Hist贸ria da Arte Prof. Tatiana Martins Material de apoio Expressionismo
Expressionismo
O Romantismo do final do século XIX foi a base imediata do Expressionismo moderno, e alguns modelos para os pintores do século XX que buscavam meios expressivos foram: - a rejeição da "civilização" europeia e a celebração de uma existência alternativa em forma e cor emocionais; - a súbita mudança de uma arte requintada para uma técnica intencionalmente chocante em que se representam temas igualmente chocantes; - o uso de imagens alucinatórias por Munch (O Grito), através das quais empresta forma pública às angústias pessoais; - a deformação da natureza e a intensificação da cor natural, a fim de criar uma arte violentamente comunicativa.
Sabe-se que os artistas de Worpswede, um vilarejo alemão próximo à cidade de Bremen, teriam gerado o marco inicial da cena expressionista, entre 1895 e 1906, vivendo uma intensa atividade criativa na virada do século.
Paula Modersohn-Becker (1876–1907) Auto retrato com ramo de caméia, 1907
Mas, oficialmente, a vanguarda expressionista surgia em 1905, em Dresden, com estudantes de arquitetura que se reuniram em torno do grupo Die Brücke [A Ponte]: Ernst Ludwig Kirchner (1880-1938) Fritz Bleyl (1880-1966) Erich Heckel (1883-1970) Karl Schmidt-Rottluff (1884-1976)
Os quais consideravam que sua arte seria uma ponte para a arte do futuro. Ernst Ludwig Kirchner Um grupo de artistas (mostrando os membros do grupo Brücke), 1926-1927
Entre 1905 e 1914, o Expressionismo Alemão foi uma tendência da arte europeia moderna. Se desenvolveu na Alemanha, valorizando a expressão que se projeta do artista para a realidade, contraposta à ideia impressionista de registro da natureza por meio de sensações visuais imediatas.
Fritz Bleyl Cartaz para promover a primeira exposição do Die Brücke em 1906.
Uma das grandes contribuições da vanguarda expressionista foi a retomada das técnicas de xilogravura, trabalhando as gravuras em madeira em grandes áreas de contraste.
Ernst Ludwig Kirchner, Cabeça de Dodo no travesseiro, 1906
Erich Heckel Nu, sem data
Fritz Bleyl, Nu reclinado, 1906
Em seu manifesto, o Die Brüke pretendia "atrair todos os elementos revolucionários e fermentativos" de sua época, exigindo "liberdade de vida e ação contra as forças estabelecidas e ultrapassadas". Até a dissolução do grupo, os artistas trabalharam em ateliês coletivos, primeiro em Dresden, depois em Berlim, produzindo quadros que se caracterizavam pelas imagens distorcidas e as cores intensas.
Karl Schmidt-Rottluff, Junto ao mar (FalĂŠsias), 1906
Ernst Ludwig Kirchner Dama sentada (Dodo) 1907
O Pós-impressionismo de Paul Gauguin (1848-1903) e Vincent van Gogh (18531890) combina-se à matriz expressionista. De Gauguin, vemos um certo achatamento da forma, obtido com o auxílio da suspensão das sombras, o uso de grandes áreas de cor e a atenção às culturas primitivas.
Ernst Ludwig Kirchner, Menina com gato (Franzi), 1910
De Van Gogh, vemos a intensidade com que criava objetos e cenas, assim como o registro da emoção subjetiva em cores.
Emil Nolde, Mar de outono VII, 1910
Além do grupo Die Brücke, o movimento contou com expoentes como Emil Nolde (1867-1956) e Ernst Barlach (1870-1938), entre outros, e foi um fenômeno hegemônico cultural na Alemanha. Além da pintura e da escultura, o Expressionismo esteve presente nas artes gráficas, na literatura, no teatro, na música, na dança e no cinema, assumindo formas radicais, onde a expressão do sentimento tem mais valor que a razão. O Expressionismo Alemão tornou-se base para o entendimento do temperamento do homem nórdico. Expressava não o fato em si, mas o sentimento do artista em relação a algo, através de uma visualidade subjetiva, mórbida e dramática.
Ernst Ludwig Kirchner, Duas garotas, 1907
Erich Heckel, Casa Branca em Dangast, 1908
Ernst Ludwig Kirchner, Banhistas no quarto, 1908
Emil Nolde, Crianรงas danรงando, 1909
O termo Expressionismo foi utilizado primeiramente em 1911, na revista Der Sturm [A Tempestade],publicada entre 1910 e 1932, e que marcou a oposição expressionista ao Impressionismo francês,além de apresentar e afirmar os demais movimentos de vanguarda.
Capa da revista Der Sturm Publicada em Outubro de 1917
Um acento dramático é visto na dor, nas figuras distorcidas e na angústia.
Erich Heckel Criança sentada, sem data
Ernst Ludwig Kirchner, Rua, 1908
Os expressionistas em geral, assim como os fauves, procuravam a expressão de uma certa condição natural do homem. As expressões de estados psíquicos, impulsos emocionais e paixões individuais identificam as noções básicas do movimento. A arte expressionista encontra suas fontes na problemática do isolamento do homem frente à natureza – visto no romantismo alemão – e na defesa da expressão do irracional.
Ernst Barlach, O solitário, 1911
Ernst Barlach Ilustração para Noite de Walpurgis de Goethe, sem data
Ernst Ludwig Kirchner Marcella, 1909
Ernst Ludwig Kirchner, Equestrienne, 1909
Ernst Barlach, Esculturas da fachada de Igreja de Santa Catarina em L端beck, sem data
Ernst Ludwig Kirchner Kokottenkopf com chapĂŠu de penas 1910
Emil Nolde, Danรงa em torno do bezerro de ouro, 1910
Emil Nolde, Natureza morta com mรกscaras III, 1911
Emil Nolde, Lenda: Santa Maria do Egito - Morte no Deserto, 1912
Erich Heckel, Dois homens Ă mesa, 1912
Ernst Ludwig Kirchner Mulher diante do espelho, 1912
Emil Nolde Danรงa dos candelabros, 1912
Karl Schmidt-Rottluff Nus nas dunas, 1913
Emil Nolde Excitação, 1913
Karl Schmidt-Rottluff Auto retrato, 1914
Ernst Ludwig Kirchner Artilheiros, 1915
Karl Schmidt-Rottluff Mulher com bolsa, 1915
Karl Schmidt-Rottluff Menina com tranรงas, 1917
Emil Nolde Mulheres com pierr么, 1917
O grupo que deu origem ao Expressionismo Alemão definiu objetivos e procedimentos que ficaram associados de forma geral ao movimento em toda a Alemanha: - figuras deformadas - cores contrastantes - pinceladas vigorosas sem comedimento; - retomada das artes gráficas, como a xilogravura; - interesse pela arte primitiva. - motivos do cotidiano, como o sexo e a morte, onde é possível observar o acento dramático.
O expressionismo conheceu desdobramentos em outros grupos na Alemanha, como Der Blaue Reiter [O Cavaleiro Azul], de Franz Marc (1880-1916) e Wassily Kandinsky (1866-1944), criado em 1911, e considerado um dos pontos altos do movimento.
Franz Marc Montes de feno na neve 1911
Wassily Kandinsky , O cavaleiro azul, 1903
Wassily Kandinsky A vaca, 1910
Franz Marc, Escola de equitação, 1913
Franz Marc Cervo morto, 1913
Wassily Kandinsky Moscou, 1916
Após a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), o expressionismo reverberou na produção dos artistas reunidos em torno da Nova Objetividade [Neue Sachlichkeit], Otto Dix (1891-1969) e George Grosz (1893-1959).
Otto Dix A rua dos bordéis, 1914
Otto Dix, Danรงa dos mortos, 1917 (Monte de cadรกveres)
Otto Dix Auto retrato com gorro de pele sem data
George Grosz Doente de amor, 1916
George Grosz SuicĂdio, 1916
George Grosz Entardecer, 1922
O expressionismo foi perseguido pelo nazismo nos anos 1930, chamado de “arte degenerada”.
George Grosz Os pilares da sociedade, 1926
E fora da Alemanha, na Áustria, Egon Schiele (1890-1918) e Oskar Kokoschka (1886-1980) desenvolveram pesquisas de inclinação expressionista, incentivadas pelos estudos psicanalíticos de Freud, na Viena no fim do século.
Egon Schiele Auto retrato duplo, 1911
Egon Schiele (1890-1918), Cardeal e freira ou A carĂcia, 1912
Egon Schiele, A morte e a donzela, 1915
Egon Schiele A sagrada famĂlia, 1913
Egon Schiele, Agonia: a luta com a morte, 1912
Egon Schiele, Mรฃe com duas crianรงas II, 1915
Oskar Kokoschka, Crianรงas brincando, 1909
Oskar Kokoschka, Anunciação, c. 1911
Oskar Kokoschka, Crucificação (Golgotha), 1912
Oskar Kokoschka Dupla nua: duas mulheres, 1912
Oskar Kokoschka, A noiva do vento ou a tempestade, 1913
Oskar Kokoschka, Casal com gato, 1922
O pintor norueguês Edvard Munch (1863-1944) talvez tenha se tornado a maior referência do expressionismo alemão.
Edvard Munch O Grito, 1895 (Gravura)
Edvard Munch, Beijo IV, 1902
A ênfase no sentido trágico da vida é marca decisiva nos trabalhos de Munch: "Tornei-me consciente do infinito e vasto grito da natureza". (Edvard Munch, publicado na revista Revue Blanche, 1895)
Edvard Munch O grito, c. 1910
Edvard Munch, Trabalhadores em seu caminho para casa, 1913-1915
Edvard Munch, No leito de morte (febre) I, 1915
Edvard Munch, Crianรงas na rua, 1915
Edvard Munch, Assassino na estrada, 1919