (22:32).
Em resumo: Deus não queria que Balaão fosse, mas deixou que ele seguisse sua própria vontade. E qual foi o fim de Balaão? Deixou-se corromper pelo dinheiro, apostatou da fé em Deus. Sugeriu perversamente a Balaque para que fizesse uma festa e convidasse os jovens de Israel para comerem, beberem, se prostituírem e adorarem os deuses dos moabitas e midianitas, trazendo assim maldição sobre o povo de Deus, e foi morto à espada pelos israelitas, quando estes entraram em Canaã (ver Apocalipse 2:14; Números, cap. 25 e Josué 13:22). A segunda pergunta tem que ver com o censo levado a efeito por Davi. Há uma aparente contradição entre 2 Samuel 24:1 e 1 Crônicas 21:1. Foi Deus ou Satanás quem incitou Davi a fazer o censo? U m dos princípios de interpretação bíblica é que as Escrituras não se contradizem, pois são fruto da inspiração divina, através do Espírito Santo (ver 2 Pedro 1:21). Então, como explicar essa aparente contradição? Que o Senhor não queria que Davi levantasse o censo fica evidente na desaprovação divina ao ato do rei, propondo-lhe um castigo de sete anos de fome, ou fuga de diante dos inimigos por três meses, ou, ainda, três dias de praga sobre o povo de Israel (2Sm 24:13). Conforme 1 Crônicas 21:12, são três anos de fome, em lugar dos sete de 2 Samuel 24:13. Parece-nos que o período de sete anos de 2 Samuel pode ter sido um erro do copista, pois são oferecidos três castigos com três espaços de tempo, em ordem decrescente: três anos, ou três meses, ou três dias. Então, se Deus não queria que Davi contasse o povo (para evitar que o rei se orgulhasse dos milhares de soldados que poderia recrutar), como é que Ele "incitou Davi" a fazê-lo (2Sm 24:1)? Aqui temos a mesma situação de Balaão, quando ele desconsiderou a vontade de Deus para fazer a sua própria. Davi sabia que não devia confiar na força humana, e sim em Deus (ver Dt 20:1-4). Mas o orgulho subiu à cabeça do rei, e apesar do conselho de Joabe, o comandante do exército, para que não o fizesse, ainda assim Davi foi em frente (2Sm 24:3,4). E o resultado? A morte de 70 mil homens dentre o povo (2Sm 24:15). O texto de 1 Crônicas 21:1 está correto em dizer que foi Satanás quem incitou Davi a levantar o censo. A afirmação de 2 Samuel 24:1: "Vai, levanta o censo de Israel e Judá" deve ser entendida como Deus deixando que Davi fizesse sua própria vontade em vez da vontade divina. O u seja, Davi estava decidido a fazer o censo, e por nada voltaria atrás. Então, Deus deixou que o rei fizesse o que tinha decidido fazer, respeitando sua liberdade ou o seu livre arbítrio. A terceira pergunta refere-se aos nomes de Araúna, em 2 Samuel 24:16, e Orna, em 1 Crônicas 21:15. Quanto a isso, deve-se dizer que se trata meramente de duas formas de grafar o mesmo nome, mas ambas se referem ao "jebuseu" que tinha uma propriedade junto à cidade de Jerusalém. - por Ozeas Caldas Moura, editor na Casa Publicadora Brasileira. E-mail: ozeas.moura@ cpb.com.br A
Pergunta Teria Jefté sacrificado a filha? Ouvi um pregador dizer que Jefté sacrificou a filha. Aceitaria Deus um sacrifício humano? Não eram os pagãos quem sacrificavam os filhos aos seus deuses? - R. D. O relato do precipitado voto de Jefté é de difícil explicação, devido à falta de detalhes sobre o que realmente teria acontecido à filha dele. Há os que advogam que Jefté sacrificou a filha, algo abominável para Deus. Outros supõem que esse juiz israelita teria dedicado a filha para uma vida de perpétuo celibato, o que o livraria da acusação de havê-la oferecido em sacrifício. Porém, a única coisa certa nessa história é que ele cumpriu o voto feito (Jz 11:39). Vejamos os principais argumentos para as duas h i póteses: A. Os que defendem que a filha de Jefté foi oferecida em sacrifício alegam: 1. Que o voto de Jefté foi de sacrificar quem aparecesse à sua frente, ao voltar do combate contra os amonitas (Jz 11:30 e 31), e isso poderia incluir pessoas. Argumentam que Jefté teria sido influenciado pelo paganismo, pois, ao ser expulso de casa pelos irmãos, morou em Tobe (Jz 11:3), uma região da Síria. E uma das práticas pagãs era oferecer pessoas em sacrifício. 2. Que o passado violento de Jefté, que ganhava a vida atacando pessoas (Jz 11:3), mostra que ele bem poderia ter oferecido a filha em sacrifício. 3. Que não há razão para se acreditar que a proibição divina contra sacrifícios humanos (Lv 18:21; 20:1-5, etc.) fosse cem por cento obedecida. U m caso de desobediência a essa proibição é o do rei Manasses, que ofereceu os filhos em holocausto (2Cr 33:6). 4. Que o exemplo de Abraão, que só não consumou o sacrifício de seu filho Isaque por direta intervenção divina (Gn 22:9-12), serve de precedente para o oferecimento de pessoas em holocausto, em situações especiais. B. Os que defendem que a filha de Jefté não foi oferecida em holocausto, mas em sacrifício vivo ao Senhor, vivendo como celibatária, alegam: 1. Que Deus jamais aceitaria um sacrifício humano, visto que tais sacrifícios foram expressamente proibidos por Ele (ver Lv 18:21; 20:1-5; 2Cr 33:6, etc). 2. Que o voto de Jefté foi feito sob inspiração do Espírito Santo (ver Jz 11:29, 30), e o Espírito não o inspiraria a fazer um voto que tivesse a ver com sacrifícios humanos. 3. Que a filha de Jefté pediu para chorar, não a sua
morte, mas a sua "virgindade" (11:37, 38), pois viveria como solteira o resto da vida (note a expressão: Assim, ela jamais foi possuída por varão", em 11:39). 4. Que o quase sacrifício de Isaque, por seu pai Abraão, não serve de precedente, visto que Deus o impediu de consumar o ato (Gn 22:11,12), mostrando, com isso, Sua desaprovação aos sacrifícios humanos. Como se vê, não há evidências conclusivas nem de um lado, nem do outro. Até por volta do ano 1200 d.C, todos os intérpretes judeus e cristãos acreditavam que a filha de Jefté teria sido oferecida em holocausto. A partir dessa data, o rabino Kimchi e outros começaram a ensinar que Jefté não teria sacrificado a filha, visto que no voto dele estava implícito o sacrifício de um animal limpo e não de u m ser humano. Para esse rabino, a filha de Jefté teria vivido em estado de perpétuo celibato {Comentário Bíblico Adventista dei Séptimo Dia, vol. 2, p. 377). Tendo em vista todos esses argumentos e considerações, o que realmente aconteceu à filha de Jefté permanece em aberto. Talvez, somente no Céu possamos descobrir o que realmente aconteceu a essa desventurada moça israelita. Embora não tenhamos condições de saber o que exatamente ocorreu com a filha de Jefté, devemos atentar para as seguintes lições desse triste relato: 1. Jamais se deve fazer votos sob pressão física ou psicológica, como foi o caso de Jefté, visto que ele estava numa situação de guerra contra os inimigos amonitas. Geralmente, tais votos não são sensatos. O conselho divino quanto aos votos é: "Não te precipites com a tua boca, nem o teu coração se apresse a pronunciar palavra alguma diante de Deus..." (Ec 5:2). 2. Voto insensato, ou "o dito irrefletido dos lábios" (aquele proferido sem pensar, que pode prejudicar quem faz o voto ou qualquer outra pessoa) pode ser anulado (ver N m 30:5, 8,12,13). Tal era o caso do voto de Jefté. Há duas palavras para voto, em hebraico: hêrem (voto irremissível, que não podia ser anulado, cf. Lv 28:28,29) e néder (voto que podia ser anulado, cf N m 30:2, etc). O de Jefté era desse último tipo. É de lamentar que ele o tinha considerado como voto não anulável e prejudicou a si e a sua família (ele jamais teria descendentes, visto que aquela moça era filha única). Talvez o dano maior foi aquele causado à filha, independentemente de ela ter sido morta ou dedicada ao celibato para o resto da vida. - Por Ozeas C. Moura, doutor em Teologia Bíblica e editor na Casa Publicadora Brasileira. - E-mail: ozeas.moura® cpb.com.br A.
V A l m a s
ê
d o s
r
S
S
ã
l
a
m o r t o s
tremendo debaixo das águas? Pelo texto de Jó 26:5, parece claro que temos uma alma que sai do corpo após a morte. É isso mesmo que o texto diz ou haveria alguma outra maneira de entendê-lo? - L. B. M. No original hebraico (já transliterado), o texto de Jó 26:5em Jó 26:5, não podemos pensar que aqueles extintos giestá como segue: gantes estejam tremendo "debaixo das águas com seus haH A R E P H A Í M Y E C H Ô L A L U MITTACHA THM A YIM bitantes". Os gigantes que tremem debaixo das águas são os grandes seres que povoam as águas fluviais ou marítimas VESHOKNEHEM. Sua tradução literal é: "Os refaim estremecem debaixo - ou seja, os grandes peixes dos rios e as baleias, tubarões e das águas com seus habitantes." outros grandes seres do mar. Dessa maneira, vemos como o termo rephaim, gigantes, passou a representar qualquer Como se percebe, o problema está com o vocábulo harepha'ím, palavra composta com o artigo H A (os) + o ser gigantesco, como as baleias, por exemplo. Assim, em substantivo, no plural, REPHAIM (gigantes?). Jó 26:5, o vocábulo rephaim parece se referir aos grandes Numa consulta aos dicionários hebraicos sobre a paseres dos rios e do mar, pela razão de "águas" serem menlavra rephaim, vemos que esta vem do ugarítico rp'i, po- cionadas três vezes no contexto:"... debaixo das águas com dendo significar: (1) "mortos" (significado este contestado seus habitantes" (v. 5),"... prende as águas" (v. 8), e "superfípor estudiosos que o traduzem como "divindades", "comu- cie das águas" (v.10). Além disso, há uma menção explícita nidade", etc), e (2) "gigantes", isto é, a palavra rephaim era ao mar, em 26:12: "Com a Sua força fende o mar, e com o aplicada aos povos pré-semíticos mais primitivos da Pales- Seu entendimento abate o adversário [rahab, monstro mítina, tidos como gigantes por causa da menção à estatura tico das profundezas do mar]". deles em Deuteronômio 2:10,11,20,21, onde é dito que eles Por aquilo que vimos da análise textual e contextual "eram altos como os enaquins". O interessante é que a Sep- de Jó 26:5, uma boa tradução para esse verso bíblico potuaginta (versão grega do Antigo Testamento) também tra- deria ser: "Os gigantes estremecem debaixo das águas com duz o termo rephaim como "gigantes" (no grego, gigántom), seus habitantes" (entendendo-se "gigantes" como alusão aos em Josué 12:4; 13:12 e 1 Crônicas 20:4, 6 (cf. Harris, R. L„ grandes seres que povoam as águas). Assim o fez a Bíblia et. al. Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Tes- Sagrada, Edições Paulinas (de 1960), que traduziu Jó 26:5 tamento, p. 1448-1449). como: "Eis que os gigantes gemem debaixo das águas, e os É verdade que, às vezes, o termo rephaim está associado que habitam com eles." em paralelismo com "morte" (sheol, no hebraico), como se No capítulo 26, Jó afirma a soberania de Deus sobre coipode ver em Provérbios 9:18 e Isaías 14:9. Porém, o contexto sas grandes ou poderosas, como os gigantescos seres das de Jó 25:6 não favorece a idéia de que rephaim signifique águas (v. 5), o além e o abismo (v. 6), o espaço sideral (v. 7), a "mortos"; tampouco, "alma dos mortos". O verso anterior atmosfera (vs. 8-11), e sobre o mar e os seres que nele habitam (26:4) fala em "espírito", mas a palavra hebraica é nishmat, (v. 12). Sendo que Deus é soberano sobre as coisas grandes cuja tradução é "fôlego de vida" (sinônima de ruach), como em (e também sobre as pequenas), haveria algo difícil para Gênesis 2:7, ou "ser vivo", como no Salmo 150:6 (cf. Schôkel, Ele fazer em nosso benefício? Está enfrentando algo diL. A. Dicionário Bíblico Hebraico-Português, p. 455). fícil em sua vida? Lembre-se de que há um ser granDescartado o significado de "mortos", ou pior ainda, dioso, majestoso, que cuida das gigantescas constelações "alma dos mortos", para o vocábulo rephaim, em Jó 26:5, (Jó 38:31,32), mas também de um pequeno pardal quando devemos entender essa palavra como significando "gigan- este morre, e Se importa com um fio de cabelo que cai de tes", tal como fez a Septuaginta em várias passagens (como nossa cabeça (Mt 10:29, 30). Já entregou a vida ao Sobemencionadas acima). Esses gigantes, chamados rephaim, rano do Universo e aceitou Sua guia? Se já o fez, então está antigos habitantes da Palestina (cf. Gn 14:5; Dt 2:11; 3:11; em excelentes e poderosas mãos! - Por Ozeas C. Moura, Js 12:4; 13:12; lCr 20:4), foram extintos por outros povos, doutor em Teologia Bíblica eprofessor de Teologia no Salt incluindo os israelitas. - Llnasp, Campus Engenheiro Coelho, SP. E-mail: ozeas. Porém, mesmo traduzindo-se rephaim por "gigantes", moura@unasp.edu.br A.
bém dem forma ométrinaria ou As fora Deus, no pro-
nça do White, e que se Ellen G. m si já foi e cruelos ao reum símCristo.” no livro and Her g Asso1.) têm orionsidesarmos, mes não mo. Isso mbolos dados. s extreida, coeratura, or meio ficam e Cristo
ador do na rede elevisão.
Gostaria de entender o texto de Apocalipse 12:7-12. Parece que ele fala de duas expulsões de Satanás – uma quando ele se rebelou e guerreou contra Cristo no Céu e outra quando o Cordeiro derramou Seu sangue na cruz. – A. E.
O contexto do capítulo 12 de Apocalipse mostra que os versos 7-12 são um parêntese entre 12:6 e 13, que falam do dragão (Satanás) em sua obra de perseguir a igreja, representada por uma mulher. E a razão para esse texto parentético é que ele explica como um anjo criado perfeito chegou a se tornar “diabo” (acusador, caluniador) e “Satanás” (adversário). O texto de Apocalipse 12:7-12 mostra que houve dois momentos em que Satanás foi expulso do Céu – em um, como seu lugar de habitação (v. 9) e em outro, como “acusador dos irmãos” (v. 10). Os versos 7-9 falam da primeira expulsão de Satanás e seus anjos do Céu como “o lugar deles” (v. 8). Ou seja, ele e seus anjos foram expulsos de sua morada celeste. Isaías 14:12 lamenta esse fato: “Como caíste do céu, ó estrela da manhã, filho da alva!” E Ezequiel aponta a razão para essa expulsão: “Elevou-se o teu coração por causa da tua formosura, corrompeste a tua sabedoria por causa do teu resplendor; lancei-te por terra...” (Ez 28:17). Foi o orgulho de Satanás, que resultou em rebelião e guerra contra Deus, que acarretou sua expulsão do Céu. Então ele e seus anjos “foram atirados para a Terra” (Ap 12:9), não por uma escolha arbitrária da parte de Deus, mas porque foi neste planeta que as mentiras desse anjo rebelde foram aceitas, em contraposição à clara ordem de Deus para que o fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal não fosse comido (Gn 2:17). Fazendo nossos primeiros pais transgredirem a ordem divina, Satanás tomou de Adão o título de “Príncipe deste mundo” (Jo 14:30). Os versos 10-12 de Apocalipse 12 falam da segunda expulsão de Satanás, dessa vez com respeito ao acesso dele ao Céu. Jesus, referindo-Se à Sua morte na cruz (Jo 12:27), exclamou: “Chegou o momento de ser julgado este mundo, e agora o seu príncipe será expulso” (12:31). O Salvador não estava Se referindo à primeira expulsão de Satanás porque: (1) o verbo está no futuro passivo (“será expulso”). Ou seja, era uma expulsão a ocorrer ainda no futuro, e (2) é dito que o momento dessa expulsão seria quando chegasse a “hora” de Cristo (12:27), e quando Ele fosse “levantado da terra” – expressões inequívocas para Sua morte na cruz. Foi olhando ao futuro, ao momento de Sua morte (cf. Comentário Adventista, em inglês, v. 5, p. 781), que Cristo pôde dizer: “Eu via Satanás caindo do
RA/set’11
ssoa da e envol-
Quantas vezes satanás foi expulso do Céu?
25195
bre essa Verdade
Jupterimages
lo e
Céu como um relâmpago” (Lc 10:18), momento em que seu poder seria quebrado. Os versos 10-12 de Apocalipse 12 aludem a essa segunda expulsão pelas seguintes razões: (1) a expressão “Agora, veio a salvação..., pois foi expulso o acusador de nossos irmãos” não pode ser aplicada à primeira expulsão de Satanás, visto que só depois dela é que ele se tornou “acusador dos irmãos” (Comentário Adventista, em inglês, v. 7, p. 810), e (2) o “agora” aponta, não à primeira expulsão de Satanás, mas para aquela que ocorreu no momento em que o “sangue do Cordeiro” foi vertido na cruz (v. 11). Apocalipse 12:12 mostra o resultado dessa segunda expulsão de Satanás, de seu acesso, mesmo que limitado, ao Céu, bem como aos mundos que não pecaram: “Por isso, festejai, ó céus, e vós, que neles habitais. Ai da Terra e do mar, pois o diabo desceu até vós, cheio de grande cólera, sabendo que pouco tempo lhe resta.” Anjos e seres de outros mundos que não pecaram podem festejar, pois não mais podem ser tentados nem incomodados pelo diabo. A Terra e seus habitantes devem se lamentar, visto que, após a cruz e restrito a esse planeta, Satanás e seus anjos concentram todos os seus malignos esforços na degradação deste mundo e na perdição de seus habitantes. Expulso de sua morada celestial, Satanás não ficou restrito somente à Terra. Isso é evidenciado pelos dois concílios celestiais aos quais ele se fez presente, mencionados no livro de Jó (1:6; 2:1). Embora não saibamos onde ocorreram (e parece que não foi no Céu, visto que ele foi expulso de lá), vê-se que não foi na Terra, pois, ao ser perguntado de onde vinha, ele respondeu: “... de rodear a Terra e passear por ela” (Jó 1:7; 2:2). Tais concílios ocorreram em algum lugar do Universo, que não a Terra. Ellen G. White menciona que, mesmo após sua expulsão do Céu, Satanás tinha acesso (limitado) a ele: “Um anjo do Céu está passando. Ele o chama e suplica uma entrevista com Cristo. Isto lhe é concedido. Então, relata ao Filho de Deus que está arrependido de sua rebelião e deseja voltar ao favor divino. [...] Cristo chorou ante o infortúnio de Satanás, mas disse-lhe, como pensamento de Deus, que ele jamais poderia ser recebido no Céu. [...] as sementes da rebelião ainda estavam nele. [...] Como não poderia ser admitido no interior dos portais celestes, aguardaria, mesmo à entrada, para escarnecer dos anjos e procurar contender com eles ao passarem” (História da Redenção, p. 26). A verdade é que, até a morte de Cristo, ainda havia simpatia por Lúcifer entre os seres de outros mundos que não pecaram. Mas ao verem o que ele fez com Cristo na cruz, “desarraigou-se Satanás das simpatias dos seres celestiais. Daí em diante, sua obra seria restrita” (Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações, p. 761). E essa restrição se deu quando, na cruz, “foi expulso o acusador dos nossos irmãos” (Ap 12:10), sendo ele restrito apenas a esse mundo. É por isso que “os céus e os que nele habitam” (Ap 12:12) podem festejar, pois estão para sempre livres do tentador. – Por Ozeas C. Moura, doutor em Teologia Bíblica e professor no SALT Unasp – Campus 2, Engenheiro Coelho, SP. E-mail: ozeas. moura@unasp.edu.br
Designer
Editor Texto
C.Qualidade
Depto. Arte
Revista Adventista I setembro • 2011
17
Jupterimages
Quem derrotou Jabim, rei de Hazor? Os relatos de Josué 11:1-13 e Juízes 4:1-24 parecem contradizer-se: o primeiro diz que foi Josué quem derrotou Jabim, rei de Canaã; já o segundo diz que foram Débora e Baraque. Como entender os dois relatos? – O. C. M.
Essa pergunta surgiu quando este que aqui escreve visitou alguns lugares arqueológicos do país de Israel, entre os quais as ruínas da antiga cidade de Hazor, distante uns 15 quilômetros ao norte do mar da Galileia, hoje conhecida como Tell El-Qedah, um dos maiores e mais ricos sítios arqueológicos de Israel. Aquela era uma grande e bem situada cidade-fortaleza, edificada sobre uma alta colina, defendida por altos e espessos muros de pedra. No tempo de Josué, foi a capital dos reinos circunvizinhos e sede do reino de Jabim, rei de Canaã. O relato do livro de Josué (11:1-13) afirma que Jabim, rei de Hazor, chefiou uma coligação de vários reis contra os israelitas. Esse rei foi derrotado e morto por Josué e seus comandados. E somos informados, ainda, que essa cidade foi queimada por Josué (as outras duas foram Jericó e Ai, conforme Josué 6:24 e 8:28). Já o relato do livro de Juízes (4:1-24) diz que, devido aos pecados dos israelitas, Deus os entregou nas mãos de Jabim, rei de Canaã, por 20 anos. A libertação veio quando Débora e Baraque, liderando um exército de 10 mil homens das tribos de Zebulom e Naftali, derrotaram o exército de Jabim, liderado pelo comandante Sísera. Mas como estender os dois relatos, visto que há uma diferença de uns 200 anos, ou seja, mais de dois séculos entre o tempo de Josué e o de Débora e Baraque? Uma vez
que Josué matou Jabim e queimou sua cidade-sede, como é que Débora e Baraque enfrentaram e venceram Jabim, dois séculos depois? Ao que parece, os dois relatos bíblicos nos autorizam a dizer que mesmo havendo Josué conquistado Hazor, matado seu rei e posto fogo àquela cidade, os cananeus, devido à vida de pecado dos israelitas (cf. Jz 2:10-23; 4:1-3), recobraram força militar a ponto de terem reconstruído a fortaleza de Hazor, onde Jabim, um descendente do Jabim do tempo de Josué, reinou e oprimiu Israel por 20 anos. Não devemos estranhar o fato de dois reis com o mesmo nome – Jabim, pois isso não era incomum, como atestado pelo exemplo de dois reis com o nome de Abimeleque, um do tempo de Abraão (Gn 20:2) e outro do tempo de Isaque (Gn 26:26). Dos relatos de Josué e de Juízes, com respeito a Hazor, podemos tirar pelo menos três importantes lições: (1) Há que se ter constante vigilância contra o pecado – o que foi conseguido no tempo de Josué (conquista de Hazor) foi perdido tempos depois, devido ao fato de que os filhos de Israel haviam praticado “o que era mau perante o Senhor” (Jz 4:1); (2) Deus, mesmo aplicando Sua justiça (entregou Seu povo nas mãos de Jabim por longos 20 anos), não deixa de ser misericordioso, quando há arrependimento genuíno, pois Ele suscitou Débora e Baraque para libertar Seu povo das garras e da tirania do inimigo Jabim, rei de Hazor; (3) na realização de Seus planos, Deus contou com a participação do ser humano – Débora, Baraque e mais dez mil guerreiros das tribos de Zebulom e Naftali se dispuseram a enfrentar os exércitos de Jabim, comandados por Sísera, e Deus lhes deu a vitória; (4) Não somente homens, mas também mulheres são chamadas a ser envolver na obra do Senhor: Baraque só se animou a ir à batalha quando a juíza Débora, mulher de Lapidote, prometeu ir e foi com ele enfrentar os exércitos de Jabim. E o comandante dos inimigos, Sísera, foi morto por Jael, mulher de Héber, queneu. Acabeça de Sísera foi atravessada por uma estaca de firmar tendas. – Por Ozeas C. Moura, doutor em Teologia Bíblica e professor no Unasp, Campus Engenheiro Coelho. E-mail: ozeas.moura@unasp.edu.br
Em Declarações da Igreja, você encontrará análises equilibradas sobre uma variedade de temas polêmicos e atuais, como aborto, assédio sexual, homossexualismo, uso de drogas, jogos de azar, clonagem humana e ecumenismo. Para adquirir, ligue: 0800-9790606*, acesse: www.cpb.com.br, ou dirija-se a uma das livrarias da CPB ou SELS.
Revista Adventista I setembro • 2012
13
*Horários de atendimento: Segunda a quinta, das 8h às 20h / Sexta, das 8h às 15h45 / Domingo, das 8h30 às 14h.
Pergunta Princípio dia-ano
É possível inferir de citações bíblicas e do Espírito de Profecia a idéia de que o princípio dia/ano não deve ser aplicado depois de 1844? E como fica a interpretação de Apoc 8:1 de que "quase meia hora profética" equivale a sete dias? - M. T. F. Calculamos as 2300 tardes e manhãs de Daniel 8:14 como 2300 anos mediante a aplicação do princípio dia-ano. Considerando que a purificação do santuário terrestre ocorria num único dia, não deveria o juízo investigativo, nesse caso, ter durado apenas um ano? Por que esse princípio deixa, agora, de ser aplicado? O princípio dia/ano é aplicável exclusivamente a períodos de tempos proféticos apocalípticos que se estendem no máximo até 1844. Não po de ser aplicado de outra forma. É verdade que a purificação do antigo santuário terrestre ocorria num determinado dia do ano litúrgico de Israel. Mas não tomava o dia todo, para que valesse u m ano completo pelo aludido princípio. Mesmo que o tomasse, esse dia, a exemplo do que ocorria com outros dias de eventos religiosos, era apenas uma data de calendário e nada mais que isso; não perfazia um "período profético" menos ainda apocalíptico; portanto, o princípio dia/ano nada tem que ver com aqueles dias, e vice-versa. Se tivéssemos que aplicar o princípio a essas datas, entraríamos em sérias dificuldades. Por exemplo, a festa dos "pães asmos" que apontava para o corpo de Jesus oferecido na cruz, durava sete dias. Se a aplicação fosse correta, o corpo de Jesus deveria permanecer na forma de u m sacrifício (na cruz, ou mesmo na sepultura), por sete anos. A festa de Pentecostes, que apontava para a descida do Espírito Santo, era comemorada, a exemplo da Expiação, num dia apenas; deveria, então, o Espírito Santo ter vindo sobre a Igreja apenas durante u m ano? E assim por diante. Cada festa religiosa dos judeus tinha uma importante aplicação escatológica, concernente ao seu significado, mas não ao tempo de sua duração. Uma coisa é i n depende da outra. Com respeito à primeira pergunta, lembro que toda vez que nos desviamos de nosso critério de interpretação profética, o historicismo, nos arriscamos a descambar para a fantasia. Eilen G. White sempre respeitou esse critério em seus comentários sobre as profecias (ver especialmente o livro O Grande Conflito), e é por isso que ela afirmou categoricamente que "o tempo não tem sido um teste desde 1844, e nunca mais o será" [Primeiros Escritos, pág. 75); depois de 1844 "não pode haver contagem definida de tempo profético" [Manuscrito 59,1900).
É por isso também que ela afirma que "nenhum período profético se estende até ao segundo advento" (O Grande Conflito, pág. 456) e que "quanto mais freqüentemente se marcar u m tempo definido para o segundo advento, e mais amplamente for ele ensinado, tanto mais se satisfarão os propósitos de Satanás" (Ibidem, pág. 457). Tudo isto subentende que o princípio dia-ano não deve ser aplicado para além de 1844. Apocalipse 10:6 afirma que já não haveria "mais demora" quando o anjo estivesse para tocar a sétima trombeta (v. 7). O termo original grego vertido como "demora" nesse texto é chronos, que quer dizer "tempo que transcorre" (vem daí a palavra cronômetro). Entendemos que a sétima trombeta é tocada a partir de 1844. Em 1840 completou-se o período de 391 anos e 15 dias da sexta trombeta (9:15). A expressão "para tocar" significando a iminência do toque, aponta para u m pouco de tempo antes de 1844. Nessa ocasião, o estudo profético era intenso, e abriu a perspectiva do cumprimento do "mistério de Deus" como previsto em Apoc. 10:7. "Tempo que transcorre" é a condição sine qua non para qualquer período, não importando a sua duração. Naturalmente, "tempo que transcorre" não significa necessariamente "períodos de tempo" previamente estabelecidos; mas sem "tempo que transcorre" não haverá o estabelecimento de qualquer período. O que o anjo está dizendo, portanto, não é que não haveria passagem de tempo desde o toque da sétima trombeta até a volta de Jesus, pois ninguém é tão tolo que afirme que o tempo, de lá para cá, não tem transcorrido. Significa, sim, que não haveria mais período definido, específico, de tempo profético a ser inserido em qualquer época após 1844. Os que pospõem, por exemplo, o cumprimento dos 1290 e 1335 dias de Daniel 12:11 e 12 para imediatamente antes da volta de Jesus estão violando o que o Apocalipse declara. Eilen G. White confirma tudo isso. Comentando Apocalipse 10:6, ela diz: "Esse tempo, que o anjo anuncia com solene juramento, não é o fim da história deste mundo, nem do tempo de graça, mas de tempo profético que precederia o advento de nosso Senhor; isto é, as pessoas não terão outra mensagem sobre tempo definido. Após este período de tempo, que se estende de 1842 a 1844, não pode haver u m delineamento definido de tempo profético. O cômputo mais longo se estende até o outono de 1844" (SDABC, vol. 7, pág. 971). "Esta mensagem anuncia o fim dos períodos proféticos." - Mensagens Escolhidas, vol. 2, pág. 108. Portanto, se os períodos de tempo profético avançam, no máximo, até 1844, segue-se que o princípio dia-ano (necessário para o cálculo dos referidos períodos) não mais é válido para depois desta data. Isto significa que a interpretação correta de Apoc. 8:1 não exigirá o emprego deste princípio, da mesma forma que não o empregamos na interpretação do milênio do capítulo 20. - José Carlos Ramos, professor de Teologia no LINASP, campus Engenheiro Coelho, SP A Revista Adventista I DEZEMBRO -2006
17
Pergunta Expiação
A expiação foi concluída na cruz ou ficou para ser concluída a partir de 1844? Como entender a explicação dada no livro Nisto Cremos, p. 411: "A expiação, ou reconciliação, foi completada na cruz, conforme antecipada pelos sacrifícios, e o pecador penitente pode confiar plenamente nessa obra do Senhor, concluída"? Se o bode Azazel estava envolvido no ritual da Expiação, como pode ser símbolo de Satanás? - J. A. C o m respeito ao r i t u a l do D i a da Expiação, vejamos o que a Bíblia diz sobre o assunto: A . Sobre o bode que representa Cristo: 1. É chamado de bode "para o Senhor" (Lv 16:8). 2. Era o "bode da oferta pelo pecado" (16:15. O que é dito e m 16:5 deve ser lido à luz de 16:15). Ele m o r r i a no D i a da Expiação (16:9). 3. O propiciatório era aspergido c o m o seu sangue (16:15). 4. Era c o m seu sangue que se fazia a "expiação pelo santuário por causa das impurezas dos filhos de Israel, e das suas transgressões, e de todos os seus pecados" (16:16). 5 . 0 altar t a m b é m era aspergido c o m seu sangue, sangue este que o purificava e santificava (16:18,19). 6. Q u a n d o seu sangue t i n h a sido aspergido n o p r o piciatório e n o altar, a Expiação t i n h a sido t e r m i n a d a : "Havendo, pois, acabado de fazer expiação pelo santuário, pela tenda da congregação e pelo altar..." (16:20). B. Sobre o bode que representa Satanás: 1. É chamado de 'Âzazel" o u "emissário" (16:8), o qual servia c o m o p o r t a d o r o u c o n d u t o r dos pecados já perdoados, sendo levado ao deserto (16:21,22), para ali morrer de fome o u ser c o m i d o p o r animais selvagens. Se o p r i m e i r o bode era "para o Senhor" (16:8), e o outro era "para Azazel"; então, esse 'Âzazel" deve ser alguém que representa o inimigo do Senhor - u m símbolo b e m apropriado de Satanás. 2. O bode 'Âzazel" não m o r r i a c o m o parte do cerim o n i a l do D i a da Expiação: "Mas o bode sobre que cair a sorte para bode emissário será apresentado vivo perante o Senhor" (16:10), "Então, fará chegar o bode vivo" (16:20), 'Ârão porá ambas as m ã o s sobre a c a b e ç a d o bode vivo" (16:21). Este é u m p o n t o i m p o r t a n t e . A Bíblia é clara e m dizer que para haver expiação o u remissão de pecados, é necessário haver derramamento de sangue, pois "sem derramamento de sangue, não há remissão" ( H b 9:22). O sangue do bode 'Âzazel" não era derr a m a d o para remissão de pecados. Essa remissão só é possível através do sangue de Cristo (representado pelo b o d e "para o Senhor") e mais de n e n h u m o u t r o ( I P e 1:19). C o m o Satanás não derrama seu sangue, então ele
não participa da Expiação - só é responsabilizado pelos pecados que fez as pessoas cometerem. Essa responsabilidade é simbolizada pela imposição das mãos do sumo sacerdote sobre a cabeça desse bode emissário, o qual levava para o deserto os pecados do povo. O deserto é u m símbolo apropriado da Terra durante o Milênio. 3. Esse bode chamado Azazel só entrava e m cena após a Expiação ter sido "acabada" o u completada (Lv 16:20). D o i s versos de Levítico 16 p o d e m gerar alguma confusão, mas outros versos d o m e s m o capítulo e o c o n texto do c e r i m o n i a l do D i a da Expiação p o d e m solucionar alguma má interpretação sobre o papel desses dois bodes. São eles: • Levítico 16:5: "Da congregação dos filhos de Israel tomará dois bodes, para oferta pelo pecado..." À primeira vista, os dois bodes são "para oferta pelo pecado" M a s o p r o b l e m a é solucionado e m 16:15, onde se m e n c i o n a que somente u m - o bode "para o Senhor" era i m o l a d o c o m o "oferta pelo pecado" • Levítico 16:10: "Mas o bode sobre que cair a sorte para b o d e emissário será apresentado v i v o perante o Senhor, para fazer expiação p o r m e i o dele e enviá-lo ao deserto c o m o bode emissário" U m a boa regra de i n terpretação da Bíblia é não t i r a r u m texto fora de seu contexto. D o contrário, haveria contradição n o p r ó p r i o capítulo 16 de Levítico, pois e m 16:16,18-20 se diz que a expiação era feita c o m o sangue do bode "para o Senhor" e não c o m o sangue de Azazel, o u bode "emissário" Assim, o verso de 16:10 deve ser lido à luz dos o u tros versos que falam que somente c o m o sangue do bode "para o Senhor" é que era feita a expiação. Deve-se atentar para o fato de que os acontecimentos do D i a da Expiação eram simbólicos da obra de Cristo no Santuário Celestial (ver Hebreus 8:1-6). Assim como os pecados dos israelitas eram perdoados, mas ficavam gravados c o m sangue nas pontas do altar e diante do véu do santuário (Lv 4:6,34), sendo removidos no D i a da Expiação, assim, deveria haver u m t e m p o e m que lesus desempenhasse o papel de sumo sacerdote no Dia da Expiação antitípico e "purificasse" o Santuário Celeste do registro dos pecados perdoados de Seu povo, e isso começou em 22 de outubro de 1844, c u m p r i n d o Daniel 8:14: "Até duas m i l e trezentas tardes e manhãs; e o santuário será purificado." M a s alguém podeira perguntar: Q u a n d o lesus m o r reu e ressuscitou (ano 3 1 d . C ) , a obra da expiação não estava completa? Sim, estava completa no sentido de estar assegurada, garantida, e seus benefícios disponíveis a q u e m quer que a desejasse. M a s a "purificação do santuário" o u seja, o apagamento dos registros dos pecados do povo de Deus de todos os séculos devia se dar, não no ano 31 d . C , mas no tempo apontado para isso pela profecia de Daniel (8:14), isto é, quando se cumprissem as "duas m i l e trezentas tardes e manhãs" ou 2.300 anos, que, começando em de 457 a.C. (decreto de Artaxerxes para reconst r u i r Jerusalém), chegam a 1844 de nossa era. - Por Ozeas Caldas Moura, editor na Casa Publicadora Brasileira. A. Revista Adventista I
NOVEMBRO -2007
17
Pergunta Mulheres caladas na igreja? Gostaria de saber a razão para a ordem de Paulo em 1 Coríntios 14:34,35. Será que a mulher não pode falar na igreja? - W. B. S. A. Os versos 34-36 de 1 Coríntios fazem parte da seção sobre a ordem no culto (14:26-40), e devem ser analisados à luz desse contexto. Ao olharmos essa seção, podemos ver o que estava perturbando a adoração pública na igreja de Corinto: (1) muitas partes e muitos oradores em um mesmo culto - 14:26; (2) diversas pessoas falando em línguas estrangeiras, ao mesmo tempo e sem intérprete 14:27,28; (3) vários profetas tentando transmitir sua mensagem, e todos ao mesmo tempo - 14:29-33; e (4) mulheres falando e perguntando durante o culto - 14:34,35. Reconhecemos que poucos versos bíblicos têm causado tanta discussão quanto esses, dirigidos à igreja de Corinto. Mas devemos estar certos de uma coisa: quando Paulo fala contra determinada prática na igreja é porque a mesma estava sendo prejudicial à comunidade cristã. E esse é o caso das mulheres falarem na igreja de Corinto. Como se sabe, as mulheres no tempo de Paulo não falavam em público. Então, o evangelho chegou à importante cidade de Corinto e muita gente se converteu, inclusive mulheres. Parece que elas interpretaram mal as palavras de Paulo de que "onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade" (2Co 3:17), e acharam que essa liberdade cristã lhes dava o direito de romper com os costumes aceitos pela sociedade em que viviam. Essa prática de mulheres falarem no culto, nos dias de Paulo, era considerada "indecorosa" ou "vergonhosa" (14:35) "porque os costumes dos gregos e judeus ordenavam que as mulheres se retirassem quando se discutiam assuntos públicos. A violação desse costume era considerada uma desonra e estava trazendo vergonha para a igreja" (F. D. Nichol, Comentário Bíblico Adventista dei Séptimo Dia, v. 6, p. 788). As mulheres eram tidas em baixa conta, não só entre os gregos, mas também entre os judeus. "Muitos rabinos duvidavam que as mulheres tivessem alma. Se u m escravo do sexo masculino podia ler as escrituras na sinagoga, uma mulher judia não tinha permissão para tanto. Nenhuma mulher podia freqüentar as escolas de teologia. Na realidade, os rabinos afirmavam: 'É preferível queimar a lei a ensiná-la a uma mulher!'" (R. N. Champlin, O Novo Testamento Interpretado, v. 4, p. 230). Quando Paulo diz que às mulheres "não lhes é permitido falar; mas estejam submissas como também a lei o determina" (14:34), ele tem em mente a lei mosaica como um todo, especialmente Gênesis 3:16 e Números 30:8-12,
passagens que fazem a mulher depender totalmente do marido, por estar sujeita a ele. 1 Coríntios 14:35 diz que, se a mulher quisesse aprender alguma coisa, perguntasse em casa ao marido. O fato é que nas sinagogas os homens podiam disputar, dialogar e fazer perguntas, as mulheres não. Fazer isso seria considerado ousado demais para os costumes dos judeus e gregos da época de Paulo. Palavras tão enfáticas quanto às de 1 Coríntios 14:34,35 são as de 1 Timóteo 2:11,12: "A mulher aprenda em silêncio, com toda a submissão. E não permito que a mulher ensine, nem exerça autoridade de homem; esteja, porém, em silêncio." A sociedade daquele tempo esperava que o homem ensinasse e a mulher aprendesse. Pelo visto, se uma mulher pretendesse ensinar, isso seria considerado como desempenho de um papel masculino e uma usurpação em relação ao papel do homem {ONovo Testamento Interpretado, v. 4, op. cit, p. 231). É nesse contexto que as palavras do apóstolo Paulo devem ser entendidas, e não à luz dos costumes de hoje, especialmente nos países ocidentais, onde as mulheres atuam, praticamente, em todas as áreas, e isso não é considerado "vergonhoso", nem "indecente". O problema em Corinto parece que tinha mais que ver com a fala das mulheres no culto público. Elas deviam ficar caladas "na igreja" (14:34), pois, pelo que podemos perceber ao longo das páginas do Novo Testamento, elas poderiam falar em reuniões particulares, até mesmo ensinando, como aconteceu com Priscila, que, juntamente com o marido Áquila, ensinou, com mais exatidão o "caminho de Deus" a Apolo (At 18:24-26). Também digno de menção é o nome de Febe, diaconisa de Cencréia, u m porto de Corinto, provável portadora da epístola de Paulo aos Romanos (ver Rm 16:1). O fato de ela ser uma "diaconisa" (no grego diákonos) pode indicar sua participação ativa, usando a voz na pregação do evangelho, tal como os diáconos escolhidos pela igreja em Atos 6, dentre os quais se destacam Estêvão, que pregava o evangelho com palavras cheias de sabedoria e poder do Espírito Santo (At 6:10) e Filipe, o evangelista (At 8:4-8; 21:8), cujas quatro filhas eram profetisas (At 21:9). E hoje, como aplicar as palavras de Paulo quanto ao silêncio das mulheres no culto público? Como os tempos mudaram e a situação das mulheres na sociedade também (ao menos nos países ocidentais), devemos atentar agora ao princípio que está contido nas palavras do apóstolo aos gentios, que é o de se buscar a decência e a ordem (ICo 14:40) em tudo quanto fizermos, especialmente no culto, "pois Deus não é Deus de confusão" (ICo 14:33). E isso vale tanto para as mulheres quanto para os homens. E, por último, uma palavra de apreço às mulheres por sua inestimável atuação em todas as áreas, especialmente às professoras (de ensino religioso, na igreja, e de matérias seculares nas escolas) e outras que lideram departamentos da igreja, -por Ozeas Caldas Moura, doutorem Teologia Bíblica e editor na Casa Publicadora Brasileira. E-mail: ozeas. moura@cpb.com.br A
Pergunta Deus foi justo em mandar matar os cananeus? Em Seu trato com o mal, Deus manifesta tanto Sua justiça quanto Seu amor. Mas por que a justiça divina teve de se expressar de forma tão trágica, a exemplo da destruição dos povos cananitas? - F. S. M. Informações extra-bíblicas sobre os habitantes de Canaã, junto com dados bíblicos, revelam algo sobre o caráter desses povos. Os cananeus praticavam atividades imorais, principalmente como parte de sua adoração religiosa. A religião cananita era politeísta, tendo El como a principal divindade e Baal como o mais ativo dos deuses. Athirat, a consorte de El, tinha como símbolo cúltico a Asherah. A consorte de Baal era a deusa Anat. A morte do deus Mot nas mãos de Anat é representada nos termos mais repulsivos. Dentre os sacrifícios oferecidos aos diversos deuses cananeus, havia também sacrifícios de seres humanos, especialmente de crianças ao deus Moloque. A prostituição sagrada, com práticas imorais terríveis, era parte do culto da fertilidade dos cananeus. Também se praticava a adivinhação. No tempo de Abraão, Deus declarou que a taça da iniquidade dos amorreus (cananeus) ainda não estava cheia (Gn 15:16). Restava-lhes ainda um tempo probatório de graça, um tempo adicional de misericórdia. Teriam a oportunidade de encontrar o verdadeiro Deus e converter-se a Ele. Abraão e seus descendentes foram colocados no meio deles, a fim de revelar-lhes a Deus e o caminho da salvação. Pouco depois do Êxodo, os israelitas enfrentaram os amalequitas, descendentes de Esaú e sua mulher heteia (Gn 36:2,10-12). Em Refidim, os amalequitas atacaram os israelitas (Êx 17:8-13) pela retaguarda (Dt 25:17, 18). Uma afirmação reveladora enfatiza que os amalequitas não temiam a Deus (v. 18). Embora tivessem tomado conhecimento do Deus verdadeiro por meio de seu ancestral Esaú, embora tivessem ouvido falar do que Deus fizera aos egípcios e visto a manifestação do Seu poder no Êxodo, ainda assim decidiram desafiá-Lo. A infame deslealdade de Amaleque encheu a taça da sua iniquidade, atraindo para si o juízo retributivo (punitivo) de Deus: Eu hei de riscar totalmente a memória de Amaleque de debaixo do céu' (Êx 17:14). Deus usou os israelitas para desbaratar o ataque dos amalequitas (v. 6-16). O amor, não menos do que a justiça, exigiu que os amalequitas sofressem o juízo retributivo (punitivo) de Deus. Quando chegou ao território de Seom, rei de Hesbom, Israel pediu passagem pelo território dele, oferecendo-se a comprar a água e a comida que lhe fornecessem (Dt 2:27-
29). Seom recusou-se, pois o seu espírito se havia endurecido e se fizera obstinado o seu coração (v. 30). Esse fato sugere que Seom teve a oportunidade de conhecer e seguir os caminhos do Deus verdadeiro, mas, como Paraó, endureceu o coração e obstinou-se contra Deus. Essa atitude obstinada e desafiadora encheu a medida da sua iniquidade. Deus o julgaria pelo Seu poder (v. 32-36). [...] A queda de Jericó, cidade antiga e afamada, aconteceu por um ato miraculoso da parte de Yahweh. A cidade era bem fortificada, mas foi o próprio Deus que deitou por terra suas muralhas (Js 6:1-24). A narrativa da batalha de Jericó revela que Deus era o líder. Na condição de juiz, aplicou o castigo por meios humanos naturais. Essa história é representativa de todas as guerras de conquista relatadas no Antigo Testamento. Yahweh liderava Israel nas guerras de conquista. [...] Era propósito de Deus exercer por meio dessa nação teocrática Seu poder e liderança. [...] Deus é o que julga as nações. Esse conceito põe as guerras de conquista numa categoria que lhes é própria. É possível usar instrumentos humanos na execução das ordens divinas. Ao utilizar Israel, Deus ensina a lição das terríveis consequências do pecado, da idolatria e da rebelião. Israel aprende o que acontece com aqueles que seguem o caminho das nações pagãs. [...] A destruição dos cananeus, conforme descrita no Antigo Testamento, devia seguir a expressa ordem de Deus: "Totalmente as destruirás; não farás com elas aliança, nem terás piedade delas" (Dt 7:2). Entendem alguns que a destruição dos antigos cananeus está fora de harmonia com o espírito de amor e misericórdia divinos, mencionado na Bíblia. Já vimos que a destruição desses povos fazia parte de um contexto muito maior, por causa de sua impiedade, suas práticas imorais, sua recusa em se converter a Deus durante seu tempo de graça, e a contumácia com que atacaram Israel. Evidentemente, os 400 anos de graça que lhes foram concedidos não exerceram sobre eles nenhum efeito. O cenário bíblico revela que esses povos tiveram ampla oportunidade de conhecer o Deus verdadeiro. Abraão viveu entre os cananeus durante todo um século; Isaque, seu filho, uma vida inteira: 180 anos. Os edomitas tiveram Esaú por antepassado; ainda assim não reconheceram o Deus verdadeiro. Poram [por meio dos Amalequitas, descendentes de Esaú] os primeiros a pelejar contra os israelitas, em direta oposição a Deus e às necessidades dos viajantes. Os cananeus haviam testemunhado o que Deus fizera aos egípcios e como Ele havia protegido milagrosamente e amado aqueles que O seguiram. Mesmo assim persistiram em sua rebelião e desafiadora idolatria, atacando e maltratando o povo de Deus. Tanto a justiça quanto o amor divinos exigiam que eles fossem julgados e sofressem os resultados de suas próprias obras" {Handbook. Hagerstown: Review and Herald Publishing Association, 2000, p. 821-823). - Por Ozeas C. Moura, doutor em Teologia Bíblica e editor na Casa Publicadora Brasileira. - E-mail: ozeas.moura@cpb.com.br A
1. Para corrigir a crença judaica de que os sofrimentos desta vida são sempre resultado de uma vida de pecado (cf. ' P e r g u n t a jo 9:2). Com certeza, os judeus mal interpretavam as bênçãos e as maldições de Deuteronômio 28: esta parte da Bíblia Ensina a Bíblia o mostra a regra de que as coisas irão bem para o obediente e mal para o desobediente - mas essa regra tem tantas exceções! Por essa maneira de ver as coisas, o normal seria que o tormento no inferno? pobre e doente Lázaro (considerado ímpio e amaldiçoado) Parece-me que, n a história do rico e Lázaro fosse para um lugar ruim, e o rico (tido como justo e aben(Lc 16:19-31), está claro que o destino dos ímpios çoado) fosse para um lugar bom, quando ambos deixassem é o tormento eterno no inferno. É isso mesmo que esta vida. Mas o que fez Jesus? Inverteu a ordem "natural" das ela ensina? - P. A. coisas: poso rico num lugar horrível e de tormentos e Lázaro Alguns não vêem a história do rico e Lázaro como num parálugar bom, chamado "seio de Abraão" (Lc 16:22, 23). bola, pois são citados nomes próprios, como Lázaro e Abraão, Ao fazer isso, Jesus queria dizer que nem sempre doença e diferentemente da parábola da ovelha perdida (Lc 15:3-7) e pobreza são o resultado de uma vida injusta, e que saúde e de outras em que não são citados nomes próprios. riqueza nem sempre são indicativos de que uma pessoa é Deve-se dizer que a história do rico e Lázaro é a única que justa. Não fosse assim, o que dizer da doença de Jó (Tó 2:7,8) contém dois nomes próprios - Lázaro e Abraão. Nas demais e da pobreza de Jesus, que não tinha nem "onde reclinar a caparábolas, não aparecem nomes próprios, mas essa regra tem beça" (Mt 8:20)? Seriam o patriarca jó e o Senhor Jesus pesessa única exceção. Caso essa história não fosse parábola, se- soas injustas e amaldiçoadas? É óbvio que não! ria também citado o nome do rico, não é verdade? Vejamos 2. Para dizer que quem vive egoisticamente nessa vida não alguns detalhes que indicam ser essa história uma parábola: pode esperar a vida de bem-aventurança - a vida eterna. É 1. Ela começa como parábola: "Havia certo homem rico verdade que boas obras não salvam, mas elas demonstram o que..." (Lc 16:19). quanto amamos a Deus e, por conseqüência, osfilhosdesse As outras parábolas começam de maneira igual ou parecida. Deus, nossos irmãos. Como diz João: "Aquele que não ama Veja: "Qual, dentre vós, é o homem que..." (Lc 15:4); "Qual é a não conhece a Deus, pois Deus é amor. [...] pois aquele que mulher que..." (Lc 15:8); "Certo homem..." (Lc 15:11); "Havia um não ama a seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a homem rico que..." (Lc 16:1); "Havia em certa cidade um juiz quem não vê" (ljo 4:8, 20). Ou seja, uma pessoa sem amor que... Havia também, naquela mesma cidade, uma viúva que..." está desabilitada para viver no Céu. (Lc 18:2,3); "Dois homens subiram ao templo..." (Lc 18:10). 3. Para dizer que, com a morte, o destino está fixado, e que 2. Ela termina como parábola, com a lição a ser extra- tudo o que alguém tem que fazer quanto à sua salvação ele ída pelos ouvintes, lição introduzida geralmente por algum tem de fazê-lo enquanto está vivo. Depois da morte, estará tipo de exortação ou afirmação categórica: "Se não ouvem posto o "grande abismo" (Lc 16:26), que separa salvos e pera Moisés e aos Profetas, tampouco se deixarão persuadir, didos, o abismo da impossibilidade: quem está perdido não ainda que..." (Lc 16:31). tem mais chance de salvação e quem está salvo não corre Veja como terminam outras parábolas: "Digo-vos que..." mais o risco de perdê-la (e nem desejaria isso). A Escritura (Lc 15:7; 18:8, 14); "Eu vos afirmo que..." (Lc 15:10); "Entre- é clara: Agora é o dia da oportunidade; hoje é o dia da saltanto, era preciso que..." (Lc 15:32); "Eu vos recomendo... para vação (2Co 6:2). que..." (Lc 16:9). 4. Para dizer que tudo o que é necessário para alguém se 3. Em parábolas (históriasfictícias),coisas que normal- salvar ele o tem na Palavra de Deus, representada por "Moisés mente não acontecem podem acontecer. No caso desta, mor- e os Profetas" (Lc 16:28-31). Se as pessoas não ouvem a Bíblia, tos estão conscientes e falam, o que, de acordo com a Bíblia, os de nada adianta enviar um morto ressuscitado para falar com mortos não podem fazer (SI 115:17; 146:4; Ec 9:5,6, etc). É in- elas. Isso é exemplificado no caso do outro Lázaro, irmão de teressante que a própria parábola diz que haverá ressurreição Maria e Marta. Mesmo tendo presenciado a ressurreição dele, (Lc 16:31), ocasião em que cada pessoa morta voltará à vida muitos judeus não se convenceram de que Jesus era o Messias. para receber a recompensa - vida eterna ou aniquilação final. Ao contrário: foram contar aos sacerdotes, os quais fizeram Uma vez que os mortos não têm consciência, mas estão planos de matar não somente Lázaro, mas também o autor da dormindo (Jo 11:11-14) nos túmulos (Jo 5:28, 29), por que, ressurreição dele, o Senhor Jesus Cristo (jo 11:46,47; 12:9-11). então, contou Jesus essa parábola? Deve-se dizer, primeiraEm face dessas lições, deveríamos nos perguntar: Tenho mente, que, bem antes de Jesus, os judeus haviam sido in- a errônea concepção de que todo sofrimento desta vida é fluenciados pela cultura grega (helenização) e muitos haviam resultado de uma vida de pecado? Estou aproveitando o dia absorvido crenças gregas, como a imortalidade da alma e a de hoje, o momento presente, para acertar minha vida com de um inferno de fogo e tormentos. Jesus, então, Se aproveita Deus? - Por Ozeas C. Moura, doutor em Teologia Bíblica e dessa crença e lhe conta uma parábola, com ofimde ensi- professor de Teologia no Salt/Llnasp - Campus Engenheiro nar pelo menos quatro lições: Coelho, SP E-mail: ozeas.moura@unasp.edu.br A
Jupterimages
A noiva de Cântico dos Cânticos
Jo Card
O texto de 6:13 a 7:1-9 de Cântico dos Cânticos descreve os quadris, umbigo, seios, pescoço, nariz, olhos e tranças da noiva. Além disso, menciona que seus beijos “são como o bom vinho”. Como isso se aplica à igreja? – I. B.
Uma importante regra de interpretação bíblica é a de que um texto da Escritura tem, basicamente, um só sentido – a menos que o contexto permita mais de um. Outra regra igualmente importante é a de que se deve ir ao texto com a ideia de que ele é literal – a menos que o contexto permita alguma interpretação simbólica, alegórica. No caso do texto em questão (Ct 6:13-7:1-9), vê-se que ele permite mais de um sentido: 1) O casamento de Salomão com sua noiva, Sulamita, e 2) a união de Cristo com a igreja, podendo, assim, ser entendido como literal (noiva literal, a Sulamita) e alegórico (noiva simbólica, a igreja). Trata-se, portanto, de um texto com dupla aplicação. É uma pena que, com o passar do tempo, a igreja cristã passou a considerar a mulher como fonte do pecado e o prazer sexual como algo pecaminoso, sendo a sexualidade tolerada apenas para a procriação. Interpretando mal as palavras de Paulo “quem casa a sua filha virgem faz bem, quem não a casa faz melhor” (1Co 7:38) – conselho dado apenas para momentos de perseguição – , líderes da igreja chegaram a dividir os cristãos em duas classes: a dos casados, que atingia um grau de santidade inferior, e a dos solteiros, que alcançava um grau de santidade superior. Essa maneira de considerar a sexualidade deu origem ao celibato e à vida monástica, vistos como o ideal de vida cristã. Mas não é assim que a Bíblia trata a sexualidade. Muitos se perguntam como um livro tão explícito em termos sexuais, como Cântico dos Cânticos, entrou no cânon bíblico. A resposta é que a Bíblia apresenta a sexualidade como um dom do Criador ao ser humano, vista como algo “muito bom”, no contexto da criação de Adão e Eva (Gn 1:27, 31). Assim, a relação sexual deveria (e deve) ter como finalidade PPC – procriação, prazer e companheirismo. No contexto e dentro do casamento, a prática sexual é santa e pura, visto ter sido permitida e ordenada antes mesmo da entrada do pecado em nosso mundo (Gn 1:28). Os versos 6:13 a 7:1-9 de Cântico dos Cânticos fazem parte de um belo cântico de amor conjugal, provavelmente escrito para o casamento de Salomão com Abisague, a Sunamita, bela enfermeira de Davi, em seus últimos dias (1Rs 1:1-4). No poema, Salomão teria trocado o designativo de origem “Sunamita” (natural da localidade de Suném, vila situada ao
norte de Jezreel, cf. 2Rs 4:8) para “Sulamita”, combinando assim o nome dela com o dele (em hebraico, a raiz para os nomes “Salomão” e “Sulamita” é composta pelas mesmas três letras – šlm). O poema teria sido executado no dia do casamento de Salomão (3:11) com a Sulamita (6:13), ao que parece, a única com a qual Salomão casou por amor (6:8, 9) – as demais esposas vieram ao seu harém como resultado de tratados políticos. Como se trata de um poema de amor conjugal, nada mais natural o fato de o noivo elogiar a beleza na noiva – seus quadris, umbigo, seios, pescoço, olhos, nariz, cabelos e beijos. Aliás, boa parte do livro de Cântico dos Cânticos é de elogios recíprocos, onde o jovem casal elogia os atributos físicos um do outro – uma boa dica para os casais de hoje. Em uma aplicação secundária, alegórica, mas não menos importante, pode-se entender a noiva como a igreja de Cristo (Ef 5:25, 32), considerada por Ele como “formosa”, “querida” e “sem defeito” (4:7), não por obras de justiça praticadas por ela, “mas segundo a Sua misericórdia [...], mediante o lavar regenerador e renovador do Espírito Santo” (Tt 3:5; confira ainda Ef 5:26). O noivo de Cântico dos Cânticos elogia a noiva e a considera “sem defeito”. Assim Cristo faz com Sua igreja: aos Seus olhos, ela é “igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, sem coisa semelhante, porém santa e sem defeito’ (Ef 5:27). Diz-se que o amor tem bons olhos. E com Cristo não é diferente: mesmo sem merecermos, Ele nos considera sem defeito, graças à Sua justiça, que nos é creditada e nos cobre. Em vista de amor tão profundo, nossa resposta não deveria ser outra a não ser corresponder a tal amor com todas as forças de nosso ser. Que assim seja! – Por Ozeas C. Moura, doutor em Teologia Bíblica e professor no Salt / Unasp, Campus Engenheiro Coelho, SP. E-mail: ozeas.moura@unasp.edu.br Revista Adventista I novembro • 2011
17
Jupterimages
Jesus manda que aborreçamos nossos familiares?
Jesus manda que amemos uns aos outros: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Mt 22:39). Contudo, em Lucas 14:26, está escrito: “Se alguém vem a Mim, e não aborrece a seu pai, e mãe, e mulher, e filhos, e irmãos, e irmãs e ainda a sua própria vida, não pode ser Meu discípulo.” Como entender essa recomendação de Jesus para aborrecer os familiares? – S. C.
Imagem: Shutterstock
Realmente, essas palavras de Cristo, no texto de Lucas 14:26, soam estranhas, e ainda mais vindas dos lábios dAquele que nos pediu que amemos até nossos inimigos e oremos por aqueles que nos perseguem (Mt 5:44). Estaria Jesus Se contradizendo em Seus ensinamentos? Comecemos, então, com a análise do verbo “aborrecer”, no texto de Lucas 14:26, que no grego é miséo. Esse verbo tem os significados de “odiar”, “detestar”, “aborrecer”, e assim é empregado em vários textos bíblicos. Eis dois exemplos: “Ouvistes o que foi dito: Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo” (Mt 5:43); “Amaste a justiça e odiaste a iniquidade” (Hb 1:9). Reconhecemos que essas palavras de Cristo, relatadas por Lucas, são fortes. Mas assim acontecia quando um escritor bíblico desejava enfatizar sua mensagem. No entanto, esse “aborrecer” que aparece na recomendação de Cristo deve ser visto como um hebraísmo, entendido à luz de Deuteronômio 21:15-17, no sentido de “amar menos”: “Se um homem tiver duas mulheres, uma a quem ama e outra a quem aborrece [senu’ah, no hebraico, e miséo, no grego da Septuaginta], e uma e outra lhe derem filhos, e o primogênito for da
aborrecida [...] no dia em que fizer herdar a seus filhos [...] ao filho da aborrecida reconhecerá por primogênito, dando-lhe dobrada porção de tudo quanto possuir. [...]” Vê-se, por essa recomendação mosaica, que a mulher “aborrecida” era a “menos amada”, pois ninguém conseguiria viver sob o mesmo teto com alguém a quem se aborrece ou se odeia. Faríamos bem em atentar para o texto paralelo a esse de Lucas 14:26, que se encontra em Mateus 10:37: “Quem ama seu pai ou sua mãe mais do que a Mim não é digno de Mim; quem ama seu filho ou sua filha mais do que a Mim não é digno de Mim”. Podemos ver como esse texto de Mateus lança luz sobre o de Lucas. O que os dois textos bíblicos estão dizendo é que o cristão deve sempre dar o primeiro lugar a Deus e ao Reino do Céu. Nada, nem mesmo laços familiares, deve servir de empecilho para que alguém deixe de amar a Deus e ser Seu discípulo. A verdade é que seguir a Cristo e praticar o que Ele pede exige abnegação, espírito de sacrifício e renúncia. É isso o que nos fala o contexto dessa passagem de Lucas: há uma cruz a ser levada (Lc 14:27), um cálculo de despesa a ser feito (versos 28-30), e uma avaliação da real situação da luta a ser travada (versos 31, 32). Veja como o último verso de Lucas 14 resume o assunto: “Assim, pois, todo aquele que dentre vós não renuncia a tudo quanto tem não pode ser Meu discípulo” (verso 33). Esse “renunciar a tudo” se traduz na atitude de priorizar as coisas de Deus. É buscar “em primeiro lugar, o Seu reino e a Sua justiça” (Mt 6:33). Em conclusão, declaramos que Cristo jamais faria uma recomendação no sentido de aborrecer ou odiar alguém. Isso seria contrário à Sua natureza divina, pois “Deus é amor” (1Jo 4:8), e o amor não se coaduna com o ódio. Além disso, “se alguém disser: Amo a Deus, e odiar a seu irmão, é mentiroso” (1Jo 4:20), e Jesus não recomendaria algo que tornasse alguém mentiroso. Que Deus nos ajude a priorizar aquilo que realmente é prioritário: Sua Pessoa e as coisas referentes ao Seu Reino! – Por Ozeas C. Moura, doutor em Teologia Bíblica e professor no Salt Unasp-EC.
Questões Sobre Doutrina foi escrito para apresentar ao mundo evangélico uma visão mais clara dos ensinos adventistas. Ironicamente, porém, acabou gerando muitos debates dentro da própria igreja. Foi até considerado o livro mais divisivo na história do adventismo e um símbolo de tensão. Agora você tem a chance de obter esta obra fundamental e esclarecer tudo sobre a teologia e as doutrinas adventistas. Você não pode deixar de ler este clássico! Encadernado Formato: 16,5 x 23,8 cm 512 páginas Cód. 8473
Para adquirir, ligue: 0800-9790606*, acesse: www.cpb.com.br, ou dirija-se a uma das livrarias CPB ou SELS. *Horários de atendimento: Segunda a quinta, das 8h às 20h / Sexta, das 7h30 às 15h45 / Domingo, das 8h30 às 14h.
Pergunta Sangue do E s p í r i t o Santo?
Atos 20:28, na 2 Edição da Versão Almeida Revista e Atualizada, contém uma declaração no mínimo intrigante: "Atendei por vós e por todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo vos constituiu bispos, para pastoreardes a Igreja de Deus, a qual ele comprou com o seu próprio sangue." Estaria esse texto apresentando o conceito de que o Espírito Santo é o próprio Cristo? - J. M. B. a
Primeiramente, deve-se dizer que a Bíblia distingue perfeitamente Jesus do Espírito Santo. Eis algumas passagens: O Espírito Santo desceu do Céu e pousou sobre Jesus por ocasião de Seu batismo (Jo 1:32); Jesus rogaria ao Pai para que fosse enviado outro Consolador, o Espírito da verdade (Jo 13:16, 17); o próprio Cristo enviaria o Espírito, que procede, ou vem do Pai (Jo 15:26); se Jesus não voltasse ao Pai, o Espírito Santo Consolador não viria para os crentes (Jo 16:7); quem blasfemasse contra o Filho poderia ser perdoado, mas não haveria perdão para quem blasfemasse contra o Espírito Santo (Lc 12:10); os crentes deveriam ser batizados em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo (Mt 28:19); e Paulo fala da graça do Senhor Jesus Cristo, do amor de Deus e da comunhão do Espírito Santo (2Co 13:13).
3. O texto, como está na Versão Almeida Revista e Atualizada, contém duas afirmações: (1) que o Espírito Santo havia constituído alguns irmãos de Éfeso como bispos, ou líderes espirituais (20:28, I parte), e (2) que esses líderes deveriam pastorear a igreja de Deus, comprada com o Seu próprio sangue (20:28, 2 parte). Veja que o pronome possessivo "seu" (no grego: "do próprio") não se refere à expressão "Espírito Santo" mas ao nome "Deus" Note que, nesta segunda parte, é dito que a igreja foi comprada com o sangue de Deus, sem especificar de qual pessoa da Divindade seria. Mas os textos acima citados (item 2) dizem claramente que foi com o sangue de Cristo. Outro detalhe: a Bíblia, em diversos lugares, afirma que Jesus é Deus (verjo 1:1; 20:28; Hb 1:8; 2Pe 1:1, etc). Então, a aplicação do vocábulo "Deus" a Jesus é perfeitamente legítima. É interessante ver ainda que alguns manuscritos trazem "Igreja do Senhor" em lugar de "Igreja de Deus" como está na Versão Revista e Atualizada de Almeida. Se Paulo falou em "Igreja do Senhor" o texto se refere claramente ao sangue de Cristo; no entanto, se a menção foi à "Igreja de Deus" então o texto está de acordo com outros da Bíblia que afirmam que Jesus é Deus. Assim sendo, foi com sangue de uma das pessoas da Divindade (o de Cristo) que a igreja foi comprada. a
a
Mas não nos esqueçamos de que as três pessoas divinas participaram da obra da salvação: O Pai enviou o Filho, o Espírito Santo possibilitou a encarnação do Filho, e este Filho derramou Seu precioso sangue para nos lavar do pecado e possibilitar que tenhamos vida eterna. - Por Ozeas C. Moura, editor na Casa Publicadora Brasileira. A
Em segundo lugar, a Bíblia também é clara em dizer que foi o sangue de Cristo que foi derramado para a nossa salvação. Eis alguns textos: "Porventura, o cálice da bênção que abençoamos não é a comunhão do sangue de Cristo?" (ICo 10:16); "Mas, agora, em Cristo Jesus, vós, que antes estáveis longe, fostes aproximados pelo sangue de Cristo" (Ef 2:13); "... muito mais o sangue de Cristo, que, pelo Espírito eterno, a Si mesmo Se ofereceu sem mácula a Deus, purificará a nossa consciência de obras mortas, para servirmos ao Deus vivo!" (Hb 9:14); "Eleitos, segundo a presciência de Deus Pai, em santificação do Espírito, para a obediência e a aspersão do sangue de Jesus Cristo" (IPe 1:2); "... fostes resgatados... pelo precioso sangue, como de cordeiro sem defeito e sem mácula, o sangue de Cristo" (IPe 1:18,19). Revista Adventista
I DEZEMBRO -2007
17
Pergunta E q u í v o c o de Jesus? Poderiam me explicar os textos de Mateus 16:28 e 24:34? Eles parecem sugerirque Jesus teria Se enganado com respeito ao tempo de Sua segunda vinda. - F. L.
1, Mateus 16:28: "Em verdade vos digo que alguns há, dos que aqui se encontram, que de maneira nenhuma passarão pela morte até que vejam vir o Filho do homem no Seu reino." Os teólogos liberais vêem nessa predição nada mais que um equívoco ou engano de Jesus com respeito ao tempo de Sua segunda vinda. Mas, se admitíssemos isso, reduziríamos Jesus a alguém que prometeu o que não t i nha certeza, se deu mal e acabou morrendo numa cruz romana, como mais u m messias embusteiro e malogrado. É interessante notar como os três evangelhos sinóticos (Mateus, Marcos e Lucas) registram o relato da Transfiguração logo após essa predição de Jesus. Como se sabe, os primeiros manuscritos bíblicos não estavam divididos em capítulos e versículos. Assim, o verso 28 de Mateus 16 deve estar relacionado à Transfiguração, mencionada logo a seguir (17:1-8), e não ao assunto da recompensa (16:24-26), a ser dada por ocasião da segunda vinda de Cristo (16:27). Vê-se que a Transfiguração ilumina o texto de Mateus 16:28 e mostra que Jesus estava Se referindo, não ao momento de Sua segunda vinda, mas à Sua glória, no reino que Ele implantará quando o mal for para sempre destruído (F. D. Nichol, Comentário Bíblico Adventista dei Séptimo Dia, v. 5, p. 425,426). Ou seja, os discípulos estariam vivos para terem um vislumbre do Cristo glorioso, tal como visto por Pedro, Tiago e João no momento da Transfiguração (17:2). Naquele alto monte eles tiveram uma pálida idéia de como será a glória de Jesus em Seu reino, a ser implantado quando o diabo, seus anjos e os pecadores forem destruídos, depois do milênio. 2. Mateus 24:34: "Em verdade vos digo que não passará esta geração sem que tudo isso aconteça." Essa é outra predição vista pelos teólogos liberais como indicativa do equívoco de Jesus quanto à ocasião de Sua vinda. A expressão que causa problemas para a interpretação desse texto é "não passará esta geração". Várias são as interpretações sugeridas para esse verso de Mateus, especialmente para a expressão "esta geração". Eis as principais (R. N. Champlin, O Novo Testamento Interpretado, v. 1, p. 566): 1. Jesus teria Se equivocado, porque a Parousia (Sua segunda vinda) não teve lugar no período de uma geração, no caso, a geração dos apóstolos. O problema com essa interpretação é que, se Jesus Se equivocou, então Ele não pode ser o Filho de Deus e,
como tal, divino. Deus não Se equivoca em Suas predições. Com exceção das profecias condicionais, todas as demais se cumpriram ou ainda se cumprirão. Também o verso a seguir (24:35) refuta essa interpretação de que lesus teria Se equivocado: "Passará o céu e a terra, porém as Minhas palavras não passarão." 2. A expressão "esta geração" poderia se referir ao povo judeu, o qual não desapareceria, mas continuaria até o fim do mundo e à segunda vinda de Cristo. Essa interpretação é interessante, mas contraria o emprego usual da palavra "geração" {genea), que, geralmente, indica um período aproximado de 40 anos, ou a extensão do período de uma vida (Mt 1:17; 23:36; A t 13:36, etc). Além disso, o texto em questão não parece indicar as idéias de "raça", "povo" ou "nação" (outros possíveis significados da palavra grega genea). 3. "Esta geração" poderia ser uma referência à geração dos apóstolos, no primeiro século, que presenciou a destruição do Templo e da cidade de Jerusalém pelos romanos, no ano 70 d.C. O problema com essa interpretação é que Jesus i n cluiu Sua segunda vinda no contexto do capítulo 24 de Mateus, onde se encontra o verso 34 (confira 24:27, 30, 31,37-44), e essa vinda ainda não ocorreu. 4. Com a expressão "esta geração" Jesus poderia ter em mente a última geração que estará viva, antes de Sua Segunda Vinda, geração essa que presenciará os últimos sinais, antes que a presente era chegue ao fim. Porém, fica difícil aceitar tal interpretação, visto que lesus fez menção também aos sinais que diziam respeito à destruição do Templo e da cidade de Jerusalém, no ano 70 d.C. (24:2,15-20). 5. A expressão "esta geração" poderia ter dupla aplicação: uma à geração dos apóstolos, no primeiro século, e outra à última geração, antes da segunda vinda de Cristo. Essa parece ser a interpretação mais condizente com o contexto de Mateus 24. Não devemos nos esquecer de que a pergunta dos discípulos (24:3) foi dupla: 1) "Quando sucederão estas coisas?" (destruição do Templo), e 2) "Que sinal haverá da Tua vinda e da consumação do século?" Isso implica em uma resposta dupla: 1) a geração dos apóstolos "não passaria" sem presenciar a destruição do Templo e da cidade de Jerusalém, e 2) a geração que presenciar os últimos sinais, antes do fim do mundo (a "consumação do século"), também "não passará", mas presenciará a segunda vinda de Cristo {Comentário Bíblico Adventista dei Séptimo Dia, op. cit, v. 5, p. 491). "Essa geração", que verá o retorno glorioso de Cristo, será a nossa? Não sabemos, pois que "a respeito daquele dia e hora ninguém sabe" (Mt 24:36). - Ozeas C. Moura, doutor em Teologia Bíblica e editor na Casa Publicadora Brasileira - E-mail: ozeas.moura@cpb.com. br A
Pergunta
questionamento, o de que Timóteo já devia ter o costume de beber suco de uva não fermentado, pois o mesmo não é condenado pela Escritura. Se aceitamos a hipótese de que o vinho recomendado por Paulo era sem álcool, então Timóteo devia estar seguindo uma dieta do tipo "nazireu", ou seja, não beber nem comer nada que viesse da videira, como a prescrita em Números 6:3:" Abster-se-á de vinho e de bebida forte; não beberá vinagre de vinho, nem vinagre de bebida forte, nem tomará beberagens de uvas, nem coGostaria que me explicassem 1 Timóteo 5:23, onde merá uvas frescas nem secas." Se for esse o caso, Timóteo Paulo dá um conselho a Timóteo para que bebesse devia estar sendo influenciado pelos hereges gnósticos, "um pouco de vinho". É apenas suco de uva ou é vi- com suas regras ascéticas e dietéticas (ver l T m 4:3; Cl 2:21-23), seguidas para impressionar os demais memnho alcoólico? - O. C. bros da igreja. Paulo os denuncia como tendo "aparência de sabedoria, como culto de si mesmo, e de falsa huEsse texto paulino tem sido frequentemente usado mildade, e de rigor ascético" (Cl 2:23). por aqueles que desejam fazer a Bíblia apoiar o consumo de bebidas alcoólicas. Alguns chegam a dizer que o proPaulo, então, estaria dizendo a Timóteo que suco de blema seria a ingestão de "muito" vinho, ao passo que apeuva seria benéfico ao seu estômago, de preferência à água nas "um pouco" não seria problema. Mas o que realmente muitas vezes de qualidade duvidosa e contaminada, como Paulo teria aconselhado Timóteo a fazer? acontecia já naqueles dias. 'Kos dias de Paulo, como agora, a água em muitas localidades não era segura para uso. Primeiramente, deve-se notar o contexto no qual está Doenças físicas, como a disenteria, frequentemente estainserido o texto (lTm 5:23). Ele está na seção "Conselhos", vam relacionadas com água contaminada, sendo de coque vai de 1 Timóteo 4:7-5:23, sendo o último verso de m u m ocorrência. Consequentemente, outras maneiras uma série de conselhos dados pelo apóstolo Paulo. No de matar a sede eram frequentemente recomendadas" caso do que foi dado a Timóteo, vê-se que se trata de uma (Seventh-day Adventist Bible Commentary, v. 7, p. 314). recomendação a alguém com problemas de estômago e Nesse caso, vinho (suco de uva) seria preferível à água imacometido por outras enfermidades não mencionadas. pura (J. N . D. Kelly. 1 e 2 Timóteo e Tito, p. 123). Então, o conselho tem que ver com uma situação médica e u m doente, e não com os membros da igreja inEllen White concorda com essa segunda hipótese. discriminadamente. Note suas palavras: Há basicamente duas hipóteses quanto ao vinho reco"Bebidas fermentadas confundem os sentidos e permendado para as enfermidades de Timóteo: (1) Seria vinho vertem as capacidades do ser.... Vinho fermentado não é alcoólico; (2) Seria vinho sem álcool, o puro suco de uva. u m produto natural. O Senhor nunca o produziu e nada tem que ver com sua produção. Paulo orientou Timóteo Às vezes, uma palavra no idioma original ajuda a esa tomar u m pouco de vinho por causa de seu estômago clarecer determinado texto bíblico, mas tal não acontece e de suas frequentes enfermidades, porém se tratava com 1 Timóteo 5:23, onde "vinho" é tradução da palavra de suco de uva não fermentado. Ele não aconselharia grega "oinos" - palavra que tanto pode indicar vinho com Timóteo a usar o que o Senhor havia proibido" (Signs of álcool como vinho sem álcool. the Times, 6 de setembro de 1899,2 parágrafo). Analisemos a primeira hipótese, a de que o vinho fosse alcoólico. Essa hipótese estaria de acordo com uma Como vimos, se Paulo tivesse recomendado vinho ideia do tempo de Paulo, a de que o vinho fermentado alcoólico a Timóteo, estaria receitando u m remédio (ao era u m medicamento útil na cura de várias doenças (R. menos se pensava assim em sua época) a alguém doN . Champlin, O Novo Testamento Interpretado, v. 5, p. ente. E isso não deve servir de justificativa para seu uso 341). Se se tratasse de vinho fermentado, a ser ingerido por alguém sadio. como remédio, o conselho se assemelharia ao que apaSe, ao contrário, Paulo recomendou suco de uva não rece em Provérbios 31:6: "Daí bebida forte [shekar] aos fermentado, teve o propósito de que Timóteo evitasse que perecem e vinho [yaín] aos amargurados de espírito." água contaminada, que agravaria ainda mais seu proEsses que estavam "perecendo" (doentes terminais), cerblema de estômago e suas "frequentes enfermidades". tamente estavam "amargurados de espírito", ou seja, preEm conclusão, dizemos que seguro mesmo é ficar ocupados consigo mesmos e com o futuro de seus familonge das bebidas alcoólicas. A Bíblia as descreve como liares, e deviam tomar alguma coisa que lhes anestesiasse "alvoroçadoras" (Pv 20:1), causadoras de ais, pesares, ria dor. Note que também aqui o conselho é dado a doenxas, queixas, feridas sem causa, olhos vermelhos (23:29). tes, e não a pessoas sadias. - Por Ozeas C. Moura, doutor em Teologia Bíblica e editor na Casa Publicadora Brasileira. E-mail: ozeas.moura@cpb. Passemos, agora, à segunda hipótese: O vinho seria com.br A sem álcool, o puro suco de uva. Essa hipótese levanta u m
Que tipo de vinho Paulo pediu que Timóteo bebesse?
o
Revista Adventista I DEZEMBRO-im 17
Jupterimages
Poderia estar errado o início da Era Cristã? Gostaria de entender a informação contida em Lucas 2:2-4: Como Jesus teria nascido no ano 1 da Era Cristã se José e Maria foram a Belém para o censo quando Quirino era governador da Síria, no período de 6 a 9 depois de Cristo? – A. P. T.
Tanto quanto saibamos, o único censo havido no governo de Quirino, na Síria, documentado fora da Bíblia, é aquele referido por Flávio Josefo, historiador judeu (em Antiguidades XVIII, 26 [ii.1]), o qual, segundo ele, ocorreu em 6 d.C. Conforme essas informações, Jesus teria nascido no ano 6 da Era Cristã. Diante disso, como fica a credibilidade de Lucas e da Bíblia quanto à menção de dados históricos? O Evangelho de Lucas nos mostra quanto esse evangelista foi cuidadoso com respeito aos dados históricos mencionados por ele. Com certeza, estão corretos aqueles que chamam o escrito dele “o evangelho da certeza histórica”. Essa certeza também se dá com respeito ao governo de Quirino sobre a Síria e o recenseamento havido em seus dias, que fez com que José e Maria fossem a Belém para o alistamento (que nada tinha que ver com eleição, mas com a cobrança de impostos por parte de Roma). Uma possível solução para a informação de Lucas 2:2 é o fato de que o vocábulo “primeiro” (prôtos, no grego) também tem o sentido de “anterior” – uso comprovado por textos do Novo Testamento, como Hebreus 9:2 e João 1:15, 30. Desse modo, o texto de Lucas 2:2 poderia ser lido assim: “Este recenseamento ocorreu antes daquele que foi feito sob Quirino, governador da Síria.” Ou seja, Lucas estaria mencionando um censo ocorrido antes do realizado pelo governador Quirino, em 6 d.C. No entanto, se tomarmos o vocábulo prôtos com o significado de “primeiro”, então, o censo mencionado por Lucas indicaria que Quirino realizou dois censos na Síria-Judeia, em dois períodos distintos, a pedido de César Augusto. Teria ocorrido um antes da Era Cristã, no fim do governo de Saturninus e no início do governo de Varus (Sentius Saturninus foi o governador da Síria de 9 a 6 a.C., sucedido por Quintilius Varus, que continuou no ofício até depois da morte de Herodes, o Grande, ocorrida em abril do ano 4 a.C.), e outro censo em 6 d.C. Esse último seria aquele mencionado por Flávio Josefo e também em Atos 5:37. Assim, Jesus teria nascido nos dias do primeiro censo, ou seja, por volta de 5 antes da Era Cristã. Há boas razões para acreditarmos que o governador Quirino esteve duas vezes em posição de comando sobre a
província da Síria, que incluía a Judeia como uma subdivisão política. A descoberta de inscrições latinas fortalece a ideia de que Quirino esteve em posição de autoridade sobre a Síria em duas ocasiões (SDABC, v. 5, p. 241), sendo que, na primeira, ele liderou uma campanha contra os Homonadensianos, montanheses da Pisídia, durante o período entre 12 e 2 a.C. Então, se Jesus nasceu por volta do ano 5 antes da Era Cristã, houve um equívoco ao se datar Seu nascimento no ano 1 dessa mesma era? Estaria a Era Cristã com um atraso de cinco anos? A resposta é sim. Desafortunadamente, ao escolher uma data para o início do calendário cristão, o abade Dionísio Exiguus (morto por volta de 550), em seu Cyclus Paschalis escolheu o 754 AUC (ano da fundação de Roma), em vez de 749 AUC, data mais acurada para o nascimento de Cristo. Mateus, em seu evangelho (2:1), declarou que Jesus nasceu “nos dias de Herodes, o rei”. Josefo, em suas Antiguidades (18.6.4), mencionou um eclipse no ano 750 AUC, antes da morte de Herodes. Pelo fato de o assassinato dos bebês israelitas e a fuga para o Egito terem precedido a morte de Herodes, isso nos remete a 749 AUC, ou cerca de 5 a.C., para a data do nascimento de Jesus. Os judeus, em João 2:20, disseram que o templo tinha levado 46 anos para ser edificado. Josefo e o historiador romano Dio Cassius colocaram 733 AUC como a data em que a construção do Templo começou. [Então 733+46=779 AUC, ano da conclusão do Templo]. De acordo com Lucas 3:23, Jesus tinha “cerca de trinta anos”, que, subtraídos de 779, dá 749, ou 5 a.C., como a data mais aceitável para Seu nascimento, ou seja, cerca de cinco anos mais cedo do que a nossa datação da Era Cristã (Cairns, E. E. O Cristianismo Através dos Séculos: Uma História da Igreja Cristã, p. 38, 39). É bom saber que as informações históricas contidas na Bíblia são plenamente dignas de crédito. Mais importante ainda é compreender e aceitar o imenso presente de Deus ao ser humano, ou seja, o envio de Seu Filho, Jesus Cristo, como sacrifício substitutivo em nosso lugar. Em face de tão grande amor, o mínimo que devemos fazer é, com espírito de gratidão, aceitar o oferecimento divino da salvação, conseguida graças ao Infante de Belém, que nasceu para morrer, para que você e eu pudéssemos viver. – Por Ozeas C. Moura, doutor em Teologia Bíblica e professor no Salt Unasp, campus Engenheiro Coelho. E-mail: ozeas.moura@ unasp.edu.br Revista Adventista I dezembro • 2011
17
Citando o Pentateuco, Jesus afirmou que Deus disse a Moisés: “Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó.” E acrescentou o comentário: “Ora, ele não é Deus de mortos, e sim de vivos” (Mc 12:26, 27). Como entender essas afirmações? Estariam vivos esses patriarcas? Esse texto não valida a questão da imortalidade da alma? – L. A.
Um importante princípio de interpretação da Bíblia é que ela não se contradiz, visto ter sido inspirada pelo Espírito Santo (2Tm 3:16). Ela é clara em afirmar que, quando as pessoas morrem, elas se tornam pó: “Tu és pó, e ao pó tornarás” (Gn 3:19). A ideia de que uma alma imortal sai do corpo, após a morte, não é bíblica, mas pagã. Assim acreditavam os egípcios e também os gregos (esses foram os maiores divulgadores da crença na alma imortal), para citar alguns povos, passando essa ideia para a igreja cristã e chegando até nós. O texto em questão (Mc 12:26, 27) está no contexto da discussão de Jesus com os saduceus, grupo judaico que negava a ressurreição. Contando a Cristo a história de uma mulher que se casara sete vezes, queriam, com isso, mostrar o absurdo da ideia da ressurreição, visto que, ao ressurgir, tal mulher deveria viver com sete maridos. Cristo respondeu a esse grupo, afirmando duas coisas sobre eles: (1) a de não conhecerem as Escrituras (verso 24a), nas quais constam alguns relatos de ressurreição (por exemplo, as realizadas por Elias, em 1 Reis 17, e por Eliseu, em 2 Reis 4), e (2) a de não reconhecerem o poder de Deus (verso 24b) de trazer à vida os que morreram. Uma vez que Deus criou do nada o Universo, Ele não terá nenhuma dificuldade em ressuscitar os que morreram. E a solução para o problema da mulher e seus sete maridos foi que, na ressurreição, ela e os maridos que tivera viverão como anjos, ou seja, sem intercurso sexual, mas como uma família de irmãos.
Visite nossa livraria em sua cidade.
MOEMA Av. Juriti, 573 – Moema São Paulo, SP – Fone: (11) 5051-1544 E-mail: moema@cpb.com.br PRAÇA DA SÉ Praça da Sé, 28 – A1 – Sala 13 São Paulo, SP – Fone: (11) 3106-2659 E-mail: se@cpb.com.br VILA MATILDE R. Gil de Oliveira, 153 São Paulo, SP – Fone: (11) 2289-2111 E-mail: vila.matilde@cpb.com.br UNASP/EC Rod. SP 332, km 160 – Fazenda Lagoa Bonita – Engenheiro Coelho, SP Fone: (19) 3858-1398 E-mail: unasp@cpb.com.br TATUÍ Rod. SP 127, km 106 – Guardinhas Tatuí, SP – Fone: (15) 3205-8688 E-mail: vendas@cpb.com.br
CURITIBA R. Visconde do Rio Branco, 1.335 Loja 1 – Centro – Curitiba, PR Fone: (41) 3323-9023 E-mail: curitiba@cpb.com.br CAMPO GRANDE R. Quinze de Novembro, 589 Centro – Campo Grande, MS Fone: (67) 3321-9463 E-mail: campo.grande@cpb.com.br GOIÂNIA Av. Goiás, 1.013 – Loja 1 – Centro Goiânia, GO – Fone: (62) 3229-3830 E-mail: goiania@cpb.com.br BRASÍLIA SD/Sul – Bloco Q, Loja 54 – Térreo Edifício Venâncio IV – Asa Sul Brasília, DF – Fone: (61) 3321-2021 E-mail: brasilia@cpb.com.br
FORTALEZA R. Pedro I, 1.120 – Centro Fortaleza, CE – Fone: (85) 3252-5779 E-mail: fortaleza@cpb.com.br RIO DE JANEIRO R. Conde de Bonfim, 80, Loja A Tijuca – Rio de Janeiro, RJ Fone: (21) 3872-7375 E-mail: rio@cpb.com.br SALVADOR Av. Joana Angélica, 747 – Sala 401 Nazaré – Salvador, BA Fone: (71) 3322-0543 E-mail: salvador@cpb.com.br RECIFE R. Gervásio Pires, 631 – Santo Amaro Recife, PE – Fone: (81) 3031-9941 E-mail: recife@cpb.com.br
Renan Martin / Imagem: Divulgação
Jupterimages
Abraão, Isaque e Jacó estariam vivos?
E então, como entender a expressão “Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó. Ele não é Deus de mortos, e sim de vivos”? À primeira vista, o texto parece dizer que esses patriarcas estão vivos. Mas essa hipótese não se sustenta pelo próprio contexto, cujo assunto é justamente a ressurreição, e não a imortalidade da alma. Por duas vezes Jesus deixou claro que a ressurreição é um fato: “Quando ressuscitarem de entre os mortos [...]” (verso 25), e “quanto à ressurreição dos mortos [...]” (verso 26). Vê-se que, nem por um momento, Cristo fala em continuação da vida após a morte mediante uma alma imortal. O verso 26 nos diz que Abraão, Isaque e Jacó estão mortos, mas que Deus os trará à vida novamente. Mesmo mortos, Deus continuava sendo o Deus deles, e nem mesmo a morte podia levá-Lo Se esquecer deles. Paulo parecia ter em mente esse fato ao dizer que “nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as coisas do presente, nem do porvir, nem os poderes, nem a altura, nem a profundidade, nem qualquer outra criatura poderá separarnos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor” (Rm 8:38, 39). A verdade é que Deus não Se esquece dos que morreram e um dia dará vida a eles novamente. A expressão “Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó”, proferida por Deus, quando esses patriarcas já estavam mortos, implica a ressurreição deles. Do contrário, a afirmação não teria nenhum sentido. Como Deus poderia ser o “Deus de Abraão, de Isaque e Jacó”, se eles não voltassem a viver novamente? Além disso, Deus não disse: “Eu fui o Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó”, como se indicasse que eles permaneceriam mortos. Mas disse: “Eu sou”, mostrando que estaria fisicamente com eles novamente, o que ocorrerá quando esses patriarcas ressuscitarem. Não é uma boa notícia essa, a de saber que mesmo a morte não nos pode separar do amor de Deus e que Ele não Se esquece de Seus filhos falecidos? E Ele demonstrará isso, chamando os justos mortos à vida, pela ressurreição. Quando isso ocorrer, se verá, em toda a sua força, a verdade da afirmação: “Ele não é Deus de mortos, e sim de vivos.” – Por Ozeas C. Moura, doutor em Teologia Bíblica e professor no Unasp – Campus Engenheiro Coelho. E-mail: ozeas.moura@unasp. edu.br
CeLebRaÇÕes
Eduardo Rueda
Três an Cordei modo s deiro p tulo qu nunca p cruz (Jo mês de horário às três nos det momen context do sang
As festas de Israel à sombra da cruz
as antigas cerimônias judaicas previam, com exatidão, os acontecimentos relativos à vinda do Filho de Deus
Designer
Editor Texto
C.Qualidade
Depto. Arte
18
Revista adventista I MARÇO • 2013
Páscoa – A lista das celebrações anuais em Levítico começa com a Pás-
coa (Lv 23:4-8). Ao contrário de hoje, essa data não tinha nada que ver com coelhos e ovos de chocolate. Ela comemorava a libertação dos escravos israelitas do Egito, após 430 anos de cativeiro (Êx 12:40). Deus, “com mão forte” (Êx 13:14), foi o Autor dessa libertação. Pelas dez pragas (águas transformadas em sangue, rãs, piolhos, moscas, peste nos animais, úlceras, granizo, gafanhotos, trevas e morte dos primogênitos), Deus executou juízo contra Faraó e a idólatra nação que este governava, humilhando suas divindades. Na noite em que o Senhor enviaria a última praga, os filhos de Israel deveriam celebrar sua primeira Páscoa. A solenidade consistia em uma cerimônia relativamente simples, mas de profundo significado. Os elementos que compunham a celebração eram basicamente: um cordeiro sem mancha (Êx 12:3-5), sacrificado na tarde daquele mesmo dia, assado por inteiro e comido às pressas, sem que nenhum de seus ossos fosse quebrado (v. 46); pães sem fermento e ervas amargas. É importante lembrar que o sangue do cordeiro sacrificado deveria ser passado nas laterais e nas vigas superiores das portas das casas (Êx 12:7). Isso serviria de sinal para que, ao passar por ali, o anjo destruidor não entrasse nas casas marcadas com sangue (v. 23). Daí o nome Páscoa, cuja raiz significa “passar por cima”. Todo esse ritual era feito no dia 14 do mês de Nisã (o primeiro mês do calendário judaico correspondente a março ou abril). Muitos séculos se passaram e, em nossa viagem no tempo, chegamos aos últimos dias do ministério de Cristo. Lá estava o Filho de Deus, pregado numa cruz, entre dois ladrões, após ter sofrido a mais cruel tortura e desprezo. Havia trevas ao Seu redor (Mc 15:33). Entre a densa escuridão, a terra tremeu e as rochas se partiram (Mt 27:51). Sepulturas se abriram (v. 52, 53) e o véu do templo se rasgou em dois, de alto a baixo (v. 51).
Pães a
Ilustrações: Thiago Lobo
28059
Ra/mar’13
V
ocê já tentou explicar para uma criança como ela nasceu? Tarefa dif ícil, não? Muitos pais apelam para a velha história da cegonha, que traz no bico o bebê pendurado num lenço; outros utilizam metáforas como a da “sementinha”. Mas, modéstia à parte, em minha opinião, ninguém foi mais criativo que meu pai nesse assunto. Ele me explicava a ocasião de meu nascimento em cores vivas: Numa bela manhã, de um dia qualquer, ele se espreguiçava na varanda de casa quando, de repente, o céu escureceu, os raios cortavam o horizonte e uma misteriosa nuvem desceu até a altura em que ele estava. A nuvem se abriu, anjos às centenas ocuparam a cena e, ao centro, estava Jesus que Se dirigiu a meu pai com uma prancheta na mão e perguntou: “Como vai querer a criança?” Após balbuciar qualquer coisa, ele O viu desenhando. Terminando o desenho, o Senhor soprou no papel e... pronto! O bebê foi entregue, o cortejo celeste se foi, o céu clareou e meu pai ficou, atônito, com a pequena encomenda nos braços sem saber direito o que fazer com a nova “aquisição”. Criativo, não acha? Eu não recomendo a ninguém contar uma história como essa a uma criança, mas uma coisa tenho que admitir: há um poder fantástico nas ilustrações! Não é à toa que boa parte dos ensinos de Jesus se constituía de parábolas. As histórias, reais ou não, simplificam conceitos complexos e tornam acessíveis verdades profundas, além de causar na mente um efeito muito mais duradouro. No Antigo Testamento, Deus revelou a Israel o plano da salvação de maneira ilustrada. Cada sacrifício ou cerimônia apontava para uma realidade futura e ajudava as pessoas a compreender aspectos bem específicos da redenção. Desde o santuário, com seus móveis e todo o seu ritual, até as festividades anuais que o povo celebrava (sete, ao todo), tudo indicava a vinda de um Redentor. De modo especial, as três primeiras festas religiosas descritas em Levítico 23 revelam muita coisa a respeito de Jesus, bem antes de Ele nascer. Elas contêm detalhes tão interessantes que é possível enxergar em cada uma profecias acerca do Messias que viria.
tividade a Festa 15 de N continu ela (Êx a saída (Êx 12:1 utilizar circuns deixar o na Bíbli A ap a neces lho ferm sem fer imolado nem co asmos mos sal mos ag Isso não cado, in tece qu acident forma c nos dá o Festa d
s, mosorte dos ção que
e Israel m uma Os eleordeiro assado os fosse
egamos us, pretortura escurise abrio (v. 51).
Ilustrações: Thiago Lobo
o deveas casas njo deso nome feito no respon-
Pães asmos – Como já vimos, a Páscoa não foi a única festividade judaica a se cumprir em Jesus. A seguinte da lista era a Festa dos Pães Asmos (Lv 23:6-8). Celebrada a partir do dia 15 de Nisã, era considerada, de certa forma, como sendo uma continuação da Páscoa, em função de sua íntima ligação com ela (Êx 12:15-20). A ocasião, que durava uma semana, marcava a saída do povo do cativeiro e o abandono da vida no Egito (Êx 12:17). A razão primária pela qual os israelitas não podiam utilizar fermento nesse período tem que ver com a lembrança da circunstância em que saíram: às pressas. Não houve tempo para deixar o pão fermentar. Além disso, em certo sentido, fermento, na Bíblia, é símbolo do pecado e do mal (1Co 5:7, 8; Mt 16:6-12). A aplicação que o Novo Testamento faz dessa festa sugere a necessidade que temos de uma vida santa. “Lançai fora o velho fermento, para que sejais nova massa, como sois, de fato, sem fermento. Pois também Cristo, nosso Cordeiro pascal, foi imolado. Por isso, celebremos a festa não com o velho fermento, nem com o fermento da maldade e da malícia, e sim com os asmos da sinceridade e da verdade” (1Co 5:7, 8). Nós, que fomos salvos pelo sangue de Cristo, o Cordeiro pascal, precisamos agora viver uma vida sem fermento, isto é, sem pecado. Isso não significa que nunca mais iremos pecar – afinal, o pecado, infelizmente, ainda faz parte de nossa natureza. Acontece que, na vida do cristão, ele deve ser algo involuntário, um acidente, não um “estilo de vida”, algo que se faz por prazer, de forma consciente. O sacrifício que Cristo realizou na Páscoa nos dá o poder necessário para participar, simbolicamente, da Festa dos Pães Asmos.
eDuaRDO RueDa é editor associado de livros na Casa Publicadora Brasileira. Bibliografia
28059
m a Pásque ver dos es). Deus,
Primícias – A terceira celebração anual era a das Primícias (Lv 23:9-14). Alguns não a consideram exatamente uma festa, já que não há nenhum dia de “santa convoção” relacionado a ela. Sendo assim, a data seria uma continuação da Festa dos Pães Asmos. Nessa ocasião, o povo deveria apresentar uma oferta dos primeiros frutos da colheita ao Senhor. Essa seria uma demonstração de reconhecimento e gratidão pela providência divina, além de também fazer menção ao êxodo. A oferta das primícias era apresentada no dia 16 do mês de Nisã. No Novo Testamento, Cristo é chamado de “as primícias dos que dormem” (1Co 15:20; ver Ap 1:5), isto é, dos mortos, numa referência à Sua ressurreição. Embora Jesus não tenha sido o primeiro a ressuscitar (Ele mesmo ressuscitou pessoas antes), Cristo é o primeiro em termos de importância e porque, mediante Sua ressurreição, todas as outras se tornam possíveis (Jo 11:25). Por meio dEle, os fiéis também poderão ressuscitar (1Co 15:23). Mas a relação tipológica que o Novo Testamento estabelece entre a oferta das Primícias e a ressurreição de Jesus não depende apenas da linguagem utilizada por Paulo. A data também é um fator bastante interessante. Foi exatamente no dia 16 de Nisã, o terceiro depois da Páscoa (numa contagem inclusiva), que Cristo venceu a morte e ressuscitou. É impressionante observar como, não somente as profecias messiânicas do Antigo Testamento, mas até as antigas cerimônias judaicas previam, com exatidão, os acontecimentos relativos à vinda do Filho de Deus. Há quem diga que tais interpretações são forçadas ou exageradas. No entanto, há base teológica suficiente para crer que, em Jesus, o antigo sistema cerimonial encontrou seu cumprimento (Cl 2:16,17). Além disso, sou cético demais para crer em meras coincidências. E você, crê que Jesus é o Filho de Deus, que pode transformar sua vida? Se não, convido você hoje a procurar conhecê-Lo mais. Você vai se surpreender com o que irá descobrir!
Ra/mar’13
Três anos antes, João Batista tinha dito a respeito dEle: “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo!” (Jo 1:29). De modo semelhante, Paulo associou o sacrifício de Jesus ao cordeiro pascal (1Co 5:7). Mas as “coincidências” vão além do título que Jesus recebeu. Cristo também foi “sem mancha”, pois nunca pecou (Hb 4:15). Nenhum de Seus ossos foi quebrado na cruz (Jo 19:36). E Sua morte ocorreu justamente no dia 14 do mês de Nisã, uma sexta-feira de Páscoa (Jo 18:39), no mesmo horário em que o cordeiro era sacrificado no templo, ou seja, às três da tarde (Lc 23:44-46). Coincidências? Não! Precisão nos detalhes! A Páscoa, embora representasse, num primeiro momento, o êxodo dos israelitas, apontava também para um contexto muito mais amplo: a libertação do pecado, por meio do sangue de Jesus.
Designer
Editor Texto
• Comentário Bíblico Adventista (CPB), v. 1, Levítico e Êxodo. • José Carlos Ramos, “Páscoa: proteção e liberdade”, Revista Adventista, abr. 2006, p. 14-16. • José Pereira, A Cruz Antes da Cruz (Editora Tempos, 2003). • L.S. Baker Jr, “Covered with blood: A better understanding of Exodus 12:7”, Ministry, set. 2009, p. 6, 7. • Novo Comentário da Bíblia (Vida Nova), Êxodo 12. • Rodrigo P. Silva (Faculdade Adventista de Teologia, Unasp-EC), classes de Teologia e Filosofia. • The Wycliffe Bible Commentary (Moody Publishers), Levítico 23.
Revista adventista I MARÇO • 2013
19
C.Qualidade
Depto. Arte
ADMOESTAÇÃO
Paulo Ricardo Meira
As três peneiras de Sócrates “O mexeriqueiro descobre o segredo, mas o fiel de espírito o encobre” (Pv 11:13)
20
Revista Adventista I setembro • 2012
– Espere um pouco, moço. O que você quer me contar já passou pelo crivo das três peneiras? – Três peneiras? Quais? – inquiriu o jovem. – A primeira é a da verdade. Você tem certeza de que o que vai me contar é absolutamente verdadeiro? – Não. Como posso saber? O que sei é que me contaram! – Então, suas palavras já vazaram pela primeira peneira. Vamos, agora, à segunda peneira: a da bondade. Você gostaria que os outros dissessem a seu respeito o que deseja me contar? – Não, de maneira nenhuma – respondeu o moço. – Então, suas palavras vazaram tam-
PAULO ricardo MEIRA é membro da Igreja Adventista da Asa Norte, em Brasília, DF.
Carlos Seribelli
E
ntre as perguntas feitas pelo Mestre dos mestres, uma é intrigante: “Por que vês tu o argueiro no olho de teu irmão, porém não reparas na trave que está no teu próprio?” (Mt 7:3). Jesus chama nossa atenção para o fato de que todos nós somos inclinados a observar, nas pessoas, coisas que, em nossa opinião, poderiam ser melhores, e aí tendemos a fazer comparações que, às vezes, tomam a forma de fofoca. A propósito, há um texto que corre pela web, dizendo que certo rapaz teria mantido o seguinte diálogo com o filósofo Sócrates: – Preciso contar algo sobre Fulano. O senhor não imagina o que me disseram a respeito de... Ele nem terminou a frase quando Sócrates ergueu os olhos do livro que lia e perguntou:
bém pela segunda peneira. A terceira é a necessidade. Você acha necessário contar-me esse fato ou passá-lo adiante? Isso resolve algum problema? Ajuda alguém? Melhora alguma coisa? – Não. Ao submeter tudo ao crivo dessas peneiras, entendo que nada restará daquilo que eu pretendia contar. Sócrates, sorrindo, concluiu: “Se o que você deseja contar resistir ao crivo das três peneiras, conte! Nesse caso, você, eu e outras pessoas seremos beneficiados. Mas, se não houver essa possibilidade, esqueça tudo. Será uma fofoca a menos para envenenar o ambiente e fomentar a discórdia entre irmãos. Devemos ser sempre a estação terminal de qualquer comentário inconveniente.” Pense bem: pessoas medíocres falam sobre pessoas; pessoas comuns falam sobre coisas; pessoas sábias falam sobre ideias.
ESTILO DE VIDA
Bebidas alcoólicas por Helnio Nogueira
O
álcool é sem dúvida a droga mais usada e a que mais mata. Cerca de 70% da população do mundo bebe, pelo menos de vez em quando. As desgraças causadas pelo álcool deixam para trás qualquer tsunami. Várias religiões proíbem o uso de álcool. Nós também. Está no voto batismal. Mesmo assim, estamos cada vez mais parecidos com o mundo no uso do álcool. Essa droga, ainda que “usada com moderação”, pode conduzir a acidentes, ferimentos graves, mortes, miocardiopatias, arritmias, elevação dos triglicerídeos, hipertensão arterial, elevação do ácido úrico, hepatite alcoólica, fígado gorduroso, cirrose, gastrites e úlceras, pancreatite, câncer de esôfago e de mama, insônia, apnéia do sono, depressão, neuropatias, comportamento psicótico, agressivo, violento, suicídios, assassinatos de familiares, estupros... e a lista continua. Mesmo assim, há quem defenda o uso moderado do álcool porque reduz o colesterol... Ellen White comenta que “Nadabe e Abiu, filhos de Arão, que ministravam no santo ofício sacerdotal, tomaram livremente do vinho e como de costume foram ministrar diante do Senhor. ... E insultaram ao infinito Deus, apresentando fogo estranho diante dEle. Deus os consumiu com fogo, por causa do desrespeito à Sua expressa orientação.” – No Deserto da Tentação, pág. 97. Como é que nós queremos ir para o Céu, se também introduzimos álcool em nosso corpo – o templo do Espírito Santo? Não me surpreende o fato de, no mundo inteiro, 70% das pessoas usarem bebidas alcoólicas. Mas eu esperava que, entre nós, o número fosse zero! O conselho de Deus é: “Não olhes para o vinho. ... Pois ao cabo morderá como a cobra” (Prov. 23:31 e 32). Ellen White diz: “Nunca tomeis... cerveja, vinho ou qualquer bebida alcoólica.” – Conselhos Sobre o Regime Alimentar, pág. 420. “Quanto ao... fumo e bebidas alcoólicas, a única atitude segura é não tocar, não provar, não manusear. “ – A Ciência do Bom Viver, pág. 335. “Deus proíbe todas essas condescendências porque elas destroem a estrutura humana... a saúde é sacrificada, e a própria vida é oferecida no altar de Satanás.” – Conselhos Sobre Mordomia, pág. 134. “... Fumo e álcool precisam ser apresentados como condescendências pecaminosas. ... Cerveja, vinho e todas as bebidas alcoólicas, não devem ser ingeridos moderadamente, mas rejeitados.” – Mensagens Escolhidas, vol. 3, pág. 287. “A intoxicação é produzida tão positivamente pelo vinho, cerveja e sidra, como pelas bebidas mais fortes. ...
O beber moderado é a escola em que os homens se educam para a carreira da embriaguez.” – A Ciência do Bom Viver, pág. 332. Ninguém começa a beber pensando em se tornar alcoólatra. No começo, todos pensam que estão plenamente conscientes dos perigos do álcool e que jamais se deixarão dominar. Infelizmente, a realidade mostra que ninguém está seguro. De cada sete pessoas que começam a beber, uma se torna dependente. Quem fica preso com mais facilidade são as mulheres, as crianças e aqueles que têm parentes alcoólatras. Por isso, os conselhos são tão claros: “As pessoas que herdaram o apetite dos estimulantes... não devem por modo nenhum ter vinho, cerveja ou sidra diante dos olhos ou ao seu alcance; pois isso lhes mantém a tentação continuamente adiante.” – Ibidem, pág. 331. “Nossos antepassados legaram-nos costumes e apetites que estão enchendo o mundo de doenças. Os pecados dos pais... são, com poder assustador, visitados sobre os filhos até a terceira e quarta geração. ... A intemperança, a ingestão de... vinho, cerveja, rum e conhaque... têm resultado em grande degeneração física e mental. ...” – Conselhos Sobre Saúde, pág. 49. Como proteger nossos filhos: 1) Pelo exemplo: “Os primeiros passos na intemperança são muitas vezes dados na meninice e adolescência. ...Os que põem vinho e cerveja em sua mesa estão cultivando nos filhos o apetite para a bebida forte. ... Que o exemplo dos pais seja uma lição de temperança; que a abnegação e o domínio próprio sejam ensinados aos filhos... mesmo desde o berço.” – Temperança, pág. 270. 2) Pela temperança no alimento: “Muitas vezes, a intemperança começa no lar. Pelo uso de alimentos condimentados, não saudáveis,... se educa o apetite a desejar continuamente alguma coisa mais forte. ... Muitas pessoas que não seriam culpadas de pôr à mesa vinho ou bebida alcoólica... enchê-la-ão de comidas que criam tal sede de bebida forte, que quase impossível é resistir à tentação. Os hábitos errôneos no comer e no beber destroem a saúde e preparam o caminho para a embriaguez.” – A Ciência do Bom Viver, pág. 334. O álcool não é um amigo, é um inimigo! E muitas vezes é um inimigo maior e mais forte que a nossa própria vontade. Não é seguro fazer amizade com as serpentes. E se, no meio do deserto, as serpentes já picaram você, por favor, olhe para Jesus... e não desvie os olhos dEle.
Ed
C
Helnio Judson Nogueira é clínico geral e nefrologista.
D
Revista Adventista, março 2005
11
RA/ago 00
7429
al
to
tr.
e
William de Moraes
REFLEXÕES
por José Carlos Ramos
Dom de línguas ou linguagem de Deus?
tos 2 nos oferece o impressionante relato da descida do Espírito Santo no dia de Pentecostes, marcando o início da trajetória da Igreja Cristã. Ali vemos que uma comunidade gerada por Deus nasce no contexto da fraternidade, concórdia, oração e reavivamento. O verso 4 simplesmente declara:“Todos ficaram cheios do Espírito Santo e passaram a falar em outras línguas.” Temos aqui o que é identificado como glossolalia, o exercício do dom de línguas, assunto controvertido e muito explorado. Existem hoje igrejas que se fundamentam quase que exclusivamente nesse dom.“Se você não falar línguas não é ainda um crente selado. Você só terá a garantia de estar salvo se falar línguas.” Não é o que a Bíblia ensina. Línguas no Pentecostes foram uma indicação de que, em Jesus, os dias messiânicos haviam começado; com eles chegara também a era do Espírito. Os discípulos louvaram a Deus nos idiomas falados por judeus estrangeiros que estavam em Jerusalém para a festa. Dezessete idiomas estavam ali representados. Dir-seia que a barreira social imposta pela diversidade de idiomas, havia se desmoronado. O evangelho avançaria agora em todas as direções. É este o propósito do dom de línguas. Segundo Charles Berlitz, um dos mais eminentes lingüistas, e que fala fluentemente 25 idiomas, existem atualmente em uso no mundo 2.796 línguas e cerca de 8.000 dialetos. Estas cifras indicam que a execução em escala mundial de uma tarefa é algo bastante complexo. Só na Austrália, 50 mil aborígines falam mais de 200 línguas diferentes! Mas para Deus não existem barreiras. O dom de línguas se manifestará cada vez que Ele o julgar necessário para a execução de Sua obra. O verdadeiro problema, todavia, não é a variedade de idiomas no mundo, mas o que se esconde por trás dela. Pluralidade de idiomas é apenas a conseqüência do verdadeiro mal. Essa variedade começou quando os homens tiveram a idéia de construir uma torre para chegar ao Céu, e fazer um nome para si (Gên 11:1-9). Deus desceu para ver a obra e lhes confundiu a linguagem. A torre se chamou Babel, que quer dizer confusão. Todavia, o aramaico bab-ilu, de onde o termo babel provavelmente deriva, significa passagem para Deus. Alguns acham que pode ser caminho para a divinização. Os construtores teriam em vista tornar-se como deuses. Em outras palavras, a tentação do Éden estava de volta. A confusão da linguagem foi um julgamento divino sobre o orgulho que aliena, que separa, que erige barreiras
A
entre os homens, que os torna incapazes de se comunicar. O pecado não apenas dificulta a comunicação; ele gera a anticomunicação, manifestada em toda forma de preconceito, discriminação, intolerância e violência. Esforços não têm faltado para se derribarem as barreiras lingüísticas no mundo. Desde 1887, quando o Dr. Zamenoff, da Polônia, ofereceu ao mundo o Esperanto, até mais recentemente, quando o pesquisador espanhol Juan Ramon Palanca surpreendeu os filólogos com uma nova língua chamada Tupal, umas 10 ou 12 línguas desse tipo foram inventadas, algumas tão fáceis que podem ser aprendidas em uma hora. Mas apesar dos esforços em prol da comunicação cordial, apesar da escalada tecnológica, da criação de dicionários eletrônicos edição de bolso, ainda os homens são incapazes de se comunicar, mesmo quando falam a mesma língua. Para toda essa situação Deus tem uma resposta: o Pentecostes, a evidência de que Ele falou Sua linguagem em nossa linguagem, para nos resgatar dos males que nossas diferentes linguagens simbolizam tão bem. Na Palavra divina feita carne, Ele nos falou clara e distintamente a linguagem do Seu amor. No Pentecostes os discípulos, coesos, e cordatos, entenderam, pelo Espírito, as implicações desse fato, e passaram ao mundo a linguagem de Deus. “Todos os temos ouvido em nossas próprias línguas falar das grandezas de Deus” (Atos 2:11). O mais importante não era ouvir seus idiomas falados por um grupo de iletrados galileus, mas ouvir em seus idiomas a linguagem de Deus. E o que aconteceu em seguida sabemos muito bem. Assim, a história do Pentecostes é a história de Deus revertendo o quadro de Babel. Como diz o Pastor Finney: “O reino de Deus não se comporá de uma quantidade de povos com propósitos diferentes, que em vão tratam de compreender o idioma do outro, mas de uma multidão que terá sido unificada em pensamento e linguagem pelo amor de Deus. Isso será, em realidade, o Céu.” (Revista Adventista, outubro de 1977, pág. 42). Não precisamos esperar até lá para ter tudo isso. Podemos e devemos dispor dessas coisas agora. Estando Cristo em nosso coração, haverá paz e união, primeiro em nós, e então com os nossos semelhantes. José Carlos Ramos é professor de Teologia no IAE – Campus 2, Engenheiro Coelho, SP.
e
38
Revista Adventista, agosto 2000
Jo Card
Páscoa pagã – A configuração da Pás-
coa que predomina entre a cristandade atualmente, passa longe do que a Bíblia prescreveu sobre essa festividade. A Páscoa bíblica foi instituída para celebrar a libertação do povo israelita do cativeiro egípcio. Teve início a partir da morte de todo primogênito residente no Egito, em cuja casa não houvesse, nos umbrais da porta, o sangue do cordeiro pascoal. O foco central dessa festa está na morte do cordeiro, de quem vem o sangue que livra da morte e, portanto, liberta da escravidão. Assim, a tipologia nos permite ver na morte de Jesus (e não em Sua ressurreição) o cerne da Páscoa bíblica (1Co 5:7). Quando Deus estabeleceu essa festa, Ele quis deixar claro o ensinamento de que a libertação dos israelitas do cativeiro egípcio representa a libertação maior de todo aquele que crê no sacrifício substitutivo de Cristo. Por causa do pecado, todo ser humano está condenado à destruição, mas, em virtude do sangue que Jesus, o cordeiro de Deus, derramou no Calvário, serão salvos todos os que aceitarem para si esse sacrifício. Não é insignificante o fato de que o foco da Páscoa tenha sido deslocado para a ressurreição de Cristo. É verdade que o fato de Jesus ter ressuscitado consolida Sua vitória contra o pecado. Mas a Bíblia usa outros símbolos para a ressurreição, como o batismo por imersão, por exemplo (Rm 6:4, Cl 2:12), e nunca relaciona o sentido da Páscoa com a ressurreição do Senhor. Na verdade, essa troca é um
sutil e grave erro que foi introduzido no cristianismo, com o propósito de acomodar a religião de Cristo ao paganismo. Muitas culturas antigas possuíam sua Páscoa, que sempre estava relacionada a oblações aos deuses com o propósito de tornar a terra fértil para o bem-sucedido cultivo da agricultura. Por exemplo, o termo “Páscoa” em inglês é Easter e em alemão Ostern, traduções da expressão anglo-saxã Eostre, nome de uma deusa nórdica da primavera do hemisfério norte.1 Eostre (equivalente a Astarote, deusa cananeia, e Ceres, deusa romana) é uma divindade anglo-saxã e teutônica, a quem os pagãos atribuíam o ressurgimento da vida vegetal na primavera, após o inverno. O apogeu das festividades em louvor a essa divindade ocorre em março, no início da primavera do hemisfério norte, período em que muitas culturas antigas celebram a páscoa, ou o festival aos deuses da fertilidade da primavera. De acordo com a lenda, o coelho, por ser considerado muito fértil, era o animal preferido de Eostre. Os ovos são os principais objetos de louvor a essa deusa, por serem vistos como símbolo de vida, nascimento e ressurreição. Também para louvar Eostre e para suscitar sua propiciação, eram oferecidos sacrifícos vegetais, animais e humanos.2 Posteriormente, em louvor a essa deusa, foi instituído o Sabbat Pagão, no primeiro dia da primavera, que celebra o renascimento, chamado de Ostara. O cristianismo apostatado reinterpretou esse dia como o domingo da Páscoa.
Diferentemente da Páscoa bíblica, a Páscoa “cristã”, como se celebra hoje em dia, não tem um dia fixo no calendário. Ela pode cair entre os dias 22 de março e 25 de abril, pois, de acordo com a tradição, deve ser comemorada no primeiro domingo após a lua cheia, que ocorre a partir de 22 de março, início da primavera no hemisfério norte.3 Isso foi estabelecido no Concílio de Niceia, em 325, por forte influência do imperador romano Constantino, que argumentava em favor da mudança para diferenciar os cristãos dos judeus. No fundo, o objetivo do imperador era associar o cristianismo cada vez mais ao paganismo, como foi com o caso da mudança do dia de guarda e outras coisas mais.4 Entretanto, a cristandade só passou a comemorar a Páscoa, seguindo a resolução de Niceia, com o decreto do papa Gregório XIII, em 1582.5 Os elementos acima permitem perceber a áurea pagã que permeia a Páscoa “cristã” na atualidade. A cristandade reinterpretou a Páscoa, inserindo símbolos pagãos, alterando sua data e deslocando de sua essência o significado vicário que estava no propósito de Deus ao estabelecer essa festa, a saber, representar didaticamente o sacrifício substitutivo de Cristo, simbolizado no cordeiro que morria com o propósito de que seu sangue sinalizasse a salvação do crente que se apega com fé à dádiva graciosa de Deus. Páscoa bíblica – A Páscoa bíblica foi
estabelecida como marco para comemorar a libertação do cativeiro egípcio. A prescrição divina estabeleceu que, na noite em que Deus desferiria o derradeiro golpe sobre o Egito, matando os primogênitos, quem estivesse com o sangue do cordeiro nos umbrais da porta seria poupado, pois o anjo passaria por aquela casa sem fazer mal ali. Naquela noite, toda casa que não tinha o sangue nos umbrais da porta recebeu a terrível visita do anjo destruidor. Mas as casas dos hebreus foram poupadas, pois nelas havia o sinal de que o anjo deveria pulá-las. Vem, portanto, do verbo passar ou pular sobre a verdadeira origem etimológica do termo páscoa (hebraico Pessach), no contexto bíblico. A Páscoa é uma linda representação da salvação. Diz Rodríguez: “Enquanto no Egito todos os primogênitos morreram, Revista Adventista I março • 2013
15
28059 RA/mar’13
A o?
Páscoa chega, trazendo para nossa sociedade sentimentos opostos e paradoxais: a euforia do comércio, abastecido com todo tipo de ovos e coelhos de chocolate, relaciona-se, antiteticamente, a uma sombria tristeza que a lembrança do sofrimento de Cristo impõe sobre alguns; a abstinência da sexta-feira da paixão opõe-se aos festejos e regalos do domingo de Páscoa; a degradante malhação do Judas contrasta com o sentimento de fraternidade que envolve as pessoas nessa época do ano. As diferenças ficam ainda maiores quando pensamos nos símbolos que compõem o universo pascoal na cristandade de hoje: o ovo e o coelho (altamente enfatizados) relacionam-se contraditoriamente com a cruz e o cordeiro (minimamente lembrados). Ao pensarmos nesses paradoxos pascoais, surgem algumas perguntas: Afinal de contas, o que é a Páscoa? Qual é a origem da atual ênfase dessa festa recheada de ovos e coelhos? Por que foi instituída a verdadeira Páscoa e qual é o significado dela para hoje e para o futuro?
Designer
Editor Texto
C.Qualidade
Depto. Arte
Ra/mar’13 28059 Designer
Editor Texto
C.Qualidade
Depto. Arte
16
Revista adventista I MARÇO • 2013
Seguindo o ritual que ocorreu no dia da libertação do cativeiro, todo israelita, no festejo da Páscoa, deveria separar um cordeiro no décimo dia do primeiro mês do ano judaico (nisã) e sacrificá-lo no décimo quarto dia à tarde (Êx 12:1-6). Os evangelhos demonstram que Jesus cumpriu cabalmente todas as especificações tipológicas da Páscoa e determinou, por isso, o fim da necessidade de comemorá-la. Em memória de Seu sacrifício, o Senhor estabeleceu a Santa Ceia, que deve ser celebrada até que Ele volte (1Co 11:26). “Ao comer a Páscoa com Seus discípulos, instituiu em seu lugar o serviço que havia de comemorar Seu grande sacrifício. Passaria para sempre a festa nacional dos judeus. O serviço que Cristo estabeleceu devia ser observado por Seus seguidores em todas as terras e por todos os séculos.”7 Para o cristão, a Páscoa é Cristo. Sempre que alguém aceitar o sacrifício vicário do Salvador encontrará o verdadeiro sentido da Páscoa. E a maneira que Jesus instituiu para celebrar isso foi a cerimônia da Santa Ceia. Embora seja muito solene, essa ocasião deve ser considerada festiva, pois seu propósito é reavivar na memória do cristão a certeza da salvação. Ninguém deve excluir-se nem ser impedido de participar.8 A Santa Ceia é símbolo de perdão e reconciliação. Mesmo que a Páscoa esteja extinta e substituída pela Ceia do Senhor e ainda que esteja corrompida pelas influências do paganismo, sua comemoração na atualidade é uma importante oportunidade de evangelização, pois, de alguma forma, as pessoas são levadas a pensar em Jesus. Assim, a igreja deve aproveitar para ensinar o verdadeiro sentido dessa festa e seu cumprimento pleno em Cristo. Os olhos do povo devem ser direcionados para a Páscoa definitiva que ocorrerá com a segunda vinda de Jesus, quando Deus libertará Seus filhos completamente do cativeiro do pecado. Páscoa escatológica – O evangelista
João utilizou o verdadeiro ícone pascoal, o cordeiro, para falar da salvação eterna. O Apocalipse apresenta um cenário em que o mundo vive seus dias finais, predominando, nessa descrição, perseguição para o povo de Deus, pragas para os ímpios e destruição no mundo físico. O quadro é tão caótico que, em Apoca-
lipse 6:17, se pergunta: “Quem pode suster-se?” A impressão é a de que todos estão condenados, e que ninguém conseguirá escapar da destruição. No entanto, surge na cena um grupo especial, que passa incólume pelos terríveis eventos finais da história deste mundo. Essas pessoas estarão seladas (Ap 7:3), não receberão o sinal da besta (Ap 13:16) e marcarão os “umbrais” de seu coração com a obediência ao Cordeiro (Ap 7:14; 14:4). Como na Páscoa original, o sangue do Cordeiro é a grande causa da vitória desse povo, a despeito de toda a perseguição que sofrerá. Essas pessoas são vividamente descritas como “os que vêm da grande tribulação, lavaram suas vestiduras e as alvejaram no sangue do Cordeiro” (Ap 7:14, itálico acrescentado). O sangue de Jesus livrará esses fiéis da destruição, os manterá firmes na tribulação e os introduzirá na Canaã celestial. A Páscoa original marcou a saída do povo de Israel do Egito e o início de sua trajetória de quarenta anos pelo deserto até a Canaã terrestre. A Páscoa antitípica, a morte de Jesus na cruz, marca o início da caminhada de todo cristão para a Canaã celestial. Na Páscoa original, a orientação foi: “Desta maneira o comereis: lombos cingidos, sandálias nos pés e cajado na mão; comê-lo-eis à pressa; é a Páscoa do Senhor” (Êx 12:11). O mesmo vale para a Páscoa definitiva: devemos ter urgência em seguir para Canaã e nos apropriarmos, com avidez, da “carne” e do “sangue” do Cordeiro, que alimentam nossa vida espiritual, dando-nos força para prosseguir na jornada. A propósito, isso faz vir à tona a antiga e poética pergunta: “Inda é longe Canaã?” Sinceramente, não. Canaã está às portas! VInÍCIus MenDes é editor associado de livros na Casa Publicadora Brasileira.
Referências 1. Para mais informações, ver George W. Reid em artigo sobre a Páscoa, disponível em http://www.adventist.org/bible-study/ bri.html. 2. Mirela Faur, Mistérios Nórticos (São Paulo: Editora Pensamento, 2007), p. 134. 3. Para mais informações sobre os cálculos para a datação da Páscoa, acesse http://astro.if.ufrgs.br/pascoa.htm. 4. Ver George Reid em www.adventist.og-study/bri.tml. 5. J. Lopez Marin, A Celebração na Igreja: Ritos e Tempos da Celebração (São Paulo: Edições Loyola, 2000), p. 42. 6. Ángel Manuel Rodríguez, Festivals and the Christian Church, 2005, p. 2, disponível em https://adventistbiblicalresearch.org/sites/ default/files/pdf/Release%203.pdf. 7. Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações (Tatuí: Casa Publicadora Brasileira, 2010), p. 652. 8. Ibid., p. 656.
Jupterimages
entre os hebreus uma vítima sacrificial morreu.”6 Isso nos ensina que a salvação se encontra nos méritos substitutivos do sangue do Cordeiro. A Páscoa estava atrelada à décima praga e foi a causa de o faraó, reconhecendo que não podia continuar lutando contra Deus, permitir a saída do povo de Israel do Egito. Nesse sentido, a Páscoa simboliza nossa libertação do cativeiro do pecado. É interessante observar que essa festa foi instituída para representar a salvação de todo o povo de Israel, que sairia do Egito pelos eventos decorrentes daquela noite de visitação divina. Mas isso só seria possível se o processo fosse realizado particularmente no âmbito das famílias. Ou seja, para que todos fossem salvos, e cada primogênito fosse poupado, família por família do povo deveria sacrificar um cordeiro. Não se tratava de um sacrifício generalizado, mas personalizado, familiar. Isto é, cada família deveria sentir a necessidade de buscar o Senhor. “Falai a toda a congregação de Israel, dizendo: Aos dez deste mês, cada um tomará para si um cordeiro, segundo a casa dos pais, um cordeiro para cada família” (Êx 12:3, itálico acrescentado). A Páscoa bíblica ensina que, embora a salvação de Deus pretenda alcançar a todos, ela precisa ser vivida individualmente, e a família é o núcleo central a partir do qual o Senhor deseja projetar Sua bênção para toda a humanidade. Aquele cordeiro morto era um tipo de Jesus, “o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (Jo 1:29). Entretanto, só aqueles que nEle crerem terão a vida eterna (Jo 3:16), a exemplo dos hebreus, que só foram libertos do Egito porque creram na Palavra de Deus, sacrificaram o cordeiro e marcaram suas portas. Sempre foi o desejo de Deus que cada família fosse uma base de salvação. Somente a partir de um reavivamento genuíno das famílias do povo de Deus, as pessoas, individualmente, poderão ser efetivamente alcançadas. Por isso, fica claro o motivo de Satanás trabalhar ardilosamente para destruir as famílias na atualidade, como tem feito com sucesso em muitos casos, infelizmente. A vontade de Deus é proteger os lares da destruição do pecado que predomina no mundo hoje. Cada pai, mãe, filhos e filhas podem vencer, se tiverem a marca do sangue de Jesus.
Ci am
Em ama ente com
O preen Cafar zados pronu “A e em fizera de sa meno Cafa até ao os m ao dia dia d tigo” Em cidad cerca vez s ruína Vi “cade os es Não p deira teria Sua o que m O cer mero milag gelho Deixo feito Eo estão Cora discíp mero de do gre d Mas
RA/abr 05
13899
to
de
DOUTRINA
Predestinação bíblica A doutrina calvinista não tem base nas Escrituras Sagradas por Pedro Apolinário
comum, quando ocorre uma desgraça ou um acidente, ouvirmos: “Chegou a sua hora”, “Era seu destino”, e outras opiniões semelhantes. Na mente dessas pessoas há o conceito de que os seres humanos não são responsáveis por seus atos, porque obedecem a um destino cego e implacável. Uma análise através da história da humanidade nos comprovará como o destino exerce influência destacada no pensamento das pessoas. Os gregos criam numa providência imutável em seus desígnios para com o homem. O carma da filosofia hindu é conseqüência inexorável das ações humanas. O tao dos chineses também está cheio de predestinações. Os maometanos crêem fielmente em destinos previamente fixados, ante os quais o ser humano não pode fazer absolutamente nada. Mesmo entre os judeus, os essênios criam num destino implacável. Os fariseus, embora cressem no livrearbítrio, deram ênfase ao destino. O profeta levantou sua voz para repreender os que punham mesa para a fortuna e ofereciam libações ao destino. Isa. 65:11 O estudo das predestinações nos comprovará que esse problema não está restrito à área da filosofia pagã, pois ele apareceu também entre teólogos cristãos, como vemos em Calvino (1509-1560). Calvino, ampliando idéias já antes defendidas por Santo Agostinho, afirmou que desde a antigüidade Deus estabeleceu dois decretos – um selecionando um grupo à salvação e outro, selecionando aqueles que seriam destruídos. O próprio Calvino
É
denominou-o como terrível decreto de Deus. Esse raciocínio conduz a duas conclusões erradas: 1) Se fui predestinado para a perdição, então, mesmo que me esforce, não serei salvo; 2) Se Deus me escolheu para ser salvo, não importa o que eu faça, serei salvo. Em ambos os casos, o modo de viver estará errado. Uma das razões que levaram os calvinistas a defenderem a dupla predestinação foi o fato de não saberem harmonizar a justiça e a misericórdia de Deus. Para eles, Deus é metade justiça e metade misericórdia. Deus é cem por cento justiça e cem por cento misericórdia, tanto para aqueles que se perdem como para os que se salvam. Dentre as doutrinas bíblicas que têm trazido problemas ao cristianismo, talvez a mais conhecida seja a da predestinação. Para a boa compreensão deste assunto, é necessário saber explicar “livre-arbítrio e predestinação”. Livre-arbítrio é o princípio escriturístico que declara ser o homem livre para decidir o seu futuro. Predestinação pode ser definida no sentido geral e no sentido bíblico. No sentido geral, é crer que Deus traçou um plano para a nossa vida e devemos seguilo sem o direito de escolha. Em outras palavras, somos autômatos desempenhando um papel previamente estabelecido por Deus. Este ensinamento é de origem pagã. Predestinação bíblica é o decreto de Deus que possibilita a salvação a todos aqueles que aceitaram a Cristo como seu Salvador. Deus tem predestinado que aqueles que crêem sejam salvos e aqueles que não crêem sejam condenados, mas Ele deixa cada um escolher se crerá ou não. Calvino apresentou cinco princípios nos quais baseou sua doutrina: 1. Deus, por um decreto eterno e ir-
te
14
Revista Adventista, abril 2005
revogável, escolheu alguns para a morte eterna e outros para a salvação eterna. 2. O ser humano, pelo pecado, estava sujeito à morte. Ele escolheu livrar alguns como exemplo de sua misericórdia e os demais, como exemplo de Sua justiça. 3. Cristo não morreu por todos, mas somente pelos eleitos. 4. Nos escolhidos Deus atua com graça irresistível. 5. Os que obtiveram essa graça, jamais se perderão – uma vez salvos, salvos para sempre. Armínio, teólogo holandês, defensor do livre-arbítrio e o maior opositor da predestinação calvinista, juntamente com seus colaboradores, apresentou também cinco argumentos contrários aos de Calvino e muito mais convincentes, porque estão em harmonia com a Bíblia. Uma pergunta natural vem à mente: Se a predestinação calvinista não tem base bíblica, por que surgiu? Muitas explicações são apresentadas, especialmente a interpretação equivocada dos seguintes textos bíblicos: Proveerbios. 16:4: “O Senhor fez todas as coisas para determinados fins e até o perverso, para o dia da calamidade.” Êxodo. 7:3: “Eu, porém, endurecerei o coração de Faraó.” Rom. 9:13: “Como está escrito: Amei a Jacó, porém me aborreci de Esaú.” Várias vezes, a Bíblia declara que Deus endureceu o coração de Faraó, mas também que o monarca endureceu o seu próprio coração. Temos aqui um idiomatismo hebraico: o verbo empregado não é para expressar a execução de alguma coisa, mas a permissão para fazer isso. A prova está em Êxodo 5:22. A história bíblica comprova que Deus jamais destruiu o Seu povo, mas permitiu que ele fosse destruído. A declaração de Romanos 9:13 foi
Charles
Provas bíblicas – As seguintes declarações escriturísticas contradizem o ensino calvinista e, ao mesmo tempo, comprovam que Deus está interessado na salvação de todo ser humano: 1. I Timóteo 2:4: “O qual deseja que todos os homens sejam salvos e cheguem ao pleno conhecimento da verdade.” É o texto mais claro do Novo Testamento. Note que não há uma única exclusão, como indica a palavra “todos”. A afirmação de Paulo não admite divagações e confirma que ninguém foi designado para a perdição. 2. II Pedro 3:9: “não querendo que nenhum pereça, senão que todos cheguem ao arrependimento”. É impossível harmonizar a idéia de que Deus não deseja que ninguém se perca com a idéia de que Ele escolheu pessoas para a perdição. 3. Apocalipse 22:17: “quem quiser receba de graça a água da vida”. O verbo querer indica vontade; portanto, as pessoas escolhem sem nenhuma imposição. A vontade humana é a condição necessária para que Cristo nos salve. Maravilhoso é o livre-arbítrio concedido por Deus! 4. João 3:16: “para que todo o que nEle crê não pereça, mas tenha a vida eterna”. Deus decretou que todos os que aceitarem a Cristo serão salvos, mas não decretou que todos devam aceitá-Lo. 5. Ezequiel 18:32: “Porque não tenho prazer na morte de ninguém, diz o Senhor Deus. Portanto, converteivos e vivei.” 6. Mateus 7:21: “Nem todo o que Me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de Meu Pai, que está nos Céus.” Muitos não serão salvos porque não aceitam as condições da salvação. É preciso submeter-se ao plano divino. 7. Jeremias 21:8: “Eis que ponho diante de vós o caminho da vida e o caminho da morte.” Para quê dois caminhos, se a sorte de cada um já está lançada antes? 8. Mateus 24:13: “Aquele, porém,
que perseverar até o fim, esse será salvo.” Vemos que a salvação depende da nossa perseverança. 9. Atos 17:30: “Agora, porém, notifica aos homens que todos, em toda a parte, se arrependam.” O convite para que todos se arrependam seria um escárnio ao nome de Deus se muitos não pudessem se arrepender por estarem predestinados à destruição. 10. I Tessalonincenses 5:9: “Porque Deus não nos destinou para a ira, mas para alcançar a salvação mediante nosso Senhor Jesus Cristo.” Este verso seria suficiente para fazer desmoronar o frágil edifício da predestinação calvinista. 11. II Tessalonicenses 2:13: “Porque Deus vos escolheu desde o princípio para a salvação.” 12. Tito 2:11: “Porquanto a graça de Deus se manifestou salvadora a todos os homens.” Todos estão predestinados para a salvação. 13. Atos 10:34: “Deus não faz acepção de pessoas.” Se Ele predestinasse alguns para a salvação e outros para a destruição, estaria fazendo acepção de pessoas. 14. Isaías 55:7: “Deixe o perverso o seu caminho, o iníquo, os seus pensamentos; converta-se ao Senhor, que Se compadecerá dEle, volte-se para o nosso Deus, porque é rico em perdoar.” Aqui se encontra um dos apelos mais tocantes da Bíblia. Esse convite
divino é um dos mais fortes argumentos contra a predestinação calvinista. No livro Armianismo e Metodismo, encontramos excelentes argumentos contra a predestinação e provas convincentes para a boa compreensão desse assunto. Destacarei apenas três: “Deus seria incapaz de decretar a salvação de uns e a condenação de outros, porque isso é contra a Sua natureza.” “Deus seria injusto com aqueles que não estivessem incluídos no plano da salvação. Deus não comete injustiça.” “Este conceito destrói todos os atributos divinos; põe abaixo tanto a Sua justiça como Sua misericórdia.” O homem é predestinado para operar a sua salvação, para pelejar a boa peleja de fé. É predestinado para usar os meios que Deus colocou ao seu alcance. É predestinado para vigiar em oração, para examinar as Escrituras e evitar cair em tentação. É predestinado para ser obediente a cada palavra que procede da boca de Deus. (Ver Testemunhos Para Ministros, págs. 453 e 454.) Rendamos graças a Deus pelo livre-arbítrio e pelo privilégio da salvação que Ele nos oferece por meio de Cristo.
Cód. 8563
DOUTRINA
tirada de Malaquias 1:2 e 3. Ele a escreveu mil anos depois; portanto, não é uma profecia, mas um fato histórico. O verbo predestinar só é usado quatro vezes na Bíblia, mas para a salvação (Rom. 8:24-30; Efés. 1:5 e 11).
Pedro Apolinário, ex-professor de Crítica Textual e Língua Portuguesa, mora em Engenheiro Coelho, SP.
Louvor jovem para todos os momentos e lugares: em casa, no carro, na igreja, no campo ou na praia. Adquira o CD do Ministério Jovem 2005 para ouvir e cantar. São 10 músicas de louvor, mais o hino dos Desbravadores. Inclui ainda: playbacks das músicas, multimídia, transparências e partituras.
E
*Horários de atendimento: Segunda a quinta, das 8h às 20h30 / Sexta, das 8h às 16h / Domingo, das 8h às 14h.
C
Revista Adventista, abril 2005
15
D
ponto de vista
Ivan Schmidt
outro lugar – e com que constância isso aconteceu. O hagiógrafo simplesmente não se ocupou desses assuntos.
Satanás teve acesso ao Céu?
Andrei Vieira
Ambiente santo – Alguns pesquisa-
Alguns pesquisadores da Bíblia dizem que, até a cruz, o diabo teve acesso ao Céu. É verdade?
E
“
vindo um dia em que os filhos de Deus vieram apresentar-se perante o Senhor, veio também Satanás entre eles. Então o Senhor disse a Satanás: Donde vens? E Satanás respondeu ao Senhor e disse: De rodear a Terra e passear por ela” (Jó 1:6, 7, ARC). A partir da leitura desses versos, mui16
Revista Adventista I junho • 2013
tos supõem que, durante determinado período ao lado dos filhos de Deus convocados a comparecer perante o Senhor, Satanás teria recebido permissão para acompanhá-los. Não há indicação do local em que ocorreu o encontro narrado por Moisés, escritor do livro de Jó – se foi no Céu (a habitação de Deus) ou em qualquer
dores da Bíblia afirmam que, até a morte de Jesus, Satanás teria tido acesso liberado ao Céu, muito embora essa afirmação seja de difícil aceitação, senão impossível, tendo em vista que o ambiente santo e incontaminado em que permaneceram os anjos fiéis a Deus não poderia admitir a presença do pai da mentira, a antiga serpente, isto é, o diabo. Apocalipse 12 descreve a batalha do dragão (Satanás) contra a mulher (igreja), esclarecendo que essa contenda teve início no Céu, onde Miguel (Jesus) e Seus anjos batalharam contra o dragão e vice-versa (v. 7). No verso 9, lemos que o dragão foi precipitado na Terra e seus anjos lançados com ele. Na continuidade desse relato aterrador (v. 10, 11), encontramos o desfecho da luta com a derrubada do acusador dos irmãos, apregoando-se que a vitória tinha sido assegurada “pelo sangue do Cordeiro e pela palavra de Seu testemunho”. Aqui temos uma prova referencial da disponibilidade do plano da redenção antes da criação de seres humanos, e que foram os anjos, também chamados de irmãos, os primeiros a avaliar em toda a extensão e profundidade da oferta salvífica do sangue de Jesus. João fez insofismável declaração sobre a existência do templo celestial: “Depois destas coisas, olhei, e abriu-se no Céu o santuário do Tabernáculo do Testemunho” (Ap 15:5). A declaração joanina é uma das inúmeras a assinalar que o santuário terrestre não foi um projeto pessoal de Moisés, mas a reprodução do modelo celestial com habilidade humana e material terreno, segundo as instruções do próprio Deus. Essa passagem, conforme Frank B. Holbrook, no livro O Sacerdócio Expiatório de Jesus Cristo (CPB, 2005), “estabelece de maneira definitiva a ligação entre o templo celestial e o templo/tabernáculo terrestre” (p. 23). Para completar o entendimento do plano da redenção desde a eternidade, é indispensável a leitura do oitavo capítulo da carta aos Hebreus, no qual resplandece a âncora da esperança de salvação para os pecadores, ao ser proclamada
a condição de Jesus como sumo sacerdote e “ministro do santuário e do verdadeiro tabernáculo que o Senhor erigiu, não o homem” (v. 2), e que a atividade desenvolvida pelos sacerdotes no santuário terrestre servia “de exemplar e sombra das coisas celestiais” (v. 5). É instrutivo sublinhar que o tabernáculo erigido por Moisés era impregnado do mesmo teor de santidade do modelo celestial, tanto que no lugar Santíssimo era permitido somente o ingresso do sumo sacerdote, uma vez ao ano, no dia da expiação. Sendo essa a rigorosa prescrição divina para um centro de adoração que apenas projetava sombra sobre a realidade vindoura, imaginemos o rigoroso cuidado de Deus em relação à Sua própria morada. No importante livro Questões Sobre Doutrina (CPB, 2009), ao comentar o texto de Hebreus, os autores dizem: “Deduzimos dessa passagem que, assim como o trono de Deus é real, e Jesus que Se assenta ali é real, o santuário ou tabernáculo no Céu também deve ser real. Quanto à sua forma, sabemos apenas o que é revelado na Escritura. Nada sabemos a respeito do material empregado em sua construção. Isso não parece estar revelado, e preferimos deixar a questão como está, sem esquadrinhá-la mais a fundo.” Plano da salvação – Assim, é ponto
pacífico compreender que o plano da salvação vigorava antes do aparecimento da intenção pecaminosa na mente de Lúcifer, sendo o templo celestial a prova suficiente dessa inquestionável proposição bíblica. O próprio Lúcifer poderia ter-se beneficiado do perdão divino, mas, pelo próprio arbítrio, abriu mão do sagrado depósito. O querubim protetor e o mais honrado entre a multidão de anjos perdeu a prerrogativa de habitar no Céu, assim como a legião subordinada ao seu comando, apesar das muitas oportunidades rejeitadas para o arrependimento. O histórico da batalha entre o dragão e a mulher descrita em Apocalipse começa com o alerta aos habitantes terrestres da expulsão de Lúcifer, que, já mascarado pela personalidade diabólica, desceu à Terra com grande ira a fim de perseguir a mulher, aqui simbolizada não apenas pela igreja cristã, mas pelos fiéis seguidores da vontade de Deus desde o Éden.
Antes da expulsão – Considerando as peculiaridades da declaração mosaica sobre a presença de Lúcifer diante de Deus, podemos inferir que o texto esteja se referindo a algum tempo antes da expulsão. Mesmo o argumento utilizado por Satanás, de que vinha de rodear a Terra e passear por ela, não é estranho pela probabilidade de que fosse concedida aos anjos autorização para se retirar do Céu em missões especiais. A Terra visitada por Lúcifer nessa ocasião (não sabemos se houve outras visitas antes da expulsão) deverá ter sido necessariamente aquela “sem forma e vazia” (Gn 1:2). Assim, mesmo a questão suscitada pela designação de Satanás aplicada a Lúcifer pelo autor de Jó, poderia também ser qualificada como o emprego posterior de um dos muitos nomes atribuídos ao antigo portador de luz. Tal raciocínio não confronta com a inteligência bíblica. Antes, constitui precioso auxílio à preservação da ideia de absoluta santidade existente no Céu, que, em momento algum, Deus permitiria fosse manchada pela presença mesmo passageira do enganador. Como entender, então, a citação nominal de Satanás ao patriarca Jó e sua experiência de fidelidade e retidão? No tempo em que esteve no Céu, a lembrança seria inteiramente inviável, porque Deus ainda não havia criado os seres humanos. Diante disso, seria desfeita a dúvida de que Satanás comparecia perante Deus para acusar os irmãos, conforme revelou João no Apocalipse? Não será prudente, contudo, encerrar a questão sem antes proceder à busca de uma resposta plausível e convincente. E a investigação deverá ser empreendida nos escritos do Espírito de Profecia, a luz menor, sempre pronta a fornecer conhecimento adicional para o conhecimento e interpretação correta do conteúdo da luz maior. Ellen G. White nos legou uma base de extrema solidez para a afirmação do conceito sobre o pretenso ingresso de Satanás no ambiente celestial, depois da rebelião contra a onipotência divina. Ela escreveu: “Satanás viu que estava desmascarado. Sua administração foi exposta perante os anjos não caídos e o universo celestial. Revelavase um homicida. Derramando o sangue do Filho de Deus, desarraigou-se Satanás das simpatias dos seres celestiais. Daí em diante, sua obra seria restrita. Qualquer
que fosse a atitude que ele tomasse, não mais podia esperar os anjos ao virem das cortes celestiais, nem perante eles acusar os irmãos de Cristo de terem vestes das trevas e contaminação de pecado. Estavam rotos os derradeiros laços de simpatia entre Satanás e o mundo celestial” (O Desejado de Todas as Nações, p. 567, itálicos supridos). A declaração é inequívoca quanto aos laços de simpatia persistentes entre os seres celestiais e Satanás depois da queda, bem como sua definitiva supressão com a morte de Jesus, no Calvário. O trecho destacado é explícito ao enfatizar que Satanás não gozava de autorização para entrar no Céu, de onde havia sido expulso, limitando-se em algumas ocasiões a aguardar os anjos que vinham a seu encontro. Deus permitia aos anjos deixarem o Céu para dialogar com Satanás, invalidando a possibilidade de o pai da mentira manter qualquer espécie de convívio na habitação que havia perdido. No pensamento de Ellen G. White, há também uma conotação paralela que remete a Apocalipse 12, onde lemos que “o acusador de nossos irmãos é derribado, o qual diante do nosso Deus os acusava de dia e de noite” (v. 10). A exegese apropriada é a que permite constatar que João descrevia o caráter luciferino após o contágio do pecado, mas ainda antes da expulsão. E a testemunha da igreja remanescente, também inspirada, contribuiu para a consolidação da tese da impossibilidade da presença de Satanás no Céu ao estabelecer uma linha de interpretação sobre a diuturna acusação aos irmãos, incluindo o episódio de Jó, como se tivesse ocorrido por iniciativa de Lúcifer diretamente a Deus, antes da queda, e mais tarde pelo querubim transformado em Satanás, embora seus contatos fossem restritos aos anjos “ao virem das cortes celestiais” como representantes autorizados pelo próprio Deus. Portanto, o texto em foco não faculta, em nenhuma hipótese, a conclusão de que Satanás tivesse entrada permitida no Céu, mesmo porque sua sanha criminosa e irrecuperável impiedade não poderiam ser toleradas em ambiente reconhecidamente santo e perfeito. Ivan Schmidt é jornalista, escritor e autor da biografia José Amador dos Reis, pastor e pioneiro, publicada pela Casa Publicadora Brasileira. Revista Adventista I junho • 2013
17