JOÁS SOUZA - Fotografia - Revista Abigraf 281

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F OTOG R A F I A

A simetria é igualmente perseguida por Joás fora dos am­bien­tes que ele consegue controlar. Mora aí sua predileção pela arquitetura moderna, angulosa, cheia de paralelismos e fachadas de vidro. Nelas, as possibilidades transbordam e os detalhes captados pelo fotógrafo amplificam o caráter caleidoscópico das empenas con­tem­po­râ­neas. Em Londres, cidade que o baiano Joás abraçou a ponto de naturalizar-​­se inglês, a arquitetura moderna compõe com vá­r ios estilos. Ves­tí­g ios da era romana descansam próximos a lembranças do século XVII, enquanto arranha-​­céus disputam com catedrais antigas a atenção dos turistas. O contraste é rico, mas Joás quer a agudeza da City of London, o brutalismo do Barbican Centre, as reflexões do Aloft London Excel. “A arquitetura clássica é muito igual, enquanto a moderna permite ­criar abstrações mais interessantes.” Joás está há 10 anos na capital londrina. Ele queria mesmo era ir para Nova York, mas a namorada na época não conseguiu o visto americano e

Joás Souza Equilíbrio e rigor

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ntre os apetrechos que Joás Souza carrega há uma trena. Uma trena reveladora. Ela expõe o fervor com o qual ele se entrega à simetria. Nos am­bien­tes retratados pelo fotógrafo nada é displicentemente esquecido nalgum canto. Cada móvel, cada vaso, a posição dos vá­r ios objetos é milimetricamente estudada para gerar imagens irretocavelmente limpas. Tão perfeitas, assépticas, que podem facilmente ser confundidas com desenhos feitos em computador. “Faço a comparação com cuidado, não muito certo de como será recebida por meu interlocutor. É isso mesmo que eu quero. Esse é o grande desafio. A simetria encanta o olho humano. Até mesmo quem não entende de composição é atraí­do pela beleza cria­da pelo equilíbrio das formas. ”

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A fotografia de Joás Souza não admite imperfeições. Criatividade e qualidade técnica são postas a serviço da fotografia de arquitetura e interiores com o propósito de encantar. Tânia Galluzzi


Londres surgiu como plano B. Depois de ralar um ano entre McDonalds e ca­fe­te­r ias, conseguiu emprego na Citywise, agência de publicidade es­pe­cia­li­za­da em imóveis comerciais. Em sete anos Joás correu a Europa clicando ce­ná­r ios os mais diversos e renovando seu port­fó­lio. Sim, já havia algo dos ares londrinos. LEITE DE PEDRA

A fotografia está na vida de Joás desde sempre. Filho de Nilton Souza, nome de peso da fotografia aé­rea, e da arquiteta Adaguimar Machado, começou a ajudar o pai na adolescência e aos 20 anos a ­atuar pro­f is­sio­nal­men­te. O talento foi forjado na adversidade. “Meu pai trabalhava muito para a indústria petroquímica. Ele fazia as aé­reas e eu as imagens de solo, fotografando plantas industriais, am­bien­tes escuros, vi­sual­men­te po­luí­dos, pouco atrativos, tentando transformar o bizarro em algo bonito.” Aos 27 anos partiu. Que­r ia descolar-​­se da fama do pai, livrar-​­se da vio­lên­c ia urbana — “depois de vá­r ios assaltos e um sequestro tinha de andar com um jagunço do lado” — e

encontrar reconhecimento. “A educação vi­sual do brasileiro é muito ruim. As crian­ç as não frequentam museus. A arte e a cultura não são prio­r i­da­des e por isso poucos são os clien­tes que conseguem perceber a diferença entre uma foto me­d ío­cre e uma boa foto.” Em 2012 começou a ­atuar como free­lan­cer. O primeiro ano e meio não foi fácil, mas a qualidade do trabalho de Joás se impôs. Hoje 80% de seus clien­tes são investidores que compram e vendem imóveis residenciais e comerciais em uma das cidades com o metro quadrado mais caro do mundo. Grande parte dos compradores não mora em Londres, o que torna uma boa imagem peça-chave do negócio. A arquitetura está também nos projetos pessoais. “Como diz um amigo também fotógrafo, se eu não mostrar do que sou capaz, quem vai me contratar?” Neste ano, Joás pensa em clicar a arquitetura comunista so­v ié­t i­ca, “construções baratas, horrorosas”. Vai voltar a tirar leite de pedra? Por que não? & JOÁS SOUZA www.joasphotographer.com

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