COLECÇÃO SUI GENERIS
GRAÇAS A DEUS! ANTOLOGIA DE NATAL
COLECÇÃO SUI GENERIS Obras colectivas: A BÍBLIA DOS PECADORES – Do Génesis ao Apocalipse O BEIJO DO VAMPIRO – Antologia de Contos Vampirescos VENDAVAL DE EMOÇÕES – Antologia de Poesia Lusófona GRAÇAS A DEUS! – Antologia de Natal, 2ª Edição NINGUÉM LEVA A MAL – Antologia de Estórias Carnavalescas TORRENTE DE PAIXÕES – Antologia de Poesia Lusófona SALOIOS & CAIPIRAS – Contos, Causos, Lendas e Poesias SEXTA-FEIRA 13 – Antologia de Contos Assombrosos CRIMES SEM ROSTO – Antologia de Contos Policiais FÚRIA DE VIVER – Um Hino à Vida A PRIMAVERA DOS SORRISOS – Antologia em Prosa e Poesia Obras individuais: AMARGO AMARGAR – Isidro Sousa ALMAS FERIDAS – Suzete Fraga MAR EM MIM – Rosa Marques O PRANTO DO CISNE – Isidro Sousa DECIFRA-ME... OU DEVORO-TE! – Guadalupe Navarro SONHO?... LOGO, EXISTO! – Lucinda Maria PRISIONEIROS DO PROGRESSO – Rosa Marques
51 AUTORES
GRAÇAS A DEUS! ANTOLOGIA DE NATAL UMA ACÇÃO DE GRAÇAS 2ª EDIÇÃO
Organização e Coordenação ISIDRO SOUSA
EDIÇÕES SUI GENERIS EUEDITO | PORTUGAL
TEXTOS © 2016 SUI GENERIS E AUTORES
Título: Graças a Deus! Subtítulo: Antologia de Natal Autor: Vários Autores Organização e Coordenação: Isidro Sousa Revisão e Paginação: Isidro Sousa Capa (design): Paulo Lobo Capas (fotografias): Depositphotos Editores: Isidro Sousa e Paulo Lobo 1ª Edição – Dezembro 2016 2ª Edição – Novembro 2017 ISBN: 978-989-8856-04-3 Depósito Legal: 434489/17 EDIÇÕES SUI GENERIS letras.suigeneris@gmail.com www.euedito.com/suigeneris http://letras-suigeneris.blogspot.pt https://issuu.com/sui.generis EUEDITO geral@euedito.com www.euedito.com Impressão Print On Demand Liberis Direitos reservados pelo Organizador e pelos Autores. Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida, por quaisquer meios e em qualquer forma, sem a autorização prévia e escrita dos Editores ou do Organizador. Exceptua-se naturalmente a transcrição de pequenos textos ou passagens para apresentação ou crítica do livro. Os Autores podem usar livremente os seus textos. A utilização, ou não, do actual Acordo Ortográfico foi deixada ao critério de cada Autor. SEJA ORIGINAL! DIGA NÃO À CÓPIA! RESPEITE OS DIREITOS DE AUTOR! A cópia ilegal viola os direitos dos autores. Os prejudicados somos todos nós.
Eu vos amo, Senhor, minha força; Senhor, minha rocha, minha fortaleza e meu refúgio, meu Deus e meu abrigo em que me refugio, meu escudo, minha defesa e meu castelo. Invoco o Senhor, o Adorável, e serei salvo dos meus inimigos. Rodeiam-me as vagas da morte, enchem-me de medo as torrentes de Belial; envolveram-me os laços do sheol, diante de mim estão as redes da morte. Na minha angústia invoco o Senhor, e grito ao meu Deus; Ele ouve a minha voz desde o Seu santuário, O meu clamor chega até aos Seus ouvidos. OS SALMOS 18, 2-7
Esperei no Senhor com toda a confiança; inclinou-se para mim e ouviu o meu clamor. Tirou-me do poço fatal, dum charco lodoso. Assentou os meus pés sobre a rocha; deu firmeza aos meus passos. Pôs nos lábios um cântico novo, um hino de louvor ao nosso Deus. Ao ver isto, muitos temerão, confiarão no Senhor. Feliz o homem que põe a sua confiança no Senhor, e não se volta para os arrogantes e para os perdidos na mentira. OS SALMOS 40, 2-5
NATAL É DAR GRAÇAS A alegria cristã é uma dádiva do Senhor. «Ah, padre, façamos um belo almoço, todos contentes.» Isto é bom, um belo almoço faz bem; mas esta não é a alegria cristã da qual falamos hoje, a alegria cristã é diferente. Ela leva-nos também a fazer festa, é verdade, mas é diferente. E por isso a Igreja quer mostrar em que consiste esta alegria cristã. O apóstolo São Paulo diz aos Tessalonicenses: «Irmãos, sede sempre felizes.» E como posso ser feliz? Ele diz: «Rezai, ininterruptamente, e dai graças por tudo.» Podemos encontrar a alegria cristã na oração, dado que tal júbilo vem da oração e também da acção de graças a Deus: «Obrigado, Senhor, por toda esta beleza!» PAPA FRANCISCO Homilia, 14 de Dezembro de 2014
CÂNTICO DE ACÇÃO DE GRAÇAS Aleluia! Louvai o Senhor porque Ele é bom; porque é eterno o Seu amor. Diga-o a casa de Israel: «é eterno o Seu amor». Diga-o a casa de Aarão: «é eterno o Seu amor». Digam-no os fiéis do Senhor: «é eterno o Seu amor». Na minha angústia clamei ao Senhor, o Senhor ouviu-me e pôs-me a salvo. O Senhor está comigo, nada tenho a temer, que mal me poderá fazer o homem? O Senhor é para mim ajuda válida, verei humilhado o meu inimigo. É melhor refugiar-se no Senhor do que fiar-se no homem. É melhor refugiar-se no Senhor do que confiar nos grandes. Todas as nações me cercaram, no nome do Senhor esmagá-las-ei. Assediam-me e circundam-me, no nome do Senhor esmagá-las-ei. Cercaram-me como um enxame de abelhas, consumiram-me como o fogo, os espinheiros; no nome do Senhor esmagá-las-ei. Empurraram-me violentamente para cair, mas o Senhor é o meu socorro. O Senhor é a minha fortaleza e o meu cantar, é a minha salvação.
Ressoam vozes de alegria e de vitória nas tendas do justo: «A direita do Senhor opera maravilhas. A direita do Senhor é exaltada, a direita do Senhor opera maravilhas!» Não morrerei, antes viverei, para celebrar as obras do Senhor. O Senhor castigou-me e continua a castigar-me, mas não me entregou à morte. Abri-me as portas da justiça, desejo entrar para dar graças ao Senhor. Esta é a porta do Senhor; por ela entram apenas os justos. Dou-Vos graças porque me respondestes, e fostes para mim salvação. A pedra que os construtores rejeitaram, tornou-se pedra angular. Isto se fez por obra do Senhor, e é um prodígio dos nossos olhos. O Senhor actuou neste dia, cantemos e alegremo-nos n’Ele. Ó Senhor, dai-nos a salvação! Ó Senhor, dai-nos a vitória! Bendito seja o que vem em nome do Senhor. Nós vos bendizemos da casa do Senhor! Deus, o Senhor, é Quem nos alumia. Ordenai o cortejo com ramos de palmeiras, até aos ângulos do altar. Vós sois o meu Deus e eu quero dar-Vos graças. Ó meu Senhor, eu Vos glorifico. Louvai o Senhor porque Ele é bom, porque é eterno o Seu amor. OS SALMOS 118, 1-28
ÍNDICE
Prefácio ........................................................................................................... 13 Livrai-nos do mal, Scarleth Menezes .............................................................. 18 Ouro, incenso e mirra, Paula Homem .......................................................... 19 Uma graça de conversa, Everton Medeiros .................................................... 23 Toda a infelicidade dos homens provém da esperança, Natália Vale ... 26 O verdadeiro significado do Natal, Tânia Tonelli ...................................... 28 Deo gratias, Carlos Arinto .............................................................................. 31 Jesus está no meio de nós, Antônio de Pádua .............................................. 35 O selo do coração, Isa Patrício ...................................................................... 39 A Lua me cegou!, Neca Machado .................................................................. 41 Invisibilidade, Suzete Fraga ............................................................................ 43 Bilhete premiado, Cadu Lima Santos ............................................................ 51 Vida seva, Ana Maria Dias ............................................................................ 54 São eles em vez de você, Guadalupe Navarro .............................................. 57 O bombeiro, Jeracina Gonçalves ..................................................................... 59 Carta de meu irmão Rocha, Madalena Cordeiro .......................................... 63 Per saecula saeculorum!, Amélia M. Henriques ........................................... 65
Eu gente, eu vento, Júlio Gomes .................................................................... 68 A ilha do tempo, Nicole Peceli ....................................................................... 71 Bem haja quem ajuda!, Rosa Marques .......................................................... 73 Grace e Gregor, Sandra Boveto ...................................................................... 75 Quando meu Deus... será Natal?, Rosa Maria ........................................... 79 A criança perdida, João Pedro Baptista .......................................................... 81 Um milagre!, Angelina Violante ..................................................................... 83 Testemunho de gratidão, Diamantino Bártolo ............................................. 86 Everton Goldman e o paradoxo Pixel Transfer, Jonnata Henrique ......... 90 Janela de viagens, Teresa Morais .................................................................... 95 A noite de Natal, Sara Timóteo ...................................................................... 98 Hoje quero só agradecer, Marcella Reis ..................................................... 101 A vinda de Danilo, Ricardo Solano .............................................................. 103 Uma carta para Deus, Scarleth Menezes ...................................................... 105 Deus escreve certo por linhas tortas, Carlos Pompeu ............................... 107 Natal mesmo!..., Lucinda Maria .................................................................. 110 Ano incomum, Fernanda Kruz .................................................................... 113 Sobre Deus, o diabo e seus prepostos, Eduardo Ferreira ........................ 117 A humanidade não é um acidente!, Sérgio Sola ........................................ 119 Crónica de um Natal desigual, Isidro Sousa ............................................... 129 Obrigado por não nos terdes deixado órfãos, Papa Francisco ................ 132 Graças a Deus que não há crianças sem pão, Isabel Martins .................. 133 Doze de Novembro, Marizeth Maria Pereira ............................................. 134 Diz-me que sou Natal, Paulo Galheto Miguel ............................................. 138 Natal, Isaac Soares de Souza .......................................................................... 140 Prece..., Rosa Maria ...................................................................................... 142 Natal reflexivo, Rogério Dias Dezidério ....................................................... 144
Deixai-nos..., Joaquim Matias ....................................................................... 146 Bendito seja o teu amor, Mônica Gomes .................................................... 148 Coração generoso, Lia Molina .................................................................... 149 Manto de fantasia, Maria Alcina Adriano .................................................. 150 Motivos de gratidão, Sténio Cláudio Afénix ............................................... 152 Graças a Deus, David Sousa ........................................................................ 154 Avé Maria, Rosa Marques ............................................................................. 156 Dádiva divina, Cauline Sousa ....................................................................... 157 Graças a Deus, o Diabo virou ermitão, Álvaro Moreyra e I. S. Souza .... 158 Natal?, Lucinda Maria ................................................................................... 161 Ação de Graças, Carmen Jara ...................................................................... 162 O silêncio que sobra, Paulo Galheto Miguel ............................................... 164 Sine qua non, Elicio Santos .......................................................................... 165 Quem agradece sem saber e... ganha!, Marcella Reis ................................ 166 Chegaste, Vendaval, Maria Isabel Góis ....................................................... 167 Princesa das ruas, Marizeth Maria Pereira .................................................. 168 Que mundo é este?, Rosa Marques ............................................................. 171 Contradição (O espelho), Mônica Gomes ................................................... 172 Natal, Rogério Dias Dezidério ........................................................................ 174 No silêncio da minha planície, Rosa Maria .............................................. 176 Meu pastor, Isaac Soares de Souza ................................................................ 178 Amém, Marcella Reis ..................................................................................... 179 Natal és tu, Papa Francisco ........................................................................... 180 Hino de Acção de Graças .......................................................................... 182 Os autores ..................................................................................................... 183 Edições Sui Generis .................................................................................... 199
PREFÁCIO
Variadíssimas razões, tanto de ordem pessoal como profissional, levaram-me a organizar esta Acção de Graças através da literatura. Para que melhor entendam essas nobres motivações, tenho de recuar ao passado. Esbocei as (minhas) primeiras narrativas durante a adolescência e fui escrevendo ao longo dos anos, porém, não havendo perspectivas de editar um livro, forcei-me a esperar... Esperei um quarto de século para concretizar sonhos literários. Durante esses anos, escrevi, desmotivei, rasguei, reanimei, reescrevi ou concebi novos textos, tornava a desanimar e a destruir, mas voltava sempre a escrever, ou a reescrever, enfim... um ciclo que se revelava vicioso; embora publicasse, pontualmente, pequenas estórias nalguns jornais e revistas, a maioria destinava-se à gaveta. Ou ao arquivo. Sim, desanimei inúmeras vezes, todavia, Deus nunca permitiu que perdesse a esperança. A esperança de dar vida a esses sonhos. Quando vislumbrei aquela luzinha na escuridão, uma oportunidade minúscula de poder, finalmente, vir a fazer alguma coisa, agarrei-a com unhas e dentes. Era ainda uma possibilidade remota, o chão a percorrer mostrava-se longo e calcetado de espinhos; não obstante, fiz-me ao caminho sem qualquer hesitação. Fui mergulhando, de modo crescente, num universo literário que se desvendou muitíssimo mais agreste do que era suposto, dedicando o corpo e a alma à escrita, participando em concursos e obras colectivas de várias editoras, evoluindo sempre e cada vez mais. Até chegar ao ponto de ousar desenvolver projectos ainda mais arrojados e ambiciosos. Obras colectivas, é certo, porém, idealizadas, organizadas e coordenadas por mim, enquanto buscava, em simultâneo, dar vida a obras individuais. As perspectivas já se mostravam luminosas. 13
ANTOLOGIA DE NATAL
Se por um lado os frutos começavam a surgir, prevendo-se um futuro literário mais animador, por outro lado as forças do mal não tardariam a erguer-se, procurando bloquear-me. Mas o meu (nosso) bom Deus, mantendo-Se sempre presente, transmitia-me energia para prosseguir a jornada. A minha fé, por mais adverso que se apresentasse o panorama, continuava inabalável. Deus nunca me faltara! No final de 2015, quando decidi lançar a Sui Generis, enfrentava uma tempestade bem turbulenta; a ferocidade era tal que faria desanimar almas mais sensíveis. Não vacilei. Embora me sentisse vulnerável, jamais perdi a fé em Deus. Senti-O sempre presente nas mais variadas situações quotidianas da minha vida. Senti sempre a influência da mão divina em tudo o que eu fazia. Inclusive em momentos profundamente dramáticos, que despoletaram resoluções que muito contribuíram para o meu amadurecimento enquanto ser humano. Contra ventos e marés, enfrentei tudo e todos porque sabia que chegara o momento – o momento de dar o passo. Aquele passo que conduziria ao sonho. A fé remove montanhas e nem sequer o diabo me intimidaria! Sim, a fé fortalecia-me. Nunca duvidei da existência e assistência de Deus! Nunca acreditei que Ele me ignorasse, inclusive nas épocas menos boas (bastantes) em que atingi o fundo do poço. O Senhor mantinha-se sempre lá, ao meu lado, não me deixando esmorecer, tão-pouco desistir... transmitindo energias positivas, apontando novas luzes na escuridão... fazendo-me recuperar forças para poder reerguer-me com ainda mais perseverança e esperança. Foi desse modo, conservando a crença sempre inabalável, convicto de que Deus jamais abandona um filho, que fui desbravando caminho, levando a Sui Generis a bom porto. Com muita luta e sacrifício pessoal, imensas preocupações e noites mal dormidas, porém, alimentando sempre a fidelidade aos valores, preservando a firmeza, a integridade, a lealdade aos princípios éticos e morais, cativando cada vez mais pessoas, realizando sonhos, quer pessoais, quer de outros autores. Transcorrido um ano exacto, após ter desencadeado o início desta bela jornada literária, visando a concretização dos diversos projectos que me propus realizar, o balanço revela-se positivo: doze antologias organizadas, sendo Graças a Deus! a décima segunda, para a Colecção Sui Generis. Doze! Um número recheado de muito simbolismo: doze meses do 14
GRAÇAS A DEUS!
ano, doze signos do Zodíaco, doze apóstolos, doze tribos de Israel, dia e mês do meu nascimento (12 de Dezembro), etc. Doze projectos literários organizados (embora nem todos estejam finalizados – alguns já foram editados, outros ainda decorrem), as primeiras obras individuais publicadas (cinco) e perspectivas positivas no horizonte. Não acredito em coincidências e nada acontece por acaso. Por tudo isto e não só, particularmente no que se refere ao bemsucedido percurso no reino da literatura, tenho de dar Graças a Deus! Dou muitas Graças ao Senhor! Não canso de dizer, escrever, repetir e tornar a repetir: Graças a Deus! Por tudo o que ocorre na minha vida. Quer a nível pessoal, quer profissional. Tenho muita fé em Deus e jamais cansarei de Lhe agradecer. Sem Ele, em quem busco forças para viver e batalhar, nada conseguiria. Consequentemente, a vida não faria sentido. Todos nós (autores, leitores e demais pessoas) temos de dar Graças a Deus pelas coisas boas e menos boas que acontecem nas nossas vidas: um sucesso literário, um êxito profissional, a concretização de um sonho, uma situação favorável relacionada com saúde, uma decisão menos facilitada, um obstáculo contornado, uma fase menos agradável que contribuirá seguramente para nos fortalecer, um amor feliz, enfim, tantas coisas. Inclusive os menos crédulos, ateus ou agnósticos, digam o que disserem, têm sempre algo a dizer ao Senhor... mesmo que de um modo inconsciente, ou inesperado, sem a intenção de o fazerem. O melhor agradecimento, no que concerne ao caso literário, é dedicar este livro ao Senhor! Organizar uma Acção de Graças na quadra natalícia, pela via literária, com a participação de todos aqueles e aquelas que contribuíram, de algum modo, para o êxito da Sui Generis ao longo dos últimos doze meses, é, sem sombra de dúvida, o melhor agradecimento. Apesar de ser um pequeno agradecimento, é um agradecimento! E mais uma vez: Graças a Deus por termos conseguido, todos juntos, realizar esta belíssima Acção de Graças. Graças a Deus, e a todos nós! O livro Graças a Deus! reúne largas dezenas de textos, em diversos géneros literários, de 51 autores lusófonos (portugueses, brasileiros e angolanos): contos, crónicas, cartas, poesia, prosa poética, reflexões, desabafos, etc. Embora esta antologia fosse concebida para o Natal, muitos 15
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textos que inclui não se focam no evento natalino; apresentam vários temas (ocorrendo, ou não, na época natalícia), todavia, reflectem sempre a fé no Senhor, ou mesmo gratidão – sejam sentimentos pessoais ou através de personagens criadas. São estórias e poemas cuja variedade de estilos e graus culturais é sublime, recheados das mais diversas sensibilidades, que, não obedecendo a um tema específico, privilegiam, de algum modo, a crença em Deus. O leque de textos é soberbo! De textos que abordam uma emoção, uma tristeza, um amor, um desejo, uma mágoa, um reconhecimento, uma lembrança, uma revolta, uma felicidade, uma nostalgia, uma esperança... Todos os autores expressam, cada um com a sua particularidade, o que lhes vai na alma. Cada um transmite, de alguma maneira, o que Deus significa para si – mesmo os que são agnósticos desvendam, de igual modo, a sua percepção. Ou os seus sentimentos. Sentimentos que se eternizam nas 214 páginas desta antologia, cujos textos se encontram ilustrados com belíssimas declarações de Sua Santidade, o Papa Francisco, e Cânticos e Salmos da Bíblia Sagrada. Uma obra que proporciona boas leituras numa época tão especial. Verdadeira Acção de Graças que todos nós oferecemos ao Senhor nesta quadra natalícia. E que converteremos, certamente, em maravilhosas prendas de Natal. Prendas inesquecíveis! Que trarão leituras emocionantes ao longo do próximo ano. Porque este livro deve ser lido em qualquer altura do ano. Feliz Natal e um próspero Ano Novo! Isidro Sousa Lisboa, Dezembro de 2016
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PROSA
Ilustração: Guadalupe Navarro
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ANTOLOGIA DE NATAL
LIVRAI-NOS DO MAL Scarleth Menezes
Um homem estava tendo o que chamamos de “dia ruim”. Logo ao sair de casa pela manhã, foi molhado dos pés à cabeça pela união de carro e poça d’água na chuva, o que o obrigou a voltar para se trocar. Desse modo ele perdeu a reunião onde o chefe anunciaria sua promoção (esperada por meses). Na volta para casa, o motorista do ônibus – que passa de hora em hora – passou direto. Cansado de tanta ausência de graça, ele decidiu reclamar com Deus: – Senhor, por quê comigo? Logo eu que sempre ajudo o meu próximo, eu não mereço isso. Eis que Deus respondeu: – Filho meu, por que reclamas? Livrei-te do mal o dia todo, como pedes sempre em oração. Ao saíres pela manhã desviei o carro e evitei um atropelamento; ao fazer que voltasses para te trocares, impedi-te de ser o diretor sênior da empresa e ser usado como isco para uma operação de fraude. Naquele ônibus havia um assaltante que provavelmente tiraria tua vida, fi-lo passar direto. Então se perguntas «Por quê contigo?», eis que te digo: «Porque és meu filho e eu te amo!». Moral da história: em tudo dai graças.
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GRAÇAS A DEUS!
OURO, INCENSO E MIRRA Paula Homem
Os passos ressoavam na vereda escura de desencanto que era, de momento, a vida de Sofia. A sua grande e única paixão havia, sem explicação nem aviso, abandonado o ninho onde as três pequenas sementes desse amor floresciam e cresciam. Os seus: Ouro, Incenso e Mirra, como lhes chamava tantas vezes; Joana, a mais velhinha, irradiava a alegria e inocência das suas cinco primaveras. Carlos e Pedro, os pequenos gémeos de quase dois anitos, eram os encantos e preocupações, diga-se, da jovem mãe que agora seguia, cabeça em intenso labor, pelo caminho encolhido e tímido, entre os muros das quintas. Olhou para o pulso para controlar o tempo e estugar, ou não, o passo. Tinha cerca de 45 minutos antes que a sua madrinha começasse a “rezar-lhe pela pele”: antes de chegar mesmo atrasada. Pelos muros os musgos já estavam verdes e ressumavam água que as chuvas – quase ininterruptas – haviam trazido. O Natal estava à porta, era isso que queria dizer tanto verdete pelas pedras; o Natal vinha aí. Os saltos dos sapatos, bem estafados por sinal, marcavam o ritmo num som cadenciado e cansado, mas nem por isso menos decidido. A cabeça, essa, ia em mil pensamentos perdida. Em mil conjeturas atarefada: como ia ser esse Natal? O que ia fazer com os pequenos, sem lhes destruir os sonhos pequeninos? Sem lhes matar o imaginário que, ela própria, lhes lançara nas almas. Alguma coisa surgiria, tinha a certeza e a confiança na Divina Providência que jamais a abandonara. De momento apenas uma coisa importava: ir buscar os seus tesouros e aconchegar-lhes os estômagos. 19
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O caminho entre muros estava a chegar ao fim, o que significava que já faltava pouco para entrar na vila e, consequentemente, para entrar pela porta da Dona Beatriz, a sua madrinha de baptismo, e receber nos braços as carinhas risonhas e despreocupadas dos filhos. Um breve sorriso abriu-se no rosto da mulher. A mais pequena lembrança dos filhos a deixava mais terna; mais meiga; mais feliz. Lá estava a casinha branca com as portadas azuis, o jardinzinho bem cuidado e o portão que rangia sempre que se abria ou fechava. Criou alma nova, estugou o passo – e entrou. À porta ouvia as gargalhadas cristalinas da filha e o balbuciar dos gémeos. De fundo, a voz mais grave da madrinha que, condescendente, ia “ralhando” com as crianças. Sofia riu-se e, metendo a chave à porta, entrou com o seu característico: “Cucu... Cheguei!”. Seis pezinhos apressados correram na sua direcção. Joana – mais rápida – lançou-se-lhe ao pescoço, apertando, com todas as suas forças de menina, o corpo cansado da mãe. Os meninos vieram, atrapalhados nos passos, tropeçando e rindo, agarrar-se às pernas, impedindo-a de se mexer ou dar um passo que seja. É um quadro de enganadora felicidade, mas que Sofia empurra para bem fundo do seu coração. Pega nos pequenos, um de cada lado, e caminha em direcção à figura austera e digna que está sentada ao fundo da sala; Dona Beatriz é uma mulher magra, seca e de feições duras, pouco sorridente, mas com um coração enorme de bondade. Confinada, em grande parte, à sua cadeira, tem nas mãos a responsabilidade de ficar com os filhos de Sofia, enquanto esta trabalha para o sustento de todos. A rapariga, com os três filhos pendurados em si, deposita um beijo meigo nas faces da senhora, que corresponde com aparente desprendimento. Quem vir este quadro achará, por certo, dura a postura da velha dama; ninguém sabe o que lhe vai no coração, nem a afilhada tem a total noção do que o inunda. Dona Beatriz ficara viúva muito jovem: 30 anos em flor, sem descendência, que a vida não se apressara e o tempo passara – e perdera-se. Para ultrapassar o vazio, que o maior amor da sua vida deixara, dedicara-se, desde cedo, a ficar com os rebentos das suas amigas; das amigas das suas amigas; das conhecidas. Em breve, na pequena localidade, a “tia Beatriz”, como sempre se intitulou para a pequenada, era a 20
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ama reconhecida e amada de todos. Os anos tinham passado: hoje não havia adulto que, em criança, não tivesse passado pela casinha branca de portadas azuis. Nem havia dia que não houvesse visitas, beijos e abraços, mimos e presentinhos para a velha senhora. Mas o sorriso perdera-se, nas garras da morte, muitos anos antes. Apenas quando os três pequenos lhe haviam chegado às mãos se lhe abriu um novo sorriso, triste e tímido, no rosto já cansado, já esmaecido da vida dura e sofrida. Acompanhara Sofia desde pequena. Vira-a crescer e tornar-se uma mulher forte e decidida. Vira-a casar-se com o primeiro (e único) amor da sua vida: Sofia acreditara na eternidade, na intemporalidade, acreditara na ilusão. Hoje, casamento desfeito, tristeza instalada e vida de labuta – três filhos no colo; por isso, Dona Beatriz dava Graças a Deus pelo amor da afilhada. Dava Graças a Deus por estarem juntas a criar e fazer crescer aquelas almas pequeninas que amavam incondicionalmente. No seu coração – que a vida tornara áspero e agreste – havia agora, pelas mãozinhas traquinas, uma semente de amor, de ternura e cuidado, que julgara perdida, morta e enterrada. A idosa “tia Beatriz” voltava à vida. Sofia, por seu turno, amava a madrinha como se da sua própria mãe se tratasse. Confiava nela inteiramente. Conhecia-lhe os modos bruscos mas, acima de tudo, conhecia-lhe o coração sem tamanho e o amor que via despontar, crescer e avolumar-se: transbordar e inundar a vida de todos os habitantes daquelas quatro paredes. Sentia que os seus filhos tinham trazido vida e sentido a esta alma. Adorava essa sensação, essa certeza. Largando os pequenos, foi para a cozinha tratar do jantar. Ouvia as gargalhadas e as corridinhas dos pés, ainda trôpegos, dos meninos, e ia picando as cebolas e os alhos. Depois de tudo ao lume, sentou-se um pouco no banco alto a olhar pela janela entreaberta. Lá fora, a noite caíra com o seu encanto misterioso, o seu negrume, como negros estavam muitos corações na aldeia. Negros de fome; negros de medo; negros de desencanto. Mesmo assim, o seu estava calmo, repleto de amor e gratidão. Elevando os olhos para um céu carregado de estrelas, distantes, brilhantes e silenciosas, sobem-lhe aos lábios as palavras de uma prece – 21
ANTOLOGIA DE NATAL
acção de graças murmurada: «Meu Deus, Pai de infinita bondade e misericórdia, que o Teu nome seja louvado a cada hora do meu dia. E que as Tuas Graças se derramem, como bênçãos, sobre os filhos que me deste. Sobre a madrinha que nunca afastaste de mim. Graças Te dou, meu Pai, hoje e sempre. Ámen.» E, falando para dentro da salinha, disse: «O jantar está pronto! Vamos lavar as mãos para virem para a mesa.» «Graças a Deus», disse Dona Beatriz ao levantar-se penosamente da sua cadeira. «Graças a Deus por mais este dia.»
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GRAÇAS A DEUS!
UMA GRAÇA DE CONVERSA Everton Medeiros
– Jesus me abane!!!... Que calor é esse, Diabo!!! – esbravejou a esbaforida Gertrudes. – Como é que é? – replicou seu marido Antônio. – Tá surdo, homem!... Não aguento mais esse calor! – Jesus e Diabo ao mesmo tempo? É ruim, hein?! – Não me enche, Antônio!!! – Olha sua boca, mulher! Quer ir pró inferno? – Não enche!!! – Não pode falar assim, não! Tem que respeitar o nome do Senhor! – Tá vendo alguém aqui falando mal Dele? – Ai, ai. – Que hora começa a missa? – Não sei. – Como não sabe, homem? – Ué, como vou saber? – E cadê o panfleto que eu te dei? – Quando cê me deu? – Ontem à noite. Ai, Diabo! Tá ficando gagá, homem? – Vixx. – O que foi, homem? – Agora que percebi. Como tem homem na sua vida, hein?! – Como é que é? – Tudo é homem pra cá, homem pra lá. 23
ANTOLOGIA DE NATAL
– Nem vou te responder! Procura aí o panfleto! – Não tá comigo. – Você deixou em casa? – Não, eu comi o panfleto! – Antônio, Antônio, mais respeito comigo! – De tanto que você fala, eu já tô com calor também. – Eu devia ter ouvido minha mãe. É isso que dá! – Ouvido o quê? – Ela disse que você era da peste. Que era vagabundo. – Sua mãe disse isso??? – Disse, mas faz tempo. Agora ela gosta de você. – Bem que eu desconfiava. – O meu pai é que não gosta muito. – sussurrou Gertrudes. – O que cê disse? – Nada não. – Tá aqui o panfleto. – Finalmente, hein?! Ainda serve pra alguma coisa. – Acho que sim. O panfleto tá meio amassado, mas serve sim. – Primeiro: não perguntei nada. Segundo: tô falando de você, homem! – Olha que você ainda vai me perder. Daí eu quero ver! – Quer ver o quê? – Você correr atrás de mim. – E você acha que eu sou mulher de correr atrás de homem? – Vixx, que mulher chata! – murmurou Antônio. – Se você for embora, sabe o que eu vou fazer? – O quê? – Vou dar Graças a Deus! – Tá bom. Nem Deus acredita nisso. – Agora é você que vai pró inferno. – Que inferno o quê?! – Olha aí a hora da próxima missa! – A próxima é... 11 horas. – Que horas são? 24
GRAÇAS A DEUS!
– Acabei de falar... 11 horas. – Tô perguntando que hora é agora, homem! – Hoje tá difícil, hein?! – Tá mesmo. – Se o meu relógio não tiver atrasado, agora são 10 horas. – Ele tá atrasado? – Não sei. Ontem ele parou de funcionar. Eu dei um soco e ele voltou. – E o quê que adianta um relógio que atrasa? – É só girar esse pino aqui, acho que é coroa o nome. – Eu mereço, viu! – Merece o quê? – Se você já tá assim agora, imagina com cinquenta anos?! – Hein? Ah, tá. Entendi agora. – Demora, mas você entende. – Vou perguntar a hora pra aquela moça ali. – Toma vergonha! Só por que ela é bonita? – Ó moça, por favor... Que horas são? – 11h28, senhor! – Muito obrigado, moça! Muito agradecido! – Quanta delicadeza com a moça! Com mulher feia você não fala assim todo meloso. – Nem reparei se ela é bonita. – Fica se achando, fica! Ela não é pró teu bico, não! – Hoje tá difícil mesmo, viu?! – Nem me fale, esse calor tá me matando! – Então, a missa já era! O que você quer fazer agora? – Que pena, eu queria ver o sermão do padre! – E eu queria ver o padre dizer “Que Deus vos acompanhe!”. – Toma vergonha, homem! Olha que o inferno tá lá te esperando! – Se eu for pró inferno, você vai comigo? – Cruz credo!!! Claro que não!!! – Graças a Deus!!! 25
ANTOLOGIA DE NATAL
TODA A INFELICIDADE DOS HOMENS PROVÉM DA ESPERANÇA Natália Vale
Toda a infelicidade dos homens provém da esperança. A esperança de ter o que não se tem e se deseja alcançar. Cada dia mais e mais. A ambição da humanidade não pára. O sedento busca água no fundo do poço, o faminto alimentos, o cansado um leito, o doente a cura, o pobre a riqueza e o rico uma riqueza ainda maior. E eu o que faço aqui? Porque me desconheço? Sou um mero passageiro nesta triste e infeliz vida terrena, numa busca permanente do etéreo. Sorrio, estupidamente, neste túnel gelado onde me refugiei fugindo de um mundo cruel e duro que me transformou, lentamente, em pequenos grãos de areia que todos pisam raivosamente. A crença move-me. Ergo-me cambaleante. Tropeço numa pedra fria. Toco-lhe. Não a vejo, mas sinto a brancura gélida que dela emana. Penso (ainda não perdi essa capacidade!). Uma lápide. A minha. Aqui jaz... um homem que sofria de “esperancivite”. Acredito que esta amálgama em que me encontro se irá transformar e me libertará das amarras sórdidas por que me perdi. Não tenho amor. Não tenho nada. Por mais que tente nada é suficiente para mim. Queria ser forte. Não te quero perder, nem perder a esperança de te ter, em toda a plenitude, mas sinto-me impotente e, por isso, cada dia 26
GRAÇAS A DEUS!
mais infeliz. Estarei a ser exagerado? Procuro o que é fundamental para mim e encontro apenas o gosto pela felicidade. Paradoxo total. Quanto mais procuro, menos encontro. O desespero toma conta de mim. A infelicidade também. Já dizia Santo Agostinho: “Enquanto houver em ti vontade de lutar, haverá em ti vontade de vencer”. E dou graças a Deus por me conceder esta vontade de lutar, de vencer. No entanto chego à conclusão de que a esperança é (ou não?) uma mera ilusão, uma expectativa infundada, um desejo que raramente se cumprirá. Não posso esperar. Quero viver feliz. E Deus permitirá que tal aconteça, porque creio Nele. E prometo, eternamente, dar “Graças a Deus”.
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ANTOLOGIA DE NATAL
O VERDADEIRO SIGNIFICADO DO NATAL Tânia Tonelli
No dia 15 de dezembro Cristiano chegou agitado na loja em que trabalhava no shopping center. Daí a dez dias seria o Natal, as pessoas costumam presentear parentes e amigos neste dia. Como era gerente da loja Lua Nova, às quinze horas notou a grosseria de Sílvia, uma das funcionárias do estabelecimento, com duas clientes. Cristiano a chamou na sua sala, perguntou porque foi mal educada com as freguesas. Nervosa, Sílvia começou a chorar, contou que pagava aluguel da casa onde morava, sua mãe teve derrame cerebral. O seu irmão estava desempregado há seis meses, ele era casado, tinha dois filhos pequenos. Infelizmente, no dia anterior brigou com três homens no bar, revoltados deram uma surra nele. Os dois discutiram, Cristiano demitiu a funcionária. Esta moça tinha 25 anos, era solteira, entristecida foi embora do shopping center. Depois deste inconveniente o gerente voltou a dar atenção aos clientes. Cansado, às 22h30 Cristiano chegou em casa. Ele era moreno, tinha estatura mediana, com seus 37 anos ainda estava bonito. Na semana anterior fez dez anos que se casou com a professora Andressa. O seu filho Eduardo tinha oito anos. As luzes da residência estavam apagadas, sua mulher e filho deveriam estar dormindo. Desanimado, dirigiu-se ao quarto, porque desejava tomar banho e dormir. Quando abriu a porta do quarto, acenderam as luzes e Eduardo o abraçou, falando como o amava. Andressa havia preparado um jantar especial para ele. Esposa e filho vestiam roupas novas, contentes o levaram à cozinha para jantar. Irritado, comeu um pouco de comida enquanto Eduardo o elogiava. Nervoso, 28
GRAÇAS A DEUS!
comentou que o menino falava demais, pois esta refeição especial deveria acontecer no domingo e não no meio da semana depois das 23 horas. Andressa e Eduardo ficaram tristes. Cristiano levantou-se da cadeira e dirigiu-se ao quarto, para dormir. No outro dia, quando acordou, Andressa reclamou que ele não soube valorizar a surpresa feita por ela e o menino. Ele tentou explicar como estava cansado, tinha muitas responsabilidades sendo o gerente da loja. Brava, ela questionou se o serviço era mais importante do que a esposa e filho ou se tinha arrumado uma amante. Os dois discutiram. Cristiano saiu de casa sem tomar o café da manhã. Dirigiu seu automóvel por uns dois quilômetros e o estacionou em uma praça. Sentou-se em um banco e começou a refletir sobre o Natal. O Papai Noel foi apenas uma invenção para alegrar as crianças. Como não seguia nenhuma religião nunca compreendia porque as pessoas nesta época do ano falavam sobre amor, fraternidade e o nascimento do menino Jesus em Belém. Tudo isto não passava de bobagens, o principal objetivo de sua vida seria tornar-se um bom gerente, pois em Janeiro do próximo ano levaria esposa e filho à praia. Iria trocar o automóvel por um novo daquela marca maravilhosa. Dirigiu-se à loja para trabalhar. À tarde foi na floricultura, comprou um buquê de flores e o enviou à esposa, pedindo desculpas por sua grosseria. Ao sair do banco xingou uma mulher e duas crianças enquanto pediam esmolas. Os dias passaram rapidamente. No dia 23 de dezembro saiu da loja depois da meia-noite. Caminhava sozinho no estacionamento escuro do shopping center. No momento em que abriu a porta do automóvel, dois homens mascarados e armados com revólveres aproximaram-se dele. Pediram para entregar o telefone celular, a carteira com dinheiro e cartões de crédito. Nervoso, obedeceu às ordens dos bandidos. Depois de pegarem o telefone celular e a carteira, os dois ladrões entraram no carro. Rindo, um deles disparou um tiro que acertou na barriga de Cristiano e fugiram deste lugar. Gemendo de dor, Cristiano pediu ao menino Jesus para deixá-lo continuar vivo, pois mudaria o seu comportamento, seria um homem honesto e solidário. 29
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Dois guardas e outras pessoas vierem socorrê-lo, o encaminharam às pressas ao hospital. Ele passou por uma cirurgia de emergência. Avisaram a sua família sobre o tiro que levou no assalto. Felizmente ele passou bem na cirurgia, a seguir foi levado para a sala de recuperação. Andressa e Eduardo choraram quando o viram. Feliz, pôde abraçá-los novamente. Os bandidos foram presos, os policiais devolveram o automóvel. Quando recebeu alta do hospital pediu para o levarem a uma igreja, porque queria agradecer ao menino Jesus por estar vivo. No outro dia um amigo o informou que a mulher e as duas crianças que pediam esmolas eram moradores de rua. A mulher e o marido vieram do nordeste. Mas este homem a abandonou por causa de outra mulher e não se preocupou com os filhos. Ela desejava voltar à sua terra natal. Cristiano decidiu ajudá-la. Doou várias roupas e calçados a essas pessoas, pediu para o amigo comprar as passagens de ônibus, deu uma boa quantia em dinheiro à mulher para reconstruir sua vida. Vários parentes e amigos vieram visitá-lo, inclusive a ex-funcionária da loja, Sílvia. Cristiano pediu desculpas por tê-la demitido em vez de ajudá-la. Convidou-a para voltar a trabalhar na loja no início do próximo ano. A mãe dela havia melhorado do derrame cerebral, recebeu alta do hospital e retornou a casa. O gerente ofereceu plano de saúde para ajudála a se recuperar desta doença. Um dos seus amigos ofereceu emprego ao irmão de Sílvia. No dia 31 de dezembro Cristiano convidou familiares e amigos para irem à Ceia de Ano Novo na sua casa, inclusive Sílvia e sua família. Neste evento comentou que o Papai Noel atrasou, entregou com carinho presentes de Natal a Sílvia e a seus familiares. À meia-noite abraçou Andressa e Eduardo, falou que as pessoas mais importantes de sua vida eram sua esposa e filho. Felizes, eles se abraçaram, pois Graças a Deus teriam o Ano Novo repleto de amor e felicidade.
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ESTE LIVRO TEM 214 PÁGINAS
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