Novembro
Mês de atividades científicas e certificação profissional
outubro a dezembro de 2010 | No 4 | Ano XIII
Publicação trimestral da Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista
Convidados que participaram do I Curso de Incentivo à Pesquisa Clínica.
Auditório lotado durante o Curso de Revisão 2010.
Um computador por candidato na Prova de Título deste ano.
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Sistema de Stent Coronário com Eluição de Everolimus
Todas as gravuras são apenas representações artísticas e não devem ser consideradas como desenhos técnicos ou fotografias.
As informações aqui contidas são SOMENTE para distribuição fora dos EUA. Verifique a situação regulatória
do dispositivo nas áreas de distribuição em que a marcação CE não é a regulamentação vigente.
Este produto destina-se ao uso por médicos ou sob a supervisão destes. Antes de sua utilização, é importante ler a bula na íntegra para conhecer as instruções para o uso, advertências e possíveis complicações associadas ao uso deste dispositivo. XIENCE V é uma marca registrada do Grupo de Empresas Abbott. TAXUS, TAXUS Express2 e TAXUS Liberté são marcas registradas da Boston Scientific ou de suas afiliadas. RESOLUTE é uma marca registrada da Medtronic. CYPHER é uma marca registrada da Johnson & Johnson.
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Para mais informações, visite o nosso site em www.XienceV.com ©2010 Abbott Laboratories. Todos os direitos reservados.
Segurança. Em primeiro lugar. Taxas de trombose de stent consistentemente baixas. Estudo após estudo. Taxas de Trombose de Stent Consistentemente Inferiores a 1% em Múltiplos Estudos de Mundo Real
Taxas de Trombose de Stent (%)
3,0%
Taxas de Trombose de Stent (ARC Def/Prov)
2,0%
1,0%
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0,79% 0,59%
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10.457 pacientes da América do Sul, América do Norte, Europa, Ásia, África e Oriente Médio
0,50%
XIENCE V EUA N=5054
SPIRIT WOMEN N=1550
XIENCE V INDIA N=990
SPIRIT V N=2663
1 Ano
1 Ano
1 Ano
2 Anos
Os resultados de diferentes estudos clínicos não são diretamente comparáveis. As informações são fornecidas apenas para fins educativos. Fonte: J. Hermiller, XIENCE V USA Registry, 1-Year Results, PCR 2010. Fonte: M.C. Morice, SPIRIT Women 1-Year Presentation, ESC 2010. Fonte: A. Seth, XIENCE V India Results, apresentado em um evento patrocinado pela AV, Set. 2010. Fonte: E. Grube, SPIRIT V 2-Year Presentation, PCR 2010.
Segurança. Em primeiro lugar. Abbott Center Central de Relacionamento com o Cliente 0800 7031050 e-mail: abbottcenter@abbott.com www.abbottbrasil.com.br
Abbott Laboratórios do Brasil Rua Michigan, 735 - Brooklin CEP: 04566-905 São Paulo - SP BRASIL
Abbott Vascular Latin America 1550 Sawgrass Corporate Parkway, Suite 220 Sunrise, FL 33323 USA
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palavra do presidente
Uma Sociedade jovem
e um futuro promissor
C
aros colegas, ao encerrarmos os trabalhos do ano de 2010, pudemos constatar que os cardiologistas intervencionistas brasileiros cumpriram com mérito sua missão científica. Durante esses doze meses foram realizados com grande entusiasmo e dedicação, de norte a sul do País, inúmeros eventos associativos de altíssimo nível, como encontros regionais, cursos de novas técnicas intervencionistas e de metodologia científica, divulgação de novos dispositivos para intervenção, e lançamentos dos medicamentos mais modernos por nossos parceiros da indústria. A Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista (SBHCI) incentivou, apoiou e esteve presente em todos esses eventos, com participação ativa de membros da Diretoria, dos conselhos e das comissões, buscando integrar a cardiologia intervencionista em todo o País. Mais uma vez, foram realizados os Programas de Educação Continuada (PECs) da SBHCI em eventos que percorreram o País, desde a cidade de Gramado (RS) até Belém (PA), sempre em clima participativo e de cordialidade, em um grande esforço concentrado para vencer os obstáculos e aprimorar a cardiologia intervencionista. Em âmbito internacional, pesquisadores e palestrantes brasileiros representaram nosso País nas reuniões científicas de grande destaque em todo o mundo. Em Belo Horizonte (MG), minha cidade natal, este foi um ano especial, em que tivemos a honra de receber os colegas e amigos de todo o Brasil nos notáveis eventos da SBHCI e da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), ampliando a integração entre os diversos departamentos, tornando 2010 um ano inesquecível
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para os mineiros. Em 2011, caminhamos com entusiasmo rumo ao sul do País. O Congresso da SBHCI será realizado em Curitiba (PR), de 8 a 10 de junho, e o Congresso da SBC, na cidade de Porto Alegre (RS), acontecerá de 16 a 19 de setembro. Sucessos garantidos! Todos esses acontecimentos científicos tiveram a cobertura jornalística de nossa experiente equipe de comunicação, que disponibilizou para os associados os destaques dos eventos no Brasil e no exterior de forma rápida e objetiva, enriquecida por entrevistas de renomados profissionais e comentários dos editores e coeditores por meio do Portal da SBHCI e do Jornal da SBHCI. Essa dedicada equipe já está estruturando e planejando o trabalho de 2011, cuja evolução nas metas e nos resultados poderemos testemunhar ao longo dos próximos meses. A Revista Brasileira de Cardiologia Invasiva (RBCI) encerra o ano cumprindo todos os objetivos editoriais programados graças ao dedicado trabalho dos editores e coeditores, que não pouparam esforços para concretizar mais quatro edições com conteúdo científico que representa o elevado nível da cardiologia intervencionista. Quero também expressar meu sincero agradecimento e reconhecimento a todos aqueles que submeteram seus artigos científicos para nossa Revista. Entendemos que o exercício da medicina assistencial exige grande esforço. E mesmo assim superamos os muitos obstáculos diários ao encontrar tempo e energia para elaborar, com precisão, os valiosos textos científicos que tornam a RBCI um importante instrumento de aprimoramento do conhecimento em nosso meio, transformando-se em um periódico de grande destaque na cardiologia brasileira. Tenho certeza de que esse esforço será recompensado e, em breve, obteremos os almejados progressos na indexação de nossa Revista. Fundada em julho de 1975, a SBHCI completou 35 anos de existência em 2010. O próximo ano será também muito especial e vamos comemorar os 35 anos da realização do primeiro e memorável congresso de hemodinâmica no Guarujá (SP), em dezembro de 1976. Nossos fundadores, com visão, otimismo, dedicação e desprendimento, deram o primeiro passo rumo a essa trajetória e nos entusiasmam e lideram até os dias atuais. A eles, expressamos a mais profunda admiração e reconhecimento. Hoje, somos uma Sociedade estruturada e reconhecida, mas ainda jovem e com um gran-
de futuro. Para isso é necessário que tenhamos a mesma dedicação que motivou os pioneiros. Tratando-se de uma Sociedade e de uma área de atuação em franco crescimento, é muito importante a dedicação e o investimento da SBHCI no jovem cardiologista intervencionista. Estamos investindo na formação profissional adequada, em boas condições de trabalho e em exemplos éticos para garantir o futuro de nossa Sociedade, perpetuando as ideias e os objetivos que nos têm norteado. Os centros de treinamento em cardiologia intervencionista se constituem no mais importante instrumento de formação do jovem profissional. No intuito de dar continuidade e suporte para o desenvolvimento desse trabalho, a SBHCI vem promovendo simpósios, aprimorando os registros de procedimentos, elaborando cursos de metodologia científica, investindo continuamente no processo de certificação e disponibilizando o acesso às revistas científicas internacionais mais conceituadas. Procurando adicionar novas conquistas ao grande trabalho realizado pelas diretorias anteriores, a atual administração da SBHCI vislumbra com otimismo o ano de 2011 e se mantém confiante no crescimento do País e no desenvolvimento das condições para o exercício de nossa profissão, procurando sempre trabalhar intensamente para o fortalecimento da cardiologia intervencionista. Confiantes no desempenho do novo governo brasileiro, intensificaremos nossos esforços para ver incorporadas as tecnologias intervencionistas mais atuais em benefício de nossos pacientes, assim como dar continuidade à luta por ajustes nos defasados honorários profissionais e promover melhorias nas condições de trabalho médico. Aos colegas da Diretoria e a todos os associados da SBHCI, agradeço o intenso e profícuo trabalho conjunto no ano de 2010, na certeza de que no próximo ano os resultados serão ainda melhores. Que o espírito de congraçamento das festas de dezembro seja o prenúncio de um ano novo de felicidade, sucesso e realizações. Em nome de toda a Diretoria da SBHCI, desejo aos associados e a seus familiares um Feliz Natal e um Ano Novo com muita paz e saúde.
Maurício de Rezende Barbosa Presidente da SBHCI
índice
CREMERS
6 Documento publicado
Minas Gerais inaugura um centro de hemodinâmica, fortalecendo a especialidade na região.
INTERNAS | notícias da sbhci
Projeto piloto 8 10 Calendário eleitoral 2011 Global Interventional Summit 11 No rigor da lei 12 A intervenção cardiovascular e o enfermeiro especialista 13 Invasão virtual 14 XX Congresso Paraense de Cardiologia Prestando contas 15 PEC em Goiânia Congresso tocantinense Simpósio catarinense giro pelo brasil
16 O grande Estado das Minas Gerais
IMPLANTE PERCUTÂNEO valvar aórtico
18 Panorama atual e Registro Brasileiro
ISTA 2010
21 Formadores de opinião ENTREVISTA | STEFAN K. JAMES
22 Intervenção por via radial ENTREVISTA | FRANS VAN DE WERF
23 Infarto agudo do miocárdio: temas novos e polêmicos Repórter SBHCI continua na cobertura dos grandes eventos internacionais.
CURSO DE REVISÃO
24 Renovando o conhecimento
PROVA DE TÍTULO
26
Inovação constante
REPÓRTER SBHCI
30 Transcatheter Cardiovascular Therapeutics 32 AHA 2010
entrevista | jacques J. Koolen
34 As novas técnicas e os últimos estudos
entrevista | maria inez pordeus gadelha
36 A saúde no Brasil
FÓRUM ANAHP
40 Um grande dilema cardio interv Há 10 anos, Costantino Costantini (PR) criava o Cardio Interv.
41 10 anos de Cardio Interv Agenda
42 Confira os próximos eventos
Coeditores do Jornal da SBHCI Conselho editorial do Jornal da SBHCI Maurício de Rezende Barbosa (MG), presidente Marcelo Cantarelli (SP), diretor administrativo Alexandre Schaan de Quadros (RS), diretor de Comunicação
Flávio Oliveira (PE) Hélio Castello (SP) João Luiz Manica (RS) Luciana Constant Daher (GO)
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crEmERS
Documento
publicado
Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio Grande do Sul debateu o uso dos stents farmacológicos em junho e, em outubro, publicou parecer sobre a discussão
Evento no Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio Grande do Sul (CREMERS) discutiu o uso dos stents farmacológicos.
O
Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio Grande do Sul (CREMERS) divulgou em outubro seu documento formal com base nas discussões promovidas durante o Fórum Adoção de Novas Tecnologias em Saúde: Stents Farmacológicos. A reunião foi realizada na sede do CREMERS em junho e contou com a participação de Jéferson Piva (RS), coordenador das Câmaras Técnicas do CREMERS, Alexandre Schaan de Quadros, diretor de Comunicação da SBHCI e coordenador do evento, Antonio Carlos Carvalho (SP), diretor de Educação Médica Continuada da SBHCI, Maurício de Rezende Barbosa (MG), presidente da SBHCI, Otávio
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Berwanger (SP) e do desembargador Jorge Perroni de Oliveira (RS), além de mais de 60 médicos presentes no auditório. O Fórum teve por objetivo promover um encontro com pessoas da mais alta qualificação para cobrir os aspectos atuais, polêmicos ou contraditórios a respeito dos stents farmacológicos. A proposição do CREMERS vai ao encontro da mais recente diretriz em hemodinâmica, publicada pela Sociedade Europeia de Cardiologia, que deverá balizar as novas diretrizes da SBHCI e da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC). “É inequívoca a superioridade dos stents farmacológicos em relação aos convencionais, e mesmo não havendo significativas reduções de
mortalidade há grande impacto na qualidade de vida”, diz Marcelo Cantarelli (SP), diretor administrativo da SBHCI. Segundo ele, a segurança a longo prazo desses dispositivos está bem documentada, tornando-se infundadas as suspeitas divulgadas em 2006 do aumento de mortalidade por trombose tardia. “Dessa forma, somos cônscios de que as razões para sua não utilização se respaldam muito mais em questões econômicas que em contraindicações clínicas”, afirma o diretor, que lança a seguinte questão: “Qual seria a história do stent farmacológico no Brasil se seu preço fosse o mesmo do convencional? Que a voz de Porto Alegre se faça ouvir em todos os rincões deste País.”
take-a-coffee.com
Ao lado, fac-símile do documento divulgado pelo CREMERS, recomendando o uso dos stents farmacológicos, assinado por Alexandre Schaan de Quadros (RS), Ceo Paranhos de Lima (RS), Luiz Carlos Bodanese (RS), Sérgio Vasconcelos Dornelles (RS) e Soraya Abunader Kalil Vinholes (RS) e referendado por sua diretoria.
Há 135 anos contribuindo com a saúde, o bem-estar e a tecnologia. Bransist Safire HC9 Slender
Heart Speed 10F
São Paulo (11) 2134.1688 • Rio de Janeiro (21) 2556.5171 Bahia (71) 3233.4176 • Rio Grande do Sul (51) 3225.9106 w w w. s h i m a d z u . c o m . b r
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internas
notícias da sbhci
Projeto piloto Primeiro curso de preparação científica, que recebeu cerca de 20 convidados formadores de opinião, visa a estimular a produção científica dos associados da SBHCI e a publicação na RBCI
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Formadores de opinião, convidados pela Diretoria da SBHCI, reservaram um dia de sua agenda para assistir às aulas de Everaldo D. Saad (SP) sobre produção de artigos científicos.
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o dia 4 de novembro, a SBHCI realizou o I Curso de Incentivo à Pesquisa Clínica, em São Paulo (SP). Idealizado pela Diretoria Administrativa em parceria com a Diretoria de Comunicação, a Diretoria de Educação Médica Continuada e a Revista Brasileira de Cardiologia Invasiva (RBCI), esse curso teve como objetivo apresentar parte do conteúdo programático que estará disponível em 2011 no site da SBHCI a um grupo de formadores de opinião com representantes dos centros de formação credenciados pela SBHCI e aos membros da Diretoria para que estes pudessem avaliá-lo, apontando oportunidades de melhorias. O curso traz, de forma bem didática e prática, importantes ensinamentos de bioestatística, banco de dados e técnica de redação científica, e deverá, além de sua versão na internet, ser levado de forma presencial a outros grupos de hemodinamicistas, visando ao estímulo à produção de artigos científicos. “Normalmente produz-se muitos estudos para os congressos e poucos deles são transformados em artigos originais para publicação”, afirma Marcelo Cantarelli (SP), diretor administrativo da SBHCI. “Com esse projeto, queremos ajudar os hemodinamicistas a transformar seu dia a dia em estudos, em conteúdo científico que possa se tornar um artigo para ser publicado na RBCI.” O médico oncologista Everardo D. Saad (SP), especialista em redação médica, pesquisa clínica e educação profissional e diretor científico da Dendrix Pesquisa Clínica, organizou o conteúdo de forma a adequar seu conhecimento para orientar os convidados sobre a prática na execução da leitura, do entendimento e da interpretação de dados, o que é fundamental na pesquisa clínica. “O fato de ser médico faz com que eu consiga transmitir esses conceitos, que não são muito fáceis, de uma maneira mais acessível e mais compreensível para os médicos”, afirma Saad. “O foco é a aplica-
O grupo que participou do primeiro curso de preparação científica tem como missão estimular os mais jovens à produção de conteúdo e artigos originais para publicação.
“
“
A gente sabe, a gente analisa, mas é preciso analisar as coisas com um pouco mais de profundidade, entender melhor trabalhos científicos. É o que esse curso nos ensina.
“
Augusto Lima Filho (MG), da Santa Casa de Misericórdia de Belo Horizonte
“
É muito importante para qualquer médico aprender a ler e fazer trabalho científico. E o mais importante nesse curso é que está sendo dado por um médico, que entende quais são nossas necessidades de conhecimento como médicos. Francisco Chamié (RJ), diretor de Intervenções em Cardiopatias Congênitas
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O curso é interessante e muito prático. Eu já enxergo a possibilidade de estender o curso para os residentes em treinamento no meu serviço. Expedito Ribeiro (SP), diretor do Serviço de Cardiologia Intervencionista do Instituto do Coração do Hospital das Clínicas
“
“
ção desses conceitos na prática, tanto para quem faz pesquisa como para quem analisa a literatura, que precisa conhecer o suficiente para poder interpretá-la.” Entendidos os métodos para análise e coleta de estatística, o professor orientou os convidados sobre como interpretar os conceitos fundamentais de estatística descritiva, exemplificando medidas de dispersão, erro padrão e intervalo de confiança, e forneceu ferramentas e dicas de como redigir um artigo científico. Para Áurea Jacob Chaves (SP), editora da RBCI, o curso atinge a proposta de orientação e formação de autores para artigos científicos. “Espero que esse curso sirva de estímulo para que mais pessoas, principalmente aquelas que não estão em grandes centros mas têm serviços de hemodinâmica com volume razoável de procedimentos, possam aprender a construir seus bancos de dados”, afirma Áurea. “O que a gente vê na Revista é que poucos participam e isso tem de crescer para poder refletir a realidade nacional.” O curso é parte da iniciativa da SBHCI em oferecer gratuitamente aos sócios ferramentas de capacitação e incentivo à produção de artigos, juntamente com a disponibilização de serviço de estatística e apoio à redação científica. Para os convidados que participaram do encontro, esse trabalho só tende a confirmar a busca pelo aperfeiçoamento da cardiologia intervencionista no Brasil. “A hemodinâmica é uma especialidade que sempre está crescendo e para crescer mais tem de ter estudo e pesquisa”, diz Guilherme Bernardi (RS), do Serviço de Hemodinâmica do Instituto de Cardiologia de Porto Alegre, ressaltando que demonstrar os dados é uma forma de crescer junto com a especialidade, visando ao benefício do paciente. Esse evento pioneiro é um marco para a SBHCI. “É preciso ter conhecimento de metodologia científica e de estatística para transmitir o resultado desse trabalho em realidades que possam ser publicadas em revistas”, afirma Maurício de Rezende Barbosa (MG), presidente da SBHCI. “A tendência é continuar e estruturar esse projeto para cada região do País, para aqueles que têm maior dedicação aos aspectos acadêmicos, e incentivar que isso seja desenvolvido em múltiplos pontos do Brasil.” A partir de janeiro, o conteúdo ampliado do curso estará disponível no Portal da SBHCI, com acesso livre a todos os sócios.
Às vezes, no dia a dia, você acaba entregando o seu banco de dados para um estatístico fazer levantamentos. Quanto mais estudos e mais trabalhos, mais importância a hemodinâmica brasileira terá no exterior. Maria Fernanda Zuliani Mauro (SP), da Equipe Dr. José Armando Mangione, do Hospital Beneficência Portuguesa de São Paulo
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internas
notícias da sbhci
Calendário
Global Interventional Summit
eleitoral 2011
E
m 2007, a SBHCI promoveu a reforma estatutária, que trouxe uma nova disciplina eleitoral para a Sociedade. Para cumprir as exigências do capítulo estatutário dedicado exclusivamente ao tema, a Diretoria da Gestão 2010-2011 informa a todos os sócios o calendário eleitoral. A última eleição, realizada em 2009, foi marcada pela introdução do processo de votação eletrônica, sistema mais ágil, rápido e seguro. O método foi aprovado pelos sócios e trouxe maior agilidade em todas as etapas do processo eleitoral. Para 2011, não haverá mudanças. A Diretoria está trabalhando para consolidar a votação eletrônica e estabelecer esse padrão de excelência em todo o pleito, que, novamente, elegerá todo o corpo diretivo da SBHCI e de suas regionais, assim como os membros dos Conselhos Deliberativo e Fiscal. Atuando em sintonia com o que ocorre na Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), a SBHCI disponibilizará aos associados a votação por meio do Portal (www.sbhci. org.br), proporcionando facilidade e segurança. O processo eleitoral tem início em março e termina somente em junho, após 14 etapas rigidamente conduzidas pela Comissão Eleitoral, composta por três membros dos Conselhos Deliberativo, Consultivo e Fiscal da Sociedade. A proclamação dos resultados será realizada na Assembleia Geral Ordinária durante o XXXIII Congresso da SBHCI em Curitiba (PR).
[Por Marco V. Wainstein (RS), diretor de Intervenções Extracardíacas]
A
2/3/2011
Constituição da Comissão Eleitoral e divulgação do edital das eleições. Observação: previsão estatutária, até 2/4/2011.
2/3/2011
Corte para verificação de adimplentes. Encerramento para inscrição das chapas. Envio da relação de votantes para a SBC (para confecção e emissão das senhas).
7/4/2011
Prazo para envio ao correio: máximo de 5 dias úteis. Observação: data da postagem, 7/4/2011.
8/4/2011
Emissão, pela Comissão Eleitoral, de parecer sobre a regularidade das chapas.
15/4/2011
Homologação, pela Diretoria, das chapas inscritas.
17/4/2011
Prazo para recurso de impugnação de candidaturas. Previsão estimada de recebimento da senha pelo associado.
21/4/2011
Divulgação e homologação do resultado do julgamento de recursos.
22/4/2011
Envio à SBC da relação de candidatos ao pleito eleitoral.
24/4/2011
Prazo para solicitação de 2a via da senha (pelo endereço eletrônico: eleicoes@sbhci.org.br).
27/4/2011
Envio à SBC de tabela com solicitação de 2a via da senha.
4/5/2011
Envio da tabela, pela SBC, à gráfica para confecção de 2a via da senha.
7/5/2011
Postagem da 2a via da senha.
2/6/2011 ELEIÇÕES
8h00: Abertura do portal para votação.
9/6/2011
8h00: Encerramento da votação. 8h10: Apuração dos resultados.
Proclamação dos Resultados: Assembleia Geral Ordinária – Congresso SBHCI 2011 – Curitiba, PR 10
* As datas foram submetidas à SBC e até o fechamento desta edição não haviam sido confirmadas
Cronograma das Eleições SBHCI/2011 Período: Junho de 2011 (Primeira Quinzena)*
Society for Cardiac Angiography and Interventions (SCAI) realizou a primeira edição do Global Interventional Summit (GIS), nos dias 22 a 24 de outubro, na cidade de Istambul, na Turquia. Com o objetivo de colocar em debate os assuntos de maior relevância da área da hemodinâmica, mais de 3 mil pessoas, de entidades do mundo todo, estiveram presentes ao evento. Representando a SBHCI, Marco V. Wainstein (RS), diretor de Intervenções Extracardíacas, foi convidado a participar de uma mesa de discussão de casos ao vivo, apresentando um tema de angioplastia renal. A presença do renomado cardiologista intervencionista Robert Bersin (Estados Unidos), destaque na área de procedimentos extracardíacos, possibilitou interessantes discussões sobre as indicações contemporâneas de stents em artérias carótidas. A oportunidade de participação de um representante da SBHCI no evento resultou em uma série de contatos importantes com Larry S. Dean (Estados Unidos), atual presidente da SCAI, e Jack Lewin (Estados Unidos), CEO do American College of Cardiology. “A oportunidade foi altamente satisfatória para estreitar os laços de fraternidade e discutir objetivos comuns às sociedades internacionais de cardiologia intervencionista”, afirma Wainstein. “A aproximação da SBHCI de entidades afins, especialmente a SCAI, é sem dúvida um dos objetivos da atual Diretoria.”
Marco V. Wainstein (RS) e Jack Lewin (Estados Unidos), CEO do American College of Cardiology.
No rigor da lei A
Comissão de Saúde Suplementar (Comsu) do Conselho Federal de Medicina (CFM) tem acompanhado o andamento do Projeto de Lei no 6964/2010, que trata dos planos e seguros privados de assistência à saúde, com foco no reajuste anual obrigatório dos honorários médicos e nos contratos entre as operadoras e seus prestadores de serviços. Atualmente, o projeto – que já foi aprovado no Senado – tramita em caráter terminativo na Câmara dos Deputados. Após essa etapa, a aprovação final dependerá ainda da apreciação da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ). Em reunião realizada em agosto de 2010, com a Associação Médica Brasileira (AMB), representantes da Comsu reafirmaram a necessidade da normatização, comparando a existência da base legal à conquista da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). De acordo com um boletim divulgado pela Comissão, em setembro, a aprovação desse projeto de lei é fundamental, uma vez que as normas da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) sobre contratualização não têm sido cumpridas pelas operadoras. A orientação da Comsu é que, em contratos firmados com operadoras de planos de saúde, os médicos devem cobrar a inserção de cláusula que garanta o reajuste dos honorários, como determina a Resolução Normativa da ANS no 71/2004.
O que diz a RN 71/2004
A Resolução Normativa no 71, de 17 de março de 2004, da ANS, estabelece os requisitos dos instrumentos jurídicos a serem firmados entre as operadoras de planos privados de assistência à saúde ou seguradoras especializadas em saúde e profissionais de saúde ou pessoas jurídicas que prestam serviços em consultórios. O documento determina a inserção de cláusula com critérios para reajuste de honorários, com clareza e precisão, contendo forma e periodicidade. Tendo em vista que essa prática não tem sido executada, a Comsu encaminhou comunicado às entidades estaduais para orientar que não deixem de utilizar essa Resolução nas negociações com os planos de saúde. A AMB orienta que “os profissionais não podem determinar os critérios de reajuste, mas podem garantir que as operadoras os especifiquem”.
Confiança baseada em Evidências
Stent Coronário com Biolimus A9 e Polímero Absor vível
T romb b ose Intrr asten nt
%
24,6 23,0
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SPE
SEB
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8,5 8,0 NOBORI
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SES SEP SEZ
BA9 com PLA é licenciado pela Biosensors International Group Ltd. para TERUMO CORPORATION
Reestenoss e e RLA A
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2.211 pacientes
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SEB
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SES
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SEP
SEZ
SPE
SEB
SEE
0,6%
*p<0,05 para SEZ, SPE. SEB - Stent Eluidor de Biolimus A9 SES - Stent Eluidor de Sirolimus SEP - Stent Eluidor de Paclitaxel SEZ - Stent Eluidor de Zotarolimus SEE - Stent Eluidor de Everolimus SPE - Stent com Células Progenitoras Endoteliais
TSA TTA
0,5% NOBORI
•Diabéticos
1.481 pacientes, 2.507 lesões
TSA - Trombose Subaguda TTA - Trombose Tardia Angiográfica gráfica ã Al RLA - Revascularização da Lesão-Alvo.
Fonte: TCT 2009 - Nakamura, S. New Tokyo Hospital Registry from 2002 to 2007. Dados em Arquivo
www.terumo.com.br
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internas
notícias da sbhci
A intervenção cardiovascular e o enfermeiro especialista
Enfermeiros e técnicos interessados em aprimoramento profissional lotaram a sala reservada para a categoria no XXXII Congresso da SBHCI. [Por Ivanise Gomes, presidente do Departamento de Enfermagem da SBHCI]
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O
enfermeiro com formação generalista possui conhecimento fundamental para o exercício de sua profissão. Esse conhecimento não é suficiente perante as transformações e inovações na área da saúde e da enfermagem. Considerando a complexidade do processo de tratamento e os avanços tecnológicos, são necessários domínio técnico, habilidades e conhecimentos cada vez mais específicos e que não são contemplados, em sua maioria, nos cursos de graduação. As habilitações e especializações não pretendem fragmentar o saber e a visão holística do paciente, mas sim estabelecer um ponto de equilíbrio entre o atendimento especializado, a produção científica, as exigências dos usuários e dos serviços de saúde, e a qualidade da assistência prestada. A atuação do enfermeiro nas áreas de cardiologia intervencionista, cardiopatias congê-
nitas, eletrofisiologia invasiva, neurorradiologia intervencionista e radiologia vascular intervencionista é uma realidade em nosso País; no entanto, vale a pena salientar a necessidade de capacitação desse profissional. A Resolução 290/2004 do Conselho Federal de Enfermagem (COFEN) fixa, dentre outras, a hemodinâmica como especialidade de enfermagem, mas no Brasil há uma carência de instituições que promovam cursos de especialização nessa área. O Departamento de Enfermagem da SBHCI está finalizando os trâmites para chancela da Academia Brasileira de Especialistas em Enfermagem (ABESE) e abertura da Associação de Enfermagem em Hemodinâmica e, dessa forma, proporcionar a titulação de enfermeiro especialista em hemodinâmica a partir de 2011. Essa conquista firmará a atuação e a capacitação do enfermeiro nas áreas de atuação da intervenção cardiovascular.
Invasão virtual Carlos A. Campos (MG), coeditor do Portal da SBHCI e um dos responsáveis pela presença da Sociedade nas redes e mídias sociais.
E
m outubro de 2009, a SBHCI avançou ainda mais no mundo virtual e passou a se comunicar com sócios e interessados em hemodinâmica por meio das mídias sociais. No Twitter, microblog que permite aos usuários publicarem textos com até 140 caracteres além de imagens e transmissões ao vivo, a Sociedade estreou promovendo a cobertura em tempo real do congresso da American Heart Association (AHA). A inovação atraiu a atenção, principalmente, dos médicos mais jovens e também da organização do congresso americano, que elogiou o trabalho realizado pela equipe de conteúdo do Portal da SBHCI. “Atualmente, temos 175 seguidores”, afirma Carlos A. Campos (MG), responsável pela administração da conta do Twitter em parceria com Guilherme Attizza-
ni (SP), editor do Portal. “Destes, 42 são de fora do Brasil, com destaque para AHA (@AHAmeetings e @AHAScience), Sociedade Espanhola de Cardiologia (@secardiologia), Sociedade Latino-Americana de Cardiologia Intervencionista (@Solaci11) e Cardiosource (@cardiosource_br).” No Facebook, site de relacionamento semelhante ao Orkut e que vem reunindo grupos e comunidades de interesse comum, a participação da SBHCI foi intensificada a partir da cobertura do Congresso Europeu de Cardiologia (ESC 2010). A comunidade da SBHCI reúne atualmente 71 pessoas de todo o Brasil, e tende a crescer. “Além das coberturas de congressos, temos atualizações diárias em ambas as redes sociais com as mais recentes notícias sobre cardiologia”, afirma Campos. “Entre elas, destacamos as publicações da Revista Brasileira de Cardiologia Invasiva (RBCI), links para o Portal da SBHCI, acesso a slides dos mais recentes trials e manchetes de interesse cardiovascular.”
Como usar: twitter Twitter é um microblog que reúne milhões de pessoas do mundo todo. Ao criar sua conta, é possível ler as publicações de outros usuários, tornando-se “seguidor” dessas pessoas ou entidades. Cada usuário é identificado pelo sinal @ seguido de seu nome de usuário. Passo-a-passo: 1) Acesse o site do microblog: www.twitter.com. 2) Clique no link Sign Up. 3) Preencha o cadastro e, ao finalizar, clique em Create my account. 4) Sua conta estará criada. Para publicar seus textos de 140 caracteres, basta escrevê-los no campo no alto da página. 5) Para ler as publicações de outros, clique sobre as palavras Find people, no alto da página. Surgirá uma tela de pesquisa, onde poderá digitar um nome ou palavra, como SBHCI. Para seguir e acompanhar as publicações do usuário encontrado, clique sobre o ícone [+ follow].
facebook Facebook é um site de relacionamentos semelhante ao Orkut, onde é possível reunir amigos e conhecidos, com quem se pode trocar mensagens e se relacionar. Atualmente, esse é um dos sites de relacionamento mais populares do mundo. Empresas e instituições têm mantido presença nesse espaço virtual para se aproximar de seus públicos de interesse. Aparentemente, seu uso é pouco mais complicado que o Twitter e o Orkut. Mas nada que o uso regular não ensine. Para fazer parte dessa comunidade virtual, entre no site www. facebook.com, preencha o cadastro da página inicial e navegue pelos passos automáticos que o sistema apresentará em sua tela.
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internas
notícias da sbhci
XX Congresso Paraense de Cardiologia
Congresso Paraense de Cardiologia reuniu cerca de 400 médicos e teve participação de diretores da SBHCI.
C
ardiologistas do Pará estiveram reunidos de 20 a 22 de outubro para o XX Congresso Paraense de Cardiologia. Em paralelo a esse evento principal, Luiz Alberto Rolla Maneschy (PA) coordenou o 2o Simpósio de Cardiologia Intervencionista para Clínicos. A convite da organização, Maurício de Rezende Barbosa (MG), presidente da SBHCI, e Wilson Pimentel (SP) par-
ticiparam das aulas, das discussões e da transmissão de dois casos ao vivo realizados na sala de procedimentos do Hospital Guadalupe por Wilson Alfaia (PA) e Alex D’Albuquerque (PA). O Congresso Paraense reuniu cerca de 400 cardiologistas. Já o Simpósio contou com a participação de cerca de 120 pessoas, número considerado de alto padrão para um evento regional em que
os profissionais precisam se deslocar de distâncias consideráveis. De acordo com Maneschy, o Simpósio deve crescer já no próximo ano. “Queremos receber clínicos de outros Estados da nossa região”, afirma Maneschy. “A ideia é trazer alguns colegas de Manaus (AM) e São Luís (MA) para promover um evento maior, com participação, inclusive, de pelo menos um convidado internacional.”
Prestando contas A o longo de todo o ano de 2010, a Diretoria da SBHCI tentou, por inúmeras vezes, fazer contato com representantes do Ministério da Saúde para tratar de assuntos relevantes, pertinentes e até urgentes para nossa especialidade. Foi o caso do andamento da análise de incorporação dos stents farmacológicos, dos oclusores de comunicação interatrial e do ultrasson intracoronário pelo Sistema Único de Saúde (SUS), solicitações ainda da gestão da Diretoria anterior. Insatisfeita com a falta de respostas, a atual Diretoria questionou o Ministério. Nos
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últimos dias de novembro, chegou à sede da SBHCI uma correspondência oficial do Ministério da Saúde informando que a falta de retorno foi ocasionada porque 2010 foi um ano incomum, com eventos que atrapalharam o fluxo normal das demandas internas do órgão público, como o período de eleições e a substituição de integrantes do departamento. A Diretoria da SBHCI manter-se-á persitente e ativa em suas cobranças e solicitações ao Ministério da Saúde em 2011, na expectativa de que o órgão federal nos atenda com eficiência e eficácia.
PEC em Goiânia
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Programa de Educação Médica Continuada (PEC) da SBHCI passou por Goiânia (GO) no dia 15 de outubro. Durante duas horas, nove cardiologistas intervencionistas debateram os três casos clínicos apresentados por Fabricio Ribeiro Las Casas (GO), Hernando Eduardo Nazzeta (GO) e Gustavo Carvalho (GO). Fausto Feres (SP) apresentou a palestra que tratou dos aspectos atuais do tratamento da lesão de tronco de coronária esquerda não protegido, Marcelo Queiroga Lopes (PB) falou da intervenção coronária em pacientes multiarteriais em debate, José Antonio Marin-Neto (SP) tratou de intervenção percutânea em pacientes com síndromes coronária agudas sem supra de ST e Dimytri Alexandre de Alvim Siqueira (SP) apresentou aula sobre implante percutâneo de válvula aórtica: seleção de pacientes e resultados.
Simpósio catarinense A
cidade de Joinville (SC) recebeu, entre os dias 22 e 23 de outubro, dezenas de cardiologistas inscritos no III Simpósio de Intervenção Cardiovascular Percutânea. Realizado pelo Departamento de Cardiologia da Sociedade Joinvillense de Medicina, o evento teve a participação de importantes nomes da hemodinâmica, representando a SBHCI e os principais serviços de São Paulo (SP), Porto Alegre (RS) e Curitiba (PR). Entre os professores convidados estavam Alexandre Schaan de Quadros (RS), diretor de Comunicação da SBHCI, Rogério Sarmento-Leite (RS), do Instituto de Cardiologia de Porto Alegre, José Ribamar (SP), do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, e Miguel Rati (RJ), dos hospitais da Rede D’Or. Foram discutidos diversos aspectos atuais da especialidade, como implante percutâneo de válvula aórtica, atualização em stents farmacológicos e tratamento das síndromes isquêmicas agudas.
Congresso tocantinense
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m meados de outubro, Maurício de Rezende Barbosa (MG), presidente da SBHCI, foi ao Tocantins para duas missões simultâneas. A primeira, conhecer a movimentação e as atividades dos hemodinamicistas do Estado. A segunda, representar a Sociedade no III Congresso Tocantinense de Cardiologia. O presidente foi convidado para dar duas aulas no evento, que foi realizado entre os dias 21 e 23 de outubro na cidade de Palmas. Ibsen Suetônio Trindade (TO) abordou o primeiro tema diretamente relacionado à hemodinâmica ao falar das indicações da intervenção coronária percutânea primária e sobre como preparar o paciente para o transporte. Barbosa apresentou duas aulas, uma sobre o tratamento intervencionista na síndrome coronária aguda sem supra de ST e outra, sobre abordagem da doença arterial coronária crônica. Antonio Lagoeira Jorge (RJ) encerrou a participação dos hemodinamicistas com uma aula sobre abordagem terapêutica e intervenção na doença arterial coronária aguda.
Da esquerda para a direita, Edilson Roma (SC), Bruno Migueletto (SC), Alberto Cury (SC) e Dimitri Zappi (SC).
Público interessado e participativo no III Simpósio de Intervenção Cardiovascular Percutânea do Departamento de Cardiologia da Sociedade Joinvillense de Medicina.
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giro pelo brasil
O grande Estado das Minas Gerais
A Associação Mineira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista é um grande exemplo de como desenvolver a força dos profissionais de cada região em benefício da especialidade, dos médicos e dos pacientes [Por Luciana Daher (GO), coeditora]
Antônio Carlos Neves Ferreira (MG), presidente da Associação Mineira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista.
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ede do XXXII Congresso da SBHCI em julho de 2010, Minas Gerais é o segundo Estado mais populoso do Brasil, com população estimada em 20 milhões de habitantes (IBGE 2009) e distribuída em 853 cidades, sendo a Unidade da Federação com maior número de municípios. Segundo dados de 2009 da Central Nacional de Intervenções Cardiovasculares (CENIC), na Região Sudeste são realizados aproximadamente 11 mil procedimentos intervencionistas a cada ano, o que correspon-
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de a 64% dos procedimentos realizados em todo o País. Diante desse panorama, surgiu, no final dos anos 1990, o desafio de integrar os médicos da cardiologia intervencionista do Estado e, para tanto, foi fundada a Associação Mineira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista (AMHCI). Antônio Carlos Neves Ferreira (MG), atual presidente da AMHCI, ressalta que, desde sua criação, a regional obteve crescimento espantoso, contando hoje com 90 sócios de todas as regiões do Estado. Só na Grande Belo Horizonte (MG) existem cerca de 20 serviços de hemodinâmica, além de contar com laboratórios de hemodinâmica em mais 22 cidades do interior do Estado mineiro. O presidente da AMHCI afirma que a regional é hoje uma associação sólida e coesa, tendo como principal objetivo a uniformização do conhecimento e o fortalecimento da área de atuação, o que se torna um desafio em um Estado com extensão territorial de 586.528,293 km2, equivalente à de um país como a França. Para alcançar esse objetivo, a AMHCI realiza dois eventos oficiais por ano, além de colaborar na organização de outros eventos pelo Estado. Sempre no mês de abril acontece, em Belo Horizonte, o Simpósio de Atualização em Intervenção Cardiovascular, com o objetivo de difundir os conhecimentos gerados na especialidade para cardiologistas clínicos, residentes e acadêmicos de medicina de todo o Estado. Em 2010, o simpósio contou com um público expressivo de cerca de 500 pessoas e promoveu um curso básico de hemodinâmica e cardiologia intervencionista pré-evento, nos moldes do Programa de Educação Continuada da SBHCI. “O evento contou com a presença de J. Edu-
ardo Sousa (SP), Amanda G. M. R. Sousa (SP) e Costantino Costantini (PR), além de convidados de outros Estados”, afirma Ferreira, que também destaca uma novidade para o próximo simpósio, a ser realizado nos dias 8 e 9 de abril de 2011. Trata-se do 1o Simpósio de Enfermagem em Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista. O segundo evento oficial da AMHCI é a menina dos olhos da Associação. “É uma reunião de confraternização que ocorre ao final de cada ano, sendo a última realizada entre os dias 5 e 7 de novembro no Grande Hotel e Termas de Araxá (MG). “O principal intuito desse encontro é discutir assuntos não-médicos da especialidade e estreitar os laços de amizade e de luta pelos nossos objetivos, para uma contínua melhoria de nossa área de atuação como homens, médicos e colegas de profissão, mesmo que eventualmente concorrentes”, afirma Ferreira. Durante o encontro, são realizadas uma reunião plenária com os médicos associados e uma reunião com os representantes da indústria, em que são apresentados novos materiais e tecnologias, o que permite acesso técnico e científico a todos os membros da Associação. O presidente da AMHCI afirma que esses encontros permitiram a criação de uma associação forte e essa força é sentida, por exemplo, na unificação das demandas com as operadoras de saúde. A AMHCI conta ainda com uma página oficial na internet (www.amhci.com.br), onde estão disponíveis a programação oficial da regional, casos clínicos editados, aulas dos simpósios, artigos e outros materiais. O site é atualizado constantemente por um grupo de médicos sócios da instituição, com o intuito de fazer dele a “porta da AMHCI para o mundo”.
O “caçula” entre os mineiros O Estado de Minas Gerais conta com serviços de hemodinâmica e cardiologia intervencionista em 28 cidades. Um deles foi inaugurado no segundo semestre de 2010, na cidade de Ouro Branco, a 100 km de Belo Horizonte. Apesar de existir há 25 anos, o hospital da Fundação Ouro Branco só inaugurou seu Centro de Hemodinâmica no último dia 26 de agosto. De acordo com Rogério de Moraes Grandin (MG), diretor presidente e diretor administrativo e financeiro da Fundação Ouro Branco, o Centro consolida o momento de expansão e modernização da entidade. “Este será o maior e mais bem equipado Centro de Hemodinâmica da região, com capacidade instalada para até 290 procedimentos por mês, entre cateterismos e angioplastias”, afirma Grandin. “O Centro de Hemodinâmica reforça nossos objetivos de aumentar a complexidade e reduzir o deslocamento de pacientes a grandes centros.” Até a inauguração do Centro, a população da região buscava referência em Belo Horizonte e Barbacena. O responsável pelo Centro será Luciano de Lucca (MG), intervencionista do Hospital Vila da Serra, em Nova Lima, do Hospital das Clínicas da
Universidade Federal de Minas Gerais, em Belo Horizonte, e do Biocor, também em Nova Lima, que trabalhará com uma equipe composta por colegas do Biocor e do Hospital das Clínicas. Centro recém-inaugurado na cidade de Ouro Branco, em Minas Gerais.
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implante percutâneo valvar aórtico
Panorama atual e
Registro Brasileiro O Brasil já tem quatro instituições certificadas para o implante percutâneo valvar aórtico com o dispositivo CoreValve® e o Registro Brasileiro está pronto para iniciar [Por João Luiz Manica (RS), coeditor, e Alexandre Schaan de Quadros (RS), diretor de Comunicação]
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Q
uase três anos após o primeiro implante percutâneo de prótese valvar aórtica realizado no Brasil, a técnica deixa de ser uma incógnita e passa a figurar como um procedimento efetivo e com resultados favoráveis, como o aumento de sobrevida em pacientes de alto risco. Após a recente publicação do estudo PARTNER, no qual o procedimento foi associado a uma diminuição absoluta de 20% de mortalidade em pacientes com contraindicação para cirurgia convencional, o implante percutâneo valvular aórtico deverá consolidar-se no arsenal terapêutico do cardiologista intervencionista. Até o momento, já foram realizados quase 30 mil casos em todo o mundo. Os primeiros casos no Brasil foram conduzidos por Fábio Sândoli de Brito Jr. (SP), diretor científico da SBHCI, e Marco Antonio Perin (SP), em janeiro de 2008, no Hospital Albert Einstein, em São Paulo (SP), sob a supervisão de Eberhard Grube (SP), um dos precursores mundiais da técnica e proctor da companhia (Medtronic/CoreValve®). Pouco tempo depois, o Instituto de Cardiologia do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre (RS), sob a liderança de Rogério Sarmento-Leite (RS), tornou-se a segunda instituição brasileira e a terceira na América do Sul a realizar esse procedimento. Outros centros no Brasil ingressaram no programa, com destaque para o Hospital Pró-Cardíaco, no Rio de Janeiro (RJ), sob a coordenação de Luiz Antônio Carvalho (RJ), e para o Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia e o Hospital do Coração, em São Paulo (SP), comandado por J. Eduardo Sousa (SP). Atualmente, apenas esses quatro centros de serviços
possuem certificação para a realização desse procedimento no Brasil, o que significa que a técnica pode ser realizada de forma autônoma, independente e sem a presença obrigatória de um proctor. Até o momento, já foram realizados mais de 150 implantes no País. O dispositivo CoreValve® é uma endoprótese autoexpansível de nitinol, que já está na terceira geração. Hoje a prótese tem o menor perfil do mercado e se mostra bastante versátil. Entretanto, algumas limitações ainda precisam ser superadas. Além de tecnicamente complexo, o implante percutâneo valvar aórtico demanda sólida estrutura hospitalar e a formação de uma equipe multidisciplinar que deve atuar de forma conjunta desde a fase de seleção dos pacientes até seu seguimento. Com a demanda assistencial e o número crescente de casos, é iminente que novas instituições sejam certificadas e a experiência nacional se torne mais robusta. Sob esse cenário, a SBHCI dá início ao Registro Brasileiro de Implante Percutâneo, dirigido por Brito Jr., com o objetivo de reunir os resultados de implantes realizados no País e ter uma experiência significativa. “A partir do momento em que um centro tiver três casos, será convidado a participar do Registro”, afirma Brito Jr. O processo está na fase final de construção do Certificado de Registro de Fornecedor (CRF), que é a reunião dos dados dos pacientes. A próxima etapa é iniciar a inclusão dos pacientes, prevista para o início de 2011. “O plano é incluir 200 pacientes no Registro e fazer o acompanhamento nos dois anos subsequentes para saber efetivamente qual é o resultado desse tipo de procedimento no Brasil”, afirma o diretor científico da SBHCI.
Ponto de vista
Convidamos os representantes das quatro instituições líderes do País para falar sobre suas experiências, panorama atual, perspectivas futuras e expectativas com o início do Registro Brasileiro do Implante Percutâneo
Fábio Sândoli de Brito Jr. Hospital Albert Einstein – São Paulo (SP)
“O Hospital Albert Einstein foi o pioneiro no Brasil a realizar a técnica, em 2008. Nestes dois anos, tivemos de educar os cardiologistas clínicos para que soubessem que esse procedimento existe e passassem a indicá-lo. Passamos a oferecer como alternativa de tratamento menos invasiva para pacientes muito idosos e com comorbidades, que já foram operados do coração, com insuficiência renal, insuficiência pulmonar grave, doentes de altíssimo risco para o tratamento cirúrgico. Temos um estudo divulgado recentemente demonstrando que esses pacientes vivem mais se forem tratados com esse tipo de procedimento. Como está na fase inicial, existe muito para melhorar. Os cateteres em que as próteses vêm montadas estão melhorando, mas ainda existem alguns problemas, como seu calibre, que pode dificultar a realização do procedimento totalmente percutâneo. Há aspectos técnicos como a melhoria do próprio dispositivo ou na construção do sistema da própria válvula, que podem melhorar os resultados do procedimento e torná-lo mais fácil. Hoje, alguns procedimentos
não podem ser realizados pela via percutânea, em pacientes com doença valvular periférica grave. Quando tivermos essa experiência de longo prazo, e esses cateteres forem melhorando ao longo do tempo, vai ser possível expandir as indicações e fazer também em pacientes que não são de alto risco cirúrgico.”
Rogério Sarmento-Leite Instituto de Cardiologia do Rio Grande do Sul – Porto Alegre (RS) “Desde o início tivemos suporte irrestrito da direção do hospital. Criamos uma equipe multidisciplinar composta por médicos, enfermeiros e pessoal administrativo. Existem funções pré-definidas e uma profunda integração entre a equipe com clínicos, intervencionistas e cirurgiões participando do processo decisório e assistencial. O preparo de cada caso é meticuloso e sempre discutido à exaustão e a execução segue rotinas pré-definidas. Já existem disponíveis em nosso meio simuladores que permitem maior familiaridade com o dispositivo e com a técnica de implante. O maior desafio será tornar a prótese totalmente reposicionável. Isso irá melhorar ainda mais os resultados e minimizar o risco de um mau posicionamento. Obviamente que o custo também é uma questão que merece destaque, já que nos dias atuais o elevado preço ainda inviabiliza alguns casos. Essa ainda é uma técnica reservada e indicada para pacientes com risco cirúrgico alto ou proibitivo. Nesse cenário já existem evidências consistentes de seus benefícios e vantagens. A extrapolação para grupos de menor risco ainda carece de
Da esquerda para a direita, Rogério Sarmento-Leite (RS), Paulo Roberto Prates (RS) e Alexandre Schaan de Quadros (RS).
evidências mais sólidas. Contudo, considerando o desempenho já observado dos atuais dispositivos, tecnologia disponível e em desenvolvimento, a velocidade da evolução da cardiologia moderna e a tendência de se optar sempre por abordagens menos invasivas, permito-me apostar que no futuro essa será a estratégia preferencial no tratamento da estenose aórtica.”
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implante percutâneo valvar aórtico
J. Eduardo Sousa
Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia – São Paulo (SP) Hospital do Coração da Associação do Sanatório Sírio – São Paulo (SP) “É uma técnica que precisa ter a participação de várias áreas da cardiologia. No Instituto Dante Pazzanese e no Hospital do Coração, nós temos um grupo de 5 intervencionistas, trabalhamos até o momento juntos em todos os casos, temos anestesistas específicos para trabalhar nos dois hospitais, temos ecocardiografistas e colegas que realizam a tomografia de coronárias e analisam os casos em conjunto para aperfeiçoar os métodos de quantificação dos dados. A enfermagem também precisa tomar conhecimento porque é interessante que se acostume com essa nova técnica, uma vez que todas têm larga experiência com intervenção coronária percutânea, mas essa é uma tecnologia nova. O cirurgião é importante e deve participar das discussões dos casos e da realização dos procedimentos. A via que nós utilizamos é a femoral, e em alguns casos a abordagem foi realizada por dissecção pelo cirurgião. As discussões dos casos são interessantes porque todos participam, um pouco diferente do que se faz com os outros procedimentos de angioplastia coronária. Um dos maiores aprendizados é saber qual caso deve-se fazer. No início de nossa experiência, perdemos doentes por complicações vasculares, complicações pulmonares e por problemas de insuficiência renal, principalmente nos 15 primeiros casos. Já nos últimos 23 casos, nós trabalhamos com doentes graves e a mortalidade menor. O que mudou? O conhecimento, o amadurecimento da experiência técnica que é extremamente importante.”
Luiz Antônio Carvalho
Hospital Pró-Cardíaco – Rio de Janeiro (RJ) “Nós começamos a trabalhar efetivamente com os implantes em agosto de 2009 e levamos um período de quatro meses para estruturar nossos serviços. Um de nossos assistentes foi à Alemanha e, enquanto isso, criamos um grupo com cirurgião cardíaco, anestesista e treinamento da enfermagem. Tivemos o programa de treinamento inicial com Eberhard Grube (SP), proctor da técnica no País. A técnica hoje já está em um estágio bem mais maduro, temos uma noção precisa de onde se aplica efetivamente o procedimento e a forma como realizá-lo. As limitações são fundamentalmente de ordem técnica, alguns pacientes não apresentam acesso adequado, então são necessárias uma estruturação perfeita do time , uma excelente qualidade de imagem radiológica de sala e uma seleção perfeita
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dos pacientes. Isso é o que garante um índice de complicações muito baixo. Se você avança com pacientes limítrofes, que as indicações podem não ser tão precisas, seguramente o índice de complicações será maior. A melhor forma de educar médicos e pacientes é, primeiramente, com a publicação dos resultados. Por isso o Registro Brasileiro é fundamental, para que possamos demonstrar claramente onde a técnica melhor se aplica. Além disso, temos de participar de todos os programas de educação continuada da SBHCI, ter sempre um espaço para se discutir as indicações e os resultados do implante percutâneo de válvula. Hoje, já existem evidências na literatura de que esse é o procedimento de escolha para os pacientes que não podem ser submetidos à cirurgia convencional.”
ista 2010
Formadores de opinião A terceira edição do International Symposium of Thrombosis and Anticoagulation (ISTA) foi realizada nos dias 14 a 16 de outubro, no Hotel Sheraton WTC, em São Paulo (SP)
[Por Alexandre Schaan de Quadros (RS), diretor de Comunicação]
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rganizado por meio de uma parceria entre quatro grandes centros de pesquisa mundiais (Brazilian Clinical Research Institute – BCRI, Canadian Vigour Centre – CVC, Duke Clinical Research Institute – DCRI e Uppsala Clinical Research Center – UCR), o 3o Simpósio Internacional de Trombose e Anticoagulação (ISTA) teve a participação de mais de 400 pessoas e o apoio de 14 sociedades de especialidades, entre elas a SBHCI. Foram aproximadamente 20 palestrantes internacionais, incluindo grandes nomes da cardiologia mundial, como Robert M. Califf (Estados Unidos), Lars Wallentin (Suécia), Stefan James (Suécia) e Frans Van de Werf (Bélgica) e Antonio Carlos Carvalho (SP), diretor de Educação Continuada da SBHCI, um dos colaboradores na organização do evento. “O ISTA é um evento reduzido, que tem a filosofia de reunir formadores de opinião”, afirma Carvalho. De acordo com Renato D. Lopes (Estados Unidos), professor do Duke University Medical Center e um dos responsáveis pela criação e realização do ISTA no Brasil, o evento vem crescendo, destacando-se em relevância, e, apesar de existir há apenas três anos, já alcançou o status de simpósio internacional de grande porte. Não se trata de uma medida por quantidade de participantes, mas de relevância pelo perfil do público presente. “É realmente um congresso reduzido se compararmos à quantidade de pessoas de ou-
Robert M. Califf (Estados Unidos) e Renato D. Lopes (Estados Unidos): conteúdo exclusivo para convidados selecionados.
tros congressos, mas não é um evento pequeno quando pensamos que 300 a 400 pessoas de alto nível é um número relativamente considerável”, afirma Lopes. “Os simpósios americanos de alto nível têm frequência de cerca de 150 a 200 pessoas.” Tanto para Lopes quanto para Carvalho, o ISTA 2010 cumpriu seu papel de trazer conteúdo de ponta para os formadores de opinião da medicina brasi-
leira. “O ISTA é um simpósio que tem a frequência de líderes de opinião, mais experientes, e que sentem certa dificuldade para achar um simpósio onde podem se reciclar”, afirma Lopes. “São pessoas que, nos congressos, estão ensinando, dando aulas, e esse evento cria a possibilidade de atualização para essas pessoas, com a qualidade e o conteúdo encontrados em eventos nos Estados Unidos e na Europa.”
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entrevista
STEFAN K. JAMES
Intervenção por via radial [Por Marcelo Cantarelli (SP), diretor administrativo, e Antonio Carlos Carvalho (SP), diretor de Educação Continuada]
Marcelo Cantarelli (SP) e Antonio Carlos Carvaho (SP) entrevistaram Stefan K. James (Suécia) durante o ISTA 2010.
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tefan K. James (Suécia), cardiologista intervencionista e professor da Uppsala University e do Uppsala Clinical Research Center, na Suécia, falou sobre intervenções por via radial, assunto em que apresenta grande experiência, e sobre os novos fármacos antitrombóticos e antiplaquetários. Qual a frequência da utilização do acesso radial em seu serviço e quais as recomendações atuais na Suécia, incluindo pacientes com síndromes coronárias agudas? Na Suécia é cada vez mais frequente o uso da técnica radial nas angiografias e nas intervenções coronárias percutâneas. Em nosso registro nacional, o acesso radial representa atualmente 60% das intervenções, mas essa taxa varia muito de hospital para hospital. Creio que, em quatro a seis hospitais, represente 90% dos procedimentos e em outros, cerca de 60%. No primeiro ano de nossa experiência, tivemos um número maior de complicações cerebrais, como acidentes vasculares cerebrais, porém após um a dois anos essas ocorrências diminuíram significati-
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vamente. Creio que houve uma curva de aprendizado. Atualmente essas taxas são muito baixas e a ocorrência de complicações hemorrágicas é 50% menor que na técnica femoral. Além da intervenção radial, no cenário atual dos novos fármacos como tem sido sua abordagem? Quanto aos novos fármacos, a bivalirudina tem sido cada vez mais utilizada. Creio que metade dos pacientes com infarto agudo do miocárdio com supra de ST tem recebido bivalirudina. Quanto ao número de hospitais, 50% deles utilizam esse fármaco A outra metade usa heparinas associadas a inibidores IIb/IIIa, abciximab ou eptifibatide. No cenário do infarto agudo do miocárdio sem supra de ST, os inibidores IIb/IIIa associados às heparinas são mais frequentes que a bivalirudina? O uso de inibidores IIb/IIIa no infarto agudo do miocárdio sem supra de ST foi bem frequente, mas tem diminuído muito nos últimos anos. Atualmente utilizamos
fondaparinux, ácido acetilsalicílico e alta dose de clopidogrel antes e heparina não-fracionada durante o procedimento.
Qual sua opinião sobre o futuro dos novos fármacos antiplaquetários, tais como prasugrel e ticagrelor, no tratamento das síndromes coronárias agudas? Quais seriam suas indicações? Entre os novos antiplaquetários, penso que o ticagrelor terá a maior participação no mercado. Vejo seu principal uso no tratamento do infarto agudo do miocárdio com e sem supra de ST. Na minha opinião, o prasugrel tem sua melhor indicação no infarto agudo do miocárdio com supra de ST e na terapêutica da trombose de stent em pacientes que estavam em uso de clopidogrel. Quanto à análise de custos, o prasugrel tem custo mais elevado em nosso país [Suécia], pois temos o clopidogrel genérico, o que dificulta a utilização do primeiro em maior escala. Alguns serviços fazem a mudança do prasugrel para o clopidogrel genérico após 30 dias do início da antiagregação.
FRANS VAN DE WERF ENTREVISTA
Infarto agudo do miocárdio: temas novos e polêmicos [Por Alexandre Schaan de Quadros (RS), diretor de Comunicação]
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rans Van de Werf (Bélgica), fellow da Sociedade Europeia de Cardiologia, do American College of Cardiology e da American Heart Association, é uma das maiores autoridades mundiais no estudo do infarto agudo do miocárdio, e o ISTA 2010 proporcionou a oportunidade desta entrevista, em que são abordados temas novos e polêmicos nessa área. Algumas regiões do Brasil, por ser um País muito grande, não têm acesso à intervenção coronária percutânea. Qual é seu conselho para os centros sem angioplastia quanto ao tempo de transferência? Qual terapia lítica e qual medicação adjuvante devem ser aplicadas? Se não houver um laboratório de cateterismo disponível em um raio de cerca de 200 km ou com tempo de transferência de três horas, a terapia lítica em si é um tratamento eficaz. Dependendo do reembolso, estreptoquinase ou tenecteplase devem ser usados como tratamento trombolítico, podendo ser administrados com heparina não-fracionada ou enoxaparina. Se, no entanto, for considerado o transporte para um laboratório de cateterismo, sugiro a administração de 600 mg de clopidogrel, aspirina e heparina não-fracionada. Se o risco de hemorragia intracraniana for baixo (pacientes com menos de 70
anos de idade) e houver indícios de infarto, o tenecteplase também pode ser administrado. A trombectomia manual melhora a perfusão miocárdica e reduz a mortalidade. Você recomendaria para todos os pacientes ou existem subgrupos que se beneficiam mais? Até onde sei, isso pode ser feito em todos os pacientes. Não tenho conhecimento de nenhuma análise de subgrupo a partir do TAPAS, um estudo randomizado importante que está sendo realizado na Suécia e em outros países. A aspiração de trombo também oferece a possibilidade da análise de seu conteúdo. Existe aplicação clínica para esse procedimento ou futuro nesse tipo de pesquisa? Sim, e já foi feito. Stents farmacológicos devem ser utilizados em intervenção coronária percutânea primária? Em todos os pacientes? Acho que não. Mais um vez, questões de reembolso têm papel muito importante nesse caso. O prasugrel, que em breve será aprovado no Brasil,
deve ser utilizado em substituição ao clopidogrel 600 mg? Sim, os dados do prasugrel em pacientes com infarto do miocárdio com supra de ST são convincentes. Em alguns casos de intervenções coronárias percutâneas primárias, o stent é implantado com sucesso, sem estenose residual e com fluxo TIMI 3, mas o blush ótimo ao final do procedimento não é alcançado. Há alguma abordagem específica quando o blush subótimo ocorre isoladamente ao final do procedimento? Não há terapia comprovada para obstrução microvascular. Recentemente concluímos um estudo randomizado, controlado com placebo, com altas doses de adenosina intracoronária, que foi totalmente negativo (será publicado no European Heart Journal). O melhor para evitar obstrução microvascular é o tratamento precoce. No futuro, para intervenção coronária percutânea primária, a opção deverá ser por ticagrelor ou prasugrel? Não acredito que haja muita diferença. Não é provável que uma comparação direta seja patrocinada.
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curso de revisÃo
Renovando o conhecimento
Candidatos inscritos na Prova de Título e interessados no conteúdo das aulas mantiveram o auditório lotado do início ao fim do Curso de Revisão.
A Mais que a última etapa dos estudos para quem pretende obter o título de especialização, o Curso de Revisão da SBHCI é um instrumento de atualização para todos os hemodinamicistas
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SBHCI recebeu 84 inscritos na última edição de seu Curso Anual de Revisão em Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista nos dias 5 e 6 de novembro, no Mercure Grand Hotel Ibirapuera, em São Paulo (SP). Destinado à revisão final para os candidatos inscritos na prova para obtenção do Certificado de Área de Atuação em Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista, o curso é também uma oportunidade de aprimoramento para profissionais experientes que desejam enriquecer o conhecimento na área. Há três anos, o Curso de Revisão deixou de estar vinculado ao congresso anual da Sociedade e passou a ser realizado sempre no mês de novembro, na cidade de São Paulo. Implantada durante a gestão 2007-2010, a mudança teve por
objetivos permitir que os candidatos pudessem tirar dúvidas e que a organização conseguisse desenvolver um conteúdo mais adequado para o público inscrito na prova. “Essa mudança foi justamente para tirar o ‘burburinho’ com dúvidas das atividades do congresso científico para que se desse uma ênfase e um carinho especial na organização desse curso e para que a participação de pessoas escolhidas a dedo não fosse prejudicada”, afirma Samuel Silva da Silva (PR), coordenador da Comissão Permanente de Certificação da SBHCI. O curso teve a participação de 55 palestrantes, que contribuíram com 21 horas de aulas e discussões distribuídas em nove módulos sobre fundamentos, métodos diagnósticos, intervenções
Os 55 palestrantes convidados falaram a 84 alunos, que participaram das aulas e interagiram durante as discussões ao final de cada módulo.
coronárias percutâneas, procedimentos extracardíacos, indicações de dispositivos e tratamentos, qualidade e exercício profissional, entre outros assuntos de interesse da área. “O curso é também uma oportunidade para nós, especialistas, fazermos um update em todas as áreas que devemos conhecer na hemodinâmica, já que, por diversas circunstâncias, nem todos atuamos nos mesmos segmentos.” Dos 84 médicos inscritos e presentes ao longo do curso, apenas 38 estavam ali como parte do preparo para a prova. Os demais eram cardiologistas com ou sem título – mas interessados em hemodinâmica –, membros da Diretoria da Sociedade e palestrantes convidados que permaneceram nas demais palestras e alimentaram as
discussões e mesas-redondas após cada módulo com questionamentos e informações adicionais. Foi o caso de Costantino Costantini (PR), que pediu a palavra após a aula de Rubens Covello (SP) sobre acreditação e qualidade no laboratório de hemodinâmica para afirmar que o hemodinamicista tem por obrigação prestar seus serviços com a máxima competência e conhecimento aprofundado de seu segmento de atuação. Marcelo Queiroga (PB), presidente da Sociedade Norte-Nordeste de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista, envolveu alunos e palestrantes ao falar sobre as considerações éticas no exercício da intervenção e defender a liberdade do hemodinamicista na definição dos materiais utilizados durante os procedimentos. A última aula do curso, coordena-
da por Maurício de Rezende Barbosa (MG), presidente da SBHCI, e Marcelo Cantarelli (SP), diretor administrativo, foi apresentada por Alexandre Biasi Cavalcanti (SP), que atua no Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital do Coração (SP), e tratou da meta-análise de ensaios clínicos comparativos dos stents farmacológicos vs. não-farmacológicos, aferindo a eficácia e a segurança tardia. A pedido de Cantarelli, Cavalcanti estendeu sua aula para orientar os alunos sobre a estrutura dos estudos de meta-análise. De acordo com Cantarelli, foi uma oportunidade de ensinar os menos experientes sobre a leitura correta de um estudo clínico, importante para o cardiologista intervencionista tomar decisões fundamentadas em evidências.
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prova de título
Inovação constante
Pela primeira vez na história da especialidade uma prova de título foi aplicada inteiramente de forma eletrônica, por meio de computadores.
O
concurso para obtenção do Certificado de Área de Atuação em Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista tem sido constantemente aprimorado pela Comissão Permanente de Certificação da SBHCI. Em 2010, pela primeira vez na história da especialidade, o processo foi realizado de forma inteiramente eletrônica, assegurando a credibilidade de todas as etapas da prova e garantindo a qualidade da avaliação. A prova convencional, promovida anualmente pela SBHCI, foi realizada no dia 7 de novembro, no Mercure Grand Hotel Ibirapuera, em São Paulo (SP), após dois dias de intensa dedicação ao Curso de Revisão. Por meio de computadores, os 38 candidatos inscritos tiveram acesso a questões de múltipla escolha e dissertativas, disponibilizadas em forma de texto, de imagens ou de casos editados de forma individualizada, e preencheram um único papel – o cartão-resposta na prova teórica. As respostas abertas da
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prova teórico-prática foram digitadas em arquivo de texto. Essa inovação, além de evitar alto consumo de papel e problemas de caligrafia ilegível, oferece qualidade superior às imagens, que, antes, por serem impressas, perdiam precisão, e agora apresentam a qualidade original do formato digital, com a vantagem adicional de possibilitar o recurso da magnificação. Para Samuel Silva da Silva (PR), coordenador do Conselho Permanente de Certificação da SBHCI, a modernização foi aprovada tanto pelos candidatos como pelos avaliadores, e os aspectos técnicos da prova tiveram ganho de qualidade significativo. “As imagens na tela do computador de cada candidato podem ser aproximadas com zoom para melhorar a visualização, e cada um escolhe a ordem de sequência para as respostas das questões, o que não era possível com a projeção coletiva feita por meio do data show”, afirma Silva. Os benefícios estendem-se às questões com vídeos demonstrativos
de procedimentos. “Um simples clique faz o vídeo rodar, parar, voltar quadro a quadro”, diz o avaliador. “Do ponto de vista de metodologia, representa o máximo possível no contexto tecnológico atual.” O processo eletrônico havia sido simulado em uma prova aplicada em 2008, em Curitiba (PR). “Na época, foi constatado que, operacionalmente, usar o computador era infinitamente melhor que usar o sistema de data show”, afirma Silva. Ainda assim, um problema técnico com um vírus infectou a rede e foi optado pelo esquema tradicional. Para a edição de 2010, o processo foi melhorado e ocorreu com sucesso. De acordo com o coordenador, o custo total dessa prova, para a SBHCI, englobando todas as despesas financeiras, foi de R$ 1.200,00 por candidato. Porém, há um outro custo que deve ser salientado: “Há um segundo custo, que, ao contrário do financeiro, é imensurável”, afirma Silva. “Estou falando das dezenas de horas que todos os membros da Comissão dispensam
de suas rotinas para investir, sem qualquer remuneração, no preparo, na revisão e na montagem da prova, o que requer, além do trabalho intelectual na elaboração das questões, a participação em pelo menos cinco reuniões presenciais na sede da SBHCI, ao longo do ano, e que acarretam o afastamento de seus locais de trabalho.” Outra novidade, implantada neste ano, é que os candidatos aprovados na primeira fase (análise do currículo, prova teórica e prova teórico-prática) e na segunda fase (prova prática) terão a obrigatoriedade de publicar um artigo científico em uma revista indexada. “Para os candidatos de 2010, vamos admitir um artigo científico de qualquer natureza, como relato de caso, relato de caso com revisão de literatura, revisão sistemática de literatura sobre determinado assunto ou mesmo um artigo original”, afirma Silva. “A partir do concurso de 2011, o candidato deverá escrever um artigo científico original”. Essa nova política partiu do Conselho Deliberativo da SBHCI e tem a finalidade de incentivar os profissionais a aprender a ser críticos e a ter capacidade de produzir material científico. “Essa resolução implicará o fortalecimento da Revista Brasileira de Cardiologia Invasiva (RBCI) ou de outra revista indexada, o crescimento da cardiologia brasileira, e a qualificação maior dos que recebem a titulação da SBHCI. Mas, mais importante que o aumento da oferta de publicações científicas de nossa área será o novo patamar, de conceito mais elevado, auferido aos detentores dos certificados da SBHCI perante a comunidade cardiológica e mesmo na classe médica brasileira”. Para alcançar o objetivo proposto, a SBHCI vai oferecer capacitação em metodologia científica, estatística e redação de textos científicos, e os artigos poderão ser publicados na RBCI. Maurício de Rezende Barbosa (MG), presidente da SBHCI, acredita que essa é uma forma de estimular a produção científica da especialidade. “O processo de certificação da SBHCI evoluiu muito e, hoje, está num grau de perfeição muito avançado graças ao trabalho da Comissão Permanente de Certificação”, afirma Barbosa. “Nós estamos oferecendo as condições e também incentivando, por meio de premiações, viagens, inscrições em congressos. Todas as contribuições serão bem-vindas.”
Décio Saldori Jr.(SP) e Samuel Silva da Silva (PR), representantes da Comissão Permanente de Certificação da SBHCI, presentes durante a Prova de Título 2010.
Categoria especial No dia 12 de outubro, três semanas antes da realização da prova convencional, a SBHCI promoveu a primeira etapa do processo de avaliação especial para médicos formados há 15 anos, com mais de oito anos de experiência na área, portadores do Título de Especialista em Cardiologia (TEC) e que não têm o Certificado de Área de Atuação em Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista. É a primeira vez que a prova de categoria especial é aplicada pela SBHCI, resultado de um acordo com a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) e a Associação Médica Brasileira (AMB), que decorre de um documento do Conselho Federal de Medicina (CFM) e da AMB que autoriza, em caráter de exceção, a realização de um novo exame para Título de Especialista Categoria Especial para esses médicos. “De mil sócios, cerca de 70 a 80 são antigos e não têm o título da área de atuação”, afirma Samuel Silva da Silva (PR), coordenador do Conselho Permanente de Certificação da SBHCI. “Queremos dar a chance a todos eles.” A prova teve a presença de 16 candidatos que responderam a 70 questões com foco no dia a dia da especialidade. Na segunda etapa, em 23 de outubro, os médicos participaram de uma entrevista com uma banca composta por três pessoas, quando foram arguidos sobre suas atividades profissionais e seu embasamento científico. “Conversei, também, com cerca de 30% dos candidatos sobre a qualidade do concurso e todos eles gostaram do novo sistema”, afirma Silva. Os aprovados deverão ser submetidos à prova prática, última etapa desse processo, no prazo máximo de seis meses, a qual consistirá na realização de um procedimento de intervenção terapêutica cardiovascular percutânea eletiva, perante uma banca de três avaliadores. Para essa etapa, os candidatos deverão comprovar participação direta em 120 intervenções cardiovasculares percutâneas e em 400 cateterismos cardíacos diagnósticos.
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Muito Obrigado A Diretoria da SBHCI agradece o apoio de todos os parceiros que participaram ativamente da SBHCI ao longo de 2010
AMIL-ORION
biosensors
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medical word cardiosystem
TEB
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REPórter sbhci
TCT 2010
Transcatheter Cardiovascular
Therapeutics
Congresso anual reúne mais de 10 mil participantes em seu retorno à capital americana [Por Guilherme Attizzani (SP) e Carlos A. Campos (MG), editor e coeditor do Portal da SBCHI, enviados especiais da SBHCI a Washington, D.C. (Estados Unidos)]
À
s margens do Rio Potomac, em Washington, D.C., nos Estados Unidos, a Cardiovascular Research Foundation realizou mais uma edição do TCT – Transcatheter Cardiovascular Therapeutics, com a participação de mais de 10 mil pessoas, de 90 países, nos dias 21 a 25 de setembro, no Walter E. Washington Convention Center. Neste ano, o evento foi marcado pela parceria entre a instituição e o American College of Cardiology. Entre os temas mais discutidos no congresso, destaque para o implante valvar aórtico percutâneo e seus irrefutáveis avanços, a comparação entre stents farmacológicos de primeira e de segunda
gerações em seguimento de longo prazo, a utilização de balões farmacológicos no tratamento tanto de lesões coronárias como de artérias periféricas, bem como o uso de um novo inibidor da trombina para a anticoagulação de pacientes com síndromes coronárias agudas. O congresso teve a apresentação de 107 resumos orais, 417 pôsteres e 100 horas de transmissões de casos ao vivo de 19 locais pelo mundo. Um caso ao vivo que chamou a atenção foi uma intervenção coronária percutânea em paciente multiarterial (com lesão do TCE), fração de ejeção em torno de 25%, na qual foram usados diversos stents farmacológicos, ultrassom intracoronário, histologia virtual e tomografia de convergência óptica, além de um dispositivo de suporte hemodinâmico minimamente invasivo, colocado dentro do ventrículo esquerdo, de aspecto semelhante a um cateter pigtail. Outro caso que merece destaque foi um implante valvar aórtico percutâneo em que mostraram um introdutor de expansão temporária (18 Fr), que ocorre apenas no momento de inserção de materiais. Entre outros assuntos apresentados, foram abor-
dados o tratamento da doença aterosclerótica nos membros inferiores, a comparação entre o tratamento clínico e percutâneo na trombose venosa profunda, a descrição do uso de um agente inibidor monocitário após o implante de stents não-farmacológicos e a tradicional comparação entre os stents farmacológicos, em que o ator principal é o stent eluidor de everolimus. O ponto alto do congresso foram os resultados do estudo PARTNER, apresentados pelo cardiologista americano Martin Leon, os quais poderão tornar-se um marco na introdução dessa terapia em pacientes sintomáticos e não candidatos ao procedimento cirúrgico convencional, dado seu elevado risco. O assunto repercutiu positivamente e rendeu uma publicação no jornal The New York Times. No decorrer do evento, a lista de estudos internacionais que demonstraram resultados promissores é imensa. Os estudos COMPARE e SPIRIT IV provaram que os stents eluidores de everolimus exibem melhores desfechos quando comparados aos stents eluidores de paclitaxel (SEP). Já nos ensaios ISAR-TEST-4, SORT OUT 4 e EXCELLENT, as endopróteses mostraram-
Destaque: o implante valvar aórtico percutâneo como um dos temas mais discutidos do TCT 2010.
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-se equivalentes aos stents eluidores de sirolimus (SES), previamente consagrados pelos seus bons resultados. O uso de stents não-poliméricos é indicado pelos estudos ISAR-TEST-5 e BIOFREEDOM, embora um seguimento de mais longo prazo seja necessário para que sua eficácia e segurança sejam definitivamente estabelecidas. E o estudo CRISTAL não conseguiu responder à pergunta sobre a melhor maneira de se tratar a reestenose de stent farmacológico. A indicação de uso de dispositivos eluidores (balões e stents) de fármacos nos membros inferiores foi fundamentada pelo
estudo ZILVER PTX, o maior ensaio clínico randomizado já realizado nesse cenário, o qual demonstrou desfechos satisfatórios dos SEP no tratamento da doença aterosclerótica do território da artéria femoral superficial. Além disso, o estudo DES-BTK também exibiu conclusões satisfatórias com o uso de SES sem polímeros no tratamento das lesões infrapoplíteas. Um inibidor direto da trombina também mostrou resultados promissores em termos de segurança em pacientes com síndrome coronária aguda no estudo LANCELOT-ACS. Adicionalmente,
o seguimento de três anos do estudo HORIZONS-AMI demonstrou benefício sustentado do uso de outro inibidor direto da trombina, a bivalirudina, bem como dos SEP no infarto agudo do miocárdio. A intervenção percutânea mostrou-se eficaz, quando adicionada à anticoagulação, no tratamento da trombose venosa profunda no estudo TORPEDO, e a captura de células endoteliais progenitoras, associada à liberação de paclitaxel, promoveu redução da perda luminal tardia após o tratamento de lesões coronárias de novo no estudo PERFECT STENT.
Cerca de 10 mil pessoas participaram do TCT 2010, em Washington, D.C. (Estados Unidos).
Pantera Cateter Balão Coronário Excelência em todas as dimensões Ótimo empurre, navegabilidade e cruzamento Combinação ideal do empurre, navegabilidade e cruzamento, melhora os resultados clínicos . Ponta macia e afilada Cruzamento atraumático . Marcas radiopacas de platina Excelente visibilidade . Força de transmissão intensificada (EFT) Alto empurre e resistência a torções. Baixo perfil do shaft Acesso a anatomias complexas (compatível com cateter 5F. Técnica de Kissing Balloon, compatível com cateter 6F)*. * Qualquer combinação de balões, até o diâmetro máximo de 3.5mm, permite que a técnica de Kissing Balloon seja realizada com cateter guia 6F (DI mínimo 0,070” ou 1.78mm).
www.biotronik.com
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AHA 2010
repórter sbhci
AHA 2010
Conferência científica anual da American Heart Association reuniu cardiologistas do mundo inteiro em Chicago (EUA) [Por Alexandre Schaan de Quadros (RS), diretor de Comunicação, e Guilherme Attizzani (SP), editor do Portal da SBHCI]
O
Scientific Sessions 2010, congresso promovido anualmente pela American Heart Association (AHA), foi realizado entre os dias 13 e 17 de novembro no McCormick Place, centro de convenções de Chicago (Illinois, Estados Unidos). Localizada às margens do lago Michigan, único dos cinco grandes lagos da América do Norte que se encontra totalmente em território americano, a cidade mescla ares de modernidade, refletidos em seus impressionantes arranha-céus, ao charme inconfundível de uma arborizada trilha de caminhada e ciclismo à beira do lago. Sob um frio de 2°C, com sensação térmica de alguns graus negativos, dado o gélido vento que sopra do lago Michigan, laptops, luvas e cachecóis eram indispensáveis durante a estadia na charmosa cidade de Al Capone. A abertura do congresso teve início com as palavras do presidente da AHA, Ralph L. Sacco (Estados Unidos), que enfatizou as medidas globais que devem ser adotadas com o intuito de reduzir a “crise da doença cardiovascular que ataca nossos corações e cérebros”, salientando a necessidade de aderência a uma dieta correta e da prática de atividade física (eat right, eat less, move more). As amplas e confortáveis salas de conferência do McCormick Place foram palco de sessões Late-Breaking Clinical Trials, com a apresentação de estudos dedicados ao tratamento da insuficiência cardíaca congestiva (ICC) e suas complicações. O foco foi direcionado à ressincronização e à desfibrilação, ao uso de eplerenona na redução da mortalidade e das hospitalizações, à aplicação de nesiritida em pacientes com ICC descompensada, e à avaliação de dispositivos de assistência ventricular.
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Durante a segunda manhã do congresso, uma das sessões foi inteiramente dedicada aos stents farmacológicos, comandada por grandes nomes da cardiologia intervencionista mundial, como Patrick Serruys, Laura Mauri, Wiliam Wijns e Stephen Windecker, que apresentaram dados comparativos de endopróteses de distintas gerações. Na sequência, a sessão Late-Breaking Clinical Trials abordou a comparação entre a varfarina e os inibidores do fator Xa na anticoagulação de pacientes com fibrilação atrial. O rivaroxaban demonstrou não-inferioridade em relação à varfarina, e é mais uma nova alternativa para os pacientes que necessitam anticoagulação crônica (o dabigatran, analisado no
Centro de convenções em Chicago (Estados Unidos) recebeu cardiologistas de todo o mundo para o Scientific Sessions 2010.
estudo RE-LY, também havia demonstrado benefício). Outro estudo avaliou o uso de ácidos graxos ômega-3 na prevenção da recorrência de fibrilação atrial, com resultados negativos. A ressincronização ventricular foi avaliada no estudo RAFT, que demonstrou diminuição da mortalidade com o uso de ressincronizador em pacientes com ICC leve com indicação de insuficiência cardíaca descompensada. Um estudo muito aguardado por nossa especialidade foi o CLOSURE, que avaliou o fechamento do forame oval patente com a prótese STARFlex® em pacientes com acidente vascular cerebral criptogênico. Não houve benefício desse procedimento quando comparado ao tratamento clínico otimizado.
O último dia de congresso teve sabor especial para os brasileiros, com uma sessão Late-Breaking Clinical Trials sobre um estudo inteiramente conduzido no Brasil, sob a coordenação de Otávio Berwanger (SP), coordenador do Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital do Coração. A brilhante apresentação do estudo ACT, de Berwanger, demonstrou que não há benefício do uso da n-acetilcisteína na prevenção da nefropatia induzida por contraste. Esse foi o maior estudo já realizado sobre o tópico, sepultando definitivamente essa abordagem. Durante o congresso, foram também apresentados os resultados do ensaio clínico randomizado GRAVITAS, que analisou uma estratégia de aumento da dose do clopidogrel em pacientes com alta reatividade plaquetária residual após angioplastia com stents farmacológicos. Foi verificado que não houve vantagem de doses elevadas do antiplaquetário, questionando a utilidade clínica dos testes de reatividade plaquetária. O estudo TAMARIS questionou os reais benefícios do tratamento da doença arterial periférica não-tratável por métodos de revascularização tradicionais com terapia gênica. O estudo BASKET-PROVE demonstrou que não há aumento do risco com stents farmacológicos em vasos mais calibrosos.
Papo rápido Os repórteres especiais da SBHCI enviados a Chicago, Alexandre Schaan de Quadros (RS) e Guilherme Attizzani (SP), fizeram uma entrevista exclusiva com Otávio Berwanger (SP) sobre o desenvolvimento do estudo ACT, que avaliou a eficácia da acetilcisteína na prevenção da nefropatia induzida por contraste. Confira: Qual foi a principal dificuldade encontrada na condução do estudo ACT? Nós tínhamos uma ideia clara de que necessitávamos nos unir para que pudéssemos conduzir um estudo realmente grande, que pudesse responder definitivamente a essa intrigante questão. Acho que convencer a todos de que realmente poderíamos fazer isso foi uma das maiores dificuldades que encontramos. Como foi desenhado o estudo e de onde conseguiram a verba? O desenho foi idealizado por nosso grupo e a verba foi obtida de diferentes fontes, passando pela indústria farmacêutica e chegando ao Ministério da Saúde. Quais os planos para o futuro em termos de novos estudos? Pretendemos realizar estudos avaliando o uso de bicarbonato de sódio em comparação à hidratação, além de comparações entre diferentes meios de contraste na prevenção da nefropatia induzida por contraste.
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entrevista
JACQUES J. KOOLEN
As novas técnicas e os últimos estudos [Por Maurício de Rezende Barbosa (MG), presidente, Marcelo Cantarelli (SP), diretor administrativo, e Hélio Castello (SP), coeditor]
Maurício de Rezende Barbosa (MG), Jacques J. Koolen (Holanda) e Marcelo Cantarelli (SP).
O
Instituto de Saúde e Pesquisa do Grupo Saúde Bandeirantes realizou o II Simpósio Internacional e o X Simpósio de Terapia Intensiva e Cardiologia nos dias 28 e 29 de outubro, em São Paulo (SP). Na ocasião, o cardiologista intervencionista Jacques J. Koolen (Holanda), chefe do Departamento de Cardiologia do Hospital Catharina, em Eindhoven, na Holanda, conversou com o Jornal da SBHCI sobre oclusões totais, implante percutâneo de válvula aórtica, MitraClip, tomografia de coerência óptica e stents bioabsorvíveis. Qual sua opinião sobre o implante percutâneo de válvula aórtica e sua visão de futuro dessa técnica?
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Implantamos, desde 2008, mais de 150 próteses CoreValve e Sapiens e limitamos as indicações aos idosos considerados inoperáveis, com doenças que limitam a expectativa de vida, e aos pacientes com radioterapia torácica prévia. No futuro esperamos ampliar sua indicação para grupos etários mais jovens, dependendo dos resultados de estudos comparativos com cirurgia. A ampliação das indicações dependerá também da redução do custo das próteses, que hoje, na Europa, chega a 20 mil euros (o que é muito caro), e da diminuição do calibre dos introdutores. As oclusões totais crônicas são uma das últimas barreiras a serem superadas na
cardiologia intervencionista. Qual técnica utiliza e qual sua análise em relação a custos, duração do procedimento e tempo de exposição à radiação? Concordo que a oclusão total crônica seja uma das últimas barreiras a serem superadas. Sou membro do Clube Europeu de Oclusão Total Crônica e lá tentamos estabelecer algumas diretrizes em 2009 e 2010 que respondem a sua pergunta. Achamos que a abordagem anterógrada é a melhor, principalmente quando não se tem uma grande experiência, o que é exigida na técnica retrógrada, muito utilizada pelos japoneses. Estamos tentando, por meio de um amplo estudo prospectivo, descobrir os benefícios a longo prazo
da abertura das oclusões totais e parte desse estudo incluirá a análise de custos, porque um procedimento pode bloquear sua sala durante uma tarde inteira, além de consumir muitos materiais. A insuficiência mitral tem impacto menor na expectativa de vida que a doença coronária ou a estenose aórtica, o que poderia dificultar a indicação do MitraClip. Qual sua opinião? Concordo. Hoje, entendemos que a cirurgia é o procedimento de preferência para a maioria dos pacientes. Limitamos as indicações do MitraClip para aqueles pacientes que apresentam risco cirúrgico elevado. O custo em meu país é mais elevado que o da válvula aórtica percutânea. Quais são as indicações para tomografia de coerência óptica (optical coherence tomography – OCT), excluindo-se em pesquisas?
Boa pergunta! Temos usado principalmente em pesquisas. A OCT permite melhor definição das hastes dos stents, alinhamento e expansão em relação ao ultrassom intracoronário; por outro lado, você perde muita informação clínica (calcificações, anatomia do vaso, extensão das placas, etc.). Qual sua opinião sobre os stents absorvíveis? Já progredimos muito. Fiz meu primeiro implante de stent absorvível em 2004, em que o maior problema foi a reestenose, de aproximadamente 45% ou 50%, depois de um ano, principalmente em decorrência de insuficiente força radial. Estou envolvido em outro programa cujos resultados são mais animadores se comparados aos dos stents farmacológicos. É uma grande promessa para o futuro, para o qual vislumbramos um tratamento que levará ao desaparecimento da lesão, e a função motora e a parede do vaso serão restauradas.
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entrevista
MARIA INEZ PORDEUS GADELHA
A saúde no Brasil
Maria Inez Pordeus Gadelha (DF) atendeu à solicitação da SBHCI para conceder esta entrevista exclusiva.
A diretora do Departamento de Atenção Especializada da Secretaria de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde, Maria Inez Pordeus Gadelha (DF), falou à SBHCI sobre o posicionamento do governo em relação às etapas de incorporação de novas tecnologias, à negociação de custos de tratamentos e à importância de se garantir a prevenção da saúde no Brasil [Por Marcelo Cantarelli (SP), diretor administrativo]
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Qual é o caminho a ser seguido para que ocorra a incorporação de uma nova tecnologia pelo Sistema Único de Saúde (SUS)? Qual seria o papel das sociedades médicas de especialidades nesse processo? O caminho público é o da Comissão para Incorporação de Tecnologias (CITEC) do Ministério da Saúde. A entrada da solicitação para avaliação de incorporação pode ser por via eletrônica ou encaminhada em papel. Os Sistemas Únicos de Saúde (SUS) estão bem estabelecidos e é pos-
sível encontrar facilmente os detalhes na página do Ministério da Saúde/CITEC na internet (www.portal.saude.gov.br). Quanto à participação das sociedades médicas, pode ser como subsídio técnico – geralmente quando a CITEC pede para ouvir a opinião médica e faz consulta – ou mesmo com participação por meio de consultas públicas. De qualquer modo, uma incorporação tem que responder a quatro questões: se a nova tecnologia funciona, que é a medida da eficácia dela; o quão bem ela funciona, que é a medida de sua efetividade; a que custo ela funciona, que é sua eficiência; e no caso de um sistema universal como o nosso, para quantos ela vai ser acessível. Então as respostas a essas quatro questões, que são medidas matemáticas e não subjetivas, é que determinam a incorporação. Qual a possibilidade e quando poderá ocorrer a autorização para utilização dos stents farmacológicos pelo SUS? Essa tecnologia foi avaliada pela CITEC em 2006 e não foi recomendada naquela ocasião porque os estudos não eram conclusivos na questão de segurança. De lá para cá, a produção científica tem sido acompanhada e foram estabelecidas indicações claras de que há mais benefícios que riscos em torno de 20% a 30% das indicações. Então hoje a CITEC está com três novos pedidos de avaliação, os quais devem ser encaminhados para análise da comissão certamente em um tempo muito mais curto. Vale a pena dizer que o stent não altera a sobrevida dos doentes com doença crônica. E há a alternativa terapêutica, quer dizer, é muito melhor ser cuidadoso na incorporação, não quebrar etapas nem deixar de observar critérios. As novas tecnologias, principalmente na cardiologia
intervencionista, custam mais caro que as tradicionais. No entanto, o benefício em algumas situações é evidente. Qual a saída para esse problema a curto prazo? Toda nova tecnologia tem que ter uma maturação. Nós acompanhamos o ciclo de vida de uma tecnologia, desde o nascimento de sua ideia até sua incorporação na prática. A questão do prazo varia de acordo com a visão da indústria, do usuário, do médico, do governo, do avaliador. Quando não existe a alternativa terapêutica, certamente, é um peso que se dá na urgência da avaliação. Mas nenhuma tecnologia deve ser precocemente incorporada. Se a tecnologia não atinge aquela maturidade isso não quer dizer que não haja disponibilidade. Agora, não deve haver curto prazo em incorporações tecnológicas, a não ser que seja uma calamidade. Por exemplo, tivemos recentemente a H1N1, em que foi o caso de se tomar uma decisão rápida para enfrentar uma situação emergencial e por falta de alternativa. O Ministério da Saúde não poderia tomar uma postura mais pró-ativa, buscando liberação desses novos tratamentos com uma negociação mais agressiva com a indústria, para baixar o preço pelo consumo em grande quantidade? É tudo feito concomitantemente. Quando se decide que a incorporação está defensável e é recomendável, o Ministério da Saúde faz a negociação pelo preço. Inclusive aqui no Brasil, como convivemos com dois sistemas de saúde de diferentes financiamentos, geralmente é feita negociação para o preço de compra e venda daquela tecnologia para uso do SUS. Não se trata de a negociação ser
mais agressiva ou não, mas da necessidade de se negociar o preço, porque nós temos uma matriz de preços no Brasil que é bastante variável e, ganhando escalas, como é o caso do SUS, esse é automaticamente o momento para a defesa da baixa de preço. Hoje sentimos uma dicotomização entre a saúde cardiovascular oferecida pelos hospitais privados e públicos no Brasil e também de regiões diferentes, além de no interior do País termos uma carência de atendimento especializado pelo SUS. Qual o planejamento do Ministério da Saúde para solucionar essa discrepância e melhorar o acesso? Quando a gente avalia a evolução do sistema de saúde do Brasil, desde a implantação do SUS, é visível o ganho crescente que se tem obtido. Nós desenvolvemos mecanismos de gestão em que há uma cobertura de regiões mais favorecidas, do ponto de vista tecnológico, para o atendimento de doentes dentro de regiões menos evoluídas. A questão, além de recurso, quando se fala em sistemas privado e público, é que no Brasil nós não temos ideia da influência dos custos e das taxas de reembolso sobre as indicações e a prática propriamente. De maneira geral, partimos do princípio de que o sistema privado funciona melhor ou tem melhores resultados que o sistema público, e, no entanto, nós não temos comparações de resultados. Os prestadores de serviços médicos hospitalares para o SUS, em sua maioria, são os mesmos do setor privado. Então se existe alguma defasagem de atendimento isso vai se explicar não por ser um prestador diferente ou hospital diferente, porque a maioria das operadoras
Não se trata de a negociação ser mais agressiva ou não, mas da necessidade de se negociar o preço, porque nós temos uma matriz de preços no Brasil que é bastante variável 37
de saúde trabalha com os mesmos prestadores de serviços do SUS. A questão maior é como aumentar a eficiência desse serviço. Talvez a diferença esteja na questão do acesso, que é mais facilitado em um que no outro.
de insumos para a produção nacional, objetivando reduzir a dependência de tecnologia e aumentar o poder de incorporação de novas tecnologias. Então considera-se que é mais um mecanismo e que tem seu lado positivo.
Qual a visão do Ministério da Saúde em relação às Parcerias Público-Privadas (OS) na Saúde com auditoria do Estado, a exemplo do que ocorre no Estado de São Paulo? O Ministério da Saúde considera uma iniciativa muito louvável. É mais um mecanismo de gestão, e que na relação com a Saúde tem uma função essencial na questão do complexo industrial. Há alguns exemplos de parcerias público-privadas com empresas de medicamentos e
As doenças cardiovasculares são as principais causas de morte em nosso País. Para reduzir essa estatística, podemos agir sobre os fatores de risco (prevenção) e atuar de maneira eficaz na doença instalada, como na fase aguda do infarto do miocárdio. Quais são as frentes de atuação do Ministério da Saúde no que se refere às doenças cardiovasculares?
Para Maria Inez Pordeus Gadelha (DF), do Ministério da Saúde, a terapêutica dificilmente altera a curva de mortalidade.
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Temos necessidade de uma disseminação contínua. A imprensa, as revistas médicas, a ação dos profissionais da Saúde em todos os níveis de atuação teriam de ter esse papel muito importante na efetiva conscientização para a mudança de hábito e de atitude, principalmente no combate ao tabagismo, à hipertensão arterial e à obesidade. No Brasil, tentamos expandir cada vez mais a atuação da Saúde na família, com uma assistência primária que a gente chama de atenção básica. Desenvolvemos um programa chamado “Saúde nas Escolas”, junto com o Ministério da Educação, para alunos do 1o ao 8o anos do ensino fundamental, ensinando melhores hábitos. Houve recentemente a campanha nacional contra a hipertensão. É muito mais fácil evitar que as crianças adquiram maus hábitos que mudar os de adultos. O que representa maiores custos: atenção básica (prevenção) ou atenção especializada (terciária)? Do ponto de vista de alocação de recursos de um sistema de saúde no País, pode ser, curiosamente, que os custos sejam comparáveis, porque quando adotamos medidas de prevenção temos de pensar na população como um todo. No Brasil, por exemplo, temos 186 milhões de habitantes, então por mais que a ação seja barata, será multiplicada por milhões – se custar R$ 1, o valor total será de R$ 186 milhões, porque temos de incluir toda a população. Já quando se pensa na atenção especializada, não se tem a visão do coletivo, mas a do indivíduo, então mesmo que a tecnologia seja cara sua multiplicação não será por milhões, e sim por milhares. Costuma-se dizer que a atenção primária é mais excessiva, porque ela impede de adoecer, de passar pelo sofrimento do tratamento, do diagnóstico e de uma recuperação, de atrapalhar a vida da família, a própria, do trabalho. Então os benefícios da prevenção se somam em quantidade, em qualidade, muitas vezes maior que uma atenção no nível terapêutico, terciário. Do ponto de vista populacional, a prevenção reduz a mortalidade no País, altera as curvas de morbidade, de adoecer e de morrer, enquanto a terapêutica dificilmente altera a curva de mortalidade.
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fórum ANAHP
Um grande dilema
O 10o Fórum da Associação Nacional dos Hospitais Privados (ANAHP) foi realizado em outubro, em São Paulo (SP), e teve como foco principal a rodada paulista de discussões e debates sobre remuneração hospitalar e honorários médicos [Por Bruno Moulin Machado (ES) e Hélio Castello (SP), coeditor]
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Associação Nacional dos Hospitais Privados (ANAHP) é a entidade que reúne 41 dos grandes hospitais privados associados do País para discutir questões envolvendo a gestão hospitalar, cujos assuntos tratados e decisões tomadas também podem interferir na rotina do cardiologista intervencionista. É o caso dos debates dos diversos modelos de remuneração, tema em pauta nos últimos anos e que vem recebendo atenção especial dos médicos e gestores que acompanham as atividades da ANAHP. As discussões têm girado em torno das formas alternativas de remuneração. O modelo mais utilizado atualmente é o fee for service, cuja remuneração ocorre por serviço prestado, sem necessariamente levar em consideração a qualidade desse serviço. Porém, passa-se a discutir a aplicação de outros métodos de cálculo e pagamento, como o captation, que divide o
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risco entre a operadora de plano de saúde e o hospital, formato em que se paga um valor fixo, semelhante ao pré-pago, e o hospital gerencia esse valor cumprindo metas. Nesse caso o risco é compartilhado, porém parece ser maior para o prestador. Quanto mais doentes houver, mais gastos haverá. Quanto menos doentes forem atendidos, o gasto será menor e melhor será o resultado financeiro. O ideal é que se trabalhe em uma faixa em que não dê lucro nem para a operadora nem para o hospital. Mas que haja lucro pelo movimento. Existem duas opções para se trabalhar com o captation, uma para hospitais de área global e outra para instituições de área parcial. No global, inclui-se todo o atendimento do paciente por afecção. O pagamento será determinado por todo o atendimento. Por outro lado, a diária parcial inclui apenas os itens mais simples e exclui alguns materiais e medicamentos complexos e caros para que a remuneração seja feita separadamente. Outra forma defendida por alguns seria o pagamento por desempenho (pay for performance), em que o pagamento está relacionado aos resultados conseguidos pelos prestadores. Discutem-se indicadores de desempenho e clínicos, e quanto melhores os resultados, melhor o valor pago. Primariamente parece ser o melhor modelo, porém a dificuldade está na determinação dos indicadores, pois muitos acreditam que os resultados levados em consideração serão, única e isoladamente, custos. Dessa forma, não teríamos busca por qualidade e sim um leilão do mercado. Como existem muitas formas de remuneração e nenhuma se aplica com perfeição a todos os hospitais, atendimentos e especialidades, a Agência Nacional de Saúde (ANS) criou um algoritmo padrão
na intenção de que todos os players acatassem. A proposta da ANS separa os atendimentos em afecções com alta e baixa previsibilidade. Para os casos de alta previsibilidade, deve-se partir para a diária incluída global ou parcial. Se o paciente for um caso de baixa previsibilidade, adota-se a cobrança fee for service. Após a rodada de negociações do Rio de Janeiro (RJ), ocorrida no primeiro semestre de 2010, houve a entrada da Associação Médica Brasileira (AMB) na discussão a partir da rodada de São Paulo (SP), e passou-se a tratar também dos honorários médicos. Outro ponto extremamente conflitante e que tem gerado muita preocupação para quem trabalha com hospitais, e também para os serviços de hemodinâmica de conta aberta, é a resolução da Comissão Nacional de Medicamentos (CNAM) do Ministério da Saúde, apresentada em janeiro de 2010. A resolução, que teve iniciativa da ANS e da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), proíbe a publicação do preço máximo de venda de medicamentos ao consumidor. Essa determinação afeta diretamente todos os hospitais, tornando impeditiva a gestão sustentável das instituições de saúde. Isso acontece porque todos os hospitais de maior padrão recebem a remuneração baseada em materiais e medicamentos, cujos valores são determinados por tabelas reajustadas mensalmente. Dessa maneira, não existe a dificuldade de atualização dos preços, pois as diárias e taxas estão congeladas há oito anos sem que cubram seus custos. Com base nos contratos atuais existentes, nenhum hospital tem condições de se manter se for obrigado a seguir a resolução da CNAM. A resolução vai gerar custos sem receitas que as cubram, como os valores de diárias e taxas.
CARDIO INTERV
Outro tema tratado pela ANAHP que impacta de maneira bastante dura a área de hemodinâmica é a tabela de materiais e medicamentos proposta pela ANVISA e pela ANS. A tabela indica os preços de venda máximo e mínimo dos materiais de hemodinâmica em cada país, com distorções grandes. Claro que é um tema a ser discutido, pois precisamos desonerar procedimentos. Mas nenhum hospital ou serviço de hemodinâmica é capaz de sobreviver sem o retorno de materiais e medicamentos. Defendemos que o assunto seja discutido de maneira mais ampla, para que se retire dos materiais e medicamentos os custos reais de diárias e taxas. Para tanto, precisamos de regras muito claras, porque se cede de um lado em materiais e medicamentos, como a ANVISA e a ANS estão obrigando, mas as operadoras não reajustam valores de diárias e taxas. Nós, médicos da área de hemodinâmica e cardiologia intervencionista, estamos em um grande dilema. Primeiro, precisamos defender nossos honorários para garantir uma remuneração digna. Segundo, temos que defender os serviços de hemodinâmica ou não teremos onde trabalhar. E, terceiro, vários de nós somos proprietários de serviços de hemodinâmica e precisamos que nosso negócio sobreviva, pois é um negócio como outro qualquer. É preciso ter o retorno pelo capital investido. Obviamente, para que mantenhamos os serviços viáveis, com lucratividade fomentando crescimento, e para que busquemos qualidade cada vez melhor com atitudes éticas de todos os lados, seria preciso iniciar um processo de melhor remuneração de diárias, taxas e honorários, com progressiva diminuição dos valores de órteses e próteses. Isso não impactaria inicialmente o valor unitário pago pela operadora, mas impactaria o custo do variável, que é o maior vilão das contas médicas. Além disso, valor mais justo de próteses faria com que tendesse a diminuir os conflitos de interesses existentes. Paralelamente a toda essa discussão, nos bastidores, o mercado clama por controle de qualidade e nivelamento por cima dos resultados clínicos e gerenciais das unidades de alto custo, como os serviços de hemodinâmica. Essa, talvez, seja mais uma forma de, como Sociedade representativa, tomarmos a frente nessa luta.
10 anos de Cardio Interv O evento promovido por Costantino Costantini (PR) chega à décima edição, mantendo suas características originais de promoção de conteúdo de alto padrão e relação intimista entre intervencionistas brasileiros e estrangeiros
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os dias 3 e 4 de dezembro, Costantino Costantini (PR) organizou, no Hospital Cardiológico Costantini, em Curitiba (PR), a décima edição do Cardio Interv. O evento, que há dez anos foi organizado para promover o intercâmbio de conhecimento entre alguns intervencionistas brasileiros e estrangeiros, tornou-se referência internacional de compartilhamento de conteúdo intervencionista e de confraternização entre cardiologistas de todo o Brasil. “O primeiro evento nós fizemos em uma sala onde cabiam de sete a dez médicos”, diz Costantini. “Quando vimos que mais gente queria participar, percebemos que poderíamos promover as discussões durante os casos ao vivo, incluindo os operadores no debate.” Para a época, era uma proposta um pouco ousada. Quem tinha o costume de promover apresentações e discussões de casos ao vivo eram os grandes congressos internacionais. Porém, Costantini tinha a seu dispor a estrutura de seu hospital, que, além da sala de procedimentos, também tinha um auditório. Ano a ano, o número de convidados foi aumentando e o evento, tomando proporções maiores. Costantini conta que houve ano em que promoveu discussões de mais de 20 casos ao vivo. “Não fazemos mais isso”, ele afirma. “Entendemos que essa quantidade de casos tirou a característica de individualidade e tornou tanto as apresentações como as discussões mais rápidas e breves.” Em vez de crescer em números, o evento reduziu a quantidade de convidados e casos para crescer em qualidade, recebendo cerca de 150 pessoas no auditório e tendo a possibilidade de outras 100 assistirem às transmissões por meio dos aparelhos de TV instalados nos
Há dez anos Costantino Costantini (PR) reúne cardiologistas de todo o Brasil no Cardio Interv.
ambientes do evento. Há cinco anos, o evento passou a promover poucos casos, porém mais complexos. “Em 2005, começamos a fazer tronco de coronária esquerda num ambiente pequeno e apertado junto a uma área apropriada para fazer a exposição para o debate”, afirma Costantini. “O resultado disso tudo é um ambiente muito familiar, o que dá a impressão de estarmos promovendo uma reunião entre amigos no fim do ano.”
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agenda
10 a 12 XXIII Congresso Interamericano de Cardiologia Cartagena de Indias, Colômbia www.congresoscc.com
abril
2a5 ACC.11 – American College of Cardiology 60th Annual Scientific Session i2 Summit 2011 New Orleans, Estados Unidos www.accscientificsession.org 13 a 15 GI² - GLOBAL SUMMIT IN INTERVENTIONS & INNOVATIONS São Paulo, SP
maio
27 a 29 16th Angioplasty Summit TCT Asia Pacific 2011 Seul, Coreia do Sul www.summit-tctap.com
4a7 SCAI 2011 – The Society for Cardiovascular Angiography and Interventions Congenital Heart Disease Symposium Baltimore, Estados Unidos www.scai.org
maio junho
março
27 a 1o de março CRT 2011 – Cardiovascular Research Technologies Washington, D.C., Estados Unidos www.crtmeeting.org
agosto
24 a 26 CADECI 2011 – Congresso Anual de Cardiologia Intervencionista - Sociedad de Cardiología Intervencionista de México Guadalajara, México www.cadeci.org.mx
novembro setembro
fevereiro
9 a 11 International Stroke Conference 2011 Los Angeles, Estados Unidos scientificsessions.americanheart.org
Gestão 2010-2011 Presidente: Maurício de Rezende Barbosa (MG) • Diretor Administrativo: Marcelo José de Carvalho Cantarelli (SP) • Diretor Financeiro: Fernando Stucchi Devito (SP) • Diretor Científico: Fábio Sândoli de Brito Jr. (SP) • Diretor de Comunicação: Alexandre Schaan de Quadros (RS) • Diretor de Qualidade Profissional: Adriano Dias Dourado Oliveira (BA) • Diretor de Educação Médica Continuada: Antônio Carlos de Camargo Carvalho (SP) • Diretor de Intervenções Extracardíacas: Marco Vugman Wainstein (RS) • Diretor de Intervenções em Cardiopatias Congênitas: Francisco José Araújo Chamié de Queiróz (RJ)
www.sbhci.org.br Rua Beira Rio, 45 – cjs. 71 e 74 – Vila Olímpia São Paulo, SP – CEP 04548-050 Fone: (11) 3849-5034
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6 Simpósio Internacional de Terapia Valvular Percutânea do Instituto de Cardiologia da Fundação Universitária de Cardiologia Porto Alegre, RS www.cardiologia.org.br 17 a 20 EuroPCR 2011 – Paris Course of Revascularization Paris, França www.europcr.com 8 a 10 XXXIII Congresso da SBHCI Curitiba, PR www.sbhci.org.br 23 a 25 XXXII Congresso da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (SOCESP) São Paulo, SP www.congressosocesp.com.br/2011 3a5 XVII Congresso SOLACI – Sociedade Latinoamericana de Cardiologia Intervencionista Santiago, Chile www.solaci.org 27 a 31 ESC Congress 2011 – European Society of Cardiology Paris, França www.escardio.org 10 a 14 CIRSE 2011 – Cardiovascular and Interventional Radiological Society of Europe Munique, Alemanha www.cirse.org 7 a 11 TCT 2011 – Transcatheter Cardiovascular Therapeutics San Francisco, Estados Unidos www.tctconference.com
Jornal da SBHCI é uma publicação trimestral da Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista – SBHCI. Os textos assinados são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não refletem necessariamente a opinião da SBHCI. Edição e jornalista resp.: André Ciasca, mtb 31.963 Reportagem: Carla Ciasca Projeto gráfico e direção de arte: Manoela Tourinho Revisão: Elena Maria Venturacci de Mattos Edição de fotos: Gis Ciasca | www.gisciasca.com.br Tiragem: 9.500 exemplares Impressão: Ipsis www.take-a-coffee.com Fone: (11) 2626.3921 Skype: take.a.coffee
Curitiba
Expotrade Convention Center ∙ Pinhas ∙ PR
08 a 10
de junho
2011
Informações (11) 3 8 4 9 5 0 3 4 eventos@sbhci.org.br www.sbhci.org.br
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