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Infiltração e recarga na renovação de reservas hídricas subterrâneas

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# atualidade

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ocorrência e nos valores de excedente gerado (figuras 1 e 2). Dos 90 balanços efetuados apurou-se que para valores de precipitação média anual inferiores a 265 mm é nula a probabilidade de ocorrência de excedentes e consequentemente também a inexistência provável de se verificar recarga subterrânea. Para valores superiores de precipitação e até aos 466 mm o excedente hídrico gerado depende da intensidade da precipitação e da distribuição ao longo do ano hidrológico, podendo este oscilar entre 7 e 127 mm. Nestas condições, a possibilidade de ocorrer recarga é muito aleatória e os valores também. A existência de excedente somente fica garantida quando a precipitação anual ultrapassa os 466 mm. A partir deste valor de precipitação e até aos 710 mm o excedente gerado poderá situar-se entre os 32 e os 300 mm. Para valores máximos de precipitação, superiores a 710 mm, o excedente anual surge proporcional ao valor da precipitação e superior a 300 mm, sendo independente da distribuição da precipitação ao longo do ano.

Figura 1 - Excedente gerado pela precipitação anual, considerando os balanços de água no solo e os dados de precipitação dos anos hidrológicos de 1931/32 a 2021/22, observados na estação udométrica de Alcochete (21D/01UG) e admitindo a Evapotranspiração Potencial igual à estimada pela fórmula de Thornthwaite, 1948, e a capacidade de campo, 100 mm, igual à água utilizável ou reserva útil para a estação de Alcochete PU (Lat. 38045’ N, Long. 8059’ W)

Distribuição da precipitação anual (mm) desde 1931 e excedente gerado

anos com excedente superior a 300 mm anos com excedente variável, entre 7 e 300 mm anos sem excedente e sem carga

Anos hidrológicos: 1931/32 a 2021/22

Considerando ainda a precipitação anual estimada nos últimos 14 anos hidrológicos, de 2008/09 a 2021/22, verifica-se que em 11 anos não houve condições favoráveis à ocorrência de recarga e em 9 dos quais em anos consecutivos, de 2013/14 a 2021/22. A precipitação anual neste período oscilou entre 39 mm (2018/19) e 250 mm (2011/12), sendo a média destes anos de 131 mm/ano, menos de

20 % da precipitação em ano médio. A frequência, nas últimas 2 décadas, de anos com precipitação muito baixa não agoira nada de bom para a renovação das reservas hídricas subterrâneas, cada vez mais depauperadas face ao aumento da exploração. Em anos secos o pedido de licenciamento para novas captações aumenta consideravelmente e o volume de água captada dos aquíferos.

Valores estimados a partir de registos de estações próximas

Conclusão

A gestão sustentável de recursos hídricos subterrâneos não pode de modo algum ignorar a capacidade de regeneração dos sistemas e deve, recorrendo a modelos de simulação e previsão, ajustar as extrações à renovação considerando intervalos temporais compatíveis com os equilíbrios desejáveis entre renovação e utilização.

Infiltração e recarga na renovação de reservas hídricas subterrâneas

Referências bibliográficas

Mendes, J. Casimiro & Bettencourt, M.L., 1980.

O clima de Portugal: Contribuição para o estudo do balanço climatológico de água no solo e classificação climática de Portugal

Continental. Instituto Nacional de Meteorologia e Geofísica. Lisboa. 287 p.

Recursos online https://snirh. apambiente.pt/index. php?idMain=2&idItem=1

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