Jornal da SBHCI - ed. 45 - 1/2012

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Ano XV | no 1 | #45 janeiro, fevereiro e março de 2012 Publicação trimestral da Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista

Nova diretoria começa o ano a todo vapor E mais: A mulher intervencionista | JIM 2012 | O 1o stent farmacológico nacional


Palavra do Presidente

Caros colegas,

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É o momento de agradecer a atenção dos colegas, dos leitores que motivaram a existência do Jornal da SBHCI e nos incentivaram a progredir na busca da melhora contínua

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á se passaram cerca de três meses desde que assumimos a gestão de nossa Sociedade. Apesar de estarmos só no começo do ano, já registramos importantes passos, contatos, visitas e parcerias acertadas em nome da SBHCI. Em São Paulo (SP), já estivemos no Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, no Hospital Beneficência Portuguesa de São Paulo e no Instituto do Coração (InCor) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP). Nestas três instituições, que também são referência no treinamento e no desenvolvimento de tecnologias em hemodinâmica, estabelecemos parcerias para o Programa de Qualidade Corporativa (Selo SBHCI de Qualidade Institucional), que a diretoria de Qualidade Profissional de nossa Sociedade vem desenvolvendo. Destaco também a participação no programa de interatividade entre as sociedades de cardiologia, importante parceria com a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) e a Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardiovascular (SBCCV). Em conjunto com Jadelson Andrade (BA) e Walter José Gomes (SP), iremos elaborar a Diretriz conjunta de Revascularização do Miocárdio. Vale dizer que, nesta mesma direção, vamos desenvolver um programa de atenção aos portadores de cardiopatias congênitas a ser entregue ao Ministério da Saúde. Outro foco importante da nossa atuação será a incorporação de novas tecnologias no sistema de saúde. Já demos os primeiros passos na preparação de documentos que serão enviados à Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias (CONITEC) do Ministério da Saúde, assim como fizemos gestões junto à

Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) para incorporação do Implante por Cateter de Prótese Valvar Aórtica. Posso afirmar que começamos o ano “a mil por hora”. E é assim que desejamos seguir ao longo de toda a gestão. Nesta primeira edição de 2012 do Jornal da SBHCI, o caro colega verá o registro de algumas destas primeiras ações. Neste momento, não é necessário destacar uma ou outra. Todas têm sua importância e relevância no projeto de gestão que levaremos a cabo até o final de 2013. Talvez, o mais importante neste momento seja afirmar que desejamos a participação e a união de todos em todas as nossas ações. O principal legado que o gestor de uma sociedade como a SBHCI pode deixar é a unidade do quadro associativo. Nossa diretoria foi escolhida por aclamação, então, não nos cabe dividir a Sociedade. Vamos pautar nossa ação na defesa dos interesses da cardiologia intervencionista e, para tanto, precisamos ser um grupo monolítico. O nosso legado será a defesa intransigente dos legítimos interesses dos cardiologistas intervencionistas como um todo e da sociedade brasileira. Estamos apenas começando um longo trabalho. Vamos trabalhar para cumprir todos os objetivos propostos. Vamos trabalhar para cumprir os anseios de todos os colegas. Vamos trabalhar para que nossa especialidade cresça e seja fortalecida.

Marcelo Queiroga Presidente


ÍNDICE

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INTERNAS

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QUALIDADE PROFISSIONAL

Notas e notícias da SBHCI

Certificação profissional | Programa de intercâmbio | Ministério da Saúde | Ponte aérea | TAVI | SBHCI na mídia

Certificando a qualidade da hemodinâmica brasileira

Em projeto inédito, a SBHCI anuncia o Programa de Qualidade Institucional, criado para certificar os Centros de Formação e de Assistência em Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista

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TECNOLOGIA

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NOVA DIRETORIA | GESTÃO 2012-2013

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SBC | LUIZ ALBERTO MATTOS

O 1 stent farmacológico do Brasil o

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XXXIV CONGRESSO DA SBHCI

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REPÓRTER INTERNACIONAL | JIM 2012

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Liberação pela Anvisa do primeiro stent farmacológico fabricado no Brasil deve acelerar seu processo de incorporação à lista de procedimentos do SUS

Em nome de todos

Luiz Alberto Mattos (SP) assume a diretoria científica da SBC e fala sobre suas metas e desafios

#45 01/2012

O congresso deste ano terá salas novas, sessões inéditas e parcerias que pretendem ampliar o público do evento e atrair um grande número de cardiologistas clínicos, além de intervencionistas do Brasil inteiro

Simplicidade e segurança

A primeira cobertura internacional deste ano traz novidades diretamente de Roma, na Itália COMPORTAMENTO

A mulher intervencionista

As responsabilidades são as mesmas de todo profissional da cardiologia intervencionista. Porém, o acúmulo de funções da vida pessoal e profissional requer planejamento e organização impecáveis

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JOGO RÁPIDO | JAMIL ABDALA SAAD

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AGENDA

Diretoria eleita por aclamação assumiu a gestão da SBHCI focada no crescimento e no fortalecimento da especialidade

O desafio está lançado

Sem medir esforços

Entusiasmo e responsabilidade

Bate-papo com o vice-presidente da Sociedade Latino-Americana de Cardiologia Intervencionista (SOLACI) na gestão atual, e presidente da próxima gestão (2013-2015)

Nacional e internacional

Programe-se e participe dos congressos, cursos e eventos científicos

Conselho editorial | SBHCI | www.sbhci.org.br Marcelo Queiroga (PB) | presidente Pedro Alves Lemos Neto (SP) | diretor administrativo José Ary Boechat (RJ) | diretor de comunicação Luciana Constant Daher (GO) | editora Cesar Medeiros (RJ) e Breno Oliveira (SP) | coeditores Equipe técnica | take-a-coffee Comunicação Jornalista responsável | André Ciasca, mtb 31.963 Editora | Carla Ciasca Reportagem | Isadora de Campos Revisão | Christina G. Domene Projeto gráfico e direção de arte | Vagner Simonetti Fotografia e tratamento de imagens | Gis Ciasca | www.gisciasca.com.br Impressão | Ipsis | www.ipsis.com.br Tiragem | 11.000 exemplares Circulação | em todo o território nacional

Jornal da SBHCI é uma publicação trimestral da Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista – SBHCI. Os textos assina­dos são de responsabilidade exclusiva de seus autores ou fontes consultadas e não refletem neces­sariamente a opinião da SBHCI.

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INTERNAS | NOTAS E NOTÍCIAS DA SBHCI

Certificação profissional A 1a Reunião de Avaliação do Programa SBHCI de Certificação Profissional aconteceu em São Paulo (SP), no dia 10 de março, e reuniu dezenas de estagiários em hemodinâmica e coordenadores de Centros de Treinamento para um dia de discussão sobre a qualificação e a qualidade dos cardiologistas intervencionistas e hemodinamicistas em formação. Os participantes tomaram conhecimento das políticas acerca das especialidades médicas no Brasil, bem como da importância da pesquisa clínica e das publicações científicas no processo da formação médica. Dra. Áurea Jacob Chaves, editora da Revista Brasileira de Cardiologia Invasiva (RBCI), apresentou dados que demonstram a evolução da publicação que foi indexada ao SciELO em janeiro de 2012, e como os novos colegas podem colaborar com a produção científica nacional. Além da diretoria da Sociedade, participaram do evento Nelson Siqueira de Morais (GO), da Comissão de Julgamento do Título de Especialista em Cardiologia (CJTEC) da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC); Walter José Gomes (SP), presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardiovascular; Maria do Patrocínio Tenório Nunes (SP), em nome da Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM); e Carlos Vital Corrêa Lima (PE), vicepresidente do Conselho Federal de Medicina (CFM). 4


PROGRAMA DE INTERCÂMBIO

Programa Arie Fellowship foto: divulgação

Em parceria com o Brigham and Women’s Hospital (BWH), vinculado à Harvard Medical School (Boston, Estados Unidos), a SBHCI desenvolveu o Programa de Intercâmbio Científico, com o objetivo de qualificar os jovens especialistas que se interessam pela pesquisa em cardiologia intervencionista. Mediante um concurso público, sob a égide dos organizadores do Fellowship, um cardiologista brasileiro será enviado para realizar um estágio com duração de dois anos no BWH, sob a orientação acadêmica de um preceptor da instituição americana. A SBHCI arcará com as despesas operacionais durante todo o período do estágio. As normas para realização do concurso constarão de edital próprio, divulgado com a devida tempestividade, e a seleção ocorrerá durante o Congresso Brasileiro de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista, em Salvador (BA).

INSCREVA-SE O edital já está publicado no Portal da SBHCI. Informações: (11) 3849-5034 socio@sbhci.org.br www.sbhci.org.br www.brighamandwomens.org

SBHCI NA MÍDIA

Porta-vozes da hemodinâmica Desde o começo de 2012, a SBHCI conta com o apoio de uma equipe de assessoria de imprensa. A missão desta turma é tornar a Sociedade, bem como seus porta-vozes, conhecidos pelos jornalistas como referência para conceder entrevistas e informações relacionadas à cardiologia e à hemodinâmica. Conheça alguns resultados alcançados no primeiro trimestre de 2012. veículo: Portal O Estado de S. Paulo pauta: Anvisa aprova comercialização de primeiro stent farmacológico nacional data: 3 de fevereiro veículo: Portal Nacional de Seguros pauta: Cardiologistas querem salvar crianças que morrem porque não são operadas data: 1o de fevereiro

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INTERNAS | NOTAS E NOTÍCIAS DA SBHCI

PONTE AÉREA

foto: divulgação

MINISTÉRIO DA SAÚDE

Grandes parcerias

Capacidade duplicada O Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (InCor) inaugurou, em dezembro, novas instalações do Serviço de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista “Prof. Dr. Siguemituzo Arie”. Estiveram presentes à inauguração o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, o presidente da SBHCI, Marcelo Queiroga (PB), e a diretoria da Sociedade representada por Pedro Lemos (SP), diretor administrativo da SBHCI e atual diretor do Serviço de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista do InCor. A modernização da infraestrutura e

a atualização tecnológica visaram à substituição de aparelhos antigos por quatro novos equipamentos de hemodinâmica. O investimento, de mais de R$ 4 milhões, propiciou a duplicação da capacidade do hospital realizar exames de eletrofisiologia e tratamento por ablação, em decorrência da criação de mais uma sala exclusiva para estes procedimentos. Do valor total, cerca de R$ 3 milhões foram investidos pelo Fundo Nacional de Saúde (FNS) do Ministério da Saúde, e R$ 1 milhão foi cedido pela Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo.

Novos programas No dia 13 de dezembro, o ministro da Saúde no Brasil, Alexandre Padilha, em visita ao Instituto do Coração do Hospital das Clínicas (InCor), em São Paulo (SP), anunciou os programas nacionais do Ministério da Saúde (MS) para Protocolo de Trombólise no Sistema Único de Saúde (SUS) e para Estímulo das Unidades Coronarianas. O Protocolo de Trombólise abrange a inclusão de três medicamentos: Alteplase, Tenecteplase e Clopidogrel, e do exame Troponina, na tabela de pagamentos do SUS. Para garantir a eficácia no uso, a incorporação dos medicamentos será acompanhada da implantação de novo protocolo clínico para síndromes coronarianas agudas, além da expansão da rede de atendimento, com a criação de 150 leitos específicos. “As doenças cardiovasculares são a principal

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causa de morbidade, incapacidade e morte no mundo e no Brasil”, disse Padilha. “Precisamos oferecer um atendimento rápido e adequado ao paciente, que significa a diferença entre a vida e a morte.” O último dado consolidado do MS aponta índice de 19 mil óbitos causados por doenças cardiovasculares em 2009, o equivalente a 31% das mortes naquele ano. Já o Programa de Estímulo das Unidades Coronarianas prevê a criação de 40 unidades de tratamento intensivo exclusivas para doenças das coronárias (infarto e angina) em dez regiões metropolitanas brasileiras que apresentam índices maiores de mortalidade por infarto. Inclui também o aumento da diária nessas unidades dos atuais R$ 400,00 para R$ 800,00.

No dia 27 de janeiro, a SBHCI, representada pelo presidente Marcelo Queiroga (PB) e pelos diretores Pedro Lemos (SP), Samuel Silva da Silva (PR), Hélio Castello (SP) e Carlos AC Pedra (SP), além de José Antonio MarinNeto (SP), coordenador da Comissão Permanente de Certificação (CPC), e Áurea Jacob Chaves, editora da Revista Brasileira de Cardiologia Invasiva (RBCI), foram recebidos no Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia (IDPC), por sua diretoria, representada por Amanda G. M. R. Sousa (SP), em uma visita denominada “Institur”. Na ocasião, foi firmada a parceria SBHCI/IDPC para aprimorar o processo de qualidade institucional dos Centros de Treinamento em hemodinâmica e cardiologia intervencionista, juntamente com o Instituto do Coração (InCor) e o Hospital Beneficência Portuguesa de São Paulo.

Energia nuclear Hélio Castello (SP), diretor de qualidade profissional, e Adriano Dias Dourado (BA), presidente do Congresso 2012, representaram a SBHCI no Projeto de Cooperação Técnica da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN). A reunião aconteceu nos dias 6 e 7 de março, no Rio de Janeiro (RJ), e teve por objetivo a formatação do Programa Nacional de Proteção Radiológica, que servirá de base para a criação do Plano de Qualidade em Hemodinâmica da SBHCI.

Visita de inspeção Em fevereiro, o Hospital Universitário Pedro Ernesto, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), recebeu a direção da SBHCI para a inspeção do Centro de Treinamento em Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista, dirigido por Esmeralci Ferreira (RJ), com vistas ao credenciamento do Programa de Qualidade Institucional. Atualmente, mais de 300 residentes fazem treinamento de especialização nesta tradicional escola de medicina.


TAVI

CFM valida implante valvar aórtico No dia 20 de janeiro de 2012, o Conselho Federal de Medicina (CFM) emitiu um parecer (no 03/12) afirmando que “a técnica de correção de doença valvar por via endovascular deixa de ser experimental, constituindo-se prática médica inconteste com indicação precisa em pacientes com idade avançada diagnosticados com estenose aórtica acentuada ou comorbidades e sem condições cirúrgicas convencionais”. Tal posicionamento é resultado da solicitação de revisão por parte da SBHCI ao parecer no 13/11 emitido pelo CFM no ano passado, o qual considerava o implante transcateter de válvula aórtica (TAVI) um procedimento em fase de experiência. Em seu questionamento, a SBHCI sustentou, por meio de evidencias médicas, sobretudo o estudo PARTNER, que o procedimento de Implante Transcateter de Bioprótese Valvar Aórtico, para tratamento de estenose grave em pacientes idosos e/ou com contraindicação para a cirurgia convencional de troca valvar, já havia vencido a fase experimental. Foram realizados no Brasil mais de 200 procedimentos com altas taxas de sucesso e baixos índices de complicações. A SBHCI esclareceu que o resultado dos estudos clínicos mais recentes tem demonstrado grande benefício, observando-se significativa redução tanto da mortalidade (redução absoluta de 20% na mortalidade ao final de um ano) quanto da melhoria na qualidade de vida quando comparada ao tratamento clínico convencional. A aprovação do CFM utilizou como sustentação científica o Consenso de Especialistas sobre o Implante por Cateter de Biopróteses Valvares para o Tratamento da Estenose Aórtica de Alto Risco Cirúrgico da SBHCI e a Diretriz Brasileira de Valvopatias da Sociedade Brasileira de Cardiologia. “Do ponto de vista prático, a decisão do CFM valida a realização do procedimento no Brasil, que somente podia ser praticado no âmbito da pesquisa clínica, o que limitava muito a sua aplicação”, afirma Marcelo Queiroga (PB),

presidente da SBHCI. “Com a revisão do parecer, o procedimento foi liberado e pode ser realizado como método terapêutico com segurança e eficácia reconhecidas”. A decisão do CFM não obriga a cobertura da técnica pelas operadoras, mas foi um passo importante para a incorporação deste tratamento ao sistema de saúde brasileiro. A saúde suplementar é regida pela Lei no 9.656/98, que criou a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), a quem compete regulamentar o setor. Os procedimentos experimentais ou antiéticos são excluídos de cobertura pela lei e por resoluções da ANS. Assim a decisão do CFM retira o TAVI da relação de procedimentos excluídos de cobertura, o que não implica na imediata inclusão no Rol de Procedimentos, referência de cobertura obrigatória. Sendo assim, o próximo passo da SBHCI é a solicitação de incorporação do método à Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias (CONITEC), mas esta ação deve ter um planejamento mais detalhado e requer uma atuação de médio prazo. No entanto, há a possibilidades de implementação de direitos individuais por meio do judiciário, com base no artigo 196 da Constituição Federal, permitindo que a técnica seja acessível por intermédio do SUS, mesmo sem a existência de uma política pública neste sentido. Outro ponto refere-se ao Estatuto do Idoso (Lei no 10.741/03), uma vez que a maior parte destes enfermos tem acima de 60 anos, o que estabelece o fornecimento gratuito pelo SUS de próteses, com base no parágrafo 2o do artigo 15. Leia entrevista exclusiva com Marcelo Queiroga (PB) no Portal da SBHCI: www.sbhci.org.br. 7


QUALIDADE PROFISSIONAL

Amanda G.M.R. Souza (SP) e membros de sua equipe receberam a comissão da SBHCI no Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, em São Paulo (SP).

O presidente Marcelo Queiroga (PB), à esquerda, e o diretor de qualidade profissional Hélio Castello (SP), à direita, foram recebidos pelo professor Roberto Kalil FIlho, ao centro, diretor do Incor.

Certificando a QUALIDADE da hemodinâmica brasileira

A Em projeto inédito, a SBHCI anuncia o Programa de Qualidade Institucional, criado para certificar os Centros de Formação e de Assistência em Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista Por Hélio Castello (SP), diretor de qualidade profissional

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SBHCI, juntamente com o Instituto Qualisa de Gestão (IQG Health Services Accreditation), maior empresa certificadora de qualidade em saúde do País, deu início ao Programa de Qualidade Institucional, começando com o processo de criação de um Manual de Orientação para os Centros de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista. Este documento terá como função principal estabelecer o padrão para adequação das normas baseadas nas melhores práticas, nas diretrizes nacionais e internacionais e nas legislações existentes. Todo programa de qualidade em saúde tem como objetivo a melhoria da assistência baseada na segurança do paciente e dos profissionais do setor. O caminho para que esta missão seja cumprida passa pela formatação dos processos, determinando protocolos assistenciais e operacionais, além das rotinas técnicas de gestão. Ao final deste percurso, faz-se a implementação de indicadores de desempenho que serão utilizados para balizar ações de melhorias contínuas. O processo de avaliação da qualidade no ambiente da saúde já tem cerca de 90 anos em todo o mundo. No Brasil, iniciou-se de forma regular somente em 1999 com a criação da Organização Nacional de Acreditação (ONA). A partir de então, as instituições de saúde passaram a formatar seus programas com o intuito de obter diferenciação no mercado e melhor utilização dos recursos disponíveis. É neste cenário, com modelos consolidados e sucesso comprovado, que a SBHCI passou a desenvolver o Pro-


CLASSIFICAÇÃO Os centros avaliados serão classificados de acordo com os parâmetros estabelecidos pelo Programa:

→ NÃO CERTIFICADO não atende a 50% das conformidades e não cumpre critérios básicos de segurança → OURO Conformidade Básica (Segurança) atende a 50% → PLATINA Conformidade Parcial (Processos) atende de 50% a 70% das conformidades → DIAMANTE Conformidade Substancial (Melhoria Contínua) atende a 100%.

No Hospital Beneficência Portuguesa de São Paulo, a diretoria da SBHCI fechou parceria com os coordenadores das equipes do Centro de Treinamento em Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista.

Este projeto marcará um novo momento na cardiologia intervencionista nacional.

Hélio Castello, diretor de qualidade profissional

grama de Qualidade Institucional para certificar todos os Centros de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista do Brasil. A certificação promovida pela SBHCI deverá ser voluntária para todos os centros, porém será recomendável para o Centro de Treinamento pela sua importância na formação médica. Os parâmetros avaliados serão baseados em dados de estrutura organizacional, de atendimento, de apoio, gestão de suprimentos, biossegurança, protocolos de assistências, rotinas técnicas, gestão de riscos e controle de resultados clínicos. Cada dado avaliado será classificado em quatro níveis: conformidade mínima, conformidade parcial, conformidade substancial e não aplicável. A partir destes resultados, os centros avaliados serão classificados em quatro categorias, definidos de acordo com os parâmetros, conformidades e critérios básicos de segurança: não certificado, padrão ouro, padrão platina e padrão diamante. Este Programa de Qualidade foi apresentado para as três instituições, Centros de Treinamento responsáveis pela formação de mais de 50% dos cardiologistas intervencionistas do País: Instituto do Coração (InCor) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP), Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia e Hospital Beneficência Portuguesa de São Paulo. As três instituições receberam a diretoria da SBHCI no começo deste ano, apoiaram a iniciativa na íntegra e concordaram em assumir o papel de Centro de Treinamento Pi-

loto para a validação do manual e dos parâmetros utilizados para a obtenção da certificação. “A cardiologia intervencionista vem evoluindo de uma forma muito rápida, podemos observar que novas tecnologias frequentemente estão sendo incorporadas ao laboratório de hemodinâmica para o tratamento de diversas patologias cardiovasculares”, afirma José Armando Mangione (SP), coordenador de uma das equipes do Centro de Treinamento Hospital Beneficência Portuguesa de São Paulo. “Para acompanhar todo este desenvolvimento é necessário obter a melhor formação profissional possível, de forma que a certificação é muito importante, pois visa uniformizar o treinamento em todos os centros e tem como principal objetivo formar profissionais com alta qualidade técnica e científica, capazes de desenvolver com excelência sua atividade”. Este projeto marcará um novo momento na cardiologia intervencionista nacional, no qual a preocupação com a qualidade dos serviços e a aplicabilidade de processos assistenciais e protocolos clínicos farão com que a população se sinta mais segura no momento de submeter-se a qualquer procedimento no ambiente da hemodinâmica, fará também com que as fontes pagadoras tenham maior credibilidade e transparência nas relações de mercado e, principalmente, com que tenhamos mais um indicador que mostre a seriedade da SBHCI na formação dos cardiologistas intervencionistas. ■

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foto: divulgação

TECNOLOGIA

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O 1 stent farmacológico Por Carla Ciasca, jornalista

do BRASIL

Liberação pela Anvisa do primeiro stent farmacológico fabricado no Brasil deve acelerar seu processo de incorporação à lista de procedimentos do SUS

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pós sete anos do início da pesquisa e desenvolvimento do stent brasileiro, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou, no dia 30 de janeiro de 2012, a liberação do registro e comercialização do Inspiron, o primeiro dispositivo farmacológico fabricado no País. Produzido pela Scitech Medical, de Goiânia (GO), em parceria com a Innovatech Medical, de São Paulo (SP), o stent de plataforma cromo-cobalto foi codesenvolvido pela equipe do Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (InCor). A decisão foi determinada diante das evidências de uma longa série de testes pré-clínicos e dos resultados do estudo INSPIRON, liderado por Expedito Ribeiro (SP), do InCor, e que envolveu quatro outros centros no Brasil. O INSPIRON comparou o stent eluidor de sirolimus com sua versão sem liberação de fármaco em uma proporção randomizada 2:1 (58 pacientes, com idade média próxima a 60 anos, com cerca de 30% de diabéticos e mais de 20% de síndromes coronárias agudas). Foram incluídos pacientes com lesões “de novo” podendo ser tratadas lesões múltiplas, medindo entre 2,5 mm e 3,5 mm (por estimativa visual), que poderiam ser

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tratadas com stent de 16 mm a 19 mm. Após seis meses de seguimento, o estudo demonstrou a superioridade do stent farmacológico nacional em relação ao stent convencional na redução da formação de neoíntima, com índices eficazes de perda luminal tardia e hiperplasia ao ultrassom intracoronário. “O resultado inicial advindo deste estudo foi excelente”, afirma Pedro Lemos (SP), diretor administrativo da SBHCI e diretor do Serviço de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista do InCor. “O stent tem exatamente o que se espera de um dispositivo padrão classe mundial, que era o que nós queríamos, e isso nos animou a fazer o estudo número dois, no qual vamos comparar o stent farmacológico nacional com um stent farmacológico já em uso, importado, sabidamente muito bom.” A liberação da Anvisa representa um marco no mercado nacional de stents, uma vez que todos os stents farmacológicos disponíveis no Brasil são de fabricação estrangeira. Melchiades da Cunha Neto, diretor da Scitech Medical, empresa responsável pela manufatura, distribuição e venda do Inspiron, afirma que já há grande procura e apoio da comunidade médico-científica do Brasil. “Podemos adiantar que a Scitech emprega os métodos


de produção mais modernos e, portanto, temos condições de concorrer no mercado.” Com os valores praticados hoje, a expectativa é de que o stent nacional venha a se tornar uma opção acessível para os procedimentos realizados no País, bem como para o mercado exterior. “Nossa capacidade produtiva em São Paulo é da ordem de 600 stents por mês por turno de trabalho de oito horas, sejam stents convencionais ou farmacológicos”, afirma Spero Morato, físico que atua na pesquisa e no desenvolvimento do stent desde o início do processo e sócio-diretor da Innovatech Medical, empresa responsável pela produção das plataformas metálicas. “Poderemos produzir até 1.800 stents por mês, assim que a demanda exigir”. O próximo passo aguardado pelos cardiologistas intervencionistas é a incorporação do stent farmacológico à lista de procedimentos do SUS, solicitação feita pela SBHCI ao Ministério da Saúde em 2011, e que deve ser reforçada novamente na atual gestão. “Em breve, entraremos com um pedido formal para que o Ministério da Saúde avalie a possibilidade de incorporar o stent farmacológico ao SUS”, afirma Marcelo Queiroga, presidente da SBHCI. “As evidências comprovam sua superioridade em relação ao stent convencional e é de suma importância para a especialidade que os pacientes do SUS tenham acesso a ele”. Como tudo começou O Brasil é o berço de tecnologias de ponta em diversos segmentos. Nossa tecnologia é utilizada na fabricação de aviões modernos, plataformas de petróleo e tantos outros nichos de produtos exportados como primeira linha. Por que não investir na produção de stents? Motivado por esta questão, Pedro Lemos aceitou o convite, em 2005, da Scitech Medical para coordenar os testes laboratoriais para a produção de um dispositivo próprio. Sob a condição de os esforços caminharem para a produção de um stent de padrão mundial. Naquela época, havia apenas a estrutura para a fabricação do dispositivo no Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN), sob o comando do professor Spero Morato, e muita vontade. “Como nunca se fez nada parecido no Brasil, não se tinha ao redor nenhum aparato pronto para os testes”, afirma Pedro Lemos. “É uma coisa parecida com o sujeito que resolve fabricar pneu, mas nunca viu um carro na vida. Não adianta fabricar um pneu da cabeça dele, ele precisa colocar no carro pra ver se vai derrapar, se vai soltar tiras, estourar”. O primeiro desafio, no processo de desenvolvimento, era a análise das características mecânicas e físicas do stent. Depois, a reação do stent teria de ser testada em um organismo, em um animal de experimentação. Então, a equipe partiu para a criação de um laboratório de processamento, dentro do InCor, onde seriam realizados os primeiros testes de cateterismo em animais, no caso, porcos e coelhos. Para a análise dos stents no microscópio, o material era colocado em uma resina acrílica, endurecida. Após o endurecimento da resina, o Micrótomo, equipamento que faz cortes microscópicos, variando de 1 a 10 μm (micrómetros) de espessura (1 micrómetro é igual a 1 milésimo de milímetro), realizava cortes com ultraprecisão. Ao fazer estes cortes, em um trabalho minucioso, começavam os testes comparativos com e sem remédio. O estudos clínicos mostraram resultados consistentes que avaliaram a segurança e a eficácia do primeiro stent de cromo-cobalto fabricado no Brasil, o Cronus, aprovado pela Anvisa em 2008, e com cerca de três mil dispositivos implantados e, hoje, exportado para 32 países. Com o sucesso dos primeiros resultados, veio a pergunta: “Por que não fazer um stent farmacológico?” O processo de desenvolvimento seguiu a mesma filosofia aplicada ao stent convencional. Os desfechos clínicos e angiográficos do estudo foram apresentados em 2011 no EuroPCR e no Congresso da SBHCI, e recebeu ainda um prêmio da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (SOCESP) de melhor estudo experimental. ■

PASSO A PASSO Como é feito o stent nacional

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O processo começa com o corte a laser do tubo metálico de 1,6 mm ou 1,8 mm de diâmetro feito de liga de cromo-cobalto para formação da malha do dispositivo.

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O tubo é submetido a um feixe de laser controlado por um equipamento que faz a usinagem de acordo com um molde digital. Esta máquina gera um movimento circular e de translação do tubo, conferindo o formato final do stent.

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A peça é submetida a um banho ácido para retirada da oxidação superficial surgida durante o corte a laser.

O stent passa por um tratamento térmico de alto vácuo para alívio das tensões e ajuste do tamanho dos grãos da liga. Nesta etapa, ele adquire as características flexibilidade e expansibilidade.

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A eficácia do tratamento térmico é verificada com o auxílio de microscopia eletrônica, que possibilita a análise da morfologia e estrutura do stent.

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A etapa posterior consiste de um polimento eletroquímico, com a finalidade de executar o ajuste dimensional das hastes e deixar a superfície polida.

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Com um aparelho que gera uma imagem ampliada dezenas de vezes, cada um dos stents passa pela avaliação dimensional, certificando que está no tamanho desejado.

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O stent é esterilizado e enviado para finalização da montagem do cateter-balão. Por fim, está pronto para ser implantado ou recoberto por uma camada do fármaco antirreestenose. 11


NOVA DIRETORIA | GESTÃO 2012-2013

Diretoria eleita por aclamação assumiu a gestão da SBHCI para o biênio 2012-2013, focada no crescimento e no fortalecimento da especialidade Por Marcelo Queiroga (PB), presidente

Em nome de TODOS A

o assumir a presidência da SBHCI, definimos que a gestão de nossa Sociedade deveria ser alicerçada em três pilares: associativismo médico, educação médica continuada e certificação profissional. Partindo destas premissas, a diretoria da SBHCI, biênio 2012-2013, vai atuar fortemente nas três vertentes, mas com a atenção voltada ao grande anseio dos associados que, neste momento, refere-se à valorização e à organização do trabalho médico. Vamos centralizar nossa atenção na busca por recomposição dos honorários médicos, atualmente bastante defasados. Para tanto, será necessário fomentar a união de todos! Outro aspecto que receberá nossa atenção será a incorporação das novas tecnologias no âmbito do sistema de saúde do Brasil, seja na saúde pública ou suplementar. Não é mais admissível que, após uma década de emprego regular no País, desde o registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), os stents farmacológicos continuem sonegados aos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) e, o mais grave, sem que os pacientes nem sequer sejam informados dos seus benefícios. O maior desafio desta gestão será unir todos os colegas na busca da valorização do trabalho médico, por meio de uma política justa de honorários. Nossa área de atuação é insalubre, pois lidamos com radiação ionizante e suas consequências, e este ponto deve ser remarcado. Sabemos que há várias peculiaridades que permeiam o exercício da hemodinâmica e da cardiologia intervencionista. Como exemplo, citamos a participação societária do hemodinamicista em clínicas que possuem equipamentos de angiografia, que prestam serviços para operadoras de planos de saúde regidos por contratos específicos, transcendendo o exclusivo interesse por honorários profissionais. Assim, não é demais afirmar que o grande desafio será compatibilizar estes interesses, de forma que a luta pela recomposição dos honorários não seja fragilizada em nenhum momento.

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Questão médica ou conflitos bioéticos? As duas últimas gestões da SBHCI foram muito bem avaliadas pelos associados. A prova inconteste é a nossa eleição por aclamação. Porém, muitas das demandas societárias, em destaque as empreendidas junto ao Ministério da Saúde, não foram consideradas. Todos os aspectos da gestão que dependeram exclusivamente da ação da diretoria foram bem-sucedidas. Porém, nas demandas externas, as ações nem sempre foram vitoriosas, a exemplo do que ocorreu na busca por incorporação de tecnologias no sistema de saúde pública. Trazendo a experiência dos dirigentes que ocuparam as gestões anteriores, pretendemos nos aproximar das autoridades governamentais para convencê-las dos reais benefícios das tecnologias empregadas em nossa área de atuação. A incorporação dos stents farmacológicos pelo SUS é exemplo emblemático. A SBHCI vem buscando implementar esta terapia no SUS desde 2005, sem sucesso. Estamos trabalhando com afinco na elaboração de propostas para incorporação de tecnologias no SUS. O foco está na clara demonstração dos benefícios da adoção destes procedimentos e sua custo-efetividade. Recentemente, o Ministério da Saúde devolveu à SBHCI três propostas (stents farmacológicos, oclusores septais e cateter de ultrassom) feitas à Comissão de Incorporação de Tecnologias (CITEC). Agora, em virtude de legislação específica (Lei no 12.401/2011), foi criada a Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias (CONITEC) que, diferentemente da CITEC, instituída por portaria ministerial, tem respaldo em lei e é obrigada a obedecer um cronograma (prazo de 180 dias, prorrogáveis por mais 90 dias) para responder às demandas de incorporação de tecnologias. Por solicitação do Ministério da Saúde, estamos adequando as antigas demandas, como stents farmacológicos, oclusores septais e ultrassom intracoronário (IVUS), às novas regras para fazer uma nova submissão.


Vale remarcar que a tecnologia dos stents farmacológicos foi aprovada pela Anvisa em 2002, portanto, há dez anos, mas ainda não está disponível aos usuários do SUS. Na prática, mais de 60% da população brasileira não tem acesso a esta tecnologia. É um contexto que não pode persistir, e é nossa obrigação instar as autoridades sanitárias do País para incorporar esta importante tecnologia ao SUS. Já estamos elaborando um detalhado estudo avaliando o impacto econômico desta incorporação no orçamento do Ministério da Saúde. É necessário demonstrar a importância de reduzir a reestenose coronária. A incorporação dos stents farmacológicos é mais que uma questão meramente médica; hoje, torna-se um conflito bioético, pois, a não provisão dentre as políticas de saúde pública interfere na autonomia da interação médico-paciente, uma vez que os pacientes vinculados ao SUS recebem tecnologia antiquada e, na maior parte das vezes, nem sequer são informados sobre estes aspectos. Por outro lado, tal fato abre espaço para uma crescente judicialização da medicina.

O maior desafio desta gestão será unir todos os colegas na busca da valorização do trabalho médico, por meio de uma política justa de honorários.

Marcelo Queiroga, presidente

Da divergência à solução Da mesma forma que pretendemos avançar no diálogo com as esferas públicas, vamos trabalhar para nos aproximar de todos os segmentos da cadeia assistencial, notadamente das operadoras de planos de saúde. É necessário vencer as desconfianças e partir para um diálogo produtivo, uma vez que estas empresas também são nossos clientes e a parte forte da relação. Queremos sair da situação de vulnerabilidade e estabelecer um novo patamar para este diálogo. Atualmente, temos uma agenda pautada por divergências, sobretudo em relação ao emprego de dispositivos ditos de alto custo. É hora de encontrar soluções. Ao longo dos próximos dois anos, vamos trabalhar na construção de diretrizes societárias sólidas que ajudarão a pacificar este cenário. Vamos atualizar nossas diretrizes em conjunto com a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) e a Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardiovascular (SBCCV), para definir as melhores indicações dos procedimentos intervencionistas e cirúrgicos. Também será necessário elaborar uma relação de similaridade entre os materiais empregados em nossa área de atuação, a fim de orientar nas situações de conflito, nas quais seja considerada a substituição da prescrição médica pelas operadoras, conforme dispõe resoluções da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) e do Conselho Federal de Medicina (CFM). É um trabalho árduo que certamente trará grandes benefícios para nossos pacientes.

Este programa foi denominado Arie Fellowship, em homenagem ao nosso saudoso Siguemituzo Arie (SP), figura emblemática da cardiologia intervencionista nacional. Estas ações estão fortemente vinculadas à qualificação do hemodinamicista brasileiro. Porém, também estão sintonizadas com a perspectiva de manter a SBHCI próxima e ativa no cenário da cardiologia intervencionista internacional. As parcerias com a Sociedade Latino-Americana de Cardiologia Intervencionista (SOLACI) e a Society for Cardiovascular Angiography and Interventions Scientific (SCAI) serão incentivadas. Atuaremos, ainda, para manter a participação crescente nos eventos internacionais da especialidade. Em 2011, já realizamos com grande sucesso um simpósio conjunto com o Transcatheter Cardiovascular Therapeutics (TCT). É nossa obrigação ampliar estas inciativas, bem como melhorar a produção científica local por meio do programa de incentivo à pesquisa. Somente nos afirmaremos internacionalmente quando tivermos uma ação mais consistente dos nossos pesquisadores. Precisamos deixar de ser somente um grande mercado para venda de materiais produzidos no exterior. Assim, é importante destacar a iniciativa pioneira de desenvolvimento do projeto do stent nacional, não apenas por resultar na produção deste primeiro dispositivo, mas pelo fato de termos desenvolvido um projeto de pesquisa consistente com os benefícios culminados.

Prioridade na Qualificação do Especialista Focada nos jovens cardiologistas intervencionistas e no fortalecimento da qualificação científica, nossa gestão vai dar continuidade à postura de incentivo à pesquisa clínica. Os 30 Centros de Treinamento credenciados pela Sociedade serão conclamados a intensificar a implementação do programa de educação médica continuada, com o objetivo de qualificar cada vez mais os futuros intervencionistas brasileiros. A SBHCI dará continuidade à política de premiação dos melhores trabalhos apresentados em nossos congressos e publicados na Revista Brasileira de Cardiologia Invasiva (RBCI), como forma de reconhecimento ao mérito científico. Nesta mesma direção, recentemente, firmamos parceria com o Brigham and Women’s Hospital, vinculado à Harvard Medical School, que propiciará que um jovem pesquisador intervencionista possa estagiar por dois anos com bolsa naquela instituição.

Fortalecendo a Sociedade O Brasil, fruto do desenvolvimento socioeconômico recente, integra o rol das principais economias globais e passou a ser foco do interesse das grandes indústrias de materiais dedicados a cardiologia intervencionista, excelente oportunidade para o fortalecimento sustentado da SBHCI. Esta é uma missão que só será alcançada se nossa área de atuação tornar-se realmente unida na luta pelos interesses corporativos societários. Ao longo dos próximos dois anos, estabeleceremos uma forte corrente com os colegas nos diversos eventos do calendário nacional: congressos, cursos, simpósios e fóruns que realizaremos por todo o Brasil. Vislumbramos um engajamento pleno dos sócios, não apenas na parte científica, mas sobretudo nas ações associativas. É fundamental uma atuação política da SBHCI para unir e consolidar a atuação dos cardiologistas intervencionistas brasileiros. ■

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NOVA DIRETORIA | GESTÃO 2012-2013

Diretoria gestão 2012-2013 A diretoria da SBHCI vem trabalhando em diversas frentes de atuação desde os últimos meses de 2011, em parceria com a gestão anterior. Conheça os nove diretores, que contam com seu apoio para manter a Sociedade unida e fortalecida na luta pelos interesses da hemodinâmica e da cardiologia intervencionista.

Marcelo Queiroga (PB) Presidente

Pedro Alves Lemos Neto (SP) Diretor Administrativo

Rogério Sarmento-Leite (RS) Diretor Científico

José Ary Boechat (RJ) Diretor de Comunicações

Samuel Silva da Silva (PR) Diretor de Educação Médica Continuada 14

Antônio Carlos Neves Ferreira (MG) Diretor de Intervenções Extracardíacas

Antônio Luiz Secches (SP) Diretor Financeiro

Hélio Castello (SP) Diretor de Qualidade Profissional

Carlos AC Pedra (SP) Diretor de Intervenções em Cardiopatias Congênitas


SBC | LUIZ ALBERTO MATTOS

O desafio está lançado

Em janeiro, o presidente Marcelo Queiroga (PB) esteve no Rio de Janeiro (RJ) para prestigiar a cerimônia de transmissão e posse da diretoria da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), que tem Jadelson Pinheiro de Andrade (BA) como presidente. A diretoria científica está sob a responsabilidade de Luiz Alberto Mattos (SP), presidente da SBHCI na gestão 2006-2009, chefe de Pesquisa do Serviço de Cardiologia Invasiva do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia de São Paulo, coordenador do Serviço de Intervenção Cardiovascular do Hospital Esperança em Recife (PE) e cardiologista intervencionista do HCOR/ ASS e da Santa Casa de Marília (SP). Mattos concedeu entrevista exclusiva e falou de suas metas e desafios Por André Ciasca, jornalista

Quais as metas para a diretoria científica da SBC no biênio 2012-2013? Renovação do 67º Congresso Brasileiro da SBC, a ser realizado em Recife (PE), nos dias 14 a 17 de setembro, valorizando a construção da comissão científica vigente, permeada pelas sugestões advindas dos departamentos e grupos de estudo da SBC; valorização do compartilhamento de agendas científicas internacionais com as maiores entidades de cardiologia do globo: American College of Cardiology (ACC), American Heart Association (AHA), European Society of Cardiology (ESC), além daquelas entidades coirmãs de língua portuguesa e espanhola (Portugal, Espanha, Argentina e Interamericana). Estes são eventos de dia inteiro, com agenda dedicada, construída de modo compartilhado entre a SBC a sociedade internacional convidada, reunindo mais de 30 convidados internacionais. Muito além do congresso anual, a central de eventos da SBC expandiu suas ações para o gerenciamento de três encontros anuais de relevância: Curso Anual do ACC no Brasil, sob a coordenação do professor Valentin Fuster, a ser efetivado no Hotel WTC Sheraton, em São Paulo (SP), nos dias 19 e 20 de maio. Este é um evento inédito na América Latina, com tradição de 44 edições realizadas em Nova York (Estados Unidos), abordando as controvérsias recentes da prática clínica cardiológica e as novas fronteiras do conhecimento, por meio de corpo docente exclusivo constituído de membros do ACC. E, ao final do ano, a consolidação e fortalecimento do III Brasil Prevent e I Fórum Latino-Americano de Prevenção Cardiovascular, a serem realizados no Hotel Windsor Atlântica, no Rio de Janeiro (RJ), de 30 de novembro a 2 de dezembro, em parceria com a AHA e a Sociedade Interamericana de Cardiologia. Será uma revolução na diretoria científica da SBC, triplicando os eventos. Teremos ótimas oportunidades de aprendizado e renovação de conhecimentos para os cardiologistas, intervencionistas e cirurgiões cardiovasculares.

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SBC | LUIZ ALBERTO MATTOS

O crescimento da SBHCI é notável. Em 2011, a cardiologia intervencionista foi a líder em submissão de temas-livres e pesquisas originais.

Luiz Alberto Mattos, diretor científico da SBC À direita, Marcelo Queiroga (PB), presidente da SBHCI, no evento que deu posse aos intervencionistas Luiz Alberto Mattos (SP), à esquerda, como diretor científico da SBC, e a Alexandre Schaan Quadros (RS), ao centro, como coordenador do Conselho de Registros da SBC.

O presidente Marcelo Queiroga (PB) entre Jadelson Pinheiro de Andrade (BA), presidente da SBC, e Walter José Gomes (SP), presidente da SBCCV.

O presidente da SBHCI Marcelo Queiroga (PB) e o presidente da Associação Médica Brasileira (AMB) Florentino Cardoso Filho (CE).

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Como considera o papel da SBC no contexto internacional? Crescente e relevante, com reconhecimento como o maior evento clínico da cardiologia na América Latina, atrás somente dos três maiores eventos mundiais, organizados por ACC, AHA e ESC. Ele está associado ao crescimento da pesquisa original brasileira e sua publicação em revistas científicas com alto impacto editorial. O Brasil está em franca expansão também na assistência, pesquisa e ensino da cardiologia. Portanto, a procura por eventos dedicados, e com esmero na construção da agenda científica, será crescente, reflexo dos acordos formais com as maiores entidades de cardiologia do globo, já citadas. Estes convênios resgataram a agenda científica do congresso anual da SBC, valorizando-a novamente e cotejando-se com os demais eventos citados, até mesmo na comparação nacional, com o congresso anual da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (SOCESP). Como pretende atuar em relação aos departamentos da SBC? Os departamentos constituem os pilares da entidade e seguem valorizados e respeitados, possuindo espaço determinado para sua exibição. Contudo, o congresso anual estava perdendo fôlego em comparação com outros eventos similares, no contexto da sua agenda científica, compartimentando excessivamente as suas atividades. Desejamos elevar a permeabilidade entre os departamentos e não a sua apresentação restrita, stricto senso, no congresso anual, quase similar a um congresso de área de atuação. Clínicos, profissionais dedicados aos métodos gráficos e de imagem, intervencionistas e cirurgiões cardiovasculares devem atuar como uma equipe para ofertar o melhor na renovação de conhecimento e, assim, transladar as melhores oportunidades de diagnóstico e tratamento para os nossos pacientes. Como a SBHCI e os demais departamentos da SBC podem contribuir com a diretoria científica? A contribuição já é uma ação consolidada, efetivada sempre ao final de cada ano, recebendo um percentual para sua inserção na grade científica, baseado em temas-livres apresentados e número de associados. Com estes critérios, o crescimento da SBHCI é notável, pois, em 2011, a cardiologia intervencionista foi a líder em submissão de temas-livres, pesquisas originais, na vigência do 66º Congresso da SBC, com mais de 100 pesquisas. Além deste critério vigente, sempre que necessário, nas temáticas controversas e na abordagem das novas estratégias de tratamento, simpósios conjuntos e internacionais, a inserção da nossa área de atuação se faz obrigatória, visto os fundamentos consistentes e evidências na aplicação das diversas técnicas existentes na prática clínica brasileira e mundial. Como estimular o interesse pela pesquisa clínica em cardiologia? Uma pergunta com notável grau de dificuldade para ser respondida de maneira operacional e não somente filosófica. O médico, como qualquer profissional laboral, necessita sobreviver em uma sociedade custosa e competitiva, que tradicionalmente nos recompensa muito mal, requerendo a multiplicação de empregos para que seja possível reunir o valor financeiro para a progressão social. Somos muitos no Brasil, e ainda somos muito aviltados e pouco valorizados, para o número de anos empenhados em aprender, graduar-se e seguir, constantemente, no necessário processo de educação continuada. Desta feita, tornar-se um pesquisador no Brasil com a estrutura vigente, de custosa recompensa e caquético estímulo ao médico, restrita a alguns poucos centros, centralizada e burocratizada, no fomento e liberação de recursos, reunirá alguns poucos, gerando um universo muito maior de assistência. É um desafio que ainda aguarda um melhor equilíbrio entre a assistência e a pesquisa.


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Como pretende desenvolver o programa de educação médica continuada na SBC? As estratégias são basicamente duas: a presencial, ainda não consolidada na entidade, e a virtual, já madura e em operação. Para a ação presencial pretendemos transladar a nossa experiência exitosa efetivada na administração passada da SBHCI (2006-2009), qual seja, eventos focados em temas clínicos da cardiologia, em cidades de segundo porte, evitando as capitais dos Estados, de duração compacta (duas a seis horas), apresentada por dois professores reconhecidos e dotados da devida proficiência. Também é um desafio, pois, até hoje, estes eventos ainda não foram incorporados ao calendário existente. Aliás, uma das razões é justamente a pletora de eventos existentes, principalmente em capitais de Estado, pois, invariavelmente, cada serviço que apresente alguma relevância maior, especialmente como formador de novos profissionais ou na excelência em assistência, já os efetivam. Ao cunhar um projeto próprio presencial, além dos eventos anuais, maiores, a SBC gera uma competição com os citados. Por isto a estratégia será modificar o foco para aqueles logradouros carentes destes eventos. Esta é a primeira vez que um cardiologista intervencionista assume a diretoria científica da SBC. Podemos afirmar que é o cargo mais alto na hierarquia da SBC já ocupado por um cardiologista intervencionista e entender este fato como o reconhecimento do avanço e do crescimento desta área de atuação?

28/02/12 08:39

Sim. É a primeira vez que a cardiologia intervencionista ocupa o cargo maior da SBC, a diretoria científica, depois da presidência. A honra e a lisonja são máximas, assim como a responsabilidade advinda deste cargo eletivo, e agradeço o suporte irrestrito dos colegas intervencionistas associado ao aval dos demais. Até o momento, nenhum intervencionista se tornou presidente da entidade. Em parte, somos mais jovens na geração de profissionais, por exemplo, que os colegas cirurgiões cardíacos, com dez a 20 anos de gradiente, que já ocuparam a presidência da SBC. Com o avanço e a consolidação da nossa área de atuação, como ferramenta eficaz e segura de diagnóstico e tratamento das enfermidades cardiovasculares, será inexorável que um dia chegaremos lá. Contudo, a disputa para atingir este cargo se torna mais e mais inquieta, com campanhas custosas, demandando um ano de preparação, peregrinações nacionais constantes para permear o nome entre os colegas, equipe de marketing, pesquisas, e tudo mais. Associado com a modificação do estatuto, o pleito exige dois turnos de maneira obrigatória, elevando desgaste, custos financeiro e temporal, dispendidos para tal contenda. Nossos colegas são invariavelmente muito ocupados, efetivam uma rotina assistencial exigente, e que, muitas vezes, demanda a presença do profissional de maneira onipresente. Um possível candidato, além das credenciais de qualificação inatas à sua pessoa e do reconhecimento pelos pares, irá demandar o desapego ao trabalho diário, com as implicações decorrentes, por três, até quatro anos, da eleição à administração. Como me disse um colega do Dante Pazzanese, a presidência da SBC “não é para quem quer, mas sim para quem pode”. Alguém se candidata? ■

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foto: divulgação | BAHIATURSA

XXXIV CONGRESSO DA SBHCI

Entrada do Centro de Convenções da Bahia, que receberá cardiologistas de todo o Brasil para o XXXIV Congresso da SBHCI

Sem medir ESFORÇOS O congresso deste ano terá salas novas, sessões inéditas e parcerias que pretendem ampliar o público do evento e atrair um grande número de cardiologistas clínicos, além de intervencionistas do Brasil inteiro

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stamos a pouco menos de três meses da abertura oficial do XXXIV Congresso da SBHCI, um evento que está sendo preparado para superar todas as edições anteriores nos quesitos conteúdo científico e, principalmente, oportunidades de ampliar o debate entre intervencionistas, clínicos e cirurgiões. “Queremos trazer os clínicos ao nosso congresso”, afirma o diretor científico Rogério Sarmento-Leite. “Dentro do conceito de modernidade, a SBHCI enxerga o tratamento das cardiopatias, principalmente a isquêmica, como uma abordagem multidisciplinar, que envolve o clínico, o cirurgião e o intervencionista.” Para cumprir esta missão, a inscrição de todos os clínicos será franqueada pela SBHCI, desde que os profissionais estejam com sua situação regularizada junto à Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC). Para reunir este público e tornar a discussão ampla, foi criada uma sala especial que trará programação voltada especificamente para o clínico. Ainda no intuito de ampliar o espectro das abordagens do congresso, haverá um simpósio, fruto da parceria entre a SBHCI e a Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardiovascular (SBCCV). Os assuntos tratados nesta sessão conjunta abordarão a revascularização miocárdica do ponto de vista dos três especialistas: o intervencionista, o cirurgião e o clínico. “É uma proposta inédita que vai aproximar profissionais das três especialidades”, afirma Sarmento-Leite. “Tão importante quanto as discussões e debates multidisciplinares serão os temas re-

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lacionados às novas tecnologias”. A programação científica terá momentos dedicados ao que há de mais novo em dispositivos, técnicas e tratamentos percutâneos como abordagens sobre válvula aórtica, ablação da artéria renal, entre outras aulas apresentadas pelos principais nomes da cardiologia intervencionista mundial. Serão dez palestrantes internacionais participando de diversos debates e aulas inéditas. Os casos ao vivo serão transmitidos novamente em alta definição de centros nacionais e internacionais. Entre os 12 casos previstos está a transmissão de um procedimento em válvula aórtica com a utilização de dispositivo recentemente aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O presidente do congresso, Adriano Dias Dourado (BA), está preparando a programação de uma sala que tratará de temas relacionados à qualidade do exercício profissional, um pleito antigo de muitos associados. Este fórum dará menos ênfase às questões científicas e se dedicará às discussões sobre regulamentação, treinamento, solicitações feitas ao Ministério da Saúde, novas tecnologias ainda não aprovadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS), itens que o SUS não remunera e a reprovação de reembolsos por parte dos planos de saúde. “Será um congresso dinâmico”, afirma o diretor científico. “E não mediremos esforços para que este evento seja um marco no relacionamento entre clínicos e intervencionistas”.



foto: divulgação | JIM

REPÓRTER INTERNACIONAL | JIM 2012

Mais de 1.600 participantes lotaram o auditório do Ergife Palace Hotel, em Roma (Itália), durante os três dias de evento.

Simplicidade e segurança A primeira cobertura internacional deste ano traz novidades diretamente de Roma, na Itália, palco do JIM 2012, evento marcado por demonstrações de procedimentos complexos que se tornam simples e de resolução segura nas mãos de profissionais renomados da cardiologia intervencionista mundial

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Por Decio Salvadori Jr. (SP), chefe de equipe de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista do Hospital Beneficência Portuguesa de São Paulo

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moldurada por um espesso manto de neve, a “cidade eterna” sediou a 12ª edição do Joint Interventional Meeting (JIM) no Ergife Palace Hotel, entre os dias 9 e 11 de fevereiro. Há muitos anos, Roma não recebia tanta neve. Este fato raro trouxe o caos aos meios de transporte, e a cidade diminuiu muito seu ritmo. Por outro lado, continuou exuberante! Mais uma vez, um grande número de participantes presenciou este evento. Foram 1.616 assistentes de 64 países premiados com demonstrações ao vivo de casos clínicos desafiadores e de inovadoras tecnologias. Neste ano, os casos foram transmitidos com muito mais qualidade dos centros San Raffaele Scientific Institute e Columbus Hospital Heart Center, em Milão, e Mirano Hospital, em Mirano, na Itália; do Royal Brompton & Harefield & NHS Trust, na Inglaterra; e da University Hospital Bonn, na Alemanha. Os principais operadores foram Antonio Colombo (Itália), Eberhard Grube (Alemanha) e Carlo Di Mario (Itália), e uma grande variedade de especialistas renomados foram convidados para que exibissem as novas tendências e tecnologias.


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A lista de convidados internacionais estava repleta de figuras incontestáveis, com grande número de publicações científicas, contribuições importantes nas mesas de discussão e na moderação dos casos ao vivo. Tivemos também a participação de renomados cardiologistas intervencionistas brasileiros nas atividades do JIM 2012, entre eles, Alexandre Abizaid (SP), que comentou um dos casos transmitidos da Alemanha e participou como moderador e palestrante de simpósios sobre as últimas experiências com stents farmacológicos e o tratamento do infarto agudo do miocárdio. Como já é tradição, o JIM contemplou as demonstrações ao vivo de casos desafiadores, surpreendendo até mesmo os mais experientes intervencionistas. As soluções para estes casos foram inovadoras, especialmente na terapêutica das lesões de bifurcações, no tronco de coronária esquerda não protegido e oclusão coronária crônica, para os quais foram utilizados novos dispositivos que facilitaram o tratamento adequado destes grupos de alta complexidade. Vale ressaltar a incrível habilidade técnica de Antonio Colombo e dos convidados asiáticos. Também foram discutidas as doenças estruturais, como valvopatias mitral e aórtica, bem como oclusão do apêndice atrial esquerdo. Nestes procedimentos, foram demonstradas as tendências atuais e também os novos dispositivos para terapêutica adequada. Outra característica interessante do JIM são as sessões

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durante a hora do almoço e as noturnas (nos intervalos das transmissões ao vivo). Teórico-práticas, elas permitiram um amplo debate sobre as novas tecnologias, os novos stents e os últimos resultados de seguimento clínico tardio dos estudos clínicos mais importantes (com discussões calorosas mediadas por Alexandre Abizaid), novas próteses valvares e a utilização de vias alternativas para seu implante. O tratamento das síndromes coronarianas agudas, a redução na incidência da trombose dos stents, os stents reabsorvíveis e a denervação da artéria renal para tratamento da hipertensão arterial refratária são exemplos de outros temas muito bem referenciados neste JIM. As transmissões de procedimentos ao vivo de Mirano (Itália) mostraram uma nova técnica de recanalização de longos segmentos da artéria femoral superficial, totalmente ocluída em pacientes sintomáticos (sucesso em 93%). Trata-se de recanalização (aterectomia) guiada por tomografia de coerência óptica em 360 graus (Avinger OCELOT). É um procedimento rápido, com baixíssima incidência de complicações, realmente fantástico. Sobre o JIM 2012 podemos refletir que procedimentos que, inicialmente, pareciam ser extremamente complexos, tornaram-se simples e de resolução segura nas mãos destes grandes profissionais. Arrivederci Roma. Spero di tornarci presto!! Fino al prossimo anno. ■

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foto: divulgação | arquivo pessoal

COMPORTAMENTO

mulher Claudia Mattos (RJ), cardiologista intervencionista casada com o também médico Cesar Rocha Medeiros (RJ), com quem atua junto na equipe de Hemodinâmica da Rede D’Or.

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intervencionista As responsabilidades são as mesmas de todo profissional da cardiologia intervencionista. Porém, o acúmulo de funções da vida pessoal e profissional requer planejamento e organização impecáveis Por Isadora de Campos, jornalista

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A palavra-chave é organização, é preciso planejar-se. Nos dias de hoje, o tempo é escasso para todos.

Adriana Costa Moreira (SP), cardiologista intervencionista do Hospital do Coração

Com planejamento, Adriana adaptou sua rotina entre a vida pessoal e profissional durante a espera da chegada dos gêmeos em 2011.

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e acordo com os registros da SBHCI, no Brasil, existem 968 cardiologistas intervencionistas homens e 64 mulheres. Longe de qualquer discurso sexista, os números simplesmente constatam o que se percebe no dia a dia. As mulheres representam menos de 7% dos profissionais que atuam no laboratório de hemodinâmica. Para eles, a profissão e o posto de chefe de família fazem parte de uma agenda atribulada. Para elas, a missão de administrar a carreira e a vida pessoal tende a se tornar um desafio com o passar do tempo, superado com os benefícios que só a experiência e a maturidade podem oferecer em um caminho que, geralmente, começa com a gravidez. É o caso de Adriana Costa Moreira (SP), cardiologista intervencionista do Hospital do Coração, em São Paulo. Em 2011, Adriana deu à luz gêmeos e tornou-se um exemplo de equilíbrio entre a vida pessoal e profissional. Ela precisou sair de licença semanas antes do parto e passou a maior parte do tempo em casa, de repouso e imaginando como sua vida mudaria ainda mais após o nascimento das crianças. Se o telefone tocava, ou era alguém do hospital ou era o marido querendo saber se tudo estava bem com ela e com as crianças. O marido é Breno Oliveira Almeida (SP), cardiologista intervencionista do Hospital Israelita Albert Einstein, também em São Paulo.

Adriana acredita que tudo correu bem devido a um planejamento seguido corretamente. “A palavra-chave é organização, é preciso planejar-se”, ela diz. “Nos dias de hoje, o tempo é escasso para todos, independentemente da profissão”. Tão importante quanto organização e planejamento são os cuidados que, na área da cardiologia intervencionista, devem ir além do trivial. A otimização das práticas em radiologia intervencionista é um aspecto crítico que não pode ser ignorado, seja por causa da importância do procedimento para o paciente, seja pela exposição que o profissional sofre à radiação ionizante. “É a prática da medicina que mais recebe radiação, porque o médico precisa estar junto do paciente durante todo o exame”, afirma Lucía Viviana Canevaro, pesquisadora física do Instituto de Radioproteção e Dosimetria da Comissão Nacional de Energia Nuclear e especialista em Física Médica. “As radiações precisam ser contínuas pela necessidade da imagem dinâmica”. A legislação trabalhista é bem clara no que diz respeito à gravidez de mulheres expostas à radiação. A Norma Regulamentadora (NR) 32 do Ministério do Trabalho afirma que “toda trabalhadora com gravidez confirmada deve ser afastada das atividades com radiações ionizantes, devendo ser remanejada para atividade compatível com seu nível de formação”.

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fotos: divulgação | arquivo pessoal

COMPORTAMENTO

Itamar Ribeiro de Oliveira (RN) e Ludmilla Ribeiro de Oliveira (RN), o casal intervencionista tem dois filhos, com 7 e 11 anos.

Luiz, com 8 anos de idade, já está acostumado com a rotina da mãe, Luciana Daher Constant (GO).

A Diretriz de Proteção Radiológica em Radiodiagnóstico Médico e Odontológico da Portaria no 453/98 da Secretaria de Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde, que regulamenta diversos aspectos da radiação ionizante na área médica, é ainda mais precisa. Ela estipula que o profissional não deve receber dose efetiva média anual acima de 20 mSv (unidade que mede os efeitos biológicos da radiação) em qualquer período de cinco anos consecutivos, não podendo exceder 50 mSv em nenhum ano. Para mulheres grávidas, os requisitos adicionais para proteger o embrião vão desde o aviso imediato da constatação da gravidez, para que seja feita uma revisão do local de trabalho, de modo a garantir que a dose no abdômen da mulher não exceda 2 mSv durante todo o período restante da gestação. Luciana Daher Constant (GO), cardiologista intervencionista, acredita que as responsabilidades não diferem entre os gêneros. Segundo ela, homens e mulheres convivem com o mesmo tipo de cobrança no trabalho, mas a mulher tem, muitas vezes, funções acumuladas, por questões históricas e culturais. “Penso que a cobrança maior seja da própria profissional e mãe, que se sente culpada quando, por exemplo, precisa decidir se falta ao trabalho

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quando o filho adoece”, ela afirma, fazendo uma referência ao sentimento de culpa inerente à maternidade defendido pelo filósofo suíço Jean-Jacques Rousseau. “Não há decisão que a isente de culpa neste caso: ou em relação aos pacientes, se optar por assistir ao filho, ou em relação ao filho, se deixá-lo para ir trabalhar”. Segundo Luciana, é preciso, então fazer não o ideal, mas o possível: “levar o filho ao trabalho já foi uma destas soluções”. E claro, contar com uma rede de apoio confiável para poder exercer a profissão sabendo que o filho está bem assistido. Muitas vezes elas não estão sozinhas, contam com a ajuda de seus companheiros para dar conta de todas as funções. “É uma rotina pesada”, afirma o médico Itamar Ribeiro de Oliveira (RN), casado com a cardiologista intervencionista Ludmilla Almeida da Rocha Ribeiro de Oliveira (RN), com quem tem dois filhos, de 7 e 11 anos de idade. A médica atua em três hospitais: Incor Pro Mater, Natal Hospital Center, Hospital da Unimed e Instituto de Neurocardiologia Wilson Rosado. “Ela é uma heroína, faz tudo junto: mãe, mulher, médica”, afirma Itamar. Para Ludmilla, é uma questão de objetivo. “Se eu fosse escolher ser uma profissional de projeção mundial, já complicaria um pouco, porque além de tudo, precisaria sair de casa para dar mais aulas, ir a mais congressos”, diz a cardiologista que, junto com o marido, levava as crianças com suas babás aos congressos da especialidade. “Já aconteceu de ter de levar os filhos para o hospital para que não ficassem sozinhos”, ela afirma. “Divertiram-se das 18h às 22h, um em uma televisão e o outro, em um computador.” Questionada se é possível conciliar tudo, Ludmilla é enfática. “Sim, com boa vontade e planejamento”, ela diz. “Cansa? Cansa. Às vezes eu fico louca pra chegar o final de semana, mas faço questão de fazer o almoço aos sábados e domingos”. Mesmo com planejamento, é possível que a rotina saia dos eixos. É o que conta a cardiologista intervencionista Claudia Mattos (RJ), casada com César Rocha Medeiros (RJ), com quem atua em uma equipe de hemodinâmica da Rede D’Or, no Rio de Janeiro (RJ). “Já tive vezes de estar no supermercado com o carrinho cheio e ter de largá-lo no caixa para fazer uma urgência”, diz a médica, ressaltando que esses contratempos são comuns e fazem parte da carreira escolhida. “Acredito que as pessoas que trabalham no setor saibam disso, então, não é nenhum sacrifício”. ■

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JOGO RÁPIDO | JAMIL ABDALA SAAD

Mineiro de Uberaba, Jamil Abdalla Saad (MG) foi presidente da SBHCI de 1998 a 2001 e leva a determinação e o amor pela especialidade em sua jornada como vice-presidente da Sociedade Latino-Americana de Cardiologia Intervencionista (SOLACI) na gestão atual, e presidente da próxima gestão (2013-2015) Por Carla Ciasca, jornalista

Entusiasmo e responsabilidade Quando decidiu pela carreira de medicina? Desde que pensei em seguir alguma profissão, a medicina foi minha escolha.

Qual foi sua maior conquista? Minha família: minha esposa Guilhermina e meus filhos Natália e Gabriel.

Por que cardiologia? A partir do terceiro, quarto ano de faculdade, talvez bastante entusiasmado pela riqueza da semiologia cardiológica e pelo desafio da morte súbita.

Qual é o seu maior arrependimento? Nenhum. Acredito que as coisas são de um jeito (que conhecemos), ou de outro. Convivo bem com a realidade.

Quem foi o professor que mais o influenciou? Por quê? Todos nós que fizemos faculdade em Uberaba (MG) e que optamos pela cardiologia, em diferentes gerações, fomos definitivamente influenciados pelo professor Lineu José Miziara (MG). Um mestre magistral em todas as dimensões da palavra, infelizmente falecido precocemente. Não fosse médico, que outra carreira teria escolhido? Ouvi Euryclides de Jesus Zerbini dizer, citando seu pai, que vocação é conversa de preguiçoso. Poderia seguir outra profissão com responsabilidade, mas não sei se com o mesmo entusiasmo. Qual é a área mais promissora na medicina de hoje? Certamente a dos procedimentos minimamente invasivos e os incluídos na terapêutica genética. Qual a área mais negligenciada na medicina? Todas as áreas clínicas, especialmente pela descaracterização da relação médico/paciente, imposta pela realidade dos planos de saúde, em que o doente muitas vezes não sabe sequer o nome do médico que o está tratando. Como vê o futuro dos jovens médicos no Brasil? Com esperança e preocupação. Antes, escolhíamos a especialidade cega e apaixonadamente. Hoje, há enorme preocupação com qualidade de vida e remuneração, ao mesmo tempo em que se desfruta de um desenvolvimento técnico-científico extraordinário.

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Como o senhor gosta de relaxar e passar seu tempo livre? Fim de semana no condomínio Canto das Águas, que fica a 40 quilômetros de Belo Horizonte (MG). Tenho como hobbies: tênis, violão e astronomia; alguns, enferrujados. Qual é o seu pior defeito? Só posso falar do assumido: irritação desproporcional à importância do fato. Por exemplo, aguardar pessoas indecisas na fila do self-service. Costumo brincar que, se for contratar alguém, leve-o para um almoço self-service para conhecê-lo melhor. O que o deixa inspirado e de bom humor? Bons resultados no trabalho e na vida pessoal. Encontros e reuniões com familiares e amigos. O que o tira do sério? Tentativa de me fazer refém em qualquer situação (trabalho, vida pessoal, situações importantes ou mesmo de pouca relevância). Qual livro o senhor está lendo nesse momento? Estou lendo “Boa vontade: História da conquista do ouro no Brasil” e “Foram todos para Paris: Guia/roteiro dos escritores que viveram em Paris na década de 20”. Poderia citar algum livro que o impressionou ou influenciou particularmente? Profissionalmente, “Exploración clinica del Corazón”, de Pedro Zarco; e pessoalmente, “Ficções do Interlúdio”, de Fernando Pessoa. ■


AGENDA ABRIL dias 11 a 13 GI² - Global Summit on Innovations in Interventions São Paulo, SP www.gi2summit.com dias 16 a 17 59th Annual conference of the Israel Heart Society in association with the Israel Society of Cardiothoracic Surgery Tel-Aviv, Isarel http://www.israelheart.com/ dias 18 a 21 World Congress of Cardiology Scientific Sessions 2012 Dubai, Emirados Árabes Unidos www.world-heart-federation.org dias 19 a 28 18th Annual Interventional Cardiology Fellows Course Miami, Estados Unidos www.fellowscourse.com dias 22 a 24 XXXII Congresso Português de Cardiologia Vilamoura, Portugal www.spc.pt/spc/CongressoXXXII dia 25 XIII Simpósio de Cardiologia Intervencionista do Rio de Janeiro Rio de Janeiro, RJ www.sohcierj.org.br dias 25 a 28 29o Congresso de Cardiologia da SOCERJ – Sociedade de Cardiologia do Rio de Janeiro Rio de Janeiro, RJ www.socerj.org.br dias 25 a 28 CICE 2012 - Congresso Internacional de Cirurgia Endovascular São Paulo, SP www.icve.com.br/cice2012 MAIO dias 9 a 12 SCAI 2012 Society for Cardiovascular Angiography and Interventions Scientific Sessions Las Vegas, Estados Unidos www.scai.org/SCAI2012 dias 15 a 18 EuroPCR 2012 Paris Course of Revascularization Paris, França www.europcr.com

Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista www.sbhci.org.br Rua Beira Rio, 45 – cjs. 71 e 74 Vila Olímpia – São Paulo, SP CEP 04548-050 Fone: (11) 3849-5034

dias 15 a 18 PICS & AICS 2012 - Pediatric & Adult Interventional Cardiac Symposium Chicago, Estados Unidos www.picsymposium.com

dias 8 a 10 XVIII Congresso SOLACI – Sociedade LatinoAmericana de Cardiologia Intervencionista Cidade do México, México www.solaci.org

dias 25 e 26 XXXIX Congresso Paranaense de Cardiologia Curitiba, PR www.abev.com.br/paranaense2012

dias 9 a 11 XV Congresso de Cardiologia do Estado do Mato Grosso (SBC-MT) Cuiabá, MT sociedades.cardiol.br/mt

dia 30 a 2 de junho XXIV Congresso de Cardiologia do Estado da Bahia Salvador, BA sociedades.cardiol.br/ba/congresso.asp dia 31 a 2 de junho XXX Congreso Nacional de Cardiología Salta, Argentina www.fac.org.ar/1/cong/2012 JUNHO dias 7 a 9 XXXIII Congresso da SOCESP - Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo São Paulo, SP www.SOCESP2012.com.br dias 20 a 22 XXXIV Congresso da SBHCI Salvador, BA www.sbhci.org.br dias 22 e 23 I Fórum de Cardiologia Intervencionista da SBC-MT Cuiabá, MT sociedades.cardiol.br/mt dias 28 a 30 CSI 2012 Congenital & Structural Interventions Frankfurt, Alemanha www.csi-congress.org JULHO dias 5 a 7 XXII Congresso Mineiro de Cardiologia Belo Horizonte, MG sociedades.cardiol.br/sbc-mg AGOSTO dias 2 a 4 SOCERGS 2012 – Congresso de Cardiologia do Rio Grande do Sul Gramado, RS www.socergs.org.br

dias 16 a 18 17o Congresso Paraibano de Cardiologia João Pessoa, PB sociedades.cardiol.br/pb dias 25 a 26 ESC Congress 2012 Sociedade Europeia de Cardiologia Munique, Alemanha www.escardio.org SETEMBRO dias 14 a 17 67º Congresso Brasileiro de Cardiologia Recife, PE educacao.cardiol.br/eventos dias 15 a 19 CIRSE 2012 Cardiovascular and Interventional Radiological Society of Europe Lisboa, Portugal www.cirse.org OUTUBRO dias 22 a 26 TCT 2012 Transcatheter Cardiovascular Therapeutics Miami, Estados Unidos www.tctconference.com NOVEMBRO dias 3 a 7 AHA 2012 - American Heart Association Los Angeles, Estados Unidos scientificsessions.org

2013

FEVEREIRO dias 17 a 22 6th World Congress Paediatric Cardiology & Cardiac Surgery Cidade do Cabo, África do Sul wcpccs2013.co.za

Gestão 2012-2013 Presidente: Marcelo Queiroga (PB) Diretor Administrativo: Pedro Alves Lemos Neto (SP) Diretor Financeiro: Antônio Luiz Secches (SP) Diretor Científico: Rogério Sarmento-Leite (RS) Diretor de Comunicação: José Ary Boechat (RJ) Diretor de Qualidade Profissional: Hélio Castello (SP) Diretor de Edu­c ação Médica Continuada: Samuel Silva da Silva (PR) Diretor de Intervenções Extracardíacas: Antônio Carlos Neves Ferreira (MG) Diretor de Intervenções em Cardiopatias Congênitas: Carlos AC Pedra (SP) Equipe Administrativa Norma Cabral | gerência administrativa Aline Ribeiro | científico Eleni Peixinho | financeiro Kelly Peruzi | sócios Roberta Fonseca | eventos Vânia Fernandes | secretaria

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