Na linha dos três - História do time de voleibol da copagaz (1984-1987) | Carlos Yukio Kamiyama

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL FACULDADE DE ARTES, LETRAS E COMUNICAÇÃO CURSO DE JORNALISMO

NA LINHA DOS TRÊS HISTÓRIA DO TIME DE VOLEIBOL DA COPAGAZ (1984 – 1987)

CARLOS YUKIO KAMIYAMA FILHO

Campo Grande NOVEMBRO/2018


NA LINHA DOS TRÊS HISTÓRIA DO TIME DE VOLEIBOL DA COPAGAZ (1984 - 1987)

CARLOS YUKIO KAMIYAMA FILHO

Relatório apresentado como requisito parcial para aprovação na disciplina Projeto Experimental II do Curso de graduação em Jornalismo da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul.

Orientador: Prof. Dr. Hélio Augusto Godoy de Souza



SUMÁRIO Resumo

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Introdução

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1. Atividades desenvolvidas

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1.1 Execução

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1.2 Dificuldades encontradas

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1.3 Objetivos alcançados

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2. Suportes teóricos adotados

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2.1 Jornalismo Esportivo

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2.2 Voleibol

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2.3 Documentário

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Considerações finais

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Referências

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Apêndice

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RESUMO: Este documentário audiovisual narra a história do time de voleibol da Copagaz na cidade de Campo Grande – MS, durante os anos de 1984 a 1987, por meio de personagens da época, como jogadores, técnicos e participantes da Federação de Voleibol de Mato Grosso do Sul (FVMS), embasado em imagens, fotos de acervo e entrevistas. No período resgatado, o time alcançou em sua primeira participação nacional no ano de 1984, um resultado positivo inesperado: O título da Copa Brasil. Mas após três anos, a equipe decaiu e terminou suas atividades ao não alcançar mais conquistas expressivas. O filme de duração de 22 min é inteiramente filmado com smartphone.

PALAVRAS-CHAVE: comunicação – jornalismo esportivo – documentário – voleibol – Copagaz – Campo Grande.


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INTRODUÇÃO

O produto desenvolvido é um vídeo documentário que resgata a história do time de voleibol da Copagaz na cidade de Campo Grande – MS na década de 1980, mais especificamente a época áurea do voleibol campo-grandense entre os anos de 1984 e 1986. A Copagaz de Campo Grande fez frente e se equiparou a grandes equipes do voleibol nacional como os times da Pirelli, Minas e Bradesco no Campeonato Brasileiro. A narrativa é desenvolvida a partir de depoimentos de personagens da época e embasada em imagens e fotos de acervo. No período estudado, a capital sul mato-grossense possuía um representante de nível alto no Campeonato Brasileiro Voleibol, uma das competições de maior relevância do país: o time Copagaz/Campo Grande. O grupo teve seu ápice logo no primeiro ano que começaram os treinos, em maio de 1984, e se mostraram para o Brasil durante o mesmo ano com jogadores novos, com a média de 17 anos de idade, chegando a serem apelidados como o “Cometa do Centro-Oeste” por publicações da época. Na temporada de 1985/1986, o grupo chegou ao inédito terceiro lugar do Campeonato Brasileiro de Clubes, perdendo a semifinal para o time da Pirelli, do treinador José Carlos Brunoro, então técnico da Seleção Brasileira. Devido ao destaque da equipe que era financiada pela empresa de gás Copagaz, Fábio Zahran, diretor geral da TV Morena e então presidente da Copagaz, a cidade fomentava o esporte e sediava jogos nacionais com público que ultrapassava a quantidade de espectadores de jogos clássicos de futebol, como duelos entre o Esporte Clube Comercial e o Operário Futebol Clube, tradicionais na região, mas que haviam entrado em decadência no início dos anos 1980. Os jogos eram televisionados e abertos para o deleite do público que vinha em tão grande escala, que os locais para a realização das partidas tiveram que ser cada vez maiores iniciando no Colégio MACE, passando para o Poli Esportivo Dom Bosco e culminando com a inauguração do Ginásio Guanandizão, que mesmo com a capacidade para 8.240 pessoas, era lotado de fãs da Copagaz e do vôlei. As partidas


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em Campo Grande ostentam até hoje o título de maior arrecadação da história do esporte, visto que os ingressos eram cobrados. Após se firmar como uma das 5 principais equipes do voleibol nacional, a Copagaz entrou em declínio devido, talvez, ao rápido e explosivo desenvolvimento crescente. Com as conquistas, o time, e os jogadores, foram se tornando mais caros, com salários de jogadores de alto nível do voleibol brasileiro, o que impossibilitava que continuassem no grupo. A migração levou grandes nomes como Pampa e Carlão, destaques convocados para a Seleção Brasileira, para outros clubes do Brasil. A saída de vários atletas que faziam parte da primeira e surpreendente leva de jogadores, fez com que o time decaísse tecnicamente e, consequentemente perdesse a expressividade no cenário nacional tornando-se o Copaza. A nova formulação não participou de campeonatos de grande porte e não obteve resultados expressivos, o que fez com o projeto acabasse e se tornasse o último emais expressivo ciclo do voleibol sul-mato-grossense com expressividade nacional.


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1- ATIVIDADES DESENVOLVIDAS: 1.1 Execução: Foi feita uma pesquisa de campo prévia para análise dos dados e entendimento do contexto histórico da época estudada, paralelamente a um embasamento teórico a respeito do produto escolhido (documentário), da temática abordada (voleibol), do gênero jornalístico especializado (jornalismo esportivo) e da metodologia utilizada (entrevista jornalística). Após, foi produzido um argumento narrativo para posteriormente ser utilizado como embasamento para a criação de um pré-roteiro, que se encontra em apêndice. Posteriormente, o pré-roteiro foi produzido com definições imagéticas e sonoras do que seria apresentado no documentário pronto. Paralelamente, foram buscados os materiais para que se tornasse possível o feitio do produto audiovisual a partir de um smartphone, como tripé e adaptador, microfone de lapela, adaptador de captação e reprodução de som, pau-de-selfie e aplicativo FiLMiC Pro para filmagens mais profissionais através do aparelho celular de marca IPhone. A partir do pré-roteiro produzido foram buscadas as imagens necessárias e realizadas entrevistas com os personagens do filme documentário para a elaboração da narrativa. A edição do produto foi feita pelo autor do trabalho exclusivamente em equipamento próprio e embasado pelo esqueleto proposto no pré-roteiro, havendo mudanças necessárias que se adequavam aos problemas encontrados. Finalizada a edição, o produto foi gravado em DVD-R da marca ELGIN com capacidade para 4,7GB e disponibilizado para os integrantes da banca avaliativa. 1.2 Dificuldades Encontradas A maior dificuldade encontrada advém de a necessidade do produto ser feito por apenas um pesquisador, com uma maior dificuldade nos momentos de entrevistas onde o pesquisador era obrigado a ser multitarefas e entrevistar a fonte ao mesmo


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tempo que era responsável pela mudança de ângulos na câmera do smartphone, mover o tripé, enquadramento, checagem de áudio, iluminação e foco, por exemplo. Optou-se, então, dar prioridade ao ato de entrevistar, seguindo a entrevista como diálogo e conversa e tornando o momento mais confortável para as fontes, que se mostravam nervosas perante um equipamento de filmagem, e mais fluído. Assim, as entrevistas foram feitas em um ângulo apenas, tendo como diferenciação os planos em Geral, Médio e Close. A quantidade limitada de imagens de acervo encontradas nas Instituições exploradas durante a pesquisa introdutória sobre o tema, como a Funesp, Fundesporte e Federação de Voleibol de Mato Grosso do Sul, também foi uma dificuldade, principalmente no que se trava de arquivos de vídeos. Os arquivos utilizados no produto foram cedidos pelas próprias fontes. Algumas definições do pré-roteiro tiverem que ser reformuladas devido a impedimentos externos, sendo o principal a não autorização da filmagem do interior do Ginásio Avelino dos Reis, popular Guanandizão, por motivos do mesmo estar passando por uma reforma, com o alegado objetivo de trazer o ginásio de volta ao cenário esportivo do estado, já que foi interditado em 2013. Outra dificuldade que limitou a abrangência do trabalho foi a impossibilidade de ter encontros presenciais com as fontes da equipe estudada, o que era o mais indicado para a formação da narrativa através de relatos e que manteria a qualidade da imagem, diferente de uma entrevista realizada pela internet. Esse item de impedimento ocorreu, pois, após o time diminuir seus investimentos, a maioria dos integrantes mudou-se para diversas partes do país, como Fortaleza – CE, São José do Rio Preto – SP, Rio de Janeiro – RJ e São Paulo – SP, entre outras localidades situadas a muitos quilômetros de distância, fazendo com que fosse necessária uma viagem de longo período para que fosse feita cada entrevista, o que se tornou impossível devido a rotina de trabalho do pesquisador em um jornal diário de Hard News. Outro fator que deve ser considerado é o desafio do pesquisador, escolhido por ele mesmo, de realizar a edição e montagem do documentário descrito neste relatório de maneira solitária e a partir de autodidatismo, já que os itens necessários para edição


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de vídeo não são ofertados nas disciplinas regulares obrigatórias do Curso de Jornalismo da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, apenas em optativas e de forma extremamente básica cabendo ao aluno o autodidatismo.

1.3 Objetivos Alcançados Pretende-se através do produto permitir que o espectador se comova com a narrativa reproduzida sobre a história do voleibol campo-grandense na década de 1980 proposta por este trabalho ao vivenciar a releitura dos acontecimentos pelas lentes das técnicas próprias do fazer documental. No início do projeto, o roteiro idealizado contava com mais imagens de apoio para a cobertura de OFFs e entrevistas, para tornar o documentário o menos cansativo possível. A filmagem seria feita de forma assistida por um colega que se dispusesse a ajudar o pesquisador com jogo de câmeras. A edição seria terceirizada para ser mais profissional. Mesmo que de forma mais limitada do que a esperada pelo pesquisador, a história do time de voleibol da Copagaz durante a época áurea do esporte na cidade de Campo Grande foi resgatada e relembrada pelas fontes presentes neste trabalho. As imagens esperadas, com vídeos e matérias jornalísticas, principalmente do Jornal Correio do Estado, foram cedidas via acervo pessoal dos entrevistados. As fontes, tanto pessoais quanto institucionais, se mostraram muito abertas a ajudar na realização do trabalho provendo o material necessário para pesquisa prévia, tornando-a mais satisfatória. O pesquisador sentiu a necessidade de encarar a dificuldade técnica e promover a edição a partir do básico e sozinho, visto que este Trabalho de Conclusão de Curso é resultado de um Projeto Experimental, havendo, por conseguinte, a necessidade de experimentação. A escolha tornou o resultado do documentário mais interessante e prazeroso.


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2 - SUPORTES TEÓRICOS ADOTADOS: 2.1 – Jornalismo Esportivo

O jornalismo esportivo começou a ter maior relevância nas coberturas com o decorrer do século XX. Segundo Paulo Vinicius Coelho (2006) no livro “Jornalismo Esportivo”, o advento do futebol no Brasil também foi um dos fatores decisivos para que o esporte no jornalismo se consolidasse. Os jornais dedicavam até a década de 1930 um espaço mínimo para o esporte que parecia já ser uma paixão do povo brasileiro, não por falta de interesse do público, mas por falta de espaço editorial. “Os jornais, no entanto, dedicavam aos esportes o espaço que lhes era possível. Evidentemente não havia na época a cultura dos grandes jornais de hoje, com cadernos inteiros dedicados aos esportes. ” (COELHO, 2006, p. 11) Entretanto, o jornalismo esportivo difere-se por ter a permissão de, na maioria das narrativas que produz, poder mesclar elementos da cinematográfica e do jornalismo literário. A conquista de um título, o passe perfeito que deu luz a uma vitória, a reviravolta no placar sempre foram base para a produção de narrações e histórias comoventes sobre esporte para o público. “A noção da realidade que o jornalismo esportivo carrega nos tempos atuais torna a cobertura esportiva tão brilhante quanto qualquer outra no jornalismo. O ponto chave é que muitas vezes, tal cobertura exige mais do que noção da realidade. ” (COELHO, 2006, p. 22)

Foi utilizado como referência dois documentários esportivos que resgataram histórias do voleibol a nível mundial, sendo eles: “As Espetaculares Garotas Caribenhas de Cuba | Arriba Cuba” (2018), a respeito da geração cubana do vôlei feminino dos anos 1990, que alcançou o tricampeonato olímpico e bicampeonato mundial de seleções consecutivamente, fato inédito até então. E o documentário “Ouro, Suor e Lágrimas” (2014), que trata da história da seleção feminina de voleibol do Brasil e a trajetória do grupo em busca do primeiro ouro olímpico em 2008 nas Olimpíadas de Pequim e o desafio de manter o título na edição de 2012, em Londres.


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Ambos os documentários tratam de registro de relatos e imagens de acervo sobre conquistas relacionadas ao esporte, tornando assim, moldes para inspiração de como tratar a temática no âmbito regional em Mato Grosso do Sul.

2.2 - Voleibol

A escolha do esporte como tema advém da familiaridade do pesquisador com o mesmo e também do fascínio pela recente profissionalização do esporte no Brasil e o sucesso da modalidade a partir dos anos 1980 em função da espetacularização feita pela mídia. Como descrito por Wanderley Marchi Júnior (2004, p. 135) no livro “Sacando o Voleibol”: À mídia é atribuída a função de aproximar os leitores e telespectadores dos eventos esportivos aos principais personagens que compõem o espetáculo esportivo, ou seja, os atletas. Esses, por sua vez, transformam-se rapidamente em ídolos e transmissores de mensagens e estereótipos, dotados de potencial de consumo enraizado na cultura esportiva de massas. Essa potencialidade, aliada às imagens e performances vitoriosas do Voleibol, foi circunstancialmente percebida pelas agências especializadas em marketing. (Marchi Júnior 2004, p.135)

Essa problemática pode ser confirmada nos dias atuais visto que jogadores que alcançaram o auge do esporte sendo campeões olímpicos, por exemplo Jaqueline Carvalho, Thaísa Menezes, Sheilla Castro, Gilberto “Giba” Godoy, são considerados celebridades e heróis da pátria pelo público fanático em função da espetacularização dada a eles e aos jogos pela mídia. No Mato Grosso do Sul, o voleibol começou a se tornar expressivo a partir da década de 1960, quando a federação ainda fazia parte do sul do estado de Mato Grosso. Como documentado por Wilson Anderson de Almeida e Valmir Moisés Rabel (2014, p. 18) no livro “Regaste da História do Voleibol de Mato Grosso do Sul Sonhos... Histórias... Jogos...”: Nessa época, a participação do Sul do Estado Mato Grosso em atividades esportivas foi muito reduzida. Ficando limitado a algumas edições dos Jogos Estudantis e Universitários, logicamente isso nos gerou a impressão de que a época foi fraca para o esporte regional. (Almeida e Rabel, 2014, p. 18)


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As equipes, assim, até a década de 1980 eram formadas por estudantes de escolas e universidades que chegaram, na Era Pimentel1 durante os anos 1960 e 1970, a participar de Jogos no interior do estado de SP. Como exemplo, a equipe da tradicional escola da Capital, Maria Constança, que fortaleceu a educação física como disciplina escolar na época, ter conquistado títulos dos Jogos Noroestinos em cidades do interior paulista, como Andradina, Birigui e Bauru. O time da cidade de Campo Grande também alcançou renome durante a época sendo campeão, tanto no feminino quanto no masculino, sagrando-se nos Jogos Abertos do Interior de São Paulo, no qual cada cidade tem uma equipe representante nas modalidades esportivas. A hoje Capital sul-mato-grossense, conquistou o topo do pódio nas edições de 1956 e 1962, ficando acima de Santos, Campinas e Uberlândia. A representatividade do esporte como profissão só passou a existir durante a década de 1980, na qual este trabalho tem como recorte o período de 1984 a 1987. Durante os anos 1980, empresários regionais, com apoio da Confederação Brasileira de Voleibol (CBV), decidiram criar uma equipe, a Copagaz, para descentralizar o esporte do eixo Rio de Janeiro – São Paulo – Minas Gerais, apostando no potencial técnico mostrado pelas equipes nos Jogos Regionais.

2.3 – Documentário

O produto escolhido para este trabalho foi o documentário audiovisual não ficcional. Este produto busca representar, e não reproduzir, a realidade através de características e técnicas próprias do formato, como a utilização de não atores, câmeras portáteis, improvisação, entrevistas, cortes de imagens para produzir narrativas e imagens de arquivo. Bill Nichols (2001) em “Introdução ao Documentário” traz uma apresentação didática e de leitura convidativa e salienta a dificuldade de definir o gênero documentário. Ainda, Nichols fala sobre como diferir o formato de outros tipos de filmes 1

Período iniciado em 1948 pelo militar e professor de Educação Física Alcídio Pimentel com a criação da primeira Seleção Feminina de Voleibol de Mato Grosso do Sul. Pimentel fazia parte do corpo docente do colégio Maria Constança Barros Machado desde 1946 e incentivou a prática do voleibol e mesclou a cultura escolar com a cultura esportiva na cidade de Campo Grande. Com o sucesso das equipes em competições regionais e nacionais, os jogos se tornaram espetáculos esportivos para a população. (Almeida e Rabel, 2014, p.22-29 )


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através de quatro ângulos diferentes, o que os dá uma voz ímpar e de quais temáticas os documentários tratam corriqueiramente. O primeiro dos ângulos descritos por o Nichols é a estrutura institucional que, na maioria das vezes, está por trás dos produtos. Características próprias de produções cinematográficas de instituições conhecidas, como o voz-over (voz sobre imagem), por exemplo, fazem com que o telespectador entenda o produto como documental, devido a valorização da narrativa. Nichols ainda diz que: O comentário em voz-over, às vezes poético, às vezes fatual, mas quase onipresente, era uma convenção bem-estabelecida nas unidades de produção de filmes patrocinadas pelo governo e lideradas por John Grierson na Inglaterra dos anos 30. E o equilíbrio jornalístico de não tomar partido abertamente, mas nem sempre no sentido de cobrir todos os pontos de vista possíveis, prevalece nas divisões de notícias das redes de televisão até hoje. (NICHOLS, 2001, p.51)

O segundo ângulo desenvolvido por Nichols é o da comunidade profissional. Segundo

o

autor, os

cineastas de

documentário

compartilham

entre

si a

responsabilidade de representar o mundo real, e não criar mundos alternativos como os diretores de ficção. “Debatem questões sociais, como efeito da poluição e a natureza da identidade sexual, e exploram assuntos técnicos, como a autenticidade de imagens de arquivo e as consequências da tecnologia digital” (NICHOLS, 2001, p.53) Das partes técnicas pode-se citar: entrevistas, gravação de som direto, cortes para introduzir imagens ilustrativas, comentário com voz onipresente, entre outros. Já na lógica, o autor exemplifica com a informativa onde, no decorrer da narrativa é proposto um problema e no fim, sua possível solução que é estimulada ao espectador. A lógica que organiza um documentário sustenta um argumento, uma afirmação ou uma alegação fundamental sobre o mundo histórico, o que dá ao gênero sua particularidade. Esperamos nos envolver com filmes que se envolvem com o mundo. Esse envolvimento e essa lógica liberam o documentário de algumas das convenções que ele se fia para criar um mundo imaginário. (NICHOLS, 2001, p.55)


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O autor salienta que os modos de fazer cinema documentário (sendo os principais: poético, expositivo, observativo, participativo, reflexivo e performático) e seus textos fazem que se possa discutir o formato com um gênero que se divide em movimentos, estilos e épocas distintas. “Nesses termos, o documentário mostra-se um dos gêneros mais duradouros e variados, com muitos enfoques diferentes para o desafio de representar o mundo histórico”. (NICHOLS, 2001, p.63-64). Pretende-se então utilizar-se dos modos expositivo e participativo.


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3 - CONSIDERAÇÕES FINAIS: O trabalho concluído foi de ótimo aprendizado tanto teórico quanto técnico de uma área do jornalismo não explorada pelo pesquisador de antemão, mas extremamente interessante com o documentário e o jornalismo esportivo entrelaçados. A produção técnica e a experiência extraclasse também foi crucial para a formação acadêmica ao mostrar como montar um produto midiático de resgate histórico do zero a partir de pesquisa jornalística e apuração de dados. Na primeira etapa, foram colocadas em práticas habilidades adquiridas na disciplina de Pesquisa Jornalística, ministrada durante o 5º período do Curso de Jornalismo. Essa fase foi de imprescindível necessidade para o decorrer da produção para que fosse criado uma ambientação contextualizada e fiel à realidade. O processo de construção do documentário, tanto na produção das filmagens e entrevistas, quanto na montagem e edição do produto final, também foi de grande contribuição à formação do pesquisador visto que várias barreiras, como a timidez, a insegurança e a falta de técnica e experiência com a produção audiovisual, tiveram que ser quebradas para que o resultado final fosse coerente com o desejado. O resultado satisfatório parte desta premissa, e também, claro, do resgate feito com sucesso da história do time de voleibol do Copagaz Campo Grande, que necessitava de um registro histórico em vídeo com depoimentos que relembrassem a sociedade como o esporte voleibol teve uma história única e uma época áurea no Mato Grosso do Sul e no Brasil.


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4 - REFERÊNCIAS BETTI, Mauro. Copa do Mundo e Jogos Olímpicos: Inversionalidade e Transversalidades na Cultura Esportiva e na Educação Física Escolar. UFSC, Florianópolis – SC. Junho/Dezembro 2009. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/motrivivencia/article/view/2175-8042.2009n3233p16/14104 . Acesso em: 25/04/2018 COELHO, Paulo Vinicius. Jornalismo Esportivo. Coleção Comunicação. São Paulo. 3ª Edição. Editora Contexto. 2006. MEDINA, Cremilda. Entrevista: O diálogo possível. São Paulo. Ática, 1995. MARCHI JÚNIOR, Wanderley. “Sacando” o Voleibol” São Paulo. Editora Huci-tec. 2004. NICHOLS, Bill. “Introdução ao Documentário”. Campinas – SP. 2012. 5ª edição. OLYMPIC. “As Espetaculares Garotas Caribenhas de Cuba | Arriba Cuba” (The Story of the Best Volleyball Team in Olympic History | Arriba Cuba). Youtube. Junho/2018. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=nIZytAY_0Uw&t=610s . Acesso em: 27/06/2018. OYAMA, Thaís. A Arte de Entrevistar Bem. Coleção Comunicação. São Paulo. 3ª Edição. Editora Contexto. 2015. SROULEVICH, Helena. Ouro, Suor e Lágrimas. Documentário. Lagoa Filmes. 2015. RABEL, Valmir Moises; DE ALMEIDA, Wilson Anderson. “Resgate histórico do voleibol de Mato Grosso do Sul – Sonhos... Histórias... Jogos...”. 2014.


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5 - APÊNDICES Argumento2 produzido para a pré-produção do documentário: “Na Linha dos Três: A história do time de voleibol da Copagaz entre os anos de 1984 e 1987

A cidade de Campo Grande surpreende pela quantidade de grupos que se formam para praticar um esporte: o voleibol. Em vários lugares da cidade há quadras, escolas e ginásios onde pessoas se juntam para jogar em níveis técnicos diferentes, mas todos com a mesma paixão por esse esporte. Toda quadra, algum dia da semana, tem um quicar de bola, um saque, um toque, um bloqueio. Todas menos uma: o ginásio Avelino dos Reis, O Guanandizão. O ginásio, interditado desde 2013, já foi palco de disputas espetaculares antes de cair no esquecimento entrando para o clube dos elefantes brancos de Campo Grande. Na quadra sintética suja pela sujeira dos pombos, muitos sul-mato-grossenses se sentaram nas cadeiras agora enferrujadas para assistir a um time em especial que se sobressaiu no cenário nacional: O Copagaz. Na década de 1980, o ginásio ficava lotado para os jogos do Copagaz no Campeonato Brasileiro de Clubes de vôlei. Eram grandes jogos contra equipes como Pirelli, Minas, Atlântica/Boavista, as maiores do Brasil na Modalidade. Foi aqui que surgiram Carlão e Pampa, jogadores que ajudaram o Brasil a conquistar a medalha de ouro olímpica em 1992. Pampa, Serginho, Marcelo, Bozó, Galina, Pézão, Mario Marcio e Tigresa fizeram parte do time que trouxe o terceiro lugar inédito na Copa do Brasil de 1985 para o Mato Grosso do Sul, atrás apenas da campeã do Mundial Pirelli e do Bradesco, e na frente do Campeão de 1984, o Minas Tênis Clube. Tudo isso na primeira competição de nível nacional. Entre as duas partidas de semifinais da Copa Brasil deste mesmo ano, mais de 15.000 pessoas se reuniram no Guanandizão, fazendo com que o clube faturasse 120 2

Texto com características narrativas feito com suposições de como será o esqueleto do documentário antes da captação de imagens e entrevistas; protótipo.


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milhões de cruzeiros, a maior arrecadação do país e 10 vezes maior do que dos times de futebol. Quantas pessoas foram tocadas por essa geração que eclipsou o futebol, um dos esportes mais fortes do estado e que entrava em decadência no começo da década de 1980? Quantos jogadores nasceram e sucederam esses anos dourados do voleibol sul-mato-grossense e foram inspirados por esses heróis? No centro da Capital, bem perto do Obelisco construído para homenagear o fundador da cidade José Antônio Pereira, o ex-jogador Jeferson Pézão, um dos remanescentes da época, mantém uma escolinha de voleibol por onde já passaram, e ainda passam, várias gerações de jogadores e jogadoras que têm o mesmo amor pelo esporte que ele e buscam o sonho que um dia ele alcançou. Na escolinha, onde treinam pessoas do infantil ao master, o som das bolas encaixando nas mãos e batendo no chão faz lembrar tempos em que o vôlei era uma febre da cidade e o Rádio Clube, maior ponto de encontro da época, que ficava vazio enquanto o Guanandizão se enchia de torcedores do “Copa”. O Copagaz conquistou o terceiro lugar em sua primeira participação nacional. Pergunta-se, então, o que mais motivou os atletas a abraçarem esse projeto e se doarem tanto para chegar a esse patamar. O que foi necessário? Quais sacrifícios tiveram de ser feitos? Quais eram os lados bons e os lados ruins de ter alcançado um patamar de nível tão alto nos campeonatos brasileiros? As limitações físicas para a época quando a preparação física não era tão forte quanto hoje? O momento mais marcante? Os títulos podem ter vindo há mais de 30 anos, mas as lembranças continuam frescas na memória, e nas quadras, onde esses mesmos heróis ainda jogam. A maior delas talvez seja a grande responsabilidade de um time do interior brasileiro de representar os torcedores de todo um Estado.


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Roteiro

NA LINHA DOS TRÊS: A HISTÓRIA DO TIME DE VOLEIBOL DA COPAGAZ ENTRE OS ANOS DE 1984 E 1987 IMAGEM SOM Abertura 1) Tela branca, fade in MÚSICA: My Peeps fade in 2) Pézão - PM MUSICA: My Peeps em BG FALA: Entrevista 3) Fade out, tela branca MÚSICA: My Peeps em BG 4) Tela branca, logo UFMS IDEM 5) Fade out, tela branca IDEM 6) Tigreza - PM MUSICA: My Peeps em BG FALA: Entrevista 7) Fade out, tela branca MÚSICA: My Peeps em BG 8) Tela branca, logo Jornalismo UFMS IDEM 9) Fade out, tela branca IDEM 10) Ney Magalhães - PM MUSICA: My Peeps em BG FALA: Entrevista 9) Fade out, tela branca MÚSICA: My Peeps em BG 10) Letreiro: Orientador IDEM 11) Fade out, tela branca IDEM 12) Tigreza - PM MUSICA: My Peeps em BG FALA: Entrevista 13) Fade out, tela branca MÚSICA: My Peeps em BG 11) Letreiro - Produção IDEM 12) Tela branca, fade out MÚSICA: My Peeps 13) Pézão - PM MUSICA: My Peeps em BG FALA: Entrevista 14) Fade in, tela azul marinho MÚSICA: My Peeps em BG 15) Letreiro: Na Linha dos Três IDEM 16) Letreiro: A História do Time de IDEM Voleibol da Copagaz Entre os Anos de 1984 e 1987 17) Fade out MÚSICA: My Peeps fade out Introdução - Campo Grande a Cultura do voleibol 18) Placa CAMPO GRANDE, Orla Ferroviária em PG 19) Av. Afonso Pena transito pesado, rush RUIDO: trânsito, carros passando PG FALA: A cidade de Campo Grande (...) 20) Conjunto de carros trafegando em PG RUIDO: IDEM FALA: IDEM 21) Jogo 1 em quadra 1 PG RUÍDO: Jogo, comemoração, encaixe de bola, tênis no chão


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22) Jogo 2 em quadra 2 PG

RUÍDO: IDEM FALA: O vôlei... 23) Jogo 3 em quadra 3 PG RUÍDO: IDEM FALA: IDEM 24) Jogo 1 em quadra 1 PM RUÍDO: IDEM FALA: IDEM 25) Jogo 2 em quadra 2 PM RUÍDO: IDEM FALA: IDEM 26) Jogo 3 em quadra 3 PM RUÍDO: IDEM FALA: IDEM 27) Jogo 1 em quadra 1 PG RUÍDO: IDEM FALA: IDEM 28) Cesto de bolas em quadra 2 PM RUÍDO: IDEM FALA: continua 29) Guanandizão em PG, placa FALA: (...) o ginásio Avelino dos Reis, O Guanandizão. Guanandizão, Ginásio Esquecido 30) Zoom in, Guanandizão em PM, placa FALA: IDEM 31) Guanandizão GPG RUÍDO: Ambiente 32) Guanandizão GPG, desfoque RUÍDO: IDEM 32) Título de matéria 1 sobre a interdição FALA: Interditado em 2013... do ginásio, fade in RUÍDO: IDEM 33) Título de matéria 2 sobre a interdição FALA: IDEM do ginásio, fade in RUÍDO: IDEM 34) Entrada Guanandizão PM FALA: O ginásio foi palco... RUÍDO: IDEM Conquistas do Copagaz 35) Pézão - PM FALA: Entrevista 36) GC – Pézão IDEM 37) Tigreza – PM FALA: Entrevista 38) GC – Tigreza IDEM 39) Ney Magalhães - PM FALA: Entrevista 40) GC – Ney IDEM 41) Recorte de jornal 1 IDEM 42) Pézão - CLOSE IDEM 43) Recorte de jornal 2 IDEM 44) Pézão - PM IDEM 45) Recorte de jornal 3 IDEM 46) Ney Magalhães CLOSE IDEM 47) Recorte de jornal 4 IDEM 48) Ney Magalhães PM IDEM 49) Recorte de jornal 5 IDEM 50) Trigreza - PM IDEM 51) Imagem de acervo - Jogo Copagaz IDEM B&W


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52) Trigreza – PM 53) Recorte de jornal 6 54) Pézão PM 55) Foto time Copagaz Original 56) Pézão PM 57) Tigreza PM 58) Foto de acervo pessoal 1

IDEM IDEM IDEM IDEM IDEM IDEM MÚSICA: My Peeps em BG FALA: Narração 59) Foto de acervo pessoal 2 IDEM 60) Foto de acervo pessoal 3 IDEM 61) Foto de acervo pessoal 4 IDEM 62) Foto de acervo pessoal 4 DESFOQUE IDEM 63) Animação: Torcedores IDEM 64) Animação: Arrecadação IDEM 65) Animação: Mais que Futebol IDEM Dificuldades da época 66) Foto de acervo pessoal, treino FALA: Narração 67) Tigreza – PM FALA: Entrevista 68) GC – Tigreza IDEM 69) Tigreza – PM IDEM 70) Pézão - PM FALA: Entrevista 71) GC – Pézão IDEM 72) Pézão - PM IDEM 73) Ney Magalhães – PM FALA: Entrevista 74) Tigreza – PM FALA: Entrevista 75) Tigreza – CLOSE IDEM 76) Tigreza – PM IDEM 77) Imagem de acervo - Jogo Copagaz MUSICA: My Peeps em BG B&W 78) Imagem de acervo - Torcida Boca IDEM Santa B&W 79) Imagem de acervo - Jogo Copagaz IDEM B&W 80) Fade out, tela preta O Fim e a Memória 81) Fade in, Ney Magalhães em PM FALA: Entrevista 82) GC – Ney IDEM 83) Ney Magalhães em PM IDEM 84) Pézão - PM FALA: Entrevista 85) Pézão - CLOSE IDEM 86) Tigreza – PM FALA: Entrevista 87) Pézão - PM IDEM 88) Tigreza – CLOSE IDEM 89) Pézão - PM IDEM 90) Tigreza – PM IDEM


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91) Tigreza – CLOSE 92) GC – Tigreza 93) Tigreza – CLOSE 94) Tigreza – PM 95) Treino Master - Preparação 96) Treino Master - Jogo

97) Pézão, manchete, PM 98) Pézão - PM 99) GC – Pézão 100) Pézão - PM 101) Foto de arquivo – Time Copagaz hoje 102) Pézão - CLOSE 103) Fade out, tela preta 104) Créditos Finais e Agradecimentos GPG = Grande Plano Geral PG = Plano Geral PM = Plano Médio CLOSE = Close

IDEM IDEM IDEM IDEM FALA: Entrevista RUÍDO: Ambiente FALA: IDEM RUÍDO: Jogo, comemoração, encaixe de bola, tênis no chão IDEM FALA: Entrevista IDEM FALA: Entrevista IDEM FALA: Entrevista MÚSICA: White River em BG FALA: Entrevista fade out MÚSICA: White River em BG fade out MUSICA: My Peeps em BG


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