Embrace Tomorrow Wisdom

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EMBRACE TOMORROW WISDOM Textos do blog

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EMBRACE TOMORROW WISDOM Textos do blog

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Índice Contexto 6 Isto Não é o Fim 8 - 10 Da Multiculturalidade à Interculturalidade 12 - 14 Cozinha Popular da Mouraria 16 Alargamento dos Sentidos 18 Embalagens “Comprimidas“ 20 Trocas de Saber 22 - 23 Referências Online 24

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contexto

Este é o booklet com os textos presentes no blog: “Embrace Tomorrow Wisdom”. São textos acerca de várias temáticas que me preocupam e sobre as quais gostaria de vir um dia a trabalhar.

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ISTO nÃO É O fIM

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Isto não é o fim

Está na hora de alertar consciências, de olhar para a fotografia tirada na Apollo 8 e perceber que esta esfera azul é tudo o que temos. Pertencemos a uma era superdesenvolvida em termos industriais e económicos e subdesenvolvida em termos de valores sociais e ambientais. Penso que neste momento só existem duas saídas pelas quais podemos optar: a pessimista e a optimista. Se formos pessimistas podemos achar que até ao momento tanto mal foi feito, que já nem vale a pena tentar remediar o que quer que seja, pois estamos a caminhar para a extinção. Penso, no entanto, que esta visão só pertence àqueles que nunca se preocuparam com tais questões e preferem continuar com os seus comodismos. Eu opto pela visão optimista, penso que é possível remediar os estragos que a espécie humana tem vindo a fazer. Não sou a favor da visão do regresso ao passado, em que voltaríamos a viver em cavernas, despojados de qualquer tecnologia. Já que evoluímos, ao menos que tiremos partido dessa evolução e conhecimento para darmos o passo seguinte: encontrar soluções para os problemas, evoluindo em sintonia com a natureza. É nesta direção que temos de caminhar; em vez de gastar dinheiro a tentar descobrir o que se passa fora do planeta, devia era investir-se em encontrar soluções para resolver os problemas do nosso. Desde energias renováveis a campanhas para promover a participação dos cidadãos em questões sociais.

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“Many of the troubling situations in our world are the result of design decisions. If we can design our way into difficulty, we can design our way out.” John Thackara, In the Bubble: Designing in a complex world


O problema: de acordo com a visão do professor Aurelindo Jaime Ceia, o progresso da mentalidade social não acompanhou o progresso da tecnologia e da economia. Pensou–se nos benefícios a curto prazo e esqueceu-se as consequências a longo prazo. Na escola ensinam história, ciências, matemática, tudo relacionado com coisas que já aconteceram e descobertas que foram feitas, mas não existe uma disciplina na qual se ensine e motive a participação em questões sociais, ou que pelo menos levante algumas questões que possam inquietar os alunos. Não existe uma disciplina na qual se discutam os Direitos Humanos. Perguntei a um rapaz de 14 anos qual era a visão dele do mundo, neste momento... ele respondeu-me: “As coisas estão mal, não acho que o mundo vá acabar, mas estão muito mal. Acho que nada vai melhorar, vai tudo ficar na mesma ou vai piorar. Os meus colegas estão-se a lixar para tudo, fazem o contrário do que lhes ensinam em casa, quando ensinam.” A única disciplina que existia, onde, em casos raros, eram discutidos temas de valor, foi erradicada das escolas, a Formação Cívica. Será que umas horas a mais de Matemática ou Português são mais importantes que uma aula sobre Direitos Humanos, ou questões ambientais?

“Design must be the bridge between human needs, culture and ecology.” (Victor Papanek)

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Penso que é aqui que o design pode vir a ter um papel preponderante e nós, futuros designers, também temos essa responsabilidade. Se os cartazes de guerra resultaram, como defende Lucienne Roberts no texto Good, porque é que uma campanha que apele à sustentabilidade não há de funcionar? A propaganda de guerra apela ao heroísmo, à força, à união, à utilidade das mulheres nas fábricas no fabrico de armas e dos camponeses nos campos na produção de alimentos. No fundo, mantêm sempre presente um espírito colectivo que luta em prol de alguma coisa. Acredito que seja possível criar uma estratégia direcionada aos jovens, que fomente o espírito de união e luta por objectivos comuns, uma luta de valores e não de armas. //

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DA MulTICulTuRAlIDADE À InTERCulTuRAlIDADE 11


Da Multiculturalidade à Interculturalidade

A temática que me agradaria bastante abordar no âmbito do projeto de Design de Comunicação seria a interculturalidade. Para tal, que local melhor para falar sobre este tema que o bairro da Mouraria em Lisboa! Através do site da Associação Renovar a mouraria descobri que se realizam visitas guiadas aos sábados de manhã por isso decidi inscrever-me. Sábado, dia 13 de Abril às dez e meia da manhã, encontrei-me com um pequeno grupo em frente à Igreja de Nossa Senhora da Saúde na praça Martim Moniz. A Associação Renovar a Mouraria foi criada em 2008 por dois residentes da mouraria, que sentiam que algo tinha de ser feito por este bairro histórico que se estava degradar em vários domínios. Era necessário reabilitar este bairro, não só a nível das instalações, mas também nível cultural e social, para melhorar a qualidade de vida das pessoas que lá viviam. Juntamente com outros amigos residentes e não residentes deste bairro, conseguiram, em pouco tempo, que o movimento Renovar a Mouraria se tornasse numa associação. A partir daí começaram a surgir projetos e iniciativas que convidavam os moradores a participar em conjunto, assim foi possível ir começando a unir as pessoas deste bairro, por mais diferente que fosse a cultura de cada um. Na Mouraria vivem pessoas de cerca de 52 etnias diferentes, por isso, seria um desperdício esta riqueza cultural não ser partilhada.

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A associação já consegue neste momento usufruir de um espaço próprio, ao qual chamaram Edifício Manifesto que mais tarde foi batizado de Casa Comunitária da Mouraria. Neste espaço desenvolvem-se diversas atividades com os locais, como por exemplo cursos de línguas, dança, festas tradicionais provenientes de várias culturas e também um pouco da cultura portuguesa, já que Portugal é o país que acolhe todas estas comunidades. O Bairro da Mouraria é a meu ver, um exemplo extraordinário de um futuro para o qual todas as sociedades estão, ou pelo menos deveriam estar, a caminhar. Temos um mundo cada vez mais globalizado, mas muitas vezes nem nos apercebemos das possibilidades que essa globalização pode ter. Habituámo-nos a comunicar através de interfaces digitais e muitas vezes nem nos apercebemos da riqueza cultural que os que estão à nossa volta nos podem oferecer, se criarmos um diálogo direto com essas pessoas, sem barreiras digitais. Por exemplo, a maioria das pessoas, se precisarem de fazer algum trabalho sobre a China, constrangem a sua pesquisa ao que a internet lhes dá, em vez disso, por que não, ir falar com os donos da loja chinesa por baixo da sua casa?! Muitas vezes os imigrantes que se deslocam para outro país, veem com a esperança de encontrar emprego e conseguir ter uma vida melhor, algo que muitas vezes não se confirma, acabando por viver em condições muito precárias.

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Para além disso, muitos emigrantes têm dificuldade em integrar-se na cultura e costumes do país que os acolhe, sofrendo também com o isolamento por parte dos outros indivíduos. Assim, se houver um local onde as pessoas se possam encontrar, trocar experiências e onde encontrem apoio às suas dificuldades no domínio da língua ou da inserção social, então estaremos a caminhar para um futuro onde haverá mais respeito, tolerância e conhecimento do próximo, entre pessoas de qualquer origem. É preciso que haja uma consciencialização de que o mundo, para se tornar numa verdadeira aldeia global, como muitos gostam de lhe chamar, não basta a facilidade na comunicação e no acesso à informação, mas necessita também de conhecimento mútuo entre culturas, através do diálogo direto entre os seus indivíduos. O Bairro da Mouraria é apenas um começo!//

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COZInHA POPulAR DA MOuRARIA 15


Cozinha Popular da Mouraria

Recentemente fiquei a par de outro projeto que se está a desenvolver na Mouraria, a Cozinha Popular da Mouraria. Adriana Freire, a fundadora deste projeto, considera que a comida é uma linguagem comum e, automaticamente, tal como uma língua, é algo que liga as pessoas, que as reúne à volta da mesa, ou mesmo à volta da preparação de uma refeição. Neste espaço as pessoas podem cozinhar em grupo, o que dá aso a muitas conversas, a partilha de experiências e histórias. Aqui também se realizam workshops onde é possível ver, preparar e comer pratos de todo o Mundo. Podem fazer-se festas temáticas para dar a conhecer a cultura dos outros e a nossa. Foi possível arrancar com esta iniciativa graças à ajuda do projecto BIP/ZIP da Câmara Municipal de Lisboa, que pretende incentivar e financiar projectos que tenham como objectivo a dinamização dos bairros de Lisboa. Uma cozinha comunitária tem como objectivo prioritário poder servir refeições a preços mais acessíveis, ou até mesmo gratuitas, a pessoas com dificuldades financeiras, de saúde, ou de discriminação social. No fundo, as cozinhas comunitárias devem servir como um ponto de encontro entre as várias comunidades existentes num local, seja um bairro, uma cidade ou uma aldeia. A fama da Cozinha P.M. tem-se espalhado de boca em boca, nunca tendo sido necessário fazer alguma espécie de publicidade ao projecto. As pessoas entram e é como se estivessem na sua própria casa, com a vantagem de que podem usufruir de uma cozinha totalmente equipada e muito provavelmente de mais uma mão que venha ajudar. //

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AlARGAMEnTO DOS SEnTIDOS 17


Alargamento dos Sentidos

Hoje existe tanta informação disponível e tantos meios ao nosso dispor, que não compreendo porque não existem mais objetos, por exemplo livros, mapas e todo o tipo de comunicação (visual) que seja adaptada para invisuais. Creio que, por vezes, também a esta lacuna se deve alguma discriminação por parte de pessoas que não sofrem deste problema. O que sinto é que existem dois universos completamente diferentes, o normal e o o das pessoas invisuais. Penso que está ao alcance de nós, designers, preenchermos esta lacuna na comunicação. Todos deveriam ter acesso à mesma informação, mesmo que tenha de ser através de meios um pouco diferentes dos habituais. A minha ideia não é criar objetos direcionados apenas para invisuais, o desafio é conseguir criar objetos que, pelo mesmo custo, pudessem ser utilizados simultaneamente por quem tenha e não tenha problemas de visão. Penso que seria um passo importante para acabar com alguns tipos de discriminação ou, pelo menos, contribuir para que estas pessoas pudessem ter acesso a mais informação. Normalmente já pensava sobre estes assuntos, mas o que me fez acreditar que era possível unir estes dois universos foi um livro de ilustração que observei numa aula. A capa e as páginas eram completamente pretas, inclusive o texto que tinha uma tonalidade de preto ligeiramente diferente e estava também escrito em braille. As ilustrações também eram a preto e tinham relevo. Sem darmos conta, entramos no mundo da escuridão e abrimos os sentidos, toca-se nas páginas, sente-se as ilustrações, é um mundo por explorar. Do que é que estamos à espera?//

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EMBAlAGEnS “COMPRIMIDAS”

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Embalagens “Comprimidas”

Cada vez que vou a uma farmácia, fico mais mal disposta por causa das embalagens dos medicamentos, do que propriamente pela razão que me fez lá ir. É assustador a quantidade de material que se gasta em embalagens de medicamentos. Um ou dois comprimidos apresentam-se dentro de uma embalagem de plástico que, por sua vez, vem dentro de uma embalagem de cartão. Os cremes, para além de se apresentarem em embalagens com mais vidro que creme, vêm dentro de outra caixa de cartão. Se isto não é desperdício, não sei o que é. Não defendo que os medicamentos se comecem a vender avulso, dentro de um saco de plástico todos misturados, como acontece em alguns países menos desenvolvidos. Apenas defendo que isto deva ser um tema sobre o qual refletir e que deveria tomar-se mais consciência relativamente aos custos que isso tem para o ambiente e para as indústrias farmacêuticas. Inquieta-me pensar que certos desperdícios poderiam ser evitados. Não entendo porque é que ainda ninguém pensou em mudar estas convenções das embalagens. Por exemplo, bastava venderem os comprimidos apenas nas embalagens de plástico e, no caso de a pessoa precisar do folheto informativo, esse seria impresso no momento pela farmácia, ou então visto em casa através da Internet. Na própria embalagem de plástico podiam constar as informações básicas do medicamento, como o nome, a gramagem e o código de barras. Este é um exemplo bastante acessível, mas com certeza que se poderia encontrar ideias ainda mais simples e eficazes.//

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TROCAS DE SABER

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Trocas de Saber

É a realidade, vivemos num país cada vez mais envelhecido. A verdade é que, felizmente, agora as pessoas vivem mais tempo e existem cada vez mais infraestruturas que recebem essas pessoas, desde os lares aos centro de dia. O problema, na minha opinião, é que muitas vezes estes locais são vistos como sendo a última morada para quem lá está, como se já não houvesse mais nada para além do confinamento a um espaço triste e sem vida, à espera que o dia chegue. Penso que é esta mentalidade que está errada, e que algo tem de ser feito para mudar a maneira como certas instituições funcionam para ser possível mudar também a forma negativista com que são vistas. No entanto, também é verdade que alguns lares maltratam os seus hóspedes. Por diversas vezes ouvem-se notícias de que os idosos não recebem os cuidados e apoios necessários, não têm uma dieta variada, nem atividades que os mantenham ativos e com vontade de viver. As pessoa não se dão conta da diferença que faz ter um objectivo, algo que mantenha as pessoas apegadas à vida e que as faça sentirem-se úteis. Um lar é uma escola sem alunos, tantas coisas se poderiam aprender se o conhecimento destas pessoas fosse aproveitado. A transmissão de saberes como o crochet, o ponto cruz, a cestaria e outros lavores, seria uma maneira de manter estas pessoas ocupadas a fazer algo de que gostam, passando esses conhecimentos aos mais jovens. Por um lado, são tradições que não se perderiam tão facilmente, por outro, os idosos sentiriam que ainda fazem falta e que as suas capacidades não são menosprezadas.

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Felizmente também já existem outros projetos, como a Universidade Sénior, que se revelou uma iniciativa louvável. Neste espaço, existe uma extraordinária partilha entre pessoas de várias idades. Assim, nem só os mais novos aprendem com os mais velhos, como também estes se apercebem de que ainda têm muito que aprender com os mais novos, contrariando o ditado “Burro velho não aprende línguas”. Afinal, todos nós precisamos de ter objectivos que nos façam ansiar pelo dia de amanhã, nem que seja a ensinar ou a aprender.//

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referências online

P.8-9 Victor Papanek, Design for the Real World http://playpen.icomtek.csir.co.za/~acdc/education/Dr_Anvind_Gupa/Learners_Library_7_March_2007/Resources/books/designvictor.pdf P.12-13 Associação Renovar a Mouraria http://www.renovaramouraria.pt/ Edifício Manifesto http://edificiomanifesto.wordpress.com/associacao-renovar-a-mouraria/ P.16-17 Agenda LX http://www.agendalx.pt/artigo/cozinha-popular-da-mouraria#.UinDK2TXh6s Time Out http://timeout.sapo.pt/artigo.aspx?id=4606 Alargamento dos Sentidos P.22-23 Notícia no Jornal Público: Segurança Social encerrou 86 lares só este ano http://www.publico.pt/sociedade/noticia/seguranca-social-encerrou-86-laresso-este-ano-1523703

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Susana Barroso / 5864

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