A Andalusa

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A Andalusa m.i.k.a.



A Andalusa Uma publicação da Puri Productions , 2016 Textos de m.i.k.a. Foto da capa de divulgação de Ná Ozzetti



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S

in รกgua el fuego le toma.




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A

ndalusa

Mulher de véus e mais véus sob a grinalda Mesmo quando descascada Escondeirija-se Resguarda o eu só ela é e eu não sou Nega-se a geminialidade; conserva a solidão De sermos um




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A

o assobio do vendaval

Fios de aço Tom de açaí ao braço Dado o sol, face ao sal Ao madeiral talhado com as tuas formas Após descobrir que a tua teia armada no vão daquela tua árvore onde te entocavas, quando tocada pelos solfejos da nossa flauta guitarrava Harpejava o teu invento A tua melodiosa defesa O teu prodigioso sistema O teu cinema O teu tapa-luz; o teu tapa-sexo A tetéia da tua nudez




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A

ndalusa

Mulher de fina idade Idade de fia; idade de bisa Namoradeira mesmo depois dos 100 Brisa Potranca aos 80 Lisa Coice aos 60 Pitonisa E que só treme de 40 pra lá Para além de Gibraltar Onde ela também é monhé




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N

ão apenas teus guizos fazem-te sinuosa

Ou teus enguiços, curvilínea Como se o teu andar formasse uma pareja entre corpo e vestido Bailando um tango, o flamenco, um som árabe ou outra bossa nova qualquer Um pra lá e dois pra cá Contradizendo a tristeza dos desencontros




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D

esta tua língua chula e avessa à do castelo sorvi uma nota

cicada Canta elã Colante à trama da cessão de mistérios De astúcias Castelhana Das galegas de Paiva




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A

ndalusa até cá

E se me queiras mostrarei, com ternura, Árvore Só




8


Q

uem tem a Andalusa?

A madre A santa A pag茫 A impura? A reprovada nos 10 Amante plat么nica no maior dos mandamentos A banida pelos 7 E por todas as demais leis que os homens criam para medir os seus O que resta da Andalusa sob Deus? Reis, plebeus, ateus e suas gl贸rias?


A vitória Na sorte vívida e vivida de que o que gera o pecado é a Morte



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A

ndalusa

Mulher de despedidas sem passado No recato e nos rompantes de jeitos O defeito de fazer recordar Recados nĂŁo autografados Com promessas de que ĂŠ ela a paixĂŁo




10


A

Andalusa

tipo, não é folclore É fantasia, folguedo Credo, não tem estereótipo e quase nem região... É uma idéia de mulher Uma Mulher-Maravilha Uma vulgar constelação




11


A

pós a tempestade vem a bonança,

bem quereres... Sacode a tua manta da areia e das águas e conserva tal cobertor para a próxima jornada Delícia de madrugada A pão e velas, fruta-pão




12


A

ndalusa,

Perdoe-me mas há um equívoco qualquer quanto a ti: Tens fama de alma encorpada Mais ébria Menos etérea Esbate-se demasiado da tua alquimia Mais telúrica Menos tênue Ninja ibérica Rara magrebe Ainda mais elaborada quando desnuda e crua sobre os próprios lençóis


Da tua arquitetura, candelabro E ilustrĂ­ssimo lustre de velas Sombria sem praia Y ĂŠs Arrebtada



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