Análise Socioeconômica - Caixa D'água, Olinda - PE

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ORDENAMENTO

URBANO

ASPECTOS SOCIOECONÔMICOS

Bárbara Fernandes, Germana Tinôco, João Vitor Macêdo, Luciclécio Paulo e Susanna Lima

PRODUTO I


-OCUPAÇÃO E UTILIZAÇÃO TERRITORIAL Caixa Dágua- Olinda A ocupação territorial da Região Metropolitana do Recife-RMR é um processo que se desenvolve desde o período colonial e, que se iniciou com a ocupação dos morros de Olinda e Recife. As áreas que apresentavam melhores condições para construção (terraços emersos enxutos, topos planos de colinas) foram ocupadas por segmentos sociais mais bem favorecidos. As áreas que exigiam maior conhecimento técnico e, maiores investimentos para que oferecessem condições de ocupação adequadas, foram deixadas para as camadas mais pobres, que inevitavelmente, sofreriam com as inundações e deslizamentos. Nos anos de 1940, houve uma grande ocupação territorial nos morros, quando a Liga Social Contra os Mocambos procedeu à erradicação parcial de mocambos do entorno do Centro do Recife, gerando a transferência não planejada de moradores expropriados das suas habitações para os morros de Olinda e Recife, para a área onde a ocupação exigia conhecimento especializado e investimentos maiores (planícies de inundação, manguezais, zonas estuarinas e as encostas). A ocupação dos morros pelos moradores expulsos do centro se deu gradativamente dos morros mais próximos ao centro do Recife para os mais distantes, com isso os morros situados na periferia de Olinda foram ocupados mais tardiamente. Segundo um morador entrevistado pela equipe, sua família chegou no local estudado por esse trabalho em meados da década de oitenta, que foi a época onde o local começou a ganhar maior adensamento populacional, com todos os lotes disponíveis sendo vendidos pela Igreja Católica, tendo o Convento São Franscisco como prédio principal na região. Com o passar dos anos, o adensamento populacional foi aumentando e hoje a região já ocupa um dos maiores bairros de Olinda. Quando questionado sobre saúde no bairro, o entrevistado respondeu que é precária, pois há um posto médico público próximo ao Terminal Integrado do Xambá que atende à emergências, porém o atendimento não tem qualidade, fazendo com que pessoas maiores de sessenta anos tenham de esperar em pé sem sombra por horas para tentar conseguir marcar alguma consulta médica.


Já sobre o comércio, existe a feira de Beberibe onde a

agora sendo forçados a pegar dois, fazendo assim

maioria dos moradores fazem suas compras semanais

com que o tempo de viagem quase dobre. Um

e mensais, com supermercados, feira livre, dentistas,

exemplo dado foi a da extinta linha Alto da

farmácias, dentre outras coisas fundamentais para a

Conquista, que levava os moradores da região ao

existência de um centro de compras. O local estuda-

centro da cidade pela Avenida Cruz Cabugá. O

do tem um grande privilégio de comércios, pois nas

tempo médio de uma viagem nessa linha era de

proximidades há quatro centros comerciais de alto

30-40 minutos. Com a adição do Terminal, esse

fluxo, as vezes evitando assim que os moradores se

tempo se tornou 1 hora e 30 minutos em média

locomovam até o Centro do Recife para adquirir algo.

para fazer o mesmo percurso.

O morador também não quis deixar de lado a educa-

Quando perguntado se em um geral, o que o

ção da região, onde contou só uma escola pública

entrevistado acha do local onde mora, o mesmo

para ensino infantil, restando assim para os habitan-

respondeu que é um ótimo local para se viver

tes recorrerem a escolas particulares de pequeno

pelos bons acesso a comércio e serviço, e que

porte, pois a maioria da população da região ocupa

embora tenha um problema crônico com a água

até o grupo três em no ranking socioeconômico (Até

encanada pela pressão não ser suficiente para

R$ 1.200,00 a renda familiar). No ensino médio, o

chegar água nas casas que ficam na parte mais

local já apresenta maior presença governamental,

alta dos morros, o morador disse que a beleza da

contanto com várias escolas públicas integrais.

vista que há na Rua Eng. Fernandes Dias compen-

Infelizmente, não há nenhuma instituição de Ensino

sa qualquer transtorno do local.

Superior aos arredores, levando assim os Universitários da região se locomoverem muito para chegar as suas respectivas Universidades. Pela maioria de habitantes da região serem baixa-renda, a posse de um veículo ainda é inviável, levando assim com que a grande parte dos moradores utilizem transporte público, sendo seguido por motocicleta, veículos não-motorizados (Bicicletas e Carroças) e por fim veículos motorizados particulares. A criação de um Terminal Integrado na região ao mesmo tempo que ajuda a criar conexões com mais partes da cidade, dificulta a não levar em conta a quantidade de pessoas que irão usar o espaço. Segundo o entrevistado, a ideia de criar um Terminal Integrado e forçar todas as linhas dos bairros existentes na região a se direcionar ao mesmo dificultou o dia-a-dia de muitos trabalhadores, onde antes precisavam pegar um ônibus para chegar ao trabalho,

Figura 01: Feirantes em Beberibe. Foto: TV Jornal. Fonte:https://tvjornal.ne10.uol.com.br/tv-jornal-meio-dia/2018/08/16/apos-serem-retirados-pela-pm-feirantes-voltama-beberibe-113214 Acesso: Out. 2019.


-DADOS IBGE Olinda - População

Conforme o censo 2016 a população de Olinda é composta por 377.779 habitantes sendo a masculina, repreMulheres Espírita

Homens

5,2%

Evangélica Católica

53,75%

30,8%

46,25%

sentada por 174.724 (46,25%) hab, e a

população

feminina,

203.005

(53,75%) hab. A maioria da população frequenta a Igreja Católica, seguido pela Evangélica e uma pequena

64%

porção a Espírita. O

PIB

per

capita

é

de

13.515,27 reais. Olinda ocupa o 26º lugar no ranking estadual e o 4º no Figura 02: Gráficos. Fonte: Autores, 2019

Caixa D’agua - População

ranking de micro-região.

65 anos e +

6,1% 6,6%

15 a 64 anos

22,8%

0 a 14 anos

Conforme o censo 2010 a população de Caixa

0 a 4 anos

D'água é composta por 13.937 habitantes. A população

64,6%

masculina,

representa

6.607

(47,41%) hab, e a população feminina, 7.330 (52,59%) hab. São maioria nesse bairro os habitantes com idades entre 15 e 64 anos, ocupanHomens Mulheres

do 69,2% do total, os cidadãos considerados idosos, com mais de 64 anos, representam 6,5% do percentual. Crianças entre 0 e 14 anos são 24,4% deste total.

47,41%

52,59%

Os dados de ocupação de imóveis apresentam que 95,7% dos domicílios são habitados e apenas 4,3% estão vazios. Domicílios Não Ocupados

A maioria da população ocupa o grupo 3 ( até

4,3% Domicílios Ocupados

1200 reais renda familiar) no ranking socioeconômico.

95,7%

Figura 03: Gráficos. Fonte: Autores, 2019


-USOS

A porção de área estudada dentro dos bairros Caixa

No âmbito educacional, o bairro conta com 6 escolas

D’água e Águas Compridas ocupa uma diversidade de

particulares de Ensino Infantil e Fundamental, sendo

usos. Em análise de mapas e entrevista com moradores

que apenas 2 se tornaram uma saída para os pais coloca-

locais, pôde-se perceber que os nichos desses usos são

rem seus filhos (Centro Educacional Froebel e o Colégio

bem delimitados, sendo eles em sua maioria:

Acalanto); e apenas 4 da Rede Publica de Educação,

- Lojas de comércio em geral (vestuário, acessórios,

onde só 1 atende ao Ensino Médio. No Ensino Superior,

sapatos);

não há nenhum estabelecimento que atenda, fazendo

- Salões de beleza;

com que os moradores se desloquem para alguma

- Mercadinhos e a Feira de Beberibe;

Universidade ou Faculdade próxima.

- Óticas; - Copiadoras;

Na saúde, existe apenas um Posto Médico Público que atende emergências, mas a unidade não é boa, fazendo

A maioria desses comércios se dão de maneira formal, ou

com que os moradores se desloquem para obter atendi-

seja, estabelecido, registrado e com um espaço próprio

mento.

para as vendas. Já o informal, também presente, tornou-se mais predominante quando se fala de vendas de

Por ter muitos estabelecimentos comerciais e residen-

frutas e verduras, onde ficam espalhados pelas calçadas

ciais, o bairro possui uma taxa de ocupação altíssima,

em barraquinhas, assim como acontece na maioria dos

com poucos terrenos abandonados. Na parte residencial,

lugares.

apenas 4,3% das casas não estão ocupadas; tendo 95,7% das residências ocupadas por seus moradores.

Também há uma forte presença de bares e restaurantes,

Por ser um bairro com altos índices de ocupação, fez com

o que atrai mais e mais pessoas para a rua, fazendo com

que as ruas tornassem bastante ocupadas pelas pessoas

que fique movimentada e haja vida, promovendo uma

que fazem uso desses serviços, promovendo uma

maior sensação de pertencimento e segurança.

melhor mobilidade e vivacidade do local.

No uso dito como Religioso, notou-se uma presença tímida de espaços, porém, nos poucos presentes, sua maioria eram de Igrejas voltadas para a religião Evangélica, em casas pequenas.

O uso residencial se da de forma bem padronizada, maioria das casas com 1 pavimento (térreo), e do tipo Porta e Janela, com muros baixos, permitindo uma boa permeabilidade para com a rua, gerando uma conexão entre o uso público e privado.

Figura 04: Fonte: Imagem retirada do google.


Figura 05: Mapa de Multimodalidade. Fonte: Autores, 2019


Figura 06: Mapa de Pts de Ônibus. Fonte: Autores, 2019


-PROGRAMAS SOCIAIS NO BAIRRO DE CAIXA D’ÁGUA – OLINDA - PE O êxodo rural que originou o bairro, teve como consequência a morosidade da intervenção pública nos morros. Nos dias atuais, os morros urbanos são encarados como um habitat, como lugares onde se deve morar com qualidade, e não mais exclusivamente como áreas de risco, tendo assim maiores intervenções governamentais em questão de infraestruturas e projetos sociais. O bairro de caixa d’água está sendo beneficiado por projetos, como do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do Governo Federal. Para a comunidade de Caixa d’Água foi destinada uma verba de cerca de R$ 57 milhões, que estão sendo investidos em serviços de esgotamento sanitário, contenção de encostas, pavimentação e drenagem. Nos locais onde as obras de pavimentação e drenagem foram concluídas, os moradores afirmam o impacto positivo da ação na comunidade. A comunidade ganhará um conjunto habitacional e com essa obra, serão beneficiados os moradores que habitam as casas mais vulneráveis. Enquanto a construção estiver em andamento, as famílias receberão o auxílio aluguel. Atualmente, o bairro conta com cerca de 500 domicílio, todos atendidos por agentes sociais do programa Prometrópole. “Além das obras de infraestrutura, uma equipe de assistentes sociais vai de porta em porta para verificar a condição socioeconômica de cada família. Estes profissionais tiram as dúvidas dos moradores a respeito dos serviços que serão realizados naquela região”, comentou a assistente social, Sybele Alheiros. O serviço de acompanhamento desenvolvido pela equipe do Prometrópole conta com reuniões setoriais com a participação da equipe social, da equipe técnica – engenheiros e técnicos responsáveis pelas obras -, e representantes do Comitê de Desenvolvimento Local (CDL) composto pela população. Nos encontros, os moradores que precisarão ser removidos de suas residências devido às obras recebem atenção especial, e podem tirar dúvidas com os engenheiros e técnicos presentes. Além de explicarem como serão executados os serviços, a equipe realiza um cadastro dos habitantes, onde consta o número de pessoas que residem em cada casa, grau de alfabetização, e nível de vulnerabilidade social.


REFERÊNCIAS ESCOLAS. Caixa d’água - Olinda - PE. Disponível em: https://www.escol.as/cidades/1575-olinda/bairros/276476-caixa-dagua. Acesso em: 9 out. 2019. FIDEM, Programa viva o morro – diagnostico, Recife, 2003. Disponível em: http://www2.condepefidem.pe.gov.br/c/document_library/get_file?uuid=76543387-8a9c-4121-bc9b-d1fa228af628&groupId=19941. Acesso em 08, outubro de 2019. FOURSQUARE. Caixa d’água . Disponível em: https://pt.foursquare.com/v/caixa-dágua/4fd2a191e4b0a1f0065f1141. Acesso em: 9 out. 2019. OBRAS DE URBANIZAÇÃO INTEGRADA CAIXA. Prefeitura de Olinda, 2017. Disponível em: <https://www.olinda.pe.gov.br/programas-e-acoes/obras-de-urbanizacao-integrada/caixa-dagua/>. Acesso em: 07, outubro de 2019. OLINDA HOJE. Caixa d’água . Disponível em: https://www.olindahoje.com.br/tag/caixa-dagua/. Acesso em: 9 out. 2019. POPULAÇÃO . População de Caixa d’água . Disponível em: http://populacao.net.br/populacao-caixa-dagua_olinda_pe.html. Acesso em: 9 out. 2019. <https://www.censo2010.ibge.gov.br/sinopseporsetores/>. Acesso em Out. 2019


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