F OTOG R A F I A
A simetria é igualmente perseguida por Joás fora dos ambientes que ele consegue controlar. Mora aí sua predileção pela arquitetura moderna, angulosa, cheia de paralelismos e fachadas de vidro. Nelas, as possibilidades transbordam e os detalhes captados pelo fotógrafo amplificam o caráter caleidoscópico das empenas contemporâneas. Em Londres, cidade que o baiano Joás abraçou a ponto de naturalizar-se inglês, a arquitetura moderna compõe com vár ios estilos. Vestíg ios da era romana descansam próximos a lembranças do século XVII, enquanto arranha-céus disputam com catedrais antigas a atenção dos turistas. O contraste é rico, mas Joás quer a agudeza da City of London, o brutalismo do Barbican Centre, as reflexões do Aloft London Excel. “A arquitetura clássica é muito igual, enquanto a moderna permite criar abstrações mais interessantes.” Joás está há 10 anos na capital londrina. Ele queria mesmo era ir para Nova York, mas a namorada na época não conseguiu o visto americano e
Joás Souza Equilíbrio e rigor
E
ntre os apetrechos que Joás Souza carrega há uma trena. Uma trena reveladora. Ela expõe o fervor com o qual ele se entrega à simetria. Nos ambientes retratados pelo fotógrafo nada é displicentemente esquecido nalgum canto. Cada móvel, cada vaso, a posição dos vár ios objetos é milimetricamente estudada para gerar imagens irretocavelmente limpas. Tão perfeitas, assépticas, que podem facilmente ser confundidas com desenhos feitos em computador. “Faço a comparação com cuidado, não muito certo de como será recebida por meu interlocutor. É isso mesmo que eu quero. Esse é o grande desafio. A simetria encanta o olho humano. Até mesmo quem não entende de composição é atraído pela beleza criada pelo equilíbrio das formas. ”
86 REVISTA ABIGR AF janeiro /fevereiro 2016
A fotografia de Joás Souza não admite imperfeições. Criatividade e qualidade técnica são postas a serviço da fotografia de arquitetura e interiores com o propósito de encantar. Tânia Galluzzi