F OTOG R A F I A
Betina Samaia
Azul é a cor mais quente s imagens de Betina Samaia são intensas. Cores rad ios as serpenteiam por vales, clareiras, rios, avenidas, construções, desenhando seus contornos. Mesmo densas, guardam o frescor da noite — cenário obrigatório — e um encantamento singular, reconfortante, etéreo. Betina anseia por isto. Refletir sobre as grandes questões do homem, transitar entre o real e o imaginário, transformando o invisível em visível. E a fotografia é o salvo-conduto para tal jornada. Formada em Psicologia pela PUC-S P em 1988, desde cedo Betina se interessa pelo registro do inconsciente em imagens. “Gosto da fotografia não como uma forma redutora, de
cristalização da realid ade, mas como um elemento propulsor da imaginação. Quero decifrar as imagens arquetípicas de uma maneira íntima”. Muito antes de definir esse objetivo a fotografia apresentou-se para Betina. Caçula de três irmãos, aos 12 anos percebeu que a família tinha poucas imagens dela e começou a fotografar loucamente. Décadas tiveram de passar para Betina perceber que a atividade tinha um papel crucial em sua vida, lançando-a de curso em curso em busca de conhecimento técnico e conceitual. Num deles encantou-se pelo light painting, que utiliza luzes em movimento, permitindo-a unir a paixão pela noite com a fotografia. “A noite é a última fronteira, que se tornou passível de registro com o avanço da tecnologia digital”.
Baixe o ritmo, acalme a alma. Desligue-se do mundo real para enfim conectar-se a ele. Dê-se a oportunidade de contemplar o belo trabalho de Betina Samaia. Tânia Galluzzi
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Imagem e do Som de São Paulo (MIS). A obra traz 37 imagens, mesclando as técnicas de longa exposição e light painting, clicadas em vár ios pontos do planeta. “Não há planejamento, a fotografia me chama”, conta Betina. O livro não tem texto. “A fotografia age em diversos níveis, tem vár ias camadas de significados, e as pes soas se apropriam deles de maneiras diferentes. Pela minha proposta fiquei com receio de que um texto pudesse reduzir essas possibilidades”. Exemplos desse trabalho puderam ser vistos no salão La Quatrième Image, organizado em Paris, no ano passado, quando dez fotógrafos brasileiros foram homenageados, e também no Museu Histórico Nacional, como parte das comemorações dos 450 anos do Rio de Janeiro, entre os meses de maio e agosto deste ano. Insistindo em borrar os contornos entre a verdade e a fantasia, outro ensaio começou a delinear-se no ano passado, tendo como mote a fotografia de infravermelhos (filtro + recursos de câmera + pós-produção). Ela foi aplicada pela primeira vez em uma viagem que Betina fez à Índia, em 2014, e já está sendo usada para clicar paisagens nacionais.
O CHAMADO DA FOTOGRAFIA
BETINA SAMAIA betinasamaia@gmail.com www.betinasamaia.com.br
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Assim nasceram as séries Iluminados e Noturnos, que acabam de virar livro e exposição. Produzido pela Editora Madalena, dos fotógrafos Claudia Jaguaribe, Iatã Canabrava e do editor Claudi Carreras, o livro Azul teve um pré-lançamento na SP-Arte Foto, em agosto, e será oficialmen te apresentado em 26 de outubro, na abertura da exposição de mesmo nome no Museu da