F OTOG R A F I A
Servo da luz
Ary Diesendruck
ry Diesendruck respira fotografia. A arte lhe chegou por atavismo, embalada pelo pai. Func ionár io da Disney, ele mantinha um laboratório em casa, na capital paulista, e participar desse universo foi a forma que o menino encontrou para estar perto do pai. Entregue às pulsões que nascem na infância, Ary sempre trilhou o caminho das imagens. Na adolescência fez cursos no Senac, formou-se em Cinema, com especialização em Fotografia, mas antes disso já ganhava dinheiro registrando suas viagens pelo Brasil. Com uma Minolta fotografava lugares na época pouco conhecidos como Itaúnas (ES) e nas mesas de edição das revistas ouvia dos editores: — Que filtragem! Que luz!. “Era engraçado, porque na verdade eu só tinha uma objetiva com um polimento diferente”, diverte-se Ary com sua própria modéstia. Entre 1983 e 1987, além dos freelances para o mercado editor ial, Ary colaborou como assistente para alguns fotógrafos. Em 1985, um trabalho funcionou como divisor de águas. A pedido da revista Ícaro foi ao Japão para fotografar uma feira de tecnologia e acabou ficando 55 dias no país asiático, trazendo para casa um mater ial muito rico, publicado não só na Ícaro como na revista da Fotoptica. Trabalhou com publicidade na Norton, viveu a efervescência da publicidade zanzando pelas agências na reg ião da Rua General Jardim, no centro de
São Paulo, sem perder contato com publicações como Quatro Rodas e Goodyear. Em 1987 casou e mudou de ares, indo morar em Londres. “Achava que tinha um bom portfólio, mas levei nove meses para pegar a primeira matéria”. Da mesma forma que em São Paulo, começou a colaborar para veículos como The Sunday Times Magazine e Time Out, afora assistir fotógrafos como Nadav Kander, Kevin Summers e Ian O’Leary. Foi lá também que teve contato com o que viria a ser o primeiro banco de imagem, através da Tony Stones Images, agencia inglesa que só trabalhava com médio e grandes formatos, comprada poster iormente pela Getty Images, da qual Ary participa desde então. Tal parceria lhe rendeu muitas críticas quando Ary decidiu voltar para o Brasil em 1990 e montar seu próprio estúdio, atendendo não só o segmento editor ial mas também o corporativo. “Compreend i desde o início que aquilo faria parte da vida dos fotógrafos e que
“Na fotografia não se vive só do clic. Vive-se da paixão pela fotografia”. ARY DIESENDRUCK Texto: Tânia Galluzzi
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