Delight #4

Page 1


FLASH INTERVIEW

“He said there were three fountains of wisdom from which every artisan should drink abundantly books, works and roads. Reading, practicing and traveling …” AMÁLIA SOUTO DE MIRANDA Landscape Architect

Interest

Trending

Bedside

Color:



Filarmónica Fraude

Epopeia

1969

Conheci os Filarmonica Fraude através da série "Estranha Forma de Vida - Uma História da Música Popular Portuguesa" (que vi na íntegra na RTP Play, com um bloco de notas ao meu lado) e descobri depois que existe até um livro sobre a banda, da autoria de Rui Miguel Abreu. Na leitura de diversos artigos sobre o álbum, existem referências a alguns "desconhecidos" integrantes da banda, que acabaram por enverdar por outras áreas (Educação Física, Engenharia Electrotécnica ou Macrobiótica) ou outros menos anónimos, como António Avelar de Pinho, autor das letras, ou António Luis Linhares de Sousa, responsável pela composição. Já vi "Epopeia" rotulado como "Rock Progressivo", "Pop", "Country Português", "Folk Rock". Porque não "Baroque Pop"? A apropriação de elementos da música clássica (que caracteriza este estilo) é tão forte que há inclusivamente um tema neste LP que nem é tocado pelos integrantes da banda, mas sim por um conjunto de instrumentistas, dirigidos por

um maestro (terá sido na "Só Marinheiros e Escravos se Afundam com a Nau"?). Mas este é também um álbum Difícil: apesar das composições fabulosas, tem uma qualidade sonora que deixa muito a desejar. É também dificil, numa primeira audição, abstrairmo-nos do contraste que existe. Por um lado, um instrumental corpulento e erudito (abrilhantado com cojuntos de cordas que qualquer banda gostaria de poder ter no seu álbum de estreia) e letras riquíssimas, com referências aos Descobrimentos e a outras "Histórias de Portugal", de forma cáustica (veja-se a "Sebastião Morreu!"). Por outro lado, alguma inocência na parte vocal (de quem ainda procurava a sua identidade, claramente influenciada por Beatles, Beach Boys ou The Zombies) e o uso de instrumentos tradicionais e até referências ao cancioneiro tradicional, como em "Digo-Dai". Em "Homenagem Póstuma" lembro-me da sonoridade dos Capitão Fausto. por Indivíduo | projectoindividuo@gmail.com







A Herança Cultural do 25 de Abril A atual crise que enfrentamos tem posto a nu, uma vez mais, muitas das fragilidades e ineficácias do tipo de sistema em que vivemos, bem como a sua natureza cruel. A realidade, para quem a vida já custava imenso, só piorou: trabalhadores despedidos ou em lay off; famílias sem capacidade para fazer face às dívidas; estudantes sem recursos que ponderam abandonar o ensino; faturas mensais em pouco ou nada reduzidas, etc. Temos aqui mais um exemplo de que não, este não é o sistema mais perfeito alguma vez criado, nem perto disto. A resposta aos problemas acima mencionados – que se quer cabal, séria e o mais imediata possível - deverá ser exigida aguerridamente a quem nos governa, por uma ação concreta, imparável, munida de uma dimensão teórica e prática inquebrável, unida e solidária entre nós e os nossos semelhantes; gentes das artes, das letras, da cultura, dos ofícios, do campo, das fábricas. Não nos podemos esquecer que a luta pelo fim da exploração do Homem pelo Homem, da pobreza, da fome, da guerra, deste sistema corrupto e putrefato é o alimento e combustível de milhões de progressistas e revolucionários espalhados por este mundo fora. É uma luta que, para além de ter esta larga base de apoiantes, tem atravessado milénios, com muitos avanços e recuos, certamente, mas que ainda permanece tão necessária e com imenso potencial para o bem da Humanidade. Felizmente, temos incomensuráveis exemplos do passado e do presente que nos levam a acreditar num futuro melhor para nós e para tudo o que nos rodeia. Tudo depende da vontade de cada um de nós. Por falar nestes exemplos: comemoramos ontem, independentemente da forma como o fizemos, todos juntos, um marco único da nossa História. A sua importância não se mede apenas pelo que derrubou, mas essencialmente por aquilo que permitiu que se começasse a construir: o 46º aniversário da Revolução de 25 de Abril de 1974. Foi esta Revolução que pela primeira vez elevou, em Portugal, os interesses do povo e do país acima dos interesses daquelas classes sociais e daqueles grupos económicos que, até então, tinham transformado o nosso país e as suas antigas colónias numa autêntica selva de exploração e de incessante busca pelo lucro. A consagração do Serviço Nacional de Saúde universal e gratuito; da Escola pública, gratuita, universal e democrática; do Salário Mínimo Nacional; da proteção social e Segurança Social; do direito à reforma; do direito ao desporto; da igualdade entre homens e mulheres; e, entre muitas outras medidas, numa lista quase sem fim, que no essencial ainda se mantém intata, a consagração do direito a um sistema público de cultura, são provas ainda vivas de que efetivamente ‘’o povo é que mais ordena’’, e que está cá de mangas arregaçadas pronto a combater a cruzada montada contra tudo isto. Foi com a sua luta e sacrifício durante quase cinco décadas que estes direitos e garantias se transformaram em fundamentais para a manutenção da nossa liberdade e democracia. Todas as gerações envolvidas no longo processo que culminou com o levantamento militar seguido de um amplo apoio popular na madrugada de 25 de Abril de 1974 deixaram-nos esta vasta, bela e única herança, que não é uma herança qualquer. É uma herança cultural assente nos valores mais nobres que possam existir e que só Abril (que é de todos nós) nos deu: liberdade plena; espírito de luta e sacrifício; confiança no povo e nos seus rebentos; união; justiça; ousadia; vida; alento; esperança e alegria. Em suma, esta herança cultural que nos foi deixada, sem qualquer margem de dúvida, comprova que o poder sempre esteve, está e estará nas nossas mãos. Mais, exige só que, para o pormos em prática, tenhamos que ter os Valores de Abril em mente. Cá estaremos sempre.



#4 Zalez Alexandra Gonçalves | ALGO Indivíduo Túlio Tomaz Chigau Caroline Pires Eric Hanu Patrícia Girão João L. T. Almeida Mariana Batista AKA 47


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.