3 minute read

Finding Dory

FILIPE LOPES

Escrito por Victoria Strouse, a quatro mãos com Andrew Stanton, a partir de uma história deste, e realizado por Stanton e Angus MacLane, À Procura de Dory é o natural e previsível prolongamento de um dos títulos que mais popularidade (e dinheiro) deu à Pixar: À Procura de Nemo (2003). Se Stanton é um dos nomes fortes da companhia, responsável por êxitos milionários e prémios prestigiantes para a Pixar, incluindo dois Óscares, o primeiro deles exactamente com a recémreferida longa-metragem que é a prequela desta (o outro Óscar venceu-o com o maravilhoso Wall-E, de 2008), Angus MacLane tem, aqui, a sua única passagem pelo leme da realização, embora seja um dos nomes consagrados na equipa de arte da produtora de animação fundada por Edwin Catmull e Alvy Ray Smith.

Advertisement

A história recupera uma das mais amadas personagens da Pixar, Dory – a hilariante “peixinha” cirurgiã-patela, azul e amarela, que sofre de perda de memória a curto-prazo –, um ano depois de esta ter ajudado o seu amigo peixinho-palhaço, vermelho e preto, Marlin, a encontrar o seu filho Nemo. Dory lembra-se, subitamente, da sua família; do seu pai e da sua mãe que, muito provavelmente, andarão à sua procura desde que se perdeu deles. Marlin e Nemo vão ajudá-la nessa demanda… pelo menos até ela desaparecer e ambos terem que a encontrar, ao mesmo tempo que ela tenta encontrar os pais.

Albert Brooks e Ellen DeGeneres voltam a dar voz aos dois protagonistas, Marlin e Dory, respectivamente e Alexander Gould deixa a voz de Nemo (por ter crescido e modificado o seu timbre vocal), sendo substituído pelo bem mais jovem Hayden Rolence. A estas personagens juntam-se outras, como Hank (voz de Ed O’Neill), um polvo que perdeu um tentáculo e cujo sonho é viver num tranquilo e confortável aquário bem longe do Oceano; Destiny (Kaitlin Olson), uma tubarão-baleia que tem problemas de visão e é amiga de infância de Dory; ou Bailey (Ty Burrell), uma beluga amiga de Destiny e que terá perdido a capacidade de se ecolocalizar. De uma maneira ou de outra, estas novas personagens irão ajudar Dory a conseguir os seus intentos de encontrar a mãe Jenny (Diane Keaton) e o pai Charlie (Eugene Levy), no que se espera ser um final feliz. Até lá, muitas coisas acontecem, já que o filme está cheio de pequenos apontamentos de humor e picos de acção, segundo a fórmula a que a companhia já habituou os fãs.

Esta é, particularmente, uma das histórias contadas pela Pixar com mais transversalidade etária, satisfazendo tanto as crianças como os adultos que procuram um bom momento de diversão. A animação é fantástica, nomeadamente no que respeita à recriação da água ou da textura de elementos como os pêlos e penas de animais, cheios de pormenor e riqueza na forma como se comportam, ou com os jogos de cor que existem em algumas das cenas passadas debaixo de água. As personagens são outra das mais-valias. Bem desenhadas, bem escritas, empáticas com o público, é interessante verificar que não há um vilão neste filme de aventuras animado. E não se lhe sente a falta. Sendo uma empresa apostada em fazer entretenimento para toda a família, o “tiro” da Pixar voltou a ser certeiro e o resultado da bilheteira ultrapassou a espantosa barreira dos mil milhões de euros, algo que, à época, só havia acontecido com Toy Story 3. Falando de dinheiro, e por curiosidade, até ao ano de 2019 com o lançamento de Toy Story 4, a Pixar nunca perdeu dinheiro em nenhuma das 21 longas-metragens que produziu, o que não deixa de ser uma extraordinária marca que assinala o sucesso comercial desta produtora norte-americana.

Título nacional: À Procura de Dory Realização: Andrew Stanton, Angus MacLane (co-realização) Elenco: Ellen DeGeneres, Albert Brooks, Ed O'Neill Ano: 2016

This article is from: