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# atualidade

de poluentes, produção de oxigénio, sequestro e armazenamento de carbono e efeitos na polinização, etc. Não é recomendável, nem será possível a médio prazo, vivermos em cidades sem a Natureza devidamente integrada... fez-se isso nas últimas décadas, e os resultados levaram-nos ao atual estado de emergência.

Portanto, estrategicamente a gestão sustentável do ciclo urbano da água deve incluir água para assegurar as necessidades dos habitats urbanos e da biodiversidade, numa lógica de circularidade e tendo presente que, sempre que possível, as necessidades hídricas da vegetação não devem ser supridas com água tratada para consumo humano. Os usos externos não potáveis representam normalmente mais de 50 % da água que as cidades consomem, e são muito diversos e apresentam diferentes exigências em termos de qualidade da água. Alguns municípios portugueses, mais avançados nos ODS Locais têm identificado origens de água alternativas à água potável para esses usos, sempre numa lógica de proximidade e de qualidade adequada, para não comprometer a saúde pública ou o ambiente. Estão a desenvolver e/ou a recuperar sistemas anteriormente existentes para captação e armazenamento de água da chuva, e de reutilização da água diariamente descartada em algumas piscinas municipais. Dos 600 hm3 de água tratada para consumo humano que Portugal consumiu em 2020, foram drenados 545,8 hm3 de efluentes urbanos e tratados 528,4 hm3, em 2829 ETAR distribuídas pelo território nacional. Grande parte destes efluentes urbanos tratados estão disponíveis em quantidade e qualidade ajustadas (Água para Reutilização - ApR), para diversos usos não potáveis, como a rega de algumas culturas agrícolas e ornamentais. Nesse sentido, deve ser bem caracterizada a procura de ApR na envolvência das ETAR, de forma a potenciar os usos mais próximos e o transporte por gravidade, ou quando isso não é possível, bombagens a curtas distâncias, reduzindo o consumo energético associado ao transporte da ApR. Nas zonas costeiras do sul do país, também a dessalinização da água do mar está a ser utilizada por alguns empreendimentos turísticos, para rega de jardins e para usos recreativos, tirando partido da energia solar produzida para o funcionamento das estações de osmose inversa. A par das origens alternativas, a eficiência nos diversos usos, urbanos e não urbanos, é outra questão imperativa que alguns municípios já levam muito sério, reduzindo perdas e desperdícios e otimizando sistemas de rega, tirando partido de sistemas de gestão inteligente.

Por todas estas questões, numa sociedade informada e focada na construção do futuro, não faz sentido a existência de conflitos entre o uso da água para os humanos e para a Natureza, porque sem esta também a humanidade se extinguirá!

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