Pop Art

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Hist贸ria da Arte Prof. Tatiana Martins Material de apoio Pop Art


Apropriação "...Apropriar-se, colecionar, montar, justapor objetos muitas vezes prosaicos formando outros objetos ou instalações constitui-se hoje uma das principais vertentes da arte contemporânea." Tadeu Chiarelli


SOBRE OS READYMADES

Marcel Duchamp, 1961

“Em 1913 tive a feliz ideia de fixar uma roda de bicicleta a uma banqueta de cozinha e vê-la girar. Em Nova York, em 1915, comprei numa loja de ferragens uma pá para neve, sobre a qual escrevi “In advance of the broken arm” (Em antecipação ao braço quebrado). Foi nessa época que a palavra readymade me ocorreu para designar essa forma de manifestação. Um ponto que quero deixar bem claro é que a escolha desses readymades jamais foi ditada por razões de deleite estético. A escolha baseava-se numa reação de indiferença visual, bem como, ao mesmo tempo, de total ausência de bom ou mau gosto – de fato, uma completa anestesia.”

Marcel Duchamp, Pá de neve - Em antecipação ao braço quebrado, 1915


Readymade e Pop Art A apropriação das coisas do cotidiano que surge com a noção de readymade abre uma crítica radical ao sistema da arte, pois sugere que se pode transformar qualquer objeto em obra de arte. O movimento cultural da Pop Art surgiu relacionando a arte à vida no mundo da produção em massa. Sua relação direta com o readymade está nas apropriações realizadas pelos artistas pop na incorporação de imagens populares do consumo capitalista em suas obras, como a publicidade, as histórias em quadrinhos e as imagens da TV e do cinema.


Os participantes do Independent Group de Londres começaram a utilizar as experimentações Pop nos anos 1940. Desde 1946, na Inglaterra do pósguerra, Paolozzi já produzia uma série de colagens utilizando a apropriação de imagens que frequentemente são referidas como os primeiros exemplos da Pop inglesa.

Eduardo Paolozzi, Eu era o brinquedo de um ricaço, 1947


O Independent Group foi formado por artistas britânicos, arquitetos e teóricos de design que exploraram o desenvolvimento da arte popular e suas relações com as artes plásticas. Entre seus membros estavam Eduardo Paolozzi (1924-2005), Richard Hamilton (1922-2011) e John McHale (1922-1978), Richard Smith (1931) e Peter Blake (1932).


A colagem de Hamilton para a exposição This Is Tomorrow, em Londres, se apropriava de imagens do cotidiano, abordando fenômenos sociais, e é considerada uma das primeiras obras da Pop Art.

Richard Hamilton O que é isto que faz os lares de hoje tão diferentes, tão atraentes? 1956


Richard Hamilton, My Marilyn, 1965


De forma geral, o Independent Group não tinha preocupação com o acabamento e a qualidade técnica de suas criações, utilizando colagens como estudos de composição, sobre suportes baratos, frágeis e pouco duráveis.

Eduardo Paolozzi Meet the People, 1948


Eduardo Paolozzi Sack-o-sauce, 1948


Eduardo Paolozzi, Real gold, 1949


Eduardo Paolozzi Real gold, 1950


Eduardo Paolozzi, Windtunnel Test, 1950


Eduardo Paolozzi Wittgenstein no cinema admirando Betty Grable 1965


Em 1957, Hamilton definiu os princípios centrais da nova sensibilidade artística à qual dedicava-se o Independent Group, sem lhe dar nome, apenas dizia tratar-se de uma arte "popular, transitória, consumível, de baixo custo, produzida em massa, jovem, espirituosa, sexy, chamativa, glamourosa e um grande negócio".

Richard Hamilton Auto retrato, 1967


Richard Hamilton Marcel Duchamp, 1968


A montagem de McHale, Why I took to the washers in luxury flats, se aproxima da

composição sem interesse estético das colagens dadaístas.

John McHale Why I took to the washers in luxury flats, c. 1954


John McHale, Cartaz da exposição This is Tomorrow, 1956


John McHale Machine-made America II 1956


John McHale, Primeiro contato, 1958


Richard Smith Caça-níqueis, 1962


Richard Smith, Embalagem, 1963


Richard Smith, Piano, 1963


Richard Smith, PM Zoom, 1963


Peter Blake Na Varanda, 1955-1957


Peter Blake, Love Wall, 1961


Peter Blake Tuesday 1961


Peter Blake, A loja de brinquedos, 1962


Enquanto isso, com o ideário Dada já assimilado nos Estados Unidos desde o final dos anos 1950, a arte norte-americana dirigia seu debate à conexão com o real vivido, e o movimento cultural da Pop Art surgia relacionando vida e arte. Andy Warhol (1928-1987), Roy Lichtenstein (1923-1997), Claes Oldenburg (1929), James Rosenquist (1933) e Tom Wesselmann (1931-2004) são os principais representantes da Pop Art norte-americana. Sem programas ou manifestos, seus trabalhos se afinam pelas temáticas abordadas, pelo desenho simplificado, pelas cores saturadas e pela aproximação à produção industrial, seja pela repetição da imagem ou pelas grandes dimensões das obras ou séries.


A atenção concedida pela Pop Art aos objetos comuns e à vida cotidiana encontrou seus precursores no Dada e no Surrealismo.

Andy Warhol Três garrafas de Coca-cola, 1962


Andy Warhol Elvis, 1963


Consagrado como lĂ­der do movimento Pop, Andy Warhol trabalhou como pintor, escultor, artista grĂĄfico, cineasta e editor da revista Interview. Em suas telas de cores vibrantes, imortalizou as latas de sopa Campbell, as imagens de Marilyn Monroe e de Jackeline Kennedy, unindo o estilo de vida americano Ă arte.

Andy Warhol Marilyn Monroe, 1962


Andy Warhol Lata de sopa Campbell,1964


A celebração da opulência e da fama Pop conviveu, a partir de 1963, com as tragédias, como o assassinato de John Kenedy, a violência racial e das guerras (Guerra Fria e do Vietnã).

Andy Warhol 16 Jackies, 1964


A imagem destacada e reproduzida mecanicamente, com o auxílio da serigrafia, afastou a valorização do gesto do artista, aproximando a arte da reprodução em série relacionada à cultura de massa, muito presente no modo de vida norte-americano a partir dos anos 1950.

Andy Warhol Brillo, Del Monte e Heinz, Conjunto de Caixas de Cartão, 1964. Serigrafia sobre madeira.


Andy Warhol Little Race Riot (Levante racial) 1964


Andy Warhol Cinco mortes onze vezes em laranja 1964


Andy Warhol Marlon Brando 1966


Andy Warhol, Grande cadeira elĂŠtrica, 1967


Andy Warhol Mao, 1972


Andy Warhol Auto retrato com caveira, 1977


Andy Warhol, A arma, 1981


Como cineasta, Warhol adentrou campos que até hoje são considerados experimentais, sempre escolhendo a câmera fixa e proclamando sua indiferença com relação a luz, fotografia e direção.

Chelsea Girls, 1966 Filme experimental dirigido por Andy Warhol e Paul Morrissey.


Entre 1964 e 1966, Andy Warhol captou aproximadamente 500 reveladores retratos de centenas de pessoas, entre celebridades e desconhecidos que frequentavam seu estúdio em Nova York, conhecido como The Factory. Desses screen tests, filmados com uma câmara Bolex de 16 mm, em preto e branco, sem captação de som e com enquadramento fixo, apenas um pequeno número chegou a ser exibido em poucas ocasiões.


Famoso por seu trabalho tanto quanto pelo envolvimento com as celebridades de sua época, Andy Warhol também desempenhou um papel de relevância no cenário musical.

Desenhou capas de mais de cinquenta discos para Diana Ross, Count Basie, Paul Anka, entre outros, e em 1965, tornou-se produtor da banda Velvet Underground e Nico.


Roy Lichtenstein valorizou os clichês das histórias em quadradinhos. Em sua pintura, ampliou propagandas e HQs, reproduzindo-os à mão, com fidelidade.

Roy Lichtenstein No carro, 1962


Roy Lichtenstein, Takka Takka, 1962


“Meu trabalho expressa paixão e violenta emoção num estilo mecânico”

Roy Lichtenstein

Roy Lichtenstein, Whaam!, 1963


Para Lichtenstein o que marcava o Pop era, antes de mais nada, o uso dado ao que era desprezado. Segundo ele, a Pop Art n達o deveria ser considerada uma pintura Americana, mas uma pintura industrial.

Roy Lichtenstein Sweet Dreams Baby, 1965


Roy Lichtenstein, Bananas e toranjas #1, 1972


Roy Lichtenstein, Natureza morta com taรงa e limรฃo descascado, 1972


Em suas cópias e cartuns, Lichtenstein retomou gêneros tradicionais como a paisagem, a natureza-morta e a figura humana, reanimando e revivendo estes temas acadêmicos tradicionais com nova estética.

Roy Lichtenstein Natureza morta cubista com baralho 1974


Roy Lichtenstein, Natureza morta com abajur, 1976


Roy Lichtenstein, Pintura pr贸xima da janela, 1983.


Roy Lichtenstein, Ao Barroco, 1979


Claes Oldenburg criou objetos gigantes que representavam, mais do que a alimentação e o modo de vida norte-americanos, a sociedade de consumo através das dimensões da progapanda dos alimentos industrializados.

Claes Oldenburg, Floor Burger (Hamburger gigante), 1962


Claes Oldenburg, Floor Cake, 1962


Claes Oldenburg, Floor Sandwich, 1963


Claes Oldenburg Banheira macia (modelo) Vers達o fantasma, 1966


Claes Oldenburg Sanitรกrio macio, 1966


James Rosenquist sobrepunha elementos em suas pinturas, apresentadas como grandes painĂŠis semelhantes a propagandas e outdoors. Ao relacionar imagens, criava narrativas crĂ­ticas a respeito dos modos de vida da sociedade norte-americana.

James Rosenquist , Presidente eleito, 1960-61


James Rosenquist Hey let’s go for a redi 1961


James Rosenquist, I love you with my ford, 1961


James Rosenquist, Nomade, 1963


James Rosenquist , Louรงa, 1964


James Rosenquist , P達o branco, 1964


James Rosenquist, F-111 (MoMa, NY), 1964-65


James Rosenquist, F-111 (partido), 1964-65


James Rosenquist A faceta, 1978


Wesselmann criou belas composições em suas naturezas mortas, utilizando como matéria prima produtos comerciais e figuras femininas sensuais em ambientes típicos da american way of life.

Tom Wesselmann Natureza morta #17 1962


Tom Wesselmann, Natureza morta #22, 1962


Tom Wesselmann, Natureza morta #24, 1962


Tom Wesselmann Natureza morta #20 1962


Tom Wesselmann, Natureza morta #12 1962


Tom Wesselmann, Natureza morta #35, 1963


Tom Wesselmann, Natureza morta #30, 1963


Tom Wesselmann Natureza morta #30, 1963


Tom Wesselmann Natureza morta #34″, 1963


Tom Wesselmann Interior #2, 1964


Tom Wesselmann, Vista do mar #24, 1967


Tom Wesselmann Fumante estudo #39, 1967


Tom Wesselmann Fumante #1 (Bocs, 12) 1967


Tom Wesselmann, Fumante # 9, 1973


Tom Wesselmann, Natureza morta #60, 1973


Tom Wesselmann Natureza morta #61, 1976


Paralelamente ao Expressionismo Abstrato e à Pop Art, desde meados dos anos 1950, alguns artistas norte-americanos também tomaram como referência a tradição figurativa local, vista nas colagens tridimensionais de Robert Rauschenberg (1925-2008) e nas imagens planas e emblemáticas de Jasper Johns (1930) que utilizaram imagens e objetos inscritos no cotidiano.


Jasper Johns Bandeira sobre branco com colagem 1955


Robert Rauschenberg Cama, 1955


Jasper Johns Alvo com quatro faces, 1955


Jasper Johns, Bandeira branca, 1955


Robert Rauschenberg, Monograma, 1955-59


Jasper Johns Alfabetos cinzentos, 1956


Jasper Johns, Bronze pintado (Ballantine Ale), 1960


Jasper Johns Painting with Two Balls, 1960


Jasper Johns, Mapa, 1961


Robert Rauschenberg Preparar, 1962


Jasper Johns Fool’s house, 1962


Robert Rauschenberg Propriedade, 1963


Robert Rauschenberg Marcador, 1963


Robert Rauschenberg Retroativo I, 1964


Jasper Johns Souvenir 2, 1964


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