Folha de sala Cabaret Vicente

Page 1

são luiz teatro municipal

6 a 9 fev

cabaret vicente

d e J O S É ED U ARD O R O C H A ENSEM B LE J ER E ARTISTAS CON V I D A D OS


cabaret vicente

José Eduardo Rocha compositor

É com enorme entusiasmo que um compositor musical, que se exprime prioritariamente pelo teatro, aceita um convite para criar e produzir uma peça total de teatro musical. Confesso que a minha primeira reacção à proposta de um espectáculo sobre um Santo foi de estranheza. Isto apesar de estar familiarizado com muitas obras da história da música, tanto portuguesas quanto estrangeiras, que abordam o problema dos Santos. É um tema recorrente da música sacra, já para não falar na área teatral (musical ou não), do cinema e das artes em geral. Mas o curador do projecto Vicente, da Travessa da Ermida, Mário Caeiro, conseguiu habilmente persuadirme, falando-me da figura de São Vicente (eu desconhecia muitos pormenores) e das suas implicações contemporâneas, sugerindo bibliografia de especialistas profissionais (que eu devorei com prazer) e instigando temas que tocaram no meu nervo músico-teatral. E assim, pela minha própria pesquisa, comecei a vislumbrar no meu espírito a estrutura que poderia ter esta peça. Como muitas vezes aconteceu, em peças de teatro musical, comecei por conceber o título. Cabaret Vicente resultou de

uma paráfrase do Cabaret Voltaire dos dadaístas. Isto não quer dizer que esta ópera seja uma obra dadaísta. Depois, com a colaboração do Pedro Vieira de Moura (com quem já tinha trabalhado em A Conquista do Oeste), começaram a construir-se as letras para os números musicais e o libreto. Sim, é uma ópera por números, em que os diálogos são falados. Mistura cantores líricos com actores. Houve a preocupação de tocar os problemas históricos, religiosos e outros com o máximo de clareza, o que não quer dizer suposta fidelidade, pois estamos a falar de uma ópera para entreter e fazer pensar e não de um Tratado Científico. Uma das fontes primordiais para definir o carácter deste Santo, ou o carácter da representação do mesmo, foram as obras do poeta Prudentius (conterrâneo de São Vicente de Saragoça, nascido 40 anos depois de 22 de Janeiro de 304, data do martírio do Santo). Foram dois anos de trabalho de escrita, composição e concepção da peça até ao momento de a ensaiar e pôr em cena, com a colaboração generosa de toda a equipa do SLTM e a camaradagem de um santo elenco. No princípio, a coisa falava por si. Divirtam-se!


vira vicente! Mário Caeiro curador

É preciso desconstruir os mitos. O Projecto Travessa da Ermida, com a EGEAC e o programa LISBOA NA RUA, anda há três anos a dar nova vida a um mito fundador da identidade de Lisboa. Oitocentos e quarenta anos depois de um episódio fabuloso da invenção de Lisboa, VICENTE reivindica, na informalidade do nome próprio, uma participação de todos na(s) história(s) que a arte tem para contar. O rol de actividades tem passado por intervenções urbanas em Belém, pela edição, pelo debate e por passeios. Reinventámos as relíquias e os corvos através da escultura, redescobrimos novos sentidos para velhas palavras e atirámo-las para a rua, realizámos livros e colocámo-los à disposição do público. Ao VI-CEN-TE – já logomarca – faltava apenas o teatro musical. Foi assim que fizemos o convite ao José Eduardo Rocha para realizar esta ópera. Também no palco principal do São Luiz Teatro Municipal, o sortilégio é a actualização artística da mitologia em muitíssimos planos da sua complexidade. Este é a proposta de um espaço raríssimo em Portugal – o da comédia contemporânea, aquela em que o filósofo Alain Badiou reconhece “a virtuosidade social e intelectual das classes baixas”. Mas, como pudemos ler numa obra realizada em 2012: “Melhor Iluminar do que apenas brilhar, para entregar aos outros as verdades contempladas em vez de simplesmente as contemplar”. Vira Vicente!

I Acto Prelúdio sobre o nome de Vicente (orquestra) DIÁLOGO I

Prédica sobre Vicente (Barítono) DIÁLOGO II

Vira-Vicente (Tenor, Soprano e Mezzo) DIÁLOGO III

Paso-Doble das Torturas e dos Suplícios (Tutti melodrama) Sinfonia Vicente [VI andamentos] (orquestra, Tutti coreografia/melodrama) As Feras e as Bestas; Daciano & Eufórmio; O Mar DIÁLOGO IV; FANFARRA; DIÁLOGO V;

Raid ao Al-Gharb DIÁLOGO VI

O 1.º Milagre DIÁLOGO VII

Passacaglia Vilancico dos Milagres de São Vicente (Quarteto, Tutti) DIÁLOGO VIII

Ronda das Corvas (Tenor, Soprano, Mezzo, Tutti)

II Acto Interlúdio do Corvo (Orquestra) DIÁLOGO IX

Sado do Parque dos Poetas (Actrizes) DIÁLOGO X

Sado da Corvina (Mezzo) DIÁLOGO XI

Sado do Corvo e Alguidar (Soprano, Actores) DIÁLOGO XII

Ave Maria (Cantoras e Actrizes)

III Acto Interlúdio Alla Marcia (Orquestra) DIÁLOGO XIII

Arraial de SãoVicente (Quarteto, Tutti) DIÁLOGO XIV

Ária Municipal de Vicente (Tenor, Tutti)


do libreto de CABARET VICENTE, por José Eduardo Rocha e Pedro Vieira de Moura

© JER, 2010

José Eduardo Rocha (JER) Compositor, músico, artista plástico, encenador e professor, nasceu em Lisboa em 1961. Estudou Artes Plásticas na ESBAL/ FBAUL, Composição na ESML, Ciências Musicais na FCSH/UNL e Teatro na Universidade de Alcalá, Madrid, onde obteve uma pós-graduação em 2008. Em 1990 fundou o Ensemble JER – Os Plásticos de Lisboa, grupo formado para interpretar um repertório para toy instruments, música instrumental e teatro musical, e com o qual realizou mais de 200 espectáculos em Portugal, Espanha e Alemanha. Como compositor, é autor de ópera, teatro musical, música instrumental e música para teatro e cinema. Das suas criações, destacam-se: A Saga da Formiga (Prémio Teatro na Década, 1992), Volkswagner (1996), Futebol (1997), Sinfonia Náutica (1998), Missa do Homem Armado (1999), Suite para Harpa (2002), a ópera Os Fugitivos (Teatro da Trindade, 2004), Piccola Sinfonia Pimba (2004), Cozido à Portuguesa (TNDM II, 2006), Zeck (2007), e a comédia musical A Conquista do Oeste (2010, nos 200 Anos das Linhas de Torres Vedras). Participou em vários festivais de música, teatro e cinema, em bienais internacionais, na Expo 98 e na Expo Hannover 2000. Desde 1998 que é professor na ESAD.CR (Escola Superior de Artes & Design de Caldas da Rainha), nos cursos de Artes Plásticas, Design, Som e Imagem, Animação Cultural e Teatro.

Este espectáculo é dedicado à memória de José Lourenço, tenor, encenador, artista e professor, para quem o papel de São Vicente foi originalmente escrito.

www.teatrosaoluiz.pt

quinta A SÁBADO ÀS 21H domingo às 17h30

SALA PRINCIPAL; M/12 €12 a €15 (com descontos €5 a €10,50) Música, Dramaturgia, Encenação e Direcção Musical José Eduardo Rocha Libreto Pedro Vieira de Moura José Eduardo Rocha, com a colaboração de Nelson Guerreiro Mário Caeiro Letras Pedro Vieira de Moura José Eduardo Rocha Dispositivo Cénico André Banha Figurinos José Eduardo Rocha Execução do Guarda-Roupa Isabel Rodrigues Desenho de Luz Daniel Worm d’Assumpção Assistentes de cena Daniel Coimbra Paula Custódio Produção executiva Sofia Ventura Curador do Projecto Vicente Mário Caeiro Produção JER Produções (Nuno Morão e José Eduardo Rocha) Co-produção JER Produções, São Luiz Teatro Municipal e Projecto Travessa da Ermida/Vicente

Apoio

Parceiros Media

Elenco Cantores Catarina Molder (soprano) Ana Urbano (mezzo) Marco Alves dos Santos (tenor) Pedro Morgado (barítono) Actores João Pedro Santos João Abel Nuno Crespo Isabel Gaivão Rosa Abreu Daniel Coimbra Ana Dionísio José Mendes Músicos (Ensemble JER) Ricardo Torres (clarinete) Ricardo Alves (trompa) Nuno Morão (percussão) Vasco Lourenço (piano) Marcos Lázaro (violino) Duncan Fox (contrabaixo)

Agradecimentos Ana Ferrão, Ana Pais, Diana Tavares, Eduardo Fernandes, Fábia Fernandes, Isabel Rosa Dias, Jacinto Palma Dias, José Luís de Matos, José Sarmento de Matos, Luís Gomes, Maria Antónia Linhares de Lima, Nelson Guerreiro, Paulo Seabra, Ricardo Costa, Ricardo Reis, Rosa Quitério, Sara Ribeiro, Sara Vaz, Teatro Praga

Apoio à divulgação

© josé frade

Cheia está Lisboa de Santos e Santeiros Cada rua cada recanto sagradíssimo, São Veríssimo Porém há um Santo incandescente Tendo por nome São Vicente


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.