Capinerd: Blog sobre Cultura Nerd

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS CURSO DE JORNALISMO

CAPINERD: BLOG SOBRE CULTURA NERD DE CAMPO GRANDE (MS)

JADE AMORIM DE OLIVEIRA FRANCO

Campo Grande 2016/1


CAPINERD: BLOG SOBRE CULTURA NERD DE CAMPO GRANDE (MS)

JADE AMORIM DE OLIVEIRA FRANCO

Relatório apresentado como requisito parcial para aprovação na disciplina Projetos Experimentais do Curso de Jornalismo da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul.

Orientador(a): Profa. Dra. Katarini Giroldo Miguel

UFMS Campo Grande 2016/2


SUMÁRIO Resumo

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Introdução

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1. Atividades desenvolvidas

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1.1 Execução

6

1.2 Dificuldades encontradas

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1.3 Objetivos alcançados

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2. Suportes teóricos adotados

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Considerações finais

33

Referências

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Apêndice

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RESUMO: A CapiNerd é o projeto experimental de desenvolvimento de um blog que usa o ambiente digital como empreendimento rentável na nova cadeia de valor do jornalismo, trabalhando com conteúdo hipersegmentado, sendo ele a cultura nerd em Campo Grande, Mato Grosso do Sul. Para sua viabilização foi feita a discussão de conceitos relacionados à cultura nerd, blogsfera, hipersegmentação, e novos modelos de negócio no jornalismo digital, além de uma pesquisa de nicho, elaboração do plano de negócios Canvas, criação do blog e produção de conteúdo.

PALAVRAS-CHAVE: Ciberjornalismo. Cultura Nerd. Hipersegmentação. Blog. Empreendedorismo


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INTRODUÇÃO Com o advento da web 2.0, novos meios de comunicação se desenvolveram, romperam barreiras e colocaram em xeque os meios de comunicação convencionais, impulsionando uma certa crise do jornalismo tradicional. “Cortes de custos, queda do faturamento com publicidade, perda de leitores e diminuição do tamanho vêm sendo uma constante neste negócio nos últimos anos” (COSTA, 2014, p. 54). Porém, enquanto essa crise se apresenta como um problema para uns, ela também pode ser vista como a oportunidade de se alavancar modelos de negócio inovadores, principalmente nos meios digitais. E, visando um modelo de negócio que se encaixe nessa nova cadeia de valor, a proposta desse projeto experimental é usar o ambiente digital como empreendimento jornalístico rentável para a criação do blog CapiNerd (www.capinerd.com.br). “Essa indústria deve se reinventar. [...] Precisam chacoalhar sua forma de se relacionar com as pessoas e respeitar as novas formas de elas consumirem informações e serviços relacionados” (COSTA, 2014, p. 55). A ferramenta que utilizamos é o blog, que ganhou protagonismo na Internet a partir de 2002, quando representantes de diversos veículos de comunicação norteamericanos, e posteriormente do mundo inteiro, passaram a utilizar a ferramenta para publicar atualidades sobre a guerra do Iraque (RECUERO, 2003). Plataformas como Blogger e o Wordpress permitiram que qualquer pessoa com acesso a um computador e uma banda de Internet desenvolvessem conteúdo para a World Wide Web (WWW). Atualmente, existem cerca de 200 milhões de blogs pelo mundo (REVISTA EXAME, 2016), cujos detentores não são só profissionais da área da comunicação, mas também cidadãos comuns com acesso às ferramentas. Inicialmente, a plataforma tinha uma característica de diário online, porém na última década o blog passou a ser visto como o ambiente perfeito para “assuntos que não conseguiam encontrar espaço nos meios de comunicação (mass media), seja por razões editoriais, comerciais ou de mero desinteresse por parte dos editores” (CRUCIANELLI, 2013, p. 10) e, muitos “blogueiros” ganharam destaque e se tornaram grandes formadores de opinião.


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Além de criar um empreendimento jornalístico para o meio digital que seja rentável na nova cadeia de valor, esse projeto experimental visa também trabalhar o contexto do conteúdo hipersegmentado, sendo ele a cultura nerd em Campo Grande, Mato Grosso do Sul. A autora desse projeto faz parte do nicho da cultura nerd – termo que teve seus primeiros registros na década de 50 e cuja origem é imprecisa, mas que sofreu grandes mutações em seu significado ao longo do tempo (MATOS, 2011) – há mais de dez anos e acompanhou de perto a transformação do blog de um diário informal para uma oportunidade de empreendimento jornalístico. Essa ideia foi fomentada e incentivada pela disciplina acadêmica de Administração da Empresa Jornalística, onde surgiu o primeiro protótipo da CapiNerd, do curso de Comunicação Social Habilitação em Jornalismo da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS). Neste sentido, a CapiNerd (www.capinerd.com.br), nome criado com intuito de se fazer referência às capivaras, animal nativo e muito característico de Campo Grande, como uma forma de sinalizar para o conteúdo segmentado, regional, e também reverenciando o nicho nerd. A produção de conteúdo foi desenvolvida pela acadêmica, com a proposta de colaboração da web 2.0, que busca participação e interação com os públicos. Também foi elaborado um plano de negócios para evidenciar se

o

empreendimento é viável e rentável, em um nicho pouco explorado pela mídia convencional de Campo Grande, além de uma alternativa para o jornalismo nos meios digitais. O presente relatório está dividido em introdução; execução; onde está detalhado o processo de produção do blog CapiNerd e suas dificuldades; além de suportes teóricos adotados para a elaboração do mesmo, as considerações finais, referências bibliográficas e apêndices com material externo.


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1- ATIVIDADES DESENVOLVIDAS Durante todo o período de junho e julho de 2016, as atividades foram direcionadas para a viabilização de um empreendimento jornalístico para as mídias digitais em formato de blog, a CapiNerd (www.capinerd.com.br), que fosse rentável e focado na hipersegmentação da cultura nerd em Campo Grande, Mato Grosso do Sul. O mês de agosto foi focado na produção de conteúdo e contato com colaboradores. Houve elaboração de pautas, apuração, entrevistas, e edição de diversas matérias que alimentaram o blog nesse período. 1.1 Execução: Num primeiro momento foi feita a ampliação da revisão teórica. A partir de livros, teses e artigos dos mais variados autores, ampliamos a discussão sobre conceitos relacionados a cultura nerd, blogsfera, hipersegmentação, ciberjornalismo e novos modelos de negócio para o jornalismo digital. Para tratar sobre o tema da cultura nerd, sua ascensão e viabilidade como um nicho específico de um empreendimento, foram consultados livros, artigos e teses como “Evolução Nerd” (CABRAL, MOTA, 2010), “Evolução da identidade, estereótipo e imagem midiática da tribo urbana dos nerds” (SILVA, 2014), “O nerd virou cool: identidade, consumo midiático e capital simbólico em uma cultura juvenil em ascensão”, (MATOS, 2011), por fim, “Consumo, identidade e nerds: transformações culturais que possibilitaram a criação da loja Geek.etc.br”, (GOMES, 2014). Já para tratar de temas como blogsfera, hipersegmentação, ciberjornalismo e novos modelos de negócio para o jornalismo digital, autores como Caio Túlio Costa, Raquel Recuero, Sandra Crucianelli, João Canavilhas, Squirra e outros foram de fundamental importância para a elaboração do suporte teórico, que consta no item 2 do presente relatório. Concomitantemente à finalização da ampliação teórica, houve a elaboração e aplicação de um questionário para uma pesquisa de nicho, segue no Apêndice I,

que

auxiliou na elaboração do plano de negócios, em modelo CANVAS, da CapiNerd, que está no Apêndice III e foi discutido no suporte teórico.


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Dado o curto prazo para as atividades, o questionário ficou ativo apenas durante uma semana, recebendo o total de 102 respostas, sendo 100 válidas e duas invalidadas por serem de pessoas que não são do estado do Mato Grosso do Sul. Com esse questionário, pudemos fazer levantamentos importantes sobre o nicho (resultado segue em apêndice II). A maioria é do sexo masculino (65%, aproximadamente), majoritariamente com idade entre 16 e 24 anos, 66,7%, sendo seguindo pelo público de 25 a 34 anos, 28,4%. A maior parte dos que responderam a pesquisa vive na capital e tem contato com a cultura nerd desde tenra idade, ou há pelo menos 10 anos. Muitos se consideram mais de um tipo de nerd, sendo o Gamer e o Nerd Clássico os líderes da pesquisa, seguidos de perto pelos Geeks e Otakus – nomenclaturas explicadas na revisão teórica. Na hora de obter seus produtos, eles optam pelas compras em livrarias, lojas especializadas ou eventos e seus interesses estão principalmente ligados a jogos, mangás, animes, séries, cinema, quadrinhos e eventos. É importante notar que 87% desse público afirma consumir informação sobre o universo nerd pelas redes sociais, enquanto 71% acessa sites especializados e 65% se diz público periódico de blogs. Ao serem questionados sobre o consumo de informação nerd de produção da região, poucos se disseram consumidores, e os que falaram consumir, em sua maioria o fazem pelas redes sociais e lojas especializadas. Quando questionados se pagariam por informação nerd regional especializada, apenas 64,7% disse que sim, e 60% desse público preferiria pagar um valor por conteúdo consumido. Dentre as justificativas para os que falaram que não pagariam, a resposta que mais se fez presente foi que “tudo se encontra na Internet de graça” seguido pela ideia de que Campo Grande não possui conteúdo o suficiente para ser pago, ou questões financeiras. Dos dispostos a pagar, 33,3% pagariam até 20 reais mensais nesse tipo de conteúdo, seguido pelos 24,5% que abririam mão de até 50 reais. Por fim, das 100 respostas validadas, 13 foram feitas por pessoas que prestam algum tipo de serviço para o nicho nerd, sendo que 45% delas estariam dispostas a formar algum tipo de parceria com a CapiNerd. Todos esses dados foram fundamentais para a elaboração do plano de negócios CANVAS.


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Sem querer excluir nenhum público em potencial, o conteúdo da CapiNerd está sendo disponibilizado gratuitamente, porém contando com um sistema de afiliados, chamado de CapiFriend, cujos leitores podem optar por pagar um valor mensal de R$19,90 e, em troca, podem sugerir pauta, participar como colaborador, ter desconto de 5% para expor produtos no Bazar Nerd, desconto em eventos parceiros e recebimento de brindes de lojas parceiras. Outros serviços ofertados serão espaços para banners promocionais no site, com empresas selecionadas, e venda de serviços como assessoria, cobertura fotográfica e treinamento midiático, diversificando, assim, as possibilidades de arrecadação de recursos. Por fim, há também a proposta de montagem de uma vitrine de produtos nerds, chamada Bazar Nerd (http://www.capinerd.com.br/index.php/bazar-nerd/), figura 1 logo abaixo, cuja a proposta é concentrar a venda de produtos de cunho nerd de Campo Grande usados dentro do blog, oferecendo segurança, garantia e comodidade para quem vende e quem compra, em troca de uma comissão de 15% sobre os produtos comercializados ou 10% para quem é associado do blog.

Figura 1, Bazar nerd


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Também foi feito o detalhamento dos recursos, atividades, canais, todas as informações para a elaboração do CANVAS, que pode ser conferido no apêndice III. A partir deste momento se deu o processo de criação e desenvolvimento da CapiNerd (www.capinerd.com.br). O nome foi escolhido pelo fato de que capivaras são um animal nativo de Campo Grande, simpáticos, e reafirmam esse vínculo regional que o blog busca. Já o sufixo “nerd” é fundamental para que a temática do blog seja identificada instantaneamente. A logomarca, ilustrada na figura 2, passou por dois processos de criação com dois artistas locais diferentes, a primeira passou por um conceito mais pop e minimalista, porém não fez muito sentido ao apelo nerd do blog, então acabou sendo contratado o serviço de um cartunista local que desenvolveu o conceito da CapiNerd, integrando os valores jornalismo, super-herói e a capivara.

Figura 2, Logomarca CapiNerd

A principal inspiração veio do clássico Super-Homem. Como é de conhecimento geral para os envolvidos no nicho, Clark Kent (o herói) era um jornalista do jornal Planeta Diário que, por baixo de suas roupas de trabalho, sempre usava o uniforme de


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herói, assim essa ideia foi adaptada para a nossa CapiNerd, dando vida a uma personagem que está à frente do blog. Inicialmente, a intenção era a de desenvolver o blog livremente, porém devido ao curto prazo e a falta de conhecimento avançado das tecnologias HTML e CSS (codificações responsáveis pela aparência do blog e seu funcionamento) e alguns outros imprevistos que surgiram ao longo do caminho, optou-se pela compra de um modelo pronto para a configuração no Creative Market (https://creativemarket.com/). Quando você entra no blog (www.capinerd.com.br), logo na barra superior estão as opções do menu (figura 3).

Figura 3

O Home leva para a página inicial. O Sobre (figura 4), leva para a página que explica o projeto experimental CapiNerd.

Figura 4


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A CapiNews é um menu em cascata que categoriza os tipos textuais do blog em Artigos, Conto, Colaboração, Entrevista, Eventos e Multimídia, figura 5.

Figura 5

Foram produzidos conteúdos para todas as sessões do blog. Na categoria Artigo, foi feito um artigo opinativo sobre um evento que aconteceu em maio, a Parada Nerd

(http://www.capinerd.com.br/2016/07/26/na-grandiosidade-as-falhas-foram-o-

basico/), além de um guia dividido em duas partes sobre o jogo em realidade aumentada

Pokémon

GO

(http://www.capinerd.com.br/2016/08/24/20-dicas-

fundamentais-sobre-pokemon-go-parte-1/)

e

(http://www.capinerd.com.br/2016/09/01/20-dicas-fundamentais-sobre-pokemon-goparte-2/). Em Colaboração e em Conto, um parceiro do blog e dono do Diplomacia Nerd (www.diplomacianerd.com.br), outro blog regional sobre cultura nerd, mas com uma premissa completamente diferente e muito voltada a replicação de conteúdo e vídeos, Magno “Mustang”, escreveu um texto em formato narrativo de conto (escolha dele) contando

sua

trajetória

pelo

mundo

dos

(http://www.capinerd.com.br/2016/07/25/contos-de-um-diplomata/).

quadrinhos Ainda

em

Colaboração, a parceira do blog Isadora Leiria escreveu duas matérias, uma sobre o gênero musical K-pop, usando a multiplataforma para elaborar uma playlist no Spotify e exibição

de

vídeos

no

Youtube

em

uma

única

matéria

(http://www.capinerd.com.br/2016/08/29/temos-a-playlist-definitiva-pra-sua-iniciacao-kpop/) e a outra uma lista com sete indicações de séries coreanas, conhecidas como


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Doramas, lançados em 2016 (http://www.capinerd.com.br/2016/08/31/7-doramas-de2016-para-voce-se-apaixonar/). A categoria de Colaboração busca, além de categorizar tipos de textos, também ser uma área destinada aos associados do blog, que colaboram financeiramente com ele. Na categoria reservada para entrevistas, foi selecionada uma exclusiva em formato ping-pong, perguntas e respostas, com o juiz oficial de Yu-Gi-Oh, um tipo de card game, na cidade, o estudante de 21 anos, Guilherme Pedro Santos Jardim (http://www.capinerd.com.br/2016/07/27/entrevista-guilherme-pedro-juiz-oficial-de-yu-gioh-em-campo-grande/), que além de discorrer sobre sua trajetória, também informou sobre o jogo, técnicas e lugares de encontro que os players da modalidade costumam usar para se encontrar. Também entrevistamos para a CapiNerd o gerente de projetos da Baiacu Games, Erick Gomes, empresa desenvolvedora de jogos aqui de Campo Grande, que relatou o processo de montar uma empresa na área e o jogo que recentemente

colocaram

em

votação

na

Steam

Greenlight,

o

Nine

(http://www.capinerd.com.br/2016/09/02/erick-gomes-gerente-de-projetos-da-baiacugames/). O jogo Nine, inclusive, conta com uma matéria na categoria CapiNews, onde ele

ganha

mais

destaque

para

exibição

de

seu

gameplay

história

(http://www.capinerd.com.br/2016/08/24/game-sul-mato-grossense-e-lancado-nasteam/). Eventos é uma categoria exatamente para divulgar os eventos que estarão acontecendo na agenda local e, até o momento, houve a divulgação do Anime Revolution 2016, que ocorreu no primeiro fim de semana do mês de agosto (http://www.capinerd.com.br/2016/07/13/revolution-2016-acontece-em-agosto/),

o

encontro de jogadores de Pokémon GO (http://www.capinerd.com.br/2016/08/25/2oencontro-de-jogadores-de-pokemon-go-em-setembro/), a 10ª edição da Feira de Trocas (http://www.capinerd.com.br/2016/08/26/acontece-em-agosto-a-10a-edicao-da-feira-detrocas/) e, por fim, a exibição do anime O Túmulo dos Vagalumes pelo MIS (Museu da Imagem e Som) em Campo Grande (http://www.capinerd.com.br/2016/08/29/museu-daimagem-e-do-som-exibe-animacao-japonesa/). A categoria Multimídia é reservada para produções fotográficas e audiovisuais, e até o momento foi produzido um gameplay de


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Abzû

em

formato

de

vídeo

(http://www.capinerd.com.br/index.php/2016/09/03/o-

gameplay-de-abzu-vai-te-surpreender/). Na barra de menu também ficará o Bazar Nerd, já explicado acima, e uma aba com formulário de Contato, figura 6.

Figura 6

Logo abaixo do menu se encontra a logo posicionada à esquerda, ao lado de um espaço para anúncio do tamanho 720x89 pixels, figura 7.

Figura 7


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À direita, vem a sidebar, figura 8, que contém atualmente uma segunda barra de pesquisa, um espaço para publicidade no tamanho de 300x300 pixels. Em seguida, um segundo menu, dessa vez classificado por temáticas, uma lista com as postagens mais populares do último mês e, por fim, o ícone que direciona para a fanpage do Facebook.

Figura 8


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No corpo de postagem, figura 9, a organização é por categoria, data, nome do texto, foto em destaque, resumo do texto, botão para continuar a leitura, autor, botões de compartilhamento em redes sociais e de comentários. O botão de continuar a leitura é para que o leitor que optar pela navegação na página inicial, possa conferir a chamada de várias matérias, sem uma barra de rolagem muito extensa, além de também poder conferir, posteriormente, o conteúdo disposto no footer do blog.

Figura 9

Logo que o leitor clica em “Continue Reading”, figura 10, ele é direcionado para a postagem completa do texto selecionado, onde ele pode conferir a matéria na íntegra,


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suas tags, botões ampliados de compartilhamentos em redes sociais, postagens relacionadas no final do texto e a área de comentários, que é representada por uma caixa de comentários, uma que solicita o nome, e-mail e, opcionalmente, o website do leitor.

Figura 10


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No rodapé do blog, estão várias imagens que são importadas diretamente da rede social Instagram da CapiNerd (@capinerd), figura 11, que é atualizado constantemente, na tentativa de ampliar sua presença nas redes, levando os leitores para o blog. São produzidos conteúdos curtos, informais e em forma de chamada para as postagens, usando imagens que também são usadas nas matérias publicadas. Até o momento já foram 15 imagens postadas na rede social, que podem ser conferidas pelo user (@capinerd).

Figura 11


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Há também uma área de cadastro para recebimento da Newsletter do blog, figura 12. A proposta é enviar esse boletim eletrônico quinzenalmente para os interessados com as atualizações do blog no período, mantendo assim um contato permanente com o usuário.

Figura 12

Por fim, há uma segunda imagem da CapiNerd, posicionada à esquerda, com um pequeno resumo sobre o projeto, com um link que direciona para a página sobre, e, novamente, as categorias e tags para navegação rápida, figura 13.

Figura 13


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1.2 Dificuldades Encontradas A principal dificuldade encontrada para a elaboração da CapiNerd foi em relação ao curto prazo de produção por causa do semestre letivo reduzido, ainda em consequência da greve passada. Esse prazo fez com que várias atividades tivessem que correr ao mesmo tempo e, etapas que poderiam ser desenvolvidas pela própria idealizadora tivessem que ser terceirizadas, como a criação da logo e a compra do layout, ainda que se tenha perdido um tempo significativo na tentativa de desenvolver um layout. A falta de familiaridade com o sistema wordpress (https://wordpress.org/) também dificultou bastante o processo. Escolher uma boa hospedagem, instalá-lo e lidar com os decorrentes bugs foi algo que atrasou a montagem da CapiNerd. O design do site demorou para ficar do jeito desejado por dificuldade de descobrir como se ativa determinadas funcionalidades que o modelo tem, e a demora de resposta do suporte. No quesito produção de conteúdo, infelizmente algumas pautas caíram durante o processo, devido a dificuldades de marcar encontro com as fontes e conciliar com datas de disponibilidade dos equipamentos como câmeras da universidade, além de problemas técnicos imprevistos. Um exemplo desse prejuízo foi a cobertura fotográfica da Parada Nerd que, por conta do cartão de memória da câmera estar corrompido, todas as fotos foram perdidas, inviabilizando a cobertura.

1.3 Objetivos Alcançados Dos objetivos gerais estipulados para a concretização da CapiNerd foram atingidos: 

Elaborar plano de negócios do projeto, esquematizando todas as suas necessidades, atividades de captação e mercado.

Criar o blog, com suas categorias e alimentá-lo, simulando a atividade real da empresa jornalística.

Dos objetivos específicos para a concretização da CapiNerd, atingidos: 

Discutir conceitos relacionados à cultura nerd, ciberjornalismo e novos modelos de negócio para o jornalismo digital.


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Produzir matérias para o blog que saia do eixo de matérias pontuais, com produção de notícias e reportagens sobre novidades e lançamentos do universo (jogos, filmes, quadrinhos, música) local e global, que explore as capacidades midiáticas que o ciberespaço oferece.

Desenvolver um modelo de negócio CANVAS e propor formas de rentabilizar o blog enquanto empreendimento

Produzir relatório apresentando resultados sobre viabilidade ou não do projeto no mercado de Campo Grande na hipersegmentação da cultura nerd.


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2 SUPORTES TEÓRICOS ADOTADOS: O projeto experimental parte de duas vertentes principais. A primeira trata da elaboração de um empreendimento jornalístico para as mídias digitais que se apresente como opção rentável e inovadora a partir da nova cadeia de valor do jornalismo, enquanto a segunda faz referência à produção jornalística para o nicho dos interessados cultura nerd da cidade de Campo Grande. Não há na capital sul mato-grossense um veículo de comunicação que contemple essa tribo urbana ascendente e com alto poder aquisitivo e hábito de consumo midiático. Com isso, o público acaba buscando informações no âmbito nacional e de outras regiões para se informar.

2.1 Tribos urbanas, cibercultura e os nerds Para se entender o que torna o nicho da cultura nerd um atrativo para um modelo de negócio rentável, primeiro é fundamental a compreensão do surgimento dessa tribo e do movimento ao qual ela pertence. Maffesoli (1988, apud. CABRAL; MOTA, 2010, p. 39) caracteriza o fenômeno das tribos urbanas como:

diversas redes, grupos de afinidades e de interesse, laços de vizinhança que estruturam nossas megalópoles. Seja ele qual for, o que está em jogo é a potência contra o poder, mesmo que aquela não possa avançar senão mascarada para não ser esmagada por este.

Essa grande alteração da sociedade se deu início com o final da Segunda Guerra Mundial e durante a Guerra Fria quando os investimentos em tecnologia para se melhorar a comunicação moldou o que se denominou como “Sociedade da Informação”, uma sociedade na qual se concerne mais com atividades ligadas à informação e serviço, ao invés de indústria e agricultura, como fora outrora, explicam os autores:


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Nessa nova sociedade que se forma, percebe-se que, ao invés de nos considerarmos parte de um todo globalizado, cada vez mais nos identificamos com um grupo, com seus gostos e não nos limitamos pelo território físico das nações (CABRAL; MOTA, 2010,p.36).

Foi nesse cenário que várias tribos urbanas despontaram na sociedade em meados da década de 50 e que o nerd surgiu como um jovem inicialmente conhecido pelo estereótipo da inteligência acima da média, aparência franzina e inadequação social. Com a origem imprecisa do termo, a mais difundida acaba sendo uma versão da década de 1950, em que certos membros de uma empresa canadense chamada Northern Electric Research and Development, conhecida pela abreviação N.E.R.D., eram poucos sociáveis e que não faziam outra coisa senão trabalhar dia e noite em suas pesquisas. Para Pereira (2008, apud SILVA, 2014, p. 4), “o nome do tal laboratório passou a ser sinônimo daqueles jovens branquelos de óculos espessos, vidrados num computador e pouco afeitos ao ar livre”. Há também a versão que diz que o termo foi retirado de um livro, lançado na mesma época, do autor Dr. Seuss, chamado If I ran the Zoo (Se eu dirigisse o Zoológico, em tradução livre) onde a palavra nerd era usada para se referir a um animal esquisito que tinha no local. E, por fim, a terceira hipótese diz que o termo surgiu no campus do MIT (Massachussets Institute of Tecnology [Instituto de Tecnologia de Massachussets]), entre os estudantes que apelidavam de maneira pejorativa os acadêmicos que preferiam passar suas noites estudando ao invés de ir para as festas de fraternidade de “knurd” (se pronuncia nûrd) – inverso de “drunk” (bêbado) (CABRAL; MOTA, 2010). Já no Brasil, um termo que poderia corresponder como sinônimo de nerd é CDF, equivalente a cabeça de ferro (MATOS, 2011). Porém, apesar dos nerds estarem recuperando sua autoestima e se livrando do estigma de jovens esquisitos e tímidos, o adjetivo CDF ainda carrega muito mais a visão negativa e antiga do termo, que a atual configuração do que ser nerd representa.


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Apesar de suas dificuldades de relacionamento com pessoas estranhas, os nerds possuem alta afinidade e desenvoltura com membros de seu próprio grupo. O caráter antissocial ligado a eles é levemente quebrado ao mudarmos o ponto de observação de fora para dentro desta tribo urbana (SILVA, 2014, p.6).

O desenvolvimento das tecnologias de informação se mostrou fundamental para que a tribo urbana dos nerds se desenvolvesse. Curiosos, foram os mais dedicados em desbravar as possibilidades da Internet e poucas outras tribos urbanas tiveram sua essência tão intrinsecamente ligada à cibercultura quanto esta. “Na Sociedade da Informação, onde o conhecimento é uma mercadoria de valor, os nerds passaram a ser um grupo com elevado acúmulo de informações e, portanto, poder” (SILVA, 2014, p. 7). Para Pierre Levy (1997, p. 15), “a cibercultura expressa o surgimento de um novo universal, diferente das formas culturais que vieram antes dele no sentido que ele se contrói sobre a indeterminação de um sentido global qualquer”, e foi sobre esse ‘universo’ cheio de possibilidades que a tribo urbana dos nerds construiu sua identidade. Assim, os nerds passaram a ter mais confiança da sua identidade e passaram não só a assumi-la publicamente, como também serem melhores aceitos pela sociedade e posicionar-se contra preconceitos, atraindo cada vez mais membros para sua tribo.

Um exemplo da autoestima restaurada desta tribo urbana é a criação do Dia do Orgulho Nerd, comemorado anualmente no dia 25 de maio. A data, também conhecida como Dia do Orgulho Geek, teve origem no ano de 2006, na Espanha, e é uma iniciativa que advoga o direito de toda pessoa ser um nerd ou geek. O dia de sua celebração foi escolhido em homenagem à première do primeiro filme da série Star Wars, em 1977, uma das obras mais reverenciadas do universo nerd. Além disso, na mesma data também é comemorado o Dia da Toalha, homenagem à obra O Guia do Mochileiro das Galáxias, escrita por Douglas Adams, outra referência cultural importante para a tribo urbana (SILVA, 2014, p. 8).


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Com a mudança, o estereótipo de nerd deixou de ser considerado aquele jovem esquisito que sofre bullying na escola, mas um protagonista engraçado, inteligente e até mesmo um super-herói. Basta dar uma olhada mais atenta ao número crescente de programas de TV que reforçam esse novo estereótipo, como o recente caso da série norte americana The Flash, cujo protagonista é o clássico nerd atrapalhado, franzino de óculos e com pouca aptidão social.

2.1.1 Tipos de nerd Ainda que seja uma tribo urbana que vem ganhando destaque na mídia, poucos ainda realmente compreendem o que é ser nerd e, principalmente, as diferentes características e denominações que lhes são atribuídas. Recentemente, as representações mais atuais dos nerds, diferentemente das dos anos 80, apresenta-os como pessoas “comuns”, com namorado, amigos, que sabem se comunicar, mas com o diferencial de uma grande obsessão por um determinado assunto, não só o estudando e sabendo tudo sobre ele, mas também colecionando objetos que fazem referência a ele (MATOS, 2011). Mas engana-se quem acredita que há apenas um tipo de nerd. A popularização dessa cultura e tribo urbana acabou fomentando outras denominações que muitas vezes são confundidas como a mesma coisa, mas representam subgrupos diferentes, como o geek. O termo “geek” muitas vezes usado como sinônimo de nerd, na verdade está associado a jovens mais sociáveis que os nerds, muito inteligentes e completamente aficcionados por tecnologia. “O verdadeiro geek está normalmente online, no seu notebook, iPad, enfim, em qualquer coisa que seja nova e cara. Se possível, ele está montando e desmontando coisas. Geeks adoram saber como as coisas funcionam” (CABRAL; MOTA, 2010, p.23). Outros bem menos populares são os “Dweeb”, um jovem que se aproxima muito do nerd, com muita inteligência e alta inaptidão social, mas que se mantém no superficial pela ausência da obsessão em temas específicos. Além deles existem os “Dork” que são obsessivos, antissociais e acusados, muitas vezes, de serem os responsáveis por boa parte do estigma que o nerd carrega hoje em dia por serem vistos


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como arrogantes nos temas que se dizem conhecedor. “Já o termo ‘dork’ também é utilizado, mas de maneira bem mais pejorativa, designando apenas os nerds mais antissociais, beirando a misantropia” (GOMES, 2014, p. 7). Há um gráfico (Figura 14) amplamente divulgado na Internet, em várias línguas e sem um autor definido, que apresenta as características dos subgrupos bem didaticamente

Figura 14

Outro grupo que é muito confundido, mas não entra no esquema apresentado na figura, porém não pode ser ignorado como consumidor midiático de cultura nerd são os otakus.

O termo otaku era usado originalmente para designar uma pessoa que é muito fã de alguma coisa, seja ela desenho, revista em quadrinhos, computadores, videogames ou bonecos (resumindo, um nerd japonês), e com o passar do tempo, no Japão, virou um termo pejorativo, graças a uma história em quadrinhos (mangá) onde um otaku era um assassino cruel (CABRAL; MOTA, 2010, p. 45).


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No ocidente, esse termo acabou sendo um pouco suavizado e passou a ser usado para designar o subgrupo de nerds que se interessa pelos conteúdos e produtos da cultura pop japonesa, como os animes e mangás (equivalentes a animações e quadrinhos, respectivamente), que possuem uma dinâmica diferente dos quadrinhos e animações ocidentais. Por fim, o grupo dos Gamers um dos mais abrangente, principalmente pelo fato de que não precisa ser necessariamente um nerd para ser enquadrado nessa categoria – estes são conhecido como casuais -, mas há também os nerds que se dedicam sobremaneira aos jogos. O mercado dos jogos movimenta mais de 80 bilhões de dólares por ano (BNDES, 2014). Para

o

desenvolvimento

da

CapiNerd,

foi

fundamental

termos

o

discernimento de todos os tipos de nerd que são nosso público potencial, pois todos estão envolvidos na comunidade que pretendemos atingir com os conteúdos do blog; alguns se identificando com mais de uma categoria. Saber identifica-los e conhecer a linguagem e interesses de cada um, respeitando a individualidade de cada um desses sub-grupos é importante para fidelizar todos como leitores, assim agregando o máximo de público ao blog. Por fim, é importante ressaltar que nos dias atuais, ser nerd não está diretamente ligado ao desempenho escolar, já que esse é apenas uma área de muitos conhecimentos disponíveis. O nerd pode ser identificado pela sua curiosidade, seu autodidatismo e seu gosto por tecnologia e cultura pop (GOMES, 2014).

2.2 Consumo cultural do nerd, blogs e novos modelos de negócio Sendo a multimidialidade a vantagem da Internet para a produção de conteúdo

em

diferentes

formatos,

Salaverría

(2014)

propõe

três

principais

características para entender o conceito: a multiplataforma, a polivalência e combinação de linguagens. Há muito tempo que produtos da cultura nerd já são lançados em diversas plataformas. A mesma história sai como série, filme, quadrinho, livro, bonecos e etc, e o nerd, conhecido muito pela sua obsessão e curiosidade em torno de temas de seu


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interesse, é aquele que vai consumir o conteúdo em todos os meios que lhes forem disponibilizados. O cenário não é diferente quando o consumo se refere a produtos midiáticos. Para se sentir realmente “por dentro” do assunto de seu interesse, o fã está disposto a consumir a notícia sobre o assunto nas mais diferentes plataformas, pois acredita que as diferentes abordagens são imprescindíveis para a total compreensão do assunto.

O nerd é um grande consumidor midiático, que busca nos produtos não apenas entretenimento e diversão, mas também valores, comportamento, ideologias para poder montar sua identidade. Ele precisa dar sentido aos produtos, então, assimila as informações e as interpreta com seus interesses e seu histórico de vida. (GOMES, 2014, p. 8)

E essa característica tão intrínseca aos nerds é o que permite que sites hipersegmentados no nicho se mantenham financeiramente. Um exemplo, em âmbito nacional, é o blog Jovem Nerd (https://jovemnerd.com.br/), que aborda notícias do mundo nerd com humor e é administrado por Alexandre Ottoni e Deive Pazos e serve como referência à CapiNerd. Fundado em 2002, atualmente o blog conta com uma média de sete milhões de visitas e três milhões de visitantes únicos por mês, além de colecionar vários prêmios no segmento como o “Blog do Ano”, na edição de 2009 do Video Music Brasil da MTV (JOVEM NERD, 2016). O blog apresenta conteúdos nas mais variadas plataformas. Além das notícias, há também o “NerdCast”, que é hoje “o podcast mais premiado e acessado da Internet Brasileira” (JOVEM NERD, 2016), com uma média de 750 mil downloads por episódio. O canal no Youtube, onde eles apresentam gameplays e um programa de variedades, conta com mais de 1,5 milhões de inscritos e a “NerdStore”, que é a loja de produtos nerds da própria marca e de produtos licenciados, hoje se consolidou como referência de consumo para esse público. Seguindo o Jovem Nerd como exemplo, a CapiNerd testa o segmento de maneira regionalizada, sem deixar de lado o conteúdo da cultura nerd do resto do país e do mundo. Graças a sua grande dedicação a seus interesses e hobbies e, também, ao poder aquisitivo de seu público alvo, que costuma atuar em áreas ligadas à


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tecnologia, pesquisa e computação, este nicho se torna extremamente atrativo, com grandes possibilidades de retorno (GOMES, 2014). Para a captação desse público, a ferramenta escolhida foi o blog, principalmente pela familiaridade do nicho com a ferramenta e grande possibilidades de aproximação com o leitor com a opção de comentários e linguagem mais leve e informal, atribuída em grande parte pela personalização da informação, característica. Aqui, falamos em personalização no sentido de que a informação encontra-se imbuída da persona de seu autor, daquele que a divulga. Esta personalização é presente não apenas no conteúdo e na assinatura do autor, mas também no formato gráfico (cores, fontes etc.) do blog, nos links colocados ali, na foto do autor, ou mesmo em banners. Aquilo que é veiculado em um blog não tem pretensão de ser uma informação “neutra”. Ao contrário, existe o pressuposto claro de que alguém escreve e que a informação corresponde ao relato, à visão ou à opinião deste alguém sobre o evento. São discursos pessoais. (RECUERO, 2003, p. 4)

E essa personalização acaba sendo de fundamental importância para estabelecer o vínculo com o público, já que o conteúdo hipersegmentado faz com que seus leitores busquem uma informação completa, atual e que realmente responda a sua demanda, e isso aumenta o desafio para os profissionais que precisam solidificar sua relação com a audiência (MÉDOLA, 2009, p. 36).

2.2.1 Do blog ao modelo de negócio CANVAS Há várias opções de plataformas na qual se pode hospedar um blog, porém neste projeto optamos pelo Wordpress.org, que é hoje a plataforma mais solidificada e livre em termo de blogs, requerendo apenas um serviço de hospedagem pago mensalmente de acordo com a quantidade de dados necessária para se ter acesso a sua versão completa.

Hoje 1 em cada 6 websites na Internet estão hospedados no WordPress, sendo aproximadamente 60 milhões no total, com 100 mil novos aparecendo todos os dias. No seu serviço de hospedagem na nuvem, que deixa qualquer pessoa criar seu website online gratuitamente, o serviço atrai 330 milhões de visitantes que visitam 3,4 bilhões de páginas todos os meses. (COLAO, 2012, tradução livre)


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Viabilizar esse tipo de empreendimento jornalístico no meio digital de maneira inovadora, requer a disruptura do jornalismo com a cadeia de valor clássica e seus

preceitos

gutemberguianos,

muitas

vezes

adotados

pelos

veículos

de

comunicação ainda hoje quando tratam de adaptar seu conteúdo para os meios digitais (COSTA, 2014). Para o mesmo autor se essa indústria quiser se reinventar no modelo digital, é preciso tomar atitudes diferentes das que já vem atualmente perseguindo. Squirra (2012, p.107) também pensa dessa maneira.

O jornalismo (e a própria comunicação, como um todo) vive uma inquestionável ‘crise de paradigmas’, pois não só os modelos de atuação comercial e de difusão de informação ‘clássicos’ não atingem mais plenamente seus públicos, como se explicita que os consumidores com poder de compra estão migrando para novas plataformas de acesso à informação.

O fazer jornalístico, nos meios digitais, precisa ser compreendido como uma atividade específica, com características próprias que andam de maneira independente de outros veículos. A antiga fórmula da pirâmide invertida, no jornalismo digital, perde seu sentido. O jornalista não é confrontado com a necessidade de cortar informação, podendo manter tudo aquilo que considera essencial para o leitor perceber a mensagem. Por outro lado, a heterogeneidade própria de um público global é de tal ordem que a organização dos factos por ordem de importância esbarra na diversidade de interesses característicos de uma audiência global. A proximidade, um dos critérios de noticiabilidade mais relevantes, perde o sentido quando o conteúdo é disponibilizado para todo o globo e, muitas vezes, em mais do que uma língua. (CANAVILHAS, 2014, p. 15)

Outra importante característica do conteúdo elaborado exclusivamente para a web, é a citada multimidialidade. Os meios digitais são um grande facilitador para que o jornalista abuse dos cinco sentidos do leitor e escape do conteúdo maciço e maçante de apenas texto.


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Poder elaborar um conteúdo que faça uso não só de textos e fotos, como também de áudios e vídeos se tornou uma atividade bem menos custosa com as facilidades e ferramentas gratuitas dispostas online. Para que matérias que usem desses vários artifícios de multimídias façam sentido, é importante garantir que eles se complementem de maneira que o leitor fique confortável em adquirir seus distintos blocos de informação, sendo conveniente considerar o tempo gasto por cada um, articulando a quantidade de informação em cada um dos elementos (CANAVILHAS, 2014). É importante dar para o leitor a liberdade de escolher qual caminho e por onde ele vai consumir determinado conteúdo. Num ambiente onde todos podem se tornar produtores de conteúdo, o importante deixa de ser a produção em si, mas como o conteúdo é disponibilizado. Para Squirra (2012, p. 115), “a tecnologia possibilitou que a sociedade passasse a determinar que seria ela quem definiria o que consumir, em qual momento, em que local, indicando a forma individual de acessar as informações”. Assim, cabe ao jornalista a atividade de estrategista, ao invés de um simples produtor de conteúdo. Saber fidelizar sua audiência, item indispensável para um empreendimento, atualmente está muito ligado ao poder de colaboração deferido pela mesma, o sentimento de “fazer parte” do processo cria vínculos que poderão ser o diferencial para seu leitor. Contudo, essa via de mão dupla também se abre para críticas e questionamentos que o profissional não pode se esquivar, pois ao se expor em uma rede social, a transparência prometida é igualmente exigida e isso, inclusive, é uma iniciativa que se bem trabalhada pode vir a indexar um novo tipo de credibilidade à profissão nos meios digitais (WEBER, 2012). Todos esses conceitos são trabalhados de maneira que fundamentem e contribuam para a estruturação do blog CapiNerd como modelo de negócio rentável, pois como disse Peretti (apud COSTA, 2014, p. 90), fundador e CEO do site Buzzfeed, em uma postagem em seu LinkedId:


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O mundo precisa de empresas de conteúdo lucrativas, vibrantes, sustentáveis, formadas por profissionais dedicados, precisa especialmente de conteúdos para as pessoas que cresceram na web, cujo entretenimento e interesse por notícias são largamente negligenciados pela televisão e pelo jornais.

A necessidade de desenvolver um produto planejado levou a elaboração de um CANVAS, modelo de plano de negócio flexível e concatenado com os empreendimentos digitais e pouco convencionais, que precisam de liberdade no seu desenvolvimento. Sendo o produto que o jornalismo entrega não somente notícia, reportagens ou entrevistas, mas também valores simbólicos, um veículo que entrega credibilidade, reputação, exclusividade, confiança e qualidade, obtém logo um aumento nas vendas, audiência e inclusive a publicidade (TORRES, 2013). E repensar o que a empresa jornalística vai entregar, balanceando todos os fatores, problemas e vantagens é importante para poder fidelizar o leitor, pensando inclusive como uma empresa.

Em uma explicação mais simples, modelo de negócio é a lógica pela qual a empresa existe, se sustenta e gera valor, ou seja, é a forma pela qual ela gera receita e se mantém de pé. Quando aplicamos isso no jornalismo, logo de cara nos deparamos com um problema sério: por um lado os gestores querem reduzir custos e tornar a cadeia mais enxuta. Por outro, os jornalistas querem mais investimento para um trabalho mais profundo e com maior qualidade. Encontrar o equilíbrio entre esses dois mundos é o diferencial na elaboração de um modelo de negócio inovador para uma empresa de jornalismo. (TORRES, 2013, p. 1)

E para a elaboração da CapiNerd foi escolhido o método do CANVAS, um modelo de negócios que está dividido em nove blocos: clientes, valor, canais, relacionamento, caixa, recursos, atividades, parceiros e custos. Esses blocos podem ser organizados e respondendo quatro perguntas simples: O que? Para quem? Como? Quanto? “O propósito é ajudar na organização das ideias, descobrir que cada bloco está relacionado aos demais e permitir que você ajuste o seu modelo quantas vezes for necessário, até conseguir perceber o negócio como um todo” (SEBRAE, 2013, P. 19).


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“Outra divisão que costumam fazer do CANVAS são a de duas grandes zonas (direita e esquerda), tais como os lados direito e esquerdo do cérebro (criatividade e raciocínio)” (TORRES, 2013, p. 2). No jornalismo, o lado da criatividade pode ser considerado como o segmento do público-alvo, englobando os blocos clientes, valor, canais, relacionamento e caixa.

[...] É uma ideia de como aplicar algumas ideias e conceitos propostos pelo autor no universo do jornalismo, com suas respectivas particularidades e diferenças, já que não trabalhamos necessariamente com produtos ou serviços, mas com opiniões. Por isso o modelo de negócio se faz necessário já que enxergarmos quem são os nossos clientes, quais valores iremos entregar ou como iremos entregar é de fundamental importância. (TORRES, 2013, p. 2)

no

lado do raciocínio,

podemos considerar como o lado da

competitividade empresarial, já que os blocos englobados são: recursos, atividades, parceiros e custos.

Com esses blocos é possível estruturar o modelo de negócio com moldes mais concretos. Aliás, eles basicamente se resumem a isso, pois são a estrutura concreta do empreendimento, como ele funciona, o que precisa para funcionar e quanto custa para mantêlo em atividade. (TORRES, 2013, p. 3)

Sendo uma das ferramentas mais utilizadas por empreendedores e empresas, esse modelo de negócios leva menos tempo parar criar e proporciona muito mais clareza, dando a chance de verificar, corrigir e colocar em foco tudo que é mais importante para identificar elos que não seriam possíveis descobrir ao longo de um texto descritivo (SEBRAE, 2013, p 15). Por conta disso, para a concretização da CapiNerd foi elaborado um CANVAS inicial que segue no apêndice III e está norteando seu desenvolvimento como modelo de negócio jornalístico inovador e rentável em Campo Grande.


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CONSIDERAÇÕES FINAIS

A CapiNerd foi um projeto desenvolvido com o objetivo de criar um modelo de negócio para o jornalismo digital que fosse inovador, rentável e que fugisse do modelo de jornalismo dos veículos tradicionais. Diante da tendência da realidade digital para o jornalismo, onde a hipersegmentação de conteúdo viabiliza a fidelização de um nicho, a proposta do blog foi a de explorar um público carente de atenção nas mídias tradicionais da cidade: a tribo urbana dos nerds. Produzindo conteúdos de gêneros textuais poucos convencionais, usando mídias como as redes sociais, canais de músicas e vídeo, a ideia foi de oferecer ao público de Campo Grande um ambiente-comum de conteúdo e interação. Além, é claro, de proporcionar também uma oportunidade de negócio e serviços para as empresas locais que servem a esse nicho e produzem seus eventos. Todo o processo de desenvolvimento e produção da CapiNerd serviu para se repensar o modelo de comunicação tradicional existente na capital sul mato-grossense, apresentando todo um mercado inexplorado e viável que não captura a atenção das pautas dos grandes veículos de informação. A CapiNerd apresenta um modelo de jornalismo digital de qualidade que não é totalmente dependente da publicidade, e sequer se torna refém da mesma, usando muito do teor colaborativo que os novos modelos permitem. Essa nova experiência adquirida abre espaço para parcerias entre o blog e a tribo urbana dos nerds, seja com seu público ou seus investidores, uma vez que o contato entre a CapiNerd e esse público foi estabelecida e houve interesse de ambas as partes de desenvolver um trabalho cooperativo. Inclusive, o blog se mostrou com grandes viabilidades de se transformar em um projeto profissional da acadêmica, transcendendo o trabalho de conclusão de curso.


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