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# atualidade

pelos diversos stakeholders para promover resiliência à acentuada escassez de água. Utilizando-se diversas abordagens, apostou-se no envolvimento das pessoas e das entidades para a eficiência do uso da água e em simultâneo têm-se implementado origens alternativas, sobretudo para usos não potáveis, urbanos e agrícolas. Mas 2022 foi também um ano que mostrou que a gestão da água, ainda tem um longo caminho a percorrer, e que o país tem falta de recursos para responder a eventos de precipitação forte e persistente, cada vez mais frequentes. O ano hidrológico 2022-23 iniciou-se com um aumento significativo de precipitação (Figura 1), enfrentamos nas últimas semanas do ano graves inundações urbanas, sobretudo no sul do país, com irreparáveis danos humanos e avultados prejuízos materiais. Perante estes acontecimentos, parece agora existir um alinhamento de políticas, para se encaminhar, reter e aproveitar a água “que nos cai do céu”, sendo imperativo acautelarem-se vários aspetos fundamentais, nomeadamente: o facto do país não se resumir à sua capital, e portanto da necessidade de se cumprir justiça social e de se viabilizarem soluções inclusivas para outras zonas do território, igualmente vulneráveis a este tipo de eventos;

(2) capitalizando o que vivenciamos na pandemia, não se recorrer apenas as soluções tecnológicas de engenharia convencional, desenvolvendo-se sempre que possível soluções baseadas na Natureza, que para além de nos ajudarem a gerir a água, nos assegurem outros serviços ecossistémicos igualmente importantes para as pessoas.

Olharmos para o cenário atual, numa perspetiva meramente setorial e tecnológica, poderá levar-nos à incapacidade de protegermos a sociedade atual das alterações que (já) vivenciamos e a não acautelarmos as necessidades das gerações futuras. Nas últimas décadas, a par da inovação tecnológica têm-se desenvolvido muitos esforços científicos no estudo de como a Natureza funciona e de como pode beneficiar as pessoas. É agora o momento para transformarmos este conhecimento em ações locais, centradas nas necessidades das pessoas de forma inclusiva, sustentável e harmoniosa, cumprindo o desafio do Novo Bauhaus Europeu, e tirando partido do digital, com produtos ciber-físicos que nos levem a uma gestão cada vez mais preditiva, de forma a não desperdiçarmos recursos naturais e a acautelarmos a qualidade de vida das pessoas.

Crise climática e perda de biodiversidade

Em 1987, quando a população mundial atingiu os 5 mil milhões de pessoas, o Relatório Anual das Nações Unidas com o título Our Common Future fez referência pela primeira vez à necessidade de se apostar num Desenvolvimento Sustentável, para se responder às necessidades das gerações (então) atuais sem se comprometer os recursos necessários para as gerações futuras. Passados vinte e oito anos e já ultrapassados os 7,2 mil milhões de pessoas, foi publicada a Agenda 2030 integrando 17 Objetivos fundamentais para o Desenvolvimento Sustentável (ODS), com metas definidas e organizados em cinco eixos de atuação (Figura 2), as pessoas (do ODS 1 ao ODS 6), a prosperidade (do ODS 7 ao ODS 10), o planeta (do ODS 11 ao ODS 15), a paz (ODS 16), e as parcerias (ODS 17). Ultrapassamos em novembro de 2022 os 8 mil milhões de pessoas, num momento de especial fragilidade para os eixos da paz, das parcerias e da prosperidade, sendo de prioridade absoluta o desenvolvimento de ações locais centradas nas pessoas e no planeta. No século que se quer da descarbonização, garantir as necessidades de todos, em termos de água, energia e alimento, exige uma grande redução de desperdícios e a adaptações locais aos diversos efeitos das alterações climáticas, já tão vivenciadas em Portugal e no Mediterrâneo em geral, onde atualmente vivem mais de 520 milhões de pessoas.

A biodiversidade é a variedade das formas de vida no planeta e as interações entre os diversos seres vivos a todos os níveis, em ambiente terrestre, aquático e no ar, incluindo as diversas dimensões, genes, espécies, populações e ecossistemas. A perda da biodiversidade é irreversível, não só em termos de património genético, mas também dos efeitos diretos e indiretos que cada ser vivo representa para os outros, incluindo os humanos. Ao

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