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As personagens icónicas da Pixar

HÉLDER ALMEIDA

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Desde a sua estreia cinematográfica em 1995 que a Pixar tem criado uma série de personagens icónicas que perduram na memória dos espectadores bem depois das suas aventuras terminarem no grande ecrã. Desde brinquedos com vida, monstros simpáticos e peixes perdidos, a robôs num planeta Terra deserto, o mundo do Cinema tem sido presenteado com estas criações que tanta magia, diversão e emoção nos trazem.

Tudo começou com Woody e Buzz Lightyear, num mundo onde os brinquedos têm vida quando os seres humanos não estão a ver. O cowboy Woody, um brinquedo da velha guarda, vê-se ameaçado pela chegada de Buzz Lightyear, astronauta e o último grito no que diz respeito a brinquedos. Rapidamente essa rivalidade passa a amizade, uma das mais belas e emocionantes da História do Cinema. O filme é Toy Story – Os Rivais, a primeira longa-metragem de animação computorizada, estreada em 1995, que começou uma revolução que mudaria o género para sempre e que, na altura, foi premiada com um Óscar especial, ainda antes da criação da Categoria de Melhor Filme de Animação. Tom Hanks é Woody, Tim Allen é Buzz, e o sucesso foi tão grande que deu origem a três sequelas, todas sempre muito bem recebidas pela crítica e pelo público. Nestas quatro aventuras memoráveis, numa saga praticamente perfeita, conhecemos o verdadeiro valor da amizade e somos ainda devastados emocionalmente pela dor do crescimento e da necessidade de seguir em frente.

Em 2001 temos a estreia de Monstros e Companhia, onde conhecemos Mike e Sully, dois simpáticos monstros. Colegas na empresa Monsters Inc., Sully é a grande estrela do seu local de trabalho, onde tem a missão de atravessar portas para o nosso mundo, entrar no quarto de crianças e assustá-las de forma a que os gritos possam fornecer energia ao seu mundo. Mike, por sua vez, monstro pequeno e pouco assustador, é o braço direito de Sully, sempre ofuscado pelo sucesso do seu melhor amigo e à procura de um lugar de destaque. Monstros e Companhia apresenta-nos mais uma dupla icónica da Pixar, numa obra bastante divertida que, à semelhança de outros filmes do estúdio, tem uma mensagem dirigida a um público mais adulto, sempre disfarçado de filme para a família. Billy Crystal e John Goodman são Mike e Sully, respectivamente, e conquistaram o público e a crítica de tal forma que, anos mais tarde, estreou a prequela Monstros – A Universidade, onde Mike e Sully se conhecem.

O mar é um lugar desconhecido e enorme, um verdadeiro mistério para o ser humano e palco para a acção de À Procura de Nemo, estreado em 2003. Marlin, um peixe-palhaço, perde o seu único filho, Nemo, quando

este é levado por humanos, e é obrigado a sair do seu lugar de conforto para se aventurar pelo alto-mar para o encontrar, acompanhado de Dory, um peixe com graves problemas de memória. Esta dupla conquista crítica e público numa aventura aquática divertida e inteligente, com uma animação deslumbrante e pormenorizada. Albert Brooks é Marlin e Ellen DeGeneres é Dory, que irá assumir o protagonismo na sequela estreada em 2016, À Procura de Dory. Um ano depois dos acontecimentos do primeiro filme, é Dory quem se perde quando tenta encontrar a verdade sobre as suas origens. A sequela tornar-se-ia num dos maiores sucessos da história da animação.

Estamos em 2004. A Pixar já é, seguramente, uma casa de sucessos estrondosos que não dá mostras de falhar. Depois de encantar miúdos e graúdos com brinquedos com vida, monstros simpáticos e peixes falantes, o agora gigante da animação decide aventurar-se no mundo dos super-heróis numa altura em que este tipo de filmes ainda não era tão popular como é hoje. Para tal, são requisitados os talentos de Brad Bird, que havia começado a sua carreira com Os Simpsons e teve a sua estreia na realização com O Gigante de Ferro, para a Warner. Bird cria um filme de animação que mistura super-heróis com um toque de James Bond, e assim o mundo conhece The Incredibles - Os Super Heróis, filme de comédia e acção em que seguimos a família do Senhor Incrível, um exsuper-herói que se encontra na reforma depois do mundo ostracizar todos os seres com super-poderes. No entanto, quando uma nova ameaça surge, o Senhor Incrível vê-se de volta ao que tanto adora, enquanto lida com os problemas da sua vida familiar, na qual cada membro, aparentemente, também tem super-poderes. Os Incríveis é uma aventura inteligente e bastante divertida que se tornou num enorme sucesso comercial e crítico, abrindo caminho para uma sequela estreada em 2018, com ainda maior sucesso, sendo que se tornou na animação mais lucrativa de sempre nas bilheteiras americanas. Em 2006, a Pixar aventura-se no mundo das corridas de carros. O protagonista de Carros é Faísca McQueen, uma estrela das corridas que se vê afastada dos holofotes da fama e perto de perder a sua popularidade. Carros acaba por ser mais uma aposta ganha por parte do estúdio, embora a crítica considere o filme demasiado infantil para os padrões habituais da casa de animação. No entanto, a popularidade entre os mais pequenos é enorme, e Faísca McQueen, tornar-se-ia numa máquina de vender no que a merchandising diz respeito. Devido ao sucesso do primeiro filme, e com o intuito de vender mais bonecos, surgem duas sequelas, com críticas mornas e com um retorno comercial cada vez menor.

Em 2007, o mundo delicia-se com as aventuras de Remy, um rato perito em culinária e com um paladar requintado que se vê no meio dum

restaurante outrora popular na cidade de Paris. O filme é Ratatui, um dos filmes mais adorados da Pixar. Com um argumento bem escrito, uma banda-sonora mágica e um toque que dá àgua na boca, o filme foi dos mais bem recebidos do ano. E assim, depois de Ratatui, a Pixar abre portas à sua produção mais arriscada de sempre.

Wall-E segue as aventuras dum pequeno robô que dá nome ao filme. Wall-E tem como missão acumular o lixo que encontra num planeta Terra deserto depois da população o ter abandonado. No entanto, quando Wall-E encontra uma nova forma de vida recém-nascida, o pequeno robô vê-se arrastado para uma aventura fora do normal. Bastante inspirado em 2001 – Uma Odisseia no Espaço de Stanley Kubrick, Wall-E é uma aventura de ficção científica cheia de coração e com uma forte mensagem ambiental. Com a acção centrada num robô que não fala num filme de poucos diálogos, Wall-E torna-se-ia num dos sucessos do ano e um clássico imediato, acabando por ganhar o Óscar para Melhor Filme de Animação.

Continuando dentro do género da aventura, mas desta vez num ambiente bem terrestre, em 2009 temos a estreia de Up – Altamente, uma obra divertida e tocante onde seguimos Carl, um velho viúvo que está em luto pelo falecimento da sua esposa de longa data. Quando encontra Russell, um jovem escuteiro, Carl vê-se arrastado para uma incrível aventura que o faz perceber que a vida ainda tem mais para dar. Apesar da grande aventura que é, e de ser bastante divertido, Up – Altamente é também uma obra tocante que aborda o tema da perda de forma cuidada e adulta, emocionando multidões quando estreou. Uma vez mais, um enorme sucesso para o estúdio.

Ao longo de 25 anos de vida, a Pixar criou um vasto leque de personagens memoráveis. Nesta última década assistimos ao regresso de algumas dessas personagens nas suas devidas sequelas, enquanto fomos conhecendo novas personagens, como Merida, de Brave – Indomável, e as várias emoções no inteligente Inside Out – Divertida-Mente. São estas personagens que têm conquistado o coração e a imaginação de milhões de pessoas, de miúdos e graúdos, ao longo desta duas décadas e meia. Deambulámos pelo mundo dos brinquedos, dos insectos (Uma Vida de Insecto), monstros, peixes aventureiros, super-heróis com pinta de espiões, carros falantes, ratos culinários, robôs com coração e emoção e aventuras onde a idade não tem limites. Tudo são histórias que fazem agora parte do nosso imaginário e que estão a passar de geração em geração. E tal não seria possível sem a existência destas personagens tão memoráveis e icónicas que apenas a Pixar consegue criar.

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