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1 Du Ribeiro 1 Andreas Heiniger 3 H. Becherini 4 (página ao lado) Klaus Mitteldorf 5 (página ao lado) Bob Wolfenson
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Retratos de uma sociedade Exposição em cartaz até abril comemora os 30 anos da Abrafoto e investiga a formação da fotografia publicitária brasileira. Tânia Galluzzi
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m dos mais destacados segmentos da economia brasileira, a publicidade, foi estruturado na segunda metade do século passado. Parte significativa de seu sucesso deve-se à participação da fotografia e sua capacidade de mater ializ ar os conceitos envolvidos nas campanhas. Vár ios desses momentos estão reunidos na exposição Fotografia Publicitária Brasileira, em cartaz até o dia 2 de abril na Casa da Imagem, na reg ião central da capital paulista. Com curadoria dos fotógrafos Cristiano Burmester e Rubens Fernandes Junior, a mostra celebra os 30 anos da Associa ção Brasileira de Fotógrafos (Abrafoto), completados em 2015. Criada por um grupo de fotógrafos com o objetivo de estabelecer princípios éticos e profissionais no mercado, a entidade mantém-se zelando pelos interesses coletivos, culturais e materiais dos profissionais e empresas que se dedicam à produção de fotografia. Para viabilizar a exposição, a associação se uniu ao Museu da Cidade de São Paulo, por meio da Casa da Imagem. Segundo Rubens Fernandes, a exibição reúne mais de setenta profissionais da fotografia publicitária brasileira atuan tes nos últimos 60 anos, desde as primeiras imagens realizadas no final dos anos de 1950 até fotog raf ias produzidas em 2015. “O conjunto exibido não apenas traça a evolução do discurso 5
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A PASSAGEM DO TEMPO
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6 Milton Montenegro 7 Feco Hamburger 8 German Lorca 9 Marcio Scavone
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FOTOGRAFIA PUBLICITÁRIA BRASILEIRA Visitação: 19 de novembro de 2016 a 2 de abril de 2017, das 9h às 17h Local: Casa da Imagem Rua Roberto Simonsen, 136-B (Sé), São Paulo Tel. (11) 3241 1081 – ramal 103 www.casadaimagem.sp.gov.br Entrada franca Dispõem de acessibilidade física
imagético da publicidade como também traz os principais produtos e campanhas que marcaram de algum modo a cultura brasileira e pontuaram hábitos de consumo.” A mostra parte de um núcleo pioneiro, formado por Germán Lorca, Henrique Becherini, Hans Gunter F lieg, Chico Albuquerque, Otto Stupakoff e Sergio Jorge, alcançando nomes atuais como Cristiano Mascaro, Bob Wolfenson, Marcio Scavone, Orlando Azevedo, Klaus Mitteldorf, Marcos Magaldi, Luis Crispino, Meca, Tony Genérico, Du Ribeiro, Daniel Klajmic e dezenas de outros profissionais que trabalharam para qualificar a fotografia publicitária brasileira do ponto de vista técnico e estético e inseri-la no circuito internacional com campanhas premiadas.
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Ao acompanhar a cronologia dos trabalhos é possível observar, de acordo com Crist iano Burmester, além da mudança na linguagem visual da fotografia, os movimentos da própria socied ade. “Nas produções da década de 50 vemos a mulher ainda vinculada ao lar e o homem ao trabalho. As imagens dos anos de 1960 e 1970 mostram mais liberdade e expressão indiv idual. A década de 80 traz sofisticação e pontua a chegada dos eletrônicos. Nos anos seguintes o conceito passa a se sobrepor ao produto, até atingirmos o uso dos mais var iados recursos de pós-produção.” São 300 imagens no total, das quais 85 impressas por Piet ro Guiurghi nos formatos 60 × 60 cm e 70 × 70 cm e as demais projetadas em um dos ambientes. “Impossível não se emo cionar diante dessa incrível história que nada mais é do que a memória coletiva que atravessou diversas gerações”, afirma Rubens Fernandes. Nessa trajetória o fotógrafo e pesquisador destaca também o papel fundamental das agências de publicidade, que potencia l izaram a imagem fotográfica como signo convincente e persuasivo da mensagem publicitária. Para ele, as agências brasileiras estão entre as melhores do mundo e a fotografia publicitária é parte dessa complexa engrenagem mercadológica, que seduz o consumidor pela criativ idade e singularidade da imagem.