Renascimento ao Barroco

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Histรณria da Arte Prof. Tatiana Martins Material de apoio Renascimento, Maneirismo e Barroco


A arte do Renascimento ao Barroco


Na temática da arte renascentista, a Antiguidade Clássica era retomada, tendo o mundo greco-romano como modelo social em busca da integração do projeto de mundo cristão com a visão clássica, através da representação inspirada nas formas da natureza.

Sandro Botticelli (1445-1510) Nascimento de Vênus, 1483 -1485


Rafael Sanzio (1483-1520) A Escola de Atenas, 1506-1510. Afresco no Vaticano, 5x7 m.


O humanismo constituía um movimento de crítica social e científica que alteraria a própria narrativa de mundo em curso no período. A busca da compreensão do ser humano nas relações consigo e com o todo, através de sua historicidade, encaminhava-se à inserção de uma cronologia humana na cronologia do mundo.


Michelangelo Buonarroti (1475-1564) A criação de Adão, 1508-1512. Afresco da Capela Sistina, no Vaticano.


Michelangelo não representou David como o humilde pastor de ovelhas, mas como um guerreiro. Conhecido como o “gigante de Florença”, David teria sido símbolo das duas principais virtudes cívicas florentinas: a coragem e a fortaleza.

Michelagnolo Buonarroti David, 1501-1504 . Mármore, 5,17 m.


Michelangelo se considerava melhor escultor, mas foi também pintor, poeta e arquiteto de renome. Tendo implementado grandes reformas na estrutura da Basílica de São Pedro e desenhado sua cúpula.

Cúpula da Basílica de São Pedro, no Vaticano.


A partir de fins do século XV, período das grandes descobertas, os artistas italianos se voltaram para a matemática a fim de estudar as leis da perspectiva, e para a anatomia, com o propósito de desvendar a construção do corpo humano.

Homem Vitruviano, c. 1490 O estudo das proporções humanas realizado por Leonardo da Vinci (14521519), tornou-se um símbolo do humanismo renascentista.


Os horizontes do artista ampliaram-se através dessas descobertas. Ele deixou de ser um artífice entre artífices, pronto a executar encomendas de sapatos, armários ou pinturas, conforme o caso. Era agora um mestre dotado de autonomia, que não poderia alcançar fama e glória sem explorar os mistérios da natureza e sondar as leis secretas do universo.

Leonardo da Vinci Estudo das graduações de sombras numa esfera (c. 1492)


Alguns artistas atuavam em diversas áreas da criação, ocupando espaços na pintura, escultura, arquitetura e na ciência, como Leonardo da Vinci.

Leonardo da Vinci Estudo de máquina voadora, antecessora do helicóptero.


Leonardo da Vinci – A última ceia, 1495-1497 Afresco -Técnica Mista com predominância da têmpera e óleo sobre duas camadas de preparação de gesso aplicadas sobre reboco. Refeitório de Santa Maria delle Grazie, Milão - 4,60x8,80 m


Leonardo da Vinci A última ceia, 1495-1497 Afresco no Refeitório de Santa Maria delle Grazie, Milão


A introdução do chiaroscuro na pintura européia ocorreu no Renascimento, bem como as noções de proporção e profundidade, a partir da formulação teórica da perspectiva, centralizada segundo princípios matemáticos.

Leonardo da Vinci A Virgem dos Rochedos , 1483-1486 Versão do Louvre.


Rafael Sanzio A Sagrada Família, 1518 Óleo sobre madeira, 1,31x1,07 m


Também a pintura de cavalete, passou a evidenciar as dimensões antropocêntricas adotadas para a apresentação da arte e a pintura a óleo foi amplamente difundida e popularizada.

Leonardo da Vinci (1452-1519) Mona Lisa, 1503–1507 Óleo sobre madeira, 77x53 cm


São características gerais da Arte Renascentista: • reutilização da representação greco-romana. • utilização da técnica chiaroscuro (luz e sombra). • noções de proporção e profundidade. • utilização da perspectiva centralizada segundo princípios matemáticos. • tanto a pintura como a escultura que antes apareciam quase que exclusivamente como detalhes de obras arquitetônicas, tornam-se manifestações independentes. • popularização do uso de óleo sobre tela. • surgimento de artistas com um estilo pessoal, diferente dos demais, já que o período é marcado pelo ideal de liberdade e pelo individualismo.


Maneirismo


Quando os artistas se viam obrigados a partir em busca de elementos que lhes permitissem renovar e desenvolver todas as habilidades e técnicas adquiridas durante o Renascimento, surgiu o Maneirismo. Este momento da pintura tendia para a estilização exagerada e o capricho nos detalhes como sua marca. Desenvolveu-se em Roma, paralelamente ao Renascimento Clássico, do ano de 1520 até por volta de 1610, conscientemente afastado do modelo da antiguidade clássica.


A Deposição da Cruz, pintada em cores extraordinariamente vivas e irreais, retrata figuras profundamente comovidas que parecem perdidas em um transe de dor.

Jacopo Pontormo (1494-1557) A Deposição da Cruz, 1526-1528. Óleo sobre tela, 3,13x1,92 m


Tintoretto, como era chamado o pintor Jacopo Robusti, abandonou a simetria renascentista.Â

Tintoretto (1518-1594) Resgate de Arsione. Ă“leo sobre tela, 1,53x2,51 m


Tintoretto - Encontrando o corpo de SĂŁo Marcos,1548. Ă“leo sobre tela, 4,05x4,05 m


Tintoretto - o milagre do escravo, 1548. Ă“leo sobre tela.


Girolamo Francesco Maria Mazzola, conhecido como Parmigianino, alongou as proporções do corpo humano como se víssemos as figuras através de um espelho deformador.

Parmigianino (Parma, 1503-1540) Madonna do pescoço longo, 1534-40, Óleo sobre madeira, 2,14x1,33 m


Parmigianino (1503-1540). Autorretrato, c. 1523-1524 Óleo sobre painel de álamo, 24,4 cm de diâmetro.


O pintor grego Doménikos Theotokópoulos, conhecido por El Greco, apresentava um estilo dramático e expressivo pelo uso de posturas torcidas em gestos tempestuosos.

El Greco (1541–1614) Cristo espoliado, 1577-1579. óleo sobre tela, 2,85x1,73 m


El Greco utilizava um método de composição assimétrica, também visto na pintura de Tintoretto, e figuras alongadas como a sofisticada Madona de Parmigianino, além de formas e cores não naturais.

El Greco O batismo de Cristo, 1597-1600


Apesar de o estilo de El Greco não ter sido bem aceito por seus contemporâneos, passou a ser valorizado no início do século XX, e esta obra foi sugerida como sendo a fonte primária da inspiração de Picasso em sua primeira pintura cubista, Les Demoiselles d'Avignon.

El Greco A Abertura do Quinto Selo,1608–1614 Óleo sobre tela, 2,25x1,93 m


Na pintura de Tintoretto e de El Greco surgiram algumas ideias que adquiriram importância cada vez maior na arte do século XVII: • a ênfase sobre a luz e a cor. • o desprezo pelo equilíbrio simples. • a preferência por composições mais complexas. E o desenvolvimento da pintura a partir do Maneirismo dirigiu-se ao Barroco, um estilo rico em possibilidades, e visto por críticos e historiadores da arte como um momento até mais rico do que o dos grandes mestres anteriores.


Barroco


Após a Reforma Protestante (Martinho Lutero, 1517), a Contrarreforma (Concílio de Trento, 1545-1563) teve como principal objetivo reafirmar os dogmas da fé católica frente à disseminação do protestantismo. Aos poucos a divulgação das ideias religiosas através das imagens, tão utilizada na Idade Média, buscava o fervor religioso por meio da arte sob encomenda que posteriormente foi chamada Barroco.


Giacomo della Porta Igreja de Jesus Roma,1575

Nova forma de cruz ensimada por uma cúpula alta e majestosa, com espaço alongado da nave sem obstáculos, voltado para o altar principal ao fundo, lembrando as primeiras basílicas romanas.


Na itália, berço do Barroco, Annibale Carracci (15601709) e Michelangelo da Caravaggio (1573-1610) eram os mais famosos pintores da época, disputando a atenção de seus contemporâneos. Enquanto Gian Lorenzo Bernini (1598-1680) distinguia-se como escultor e arquiteto.


Carracci e seus seguidores formularam um programa de natureza idealizada, de acordo com os cânones estabelecidos pelas estátuas clássicas, ao qual chamamos neoclássico ou ‘acadêmico’.

Carracci Assunção da virgem Maria, c. 1600-1601 Óleo sobre tela, 2,45x1,55 m


Carracci Vênus, Adonis e Cupido, c. 1590. Óleo sobre tela, 212x 268 cm


Nessa época, Roma era o centro do mundo civilizado. Artistas de todas as partes da Europa dirigiam-se para lá, tomando parte nas discussões sobre a pintura. Estudavam os antigos mestres e voltavam a seus países de origem com histórias sobre os ‘movimentos’ mais recentes. Assim, a Arte Barroca, que originou-se na Itália do início do século XVII, irradiou-se a outros países da Europa e inclusive ao continente americano, trazida pelos colonizadores portugueses e espanhóis.


Em suas telas naturalistas, Caravaggio apresentava grande dramaticidade pelo contraste de luz e sombra.

Autorretrato como Baco doente, pintado por Caravaggio, entre 1593 e 94.


Ainda que em cenas bíblicas, Caravaggio concentrava seu interesse no elemento humano em lugar do divino, buscando muitas vezes a sensação de um clímax da cena.

Caravaggio Crucificação de São Pedro, 1600 Óleo sobre tela, 2,30 x 1,75 m


Caravaggio O sacrifício de Isaac, c.1603. Óleo sobre tela, 1,04 x 1,35 m


Caravaggio. Tomé, o incrédulo,1600. Óleo sobre tela, 1,45 x 1,07 m


Bernini foi excelente pintor e arquiteto. Em suas esculturas captava movimentos fugazes e expressões faciais em que seus modelos pareciam respirar.

Bernini O rapto de Proserpina, 1621–1622 Mármore


Bernini Êxtase de Santa Teresa, 1647–1652 Mármore


O belga, Peter Paul Rubens (1577-1640), chegado em Roma em 1600, aos 23 anos, experimentou livremente as escolas de Caravaggio e de Carracci, admirando a ambos.

Rubens. As consequĂŞncias da guerra, 1637-38


Rubens admirava o modo como Carracci e sua escola ressuscitaram a pintura de histórias e mitos clássicos e produziram impressionantes retábulos para edificação dos fiéis.

Peter Paul Rubens (Alemanha, 1577–1640) Assunção da Virgem, 1626 óleo sobre madeira, 490x325 m


Mas tambĂŠm admirava a forma como Caravaggio estudou a natureza.

Rubens Duplo retrato de Rubens e sua esposa Isabella Brant, c. 1609 Ă“leo sobre tela, 1,78x1,36 m


O pintor espanhol Diego Velazquez foi retratista e pintor oficial da corte espanhola.

Velazquez Papa InocĂŞncio X, 1650 Ă“leo sobre tela, 1,40 x 1,20 m


Velazquez As meninas, 1650 Ă“leo sobre tela, 3,18 x 2,76 m


Velazquez Vênus olhando-se no espelho, c. 1644 - 48. Óleo sobre tela, 1,22 × 1,77


Para entender melhor O estilo que se seguiu ao renascentista costuma ser chamado de Barroco. Porém, se é fácil reconhecer os estilos anteriores por suas características definidas, no caso do Barroco isto não é tarefa simples. É preciso compreender que a partir do final da Renascença, a arte passou apresentar variações diversas e contou com diferentes rótulos por meio dos quais distinguimos estilos cambiantes. É curioso que muitos desses rótulos, que para nós não passam de nomes dos estilos, fossem originalmente utilizados como forma de insulto ou deboche.


A palavra barroco significa absurdo ou grotesco. Assim como a denominação Maneirismo mantém sua conotação original de afetação e imitação superficial, a denominação Barroco foi empregada por críticos contrários às tendências artísticas do século 17, em um período posterior, com o intuito de radicularizá-lo, pois eram defensores da ideia de que as formas clássicas nunca deveriam ter sido combinadas de outro modo que não aquele adotado por gregos e romanos.


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