Jornal da SBHCI - ed. 46 - 2/2012

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Ano XV | no 2 | #46 abril, maio e junho de 2012 Publicação trimestral da Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista

Da esquerda para a direita, Pedro Lemos (SP), diretor administrativo da SBHCI; André Spadaro (SP), coordenador da CENIC; Alexandre Padilha (DF), ministro da Saúde; Marcelo Queiroga (PB), presidente da SBHCI; Hugo Motta (PB), deputado federal.

Alexandre Padilha, ministro da Saúde, recebe diretoria da SBHCI E mais:

A visão do estagiário

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EuroPCR 2012

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CFM e a nova resolução


Palavra do Presidente

Caros colegas,

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Mais do que relevante, foi uma audiência de importância histórica e política, colocando nossa Sociedade em destaque junto às mais altas instâncias da saúde pública nacional.

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á percorremos ¼ de nossa gestão. Foram seis meses de atuação quase que exclusiva nos bastidores de nossa Sociedade, traçando projetos, desenvolvendo ações e cumprindo agenda de contatos nacionais e internacionais. Permanecemos trabalhando insistente e persistentemente focados em todos os propósitos que nos levaram à presidência da Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista (SBHCI). O Planejamento Estratégico continua em pleno desenvolvimento, apresentando os caminhos que iremos percorrer nos próximos meses e anos em busca da internacionalização, profissionalização de gestão e qualificação dos conteúdos inerentes à nossa área de atuação, desde a formação profissional dos futuros hemodinamicistas até a gestão administrativa dos serviços que dirigimos e onde atuamos, instituições privadas ou públicas. E é do âmbito público e governamental que vem a notícia mais importante deste primeiro semestre. A diretoria da SBHCI, representada por mim, pelo diretor administrativo Pedro Lemos (SP) e André Spadaro (SP), coordenador do Registro Central Nacional de Intervenções Cardiovasculares (CENIC), esteve em audiência com o ministro da Saúde Alexandre Padilha. Entre diversas demandas, a missão deste grupo foi apresentar ao ministro o novo formulário eletrônico para remessa de dados referentes às intervenções coronárias percutâneas realizadas no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS) ao Ministério da Saúde. Esta nova ferramenta propiciará agilidade na remessa e rastreabilidade dos dados das intervenções coronárias percutâneas. Imagine que todos poderão acessar o sistema não só de computadores, mas também de

tablets e smartphones. Mais do que relevante, foi uma audiência de importância histórica e política, colocando nossa Sociedade em destaque junto às mais altas instâncias da saúde pública nacional. Os detalhes dos projetos apresentados e desta reunião estão descritos na página 8 desta edição. Fora do âmbito político, mantivemos nossas ações focadas no relacionamento com profissionais de outras especialidades e áreas de atuação e na defesa da prática médica e do desenvolvimento de novas tecnologias. É um trabalho que vem sendo desenvolvido por nossa Sociedade há pelo menos quatro anos e tem apresentado frutos interessantes de médio e longo prazos. É o caso de nossa presença na cobertura do American College of Cardiology (ACC) e do EuroPCR, e a parceria com o The Society for Cardiac Angiography and Interventions (SCAI) durante o GI² – Global Summit on Innovations in Interventions. Estas ações foram realizadas enquanto preparávamos, junto à equipe administrativa e à diretoria científica, o XXXIV Congresso da SBHCI. Dedicamos um auditório do nosso congresso para aulas voltadas ao cardiologista clínico, oferecendo conteúdo de atualização científica que promoverá a aproximação destes colegas do universo da hemodinâmica, sem perder de vista que os maiores beneficiários destas ações são, única e exclusivamente, os pacientes.

Marcelo Queiroga Presidente


ÍNDICE

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INTERNAS

Notas e notícias da SBHCI

Planejamento estratégico | SCAI 2012 Scientific Sessions | SCAI Fall Fellows Course | Eleição no CFM | Ponte aérea

Audiência com o ministro

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Alexandre Padilha, ministro da Saúde, recebeu a diretoria da SBHCI em Brasilía CFM

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O futuro da cardiologia intervencionista

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ENTREVISTA | GUILHERME SILVA

Células-tronco na cardiologia

ENTREVISTA | RAUL MORENO

Plataforma bioabsorvível

Conversa exclusiva com diretor do serviço de cardiologia intervencionista do Hospital Universitário La Paz, em Madri, na Espanha.

#46 02/2012

REPÓRTER INTERNACIONAL | EUROPCR 2012

Um olhar para o futuro da cardiologia

ATUALIZAÇÃO CIENTÍFICA

EXCELLA BD Trial: novolimus vs. zotarolimus

Alexandre Abizaid (SP) responde perguntas sobre o estado atual dos stents bioabsorvíveis

GI2

Guilherme Silva é um dos brasileiros do Centro de Células-Tronco do Instituto do Coração do Texas, nos Estados Unidos

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Inovação em busca do tratamento ideal

Conheça os principais destaques do conteúdo científico apresentado no congresso europeu

Novas regras para novos procedimentos

Em parceria com SCAI, SBHCI promoveu sessão concorrida durante o GI2 2012

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REPÓRTER INTERNACIONAL | ACC 2012

Equipe da SBHCI promoveu a cobertura ao vivo do Annual Scientific Sessions do American College of Cardiology

CAPA

Conselheira do Conselho Federal de Medicina afirma que as sociedades científicas são essenciais no fornecimento de subsídios técnicos que permitam a análise dos procedimentos

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capacitação profissional

A visão do estagiário de HCI

A pesquisa científica sob o foco de quem passou meses estagiando em instituições estrangeiras mundialmente reconhecidas JOGO RÁPIDO | LESLIE DE ALBUQUERQUE ALOAN

Escrevendo a sua história

Sócio-fundador da SBHCI responde 14 perguntas durante um bate-papo descontraído

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AGENDA

Nacional e internacional

Programe-se e participe dos congressos, cursos e eventos científicos

Conselho editorial | SBHCI | www.sbhci.org.br Marcelo Queiroga (PB) | presidente Pedro Alves Lemos Neto (SP) | diretor administrativo José Ary Boechat (RJ) | diretor de comunicação Luciana Constant Daher (GO) | editora Cesar Medeiros (RJ) e Breno Oliveira (SP) | coeditores Equipe técnica | take-a-coffee Comunicação Jornalista responsável | André Ciasca, mtb 31.963, andre@take-a-coffee.com Editora | Carla Ciasca, carla@take-a-coffee.com Revisão | Christina G. Domene Tradução | Ruth Gialucca Projeto gráfico e direção de arte | Vagner Simonetti Fotografia e tratamento de imagens | Gis Ciasca | www.gisciasca.com.br Impressão | xxxxxxx | www.xxxxxx.com.br Tiragem | 2.000 exemplares Circulação | em todo o território nacional

Jornal da SBHCI é uma publicação trimestral da Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista – SBHCI. Os textos assina­dos são de responsabilidade exclusiva de seus autores ou fontes consultadas e não refletem neces­sariamente a opinião da SBHCI.

fone: (11) 2626.3921 contato@take-a-coffee.com skype: take.a.coffee twitter: @take_a_coffee


A SBHCI MUDA DE LOGO

desde 1975

Abrindo caminho para a vida O novo logo da SBHCI passa a representar a instituição a partir do congresso da SBHCI de 2012. A evolução da marca representa, com traços mais leves que o antigo, diversos elementos que envolvem o comprometimento da instituição com a cardiologia, sua especificidade e o público ao qual é direcionado. As cores que remetem à bandeira brasileira, o coração ao qual se pode associar um “stent” implantado e a possibilidade de modificação do logo sem a perda de identidade da logomarca, garantem ao novo modelo uma memorização fácil, duradoura e marcante pelo seu significado.

Um coração

Um cateter

Um procedimento

Um stent implantado implan

O PROCESSO O processo de criação da nova logomarca da SBHCI envolveu um amplo estudo sobre as logomarcas da mesma área de atuação e de outras que relacionam algum elemento que remete ao coração. Outro levantamento feito foi o de rastrear o público e suas características para o qual a logomarca se direciona e algumas particularidades comuns que pudessem ser representadas

MISSÃO Desenvolver a cardiologia intervencionista, certificar a atuação profissional e representar os associados com qualidade, eficiência e alto valor agregado em prol da comunidade.

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nela, criando assim uma identidade expressiva. De posse dessas informações, foi possível criar uma imagem que reune não somente o nome da sociedade e sua sigla com traços leves que simbolizam o propósito de uma sociedade, como também, vários elementos de fácil associação à sua área de atuação, país e público.

VISÃO Ser reconhecida internacionalmente como referência no âmbito de sociedades de intervenções cardiovasculares.

VALORES Ética Competência técnica e científica Capacidade resolutiva Valorização profissional Responsabilidade socioambiental Comprometimento Sustentabilidade Inovação tecnológica


INTERNAS | NOTAS E NOTÍCIAS DA SBHCI

sxc

PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO

Caminhos a serem seguidos No último semestre de 2011, as duas diretorias presididas, respectivamente, por Maurício Rezende de Barbosa (MG) e Marcelo Queiroga (PB) trabalharam em união na formatação do Planejamento Estratégico da SBHCI. Esta foi uma ação que mostrou maturidade e profissionalismo de nossa Sociedade na busca pela continuidade e aperfeiçoamento dos bons projetos e criação de novas frentes de trabalho, tendo como objetivo principal o nosso fortalecimento como área de atuação na medicina cardiovascular. Partimos de um questionário encaminhado a 50 membros da SBHCI que foram muito atuantes nas últimas gestões, com questões sobre mercado da saúde e as influências que poderiam exercer em nossa Sociedade, além de refletirmos sobre nossos pontos fortes e nossas fraquezas. A experiência de uma diretoria em final de gestão, aliada à vontade renovada de outra, prestes a iniciar sua jornada, orientadas pela experiência já adquirida, fez com que as ideias fluíssem e criássemos nossa base estratégica, com nossa Missão (motivo pelo qual existimos), nossos principais Valores (características que determinam nossa forma de ser) e nossa Visão (onde queremos chegar). Missão: “Desenvolver a cardiologia intervencionista, certificar a atuação profissional e representar os associados com qualidade, eficiência e alto valor agregado em prol da comunidade.” Ela traduz o coração de nossa Sociedade que deve estar voltada para a certificação e representação dos profissionais que trabalharão para melhorar a qualidade de vida da Comunidade.

Valores: “Competência Técnica e Científica, Capacidade Resolutiva, Valorização Profissional, Responsabilidade Socioambiental, Comprometimento, Sustentabilidade e Inovação Tecnológica.” Embora sejam valores que pareçam básicos e normais, continuam refletindo a preocupação constante de nossa Sociedade em atendermos a comunidade dentro dos princípios éticos, com ampla capacidade técnica e resolutiva, inovando a terapêutica, mas nunca esquecendo do meio ambiente em que estamos inseridos e todas suas formas de preservação, para atuar em prol da qualidade de vida dos pacientes e dos profissionais de saúde. Visão: “Ser reconhecida internacionalmente como referência no âmbito de Sociedade de Intervenções Cardiovasculares.” Esta é uma meta ambiciosa, mas amplamente atingível, pois, hoje, nossos membros são atuantes no cenário internacional das intervenções cardiovasculares, restando-nos, apenas, o reconhecimento da SBHCI como referência societária fora de nossas fronteiras. Com estes pontos definidos, mais algumas reuniões foram realizadas e criados objetivos que orientarão os caminhos que serão seguidos nos próximos dois anos. Objetivos estes definidos nos âmbitos do Desenvolvimento Humano e Tecnológico (ações de capacitação e certificação), dos Processos Internos (melhorando a forma de trabalhar da Sociedade), do Mercado (agindo na atuação do profissional da área, reconhecimento da tecnologia e buscando uma remuneração justa) e da Sustentabilidade Financeira de nossa Sociedade, para que seu trabalho seja perene para nós e o futuro que nos espera.

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INTERNAS | NOTAS E NOTÍCIAS DA SBHCI

ISSN 0104-1843

arquivo pessoal

SCAI 2012 SCIENTIFIC SESSIONS

REVISTA BRASILEIRA DE

Publicação Oficial da Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista • ANO 19 - Nº 4 - VOL. 19 - DEZEMBRO 2011

Registro BRAVO: desempenho do stent Xience em lesões complexas Implante valvar aórtico percutâneo sem pré-dilatação Registro Madre Teresa: ICP eletiva pós-fibrinólise Estudo PAX-A: comparação do stent eluidor de paclitaxel com e sem polímero À esquerda, persistência do canal arterial do tipo E. À direita, angiografia após liberação da prótese Amplatzer Duct Occluder II (ADO II) por via anterógrada, demonstrando artéria pulmonar livre de obstruções.

Registro Incor: balão intra-aórtico na ICP de alto risco Resultados da ICP em octagenários Registro do Hospital Bandeirantes: Impacto da obesidade na ICP Desempenho do Stent FirebirdTM em diabéticos com doença de multiarterial Resultados da ICP no Hospital Vera Cruz Retirada de introdutor arterial guiada pelo TCA Tratamento da estenose e da atresia pulmonar em neonatos

À esquerda, comunicação interventricular muscular médio-trabecular. À direita, implante por via anterógrada, com mínimo fluxo residual, imediatamente após a liberação da ADO II.

Representando o Brasil O SCAI 2012 Scientific Sessions comemorou 35 anos de dedicação ao “Melhor do Melhor em Educação da Cardiologia Intervencionista e Invasiva”. Realizado entre os dias 9 e 12 de maio, em Las Vegas (Estados Unidos), o congresso deu ênfase à interatividade baseada em casos, divididos nas categorias: multidisciplinares, coronária, periférica, estruturais e congênitas. Nas sessões de pôsteres apresentados, o único trabalho brasileiro presente no evento americano era de autoria de Marcelo Cantarelli (SP) e Hélio Castello (SP), entre outros colegas, sobre os resultados de um estudo realizado no Instituto de Ensino e Pesquisa do Grupo Saúde Bandeirantes.

divulgação

SCAI FALL FELLOWS COURSE

Uso da prótese ADO II em cardiopatias congênitas e estruturais

Editora

À esquerda, aneurisma roto do seio de Valsalva direito comunicando a raiz da aorta ao ventrículo direito. À direita, ADO II bem posicionada após implante por via retrógada, sem fluxo residual.

Áurea Jacob Chaves Editores Associados Alexandre Abizaid Carlos Augusto Cardoso Pedra Rogério Sarmento-Leite Coeditores Carlos A. H. de Magalhães Campos Cristiano de Oliveira Cardoso Daniel Chamié J. Ribamar Costa Jr.

www.rbci.org.br

Sob o título “Impacto da Obesidade nos Resultados Hospitalares da Intervenção Coronária Percutânea”, o estudou avaliou se pacientes obesos poderiam apresentar melhor evolução pósintervenção coronária percutânea (ICP) quando comparados àqueles com índice de massa corporal (IMC) normal. De acordo com as evidências, em pacientes portadores de doença arterial coronária e submetidos a ICP, o IMC> 30 kg/ m² não influenciou o risco de eventos clínicos hospitalares relacionados ao procedimento. Os detalhes dos métodos e resultados do estudo foram publicados na edição de dezembro (vol. 19, nº 4) da Revista Brasileira de Cardiologia Invasiva (RBCI).

Você em Las Vegas A SBHCI enviou, em parceria com a SCAI, dois residentes dos Centros de Treinamento credenciados para participar do curso 2011 SCAI Fall Fellows, em Las Vegas (Estados Unidos). Fique atento ao Portal da SBHCI para saber como concorrer. Você pode ser o próximo: “O curso da SCAI Fall Fellows foi excelente, uma organização impecável, com aulas ministradas por grandes nomes da Cardiologia Intervencionista americana e temas em diversas áreas. Ficou claro que nós brasileiros estamos caminhando na vanguarda das inovações tecnológicas, pelo menos quanto à produção científica e à boa prática médica.” Ederlon Nogueira “O curso da SCAI foi excelente, a programação foi bem ampla, com muitos palestrantes renomados da cardiologia intervencionista, temas importantes e atuais, muita discussão de casos clínicos e ainda tivemos a oportunidade de conversar com pessoas de diversos Serviços”. Luciano Santos

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PONTE AÉREA

divulgação /cfm

sxc

ELEIÇÃO NO CFM

Planalto Central

Diretoria reeleita O plenário do Conselho Federal de Medicina (CFM) aprovou por unanimidade, em março, a recondução da atual diretoria da entidade, que tomou posse em abril. Na oportunidade, os conselheiros também concordaram com a permanência dos atuais membros da Comissão de Tomada de Contas em suas funções. A votação nominal confirmou os bons resultados alcançados pelo CFM – a partir da condução da atual diretoria – ao longo dos primeiros 30 meses da gestão, que se iniciou em outubro de 2009 e se encerrará em setembro de 2014. “Estamos no caminho certo. Contudo, queremos avançar mais e deixar como legado para os médicos brasileiros as bases para a real valorização da medicina”, ressaltou o presidente do CFM, Roberto Luiz d’Avila. Neste período, o Conselho Federal de Medicina atuou nos campos da defesa da ética e do exercício profissional de qualidade. Composição da diretoria do CFM (2012 – 2014) Presidente: Roberto Luiz d’Avila (SC) 1º vice-presidente: Carlos Vital Tavares Correia Lima (PE) 2º vice-presidente: Aloísio Tibiriça Miranda (RJ) 3º vice-presidente: Emmanuel Fortes Silveira Cavalcanti (AL) Secretário-geral: Henrique Baptista e Silva (SE) 1º secretário: Desiré Carlos Callegari (SP) 2º secretário: Gerson Zafalon Martins (PR) Tesoureiro: José Hiran da Silva Gallo (RO) 2º tesoureiro: Frederico Henrique de Melo (TO) Corregedor: José Fernando Maia Vinagre (MT) Corregedor-adjunto: José Albertino Souza (CE) Comissão de Tomada de Contas Júlio Rufino Torres (AM) Luiz Nódgi Nogueira Filho (PI) Renato Moreira Fonsea (AC)

Na audiência da diretoria da SBHCI com o ministro da Saúde Alexandre Padilha, em abril, foi discutida a incorporação de tecnologias no Sistema Único de Saúde (SUS). Segundo o presidente Marcelo Queiroga (PB), a SBHCI já havia submetido à Comissão de Incorporação de Tecnologias propostas para incorporação dos stents farmacológicos, dispositivos oclusores de defeitos septais (CIA e CIV), cujos pleitos foram devolvidos. O ministro sugeriu que fosse efetivada uma nova submissão com base nos novos critérios da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologia (Conitec).

Intercâmbio A SBHCI foi representada pelo seu presidente, Marcelo Queiroga (PB), durante a realização do 39º Congresso Brasileiro de Cirurgia Cardiovascular, entre os dias 12 e 14 de abril, em Maceió (AL). Sua participação reforça a política de interatividade entre as sociedades de cardiologia do País no desenvolvimento de um programa de atenção aos portadores de cardiopatias congênitas.

Câmara Técnica O diretor de Qualidade Profissional da SBHCI, Hélio Castello (SP), participou da reunião da Câmara Técnica de Implantes da Associação Médica Brasileira (AMB), em março, em São Paulo (SP), quando foram discutidas ética e qualidade das próteses.

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fotos: divulgação/sbhci

CAPA

Audiência com o ministro

Por Marcelo Queiroga (PB), presidente, e André Spadaro (SP), coordenador da Central Nacional de Intervenções Cardiovasculares (CENIC)

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Em abril deste ano, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, recebeu a diretoria da SBHCI, representada por Marcelo Queiroga (PB), presidente, Pedro Lemos (SP), diretor administrativo, e André Spadaro (SP), coordenador da Central Nacional de Intervenções Cardiovasculares (CENIC), em uma audiência oficial. O encontro é resultado dos constantes esforços para viabilizar os projetos propostos pela SBHCI em prol da expansão e consolidação de nossa área de atuação. Na ocasião da visita, foi apresentado o novo formulário eletrônico, desenvolvido pela SBHCI, para


Este projeto marcará um novo momento na cardiologia intervencionista nacional.

Hélio Castello, diretor de qualidade profissional

Acreditamos que a nova portaria possa ser assinada pelo ministro da Saúde no segundo semestre deste ano.

remessa ao Ministério da Saúde dos dados referentes às Intervenções Coronárias Percutâneas com Stent realizadas no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). O novo formulário eletrônico vai propiciar agilidade na remessa dos dados das angioplastias coronárias, constituindo importante ferramenta de auditoria e rastreabilidade, além de um banco de dados consistente e validado. O ministro Alexandre Padilha se comprometeu a reformular a portaria vigente e adotar o novo formulário eletrônico.

André Spadaro coordenador da CENIC

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ste ano, o Registro CENIC (Central Nacional de Intervenções Cardiovasculares) da SBHCI completa 21 anos de existência, desde sua idealização em 1991. No ano seguinte, iniciaram-se as coletas de dados e, em 1994, foi publicado o primeiro de inúmeros e relevantes relatos a partir dos dados fornecidos espontaneamente com o esforço dos associados de nossa Sociedade. Ao atingir a maioridade, no entanto, o registro atravessa um de seus períodos mais delicados, com queda expressiva do número de notificações (veja gráfico na página 10) e da qualidade das informações prestadas, além de outras deficiências já reconhecidas e amplamente debatidas: relato facultativo; ausência de adjudicação independente; período curto de seguimento (fase hospitalar). A atual diretoria da SBHCI, ao reconhecer este quadro, assumiu como uma de suas maiores prioridades o resgate da CENIC, tarefa árdua e complexa. A estrutura está sendo reformulada, e uma série de medidas será implementada em etapas distintas. Recentemente, fomos cordialmente recebidos pelo ministro da Saúde Alexandre Padilha para tratar, entre outros assuntos de interesse de nossa Sociedade, da renovação da portaria SAS/MS n° 726 de 6 de dezembro de 1999, que delega à SBHCI a prerrogativa de gerir banco de dados de todos os implantes de stents no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), com caráter com-

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CAPA

COMPARATIVO DA CAPTAÇÃO DE DADOS: CENIC vs. DATASUS Os números informados pelo DataSUS representam em torno de 60% do total de angioplastias realizadas a cada ano no Brasil. Em 2011, estima-se que em torno de 100 mil intervenções coronárias percutâneas tenham sido realizadas no País.

pulsório. Na ocasião, apresentamos a ferramenta de coleta eletrônica de dados testada no Registro ICP-Br (sistema integrado de Dados de Intervenção Coronária Percutânea no Brasil), conduzido em centros de excelência nacionais, com apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), que foi recebida com entusiasmo pela equipe ministerial. Foi discutida a substituição do formulário impresso original em cinco vias, defasado e incompatível com as práticas atuais da ICP, mas ainda amplamente utilizado no País, por esta moderna versão eletrônica. Acreditamos que esta nova portaria possa ser assinada no segundo semestre deste ano. Adicionalmente, assim que implantada, a nova ferramenta, atualmente apenas compatível com Windows e Internet Explorer, será disponibilizada em linguagem JAVA, acessível em diferentes sistemas operacionais (Mac, Linux) e navegadores (Google Chrome, Firefox, Safari, Opera). Esta evolução permitirá também a alimentação dos dados por meio de tablets e smartphones (iOS, Android) ainda na sala de hemodinâmica ou à beira do leito, acrescentando agilidade e mobilidade ao processo. Inicialmente, o acesso a esses dispositivos será feito por meio do navegador de Internet e, em 2013, está previsto o lançamento de aplicativos (apps) dedicados, que poderão ser adquiridos na Apple Store e Google Market, o que alinhará o nosso registro com o que há de mais atual em termos de tecnologia. A seguir, os esforços serão concentrados na viabilização de um formato que possibilite a adjudicação de dados por amostragem, com o auxílio de colaboradores, envolvendo os centros formadores e, eventualmente, por meio da contratação de empresas independentes. Finalmente, é imperativo obter informações de seguimento tardio dos pacientes, o que demandará enorme esforço de centros comprometidos por todo o País.

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A estrutura da CENIC está sendo reformulada e uma série de medidas será implementada em etapas distintas.

André Spadaro coordenador da CENIC

Nesse sentido, ainda, estamos estudando a viabilidade de parcerias com institutos de pesquisa reconhecidos, com aplicação de metodologia baseada nas utilizadas em pesquisas eleitorais, para que possamos coletar dados de longo prazo em amostras de pacientes que representem a prática da cardiologia intervencionista atual realizada por hospitais públicos, privados e mistos espalhados por todas as regiões do território nacional. Gostaria de parabenizar a todos os colegas que se dedicaram ao Registro CENIC ao longo de seus 21 anos de história. Contamos com o apoio e sugestões de todos os sócios da SBHCI para que possamos fortalecer ainda mais nosso registro e nossa posição de destaque na cardiologia brasileira. ■



fotos: divulgação /cfm

CFM Em nome do Conselho Federal de Medicina (CFM), Cacilda Pedrosa de Oliveira responde questões envolvendo as sociedades científicas, a indústria de produtos médicos e novos procedimentos.

Novas regras para novos procedimentos Conselheira do CFM afirma que as sociedades científicas são essenciais no fornecimento de subsídios técnicos que permitam uma análise científica dos procedimentos Por Marcelo Queiroga (PB), presidente

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E

m fevereiro deste ano, o Conselho Federal de Medicina (CFM) elaborou uma legislação a respeito dos critérios de protocolo e avaliação para o reconhecimento de novos procedimentos e terapias médicas no Brasil. Trata-se da Resolução 1.982/2012, que determina que todos os procedimentos médicos inéditos, experimentais ou considerados novos devem ser reconhecidos pelo CFM. De acordo com o documento, o Conselho passará a avaliar e aprovar a capacitação técnica necessária do médico que realiza novos procedimentos, bem como as condições hospitalares adequadas para sua ocorrência. De acordo com o CFM, os novos procedimentos e terapias na medicina necessitam ser submetidos a uma avaliação quanto à segurança, conveniência e benefício aos pacientes, antes da sua utilização de forma usual, por isso a necessidade de uniformizar e estabelecer os critérios de análise e aprovação destes novos procedimentos médicos no Brasil. A conselheira Cacilda Pedrosa de Oliveira, membro da Comissão do Conselho Federal de Medicina, que elaborou a Resolução 1.982/2012, concedeu uma entrevista ao Jornal da SBHCI sobre o assunto e o papel das sociedades científicas e da indústria de produtos médicos neste contexto.


A indústria deve garantir, quando de sua participação em um protocolo de pesquisa, uma atuação ética e isenta de parcialidade.

Cacilda Pedrosa de Oliveira

Quais os motivos que levaram o CFM a editar uma Resolução normatizando a realização dos novos procedimentos médicos no Brasil? O Conselho Federal de Medicina é responsável, por força de lei, pela autorização de novas terapias e procedimentos no Brasil. Portanto, é sua função garantir à sociedade brasileira que um novo procedimento médico proposto tenha sido analisado quanto à sua segurança, riscos e potenciais benefícios, mediante pesquisas bem conduzidas do ponto de vista técnico e ético.

Como e quem deve solicitar o reconhecimento de um novo procedimento médico no Brasil? À luz do que é exigido para a aprovação de novos fármacos no Brasil, em que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) segue critérios rigorosos. As regras para solicitação de aprovação de novos procedimentos estão claras na Resolução do CFM, porém vale lembrar que alguns documentos são essenciais para dar entrada neste pedido como: justificativa de necessidade e aplicabilidade do procedimento; protocolo de Pesquisa Clínica com todas suas etapas concluídas; aprovação no sistema CEP/Conep; notificação de efeitos adversos; um relatório de acompanhamento da Comissão de Ética Médica e os resultados que validam o estudo. A solicitação poderá partir dos médicos pesquisadores responsáveis, pois estamos falando de procedimento médico.

Quais os critérios para definir a capacidade técnica de médicos e centros hospitalares na realização de novos procedimentos médicos? A capacitação técnica dos médicos poderá ser comprovada pela proficiência adquirida por residência médica e/ou Título de Especialista, devidamente registrado no Conselho na área específica da pesquisa do “novo procedimento”. Os centros hospitalares liberados para a realização de novos procedimentos deverão atender às normas vigentes de funcionamento da Anvisa e CRM, além de estarem adequados à complexidade que o procedimento exige, conforme análise do CFM/CRM.

Sabemos que muitas técnicas cirúrgicas podem ter nuances técnicas que não foram devidamente investigadas em protocolos próprios de pesquisa, como fiscalizar a realização destes novos procedimentos em um país continental como o nosso? A fiscalização é tarefa dos Conselhos Regionais de Medicina (CRMs) e estes devem atuar no sentido de coibir quaisquer ações que possam ser danosas para a sociedade. Acredito que quando estabelecido o protocolo de pesquisa, as informações provenientes do Sistema CEP/Conep ajudarão na fiscalização.

Qual o papel das sociedades científicas e da indústria de produtos médicos neste contexto? As sociedades científicas são essenciais no fornecimento de subsídios técnicos que permitam uma análise científica dos procedimentos e devem participar compondo câmaras técnicas provisórias junto ao CFM para este fim. Esta interação entre as sociedades científicas e o CFM já ocorre atualmente com ótimos resultados. A indústria deve garantir, quando de sua participação em um protocolo de pesquisa, uma atuação ética e isenta de parcialidade. ■

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gis ciasca

GI2 Auditório permaneceu lotado durante a sessão conjunta promovida pela SBHCI & SCAI, especialmente quando os temas tratavam das novas tecnologias desenvolvidas e produzidas em território nacional.

O futuro da cardiologia

intervencionista Grandes parcerias internacionais enriqueceram o programa científico da segunda edição do GI² – Global Summit on Innovations in Interventions

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Por André Ciasca, jornalista

os dias 11, 12 e 13 de abril, grandes nomes da cardiologia e hemodinâmica mundial estiveram na cidade de São Paulo (SP), participando da segunda edição do GI² – Global Summit on Innovations in Interventions. O evento, presidido por Alexandre Abizaid (SP), Carlos Pedra (SP) e Fausto Feres (SP), foi realizado em colaboração com cinco das mais importantes entidades da cardiologia: SBHCI, Transcatheter Cardiovascular Therapeutics (TCT), Sociedade Latino-Americana de Cardiologia Intervencionista (SOLACI), The Society for Cardiovascular Angiograph and Interventions (SCAI) e Pediatric and Adult Interventional Cardiac Symposium (PICS-AICS). A SBHCI teve participação essencial ao promover, no primeiro dia do evento, o “Curso de Revisão em inovações em intervenções coronárias e estruturais”, em parceria com a SCAI. Pedro Lemos (SP), diretor administrativo da SBHCI, presidiu as primeiras mesas de discussão, que contaram com participação e aula de Antonio Colombo (Itália), Steven Bailey (Estados Unidos) e Martin Leon (Estados Unidos). O auditório registrava a presença de centenas de cardiologistas de todo o Brasil e representantes de alguns países latino-americanos durante as ses-

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sões que trataram do registro brasileiro de implante percutâneo (TAVI), apresentado por Fábio Sândoli de Brito Jr. (SP), e sobre o primeiro stent farmacológico produzido no Brasil. Este tema contou com as aulas de Pedro Lemos (SP), Alexandre Abizaid (SP) e Expedito Ribeiro (SP), acompanhados por uma plateia extremamente atenta e interessada nos resultados apresentados, desta que é uma das maiores novidades do setor, valorizando a capacidade nacional de desenvolver produtos de alta complexidade com evidências comparadas aos produtos importados já tradicionais no mercado. Os segundo e terceiro dias do GI² foram marcados especialmente pelas transmissões de casos ao vivo, realizados do Hospital Albert Einstein, Hospital do Coração, Hospital Beneficência Portuguesa de São Paulo e InCor. Com o claro propósito de reunir expoentes da cardiologia nacional para a atualização em temáticas envolvendo o que há de mais recente em tratamentos e tecnologias em desenvolvimento, a programação científica ofereceu aos congressistas momentos de discussão e informação a respeito de stents bioabsorvíveis, polímeros biodegradáveis, novos dispositivos e os caminhos que guiarão ao futuro da cardiologia intervencionista. ■



divulgação

ENTREVISTA | GUILHERME SILVA

Células-tronco

na cardiologia Guilherme Silva é um dos cardiologistas intervencionistas brasileiros que ocupam o cargo de assistente de direção médica no Centro de Células-Tronco do Instituto do Coração do Texas, nos Estados Unidos

Por Carlos Augusto Magalhães Campos (SP), editor executivo do Portal da SBHCI

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O uso de células-tronco na cardiologia tem sido amplamente estudado com resultados controversos, sobretudo quando se considera seguimento de longo prazo. Gostaria que você colocasse em perspectiva a pesquisa que vocês desenvolvem no Texas Heart Institute. Os estudos clínicos com células-tronco em Cardiologia estão na sua fase inicial. A grande maioria é classificada como estudo fase I e poucos fase 2 ou 2b. Os resultados são heterogêneos, como é esperado em estudos fase 1. Vale ressaltar que em meta-análises publicadas agrupando os estudos randomizados utilizando células apos IAM houve uma melhora significativa de FE do VE. Nosso grupo do Texas Heart Institute tem posição de liderança no tratamento de cardiomiopatia isquêmica crônica com disfunção sistólica do VE. Os resultados iniciais continuam a ser publicados e mostram uma melhora de isquemia e capacidade funcional pelo MVO2, dependendo do tipo celular utilizado. O caminho para que células-tronco se estabeleçam como terapia ainda é longo, mas os estudos fase 3 serão iniciados em breve. Qual a importância dos estudos pré-clínicos no desenvolvimento de novos dispositivos? Estudos pré-clinicos são essenciais para o desenvolvimento de novos dispositivos. Modelos pré-clinicos confirmam a segurança de novos dispositivos, mas também ajudam a desenvolver “insights” mecanísticos. Infelizmente, a maioria dos modelos animais não predizem com 100 % de acurácia o que ira ocorrer em seres humanos. Novos dispositivos desenvolvidos num passado recente mostraram segurança em modelos pré-clínicos, mas quando utilizados na arena clínica, apresentaram efeitos adversos inesperados. Um bom exemplo são os stents farmacológicos que apresentam o fenômeno de trombose tardia, que não foi possível prever com base nos resultados de estudos pré-clínicos. ■


gis ciasca

ENTREVISTA | RAUL MORENO

Plataforma

bioabsorvível Raul Moreno, diretor do serviço de cardiologia intervencionista do hospital Universitário La Paz, em Madri, na Espanha, fala com exclusividade para a SBHCI acerca dos stents absorvíveis

Por Carlos Augusto Magalhães Campos (SP), editor executivo do Portal da SBHCI

As plataformas bioabsorvíveis demonstraram bons resultados recentemente, especialmente com as últimas gerações. O senhor acha que estes dispositivos representam o futuro das intervenções coronárias percutâneas? Atualmente, temos excelentes dispositivos para a intervenção coronária percutânea, incluindo a segunda geração de stents farmacológicos com índices muito baixos de reestenose, e ainda menor de trombose tardia do stent em comparação com a primeira. No entanto, o conceito de implantação de um dispositivo coronário que desapareça depois de ter cumprido a sua função é muito atraente e pode oferecer algumas vantagens em alguns pacientes. Durante os últimos anos, vários devices plenamente bioabsorvíveis têm demonstrado não serem eficazes, principalmente por terem uma taxa inaceitável de reestenose devido à hiperplasia neo-intimal e/ou encolhimento do vaso. No entanto, a última geração desta plataforma bioabsorvível parece ter resolvido o problema do encolhimento dos vasos e foi associada a baixos valores de perda tardia. Ainda existem limitações destas plataformas absorvíveis? Ainda estamos no início do desenvolvimento desses dispositivos e, de fato, entre os stents coronarianos totalmente bioabsorvíveis apenas a segunda geração do Absorb têm demonstrado bons resultados clínicos e angiográficos. Com este dispositivo pode ainda haver algumas preocupações sobre a sua mecânica de força radial, e sua avaliação em lesões complexas ainda se faz necessária. ■

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arquivo pessoal

REPÓRTER INTERNACIONAL | ACC 2012

Evento realizado em Chicago, nos Estados Unidos, manteve o foco no desenvolvimento de novas tecnologias.

Inovação em busca do tratamento ideal Aulas apresentadas por renomados profissionais americanos mostram que a cardiologia intervencionista vive seu melhor momento Por Guilherme Ferragut Attizzani (Estados Unidos), editor do Portal da SBHCI, e Rafael Cavalcante (SP), coeditor do Portal da SBHCI

A

pós duas semanas de calor intenso na região norte-nordeste dos Estados Unidos, incomum para a época do ano, a então chuvosa cidade de Chicago recebeu a 61ª edição do Annual Scientific Session do American College of Cardiology (ACC 2012) na Tenda Principal do McCormick Place, entre os dias 24 e 27 de março. Logo na abertura do evento, o presidente do congresso David Holmes Jr. (Estados Unidos) fez um discurso entusiasmado focado principalmente na educação clínica em cardiologia, uma das grandes frentes de trabalho da atual administração. Antecedendo o discurso de Holmes Jr., Eugene Braunwald (Estados Unidos) – a lenda viva da cardiologia mundial – fez uma revisão ampla da abordagem de pacientes com infarto agudo do miocárdio (IAM): passado, presente e futuro. Entre os destaques do evento, a sessão Innovators of CV Medicine apresentou uma aula verdadeiramente estimulante sobre a pesquisa de células-tronco e genética médica. Ponto importante abordado foi o grande avanço desta terapia observado em laboratório, que, embora ainda não tenha sido traduzido consistentemente à prática clínica, pesquisas de grande importância acerca de sua manipulação e aplicação têm sido desenvolvidas. Martin Leon (Estados Unidos), da Universidade de Columbia, realizou uma apresentação sobre a evolução do tratamento do IAM com redução de 80% da mortalidade desde a década de

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1950. A evolução da angioplastia, iniciando-se pelo uso do balão e suas limitações inerentes, passando pelos stents não farmacológicos e sua aprovação pelo Food and Drug Administration (FDA) em 1994. Entretanto, a reestenose se mostrou problemática com esta tecnologia. Os stents farmacológicos de primeira geração surgiram com euforia, mas problemas relacionados à sua segurança foram descritos. Portanto teríamos de seguir inovando para buscar o tratamento ideal, novas plataformas, drogas, polímeros (ou a ausência deles), stents bioabsorvíveis etc. Leon comentou outro ponto importante: a crise na inovação, salientando problemas relacionados à crise econômica mundial e seu impacto no desenvolvimento contínuo de determinadas tecnologias, aumento progressivo do tempo para liberação de produtos por parte do FDA, ressaltando a dificuldade para criação de novas ideias devido ao progressivo aumento no custo para aprovação de novas drogas e dispositivos. Assim, salientou que as novas tecnologias devem demonstrar um claro benefício clínico, baseado em pesquisa de qualidade para que possam tentar entrar em um mercado tão complexo e competitivo. Leon finalizou comentando a importância destacada das intervenções em cardiopatias estruturais, como implante transcateter de válvula aórtica (TAVI), oclusão do apêndice atrial esquerdo e denervação da artéria renal. Segundo ele, jamais houve melhor época na história para ser um cardiologista intervencionista! ■


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REPÓRTER INTERNACIONAL | EUROPCR 2012

Mais de 11 mil pessoas reuniram-se no Palais dès Congres, em Paris (França), para prestigiar o congresso anual da Europa na área de cardiologia.

Um olhar para o futuro da cardiologia Novo presidente, novos estudos, novas discussões e velhos dilemas compõem a cobertura do congresso anual da Associação Europeia para Intervenções Cardiovasculares Percutâneas, em Paris

Por Daniel Chamié (RS) e José Ary Boechat (RJ), diretor de Comunicação

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U

m novo recorde no número de participantes marcou um dos principais encontros internacionais da cardiologia intervencionista: 11.387 pessoas estiveram presentes ao EuroPCR 2012, realizado no Palais dès Congres em Paris, na França, entre os dias 15 e 18 de maio, para discutir os últimos avanços da medicina em uma vasta programação científica dividida em aulas, sessões e transmissões ao vivo de 17 diferentes centros europeus. O grande destaque da abertura do evento foi o lançamento de uma série de livros-texto sobre intervenção cardiovascular do EuroPCR/EAPCI – uma edição com quatro livros abrangendo desde a análise diagnóstica, passando pelo tratamento, até as inovações, com um olhar para o futuro da cardiologia intervencionista. Destaque também para os primeiros dez anos da intervenção percutânea no tratamento da estenose aórtica, os primeiros 20 anos das intervenções por via radial e os primeiros 30 anos do curso inicialmente realizado em Toulouse, o embrião do EuroPCR.


Foram quatro dias imersos em um dos melhores congressos já realizados no continente europeu.

Logo no primeiro dia do encontro, as atividades começaram a todo vapor, iniciando com estudos sobre balões farmacológicos nas mais diversas indicações, seguidos de discussão sobre resultados tardios de consagrados estudos acerca das novas gerações de stents eluidores de fármacos. A sessão plenária na arena principal adotou um formato inovador para a apresentação dos tão esperados late breaking clinical trials. Indo além do “valor de p”, a organização visou uma abordagem mais prática das apresentações com claras recomendações de como e por quê os estudos poderiam ter algum impacto na nossa prática clínica. Casos clínicos que didaticamente propusessem o problema a ser abordado pelo ensaio clínico foram apresentados antes dos resultados do estudo, pavimentando uma base sólida para sua interpretação. Sessões de First-In-Man Trials e Novel Clinical Applications abordaram temas atuais de grande relevância, como os estudos DESOLVE FIM e BIOSOLVE-I, que demonstraram resultados promissores de dois novos stents bioabsorvíveis para terapia de restauração vascular. A apresentação de dois estudos analisando o novo método de avaliação fisiológica invasiva (iFR) apresentaram evidências antagônicas, promovendo um acalorado debate entre os apresentadores. A seção Late Breaking Science: Novel OCT Imaging apresentou diferentes estudos por meio de imagens de alta resolução da tomografia por coerência óptica (OCT), em diferentes cenários. Como não poderia faltar, a OCT foi utilizada para avaliar a resposta vascular de diferentes stents farmacológicos nos estudos STACCATO e ISAR-TEST 6 OCT. Os estudos SMART Primary PCI e TROFI utilizaram as imagens de OCT como desfechos substitutos para avaliação da efetividade de diferentes estratégias de remoção de material trombótico em pacientes com infarto agudo do miocárdio submetidos à implante coronário percutâneo primário. Por fim, o estudo CLI-OPCI avaliou os resultados da angioplastia guiada por OCT em pacientes consecutivos da prática diária. Tópicos de grande interesse durante o congresso europeu foram as comparações de efetividade e segurança de stents farmacológicos de nova geração, com polímeros mais biocompatíveis e bioabsorvíveis, denotando o grande esforço em busca da melhora do perfil de segurança destes dispositivos. O estudos SORT OUT V comparou os stents Nobori™ eluidores de Biolimus-A9 com polímero bioabsorvível e os stents Cypher Select+™, protótipo de primeira geração liberando sirolimus através de um polímero durável. Já no estudo EVOLUTION, foram comparados dois stents eluidores de sirolimus (Excel™ – com polímero bioabsorvível, e Cypher Select™ com polímero durável). Uma atualização do ensaio clínico COMPARE forneceu

José Ary Boechat diretor de Comunicação da SBHCI

os resultados do seguimento de três anos da comparação randomizada entre stents eluidores de everolimus e paclitaxel. Ainda no contexto da segurança de stents farmacológicos, um subestudo do ensaio RESET representou a primeira avaliação prospectiva e randomizada da resposta vasomotora coronariana, através de testes de função endotelial, na comparação entre stents eluidores de everolimus e sirolimus. O ensaio clínico CIBELES avaliou, pela primeira vez de forma randomizada, os resultados angiográficos dos stents eluidores de everolimus e sirolimus no tratamento das oclusões crônicas. O tópico infarto periprocedimento após intervenção coronária percutânea voltou à pauta com a apresentação dos resultados do estudo ROMA II Reload. Este estudo é uma “continuação” do estudo ROMA, no qual, agora, pacientes portadores de angina estável e já em uso crônico de estatinas, foram randomizados para a administração de dois regimes de ataque com altas doses de rosuvastatina ou atorvastatina antes de intervenções eletivas. Após quatro dias imersos em um dos melhores congressos já realizados no continente europeu, os participantes foram brindados com mais uma sessão de altíssimo nível e diversas novidades. Uma das apresentações do último dia de encontro abordou os estudos pré-clínicos e de fase I da injeção intracoronária de material sintético biocompatível no território infartado, buscando melhorar o processo de cicatrização e o remodelamento ventricular. Marco Costa (Estados Unidos), um dos mais importantes cardiologistas intervencionistas no cenário internacional, apresentou um estudo First-in-Human de implante de dispositivo de partição ventricular esquerda em pacientes com insuficiência cardíaca, com resultados promissores. Ron Waksman (Estados Unidos), diretor da Divisão de Cardiologia do Washington Hospital Center, apresentou um estudo de caso-controle, com 491 casos de trombose de stents eluidores de fármacos, o maior registro mundial até o momento. Ao final do evento, foram apresentados um estudo de stent autoexpansível no cenário do IAM, com elevação do segmento ST (APPOSITION III), e outro acerca da evolução dos pacientes elegíveis para ensaios clínicos randomizados. ■

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ATUALIZAÇÃO CIENTÍFICA

EXCELLA BD trial: novolimus vs. zotarolimus Estudo multicêntrico prospectivo randomizado avalia o stent eluidor de novolimus com polímero bioabsorvível comparado ao stent eluidor de zotarolimus Por Daniel Chamié (RS) e José Ary Boechat (RJ), diretor de Comunicação

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urante o EuroPCR 2012, realizado em maio, em Paris (França), o cardiologista intervencionista brasileiro Alexandre Abizaid (SP), diretor do Serviço de Cardiologia Invasiva do Instituto Dante Pazzanese, apresentou resultados de um estudo feito com 141 pacientes randomizados em uma proporção de 3:1 para implante de stent eluidor de novolimus vs. stent eluidor de zotarolimus–Endeavor. O estudo levou em conta o stent DESyne BD®, constituído de uma plataforma de cromo-cobalto de hastes finas (81 micra), eluidor de um análogo do sirolimus (novolimus) em dosagem inferior à contida no stent Cypher®. O polímero possui fina espessura (<3 micra) e controla a liberação total da droga no período de quatro semanas, sendo totalmente degradado em 6-9 meses. Na ocasião, foi apresentado previamente o resultado angiográfico de seis meses e o seguimento clínico dos primeiros 12 meses. Os achados do estudo angiográfico realizado aos seis meses indicam pronunciada inibição da proliferação neointimal, traduzida pela ausência de reestenose binária nos pacientes tratados com stent eluidor de novolimus. Os resultados clínicos aos 12 meses de seguimento não evidenciaram diferença entre os stents estudados, com ausência de eventos no período entre seis meses e um ano. Nenhum caso de trombose de stent foi observado nos dois braços do estudo. Portanto, o estudo EXCELLA BD demonstrou nãoinferioridade e superioridade do stent eluidor de novolimus Elixir DESyne® BD quando comparado ao stent eluidor de zotarolimus – Endeavor acerca do desfecho primário de perda

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tardia na angiografia aos seis meses. A reestenose angiográfica binária foi significativamente menor comparada ao grupo controle (0 vs 7,9%; p=0,003). O desfecho secundário de morte cardíaca, infarto relacionado ao vaso tratado e revascularização da lesão alvo permaneceram reduzidos e inalterados dos seis aos 12 meses para ambos os grupos, demonstrando a segurança clínica do stent Elixir DESyne® BD. Importante ressaltar a ausência de trombose de stent nos 12 meses iniciais de acompanhamento. Novos dispositivos com polímero biodegradável como o Elixir DESyne® BD são promissores, devendo os seus resultados serem validados em séries maiores de pacientes, com maior complexidade clínica e angiográfica e confrontados com stents eluidores de fármacos com maior capacidade de inibição da proliferação neointimal. Em entrevista à SBHCI, Alexandre Abizaid (SP) compartilha suas opiniões sobre o estado atual dos stents bioabsorvíveis, após as apresentações destes novos dispositivos. O desenvolvimento dos stents bioabsorvíveis trouxe alento quanto às preocupações relacionadas à segurança tardia dos stents farmacológicos. Recuperação de diversos aspectos referentes a biologia e fisiologia vascular normais já foi demonstrada. No entanto, a eficácia antiproliferativa inicial destes dispositivos ainda era subótima. Como o senhor compara a eficácia destes novos dispositivos com a dos stents farmacológicos de estrutura metálica atualmente disponíveis?


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O Scaffold Vascular Bioabsorvível (BVS) é um dispositivo polimérico farmacológico, programado para ser completamente absorvido em até 24 meses. Teria assim um efeito mecânico, mantendo o vaso patente, evitando a retração elástica e o remodelamento negativo nos primeiros meses após o seu implante, além de um efeito anti-reestenótico com liberação programada de uma droga que reduz o crescimento de tecido neointimal no local do implante. A primeira serie de BVS testada foi denominada Coorte A, sendo composta de 30 pacientes, com excelente resultado clínico em até cinco anos, com baixa incidência de eventos cardíacos adversos (3,4%). No entanto, essa primeira geração demonstrou maior retração aguda do que o stent metálico convencional, com redução da área luminal mínima tardia. Modificação no processo de manufatura do polímero e alterações geométricas na plataforma do dispositivo melhoraram substancialmente sua performance, com a nova Coorte B apresentando resultados comparáveis aos observados com os stents farmacológicos metálicos. As reações e transformações vasculares que ocorrem durante o processo de degradação das estruturas poliméricas ainda não são totalmente conhecidas. O senhor acha que isto pode trazer alguma preocupação quanto à segurança tardia dos stents bioabsorvíveis? O mecanismo de absorção desses dispositivos ocorre através da hidratação do polímero com perda gradual de seu peso molecular e, por meio do ciclo de Krebs, transformando o

28/02/12 08:39

polímero em CO2 e água. O tempo para completa absorção do esqueleto polimérico gira em torno dos dois a três anos, apesar de haver absorção muito mais rápida de sua cobertura. O ácido polilático tem sido utilizado em inúmeras áreas da medicina, com histórico de comprovada biocompatibilidade. Em comparação com as estruturas metálicas, as estruturas poliméricas (encontradas na maioria dos stents bioabsorvíveis) são menos resistentes às altas pressões de dilatação e mais suscetíveis a alterações estruturais e fraturas durante o procedimento de implante. Que cuidados técnicos devem ser tomados durante o procedimento de implante para prevenção destas complicações? A utilização destes dispositivos em cenários de alta complexidade (por exemplo: calcificações severas, lesões em bifurcação, overlapping etc.) deve ser evitada? O senhor acha que os métodos de imagem intravascular podem exercer um papel importante na seleção dos dispositivos e guia do procedimento? O perfil de cruzamento dos dispositivos, sua força radial e o risco de fraturas das hastes são alguns dos desafios destes dispositivos temporários, que podem até limitar sua eficácia. Além disso, a placa aterosclerótica possui tecidos com diferentes graus de resistência, o que pode prejudicar uma expansão uniforme de dispositivos não metálicos. Desta maneira, a avaliação detalhada do tamanho do vaso, pré-dilatação mandatória, evitando a pósdilatação vigorosa são algumas recomendações técnicas que podem evitar essas complicações. ■

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divulgação

CAPACITAÇÃO PROFISSIONAL

Julio Flávio Marchini (RS) e André Manica (RS) tiveram a oportunidade de atuar no Brigham and Women’s Hospital, que pertence à Harvard Medical School, nos Estados Unidos.

arquivo pessoal

A visão do estagiário de HCI A realização da atividade de pesquisa feita durante a formação do cardiologista intervencionista proporciona benefícios, independentemente da Por Julio Flávio Marchini (RS) e André Manica (RS), do Instituto de Cardiologia do Rio Grande do Sul da Fundação Universitária de Cardiologia (IC-FUC)

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inclinação acadêmica do estagiário


2 anos de Seguimento Clínico em 2.242 pacientes.

2.242 pacientes 2,80%

2,80%

2,40% 2,00% 1,60% 1,20% 0,80%

0,80%

0,40%

Resultados comprovam a eficácia e segurança.

0,0% Falha na Lesão Alvo

Trombose Definida

De acordo com definições do ARC Fonte: EuroIntervention 2012; 7 online published, January 2012-05-09

A

prática médica é uma atividade em constante aperfeiçoamento por meio da expansão do conhecimento. Caberia ao médico em treinamento participar deste processo? À primeira vista, exigir pesquisa do estagiário parece significar apenas um aumento de sua carga de trabalho sem benefício correspondente. No entanto, outras especialidades e serviços em diversos países fazem esta exigência sem prejuízo de atividades, mas ainda com vantagens. Mesmo para o estagiário sem intenção acadêmica, o treinamento em pesquisa serve para dotar o especialista de espírito crítico e de discernimento frente a novas publicações e evidências científicas. A inserção de pesquisa no treinamento cria um ambiente mais acadêmico, com uma formação mais exigente. No entanto, para realização de pesquisa relevante, é fundamental a presença de apoio e recursos no centro formador, que, neste contexto, ganha transparência, pois divulga dados e desfechos de seus procedimentos. Em centros dos Estados Unidos, como Brigham and Women’s Hospital e Duke University Medical Center, dentre outros, a pesquisa é fortemente encorajada durante o estágio. O sucesso desta exigência é demonstrado pelas múltiplas publicações obtidas por seus residentes como primeiro ou segundo autores. Existem requisitos fundamentais para que o estagiário possa realizar pesquisa de maneira satisfatória durante seu treinamento. O estagiário precisa ter orientador com reconhecida produção científica;

precisa ainda de uma carga horária de trabalho semanal, incluindo a necessidade de trabalho externo, que permita a realização de pesquisa. É necessário dispor de equipe de apoio, como assistentes e enfermagem dedicados à pesquisa. A necessidade de estudos atuais de corroborar observações clínicas com a fisiopatologia básica torna indispensável a colaboração com laboratório de pesquisa básico ou “translacional”. A SBHCI promove o interesse acadêmico com a criação da bolsa em pesquisa em medicina cardiovascular em convênio com o Brigham and Women’s Hospital e a Harvard Medical School (Ariê Fellowship). Ainda neste ano, um novo edital será publicado por estes mesmos centros, disponibilizando bolsas para cardiologistas brasileiros em geral (Lemann Fellowship). Em resumo, a realização de pesquisa durante a formação intervencionista proporciona benefícios incontestes, independentemente da inclinação acadêmica do estagiário. Estrutura e recursos de apoio à pesquisa são fundamentais para realização de uma produção científica relevante e de qualidade. Exemplos de outros países demonstram que ela não apenas é possível, mas que apresenta resultados expressivos com publicações de ótima qualidade. ■ André Manica passou 15 meses no Brigham & Women’s Hospital da Harvard Medical School como parte de seu doutorado. Julio Flávio Marchini passou dois anos nesta mesma instituição, onde concluiu seu pós-doutorado.

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arquivo pessoal

JOGO RÁPIDO | LESLIE DE ALBUQUERQUE ALOAN

Sócio-fundador da SBHCI, Leslie de Albuquerque Aloan (RJ) coleciona tantos títulos e honrarias que uma página do Jornal não daria conta de listá-los como merecem. É a família que faz seus olhos brilharem. Casado com Cristina, enche o peito para falar sobre seus filhos: Marcio, aeronauta, e Rafael, músico. “Meus melhores amigos e companheiros de todas as horas.” Por Carla Ciasca, jornalista

Escrevendo a sua história Qual foi sua maior conquista? Ter atingido os 42 anos de exercício pleno da medicina com seriedade e humildade e pronto para continuar. Não fosse médico, que outra carreira teria escolhido? Escritor de ficção. Qual é a área mais promissora na medicina de hoje? Acredito que são as pesquisas com células-tronco e/ou confluindo com a nanotecnologia, com dispositivos extremamente pouco invasivos e resultados reproduzíveis. A duplicação do saber em 2004 ocorria a cada quatro anos. Hoje a IBM divulgou em documento não oficial que esta marca ocorre a cada 72 horas, apesar de pouca aplicação prática imediata deste saber, mas potencialmente aplicável a qualquer hora, por muitos segmentos, em situações inimagináveis. É o admirável Mundo Novo que, com beleza, se aproxima. Qual a área mais negligenciada na medicina? Saúde da Família. Quem foi o professor que mais o influenciou? Por quê? Hadi Dzaji, chefe do Serviço de Medicina Interna do Hospital Mercy, de Chicago (Estados Unidos). Influenciou-me pelo seu conhecimento, atitude e trato com o paciente. Ainda exerce a medicina aos 90 anos de idade. Qual o fato que teve maior efeito sobre sua carreira? Acredito que foi a oportunidade de fazer a minha formação pós-graduada em Chicago no início dos anos 1970, então recém-formado, e continuado minha carreira pública em um único hospital, o Hospital dos Servidores do Estado, onde ingressei como médico da hemodinâmica, percorrendo o caminho de chefe do Serviço de Cardiologia até diretor-geral da instituição por um longo período.

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Qual sua recomendação para médicos que estão prestes a se formar? Acho a juventude o motor da inovação, mas como diria Nelson Rodrigues no seu conselho aos jovens: “Envelheçam!”. Mas, principalmente, diria para humanizarem profundamente cada ação médica que exerçam. O conhecimento se aprende. A humanidade se cultiva. Como o senhor gosta de relaxar e passar seu tempo livre? Gosto muito de jardinagem, ver uma rosa que plantei florescer, colher uma fruta que era uma semente. Escrever uma boa história também é gratificante, dando vida aos personagens, e conseguir que eles o entendam. Qual é seu maior arrependimento? Ter deixado de fazer algumas coisas que julgava impossíveis. Mas são poucos. Se escrevesse uma autobiografia, que título daria ao livro? A autobiografia já está pronta. Só falta o título. O que o senhor está lendo neste momento? “Diários de Consultório”, de Júlio Studart de Moraes. Qual é seu pior hábito? Eu acho que não os tenho. Dizem que são tantos que eu não saberia enumerá-los. No entanto, são todos inocentes! O que o deixa inspirado e de bom humor? A compreensão entre as pessoas acima das eventuais divergências. Como é um dia perfeito para o senhor? Aquele que terminou e me proporcionou aprender um pouco mais sobre as coisas da vida. ■


AGENDA

JUNHO dias 20 a 22 XXXIV Congresso da SBHCI Salvador, BA www.sbhci.org.br

dias 25 a 29 ESC Congress 2012 Sociedade Europeia de Cardiologia Munique, Alemanha www.escardio.org

NOVEMBRO dias 4 a 7 AHA 2012 - American Heart Association Los Angeles, Estados Unidos scientificsessions.org

dias 22 e 23 I Fórum de Cardiologia Intervencionista da SBC-MT Cuiabá, MT sociedades.cardiol.br/mt

SETEMBRO dias 7 e 8 TAVI Summit 2012 Seul, Coréia do Sul www.taviconference.com

dias 30 a 1o de dezembro XII CardioInterv - Simpósio Internacional de Cardiologia Intervencionista Curitiba, PR www.cardiointerv.com

dias 28 a 30 CSI 2012 Congenital & Structural Interventions Frankfurt, Alemanha www.csi-congress.org

dias 14 a 17 67º Congresso Brasileiro de Cardiologia Recife, PE educacao.cardiol.br/eventos

DEZEMBRO dias 5 a 8 SCAI 2012 Fall Fellows Course Las Vegas, Estados Unidos www.scai.org

dias 28 a 30 XXXII Congresso Norte Nordeste de Cardiologia e VII Congresso Amazonense de Cardiologia Manaus, AM www.cardionortenordeste2012.com.br JULHO dias 5 a 7 XXII Congresso Mineiro de Cardiologia Belo Horizonte, MG sociedades.cardiol.br/sbc-mg AGOSTO dias 2 a 4 SOCERGS 2012 – Congresso de Cardiologia do Rio Grande do Sul Gramado, RS www.socergs.org.br dias 8 a 10 XVIII Congresso Cearense de Cardiologia Fortaleza, CE sociedades.cardiol.br/ce/congresso.asp dias 8 a 10 XVIII Congresso SOLACI – Sociedade LatinoAmericana de Cardiologia Intervencionista Cidade do México, México www.solaci.org dias 9 a 11 XV Congresso de Cardiologia do Estado do Mato Grosso (SBC-MT) Cuiabá, MT sociedades.cardiol.br/mt dias 16 a 18 17o Congresso Paraibano de Cardiologia João Pessoa, PB sociedades.cardiol.br/pb

www.sbhci.org.br Rua Beira Rio, 45 – cjs. 71 e 74 – Vila Olímpia CEP 04548-050 – São Paulo – SP Fone: (11) 3849-5034

Equipe Administrativa Norma Cabral | gerência administrativa Aline Ribeiro | científico Eleni Peixinho | financeiro Kelly Peruzi | sócios Roberta Fonseca | eventos Vânia Fernandes | secretaria

dias 15 a 19 CIRSE 2012 Cardiovascular and Interventional Radiological Society of Europe Lisboa, Portugal www.cirse.org OUTUBRO dias 5 e 6 Curso Avançado em Aterotrombose Porto Alegre, RS www.caat2012.com.br dias 18 a 20 XXII Congresso Goiano de Cardiologia e II Simpósio de Insuficiência Cardíaca Goiânia, GO sociedades.cardiol.br/go dias 19 a 20 XVII Congresso de Cardiologia de MS Campo Grande, MS educacao.cardiol.br/eventos dias 22 a 26 TCT 2012 Transcatheter Cardiovascular Therapeutics Miami, Estados Unidos www.tctconference.com dias 25 e 26 Curso Anual de Revisão em™ Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista 2012 São Paulo, SP www.sbhci.org.br dia 27 Prova de Avaliação para Obtenção do Certificado de Atuação na Área de Hemodinâmica e Cardiologia Internvencionista São Paulo, SP www.sbhci.org.br

2013

JANEIRO dias 19 a 22 PICS & AICS 2013 - Pediatric & Adult Interventional Symposium Miami, Estados Unidos www.picsymposium.com FEVEREIRO dias 17 a 22 6th World Congress Paediatric Cardiology & Cardiac Surgery Cidade do Cabo, África do Sul wcpccs2013.co.za JULHO dias 24 a 26 XXXV Congresso da SBHCI São Paulo, SP www.sbhci.org.br SETEMBRO dias 14 a 18 CIRSE 2013 Cardiovascular and Interventional Radiological Society of Europe Baarcelona, Espanha www.cirse.org OUTUBRO dias 6 a 9 Venice Arrhythmias 2012 Veneza, Itália www.venicearrhythmias.org

Gestão 2012-2013 Presidente: Marcelo Queiroga (PB) Diretor Administrativo: Pedro Alves Lemos Neto (SP) Diretor Financeiro: Antônio Luiz Secches (SP) Diretor Científico: Rogério Sarmento-Leite (RS) Diretor de Comunicação: José Ary Boechat (RJ) Diretor de Qualidade Profissional: Hélio Castello (SP) Diretor de Edu­cação Médica Continuada: Samuel Silva da Silva (PR) Diretor de Intervenções Extracardíacas: Antônio Carlos Neves Ferreira (MG) Diretor de Intervenções em Cardiopatias Congênitas: Carlos AC Pedra (SP) Departamento de Enfermagem Presidente: Ivanise M. G. Amorim (SP) Vice-Presidente: Jacqueline Wachleski (RS) Primeira Secretária: Maria Aparecida de Carvalho Campos (SP) Segunda Secretária: Tatiane Bellia (PR) Primeira Tesoureira: Adriana Correia de Lima (MS) Segunda Tesoureira: Rosa Maria Quinzani Almeida Mendes (MG) Coordenadora Científica: Érika Gondim Gurgel Ramalho Lima (CE) Coordenadora de Educação Continuada: Luciana Cristina Lima Correia Lima (RJ) Coordenadora de Titulação: Simone Fantin (RS)

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24, 25 e 26 de julho São Paulo - SP - Brasil Transamérica Expo Center Informações: (11) 3849-5034

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eventos@sbhci.com.br

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