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Valdemir Cunha
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F OTOG R A F I A
Fotógrafo, jornalista e editor, Valdemir Cunha corre o País documentando-o e redescobrindo-o. Tânia Galluzzi
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Nas entranhas do Brasil
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1 ( fundo da página dupla anterior) Lençóis Maranhenses, 2010 2 Canudos, BA, 2012 3 Foz do Rio São Francisco, SE, 2013 4 Rabecas produzidas no Speragui, PR, 2013 5 Monte Roraima, lado venezuelano, 2009 6 Foz do Iguaçú, PR, 2009 7 Produção de farinha em Piciguaba, SP, 2013 8 Crianças em Jericoacoara, CE, 2004
m outubro circulará o novo livro de Valdemir Cunha, Brasil Litoral, segundo da série Lugares do Brasil, iniciada em 2011 com Brasil Natural. A meta é, em 10 ou 12 anos, cobrir 49 microrregiões pouco conhecidas ou isoladas do território nacional, sete em cada edição. O primeiro da série trouxe os sete parques nacionais mais visitados e o segundo apresenta sete trechos da costa, do Paraná ao leste do Maranhão. Não bastassem os cenários deslumbrantes de um Brasil pouco visto, a câmera de Valdemir Cunha, 47 anos, aponta para as comunidades que teimam em subsistir nessas áreas, sobretudo com o objetivo de mostrar como a diversidade geográfica tem influência decisiva na vida das pessoas. 8
Esse é o norte do trabalho de Valdemir desde o ano 2000, quando o jornalista e fotógrafo criou a Editora Origem, mirando a viabilização de projetos ligados à temática brasileira, sua geografia, população e cultura. O primeiro livro demorou um pouco a sair. Retratos do Brasil, coletânea de cenas brasileiras, foi publicado pela Editora Origem em 2006. No ano seguinte foi a vez de Pantanal: O Último Éden. Em 2008, O Brasil Genial da Oficina de Agosto e Mão Preciosa: O Artesanato do Ceará. Em 2009, mais dois: Tietê: Um Rio de Várias Faces e A Paisagem e o Olhar. Paraíba do Sul: Um Rio de História foi o projeto de
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9 Campeiro na Serra Catarinense, 2008 10 Guarás no Superagui, PR, 2013 11 Pescador na Ilha dos Lençóis, MA, 2013
2010, seguido por Brasil Natural, em 2011, Brasil Invisível, no ano passado, e agora Brasil Litoral. Em maio de 2014 será lançado Revisitando o Rio Tietê, cujos recursos já foram captados e atualmente está em fase de pesquisa e produção das imagens. Antes dele, em março, está programada a publicação de Minha Pequena Alemanha, título provisório, sobre a influência da cultura alemã no Brasil. A editora busca recursos para outros projetos: Vaqueiro das Águas, sobre o homem pantaneiro, e para a série que tratará das monoculturas que modelaram a economia nacional — cacau, cana-de-açúcar e café. O fôlego para essa produção intensa e estruturada vem do terceiro papel exercido por Valdemir, o de publisher. A desenvoltura nesse campo ele adquiriu nos oito anos que atuou como editor executivo na Editora Peixes, além de acumular o cargo de editor executivo da revista Caminhos da Terra. “Uma das grandes dificuldades dos fotógrafos na produção de livros está em ligar todos os pontos”. Inspirando-se nos passos de Araquém Alcântara, fotógrafo de natureza com mais de 40 livros publicados, Valdemir pensa em projetos consistentes, que cada vez mais extrapolam o livro em si. “No Brasil Litoral, por exemplo, realizarei oficinas fotográficas em quatro localidades retratadas no livro, atendendo 600 crianças. O Brasil Invisível gerou um aplicativo para tablets e os livros têm seus respectivos sites para que o conteúdo seja democratizado”.
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IMAGENS DE UMA ÉPOCA
& VALDEMIR CUNHA Tel. (11) 3645-0301 www.valdemircunha.com.br
Valdemir tem convicção de que o Brasil dos pequenos núcleos populacionais vivendo de forma tradicional, em sua maioria do extrativismo, não tarda a desaparecer. “O Brasil precisa ser fotografado. As transformações também estão chegando nesse Brasil e sei que o que estou documentando hoje virará história”. Fotografando o País há 25 anos, ele afirma ser testemunha do impacto dos programas de inclusão social sobre populações que antes viviam abaixo da linha de pobreza. “Hoje, o menino que mora na Serra do Divisor, no Acre, vai à escola. As dificuldades de acesso não mudaram, mas já há famílias que entendem a importância da educação”. Testemunhar e buscar essas mudanças positivas nutre o olhar otimista sustentado por Valdemir, explicitado no Brasil Invisível, seu livro de maior repercussão. Fruto de 10 anos de trabalho e inúmeras viagens por todos os estados, o
livro mostra o cotidiano de gente que luta por uma vida melhor para seus filhos e é feliz a despeito de suas privações. Essa gente está igualmente presente no Brasil Natural, o mais vendido, cuja tiragem de 3.000 exemplares esgotou-se em seis meses. O sucesso Valdemir atribui ao fato de ser este um livro para viajantes, com dicas para pessoas que gostam de conhecer lugares novos. Ambos, assim como Brasil Litoral, foram impressos na Pancrom. Parceria ainda mais longa foi construída com o jornalista Xavier Bartaburu, com quem Valdemir trabalha há 10 anos. Chegando a viajar 20 dias por mês, o que ainda falta ver em terras brasileiras? “Conheço muito bem o litoral, mas estou tateando a Amazônia”. O fotógrafo deve se aprofundar na região por conta do Projeto Água, que mostrará pessoas que convivem com a abundância do recurso e outras com a absoluta falta dele, contrastando a floresta equatorial com o sertão nordestino. julho /agosto 2013 REVISTA ABIGR AF
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