Ary Diesendruck - Fotografia - Revista Abigraf 271

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F OTOG R A F I A

Servo da luz

Ary Diesendruck

ry Die­sen­druck respira fotografia. A arte lhe chegou por atavismo, embalada pelo pai. Fun­c io­ná­r io da Disney, ele mantinha um laboratório em casa, na capital paulista, e participar desse universo foi a forma que o menino encontrou para estar perto do pai. Entregue às pulsões que nascem na infância, Ary sempre trilhou o caminho das imagens. Na adolescência fez cursos no Senac, formou-​­se em Cinema, com es­pe­cia­li­za­ção em Fotografia, mas antes disso já ganhava dinheiro registrando suas via­gens pelo Brasil. Com uma Minolta fotografava lugares na época pouco conhecidos como Itaú­nas (ES) e nas mesas de edição das revistas ouvia dos editores: — Que filtragem! Que luz!. “Era engraçado, porque na verdade eu só tinha uma objetiva com um polimento diferente”, diverte-​­se Ary com sua própria modéstia. Entre 1983 e 1987, além dos free­lan­ces para o mercado edi­to­r ial, Ary colaborou como assistente para alguns fotógrafos. Em 1985, um trabalho funcionou como divisor de águas. A pedido da revista Ícaro foi ao Japão para fotografar uma feira de tecnologia e acabou ficando 55 dias no país asiá­ti­co, trazendo para casa um ma­te­r ial muito rico, publicado não só na Ícaro como na revista da Fotoptica. Trabalhou com publicidade na Norton, viveu a efervescência da publicidade zanzando pelas agên­cias na re­g ião da Rua General Jardim, no centro de

São Paulo, sem perder contato com publicações como Qua­tro Rodas e Good­year. Em 1987 casou e mudou de ares, indo morar em Londres. “Achava que tinha um bom portfólio, mas levei nove meses para pegar a primeira matéria”. Da mesma forma que em São Paulo, começou a colaborar para veí­cu­los como The Sunday Times Magazine e Time Out, afora assistir fotógrafos como Nadav Kander, Kevin Summers e Ian O’­Leary. Foi lá também que teve contato com o que viria a ser o primeiro banco de imagem, através da Tony Stones Images, agencia inglesa que só trabalhava com médio e grandes formatos, comprada pos­te­r ior­men­te pela Getty Images, da qual Ary participa desde então. Tal parceria lhe rendeu muitas críticas quando Ary decidiu voltar para o Brasil em 1990 e montar seu próprio estúdio, atendendo não só o segmento edi­to­r ial mas também o corporativo. “Com­preen­d i desde o início que aquilo faria parte da vida dos fotógrafos e que

“Na fotografia não se vive só do clic. Vive-​­se da paixão pela fotografia”. ARY DIESENDRUCK Texto: Tânia Galluzzi

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usassem para fins educacionais”. Muitos dos be­ne­f i­cia­dos são seus pró­prios alunos. Há oito anos Ary dá aula de still no curso de Cinema da Faap. Se foi progressista no que tange à distribuição das imagens, Ary ainda não está convencido de que a captura digital possa substituir integralmente o filme. “Devem me chamar de rea­cio­ná­r io, purista, romântico, que sou mesmo, não importa. Que­ro o filme, o grande formato, dar à fotografia o tempo que ela precisa”. Na pós-​­produção, por outro lado, o fotógrafo

po­d ía­mos tirar proveito. Como fui um dos pioneiros por aqui, quando precisavam de uma opi­n ião favorável acabavam me entrevistando, e meu nome ficou por um tempo as­so­cia­do aos bancos de imagem”. PRAZER EM COMPARTILHAR

Talvez esse entendimento venha da noção de compartilhamento que Ary carrega. Em seu site ele mantém imagens em baixa resolução que podem ser co­pia­das. “Gostaria que as pes­soas

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✆ ARY DIESENDRUCK Tel. (11) 3814.4644 www.arydiesendruck.com.br REVISTA ABIGR AF  maio /junho 2014

não abre mão da tecnologia digital, que “evidencia o melhor de cada imagem”. Essa reverência ao filme, contudo, não limita Ary. Até o iPhone ele já usou em suas experimentações. Com imagens publicadas em mais de 20 livros, como Brasil Panorâmico, em sua 5 ª‒ edição, Ary vem rea­li­nhan­do sua carreira. Além das aulas na Faap, quer promover e participar de workshops pelo País e estar mais presente no mercado de fine art. Livros con­t i­nuam na mira. “Entrei em todos os processos produtivos no Brasil. Papel, vidro, construção civil, alimentos, carros, o que você pensar, e gostaria de poder contar algumas das his­tó­r ias que vivi, falar da rotina de um fotógrafo”. Nessa linha, Ary está reformando seu estúdio na Vila Madalena, zona oes­te de São Paulo. A ideia é ­criar um espaço mul­ti­f un­cio­nal, que possa abrigar exposições, palestras, laboratório P/B e escritório coo­pe­ra­do. “Compartilhar o conhecimento é o meu grande projeto”.


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