Mulheres da Manga

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS CURSO DE JORNALISMO

MULHERES DA MANGA: NARRATIVA LONGFORM SOBRE O COTIDIANO DE MULHERES RIBEIRINHAS DO PORTO DA MANGA

IASMIM AMIDEN DOS SANTOS

Campo Grande Abril / 2017


MULHERES DA MANGA: NARRATIVA LONGFORM SOBRE O COTIDIANO DE MULHERES RIBEIRINHAS DO PORTO DA MANGA

IASMIM AMIDEN DOS SANTOS

Relatório apresentado como requisito parcial para aprovação na disciplina Projetos Experimentais do Curso de Jornalismo da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul.

Orientador(a): Profª. Drª. Katarini Giroldo Miguel

UFMS Campo Grande Abril / 2017



SUMÁRIO Resumo

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Introdução

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1. Atividades desenvolvidas

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1.1 Execução

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1.2 Dificuldades encontradas

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1.3 Objetivos alcançados

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2. Suportes teóricos adotados

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2.1 O Pantanal e a comunidade ribeirinha do Porto da Manga

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2.2 O contexto da mulher ribeirinha na dinâmica do trabalho

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2.3 Narrativa longform para Web e o gênero narrativo-descritivo

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3. Considerações finais

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4. Referências

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5. Anexos

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5.1 Termos de autorização das entrevistas e uso de imagens 6. Apêndices 6.1 Roteiros de perguntas

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RESUMO: Mulheres da Manga é uma narrativa longform, para a Web, sobre o cotidiano das mulheres ribeirinhas do Porto da Manga, uma comunidade pantaneira, localizada às margens do rio Paraguai, no estado de Mato Grosso do Sul. A narrativa tem o objetivo de retratar, pela ótica feminina, as características da região, condições de trabalho e a situação de vulnerabilidade socioambiental em que vive a comunidade ribeirinha. Além disso, as principais atividades de subsistência desempenhadas pelas mulheres, como a coleta de isca viva, que é realizada 100% pelas ribeirinhas, e as atividades de extrativismo e comércio de derivados de frutos do Pantanal. A narrativa longform utiliza o gênero narrativo-descritivo e diferentes formatos jornalísticos, como as fotografias, infográficos e os áudios, para retratar a temática. O trabalho está dividido em quatro capítulos construídos por meio dos depoimentos das personagens e está disponível no link: www.mulheresdamangareportagem.com.br

PALAVRAS-CHAVE: Jornalismo; Mulheres ribeirinhas; Narrativa longform; Porto da Manga; UFMS.


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INTRODUÇÃO

O presente projeto experimental é uma narrativa longform, para a Web, sobre o cotidiano das mulheres ribeirinhas do Porto da Manga, uma comunidade pantaneira, localizada às margens do rio Paraguai, a 60 km de Corumbá, no estado de Mato Grosso do Sul. A narrativa é desenvolvida a partir dos relatos das personagens, a fim de retratar, pela ótica feminina, características da região, as condições de trabalho e a situação de vulnerabilidade socioambiental em que vive a comunidade ribeirinha. O interesse pelo tema se deve ao papel desempenhado pelas mulheres na geração de renda da comunidade. O trabalho de coleta de isca viva1 é realizado 100% pelas ribeirinhas (SIQUEIRA, 2016), além de serem a maioria nas atividades de extrativismo e no comércio de derivados de frutos do Pantanal. Apesar das atividades desempenhadas, fundamentais para a subsistência da população local, as mulheres do Porto da Manga encontram-se às margens das políticas públicas, sofrem com a ausência de assistência médica e saneamento básico, possuem baixo nível de escolaridade e trabalham em condições precárias. Na comunidade vivem cerca de 250 pessoas e mais de 10% dos adultos não foram alfabetizados (ECOA, 2005) e a maioria não frequentou o Ensino Médio. A jornada de trabalho das mulheres chega a até 10 horas diárias dentro do rio, para realizar a captura das iscas. A proposta da narrativa é justificada pela pouca visibilidade que as mídias tradicionais dão a essas mulheres. Além disso, a escolha do tema se deve a uma identificação com narrativas que tratem de questões sociais que envolvem os direitos das mulheres, especificamente, daquelas que vivem nos limites da sobrevivência, em condições insalubres de trabalho, saúde e moradia, fora do alcance das políticas públicas e que são retratadas de forma romantizada pela mídia de massa, como é o caso das mulheres ribeirinhas.

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Consiste na captura de iscas, como os caranguejos e as tuviras, para vender aos turistas. É uma das principais atividades econômicas na região.


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A imagem da mulher pantaneira, detentora de saberes tradicionais, que vive em perfeito equilíbrio com o bioma, predomina sobre as reais situações do cotidiano, que envolvem longas jornadas de trabalho, além do cuidado familiar, falta de assistência médica e moradias inadequadas para fazer frente aos eventos climáticos extremos do Pantanal. A fim de permitir a imersão do leitor nas histórias das personagens, a narrativa longform é dividida em quatro capítulos, acessíveis por meio de hiperlinks, ou pela barra de rolagem, e utiliza efeitos de visualização como o paralaxe2 (parallax scrolling), referência na grande reportagem multimídia, que marcou este tipo de publicação jornalística, “Snow Fall: The Avalanche at Tunnel Creek3”, produzida pelo jornal americano The New York Times, em dezembro de 2012. Os efeitos também possibilitam a narrativa mais próxima à realidade retratada. Além disso, são envolventes e não requerem ao leitor conhecimentos de informática profundos (CANAVILHAS, 2014a). Para a construção do texto, é utilizado o gênero narrativo-descritivo, que visa enriquecer as paisagens e os diálogos. Coimbra (1993) define este gênero como o detalhamento

da

recriação

do

cenário,

ambientação

e

comportamento

dos

personagens. O autor considera como essencial para o desenvolvimento do texto narrativo-descritivo, a relação com os personagens e a observação direta, que permite retratar com fidelidade os detalhes de um dado momento. “Se o que está fora do contexto verbal escrito é transportável para dentro dele, podemos usar conceitos criados para classificar elementos da comunicação face a face como elementos da estruturação do texto descritivo” (COIMBRA, 1993, p. 20). O cotidiano das mulheres ribeirinhas é um campo rico em características peculiares de trabalho e relações sociais e, portanto, reforça a necessidade de uma narrativa jornalística que explore e combine diferentes formatos como, por exemplo, as fotografias, os áudios e infográficos. Em função disto, a escolha por produzir uma narrativa com características específicas da Web, definidas por Palacios (2003) como

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Efeito de mover uma imagem em velocidade mais lenta que as imagens do primeiro plano, de modo a criar uma ilusão de profundidade. 3 Disponível em: <http://www.nytimes.com/projects/2012/snow-fall/#/?part=tunnel-creek> Acesso em: 03. de mar. de 2016.


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interatividade, hipertextualidade, multimidialidade, personalização e memória, se deve ao espaço global e ilimitado oferecido pela mesma, bem como o fácil acesso, que permitirá o retorno do trabalho à comunidade, que dispõe de internet nos computadores da escola e nas pousadas. Além disso, pode ser acessado por meio de dispositivos móveis. O formato longform, escolhido para dispor o conteúdo do produto, é, segundo Longhi (2014), um grande marco das narrativas jornalísticas contemporâneas. A autora caracteriza longform como matérias com mais de quatro mil palavras ou grandes reportagens entre 10 a 20 mil palavras. “O jornalismo longform vai muito além do texto longo. A abundância do texto verbal sinaliza um resgate de qualidade, apuração e contextualização já conhecidos do jornalismo impresso, especialmente consagrados pela reportagem” (LONGHI; WINQUES, 2015, p. 8). A ordem dos capítulos está disposta de acordo com a relevância dos subtemas contemplados pela narrativa, mas não atende a uma estrutura linear, característica do jornalismo convencional, com o uso da pirâmide invertida, ou seja, a leitura pode ser iniciada a partir de qualquer capítulo e o tema principal, ainda será compreendido. Os títulos dos capítulos foram inspirados em obras do poeta Manoel de Barros, que trazem aspectos do cotidiano às margens dos rios, e o relacionamento com a natureza. Os capítulos têm as seguintes denominações: Capítulo I – Água que corre entre pedras; Capítulo II – Independência tem algemas; Capítulo III – O mundo meu é pequeno; Capítulo IV – Ontem choveu no futuro. O objetivo geral deste trabalho consiste em: desenvolver uma narrativa longform, descritiva, que retrate o cotidiano das mulheres ribeirinhas da comunidade do Porto da Manga, Pantanal, Mato Grosso do Sul. Os objetivos específicos são: estabelecer por meio dos depoimentos das personagens, a relação das mulheres ribeirinhas com o meio ambiente e com os impactos causados pelos diferentes períodos do Pantanal, como a seca e a cheia; descrever histórias de mulheres ribeirinhas a fim de retratar o contexto sociocultural das personagens entrevistadas, e também no âmbito das condições de vulnerabilidade socioambiental em que vivem.


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1- ATIVIDADES DESENVOLVIDAS 1.1 Execução:

Foi realizado, a priori, um levantamento bibliográfico referente à mulher ribeirinha no Pantanal e ao subtemas de gênero e trabalho. Além disso, sobre jornalismo longform e conteúdos hipermídia e transmídia, a fim de utilizá-los como suporte teórico do trabalho. Depois de compilar a bibliografia, foi feita uma visita in loco, no mês de março de 2016, com o intuito de conhecer a comunidade do Porto da Manga e estabelecer um primeiro contato com as mulheres. Durante a viagem, a proposta do trabalho foi apresentada para as ribeirinhas e alguns registros fotográficos foram feitos. A partir desta visita, foram elaborados três roteiros para realização das entrevistas (constam no apêndice): um específico para as mulheres ribeirinhas, em que foram consideradas perguntas gerais sobre o cotidiano no Porto da Manga; um segundo

roteiro

voltado

aos

projetos

desenvolvidos

pela

organização

não

governamental Ecoa – Ecologia e Ação4 como, por exemplo, o projeto “Rede de Mulheres Produtoras do Cerrado e Pantanal5”, que tem o objetivo de aumentar a geração de renda das famílias por meio da produção de derivados de frutos do Pantanal; e, por último, um roteiro para as entrevistas com pesquisadoras, que tratam de subtemas contemplados por este trabalho, como a alteração das relações sociais no Pantanal após a ascensão do turismo, e as condições de trabalho e moradia de famílias pantaneiras. Os roteiros estruturados serviram de base para iniciar um diálogo com as ribeirinhas, a fim construir uma narrativa guiada pelas histórias compartilhadas, e desmistificar a pretensa objetividade dos relatos. Medina (2008) aponta o diálogo como prática insubstituível. “O que está presentificado e presenciado vai muito além do código linguístico. Prova disso: a força da palavra poética só emerge de um diálogo imprevisível no corpo a corpo” (MEDINA, 2008, p. 96).

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http://riosvivos.org.br/ http://riosvivos.org.br/projetos/rede-de-mulheres-produtoras-do-cerrado-e-pantanal/


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Durante a segunda viagem ao Porto da Manga, feita no mês de julho de 2016, foram coletados os depoimentos das ribeirinhas. Todas as entrevistas foram gravadas com um Sony Px 204 Digital6. A opção por não utilizar uma câmera filmadora, para o registro dos relatos, se deve a preocupação de que o aparato pudesse causar intimidação e comprometer o diálogo estabelecido com as mulheres. Para o registro fotográfico, foi utilizada uma Nikon D3200 com objetiva 18-55mm. No intuito de presenciar o cotidiano das ribeirinhas nos diferentes períodos do Pantanal, foi realizada uma última viagem, durante o mês de outubro de 2016. Nesta visita, foram entregues as fotografias captadas no local, ampliadas no tamanho 15x21cm, para as personagens contempladas por esta narrativa, como forma de agradecimento pelas experiências compartilhadas. Além disso, foi acompanhado o trabalho de campo das consultoras da organização Ecoa, no processo de capacitação das mulheres para a produção de derivados de frutos do Pantanal, e na elaboração de estratégias para aumentar as vendas e, consequentemente, a renda das mulheres ribeirinhas. A etapa de entrevistas foi finalizada em janeiro de 2017 (os termos de autorização constam no anexo), com a pesquisadora Mara Aline dos Santos Ribeiro, que realiza estudos sobre o Pantanal e os povos pantaneiros. No total, foram 13 entrevistas, utilizadas como fio condutor da narrativa. As conversas foram transcritas para que fosse mantida no texto, a essência dos relatos, e a oralidade das personagens, isto é, a maneira de falar de cada entrevistada. “A maneira de falar de cada personagem é um importante elemento de sua identidade. Daí a importância da incorporação da oralidade” (CRIADO, 2006, p. 20). A partir das transcrições, o texto começa a ser estruturado. A narrativa é dividida em quatro capítulos, que não são apresentados de forma cronológica, mas contemplam o ciclo do cotidiano das mulheres ribeirinhas. O primeiro capítulo, intitulado “Água que corre entre pedras”, traz relatos da anciã Maria do Carmo de Souza, Dona Carmem, que acompanhou a chegada dos primeiros moradores no local. Além disso, histórias sobre Marechal Rondon, com quem seu pai trabalhou, e teve sua importância para a região. O sertanista é responsável pelo 6

Mini gravador de voz da marca Sony.


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nome da comunidade Porto da Manga. As histórias de Dona Carmem são as sementes da narrativa que começa a ganhar forma. A partir de seus depoimentos, aspectos do cotidiano das mulheres ribeirinhas são identificados e o contexto geral do trabalho é apresentado ao leitor, com a intenção de instigá-lo a seguir para o próximo capítulo. “Independência tem algemas”, é o capítulo mais importante da narrativa e, portanto, o que mais utiliza-se do texto descritivo e dos recursos visuais. Trata-se do trabalho desenvolvido pelas mulheres, das longas jornadas, sob as condições precárias nas quais estão submetidas, que protagonizam o cotidiano dessas ribeirinhas. As atividades

responsáveis

pela

geração

de

renda

e,

consequentemente,

pela

sobrevivência, que correspondem a 10 horas diárias. O terceiro capítulo, “O mundo meu é pequeno”, contempla a dupla jornada das mulheres ribeirinhas, que além de trabalharem para sustentar a família, são responsáveis pelos afazeres domésticos. Devido ao tempo que destinam aos cuidados, não conseguem terminar os estudos, ou até mesmo começar. A narrativa traz depoimentos de mulheres que engravidaram quando bem jovens, e largaram os estudos para acompanhar os maridos, que trabalhavam para os turistas na região. Nesta conjuntura, acabaram por construir suas vidas à beira do rio, dentro das condições de trabalho e educação que o local oferece. Por fim, o quarto e último capítulo, denominado “Ontem choveu no futuro”, trata da relação entre o cotidiano das mulheres ribeirinhas do Porto da Manga e a natureza. A rotina é definida pelos períodos do Pantanal, como a seca e as cheia. A narrativa também aborda os saberes tradicionais adquiridos sobre medicações, técnicas de trabalho, entre outros elementos, que têm sua correlação com a natureza. Após os capítulos, é apresentado um diário de bordo, com as impressões da jornalista sobre as relações estabelecidas com as mulheres e as experiências compartilhadas na região. Impressões obtidas pela observação direta, isto é, uma percepção mais atenta aos lugares, objetos e personagens por meio dos cinco sentidos (COIMBRA, 1993). Todos os nomes dos capítulos foram inspirados em obras de Manoel de Barros, poeta brasileiro que viveu no Pantanal e retratou características da vida pantaneira.


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A narrativa é construída em terceira pessoa, isto é, traz relatos e descreve as personagens, além das impressões sobre seus sentimentos. O objetivo é que as protagonistas sejam as mulheres ribeirinhas e que todas as histórias sejam guiadas pelos depoimentos. Para a montagem da narrativa longform, foi utilizado o programa Muse CC, da Adobe Systems, que permitiu criar todo o layout do produto. A identidade visual do trabalho é composta pelas cores branco, marrom e azul, prioritariamente, para fazer referência a elementos marcantes da região, como o rio, a terra, os pássaros, os peixes, entre outros. As fontes utilizadas são “Georgia”, para o corpo de texto e legendas, e “Bree Serif” para os títulos, a fim de garantir a legibilidade sem perder a estética. No produto, foram incorporados: efeitos de visualização de fotos, como o paralaxe, com o intuito de criar uma ilusão de profundidade e imersão na narrativa; links externos e internos, que garantem a hipertextualidade; linha do tempo interativa, para permitir maior contextualização, além dos mapas e infográficos; e os áudios e vídeos, com o objetivo de atrair a atenção do leitor e, principalmente, retratar o tema com maior fidelidade.

1.2 Dificuldades Encontradas A primeira dificuldade encontrada para este trabalho foi a falta de materiais sobre a região do Porto da Manga. São muitos os estudos disponíveis que tratam do Pantanal, mas que não estendem suas abordagens às comunidades ribeirinhas. As poucas pesquisas e histórias encontradas sobre o local estão disponíveis na página da organização Ecoa – Ecologia e Ação, que atua na comunidade por meio de projetos sociais. Além disso, os poucos dados encontrados, eram antigos, o que reforçou a necessidade de realizar uma visita anterior à etapa de entrevistas, para estabelecer o primeiro contato com as mulheres, e também para levantar algumas informações relevantes à contextualização da narrativa como, por exemplo, quantas famílias vivem no local, quantas escolas estão em funcionamento e quais são as formas de assistência médica e jurídica que recebem. Algumas outras dificuldades encontradas foram provenientes de gastos, como o deslocamento para a comunidade, que exigiu um planejamento financeiro, e


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estratégico, para que as viagens pudessem ser realizadas em períodos diferentes do Pantanal. A distância entre o Porto da Manga e a cidade de Campo Grande é de aproximadamente 380 km, portanto, foram gastos mais de 400 reais por viagem, que inclui hospedagem, alimentação e locomoção. Durante as duas primeiras viagens, a aproximação com as mulheres para a realização das entrevistas e para o registro fotográfico, não teve empecilhos, porém, na última visita feita ao Porto da Manga, alguns membros da comunidade estavam agressivos e relutantes com a chegada de pesquisadores na região. No ato de entrega das fotos registradas para as mulheres, houve uma abordagem desconfortável, com algumas ameaças, por um senhor que não queria permitir certa aproximação. Ele afirmou que os materiais coletados poderiam ser utilizados para qualquer tipo de interferência na vida das famílias. Apesar de reiterar a proposta do trabalho, ficou acordado que não haveria mais contato com algumas ribeirinhas a partir daquele dia. Diante a esta conjuntura, foi determinado que a pesquisa de campo, as entrevistas e os registros para elaborar esta narrativa estavam finalizados, com a intenção de evitar outros problemas.


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1.3 Objetivos Alcançados Os objetivos alcançados foram: Levantar dados gerais sobre a comunidade, a partir de documentos e entrevistas com mulheres ribeirinhas e especialistas, para servir como base de estudo e análise estatística a fim de entender melhor as condições da região. Estabelecer por meio dos depoimentos das personagens, a relação das mulheres ribeirinhas com o meio ambiente e com os impactos causados pelos períodos de seca e cheia do Pantanal. Registrar por meio de fotografias e vídeos a comunidade ribeirinha e a situação em que vivem e trabalham estas mulheres. Descrever histórias de vida de mulheres ribeirinhas a fim de apresentar o contexto sociocultural das personagens entrevistadas, também no âmbito das condições de vulnerabilidade socioambiental em que vivem. Desenvolver uma narrativa longform, descritiva, que retrate o cotidiano das mulheres ribeirinhas da comunidade do Porto da Manga, Pantanal, Mato Grosso do Sul. Publicar o trabalho na Web (www.mulheresdamangareportagem.com.br).


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2 SUPORTES TEÓRICOS ADOTADOS: 2.1 – O Pantanal e a comunidade ribeirinha do Porto da Manga O Pantanal é a maior planície alagável mundo, sendo cerca de 70% da sua área no Brasil, 20% na Bolívia e 10% no Paraguai (FARIA; NICOLA, 2008). No território brasileiro, o Pantanal está localizado ao sul do estado de Mato Grosso, com 40,3% de sua área, e no noroeste de Mato Grosso do Sul, com 59,7%. A planície é considerada Patrimônio da Humanidade e Reserva da Biosfera pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) e figura na Constituição Brasileira como Patrimônio Nacional. Apesar de ser reconhecida como um importante bioma, caracterizado por seu extenso território e pela diversidade de fauna e flora que comporta, é formado por povos que constituíram, ao longo do tempo, a cultura tradicional pantaneira. A ocupação do Pantanal teve início com os indígenas, pertencentes às etnias Guarani, Guató, Ofayé, Kaiapó Meridional, entre outras. No século XVI, quando chegaram os primeiros colonizadores europeus, mais de 1,5 milhões de indígenas já habitavam a região (FARIA; NICOLA, 2008). Além disso, se instalaram no local, os bandeirantes paulistas, que viajavam em busca de ouro, no antigo estado de Mato Grosso. Desta miscigenação, foi originada a cultura pantaneira, que possui, também, saberes tradicionais e conhecimentos ímpares sobre ciclos da natureza. Segundo Faria e Nicola (2008, p. 187), o “pantanal abriga interessantes populações tradicionais que convivem há séculos com o ritmo da natureza local, sem causar grandes danos, nem depender excessivamente de outros ambientes e culturas”. Para Ribeiro, no decorrer das décadas, o contexto sociocultural do Pantanal se alterou conforme mudanças de ordem política ocorreram: “A construção histórica do Pantanal foi permeada por acontecimentos promotores de mudanças, de ordem política, social e econômica, significativas em sua Geografia, dentre elas a divisão do Estado de Mato Grosso uno e a criação de uma nova Unidade da Federação – o Estado de Mato Grosso do Sul, caracterizou-se como um marco na constituição do Pantanal moderno” (RIBEIRO, 2014, p. 35).


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As modificações geográficas tiveram impactos na vida do povo pantaneiro, formado por diferentes classes sociais, que vivenciaram e construíram novas relações com a natureza na produção do espaço. A partir da ascensão do turismo nas décadas de 1980 e 1990, houve uma migração significativa para regiões ribeirinhas do Pantanal (RIBEIRO, 2014). A pesca e a atividade de coleta de isca viva tornaram-se ainda mais fundamentais para a geração de renda das famílias devido à demanda do mercado de turismo. Para Ribeiro e Moretti (2014), nesse período, houve também uma modernização das práticas de subsistência, em consequência do processo de globalização. A ascensão da tecnologia permitiu implantar estruturas necessárias para que as comunidades se adaptassem aos moldes do sistema econômico vigente:

Para manter o Pantanal em sintonia com o mundo global, com a ciência e a tecnologia foi necessária a implantação de novas formas estruturais, tais como: a construção da ponte sobre o rio Paraguai, a construção de pousadas com acesso à internet, a instalação da Base de Estudos do Pantanal da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, a expansão da rede de energia elétrica às margens da Estrada-parque, a instalação de torres para telefonia celular rural e antenas parabólicas, a adaptação dos veículos para o turismo, a modernização dos caminhões boiadeiros, a alteração na estrutura fundiária, entre outros (RIBEIRO; MORETTI, 2014, p. 98).

O rápido crescimento do mercado de turismo resultou na urbanização de algumas regiões do Pantanal e, apesar da inserção da população na modernidade tecnológica, com instalação de torres para telefonia e expansão da rede de energia elétrica, por exemplo, não houve infraestrutura para melhorias necessárias na qualidade de vida dos povos pantaneiros:

O acesso a diferentes técnicas e tecnologias, principalmente de comunicação, (televisão, celular, computador), insere a população local na modernidade tecnológica, mas pode mantê-la à parte do processo de desenvolvimento. Logo, a modernização pode, mas não necessariamente, conduz o ser humano ao desenvolvimento [...] (RIBEIRO, 2014, p. 11).


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Segundo Ribeiro e Moretti (2014, p. 94), “os redirecionamentos no espaço pantaneiro foram impostos pela totalidade

mundo, sem a participação dos

trabalhadores nas discussões que transformaram o cotidiano local”. Para Faria e Nicola (2008), embora gradualmente as comunidades tenham se transformado em aglomerados urbanos, é possível avistar populações ribeirinhas e indígenas, ao longo dos rios do Pantanal, que preservam os costumes e tradições de seus antepassados. A influência de povos colonizadores contribuiu, principalmente, para as atividades de subsistência. A pesca é a atividade que mais gera renda para famílias ribeirinhas, que detêm conhecimentos particulares sobre as técnicas de trabalho, repassadas de geração para geração, fundamentais para a conservação desse povo. Na comunidade do Porto da Manga, localizada a 60 km de Corumbá, no estado de Mato Grosso do Sul, vivem 47 famílias, com cerca de 250 pessoas, na interseção entre o rio Paraguai e a Estrada Parque Pantanal (ECOA, 2014). Ao longo do tempo, a comunidade desenvolveu técnicas para pesca e para a coleta de iscas vivas, e fez das atividades as principais fontes de renda das famílias. Enquanto a atividade de coleta é exercida 100% pelas mulheres, os homens trabalham como pilotos de barco e guias para turistas. A agricultura na região é feita apenas em hortas improvisadas, para subsistência. O único ponto de venda de mantimentos na comunidade possui valores muito acima dos mercados das cidades. Como a população não dispõe de veículos apropriados para as estradas, somente barcos, e muitos não são motorizados, dependem de transportes privados para ir aos munícipios próximos. O valor cobrado pelo deslocamento até Corumbá, por exemplo, é de 300 reais. As famílias que não têm condições financeiras para pagar pelo transporte sobrevivem da pesca e dos alimentos cultivados. As mulheres ribeirinhas encontraram na coleta de iscas vivas uma alternativa rentável para prover condições mínimas de sobrevivência para suas famílias, mas ainda sofrem com a falta de serviços básicos. A dupla jornada de trabalho, no rio para realizar a coleta, e em casa com as atividades domésticas, ferem os direitos como cidadãs. O cotidiano das mulheres ribeirinhas do Porto da Manga, portanto, é moldado pelas condições insalubres do local.


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2.2 – O contexto da mulher ribeirinha na dinâmica do trabalho

No Brasil, a presença das mulheres no mercado de trabalho teve sua significativa ampliação durante a década de 1970, principalmente nos ramos industriais, como a indústria têxtil, de alimento e de confecção (DANIEL, 2011). Porém, as atividades remuneradas não as isentavam das responsabilidades domésticas, o que constituía a dupla jornada exaustiva de trabalho. Ao longo do tempo, estas funções eram justificadas pelas qualidades que, supostamente, eram inatas e inerentes às mulheres, como o cuidado familiar. Este argumento perdurou e reproduziu as desigualdades entre homens e mulheres. A relação gênero e trabalho envolve o debate sobre a desigualdade que está presente nas diferentes classes sociais. As complexas relações entre trabalho, cuidado e políticas sociais são o cerne dos problemas globais enfrentados pelas mulheres nas mais diversas áreas de atuação do mercado de trabalho formal e informal. Em pleno século XXI, nota-se a dificuldade para ascender na carreira, disparidade salarial em relação aos homens e a irregular distribuição dos tempos de trabalho (ABREU; HIRATA; LOMBARDI, 2016). Nas camadas mais pobres da sociedade, a falta de acesso à proteção social, os tempos e a intensidade do trabalho aprofundam as tensões entre a vida pessoal, familiar e laboral (ABREU; HIRATA; LOMBARDI, 2016). Inseridas neste patamar social, as mulheres ribeirinhas, que vivem nos limites da sobrevivência sem assistências das políticas públicas, encontram-se mais vulneráveis às desigualdades, particularmente, no trabalho. Na comunidade do Porto da Manga, as mulheres são as principais provedoras do lar, ou seja, o trabalho que por elas é desempenhado gera mais da metade da renda da família. No entanto, para que isto seja possível, são submetidas a jornadas que chegam a até 10 horas dentro do rio para realizar a coleta de iscas vivas. Dentre outras dificuldades encontradas pelas coletoras, Ortiz (2013) aponta:


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Além da problemática de não terem perspectivas de trabalhos nas cidades, ainda vivem em condições subumanas e enfrentam diversos conflitos gerados pelo turismo. Muitos dos coletores de iscas vivas não possuem barcos motorizados, o que os impossibilita de buscar o produto em locais menos explorados, fazendo com que a disputa pelo produto, disponível em espaços mais próximos seja mais intensa (ORTIZ, 2013).

Para Ortiz (2013), a atividade pesqueira, em termos de captura e comercialização, sofre com as oscilações do mercado turístico local. Segundo Zannata (2012, p. 64), “na temporada de pesca, os homens exercem a função de piloteiros e as mulheres acabam sendo obrigadas a sair em busca das iscas. Atividade que compromete a saúde e coloca a vida de muitas delas em risco”. Os casos de artrite, artrose, problemas de coluna e dores nas articulações e nos ossos, são decorrentes da catação das iscas vivas, além das diarreias, febre e gripe (ECOA, 2005). A maioria das mulheres que vivem no Porto da Manga migrou de outros municípios devido à falta de oportunidades de trabalho. Chegaram à comunidade, acompanhadas por seus maridos, que pilotavam barcos para turistas. Como alternativa de renda, e para criar uma independência financeira, as ribeirinhas começaram a trabalhar com a coleta de iscas. As coletoras utilizam telas de nylon para a captura e macacões impermeáveis para a proteção debaixo d’água. A roupa, adquirida por meio de articulações da Associação dos Moradores da região com a organização não governamental Ecoa, e financiada pelo o Ministério Público do Trabalho (MPT), é uma conquista fundamental para as trabalhadoras “que por muitos anos se arriscaram nos rios, baías, lagos e lagoas pantaneiras em busca de sua sobrevivência sem nenhum tipo de segurança contra as adversidades da natureza” (ORTIZ, 2013). As mulheres ribeirinhas também desempenham um papel importante na geração de renda por meio do extrativismo. Em busca do reconhecimento por parte dos moradores e, principalmente, do Estado, as mulheres ribeirinhas criaram a Associação de Mulheres Extrativistas, que produz alimentos com derivados de frutos do Pantanal para serem comercializados e são uma alternativa de renda. Entre 2014 e 2016, o projeto da Ecoa “Rede de Mulheres Produtoras do Cerrado e Pantanal”, proporcionou a capacitação sobre o processo de produção dos


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alimentos e conhecimento sobre plano de negócios e estratégias para venda. O objetivo foi promover o empoderamento das mulheres extrativistas por meio de capacitações com foco nas questões de valorização de gênero. A abordagem teórica a seguir permite uma melhor compreensão sobre aquilo que colabora para o fortalecimento destas mulheres: A palavra empoderamento refere-se à potencialização educacional e profissional das mulheres, aumentando seu nível de informação, aguçando suas percepções e evidenciando ideias e sentimentos comuns. Seu objetivo mais amplo é fortalecer as capacidades, habilidades e disposições para o exercício legítimo do poder (YANNOULAS, VALLEJOS, LENARDUZZI, 2000, p. 441).

Embora algumas melhorias tenham sido proporcionadas para o desempenho das atividades para geração de renda, outras formas de desigualdades encontram-se presentes no cotidiano das mulheres ribeirinhas do Porto da Manga. O tempo que deveria ser destinado ao descanso e ao lazer, é preenchido com as responsabilidades domésticas. Enquanto isso, os homens, piloteiros ou guias, fazem do ócio um momento de celebrações com os turistas, que compartilham com os trabalhadores, bebidas alcoólicas (RIBEIRO, 2014). O aumento do vício pela bebida alcoólica no Pantanal é atribuído, inclusive, à atividade turística. Também é compreendido que a inserção da mulher em atividades remuneradas não basta para promover a igualdade de gênero na dinâmica do trabalho. A maioria das mulheres não possui o Ensino Fundamental completo, pois, engravidam quando bem jovens e precisam largar os estudos para cuidar da família e prover alimento aos filhos. Na comunidade do Porto da Manga, não tem escola, mas dois apartamentos alugados de uma pousada, pela Prefeitura de Corumbá, que oferece aulas do primeiro ao nono ano do Ensino Fundamental, e tem capacidade para atender cerca de 30 alunos. O cenário no qual estão inseridas as mulheres ribeirinhas, ainda é pouco abordado, seja no âmbito midiático quanto pelas políticas públicas, o que torna a temática relevante do ponto de vista jornalístico, que atua com o propósito de reproduzir e dar visibilidade à luta destas mulheres por melhores condições de vida.


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2.3 – Narrativa longform para Web e o gênero narrativo-descritivo A primeira geração do jornalismo na Web constituiu-se num modelo transpositivo, ou seja, não havia preocupação em explorar as potencialidades da plataforma, o padrão do jornalismo impresso era mantido, reportagens pouco visuais e muito textuais. Na segunda geração, o jornalismo na Web começa a fazer uso do hipertexto, com a distribuição de hiperlinks, mas que não tinham como finalidade a contextualização da reportagem ou mesmo o enriquecimento de informações. Já na terceira geração, os ciberjornais se diferenciam das versões impressas, para mostrar inovação ao leitor, e surgem as novas narrativas jornalísticas, que exploram as potencialidades

da

web,

identificadas

como

multimidialidade,

interatividade,

hipertextualidade, entre outras. Segundo Salaverría (2014, p. 32), “face às limitações de multimidialidade dos meios analógicos anteriores, a Web oferece uma plataforma de enorme versatilidade para a integração de formatos textuais, gráficos e audiovisuais”. Desta opinião compartilha Canavilhas (2014a), que aponta os elementos diferenciadores da reportagem na Web como “a possibilidade de usar todo o tipo de conteúdos (texto, imagem fixa, imagem em movimento, som) e de ligar estes conteúdos através de hipertexto, criando vários percursos de leitura [...]” (CANAVILHAS, 2014a, p. 7). A narrativa longform para Web, formato escolhido para o desenvolvimento deste

projeto

experimental,

tem

o

poder

de

apuração,

contextualização

e

aprofundamento (LONGHI; WINQUES, 2015). Isto porque o texto longo, somado as características da Web, permite a narrativa ir além dos tradicionais métodos de apuração do jornalismo diário. Segundo Longhi (2014), longform é o formato marcado pela leitura vertical, dado pela barra de rolagem, que permite imersão do leitor na narrativa, e onde a horizontalidade ocorre somente na divisão da reportagem por temáticas. As narrativas consideradas longform têm entre 10 a 20 mil palavras, além de outros elementos (fotos, vídeos, infográficos) e, portanto, propõem uma leitura mais lenta e um leitor mais disposto a dedicar tempo para a mesma (LONGHI; WINQUES, 2015). A instantaneidade das informações na internet tornou os leitores da Web menos dispostos as longas narrativas e, por isso, o uso do hipertexto revela ser


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necessário no formato longform. Diferente do jornalismo tradicional, para o texto na web é considerado o modelo de pirâmide deitada, criada por Canavilhas (2013). Esta estrutura de narrativa possui níveis de informação ligados por hiperlinks internos “que permitem ao leitor seguir diferentes percursos de leitura que respondam ao seu interesse particular” (CANAVILHAS, 2014, p.13). O modelo mantém uma hierarquização de importância, mas oferece também um relativo grau de liberdade ao leitor, que pode ler diferentes partes das narrativas em diferentes dias ou horários, por exemplo. Além da utilização de hipertexto, a narrativa para Web explora outras potencialidades a fim de atrair a atenção do leitor. Para este trabalho, é considerado o uso da hipermídia, que entende a noção do hipertexto ao incluir a informação visual, sonora, entre outros. No entanto, não é considerado para esta narrativa o conteúdo transmídia, aqui compreendido como a definição feita por Jenkins (2009):

Uma história transmídia desenrola-se através de múltiplas plataformas de mídia, com cada novo texto contribuindo de maneira distinta e valiosa para o todo. Na forma ideal de narrativa transmídia, cada meio faz o que faz de melhor – a fim de que uma história possa ser introduzida num filme [...] (JENKINS, 2009, p. 138)

O produto explora o espaço ilimitado e global da Web e permite apresentar o conteúdo por diferentes formatos jornalísticos como os vídeos, textos, fotografias e infografias, mas não contempla o uso de múltiplas plataformas, isto é, não se adotam distintos meios, como blogs e as redes sociais, para dispor diferentes partes da narrativa:

Una reflexión sobre el Periodismo Transmedia es que viene a ser una forma de lenguaje periodístico que contempla, al mismo tiempo, distintos medios, con diversos lenguajes y narrativas a partir de muchos medios dirigidos a diferentes usuarios y todo esto gracias a la interactividad del mensaje. Por tanto, se adoptan recursos audiovisuales, interactivos y de movilidad y su difusión a partir de distintos medios, como los blogs y las redes sociales (RENÓ; FLORES, 2012, p. 16).

Por isso, é utilizado o termo longform para a narrativa que será construída sobre as mulheres do Porto da Manga. No que se refere à tipologia, o gênero narrativo-


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descritivo, é outro elemento que contribui para tornar a narrativa mais atraente ao leitor, e ao mesmo tempo valoriza os relatos das personagens. Segundo Coimbra (1993), o texto narrativo-descritivo tem por objetivo enaltecer as histórias, explorando a riqueza dos casos referentes ao tema proposto, a fim de propiciar ao leitor uma experiência aprofundada do conteúdo. Deste modo, são contempladas pelo texto descritivo as experiências vividas pelas personagens, assim como os elementos característicos de sua identidade. No capítulo I, “Água que corre entre pedras”, o texto descritivo contempla as características físicas da personagem Maria do Carmo, as posturas e modos de falar, o comportamento, além das paisagens trazidas para a imaginação do leitor. Para Coimbra (1993), a forma de agir da personagem também revela características suas, assim como, as palavras pronunciadas por ela. Criado (2006) aponta a maneira de falar da personagem como instrumento fundamental para valorizar os setores da sociedade excluídos econômica e culturalmente. E, para dar mais autenticidade às falas, os travessões são utilizados, fugindo do texto rotineiro (MEDINA, 2008). Nos capítulos II e III, “Independência tem algemas” e “O mundo meu é pequeno”, são narradas histórias de cinco personagens que têm seu reconhecimento pela comunidade, na luta pela garantia dos direitos das mulheres ribeirinhas, que tiveram

suas

vidas

condicionadas

a

insalubridades

rotineiras,

presentes

na

precariedade do trabalho e de moradia. Também é explorada a descrição de lugares, nos quais estas mulheres viveram e trabalharam, a fim de ambientar o leitor e permitir uma maior proximidade com a realidade retratada. No ultimo capítulo, “Ontem choveu no futuro” é explorada a descrição de uma única personagem, peculiar, que traz em seus depoimentos as relações com a natureza, como a comunidade se adequa aos períodos do Pantanal, a presença de animais, e como adquirem os conhecimentos sobre a flora local para medicação caseira. A narrativa é conduzida pelas histórias compartilhadas, que formam o cotidiano das ribeirinhas do Porto da Manga. Todos os elementos explorados pela narrativa longform, para a Web, permitem a imersão do leitor no cotidiano destas mulheres, a fim de proporcionar uma


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melhor compreensão sobre as lutas pela garantia de seus direitos, como melhores condições de trabalho e moradia, assistência básica à saúde e educação.


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3. CONSIDERAÇÕES FINAIS A temática apresentada neste projeto experimental mostrou-se cada vez mais relevante conforme eram realizadas as etapas de levantamento bibliográfico, pesquisas e entrevistas. Existem poucos estudos sobre a comunidade ribeirinha e as mulheres da região, e na pouca visibilidade que o tema ganha em âmbitos midiáticos, são desconsideradas as dificuldades enfrentadas pelas mulheres como consequência da falta de políticas públicas. Durante o processo de estruturação do trabalho, foi notada que a representação das mulheres ribeirinhas pelas mídias tradicionais, principalmente, pelos veículos de televisão do estado de Mato Grosso do Sul, é carente de uma contextualização mais abrangente do cotidiano. Isto é, as mulheres são representadas pelas imagens que revelam sua força perante os desafios da natureza e os saberes que detêm sobre o meio ambiente, em detrimento das condições de insalubridade a qual estão condicionadas, a dupla jornada de trabalho, falta de moradia adequada, acesso a educação e serviços de saúde. Com a realização das pesquisas e estudo bibliográfico, e as coletas de dados por meio das entrevistas, o horizonte da temática foi expandido e colaborou para produzir uma narrativa que contempla questões históricas, culturais e econômicas, que muito interferem na construção e reconstrução da vida das mulheres ribeirinhas. O diálogo estabelecido com as ribeirinhas fez com que a elas tivessem maior confiança para compartilhar suas mais belas, tristes e difíceis histórias. As entrevistas desenrolaram melhor que o esperado, não houve resistência por parte das mulheres, que se prontificaram a contribuir com a narrativa. Além disso, perceberam a oportunidade de fazer denúncias dos modos de vida a que estão submetidas, dando voz ao trabalho, que mostra a luta destas pelo reconhecimento de seus direitos. A apresentação das históricas pelo formato longform possibilitou que o conteúdo fosse disponibilizado ao leitor de forma mais contextualizada e, além disso, mais próximo à realidade. As fotografias, os áudios, infográficos e ilustrações contribuíram para destacar aspectos do cotidiano e aprofundar questões pertinentes que envolvem as dificuldades rotineiras.


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Por fim, a oportunidade de conhecer a fundo o cotidiano das ribeirinhas permitiu compreensões sobre diversos aspectos da vida pantaneira, entre eles, as formas de trabalho, as condições de moradia, o relacionamento com a natureza e com os turistas, além das relações sociais, entre os membros da comunidade. Os desafios encontrados durante o processo de produção do trabalho foram, ao final, gratificantes, contribuindo, e muito, para um amadurecimento profissional e do olhar jornalístico para questões sociais, principalmente, as que envolvem mulheres nos limites da sobrevivência e que necessitam dar visibilidade a luta diária, para garantir os mínimos direitos adquiridos e também para conquistar outros direitos fundamentais.


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4. REFERÊNCIAS ABREU, Alice Rangel de Paiva; HIRATA, Helena; LOMBARDI, Maria Rosa (Orgs). Gênero e trabalho no Brasil e na França: perspectivas interseccionais. Tradução Carol de Paula. 1. ed. São Paulo: Boitempo, 2016. BARROS, Manoel de. O livro das ignorãças. 3ª ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1993. CANAVILHAS, João. Hipertextualidade: Novas arquiteturas noticiosas. In: CANAVILHAS, João (Org). Webjornalismo: 7 características que marcam a diferença. Covilhã, Pt: Livros Labcom, 2014a. Disponível em <http://www.livroslabcom.ubi.pt/book/121> Acesso em: 12 de jan. de 2016. CANAVILHAS, João (Org). Webjornalismo: 7 características que marcam a diferença. Covilhã, Pt: Livros Labcom, 2014b, p. 1-24. Disponível em: http://www.livroslabcom.ubi.pt/book/121 Acesso em: 02 de jan. de 2016. COIMBRA, O. O texto da reportagem impressa: um curso sobre sua estrutura. São Paulo: Ática, 1993. CRIADO, Alex. Falares: a oralidade como elemento construtor da grande- reportagem. 2006. 144 f. Tese (Doutorado em Ciências da Comunicação). Escola de Comunicações e Artes, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2006. DANIEL, Camila. O trabalho e a questão de gênero: a participação de mulheres na dinâmica do trabalho. In: O Social em Questão - Ano XIV - nº 25/26. 2011. Disponível em: <http://osocialemquestao.ser.puc-rio.br/media/17_OSQ_25_26_Daniel.pdf> Acesso em: 10 de out. de 2016. ECOA. Ecologia e Ação. Porto da Manga. 2005. Disponível <http://riosvivos.org.br/pantanal/desenvolvimento-integral-de-comunidades2/comunidades-do-pantanal/porto-da-manga/> Acesso em: 11 de nov. De 2016.

em:

_____. Ecologia e Ação. Porto da Manga. 2014. Disponível em:<http://riosvivos.org.br/comunidades/comunidades-tradicionais-comunidades/portoda-manga/> Acesso em: 11 de nov. De 2016.

FARIA, Alcides; NICOLA, Rafaela. Pantanal. In: Almanaque Brasil Socioambiental. São Paulo, out. de 2007. p. 177 – 188. JENKINS, Henry. Cultura da Convergência. Tradução Suzana L. de Alexandria. 2ª ed. São Paulo: Aleph, 2009.


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LONGHI, Raquel. O turning point da grande reportagem multimídia. In: Revista Famecos. Porto Alegre, v. 21, n. 3, setembro-dezembro 2014. p. 897-917. Disponível em: <http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/revistafamecos/article/view/18660> Acesso em: 05 de mar. de 2016. LONGHI, Raquel; WINQUES, Kérley. O lugar do longform no jornalismo online. Qualidade versus quantidade e algumas considerações sobre o consumo. In: Estudos de Jornalismo do XXIV Encontro Anual da Compós. Universidade de Brasília: Brasília, 2015. Disponível em: <http://www.compos.org.br/biblioteca/compos-20153c242f70-9168-4dfd-ba4c-0b444ac7347b_2852.pdf> Acesso em: 06 de mar. de 2016. MEDINA, Cremilda. Ciência e jornalismo: da herança positivista ao diálogo dos afetos. São Paulo: Summus, 2008. MEDINA, Cremilda. Entrevista: O diálogo possível. São Paulo: Ática, 1995. ORTIZ, Luiz. O turismo de pesca na comunidade do Porto da Manga. São Paulo, 27 nov. 2013. Disponível em: <http://blog.pucsp.br/tgetica/2013/11/27/o-turismo-de-pescana-comunidade-do-porto-da-manga-corumbams/> Acesso em: 03 de mar. De 2016. PALACIOS, Marcos. Ruptura, continuidade e potencialização no jornalismo online: o lugar da memória. IN: MACHADO, Elias; PALACIOS, Marcos. Modelos de jornalismo digital. Salvador: CNPq, 2003. cap. 1, p. 13-36. RENÓ, Denis. FLORES, Jesús. Periodismo transmedia. Madrid: Editorial Fragua, 2012. RIBEIRO, Mara Aline dos Santos. Entre os ciclos de cheias e vazantes a gente do Pantanal produz e revela geografias. Campinas, SP. 2014. Disponível em: <http://www.bibliotecadigital.unicamp.br/document/?code=000936149> Acesso em: 05 de out. de 2016 RIBEIRO, Mara Aline dos Santos; MORETTI, Edvaldo César. Globalização e tecnologia: olhares do Pantanal para o mundo - DOI 10.5216/ag.v8i2.25698. Ateliê Geográfico, [S.l.], v. 8, n. 2, p. 92-107, maio 2014. ISSN 1982-1956. Disponível em: <https://revistas.ufg.br/atelie/article/view/25698/17134>. Acesso em: 01 jun. 2016. SALAVERRÍA, Ramon. Multimedialidade: Informar para cinco sentidos. In: CANAVILHAS, João (Org). Webjornalismo: 7 características que marcam a diferença. Covilhã, Pt: Livros Labcom, 2014. Disponível em <http://www.livroslabcom.ubi.pt/book/121> Acesso em: 12 de jan. de 2016. SIQUEIRA, André Luiz. Entrevista concedida a Iasmim Amiden dos Santos. Campo Grande, MS. 01 de mar. de 2016.


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YANNOULAS, Silvia Cristina; VALLEJOS, Adriana Lucila; LENARDUZZI, Zulma Viviana. Feminismo e Academia. V. 81, n 199, p. 425 – 451, Brasília: R. Brás. Est. Pedag., set/dez 2000. ZANNATA, Jacir Alfonso. Gemido dos excluídos: A construção social do adoecimento. 2012. Dissertação (Mestrado). Universidade Católica Dom Bosco, Campo Grande, MS.


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5. ANEXOS


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33


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6. APÊNDICES 6.1 – Roteiros de perguntas

Roteiro de perguntas para a pesquisadora Mara Aline Ribeiro, (especialista em estudos de Geografia do Pantanal e gente pantaneira):

1. Durante a pesquisa realizada para sua tese (Entre os ciclos de cheias e vazantes a gente do Pantanal produz e revela geografias), a figura feminina teve algum destaque na contextualização socioeconômica das comunidades por você visitadas no Pantanal?

2. Como foi identificado o papel da mulher na família pantaneira? A mulher é também provedora do lar?

3. Os cuidados familiares persistem como responsabilidade única e exclusiva da mulher?

4. O reencantamento com a natureza, do qual você trata em sua tese, é consequência da apropriação do mercado turístico. Até onde este ponto é positivo ou negativo para as populações ribeirinhas?

5. Como você identifica e caracteriza as retratações da mulher pantaneira e suas realidades locais pela mídia em geral?

6. Quais os impactos decorrentes da homogeneização mundial, disseminada nos discursos sobre globalização, nas comunidades pantaneiras visitadas?

7. Dos problemas decorrentes da ascensão do turismo, quais tiveram mais consequências no modo de vida da gente pantaneira?


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8. A urbanização das relações sociais trouxe problemas do mundo moderno (como o alcoolismo)?

9. Nas comunidades visitas, é notável o uso das tecnologias para comunicação, ferramenta de trabalho, lazer, etc.?

10. As tecnologias revelam um avanço neste meio ou apenas colaboram para deixar as comunidades a par das transformações, sem incluí-las nos reais processos de desenvolvimento?

11. O debate em torno da conservação de populações ribeirinhas mostra-se necessário diante as práticas de exclusão social na qual estão submetidas. Você fala sobre uma vida com melhores condições nas cidades, nas quais a gente pantaneira não consegue se instalar devido a falta de oportunidades de trabalho. Em sua opinião, estas pessoas devem sair do Pantanal para adquirir melhores condições de vida? Ou o poder público deve atuar de modo a manter e preservar estes povos tradicionais?

Roteiro de perguntas para as mulheres ribeirinhas do Porto da Manga:

1. Qual seu nome completo e sua idade?

2. Há quanto tempo mora no Porto da Manga?

3. Possui formação básica (Ensino Fundamental)? Onde foi alfabetizada?

4. Antes de trabalhar como isqueira, quais atividades remuneradas já desempenhou?


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5. Como foi sua chegada à região? Veio em busca de trabalho ou precisou acompanhar alguém?

6. Tem filhos? (Se sim, quantos?).

7. Seus filhos estudam? Qual escola frequentam?

8. É casada? Qual a profissão do seu marido? Ele ajuda nos trabalhos domésticos?

9. Como é um dia típico para você?

10.

Como funciona a coleta? Quais ferramentas de trabalho e de

segurança que você utiliza?

11.

Já se acidentou durante a coleta de isca-viva? (Se sim, conte como

foi).

12.

Como é sua relação com a natureza que circunda a comunidade?

Não tem medo de bichos?

13.

Durante os períodos de cheia, há aumento do risco de ataque de

animais?

14.

Como é o trabalho de coleta na época da seca e da cheia?

15.

Qual o melhor período do ano para coletar as iscas?

16.

Como as iscas são vendidas aos turistas? São vendas diretas ou

são revendidas por terceiros?


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17.

A qual valor vendem a unidade de isca-viva? É suficiente para

prover a renda família por um mês?

18.

Qual o valor médio que chega a conseguir com as vendas?

19.

Em época de piracema, quais atividades desempenham para

geração de renda?

20.

Quais assistências recebem do poder público? Recebem cuidados

médicos? Como fazem se precisam de um hospital?

21.

Quem construiu a sua casa em que mora? É adequada para os

períodos de cheias?

22.

Você tem vontade de mudar para o meio urbano? Por quê?

Roteiro de perguntas para consultoras da Ecoa sobre o projeto “Rede de Mulheres Produtoras do Cerrado e Pantanal”:

1. Como funciona o Projeto?

2. Quantas capacitações foram realizadas na comunidade do Porto da Manga?

3. O que foi passado às mulheres durante as capacitações?

4. O projeto continuará a existir? Como foram articuladas as formas de financiamento?


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5. Como se deu a criação da Associação de Mulheres Extrativistas do Porto da Manga?

6. Quais características peculiares vocês identificam no trabalho desenvolvido por estas mulheres?

7. Como é feita a coleta de frutos do Pantanal para a produção dos alimentos?

8. Quais os alimentos mais produzidos? Quais são os mais rentáveis?

9. Qual a renda que as mulheres conseguem levantar com a venda dos produtos?

10. Quais foram os benefícios proporcionados às mulheres por meio do projeto?


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