Ano XV | no 4 | #48 outubro, novembro e dezembro de 2012 Publicação trimestral da Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista
Dr. Adib Jatene também é nosso Ex-Ministro da Saúde recebeu o título de sócio honorário da SBHCI E mais: É hora de se proteger contra a radiação | TCT 2012 | TAVI em discussão
Palavra do Presidente
Caros colegas,
C
Chegamos ao final de mais um ano e, em nome de toda a Diretoria da SBHCI, agradeço a todos pela confiança e apoio, e desejo aos associados e seus familiares um Feliz Natal e um excelente Ano Novo
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omeçamos 2012 com o desafio de desenvolver um trabalho focado no crescimento e fortalecimento de nossa área de atuação. Após 12 meses à frente desta gestão, posso dizer que metade do caminho foi percorrido com um saldo positivo, incluindo as recentes ações da SBHCI, as quais culminaram com a recente inclusão do implante transcateter de valva aórtica (TAVI) na Classificação Brasileira Hierarquizada de Procedimentos Médicos (CBHPM), etapa importante para a incorporação desta importante modalidade terapêutica no rol de procedimentos da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Também realçamos a assinatura do convênio com o Instituto de Ensino e Pesquisa (IEP) da Associação Sanatório Sírio – Hospital do Coração (HCor) para a coordenação conjunta do Registro Nacional de Cateterismo Cardíaco e Diagnóstico Terapêutico em Cardiopatias Congênitas, um passo importante para o conhecimento da realidade nacional deste ramo da cardiologia intervencionista. Comemoramos também o parecer favorável da Comissão Mista de Especialidades – integrada pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), Associação Médica Brasileira (AMB) e Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM) – sobre a legitimação da certificação do cardiologista intervencionista pediátrico. A CNRM, depois de mais de três anos de análise, reconheceu que o treinamento em Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista deve ocorrer em dois anos, dessa forma, estabeleceu-se a isonomia entre a formação profissional no âmbito da AMB e do MEC. Destacamos o apoio do Ministério da Saúde na divulgação da Campanha Coração Alerta, importante iniciativa conduzida em parceria com a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), com o objetivo de alertar a população brasileira sobre a importância da prevenção do infarto. Desenvolvemos, ao longo do ano, ações voltadas para a atuação do cardiologista intervencionista no mercado de Saúde do Brasil, como a inclusão da proteção radiológica como um aspecto relevante dentro da práti-
ca médica, com o apoio a iniciativas como palestras didáticas e workshops práticos dirigidos aos profissionais da área em parceria com a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN). Nesta edição, os colegas poderão conferir as primeiras notícias dos preparativos para o próximo Congresso da SBHCI, que será realizado em São Paulo (SP), em parceria com a Sociedade Latino-Americana de Cardiologia Intervencionista (SOLACI). Saberão os detalhes da realização do último Curso Anual de Revisão em Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista que, neste ano, teve uma novidade: um evento específico para o Departamento de Enfermagem da SBHCI, iniciativa elogiada pelos participantes. Trazemos também informações atualizadas de estudos científicos, relatados nas últimas coberturas internacionais, diretamente dos congressos americanos do Transcatheter Cardiovascular Therapeutics (TCT) e American Heart Association (AHA) pelos nossos repórteres correspondentes; um artigo sobre a técnica de Aterectomia Rotacional na preparação das lesões para o implante de stents, e um bate-papo com o colega Gilson Soares Feitosa (BA), convidado do nosso Jogo Rápido. Os amigos terão o privilégio de conhecer um pouco da história do professor Adib Jatene (SP), a quem fizemos uma homenagem ao conceder, com muita honra, o título de sócio honorário da SBHCI, por sua brilhante contribuição para a cardiologia brasileira e mundial. Enfim, o Dr. Adib Jatene também é nosso! Chegamos ao final de mais um ano e, em nome de toda a Diretoria da SBHCI, agradeço a todos pela confiança e apoio, e desejo aos associados e seus familiares um Feliz Natal e um excelente Ano Novo. Um forte abraço,
Marcelo Queiroga Presidente
ÍNDICE
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INTERNAS
Notas e notícias da SBHCI
Campanha Coração Alerta | TAVI | Certificação | Departamento de Enfermagem | Cardiopatias Congênitas | Registro Brasileiro HOMENAGEM | ADIB JATENE
20 22
Justa homenagem
Adib Jatene recebe o título de sócio honorário da SBHCI QUALIDADE PROFISSIONAL
Hora de se proteger
Parcerias nacionais e internacionais colocam a proteção radiológica em pauta
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Expressão internacional
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CURSO DE REVISÃO 2012
Sala cheia e expectativa superada
Curso de Revisão atraiu grande grupo de jovens cardiologistas e trouxe novidades para técnicos e enfermeiros
#48 04/2012
Interesse renovado
Aterectomia rotacional vem se tornando um coadjuvante precioso na preparação das lesões para o implante de stents no Brasil REPÓRTER INTERNACIONAL | TCT 2012
A ciência por trás do sonho
Encontro anual promovido pela Cardiovascular Research Foundation reuniu milhares de profissionais em Miami REPÓRTER INTERNACIONAL | AHA 2012
Em busca da transformação da prática médica
Quais são os desafios científicos aos quais a cardiologia deve responder?
CONGRESSO SOLACI & SBHCI 2013
Preparativos para o Congresso de 2013, em São Paulo, já indicam que evento terá grande repercussão internacional
ATUALIAÇÃO CIENTÍFICA
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JOGO RÁPIDO | GILSON SOARES FEITOSA
Felicidade plena
O cardiologia soteropolitano que já foi presidente da SBHCI e SOLACI participou de um bate-papo aberto AGENDA
Nacional e internacional
Programe-se e participe dos congressos, cursos e eventos científicos
Conselho editorial | SBHCI | www.sbhci.org.br Marcelo Queiroga (PB) | presidente Pedro Alves Lemos Neto (SP) | diretor administrativo José Ary Boechat (RJ) | diretor de comunicação Luciana Constant Daher (GO) | editora Cesar Medeiros (RJ) e Breno Oliveira (SP) | coeditores Equipe técnica | take-a-coffee Comunicação Jornalista responsável | André Ciasca, mtb 31.963, andre@take-a-coffee.com Editora | Carla Ciasca, carla@take-a-coffee.com Revisão | Christina G. Domene Tradução | Ruth Gialucca Projeto gráfico e direção de arte | Vagner Simonetti Fotografia e tratamento de imagens | Gis Ciasca | www.gisciasca.com.br Impressão | Grupo Vox | www.grupovox.net Tiragem | 2.250 exemplares Circulação | em todo o território nacional
Jornal da SBHCI é uma publicação trimestral da Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista – SBHCI. Os textos assinados são de responsabilidade exclusiva de seus autores ou fontes consultadas e não refletem necessariamente a opinião da SBHCI.
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INTERNAS | NOTAS E NOTÍCIAS DA SBHCI
Foto: divulgação
CAMPANHA CORAÇÃO ALERTA
Em Brasília (DF): Pedro Lemos (SP), diretor administrativo da SBHCI; André Spadaro (SP), diretor da CENIC; Alexandre Padilha (DF), ministro da Saúde; e Marcelo Queiroga (PB), presidente da SBHCI
Apoio Federal A Campanha Coração Alerta, lançada no dia 20 de junho, em Salvador (BA), durante o XXXIV Congresso da SBHCI, recebeu o apoio do Ministério da Saúde, e passará a incorporar as logomarcas oficiais do governo federal como manifesto de incentivo às ações de prevenção do infarto agudo do miocárdio, uma das principais causas de morte no Brasil. Em agosto deste ano, a campanha foi levada por Marcelo Queiroga (PB), presidente da SBHCI, ao ministro da Saúde, Alexandre Padilha (DF), que se manifestou favorável à iniciativa e deu a chancela oficial à campanha de caráter exclusivamente educativo. “A partir deste momento, a sociedade brasileira – por meio das diversas entidades representativas – pode ajudar também”, afirma Queiroga. 4
“Sobretudo no investimento de recursos materiais para que a campanha seja difundida no Brasil inteiro.” Com o objetivo de reduzir o número de mortes por infarto em 50% no País até 2014, a campanha divulga em seu site (www.coracaoalerta.com.br) informações sobre casos reais, exemplificando que o infarto pode acontecer em diversos grupos populacionais, mesmo não sendo o grupo prevalente. A orientação é que as pessoas procurem um cardiologista ao sentir qualquer dor no peito. Outras ações como caminhadas e apoios de hospitais públicos de grande porte, como Instituto do Coração (InCor) e Dante Pazzanese de Cardiologia, estão sendo feitas no sentido de divulgar e chamar a atenção da sociedade para o problema.
O infarto pode atingir quem a gente menos espera.
INCLUSIVE VOCÊ!
Thiago, 30 anos, atleta,
INFARTADO.
80 mil pessoas: uma a cada cinco minutos. Esse é o número aproximado de mortes por infarto todos os anos no Brasil. Idosos, jovens, negros, brancos, homens e mulheres fazem parte dessa estatística, já que o infarto não escolhe raça, sexo e muito menos idade. Para alertar a população, a SBHCI e a SBC estão unidas na Campanha Coração Alerta, que visa diminuir em 50% a taxa de mortalidade por infarto no Brasil – uma meta de 100 mil vidas salvas até 2014.
Faça parte dessa luta: acesse
coracaoalerta.com.br e ajude a divulgar.
Uma campanha:
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INTERNAS | NOTAS E NOTÍCIAS DA SBHCI
Fotos: divulgação
TAVI
Comissão da SBHCI representada por Marcelo Queiroga (PB), presidente, e Tércio Sampaio Ferraz Junior, assessor jurídico, é recebida por subprocuradores-gerais da República no Ministério Público Federal, em Brasília (DF)
Implante Transcateter de Valva Aórtica:
um importante avanço No dia 22 de novembro, o subprocurador-geral da República e coordenador da 1ª Câmara de Coordenação e Revisão do Ministério Público Federal (MPF), Eitel Santiago de Brito Pereira (DF), convidou a SBHCI, representada pelo presidente Marcelo Queiroga (PB), para a primeira reunião sobre a inclusão da bioprótese para o implante transcateter de valva aórtica (TAVI) no rol de procedimentos da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Foram discutidas as especificidades técnicas e os detalhes da solicitação de reposicionamento da ANS sobre a inclusão da técnica no âmbito da saúde suplementar (rol de procedimentos). Sob a coordenação do subprocurador-geral Eitel Pereira, participaram da audiência pública diversos procuradores da República, Marcelo Queiroga e o professor Tercio Sampaio Ferraz Junior (SP), assessor jurídico da SBHCI. Foram apresentados os principais aspectos relativos à incorporação do TAVI na saúde suplementar, sobretudo detalhes do processo administrativo que já tramita na ANS, de iniciativa da SBHCI, para ter este importante método terapêutico incluído imediatamente no rol de procedimentos da Agência, antes da atualização prevista para 2014. O objetivo foi contar com o apoio do MPF nesta contenda,
TIMELINE: A SBHCI N A L U TA P E L O TAV I
junho de 2011 Publicação do Consenso Brasileiro sobre TAVI na RBCI, abordando todos os aspectos do procedimento
março de 2011 CFM publica resolução em que considera o tratamento por TAVI como uma técnica experimental
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preferencialmente no âmbito administrativo. Todavia, não está descartado que o próprio MPF impetre uma ação civil pública visando implementar este pleito. Há um amplo arcabouço jurídico suportando a petição da SBHCI; ademais, em ações individuais movidas por pacientes visando à autorização judicial para realização do TAVI, não há notícia de deliberações desfavoráveis, ou seja, usualmente, o Poder Judiciário tem determinado a realização do procedimento, inclusive em serviços públicos. O professor Tercio Sampaio Ferraz Junior elaborou um documento que explicita o conjunto de ações da Soceidade visando à incorporação da técnica no Sistema da Saúde do Brasil. Há, também, uma série de colocações acerca do papel da ANS neste contexto, sobretudo uma análise detalhada acerca da discricionariedade técnica da agência, incluindo considerações sobre a discricionariedade própria e imprópria, as quais constituem contribuições originais do ilustre jurista, desde já incorporadas à doutrina sobre o assunto. Enfim, uma excelente reunião que trouxe à tona o acesso dos idosos às terapias no sistema de saúde do Brasil, assunto este muito importante.
janeiro de 2012 CFM retira o caráter experimental da técnica e reconhece o tratamento por TAVI como eficaz e seguro
agosto de 2011 Representantes da SBHCI apresentam em plenária do CFM evidências médicas (PARTNER)
novembro de 2012 Câmara Técnica da AMB aprova a inclusão do TAVI na próxima edição da CBHPM
fevereiro de 2012 SBHCI solicita reposicionamento e inclusão do TAVI no rol de procedimentos da ANS
dezembro de 2012 SBHCI submete à CONITEC pedido de incorporação da técnica no SUS
CERTIFICAÇÃO
DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM
Presença marcante
no TCT
Por Ivanise Gomes (SP), presidente do DESBHCI; Gustavo Sacramento (SP), membro do Conselho Deliberativo do DESBHCI
Hélio Castello (SP), diretor de Qualidade Profissional da SBHCI, Alexandre Santos (SP), diretor do IC, e Rubens Covello (SP), superintendente do IQG
Qualidade
certificada A SBHCI, representada pelo diretor de Qualidade Profissional, Hélio Castello (SP), realizou a entrega do Certificado “Nível Diamante” do Programa de Qualidade Institucional para o Instituto de Cardiologia de São Paulo (IC) – Hemodinâmica do Hospital Santa Paula, no dia 8 de novembro, em São Paulo (SP). Avaliado pelo Instituto Qualisa de Gestão (IQG Health Services Accreditation), empresa certificadora de qualidade em Saúde, o IC atendeu a 100% das conformidades e exigências do Programa, tornando-se o primeiro centro a receber o selo de qualidade da SBHCI na categoria Diamante. “Após três anos na gestão do IC, montei um time de colaboradores focado em nossa missão e metas, pois uma conquista como esta não se consegue sozinho”, afirma Alexandre Santos (SP), diretor do Instituto. “Conseguimos realizar nosso ideal e trabalharemos diariamente para aprimorar cada vez mais nosso Serviço, pois esta conquista é apenas o início de um processo longo e duradouro, que tem como meta principal a segurança de nossos pacientes.”
O 21º Simpósio Anual de Enfermeiros e Tecnólogos do Transcatheter Cardiovascular Therapeutics (TCT 2012), realizado nos dias 22 e 23 de outubro, em Miami, nos Estados Unidos, abordou diversos temas da prática diária atual, tendo a medicina baseada em evidências como uma das características sobressalentes dos palestrantes. No primeiro dia do evento, foram apresentadas discussões sobre o tratamento criterioso do paciente com doença multiarterial; angioplastia com alta precoce; nefropatia induzida por contraste; identificação, manejo e prevenção de complicações vasculares. No segundo dia foi dada ênfase às novas tecnologias, como oclusão percutânea de apêndice atrial esquerdo, denervação renal, stents bioabsorvíveis; banco de dados, selos e indicadores de qualidade; e vias de acesso. Destaque para o tratamento percutâneo da valva aórtica (TAVI) e a importância da equipe multidisciplinar durante todo o período operatório. O TCT é um congresso rico em informações, e as conferências, debates e casos ao vivo ocorrem de forma simultânea. A melhor alternativa para aproveitá-lo de maneira ideal é definir os temas de seu interesse e explorar as informações disponíveis. A participação do Departamento de Enfermagem da SBHCI demonstra a preocupação com a atualização e garantia das melhores práticas, bem como sua divulgação. Estiveram presentes ao TCT: Ivanise Gomes (SP), Gustavo Cortez Sacramento (SP), Márcia Tosi (SP), Célia Benetti (SP), Érika Gondim Gurgel Ramalho Lima (CE) e Luciana Cristina Lima Correia Lima (RJ).
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INTERNAS | NOTAS E NOTÍCIAS DA SBHCI
Cardiopatias congênitas
Carlos A.C. Pedra (SP), diretor de Intervenções em Cardiopatias Congênitas da SBHCI
Um grande
REGISTRO BRASILEIRO
Representantes do HCor e da SBHCI após assinatura de importante convênio
Parceria de
passo à frente longo prazo Atendendo aos constantes esforços da SBHCI, em parceria com a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), a Comissão Mista de Especialidades – integrada pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), Associação Médica Brasileira (AMB) e Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM) – aprovou a legitimação da certificação do cardiologista intervencionista pediátrico. A medida será oficializada a partir do início de 2013, quando o CFM editará o Anexo II da Resolução nº 1634/2002, que trata do reconhecimento das especialidades médicas e áreas de atuação no País. Para a SBHCI, este reconhecimento representa um avanço significativo na área de intervenções em cardiopatias congênitas e a valorização de um profissional altamente especializado. “A partir desta publicação, teremos como oferecer segurança a estes colegas e também à própria sociedade”, afirma Marcelo Queiroga (PB), presidente da SBHCI. “As pessoas saberão que há um médico especializado, que vai tratálas com bastante segurança.” Com a oficialização, a SBHCI prepara para o próximo ano a elaboração de uma prova específica sobre conhecimentos de intervenções em cardiopatias congênitas e estruturais, a qual outorgará o Título de Especialista a estes profissionais. De acordo com Carlos A.C. Pedra (SP), diretor de Intervenções em Cardiopatias Congênitas da SBHCI, houve um grande avanço no tratamento percutâneo das cardiopatias congênitas nos últimos 15 anos. “São poucos profissionais, porém com uma grande representatividade”, afirma o diretor. “Eles serão reconhecidos dentro da SBHCI como qualquer outro associado de forma justa e legítima, sem nenhuma diferenciação.”
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A SBHCI firmou um convênio com a Associação Sanatório Sírio – Hospital do Coração (HCor) para a coordenação conjunta do Registro Nacional de Cateterismo Cardíaco e Diagnóstico Terapêutico em Cardiopatias Congênitas. O objetivo do projeto é desenvolver uma base de dados sólida com todas as informações sobre procedimentos em cardiopatias congênitas. As informações serão processadas pela SBHCI, por meio da Central Nacional de Intervenções Coronárias (CENIC), e pelo HCor, por meio do Instituto de Ensino e Pesquisa (IEP), liderado por Carlos A.C. Pedra (SP). “Este Registro vai nos mostrar a verdadeira e real experiência de como funciona o cateterismo, tanto diagnóstico quanto terapêutico, em cardiopatias congênitas no Brasil”, diz o diretor. “Isso é de suma importância para o melhor planejamento da distribuição do profissional especializado neste campo no Brasil; e também para saber como estamos em face à experiência mundial com relação a complicações etc.” A assinatura do convênio foi realizada em São Paulo (SP) e com a presença da diretoria da SBHCI, representada por Marcelo Queiroga (PB), presidente, Samuel Silva da Silva (PR), diretor de Educação Médica Continuada, Carlos A.C. Pedra (SP), diretor de Intervenções em Cardiopatias Congênitas, Alexandre Biasi (SP), médico coordenador de atividades de pesquisa do IEP/HCor, e Adib Jatene (SP), diretor-geral do HCor, que manifestou seu apoio: “Eu sempre ressaltei a importância do ensino baseado na experiência de cada serviço”, disse o professor. “Em nosso meio, nós não avaliamos a longo prazo, e precisamos começar a fazê-lo. É o que este convênio se propõe a realizar.”
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HOMENAGEM
Adib Jatene (SP) recebe o título de sócio honorário da SBHCI em cerimônia que teve a participação de Roberto Botelho (MG), Marcelo Queiroga (PB), presidente, e Samuel Silva da Silva (PR), diretor de Educação Médica Continuada
Justa homenagem Antes de ser ministro da
Saúde, Adib Jatene (SP) dirigiu instituições líderes na formação de médicos, como o Instituto Dante Pazzanese e o InCor. Sob sua direção, centenas de cardiologistas intervencionistas foram formados, o que foi preponderante para o desenvolvimento da área Por Carla Ciasca, jornalista
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N
o dia 19 de outubro, em Assembleia Extraordinária, a SBHCI outorgou o título de sócio honorário ao médico cirurgião torácico Adib Jatene (SP). “O estatuto social da SBHCI preconiza que farão jus a este título aqueles que tiverem efetivamente contribuído para o progresso e o desenvolvimento da cardiologia intervencionista no Brasil”, justifica Marcelo Queiroga (PB), presidente da SBHCI. “O professor Adib Jatene não contribuiu apenas com nossa área de atuação, mas para o desenvolvimento da medicina como um todo, como cirurgião cardiovascular brilhante, como administrador público, secretário de Saúde, ministro e, sobretudo, como médico”. Com a presença ilustre do professor Adib Jatene, a sessão foi conduzida por Roberto Vieira Botelho (MG), sócio titular da SBHCI e autor da propositura, que apresentou uma perspectiva filosófica sobre o homenageado. “A oportunidade desta legítima homenagem foi inspirada pelo atual debate sobre o conceito do heart team”, disse Botelho. “Há pelo menos meio século, o professor Jatene coordena, no Hospital do Coração (HCor), o mais duradouro heart team do qual tenho ciência, cuja produção é amplamente conhecida e respeitada.” Em seu discurso, Botelho resgatou a trajetória pessoal e profissional de Adib Domingos Jatene, fazendo referência ao médico Lineu Miziara (MG), ex-residente de cardiologia do Instituto Dante Pazzanese, que o alertou sobre o grande mestre: “Diante dele, nunca fale; ouça e guarde”. Então, ele pediu licença
“
Reconhecer o mérito do professor Adib e tê-lo como sócio honorário da SBHCI, além de ser uma honra, é até uma obrigação por todo o seu trabalho em prol da cardiologia nacional
“
Marcelo Queiroga (PB), presidente da SBHCI
e compartilhou com os presentes à sessão a brilhante história do médico brasileiro Adib Jatene, que, desde muito cedo, demonstrou sua vocação para liderança. “Ao perder o pai aos dois anos de idade, em Xapuri (AC), migrou com a família para Uberlândia (MG), numa viagem que durou dois meses”, contou. “Na cidade mineira, como não tinha idade para frequentar o colégio estadual, sua mãe iniciou sua alfabetização com um professor particular, cego de nascença.” O menino Adib passou a ler clássicos da literatura escolhidos pelo professor. Com ele, aprendeu também matemática, estabelecendo ali o início de uma estrutura de pensamento e lógica absolutamente diferenciados. Anos mais tarde, o garoto foi encaminhado para cursar engenharia, mas largou a faculdade no terceiro ano para dedicar-se à medicina preventiva. Formou-se em medicina aos 23 anos pela Universidade de São Paulo (USP), onde se especializou em cirurgia. Na década de 1950, retornou a Uberaba (MG), onde atuou como professor de Anatomia Topográfica na Faculdade de Medicina do Triângulo Mineiro. Desta época, Jatene guarda uma de suas histórias mais marcantes, que ele mesmo conta: “Eu tinha pouco mais de 30 anos quando se iniciou a cirurgia com circulação extracorpórea no mundo. Certo dia, eu estava na rua, e um agente da Volkswagen me parou e disse: ‘Doutor, estão operando com coração artificial nos Estados Unidos’. Tratava-se da primeira exposição em um simpósio. Era 1956. Então, eu disse: ‘Vamos ter de fazer isso aqui’.” Trabalhando ao lado de um mecânico que retificava motores de automóveis, Jatene construiu seu primeiro modelo de coração-pulmão artificial. “Em uma das viagens que o professor Euryclides de Jesus Zerbini (SP) fez à região, viu o que eu tinha feito e me trouxe de volta a São Paulo”, conta o cirurgião. Jatene foi trabalhar no Instituto do Coração da Faculdade de Medicina da USP, em um pequeno ambulatório da Secretaria de Estado da Saúde, que, mais tarde, levaria o nome de seu fundador: Dante Pazzanese. Na década de 1960, soube que o cardiologista americano Mason Sones estava desenvolvendo uma nova técnica: a coronariografia. Adib Jatene solicitou ao professor Dante Pazzanese que enviasse um jovem médico da instituição para aprendê-la. “Àquela época, espantado, o Dr. Dante questionou: ‘Você está me dizendo que se pode ver a artéria coronária por dentro com o indivíduo vivo?’ Respondi que sim, e ele disse: ‘chame este rapaz’.” Era o jovem J. Eduardo Sousa (SP), residente da primeira turma do Instituto
Dante Pazzanese, que foi aos Estados Unidos em busca da inovação. Isso me deu a oportunidade de fazer a primeira cirurgia de ponte de safena no País”, conta o professor. Após a primeira correção da transposição dos grandes vasos com sucesso, o cirurgião foi a uma gráfica para acelerar a relativa publicação a tempo de levá-la em mãos para o congresso do American College of Cardiology (ACC). Como não havia submetido o abstract, durante a discussão de Temas Livres, comentou sobre seus resultados. No ano seguinte, o médico brasileiro abriria os três maiores congressos de cirurgia dos Estados Unidos, recebendo impressionantes citações. Adib Jatene coleciona, ao longo de sua carreira, importantes ações em prol da medicina brasileira, muitas delas realizadas durante sua permanência no Ministério da Saúde, como a organização orçamentária do Reforsus (Reforço à Reorganização do Sistema Único de Saúde); a criação do programa de combate à Aids, em parceria com Lair Guerra de Macedo Rodrigues; o programa de saúde da família, premiado até no Japão; e a vacinação contra o sarampo. Roberto Botelho destaca a criação da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP), desenvolvida em 1996, inserindo o Brasil no ambiente das boas práticas clínicas e da harmonização internacional. Botelho encerra a homenagem citando as mais de 150 premiações internacionais que Adib Jatene já recebeu: “Desde o Líbano, de onde seu pai migrou, até a Grécia, onde foi considerado um dos sete sábios de nossa contemporaneidade”. Ao final da sessão, o professor Adib Jatene agradeceu a honraria: “Aprendi com meu professor de anatomia na Faculdade de Medicina da USP que o sucesso não se mede pelo patrimônio acumulado nem pelo prestígio social conseguido, mas pelo reconhecimento dos colegas de profissão. Por isso, tenho de agradecer muito por esta homenagem, porque isso me dá o reconhecimento dos meus colegas, a quem eu sempre respeitei. Muito obrigado”. ■
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QUALIDADE PROFISSIONAL
Ariel Duran (Uruguai), diretor da Comissão de Segurança em Radiologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Montevidéu, Lucía Viviana Canevaro (RJ), física e pesquisadora do Centro de Física Médica do Instituto de Radioproteção e Dosimetria (IRD), e Hélio Castello (SP), diretor de Qualidade Profissional da SBHCI, discutem os efeitos da radiação ionizante na cardiologia intervencionista
Hora de se proteger SBHCI firma parceria com a Agência Internacional de Energia Atômica e a Comissão Nacional de Energia Nuclear Por André Ciasca e Carla Ciasca, jornalistas
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m dos objetivos institucionais que definem a finalidade da existência da SBHCI é o de representar seus associados com qualidade, eficiência e alto valor agregado em prol da comunidade. Para isso, a SBHCI tem discutido questões voltadas para a atuação do cardiologista intervencionista no mercado de Saúde do Brasil, entre elas, a inclusão da proteção radiológica como um aspecto altamente relevante dentro das práticas da área de atuação. Embora pareça que a preocupação dos profissionais em se proteger dos efeitos da radiação seja algo natural, o que se vê nos centros médicos são erros e atitudes que denotam a falta de conhecimento técnico sobre os cuidados relativos à proteção radiológica – como a utilização incorreta dos equipamentos de proteção individual, indicando uma lacuna na formação do cardiologista intervencionista nesta área específica. De acordo com Ariel Duran (Uruguai), diretor da Comissão de Segurança em Radiologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Montevidéu, por não ter formação em
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radiação física, o cardiologista intervencionista ignora conceitos importantes por simples falta de conhecimento. “Outro fator é a comodidade: o avental de chumbo é pesado, os óculos também, trabalhar com o vidro plumbífero dificulta algumas manobras; então, às vezes, para ser mais cômodo, como o Raio-X não se vê, não tem cheiro, não tem cor, você pensa que não faz nada”, afirma Duran. “Nós podemos combater a falta de informação na faculdade ou depois, por meio de cursos; quanto à comodidade, só através do treinamento, se nos acostumarmos a utilizar estas medidas de proteção, o resultado do procedimento é igual”. Por meio de sua Diretoria de Qualidade Profissional, a SBHCI consolidou uma parceria com a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) para atuar efetivamente nos 30 Centros de Treinamento. Desta iniciativa, nasceu o projeto BRA 9056 - “Avaliação Nacional da Proteção Radiológica em Centros de Cardiologia Intervencionista no Brasil”, que visa contribuir para a otimização das doses ministradas a pacientes e
Foto: divulgação
1º Workshop Nacional sobre Proteção Radiológica em Cardiologia Intervencionista
entrevista
Sim, é urgente Lucía Viviana Canevaro (RJ), física e pesquisadora do Centro de Física Médica do Instituto de Radioproteção e Dosimetria (IRD), unidade da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), concedeu uma entrevista ao Jornal da SBHCI sobre o Projeto BRA 9056.
profissionais durante procedimentos intervencionistas. “O cardiologista intervencionista, em especial, expõe-se diariamente a riscos de contaminação, vícios de postura e, principalmente, à radiação ionizante, sendo esta última, talvez, a mais importante”, afirma Hélio Castello (SP), diretor de Qualidade Profissional da SBHCI, ressaltando a preocupação da Sociedade com a qualidade de trabalho e a segurança do médico e da enfermagem. “Acreditamos que, por meio da avaliação dos Centros de Treinamento e de palestras, cursos e workshops, conseguiremos conscientizar e multiplicar informações, melhorando a qualidade oferecida pelos serviços aos profissionais de saúde e pacientes, além de tentarmos obter benefícios adicionais pela insalubridade e periculosidade da nossa área de atuação”. O projeto BRA 9056 é parcialmente financiado pela Agência Internacional de Energia Atômica (IAEA), com a participação do Centro de Física Médica do Instituto de Radioproteção e Dosimetria (IRD), da SBHCI, e outras seis contrapartes nacionais. Entre os resultados esperados do projeto está a formalização de um banco de dados com informações dosimétricas; um banco de dados relativos ao parque tecnológico utilizado nas práticas intervencionistas; desenvolvimento de um protocolo de controle de qualidade unificado, testado e implementado; elaboração de programas de treinamento e de formação em proteção radiológica para os profissionais da área e revisão das leis e normas existentes, a fim de preparar uma proposta de normatização para apreciação do Ministério da Saúde. Primeiros passos Durante o último Congresso da SBHCI, em Salvador (BA), foi realizado o Fórum de Qualidade Profissional, com palestras ministradas por Lucía Viviana Canevaro (RJ), física e pesquisadora do Centro de Física Médica do Instituto de Radioproteção e Dosimetria (IRD); Ariel Duran (Uruguai), cardiologista intervencionista e diretor da Comissão de Segurança em Radiologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Montevidéu; e demais profissionais, abordando o tema. Entre os dias 8 e 10 de novembro, foi realizado o 1º Workshop Nacional sobre Proteção Radiológica em Cardiologia Intervencionista, no Hospital Bandeirantes, em São Paulo (SP). Promovido por meio de uma parceria entre a SBHCI, o IAEA e a CNEN, o evento foi direcionado a médicos, enfermeiros, técnicos, tecnólogos e físicos médicos que atuam em radiodiagnóstico. Os participantes tiveram aulas teóricas sobre diversos aspectos de proteção radiológica, dosimetria e controle de qualidade em cardiologia intervencionista e participaram de aulas práticas em sala de hemodinâmica, onde puderam tirar dúvidas específicas. O workshop teve a presença do físico espanhol Pedro Ortiz, do IAEA, e professores destacados na área. ■
Qual é a expectativa do projeto? O objetivo final é a otimização da proteção radiológica na área da cardiologia intervencionista. Para isso, precisamos implementar uma série de objetivos secundários, como um programa de controle de qualidade nos serviços de hemodinâmica, programas de treinamento para os profissionais de saúde que trabalham nessa área, desenvolver material didático para ser distribuído, além de fornecer alguns subsídios para os órgãos reguladores, responsáveis por elaborar recomendações e regulamentações específicas para a radiologia intervencionista em geral. Existe um prazo específico? O projeto tem uma duração de dois anos com probabilidade de ser estendido por mais dois. O foco deste projeto é dar o pontapé inicial para, depois, andar sozinho. Quais as dificuldades que podem ser encontradas neste processo no Brasil e como superá-las? As práticas são simples. Por exemplo: como se proteger? É preciso usar o avental. Mas as pessoas não usam! Então é uma questão de conscientização. Nossa ideia é nos “infiltrarmos” em todos os eventos, cursos, faculdades, centros médicos e distribuir material informativo e visual, provocando a atenção para este assunto. Por que a criação do projeto neste momento? Aqui no Brasil temos poucos grupos de física médica trabalhando na área de proteção radiológica em cardiologia intervencionista, apesar de ser uma das mais comprometidas em termos de exposição à radiação. Temos um grupo consolidado de pesquisa e experiência, e hoje estamos preparados para desenvolver este projeto, com a interação da SBHCI, que é fundamental. Foram caminhos que se cruzaram naturalmente. Este trabalho é urgente? Sim, temos visto muitos efeitos determinísticos em profissionais, como catarata e depilação das extremidades.
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CONGRESSO SOLACI & SBHCI 2013
Expressão interna A SBHCI já iniciou os preparativos para seu próximo congresso científico, em São Paulo (SP), que será realizado conjuntamente com a Sociedade Latino-Americana de Cardiologia Intervencionista (SOLACI) e confere ares de expressão global
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Por Carla Ciasca, jornalista
cidade de São Paulo (SP) vai receber, em 2013, um dos maiores eventos científicos já realizados pela SBHCI em toda a sua história. A 35ª edição do Congresso da Sociedade será realizada entre os dias 24 e 26 de julho, no Transamérica Expo Center, em parceria com a Sociedade Latino-Americana de Cardiologia Intervencionista (SOLACI) e espera receber a inscrição de mais de dois mil médicos. “É um congresso de grande importância, pois vamos agregar os colegas desde o México até a Argentina, além de técnicos e enfermeiros, que sempre contribuem com um número importante de profissionais na Jornada de Enfermagem, que ocorre simultaneamente”, afirma José Armando Mangione (SP), presidente do Congresso 2013.
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De acordo com Mangione, este congresso não tem apenas importância local na América Latina, mas também uma expressão internacional muito grande. “Médicos de todo o mundo, de centros extremamente desenvolvidos, estão muito interessados em participar de nosso evento”, ele afirma, confirmando a participação de profissionais da Columbia University (Nova York), da Cleveland Clinic, do American Collge of Cardiology e de centros europeus. “Eu considero este Congresso SOLACI & SBHCI um dos maiores eventos no cenário mundial da cardiologia intervencionista, pois, hoje, ele tem uma representatividade não apenas pelo número de participantes, mas também pelo alto nível da programação científica e pela presença dos médicos de maior destaque dentro da especialidade.”
Pela sexta vez, a cidade de São Paulo (SP) abre as portas para receber o maior evento científico nacional em hemodinâmica e cardiologia intervencionista
atenção
TEMAS LIVRES O sistema para submissão de trabalhos de Temas Livres está disponível no Portal da SBHCI a partir do dia 3 de dezembro de 2012, e o prazo de encerramento vai até o dia 4 de março de 2013. O envio dos trabalhos será feito exclusivamente por meio eletrônico. Serão aceitos trabalhos para as categorias: Intervenção em Doenças Cardiovasculares
Adquiridas;
Intervenção
em
Cardiopatias Congênitas; Intervenção em Doenças Extracardíacas; Enfermagem e Técnicos. Mais informações podem ser encontradas no site: sbhci.org.br/2013.
cional Entre os palestrantes internacionais confirmados estão Augusto Pichard, professor de medicina na Universidade George Washington Medical Center e diretor do Laboratório de Cateterismo do Washington Hospital Center, em Washington DC (Estados Unidos), e Gregg W. Stone, professor de Cardiologia e diretor de Educação e Pesquisa Cardiovascular da Columbia University Medical Center, em Nova York (Estados Unidos), considerado um dos maiores nomes da cardiologia intervencionista mundial. Outros profissionais que poderão figurar entre os renomados expoentes são Jean Fajadet e Marie-Claude Maurice, da França, além de nomes de expressão da América Latina. Os centros de transmissão ao vivo nacionais já confirmados serão o Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, o Instituto do Coração (InCor) e o Hospital Beneficência Portuguesa, centros de treinamento reconhecidamente valorizados pela formação de estagiários e novos profissionais da cardiologia intervencionista, todos localizados na cidade de São Paulo. Os inscritos no Congresso 2013 terão a oportunidade de participar do GI² - Global Summit on Innovations in Interventions, simpósio internacional realizado anualmente em São Paulo, que terá uma sessão integrada dentro da programação científica, já agendada para o dia 24 de julho, quarta-feira, no primeiro dia do evento. Ressaltando a importância global do evento, haverá o apoio dos médicos da
Columbia University, de Nova York, responsáveis pela realização de um grande evento da especialidade, o Transcatheter Cardiovascular Therapeutics (TCT). O Transamérica Expo Center, onde será realizado o Congresso, conta com tecnologia de ponta e infraestrutura que lhe conferem o título de um dos melhores centros de convenções e exposições do Brasil para a realização de eventos de grande porte e está localizado próximo a hotéis e a apenas 12 km do aeroporto de Congonhas. Todas as informações sobre opções de hospedagens, passagens e transporte podem ser obtidas no site: sbhci.org.br/2013. As inscrições para o Congresso SOLACI & SBHCI 2013 estarão abertas a partir de março. ■
Agende-se
Congresso SOLACI & SBHCI 2013
Data: 24 a 26 de julho de 2013 Local: Transamérica Expo Center Endereço: Av. Dr. Mário Villas Boas Rodrigues, 387 Santo Amaro – São Paulo/SP Inscrições: a partir de março de 2013 Informações: sbhci.org.br/2013
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CURSO DE REVISÃO 2012
Sala cheia e expectativa superada
Em nove edições, esta foi a quarta vez que o Curso de Revisão foi realizado em um evento de dois dias, mantendo a fórmula de sucesso e dinâmica dos anos anteriores
Por Carla Ciasca, jornalista
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ezenas de palestrantes de todo o Brasil estiveram presentes à nona edição do Curso Anual de Revisão em Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista 2012 da SBHCI, realizado nos dias 18 e 19 de outubro, no Sheraton São Paulo WTC Hotel, em São Paulo (SP). Foram apresentados oito módulos sobre temas básicos até os assuntos mais avançados da cardiologia intervencionista, bem como os temas relacionados ao exercício profissional da área de atuação. As aulas foram baseadas em informações com evidências científicas sólidas e aplicabilidade clínica em atividades rotineiras. “Procuramos trazer uma programação atraente, compacta, completa e dedicada à atualização de cardiologistas clínicos e intervencionistas, e também daqueles que se encontram em preparação para obtenção do Certificado de Área de Atuação em Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista”, afirma Rogério Sarmento-Leite (RS), diretor científico da SBHCI.
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De acordo com Samuel Silva da Silva (PR), diretor de Educação Médica Continuada da SBHCI, este formato do curso em dois dias tem se mostrado mais confortável para os participantes, desde que deixou de fazer parte da programação dos congressos da Sociedade, em 2008. “Esse é um processo contínuo de aperfeiçoamento, todas as mudanças são frutos de feedback”, afirma. “Os questionários respondidos ao final de cada curso sobre conteúdo, tempo e qualidade do expositor têm servido para fazer mudanças pontuais no programa”. O curso se destina à reciclagem dos cardiologistas intervencionistas, mas, sobretudo, aos médicos mais jovens e àqueles que buscam a sua certificação profissional. “São palestras de alto nível com expoentes da cardiologia intervencionista, que vão me ajudar não apenas para a prova, mas são uma importante atualização para a carreira”, disse Tulio Torres Vargas (MG), médico do Serviço de Hemodinâmica do Hospital-Es-
“Esse é um processo contínuo de aperfeiçoamento”, Samuel Silva da Silva (PR), diretor de Educação Médica Continuada da SBHCI
A Prova de Título foi aplicada a 57 candidatos; o resultado da primeira etapa sai no dia 12 de dezembro, no Portal da SBHCI
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O curso é bem elucidativo, traz temas atualizados e informações importantes para a prática diária da hemodinâmica. O grande enfoque com informações sobre estudos mais recentes é importante para esta nova geração de hemodinamicistas.
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Patrícia Silva (SP) Serviço de Hemodinâmica do Hospital Bandeirantes e do Hospital Mário Covas
cola de Itajubá, que veio a São Paulo para prestar a prova de obtenção do Certificado de Área de Atuação em Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista. No total, participaram 141 pessoas, que mantiveram a sala lotada durante todas as aulas. “Esta edição foi avaliada muito positivamente, o que denota um grande interesse em nossa área de atuação”, afirma Marcelo Queiroga (PB), presidente da SBHCI. “É uma iniciativa que certamente será mantida, priorizada e ampliada”. Ao final do Curso de Revisão, foi realizada uma Assembleia Extraordinária da SBHCI, com o objetivo de outorgar o título de sócio honorário ao professor Adib Jatene (SP) por sua efetiva contribuição para o progresso e o desenvolvimento da cardiologia intervencionista no Brasil. “Com sua competência técnica e sua integridade moral, ele serve de exemplo para as gerações atual e futura de médicos com referencial de qualidade”, afirma Queiroga. PROVA DE TÍTULO Neste ano, 57 candidatos participaram do Processo de Avaliação para Obtenção do Certificado de Atuação na Área de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista. As provas teórica e teórico-prática foram realizadas no dia 20 de outubro, no Sheraton São Paulo WTC Hotel, em São Paulo (SP). A lista dos candidatos aprovados estará disponível no Portal da SBHCI (www. sbhci.org.br) no dia 12 de dezembro de 2012. A prova prática deverá ser prestada no prazo máximo de seis meses após a publicação dos resultados.
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O curso está ótimo. São palestras de alto nível com expoentes da cardiologia intervencionista que vão me ajudar não apenas para a prova, mas são uma atualização importante para a carreira.
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Tulio Torres Vargas (MG) Serviço de Hemodinâmica do Hospital-Escola de Itajubá
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CURSO DE REVISÃO 2012
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Vou resumir em uma palavra só: esclarecedor.
Iniciativa inédita Departamento de Enfermagem realiza o 1º Curso de Revisão voltado à sua área
Layla Silva (PA) Enfermeira da Santa Casa de Jacareí, está cursando pós-graduação em cardiologia e hemodinâmica na Faculdade de Enfermagem do Hospital Albert Einstein com o objetivo de se tornar a primeira profissional de enfermagem com especialização em hemodinâmica do Estado do Pará
e se prepara para ampliar as fronteiras com a elaboração da 1ª Prova de Título no ano que vem
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ela primeira vez, a SBHCI realizou o Curso de Revisão para Enfermagem em Intervenção Cardiovascular separadamente do evento direcionado aos médicos cardiologistas. As aulas foram apresentadas nos dias 18 e 19 de outubro, no Sheraton São Paulo WTC Hotel, em São Paulo. O objetivo do encontro era propiciar aos participantes novos contatos e atualização de seus conhecimentos para que promovam a excelência no atendimento. “A ideia de realizar um curso direcionado para a enfermagem já existia há alguns anos, mas em 2012 tivemos o incentivo da diretoria da SBHCI e o empenho do departamento para sua efetiva realização”, afirma Ivanise Gomes (SP), presidente do Departamento de Enfermagem da SBHCI. “Esta prévia nos fará melhorar para o próximo ano, quando, finalmente, será realizada a Prova de Título, com foco em nossa área de atuação.” O curso teve a participação de 63 pessoas, e os destaques foram os debates promovidos pelos coordenadores dos módulos, que estimularam o público por meio de perguntas e repostas sobre os temas apresentados. “As expectativas foram superadas pelo número de participantes e interesse do público nas discussões”, diz Ivanise. O novo formato agradou os participantes, que demonstraram melhor aproveitamento das aulas focadas na área de Enfermagem, ressaltando a linguagem mais adequada à área de atuação. Outra notícia que foi bem recebida diz respeito à realização primeira Prova de Título para Enfermagem em Cardiologia Intervencionista, prevista para 2013. “Isso é muito importante, pois vai facilitar bastante o trabalho”, afirma Rafael Leme Pereira (SP), enfermeiro do Serviço de Hemodinâmica do Hospital Albert Einstein. “Este título vai abrir muitas portas, realmente só tem a acrescentar”. ■
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A importância deste curso é que agora está voltado para a enfermagem, separadamente dos médicos. É uma linguagem mais acessível, principalmente para quem não é da hemodinâmica.
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Rafael Leme Pereira (SP) Enfermeiro do serviço de Hemodinâmica do Hospital Albert Einstein
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ATUALIZAÇÃO CIENTÍFICA
Interesse
renovado
Apesar da dificuldade em comprovar com números, é possível perceber o ressurgimento da aterectomia rotacional como um coadjuvante precioso na preparação das lesões para o implante de stents no Brasil Por César Rocha Medeiros (RJ), coeditor do Jornal da SBHCI
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s dispositivos de aterectomia surgiram entre o final da década de 1980 e a metade dos anos 1990, com o intuito de retirar ou pulverizar a placa aterotrombótica, o que, baseado na teoria de que quanto maior, melhor, poderia trazer vantagens em termos de redução da reestenose. Com as repetidas falhas em demonstrar algum benefício clínico, índices de complicações elevados e o uso universalizado dos stents (os quais surgiram como um contraponto às demais técnicas de angioplastia), alguns dispositivos de aterectomia foram abandonados ou relegados a indicações muito restritas. A única exceção foi a aterectomia rotacional que, apesar de ter seu uso drasticamente reduzido na forma como se propunha, permaneceu como uma ferramenta útil no manejo de lesões calcificadas. A aterectomia rotacional consiste em um sistema de abrasão dos componentes rígidos da placa, composto por uma pequena oliva cuja superfície de contato com a lesão exibe microfragmentos de diamante. Esta oliva, ao ser impulsionada por um mecanismo semelhante a uma turbina alimentada por ar comprimido ou nitrogênio, gira em alta velocidade e permite a pulverização dos elementos fibrocálcicos da placa. Esta pulverização produz microfragmentos que são, posterior-
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mente, eliminados pelo sistema retículo-endotelial. A progressão e consequente ateroablação produzida pelo dispositivo baseia-se em dois mecanismos: o corte diferencial, que se define pela capacidade da oliva em altas rotações de afastar o material elástico e promover a abrasão somente das superfícies mais rígidas; e o deslocamento ortogonal do atrito, que explica a redução da fricção entre duas superfícies, quando uma destas está sob alta velocidade de rotação (a analogia que se faz é com a rolha de um espumante: é mais fácil retirá-la girando do que simplesmente puxando). Nestas duas décadas de utilização, poucas mudanças relevantes foram estabelecidas no dispositivo, porém ocorreram alguns ajustes técnicos significativos. A proposta inicial de ateroablação agressiva, com aquisição da maior área luminal possível somente com o aterótomo, foi abandonada, dando lugar ao conceito de modificação da placa, no qual o objetivo principal é a preparação da lesão (essencialmente a calcificada) para o implante do stent. Para isso, o que se sugere é a utilização de uma relação oliva/artéria de 0,5 ou 0,6, com avanços suaves, corridas curtas, velocidades de rotação menores, evitando-se fricção excessiva.
Divulgação
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Existe a percepção de que a aterectomia rotacional vem ressurgindo como um coadjuvante precioso na preparação das lesões para o implante de stents aqui no Brasil.
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Por César Rocha Medeiros (RJ), coeditor do Jornal da SBHCI
O interesse renovado pelo dispositivo e suas mudanças na técnica ocorrem em uma época em que stents com hastes cada vez mais delgadas e flexíveis são facilmente entregues através de vasos e lesões cada vez mais complexos; porém a preocupação com a ótima expansão e adequação dos stents nas artérias também ganha relevância, uma vez que a malaposição, fraturas e, mais recentemente, a deformação longitudinal dos stents de geração mais contemporânea estão relacionados a relatos de trombose e reestenose destas próteses. A aterectomia rotacional é o método mais adequado para transformar uma lesão calcificada e hostil ao implante de um dispositivo cada vez mais refinado como um stent em um ambiente mais receptivo. Apenas neste cenário há recomendações formais para seu uso: as diretrizes atuais para intervenções coronarianas percutâneas variam entre classe I e IIa, sempre com nível de evidência C. É improvável que sejam desenhados grandes ensaios randomizados testando a aterectomia rotacional em seu principal nicho, as lesões calcificadas, mas pequenos registros revelam que este dispositivo tem a capacidade de igualar os resultados entre lesões calcificadas previamente preparadas com as não calci-
ficadas, após o implante de stents. Outras indicações contempladas com diferentes graus de sucesso são as lesões ostiais e/ ou bifurcações e a oclusão crônica, na situação na qual nenhum dispositivo além do fio-guia é capaz de cruzar o canal recém-estabelecido. Apesar da dificuldade em comprovar com números, existe a percepção de que a aterectomia rotacional vem ressurgindo como um coadjuvante precioso na preparação das lesões para o implante de stents aqui no Brasil. Este é um movimento lento e restrito a alguns poucos centros, pois, apesar de nunca ter sido completamente abandonada, a aterectomia rotacional não fornecia volume adequado para treinamento de profissionais confortavelmente familiarizados com o método. Esta lacuna na formação dos intervencionistas já foi detectada e é objeto de um projeto que visa estabelecer profissionais e serviços de referência com o intuito de multiplicar a técnica. O “ressurgimento” da aterectomia rotacional se dá de forma oportuna, haja vista que vislumbramos, em um futuro breve, a utilização ampla de dispositivos vasculares plenamente absorvíveis, os quais já demandam mudanças consideráveis nas atuais técnicas de implante de próteses intracoronarianas. ■
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Foto: divulgação
REPÓRTER INTERNACIONAL | TCT 2012
A cidade de Miami, nos Estados Unidos, foi o palco de mais uma cobertura internacional da SBHCI entre os dias 22 e 26 de outubro de 2012, no Miami Beach Convention Center
A ciência por trás do sonho Homenagens e premiações marcaram a 24ª edição do Transcatheter Cardiovascular Therapeutics (TCT), encontro anual promovido pela Cardiovascular Research Foundation, que reuniu milhares de profissionais em Miami Por Alberto G. T. Fonseca (DF) e Rafael Cavalcante e Silva (SP)
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início do evento foi marcado por uma homenagem ao pioneiro e desbravador Geoffrey Hartzler (Estados Unidos), figura-chave no desenvolvimento da cardiologia intervencionista, que faleceu em março deste ano aos 65 anos, vítima de câncer. Hartzler foi o primeiro cardiologista a realizar uma angioplastia primária no infarto agudo do miocárdio (IAM) na Mayo Clinic, no ano de 1979. Em seguida, o renomado cardiologista intervencionista Barry D. Rutherford (Estados Unidos) recebeu o Master Operator Award pelo seu reconhecido papel em nossa área de atuação, ressaltando sua contribuição no desenvolvimento de técnicas para angioplastia direta com balão no IAM e de múltiplos vasos. O prêmio é concedido anualmente a um médico que tem avançado no campo da cardiologia intervencionista por meio da excelência técnica e inovação. No primeiro dia de evento, os late breaking trials abordaram o uso do stent MGuard no IAM e a comparação de dois stents de segunda geração no tratamento da lesão de tronco não protegido, e a análise de custo-efetividade da angioplastia guiada por fluxo fracionado de reserva do miocárdio (FFR). Foram também apresentados os dados de três anos dos pacientes “inoperáveis” do estudo PARTNER, em que se observou a manutenção do grande benefício conferido pelo tratamento percutâneo da valva aórtica. O segundo dia do encontro, marcado pelo tempo chuvoso com a aproximação do furacão Sandy à costa americana, iniciou com uma tocante homenagem à cardiologista Renu Virmani (Estados Unidos), que recebeu o Career Achivement Award 2012 em reconhecimento à sua imensurável contribuição para o campo da cardiologia intervencionista. Os late breaking trials abordaram o fechamento percutâneo do forame oval patente, com dois estudos com resultados conflitantes.
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entrevista Um importante e bem elaborado trabalho trouxe informações úteis a respeito da prevenção da nefropatia por contraste, e os resultados de um ano do estudo ADAPT-DES apresentaram dados provocativos acerca da antiagregação plaquetária em pacientes com stents farmacológicos. O último dia de congresso foi reservado aos temas mais palpitantes deste ano. Patrick Serruys (Bélgica) apresentou a palestra “A ciência por trás do sonho” sobre as plataformas vasculares bioabsorvíveis, sugerindo ser este o futuro de nossa área de atuação. Em seguida, Bruno Scheller (Alemanha) revisou a literatura disponível acerca dos balões farmacológicos, demonstrando sua utilidade no campo da cardiologia e da doença vascular periférica. Outro momento de premiação contemplou o canadense Philipe Generoux com o Young Investigator Award, pela sua brilhante, apesar de inicial, carreira no campo da cardiologia intervencionista. Entre os estudos clínicos apresentados, destaque para o ISAR DESIRE 3, no qual o balão farmacológico demonstrou um resultado animador no tratamento da reestenose de stents farmacológicos; o estudo XIMA, que demonstrou segurança e eficácia dos stents farmacológicos em pacientes octogenários; e o estudo STEMI Radial, o qual mostrou novamente a redução de sangramento com a técnica radial na intervenção coronariana percutânea primária. ■
confira no portal
Visite o Portal da SBHCI (www.sbhci.org.br) e confira apresentações dos late breaking trials.
Durante o TCT 2012, em Miami, nosso colega Expedito Ribeiro (SP), do Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (InCor/HC-FMUSP), falou a respeito do estudo MASTER. Como o senhor recebeu os resultados do estudo? Temos alguma experiência com MGuard tanto em pacientes com IAM e também em pontes de safena. Os resultados que temos são realmente bons e, para nós, não foram surpresa. A dificuldade em cruzar a lesão-alvo, vista no estudo, é encontrada frequentemente na prática diária? Não tivemos dificuldades maiores. A nova geração de stents de cobalto-cromo tem perfil melhor e vai ajudar muito a não precisar pré-dilatar. Estes resultados mudaram sua prática no tratamento do IAM? Ainda não completamente, mas o mais importante é que as seguradoras aceitem pagar esta boa opção de tratamento. Voltando a falar de pontes de safena, o custo de um stent mais um filtro de proteção distal é superior ao MGuard isolado, que “sequestra” o trombo e/ou os debris na parede da artéria.
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Fotos: divulgação
REPÓRTER INTERNACIONAL | AHA 2012
Em busca da transformação da prática médica Em meio a estudos clínicos robustos que poderão mudar a prática da medicina, fomos estimulados a questionar os desafios científicos aos quais a cardiologia deve responder Por Carlos Augusto Magalhães Campos (SP), editor do Portal da SBHCI, e José Ary Boechat (RJ), diretor de Comunicação da SBHCI
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pelidada de “Cidade dos Anjos”, a ensolarada Los Angeles (Estados Unidos) é reconhecida por sua influência mundial no comércio internacional, entretenimento, cultura, moda, esportes e… Ciência. A última cobertura internacional da SBHCI deste ano traz as novidades do American Heart Association (AHA) Sientific Sessions 2012, realizado entre os dias 3 e 7 de novembro no Los Angeles Convention Center. Esta edição do congresso americano recebeu mais de 15 mil participantes, entre cientistas e profissionais de Saúde, vindos de cerca de 100 países. Foram mais de 4.000 apresentações científicas, sendo 853 sessões e 27 late breaking trials, além de mais de 250 expositores apresentando o que há de mais recente em recursos e tecnologia da cardiologia mundial. No primeiro dia do evento, o corpo editorial do periódico Circulation revisitou os dez principais manuscritos publicados no último ano com abordagens práticas e perspectivas futuras para a prática da cardiologia. Em simpósio paralelo, a Reanimação Cardiopulmonar foi motivo de profundo debate científico com ênfase para a RCP e
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desfibrilação precoce, e também a revisão do formato dos estudos sobre o tema, buscando avaliar desfechos de longo prazo. Nas primeiras sessões dos late braking trials, os temas abordados foram intervenção coronária percutânea, antiagregação plaquetária e terapias de quelação. No dia seguinte, em sessão plenária, Stephen MacMahon (Estados Unidos), fundador e diretor do The George Institute for Global Health, fez uma leitura das principais questões que a cardiologia deve responder. Segundo o cardiologista americano, em um mundo com mais de sete bilhões de pessoas, cerca de três bilhões terão alguma cardiopatia no decorrer de sua vida; cinco bilhões não possuem acesso aos cuidados básicos para a medicina cardiovascular; e dezenas de milhões morrem todos os anos por falta de tais recursos. Em meio a estudos clínicos robustos que mudarão nossa prática médica, fomos estimulados a questionar os desafios científicos que a cardiologia deve responder para se tornar uma prática mais barata e de alcance realmente global. Os ensaios apresentados neste dia visavam abordar a cardiologia preventiva e novas estratégias para o tratamento de dislipidemias.
O último dia do Congresso era dia de decisão! O desfecho que atraía a atenção dos americanos em 6 de novembro era o resultado da corrida presidencial nos Estados Unidos. Este tema dominou as manchetes dos jornais e a incógnita alimentava as discussões e o imaginário popular, nada que ofuscasse a apresentação dos estudos voltados para a terapia celular na cardiopatia isquêmica e manejo da disfunção ventricular esquerda. Neste clima de acirrada disputa, encerrávamos nossas coberturas dos congressos internacionais no ano de 2012. Podemos afirmar que o AHA 2012 foi um congresso maiúsculo em tamanho e qualidade de dados. Os estudos aqui apresentados podem modificar a prática da cardiologia ao redor do globo. Entre as 853 seções apresentadas, 477 foram dedicadas a pesquisas originais e seis exclusivas aos late breaking trials – um recorde absoluto para a American Heart Association.
Antes de nos despedirmos, devemos reconhecer o apoio irrestrito da atual diretoria da SBHCI no esforço de manter nossos membros atualizados em tempo real com as novidades de nosso campo de atuação. Expressamos nossa gratidão a todo o corpo editorial do Portal da SBHCI – membros atuais e prévios – que se empenharam na alimentação do conteúdo dos congressos com qualidade e de forma sistemática. Esperamos que vocês aproveitem e nos vemos novamente em março do ano que vem, na 62ª edição do congresso do American College of Cardiology (ACC) 2013. ■
confira no portal
Visite o Portal da SBHCI (www.sbhci.org.br) e confira apresentações dos late breaking trials. 25
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JOGO RÁPIDO | GILSON SOARES FEITOSA
Há várias maneiras de se viver. A beleza da vida contemporânea reside, como conquista das gerações anteriores, e por conseguinte, da humanidade, numa ampla liberdade de escolha.
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Gilson Soares Feitosa (BA)
Felicidade plena Por Carla Ciasca, jornalista
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ascido na Bahia, onde se formou em medicina, Gilson Soares Feitosa especializou-se em cardiologia na Pensilvânia (Estados Unidos) e acumula experiências como presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia (1999-2001) e da Sociedade Sul-Americana de Cardiologia (2004- 2006). É diretor de Ensino e Pesquisa do Hospital Santa Izabel da Santa Casa de Misericórdia, em Salvador (BA), onde ajudou a criar o programa de residência em cardiologia em 1982, o qual coordena até hoje. Feitosa fala com orgulho da família – filhos, noras, genro e netos – que construiu ao longo de 42 anos de convivência com sua esposa Ana, a quem chama carinhosamente de sua “melhor metade”. “Deus me concedeu a graça de viver a minha vida de uma forma que eu não gostaria de mudar em nada”. Por que cardiologia? Agrada-me a natureza biofísica da propedêutica cardiológica. Quem foi o professor que mais o influenciou? Por quê? Tive a felicidade de ter contato com extraordinários professores. Na graduação, o professor Heonir Rocha. Na pós-graduação, os professores William Frankl e Lamberto Bentivoglio. Qual é a área mais promissora na medicina de hoje? Cardiologia continuará sendo a área de maior destaque por muitos anos. Oncologia e Neurologia são as áreas mais promissoras. Qual a área mais negligenciada na medicina? A área clínica, tanto de adultos como a pediátrica. Como vê o futuro dos jovens médicos no Brasil? Com grande preocupação, sob a ameaça de uma formação não rigorosa que atenda à perspectiva de ter um grande número de médicos de qualquer maneira.
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Qual sua recomendação para médicos que estão prestes a se formar? Conservem e desenvolvam o orgulho de ser médico, e tenham como essência da sua profissão servir ao ser humano como meta primordial. Qual foi sua maior conquista? A criação do programa de residência em cardiologia do Hospital Santa Izabel da Santa Casa de Misericórdia da Bahia, em 1982. Acabamos de comemorar os 30 anos deste feito. Como o senhor gosta de relaxar e passar seu tempo livre? Estudando, sem compromissos. Literatura, cinema e futebol, quando possível. Qual é o seu pior hábito? Fazer anotações taquigráficas e ilegíveis. O que o deixa inspirado e de bom humor? A prática regular de jogging. Como é um dia perfeito para o senhor? Quando as tarefas planejadas resultam bem e as que surgem inopinadamente são conduzidas de forma satisfatória, e todos ao meu alcance estão felizes. O que senhor está lendo nesse momento? “O Fundador”, de Aydano Roriz; “The Pillars of The Earth”, de Ken Follet; e “El juego del Ángel”, de Carlos Ruiz Zafon. Se o senhor escrevesse uma autobiografia, que título daria? Fui feliz e sabia! ■
AGENDA
JANEIRO dias 19 a 22 PICS & AICS 2013 - Pediatric & Adult Interventional Symposium Miami, Estados Unidos www.picsymposium.com FEVEREIRO dias 14 a 16 JIM 2013 13th Joint International Meeting Roma, Itália www.jim-vascular.com dias 17 a 22 6th World Congress Paediatric Cardiology & Cardiac Surgery Washington DC, Estados Unidos crtmeeting.org dias 23 a 26 CRT 2013 Cardiovascular Research Technologies Cidade do Cabo, África do Sul wcpccs2013.co.za MARÇO dias 9 a 11 ACC.13 62nd Annual Scientific Session & Expo Chicago, Estados Unidos accscientificsession.cardiosource.org dias 24 a 29 Interventional Cardiology 2013: 27th Annual International Symposium Colorado, Estados Unidos www.promedicacme.com ABRIL dia 3 14º Simpósio de Cardiologia Intervencionista do Rio de Janeiro Rio de Janeiro, RJ www.sohcierj.org.br dias 3 a 6 30º Congresso de Cardiologia da SOCERJ Sociedade de Cardiologia do Rio de Janeiro Rio de Janeiro, RJ www.socerj.org.br dias 11 a 13 Congresso Norteriograndense de Cardiologia Natal, RN educacao.cardiol.br/eventos
www.sbhci.org.br Rua Beira Rio, 45 – cjs. 71 e 74 – Vila Olímpia CEP 04548-050 – São Paulo – SP Fone: (11) 3849-5034
Equipe Administrativa Norma Cabral | gerência administrativa Aline Ribeiro | científico Eleni Peixinho | financeiro Kelly Peruzi | sócios Roberta Fonseca | eventos Vânia Fernandes | secretaria
dias 18 a 20 40º Congresso da Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardiovascular Florianópolis, SC www.sbccv.org.br
dias 27 a 29 CSI 2013 Congenital & Structural Interventions Frankfurt, Alemanha www.csi-congress.org
dias 18 a 20 XXV Congresso de Cardiologia do Estado da Bahia Salvador, BA educacao.cardiol.br/eventos
JULHO dias 4 a 6 XXXIII Congresso da Sociedade Mineira de Cardiologia Belo Horizonte, MG www.congressomineirodecardio.com.br
dias 25 a 27 VI Congresso Piauiense de Cardiologia Teresina PI educacao.cardiol.br/eventos dias 26 e 27 XL Congresso Paranaense de Cardiologia Curitiba, PR www.abev.com.br/paranaense2013 MAIO dias 8 a 11 SCAI 2013 The Society for Cardiovascular Angiography and Interventions - Scientific Sessions Orlando, Estados Unidos www.scai.org/SCAI2013 dias 9 a 11 XXXIII Congresso Norte-Nordeste de Cardiologia XI Congresso Maranhense de Cardiologia São Luis, (MA) educacao.cardiol.br/eventos dias 21 a 24 EuroPCR 2013 Paris Course of Revascularization Paris, França www.europcr.com dias 30 a 1º de junho XXXIV Congresso da SOCESP Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo São Paulo, SP www.socesp2013.com.br JUNHO dias 6 a 8 DEIC 2013 XII Congresso Brasileiro de Insuficiência Cardíaca Porto de Galinhas, PE www.abev.com.br/deic2013
dias 24 a 26 SOLACI@SBHCI 2013 Transamérica Expo Center São Paulo, SP www.sbhci.org.br AGOSTO dias 8 a 10 SOCERGS 2013 Congresso da Sociedade de Cardiologia do Estado do Rio Grande do Sul Gramado, RS www.socergs.org.br dias 15 a 17 XXV Congresso da Sociedade Brasileira de Cardiologia do Espírito Santo Pedra Azul, ES educacao.cardiol.br/eventos dias 31 a 4 de setembro ESC Congress 2013 Sociedade Europeia de Cardiologia Amsterdam, Holanda www.escardio.org SETEMBRO dias 14 a 17 68º Congresso Brasileiro de Cardiologia Rio de Janeiro, RJ educacao.cardiol.br/eventos dias 14 a 18 CIRSE 2013 Cardiovascular and Interventional Radiological Society of Europe Barcelona, Espanha www.cirse.org OUTUBRO dias 6 a 9 Venice Arrhythmias 2013 Veneza, Itália www.venicearrhythmias.org
Gestão 2012-2013 Presidente: Marcelo Queiroga (PB) Diretor Administrativo: Pedro Alves Lemos Neto (SP) Diretor Financeiro: Antônio Luiz Secches (SP) Diretor Científico: Rogério Sarmento-Leite (RS) Diretor de Comunicação: José Ary Boechat (RJ) Diretor de Qualidade Profissional: Hélio Castello (SP) Diretor de Educação Médica Continuada: Samuel Silva da Silva (PR) Diretor de Intervenções Extracardíacas: Antônio Carlos Neves Ferreira (MG) Diretor de Intervenções em Cardiopatias Congênitas: Carlos AC Pedra (SP) Departamento de Enfermagem Presidente: Ivanise M. G. Amorim (SP) Vice-Presidente: Jacqueline Wachleski (RS) Primeira Secretária: Maria Aparecida de Carvalho Campos (SP) Segunda Secretária: Tatiane Bellia (PR) Primeira Tesoureira: Adriana Correia de Lima (MS) Segunda Tesoureira: Rosa Maria Quinzani Almeida Mendes (MG) Coordenadora Científica: Érika Gondim Gurgel Ramalho Lima (CE) Coordenadora de Educação Continuada: Luciana Cristina Lima Correia Lima (RJ) Coordenadora de Titulação: Simone Fantin (RS)
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24 a 26 de julho, 2013
São Paulo - SP - Brasil Transamérica Expo Center Informações: (11) 3849-5034
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eventos@sbhci.org.br
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