Arts & Crafts e Art Nouveau

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Hist贸ria da Arte Prof. Tatiana Martins Material de apoio Arts & Crafts e Art Nouveau


Movimento estético e social inglês que defende o artesanato criativo como alternativa à mecanização e à produção em massa.


Contexto do Movimento Arts & Crafts Arts & Crafts em português é chamado Artes e Ofícios Numa tradução literal: Artes e Artesanato. A Revolução Industrial ocorreu inicialmente na Inglaterra entre 1760 e 1840, ela foi um processo radical de mudança social e econômica e não um mero período histórico. A energia foi um impulso importante para a transformação de uma sociedade agrícola em sociedade industrial. No curso do século XIX, a energia gerada pela força do vapor centuplicou, e durante as últimas três décadas do século, a eletricidade e os motores movidos a gasolina aumentaram ainda mais a produtividade. O sistema fabril movido por máquinas e baseado na divisão do trabalho foi desenvolvido. Novas matérias-primas, particularmente o ferro e o aço, tornaram-se disponíveis e as cidades cresceram rapidamente, à medida que levas de pessoas abandonavam a vida no campo e buscavam emprego nas fábricas.


A tecnologia reduziu os custos unitários de diversos produtos, antes feitos à mão, e aumentou a produção em massa nas fábricas. Por sua vez, a maior disponibilidade criou uma demanda insaciável, que trouxe consigo a aurora da era da comunicação de massa. As artes manuais se encolhiam. Anteriormente, um artesão projetava e fabricava uma cadeira ou um par de sapatos, e um impressor se envolvia em todos os aspectos de sua arte, do projeto dos tipos e do layout de página à impressão concreta de livros e folhas. No curso do século XIX, porém, a especialização do sistema fabril fragmentou as artes gráficas em projeto e produção. A natureza das informações visuais foi profundamente alterada. A variedade de tamanhos tipográficos e estilos de letras teve crescimento explosivo. A invenção da fotografia - e, mais tarde, os meios de impressão de imagens fotográficas - expandiu o significado da documentação visual e das informações ilustradas.


À medida que se encerrava o século XIX, quando a qualidade do design e da produção, de maneira geral, parecia tornar-se vítima da Revolução Industrial, o movimento Arts and Crafts (Artes e Ofícios), floresceu na Inglaterra como reação a uma confusão social, moral e artística. O movimento Arts and Crafts buscava o design e um retorno aos ofícios manuais, abominando o que chamavam de bens "baratos e vis" da produção em massa da era vitoriana. A seu ver, a industrialização era um mal que degradava o artesão, transformando-o numa ferramenta sob o comando de uma máquina. O líder do movimento, William Morris (1834·1896), clamava por clareza de propósito, fldelidade à natureza dos materiais e métodos de produção e expressão pessoal tanto por parte do designer como do trabalhador. O escritor e artista John Ruskin (1819-1900) foi a inspiração filosófica desse movimento. Indagando como a sociedade podia "conscientemente ordenar a vida de seus membros de modo a manter o maior número de pessoas dignas e felizes", Ruskin rejeitava a economia mercantil e apontava para a união da arte e do trabalho a serviço da sociedade.


Estampa tĂŞxtil de William Morris, LadrĂŁo de morangos, 1883.


Prato de cer창mica pintado por William De Morgan (Inglaterra, 1839 -1917)


William Morris fundou em 1861, junto a artistas e arquitetos, a companhia de design Morris, Marshall, Faulkner & Co. Eles queriam aplicar os valores das belas artes aos ofícios (criação com utilização de técnicas artesanais), produzindo objetos feitos a mão com a mesma atenção e habilidade individual devotada à pintura e à escultura. A firma especializou-se em decoração de interiores, fabricando vitrais, móveis, acessórios, papéis de parede e tapetes - todos respondendo à natureza e refletindo-a. E em 1875, a Morris, Marshall, Faulkner & Co. passou a chamarse apenas Morris & Co., sendo Morris seu único proprietário.


Papel de parede Romã, 1866 A antiga casa da família Mander, em Wightwick, Inglaterra, tem seu design de interior todo em Arts & Crafts. Nesta casa, os Manders reuniram objetos comprados na loja de Morris & Co. além de seus próprios pertences e antiguidades.


Theodore Mander era religioso e de espírito público e estava interessado nas ideias de John Ruskin sobre a importância da habilidade e a inspiração no passado. Sua visão se refletiu no Arts and Crafts como estilo de decoração de sua mansão.

Padrão de papel de parede Acanthus, desenhado em 1875, por William Morris (Inglaterra, 1834-1896).


Antiga casa da famĂ­lia Mander, em Wightwick, Inglaterra.


Morris e Ruskin acreditavam que o passado ainda tinha bastante a oferecer, como a base do sistema de aprendizado das guildas de artesãos de fins do período medieval. Nas guildas medievais o artesão começava como aprendiz, desenvolvia-se como artífice assalariado e, por fim, tendo talento, tornava-se mestre artesão.

Design de tapeçaria com Pomona, deusa da abundância e dos pomares na mitologia romana, 1884. Figura de Edward Burne-Jones (Inglaterra, 1833-1898) e fundo de William Morris, com


Drink Coca-Cola 5¢. Cartaz publicitário dos anos 1890, mostrando a modelo norte americana Hilda Clark com figurino extravagante, com influência de estilos dos séculos 16 e 17. Sobre a mesa "Home Office, The Coca-Cola Co. Atlanta, Ga Branches: Chicago, Filadélfia, Los Angeles, Dallas". Observe as marcas de registro de cores em forma de cruz Escrito no canto inferior esquerdo "Our Faovrite".


Cartaz mรกquina de costura Singer


Cópia do Kelmscott Chaucer, livro de literatura medieval publicado por William Morris em 1896, seu último grande projeto artístico.


O arquiteto e designer de móveis e de jóias Charles Robert Ashbee (Inglaterra, 1863-1942) criou a School of Handicraft (Escola de Artesanato) em Londres, e montou uma guilda de artesãos, especializada em metalurgia, produção de jóias e esmaltados, cobre forjado a mão, ferro forjado e mobiliário.

Charles Robert Ashbee Garrafa de água, 1904.


Charles Robert Ashbee Broche de pĂĄssaro em prata e granada, c. 1900

Charles Robert Ashbee Pingente em prata, ouro, pĂŠrola e granada, c. 1897


Estilo artístico que se desenvolve na Europa e nos Estados Unidos, espalhando-se para o resto do mundo. Visa adaptar-se à vida cotidiana, às mudanças sociais e ao ritmo acelerado da vida moderna.


Contexto do Movimento Art Nouveau Art Nouveau, numa tradução literal: Arte Nova. A força do comércio e da comunicação entre países asiáticos e europeus durante o final do século XIX provocou um choque cultural. Tanto o Oriente quanto o Ocidente passaram por mudanças em decorrência de influências recíprocas. A arte asiática possibilitou aos artistas e designers europeus e norte-americanos novas formas de abordar espaço, cor, covenções de desenho e temas radicalmente diferentes das tradições ocidentais. O Art Nouveau foi um estilo decorativo internacional que prosperou por cerca de duas décadas e abordou todas as artes projetuais: arquitetura, design de mobiliário e produto, moda e artes gráficas. A característica visual do Art Nouveau é a linha orgânica, similar à forma dos vegetais. Livres de raízes e da gravidade, as linhas ondulam energicamente ou fluem com graça elegante à medida que definem, modulam e decoram o espaço com arabescos.


São citadas inúmeras origens para o Art Nouveau, entre elas os ornamentos celtas, o estilo Rococó e o design decorativo japonês. Além disso, também as obras dos pós-impressionistas, como as formas espiraladas da pintura de Vincent van Gogh, a cor lisa e chapada com contorno orgânico de Paul Gauguin. O estilo teve em suas origens o movimento social e estético inglês Arts and Crafts no sentido de buscar atenuar as fronteiras entre belas artes e artesanato pela valorização dos ofícios e trabalhos manuais. Porém, diferentemente do Arts and Crafts, o Art Nouveau dialoga com a produção industrial em série, utilizando grandemente os novos materiais do mundo moderno como o ferro, o vidro e o cimento, e valorizando a lógica e a racionalidade das cinêcias e da engenharia. Nesse sentido, o estilo acompanha de perto os rastros da industrialização e o fortalecimento da burguesia, revalorizando a beleza, colocando-a ao alcance de todos, pela articulação estreita entre arte e indústria.


Interior da casa Tassel, Mansão projetada pelo arquiteto Victor Horta (1861-1947) em 1893 e considerado como o trabalho de fundação da Art Nouveau em Bruxelas.


O artista francês Henri ToulouseLautrec (França,1864-1901) revolucionou o design dos cartazes publicitários, ajudando a definir o estilo Art Nouveau. A arte japonesa, o impressionismo e a pintura de Degas o entusiasmaram, e ele rondava cabarés, bordéis e circos em Paris, captando a vida noturna da Belle Époque - termo usado para descrever a reluzente cidade no final do século XIX.

Henri Toulouse Lautrec, 1891 Cartaz para o cabaré Moulin Rouge que transformou a vedete La Goulue em símbolo do cabaré, juntamente com um fiel cliente reconhecido por suas habilidades na dança de salão.


Para suas pinturas e cartazes, ele escolheu temas notoriamente vulgares como salões de baile populares, prostíbulos e corpos de mulheres cansadas, buscando neles a beleza e a alegria, afastando-se da sociedade aristocrática e culta onde nasceu.

Henri Toulouse-Lautrec, 1893 O cartaz celebra a estreia do cancan da vedete Jane Avril no palco do café-concerto Jardin de Paris.


Théophile Steinlen (Suiça, 1859-1923) Cartaz "Tourné du Chat Noir" para o cabaré Chat Noir, 1896


Na Inglaterra, o Art Nouveau estava mais envolvido com o design gráfico e a ilustração do que com o projeto arquitetônico e o design de produto.

Eugene Grasset, c. 1894 Cartaz de exposição "Salon des Cent"


Jan Toorop (Indonésia/Países Baixos,1858-1928) encadernação para "Psyche", um conto de fadas simbólico, trágico e erótico da princesa Psique ,do príncipe Eros e do cavalo alado Quimera, de Louis Couperus (Países Baixos, 1863-1923).


Hector Guimard (França, 1867-1942) Design das entradas de estações de metrô de Paris, entre 1899 e 1900


Archibald Knox (Esc贸cia, 1864-1933) Conjunto de colheres de ch谩, 1903


Existem marcas de origem registrada no estilo Art Nouveau em uso desde os anos 1890, como por exemplo a General Electric, que sobreviveu a dĂŠcadas de abordagens oscilantes do design.


Leonardo Bistolfi (Itália, 1859-1933) Cartaz da Primeira Exposição de Arte Moderna Decorativa, em Turin, 1902. O tecido branco, quase um véu de fumaça, escreve no ar a palavra ARS, do latim: relaciona e aproxima as palavras arte e técnica.


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