A literatura policial é caracterizada, regra geral, pela presença, na sua estrutura narrativa, de um crime, da sua investigação e da revelação do malfeitor. Neste género literário, o foco remete para o processo de elucidação do mistério, empreitada a cargo de um detective, seja ele profissional ou amador. Todavia, em «Crimes Sem Rosto» não se impõe a fórmula que exige a presença de um crime e do respectivo investigador para o desvendar. Nos textos que integram esta antologia literária, escritos por 18 autores lusófonos, mais importante do que a solução do crime, ou a revelação do criminoso, é a existência do crime que não é desvendado na sociedade em que se insere, logo, que não tenha um rosto visível, apesar de, com bastante frequência, os autores desses crimes deixarem transparecer ao leitor, nalgum momento, as suas façanhas.