Pรกssaros raros
POEMA Novo IMAGENS Aves Raras
Diluía-se na atmosfera uma espessa penumbra de fumaça. Um ar doce, perfumado: âmbar, patchouli, mirra, incenso...
Era cheiro de mel, vapor de café, aroma egípcio, exalado pelas torres de areia. E Jandira, tão pequena, desde a antiga primavera, perguntava-me através da jardineira:
Quantas estrelas deste céu foram necessárias para a nossa aparição? Quantas explosões radioativas de big bangs invertidos em buracos negros, quantas portas do medo se abriram para tudo existir?
Questionava-se, pois de pouco da vida viveu. Pois nĂŁo houve tempo, Jandira ainda era nova, nem era mulher.
Mas pĂ´de recitar todos os mantras. NĂŁo havia nada de melhor para se fazer ali. Mas a sua boca vermelha, sua pele de marfim, dissolvia-se.
Interpretava a cada minuto uma nova mulher, Ela era Medeia, Uma supra Cleรณpatra, Parecida com uma Janete Clair
Ela sempre foi famosa, brincou em frente aos cinematógrafos, estudou mandarim, cantava em sânscrito nas praias cheirando a jasmim. Quando de noite, todos os dias, ela pregava às deusas pagãs em latim.
Maria Jandira, que amava Rita, que nuca gostou de dormir.
Sempre acordada, correndo de óculos escuros no asfalto. Sempre em fuga, fugindo em direção ao maior abismo existente.
Sem medo, Sem anseios Desembestada em partida ao Norte
Calada desde que saiu de RuĂnas,
Desobedecia todas as ordens sagradas Pois sabia que sรณ os poemas lhe dariam um fim.
NĂŁo ĂŠ possĂvel reverberar de maneira mais alta:
Poema, chave do futuro.
Do presente e
do passado. Ela nunca foi gente, ela sempre foi um pรกssaro.
NOTAS Poema www.youtube.com/studiofelinos
Imagens www.oeco.org.br
WWW.YOUTUBE.COM/STUDIOFELINOS
E B O O K
cinema de animação