8 a 18 abr
são luiz teatro municipal
O Meu Irmão. Théo e Vincent Van Gogh A partir da obra de Judith Perrignon Encenação e dramaturgia Teresa Faria Interpretação Sérgio Praia
quarta a Sábado às 21h00 domingo às 17h30 Teatro-Estúdio Mário Viegas; M/ 12 €12 (com descontos €5 a €8,40) DURAÇÃO: 1H
CONVERSA COM A EQUIPA ARTÍSTICA, SÁBADO 11 de ABRIL APÓS O ESPECTÁCULO
Texto Judith Perrignon Tradução José Mário Silva Encenação e dramaturgia Teresa Faria Apoio à dramaturgia João Maria André Cenografia Rita Abreu Figurinos José António Tenente Desenho de luz Nuno Meira Consultor para a música Luís do Amaral Alves Construção de cenário Jorge Caiado Fotografia Rita Carmo Assistente de produção Cláudia do Vale Voz-Off Diogo Mesquita Sérgio Praia Margarida Mendes Silva
Co-Produção Margarida Mendes Silva São Luiz Teatro Municipal Apoios Hotel Borges Cultura e Risco José António Tenente
Agradecimentos Centro Nacional de Cultura, Grémio Literário, Audio In, Rádio Universidade de Coimbra, Aurélie Rougin, Catarina Moura, Diogo Mesquita, Helena Faria, Isabel de Albuquerque, José Mário Silva, Orlindo Gouveia Pereira, Paulo B., Raquel Henriques da Silva, Susana Vazquez e um obrigada especial a João Maria André.
Interpretação Sérgio Praia
14 ABR, TERÇA ÀS 18h30
Van Gogh Convida Conversa com António Mega Ferreira, Orlindo Gouveia Pereira e teresa faria
Centro Nacional de Cultura, Largo do Picadeiro n.º 10 Organização: Centro Nacional de Cultura entrada livre
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© Rita Carmo
Eu vivo ali nesse fosso que escavaste entre ti e o mundo… levei toda a vida a tentar unir as pontas. Entre ti e os pais. Entre ti e os outros. Entre nós os dois. E continuo a tentar. Ergo telas. Procuro verdades. Tento montar uma vida que terminou. A tua morte envia as suas acusações à minha procura. (Théo)
É a voz de Théo Van Gogh que se faz ouvir num monólogo “desesperado ao admirar, desvairado, as cores vivas das obras do irmão”. Para lá da angústia e da inquietude de Vincent (“morrer é duro, mas viver é mais duro ainda”), da sua “condição de estrangeiro sobre a Terra”, permanece o registo fraternal de Théo, num retrato quase impossível, nos seis meses que sobreviveu à morte do irmão. Em O Meu Irmão. Théo e Vincent Van Gogh celebra-se a genialidade de Vincent e a profunda relação de afecto com seu irmão Théo, a partir de quem, aliás, tudo é perspectivado: o poder da criação, o convívio com o território da loucura, a assustadora luta pela sobrevivência e a incapacidade de viver após o suicídio de Vincent. Judith Perrignon foi jornalista no Libération, para além de ter escrito ensaio e romance. Aqui dá-nos um texto preciso, documentado mas também intemporal.
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NOTA DE ABERTURA Te resa Faria
O meu encontro com Judith Perrignon durou um instante. O afecto profundo, o cuidado e a justeza com que ela se relaciona com os irmãos Van Gogh, bem como o enquadramento documental da sua narrativa, – tudo me fascinou. Procurei a crueza, o cruel e o poético. Questionar hoje o estatuto das artes e dos criadores é de toda a pertinência. Habita-se um limbo entre (sobre) vivências, “mortes” anunciadas e acasos. Para o trabalho dramatúrgico de O Meu Irmão. Théo e Vincent Van Gogh procurei uma estrutura em que a memória se fosse soltando aos safanões. Théo viaja, silenciando a morte do irmão, pelo “tempo dos ninhos”, atravessa “atilhos e atalhos”, vive os (des) amores, explode e deflagra, pelo peso da obra de Vincent e pela doença que o vai corroendo. Por fim, acaba sentindo-se “uma recordação de si mesmo.” Fragmentos. Mas, haverá sempre um amanhã. E a pintura falará. A dramaturgia cénica pretendeu densificar o espaço, reforçando a palavra. O luto das telas asfixia a criatura humana. A inquietude e a obsessão fragilizam e vestem o corpo em cena. Contornos, ambientes e ritmos demarcam/ vislumbram sombra e luz. A música reconhece uma época e colabora na intemporalidade do momento cénico/ da cena. E porque é com pessoas que se faz teatro, neste processo criativo aconteceu em toda a equipa, cumplicidade, rigor e alegria. Aprendemos todos, penso. Obrigada. Neste monólogo sobre os irmãos Van Gogh, o trabalho das personagens foi delicado, profundo e brutal. O actor. Maravilhoso. Por fim, estrear este espectáculo no Teatro-Estúdio Mário Viegas faz todo o sentido. Fala-se de arte, criadores e inconformismo. Que saudade, Mário. Por mim tentei entrar na parte mais secreta da natureza humana e deixar-vos a palavra respeito.
biografias
TERESA FARIA Profissional desde 1983. Mestre em Artes Cénicas pela Universidade Nova de Lisboa, pós graduada em Estudos de Teatro pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e colaboradora do Centro de Estudos de Teatro desta Faculdade. Da sua formação artística refere Marcia Haufrecht, Sygmont Molik, Polina Klimoviskaia, Yoshi Oida, Adrienne Thomas, Eugénio Barba, Emilio Genazinni, António Fava, em especial através da F. C. Gulbenkian. Trabalhou em algumas Companhias, Teatros ou Produtoras como: SLTM, CCB, Teatro Aberto, TNDMII, TMMM, Teatro da Trindade, Cassefaz, Teatroesfera, Escola de Mulheres / F.C. Gulbenkian, A Barraca, Teatro da Cornucópia, Teatro da Comuna, Meia Preta, Bonifrates. Nestes foi encenada por Beatriz Batarda, José Carretas, Cucha Carvalheiro, Cristina Carvalhal, Ana Tamen, Rui Luís Brás, Paula Sousa, Paulo Oom, Fernando Gomes, Almeno Gonçalves, Fernanda Lapa, Adriano Luz, Miguel Abreu, Filipe Crawford, Guilherme Filipe, José Geraldo, Helder Costa, Mário Barradas, entre outros. Como dramaturg(ist)a destaca: Cidade(s) Sem Memória, O Menino e o Mar, Não há 4 Sem Três, Malaquias, Caixa Preta e O Erro Humano (com José Carretas), Eurípides para Duas Mulheres (com Helena Faria e José Geraldo), Ruy Belo Lugar[es] de palavras, (com António Fonseca), e Poesia em Construção (com Francisco Brás). Encenou Cidade/s) Sem Memória, O Menino e o Mar, Não há 4 sem Três, Ruy Belo lugar[es] de Palavra, Poemas na Minha Vida de Io Appolloni, Poesia e Contos de Natal / TNDMII e Leal da Câmara, Vida e Obra, entre outros espectáculos. Publicou a peça Os Iluminados (com José Carretas) e os artigos A Abadessa do Mosteiro de Arouca. Um processo de construção da personagem e Fernando Gomes – do “Pátio da Teatra” ao Teatro Nacional de São Carlos (com Rita Martins) na Revista Sinais de Cena. Colaborou na edição de Teatro em Debate(s). Em televisão e cinema, menciona: As Ondas de Abril/ Leonel Baier, O Segredo de Miguel Zuzarte/ Guilherme Oliveira (Comemorações da República Portuguesa), Conta-me Como Foi/ Jorge Queiroga e Sérgio Graciano, A Outra Margem/ Luís Filipe Rocha, Até Amanhã
Camaradas/ Joaquim Leitão e Alice/ Marco Martins. Em dobragens realça Harry Potter. Como docente de Teatro refere: Interpretação (ESTAL), Workshops Preparação do Actor e outros, dirigidos: 3ª Idade (Casa do Artista e Universidade), professores (programa FOCUS), estudantes (CITAC), crianças (UNICEF, CML e Sintra, Ministério da Educação e Culturgest) e grupos (Banco Totta e Escola de Teatro Raúl Solnado).
SÉRGIO PRAIA Concluiu em 1997 o Curso de Interpretação. No teatro, foi dirigido por Beatriz Batarda, João Lagarto, Joana Providência, Fernanda Lapa, Marco Martins, Nuno Cardoso, Cristina Carvalhal, Nuno Carinhas, Ana Luena, Rogério de Carvalho, João Pedro Vaz, Bruno Bravo, José Wallenstein, Marco Medeiros, João Grosso, Tonan Quito, entre outros. Dos espectáculos mais recentes em que integrou o elenco, destaca: Yellow Moon de David Greig, com encenação de Marco Medeiros para a Palco Treze, Como Queiram de William Shakespeare, com encenação de Beatriz Batarda e Platonov de Anton Tchekhov, com encenação de Nuno Cardoso.
JOÃO MARIA ANDRÉ Licenciado e doutorado em Filosofia, é professor da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, onde ensina nas áreas da Filosofia e do Teatro. Foi director do Teatro Académico de Gil Vicente em Coimbra (2001-2005) e é encenador da Cooperativa Bonifrates de Coimbra. Tem feito diversas adaptações para teatro, como Hamlet, de Shakespeare, para encenação de João Mota (Comuna/Teatro Maria Matos), As Alegres Comadres de Windsor, do mesmo autor, cuja encenação ele próprio assinou e Cyrano de Bergerac, de E. Rostand, para encenação de João Mota no Teatro Nacional D. Maria II. Tem estudos publicados na área da Filosofia, do diálogo intercultural e dos estudos teatrais, tendo editado o seu último livro em 2014, em co-autoria com João Mendes Ribeiro, intitulado O Espaço Cénico como espaço potencial: para uma dinamologia do espaço.
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RITA ABREU Inicia a sua actividade profissional na Holanda, onde colaborou com Van Sambeek & Van Veen, Erick van Egeraat e Claus & Kaan. Em 2005 regressa a Lisboa onde tem vindo a realizar projectos de arquitectura e cenografia em co-autoria e por conta própria. Foi autora da cenografia de várias peças, destacando-se Onde é que eu já vi isto, perguntou ele de Rui Pina Coelho, encenação de José Russo, Teatro Garcia de Resende, Évora (2014); Os Negócios do Senhor Júlio César, a partir de Bertolt Brecht, adaptação de Rui Pina Coelho, Teatro Nacional de São João do Porto e Duas Senhorinhas Rumo ao Norte, de Pierre Notte, Auditório Municipal de Vila Nova de Gaia (2013); Para os Meus Compatriotas, de Rui Pina Coelho, Espaço Negócio da ZDB (2012); Do Alto da Ponte, de Arthur Miller, Auditório Municipal de Vila Nova de Gaia e Teatro da Trindade e O Jogador, a partir de Fiódor Dostoiévski, São Luiz Teatro Municipal (2011); A Morte de um Caixeiro Viajante, de Arthur Miller, Teatro Municipal de Vila Nova de Gaia e São Luiz Teatro Municipal (2010); A Mãe, de Bertold Brecht, Culturgest e Centro Cultural Vila Flor (2009), todas com encenação de Gonçalo Amorim.
JOSÉ ANTÓNIO TENENTE Após iniciar a sua formação superior em Arquitectura, José António Tenente envereda pela Moda, revelando em 1986 a sua primeira colecção. Hoje o universo da marca estende-se a TENENTE escrita, TENENTE eyewear, Amor Perfeito perfume e perfumaria de casa. Em 2009 viu editado um livro sobre o seu trabalho JAT – Traços de União. Em 2010 comissariou a exposição Assinado por Tenente no MUDE, Museu do Design e da Moda, em Lisboa. Reconhecido e galardoado com vários prémios de Criador de Moda e outras distinções, José António Tenente dedica-se actualmente à criação de figurinos para espectáculos, actividade que desde cedo tem importante lugar no seu percurso, trabalhando com diversos encenadores e coreógrafos: Beatriz Batarda, Carlos Avilez, Carlos Pimenta, Pedro Gil e Tónan Quito, Clara Andermatt, Paulo Ribeiro, Rui Horta, entre outros.
NUNO MEIRA Bacharel em Engenharia de Electrónica e Telecomunicações frequentou o 4º ano em Engenharia de Electrónica Industrial na Universi6
dade do Minho e o 2º ano da Escola Superior de Música e Artes do Espectáculo, curso de Produção Luz e Som. Tem trabalhado com diversos criadores das áreas do teatro e da dança, com particular destaque para Ana Luísa Guimarães, Beatriz Batarda, Diogo Infante, João Cardoso, João Pedro Vaz, João Reis, Manuel Sardinha, Marco Martins, Nuno Carinhas, Paulo Ribeiro, Tiago Guedes de Carvalho e Ricardo Pais. Foi sócio-fundador do Teatro Só e do Cão Danado e Companhia. É ainda sócio da ASSéDIO e colaborador regular da Companhia Paulo Ribeiro e dos Arena Ensemble. Foi distinguido, em 2004, com o Prémio Revelação Ribeiro da Fonte.
LUÍS DO AMARAL ALVES Foi crítico de música permanente de Observador (1971-74), O Dia (1978-79), Expresso (1980-89) e Público (1990-96). Na RTP foi apresentador da Noite de Ópera (1984-91) e participante em diversos programas, designadamente, Encontros (1986) e Fórum Musical (1991), tendo sido colaborador permanente do programa Acontece (1996-1999). Na RDP colaborou como apresentador de óperas (1993-96) e foi co-autor (com Vanda de Sá e Miguel Sobral Cid) do programa Discos Contados (1997-1999). Mais recentemente (de Julho a Dezembro de 2012), foi autor do programa Idades do Génio. Como conferencista, destacam-se Ileana Cotrubas e a sua discografia (S. Carlos, Setembro de 1983), O Bel-Canto e Maria Callas (S. Carlos, Maio de 1984), Da Sismologia do Melodrama (Festival das Artes, Coimbra, Julho de 2011). Integrou a Direcção do Festival das Artes de Coimbra nas suas 3 primeiras edições (2009-2011).
RITA CARMO Fotógrafa dedicada à cena artistica há 20 anos. Iniciou a publicação de fotografias no Blitz em 1992. Faz cobertura de espectáculos de música, dança e teatro. Tem fotografias editadas em diversas publicações portuguesas e estrangeiras (Altas-Luzes/2003, Assírio e Alvim e Portugal XXI – Imagens de Sons Portugueses/2008, Blitz). Fotografia de cena da peça O Senhor Ibrahim e as Flores do Corão, encenação de João Maria André (2007), Sangue Jovem, encenada por Beatriz Batarda (2011) e Os Três Últimos Dias de Fernando Pessoa. Um delírio, encenação de André Gago (2013).
nota fi nal
Margarida M e ndes Silva
Desde 2005 que me aventuro na produção teatral, com a regularidade possível e os meios que se revelam disponíveis a cada momento. Primeiro a escolha do texto, a seguir o convite aos profissionais do ofício e, finalmente, a angariação de recursos e apoios que permitam trazer à cena o que começou por ser um obstinado sonho. O Meu Irmão. Théo e Vincent Van Gogh foi uma leitura que deixou eco. Regressei a este livro, anos depois, com a expectativa de encontrar um ponto de partida para uma nova criação. Teresa Faria agarrou o desafio maravilhosamente, com a profundidade e a delicadeza que a proposta artística reclamava. Sérgio Praia confirma ser um actor luminoso e consistente, num desempenho difícil e particularmente exigente. Expresso o meu reconhecido agradecimento a uma extraordinária e feliz equipa que assina o seu trabalho com rigor, seriedade, competência e sensibilidade. Será ainda de inteira justiça assinalar a cooperação dedicada dos colaboradores do SLTM, parceiro vital do projecto artístico que agora se apresenta. Em 2015 o mundo celebra Van Gogh, 125 anos depois da sua morte. Exposições diversas e acontecimentos culturais de vária ordem sucedem-se numa Europa que se conseguiu unir para comemorar a genialidade do artista. À nossa pequena escala, procurámos ir ao seu encontro, numa justa homenagem. De volta a Vincent, citando uma das suas cartas, entre as muitas centenas que dirigiu a Théo. Palavras urgentes, também para os dias de hoje, que abrem futuro à Esperança, Where is a will, there is a way / Onde há vontade, há um caminho
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"Querido irmão, os cérebros humanos não podem suportar tudo". Théo
São Luiz tEatro municipal Direcção Artística Aida Tavares Direcção Executiva Joaquim René Programação Mais Novos Susana Duarte Adjunta Direcção Executiva Margarida Pacheco Secretariado de Direcção Olga Santos Direcção de Produção Tiza Gonçalves (Directora) Susana Duarte (Adjunta) Mafalda Sebastião Margarida Sousa Dias Direcção Técnica Hernâni Saúde (Director) João Nunes (Adjunto) Iluminação Carlos Tiago Ricardo Campos Ricardo Joaquim Sérgio Joaquim Maquinistas António Palma Cláudio Ramos Paulo Mira Vasco Ferreira Som Nuno Saias Ricardo Fernandes Rui Lopes Secretariado Técnico Sónia Rosa Direcção de Cena José Calixto Maria Távora Marta Pedroso Ana Cristina Lucas (Assistente) Direcção de Comunicação Ana Pereira (Directora) Elsa Barão Nuno Santos Design Gráfico Silva Designers Bilheteira Cidalina Ramos Hugo Henriques Soraia Amarelinho Frente de Casa Letras e Partituras Coordenação Carla Pignatelli Inês Macedo Assistentes de Sala Carolina Serrão Domingos Teixeira Filipa Matta Helena Malaquias Hernâni Baptista Inês Garcia João Cunha Sara Fernandes Sara Garcia Sofia Martins Carlos Ramos (Assistente) Segurança Securitas Limpeza Astrolimpa
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