SEM FLORES NEM COROA 2020

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S TA O DA C O


Coro das crianças pedindo chuva a Santo António

Em konkani e português

Primeiras chuvas

Tokler fator dorun saibá Atu zoddun magtam devá Dimbi galun paus magumea Barnartan Sant Antonichea

Senhor! Com uma pedra na cabeça De mãos juntas, meu Deus! De joelhos pedimos chuva Com fé em Santo António

Paus xentá milagr gottá goddgoddo eun sogleak zogloutá Bain koddé mannké rodttá, gorvam soglim axen ambetat Suknnim pasun fiunnim galtat mollbak polleun tim argam ditat Paus voddtá, xetam bistat, goskoxé eun soglé vau bortá Sotreu geun sogott bistat, lok khoxeal borit zatat.

O céu abre as portas! Deu-se um milagre! E o ribombar dos trovões ecoa pelos espaços! Junto dos poços ouve-se o coaxar das rãs e o gado a dessedentar-se com sofreguidão E, trinando, os pássaros agradecem A chuva inunda as várzeas, a água em catadupa enche os regatos E o povo com sombrinhas mergulha na euforia da chuva.

© Margarida Dias

Polló Paus

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As 36 horas de Goa

a abertura de negociações. Salazar recusa. Portugal perdeu o controlo efetivo dos enclaves de Dadrá e Nagar-Aveli em 1954. O fim da “Índia Portuguesa” começou na noite de 17 de dezembro quando durante essa noite mais de 50 mil soldados da União Indiana atravessaram a fronteira. Salazar, após o começo dos combates, ordenou ao governador Vassalo e Silva que combatesse até ao último homem. Felizmente, este não pautou a sua ação pela via suicidária que, na segurança de Lisboa, lhe ditavam e após algumas horas de combates (essenciais para garantir o digno tratamento do exército derrotado por parte do vencedor) ordenaria a retirada geral, a destruição de todo o armamento e equipamento possível. Apesar da tomada pela Índia dos territórios portugueses no subcontinente, Portugal só reconheceu oficialmente o controlo indiano em 1975, após a Revolução de 25 de Abril e da queda do Estado Novo.

O Estado da Índia, Estado Português da Índia ou Índia Portuguesa foi um Estado ultramarino português, fundado em 1505, seis anos após a descoberta da rota entre Portugal e o subcontinente indiano, com vista a servir de referência administrativa para uma cadeia de fortificações, feitorias e colónias ultramarinas. O primeiro vice-rei foi D. Francisco de Almeida, que estabeleceu o seu governo em Cochim. Os governadores subsequentes não receberam o título de vice-rei. Em 1510, a capital do Estado da Índia foi transferida para Goa. Antes do século XVIII, o governador português ali estabelecido exercia sua autoridade em todas as possessões portuguesas no oceano Índico, desde o cabo da Boa Esperança, a oeste, passando pelas ilhas Molucas, Macau e Nagasáqui (esta não formalmente parte dos domínios portugueses) ao leste. Antes da independência da Índia, ocorrida em 1947, os territórios portugueses restringiam-se a Goa, Damão, Diu, e Dadrá e Nagar-Aveli. Já desde então que a Índia reclamava a saída de Portugal de Goa, Damão e Diu. É o primeiro-ministro indiano Nehru, que, em 1950, reivindica formalmente pela primeira vez os territórios administrados por Portugal, a quem propõe 4

Telegrama enviado por Salazar ao General Vassalo e Silva – Governador do Estado da Índia Portuguesa

uma operação de guerra com escândalo mundial. A primeira missão das FA portuguesas está assim cumprida. A segunda consiste em não se dispersar contra agentes terroristas supostos libertadores, mas organizar a defesa pela forma que melhor possa fazer realçar o valor dos portugueses, segundo velha tradição na Índia. É horrível pensar que isso pode significar o sacrifício total, mas recomendo e espero esse sacrifício como única forma de nos mantermos à altura das nossas tradições e prestarmos o maior serviço ao futuro da Nação. Não prevejo possibilidade de tréguas nem prisioneiros portugueses, como não haverá navios rendidos, pois sinto que apenas pode haver soldados e marinheiros vitoriosos ou mortos. Ataque que venha a ser desferido contra Goa deve pretender, pela sua extrema violência, reduzir ao mínimo a duração da luta. Convém, politicamente, que se mantenha ao menos oito dias, período necessário para o governo mobilizar, em último recurso, instâncias internacionais. Estas palavras não podiam, pela sua gravidade, ser dirigidas senão ao militar cônscio dos mais altos deveres e inteiramente disposto a cumpri-los. Deus não há-de permitir que este militar seja o último Governador do Estado da Índia.”

“V. Exª compreenderá a amargura com que redijo esta mensagem. É-nos impossível prever se a União Indiana atacará ou não dentro de pouco, territórios desses Estado. Muitas vezes têm sido no passado as ameaças não cumpridas, mas desta vez foi tão longe o governo indiano que se não vê como possa desviar os preparativos sem ataque. Poderá tentar acções subversivas e de provocação; convém que as forças portuguesas se não dispersem, e que tenham a máxima paciência. Tudo tem sido tentado no plano diplomático: grandes potências como a Inglaterra e EUA, e países amigos como Brasil e outros latino-americanos, e a Espanha, têm expresso a sua reprovação a um acto que repugna a consciência das Nações e desmente a política pacifista do primeiro-ministro Nehru. Mas há que esperar o pior. São modestos os recursos portugueses, e do facto há plena consciência, mas podendo o Estado vizinho multiplicar por factor arbitrário as forças de ataque, revelar-se-ia sempre no final grande desproporção. Foi sempre política do Governo, uma vez que era impossível assegurar uma completa defesa de Goa, manter forças que obrigassem a União a montar 5


Apesar dos meus treze anos incompletos, assisti àquela sessão nos Paços Municipais da minha terra com uma angustiada consciência adulta, em que um súbito e indefinível sentimento de culpa agravava a minha comoção. Era como se assistisse ao funeral do meu avô, que teria desesperadamente desejado amar em vida. É essa sensação diluída que ainda hoje revive em mim, quando leio páginas de Rabindranath Tagore ou contemplo com orgulho e inexplicável satisfação o seu semblante de profeta, admirável de serenidade. Essa mesma sensação, a que hoje se alia uma capacidade interpretativa dos destinos do Homem diferente da que está contida no idealismo tagoreano, que me detém a mão ao escrever estas linha, que apesar de curtas e despretensiosas não deixam de ser uma homenagem ao grande poeta, pedagogo, pensador e infatigável paladino da compreensão e convívio entre os homens e os povos do Oriente e do Ocidente que foi Rabindranath Tagore.

Orlando da Costa

© José Santa Bárbara

Fevereiro de 1941. Quando me encaminhei nessa tarde luminosa e triste para a Câmara Municipal de Margão, onde se realizava uma homenagem ao poeta acabado de falecer, levava eu o coração ansioso e confundido. Era a primeira vez que ia ouvir falar de um grande poeta indiano contemporâneo, que até dias antes eu ignorara. Ignorara sem pecado, porque as selectas e os livros de história que então me instruíam, não falavam em Tagore, como nunca falaram de Vyassa, Valmiki ou Kalidass. E, no entanto, vinte e oito anos atrás, em 1913, o poeta Rabindranath Tagore fora mundialmente consagrado com o Prémio Nobel da Literatura.

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A invasão de Goa, Damão e Diu que durou apenas 36 horas, nunca, antes ou depois desta obra, foi abordada nos palcos portugueses. Ela marca o início do fim do Império Português. Escrita em 1967 e publicada em 1971, durante a vigência da “Comissão de Censura”, esta obra nunca foi representada. Foi traduzida em inglês e lançada na Índia em janeiro de 2017, com a presença do filho do Autor, o atual Primeiro Ministro António Costa. Poeta e dramaturgo injustamente esquecido, Orlando da Costa, filho de uma família Goesa (brâmene e católica), é autor de uma trilogia sobre Goa – O Signo da Ira (1961), O Último Olhar de Manú Miranda (2000) e este raro texto teatral sobre a Invasão da Índia em 1961 pela União Indiana. Consideramos um dever, não só pela amizade que unia Autor e Encenadora, como pela importância do tema e a qualidade da escrita, apresentar ao público português esta obra inédita, património e memória da nossa Identidade Cultural e Política. Um grande abraço de gratidão aos cocriadores deste Espectáculo: aos magníficos Intérpretes, ao António Lagarto, ao Paulo Santos, à Marta Lapa, à Margarida Dias, ao Nuno Vieira de Almeida e ao sempre presente e insubstituível Ruy Malheiro.

© Margarida Dias

Rabindranath Tagore (1961) excertos

O Autor e a Peça

Fernanda Lapa

Enquanto as tropas da União Indiana, em 1961, se preparam para invadir a chamada “Índia Portuguesa”, uma família brâmane e católica de Goa confronta-se com os seus fantasmas e medos. Orlando da Costa cria um microclima dramático, onde as personagens crescem para atingir a dimensão extrema das suas forças, fazendo-o elevar à atmosfera da universalidade. Atmosfera quase irrespirável por via dos confrontos e debates das personagens, em que o amor, o ódio, os compromissos, a coragem e as fraquezas explodem face ao inevitável. (in Sem Flores nem Coroas) 7


Uma obra que se completa

António Costa

© Margarida Dias

Uma peça de teatro só fica verdadeiramente concluída quando é representada. Fernanda Lapa conclui, assim, a peça que o meu pai escreveu em 1967 e a Seara Nova editou em 1971 e que, até hoje, nunca subira à cena. Muito provavelmente, os estudos cenográficos de João Abel Manta e as indicações cénicas do autor que acompanharam a edição original foram ignorados ou reinventados pela encenadora. Todos os textos são transformados por cada leitor. Mas, para além disso, o texto teatral refaz-se na encenação, na cenografia, na iluminação, na sonoplastia, na representação dos atores, na interpretação do público. O meu pai adorava representar e durante muitos anos manteve um grupo, com o Pitum, o Vasco Vieira de Almeida, entre vários amigos, que escreviam, compunham e representavam musicais, que, creio com pena, não tiveram registo. Seria, por isso, o primeiro a reconhecer-se na liberdade da encenadora ao reinventar a sua peça, como se reconheceu na interpretação que o Luís Cília fez do seu único poema musicado e cantado, O Coração e o Tempo. Fernanda Lapa liberta Sem Flores Nem Coroas do silencioso esquecimento do tempo, 8

Só uns anos mais tarde é que o vi mesmo como escritor, já em frente a um computador portátil, objeto de que nunca gostou, mas de que retirou a utilidade suficiente à empreitada de mais dois romances, num regresso a épocas de escrita que eu nunca tinha presenciado. Com a edição desses livros, e de uma coletânea de poesia, a imagem que eu tinha cedeu finalmente lugar à do escritor e todas aquelas edições dos anos 60 e 70 ganharam um novo sentido. De todos esses livros dos seus primeiros vinte anos como escritor, houve sempre um que permaneceu incompleto, à espera de ser encenado e representado. Ver o Sem Flores nem Coroas num palco é apanhar a ponta solta que faltava para encerrar o capítulo do leitor com que cresci.

cumprindo-se – 52 anos volvidos – a vontade do autor de “inscrever esta peça num reportório de teatro hoje representado”. Quando subir o pano de boca, começa a completar-se esta obra, que esperava entrar em cena. Obrigado.

A ponta solta

Ricardo Costa

Durante a maior parte da minha infância e adolescência vi o meu pai como um leitor. Tinha a casa cheia de livros, passava muito tempo a lê-los e tinha, aliás, o estranho hábito de os forrar. Sabia que o meu pai era escritor, porque sempre me tinham dito isso e porque havia várias edições dos livros dele nas prateleiras. E, claro, porque também o li. Mas via-o como um escritor que tinha transferido a energia e o tempo disponíveis para a leitura. A sua máquina Olivetti azul nunca deixou de ocupar o lugar central da escrivaninha, atulhada de papéis, envelopes, fotografias e todos os utensílios necessários a fumar cachimbo. Usava-a para o trabalho na publicidade e para as coisas que ia escrevendo e acumulando em pastas, com muitos outros papéis escritos à mão, numa absoluta desordem em que só ele encontrava o caminho. 9


Desenho de José Dias Coelho

Definido um espaço que estabelecesse uma relação entre interior e exterior, sublinhado por duas cortinas de renda ao fundo, remetendo para a memória de um passado, uma cadeira de verga e um banquinho de criança, à frente de cena, estabelecem o espaço duma alpendrada típica de arquiteturas goesas e coloniais... De entre muitos outros elementos sugeridos na peça, manteve-se a cadeira de baloiço, que será também cama, o oratório “indo-português” com as suas grinaldas e velas, a mesa de jantar e respetivo pancá (abano suspenso do teto, acionado manualmente com uma corda). Um elemento extra didascália foi adicionado ao espaço cénico: o rádio de época, única ligação com o exterior e uma referência à emissão clandestina “Voz da Liberdade”, que durante seis anos foi mantida por Líbia Lobo, a partir dum camião na floresta, junto à fronteira com Goa. Uma LUA verde (projetada) materializa a misteriosa presença duma luz verde, ao longo da peça..., ainda que o autor, logo no início do texto, afirme ser – uma noite sem lua.

... E uma lua verde

António Lagarto

A Índia Portuguesa que é referida, por Orlando da Costa, em Sem Flores Nem Coroas, é um momento de “re-descobrir” e “re-lembrar” um facto histórico de que alguns de nós ainda podemos ter uma vaga memória – a libertação de Goa, pela União Indiana –, em dezembro de 1961. O ambiente descrito e o respetivo “retrato de interior”, de apenas uma noite, que é relatado, é obsessivamente minucioso nas suas descrições didascálicas... Dessas inúmeras indicações, tentou-se isolar os elementos que nos pareciam essenciais à trama da estória e do drama. 10

Poemas em prosa – Rabindranath Tagore/ Fernando Lopes Graça

Optei por gravar apenas a parte de piano das canções deixando, por assim dizer, às vozes dos actores e à direcção da Fernanda Lapa, o caminho livre para a leitura dramatúrgica que entenderem (utilizei um processo semelhante em alguma da músic que gravei para Manoel de Oliveira no Vale Abraão). A música é contrastante o suficiente para “albergar” os vários registos que passam pela peça de Orlando da Costa que era, assim como Lopes Graça, um admirador confesso de Rabindranath Tagore.

Nuno Vieira de Almeida

Os 3 Poemas em prosa, sobre textos de Tagore, são uma obra de 1929 e são também a segunda obra catalogada de Lopes Graça para canto e piano. As três pequenas canções apresentam, no entanto, muitas das características do Lopes Graça já maduro (uma certa obstinação rítmica e um gosto pronunciado por choques harmónicos) mas também um lirismo que ainda irá escurecer com o decorrer dos anos e o aprofundamento estilístico, é preciso não esquecer que Graça tem 23 anos quando as compõe. As obras são bastante contrastantes, a primeira um curto desenvolvimento sobre uma frase melódica descendente, a segunda um persistente desenho paralelo à distancia de uma quarta e a terceira uma subida harmónica e melódica que contrasta com o desenho das duas anteriores.

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© Margarida Dias

Texto: Orlando da Costa; Dramaturgia e Encenação: Fernanda Lapa; Espaço cénico e Figurinos: António Lagarto; Assistência de encenação e Movimento: Marta Lapa; Desenho de luz: Paulo Santos; Fotografia: Margarida Dias; Piano: Nuno Vieira de Almeida – “Poemas em prosa” – Fernando Lopes-Graça; Gravação piano: José Fortes; Coro infantil: Carolina Amaral e Mónica Lapa Leão; Mestra de guarda-roupa: Aldina Jesus; Assistência de espaço cénico e figurinos: Jesús Manuel; Direção de produção: Ruy Malheiro Interpretação: João Grosso (ator gentilmente cedido pelo TNDM II), Margarida Marinho, Carolina Amaral, Pedro Russo, Elsa Galvão e Rita Paixão Coro: Afonso Abreu, Carlota Crespo, Joana Silva, Juliana Campos, Martina Costa, Nelson Reis, Pedro Monteiro, Tiago Becker e Vítor de Almeida Agradecimentos: Dr. António Costa, Dr. Ricardo Costa, Teatro Nacional de São Carlos, Teatro Nacional São João, Casa de Goa, Nuno Vieira de Almeida, Escola Superior de Música, Virgínia Brás Gomes, Heromina de Freitas Teixeira, Sebastião Lapa Leão Coprodução: Escola de Mulheres e São Luiz Teatro Municipal

10 a 19 janeiro teatro

SEM FLORES NEM COROAS

68ª produção Escola de Mulheres

DE ORLANDO DA COSTA ENCENAÇÃO: FERNANDA LAPA estreia Quarta, sexta e sábado, 21h; quinta, 20h; domingo, 17h30 Sala Luis Miguel Cintra m/14 €12 a €15 com descontos Duração: 1h30 (aprox.)

A Escola de Mulheres é uma estrutura financiada por

Apoios

19 janeiro, domingo

Direção Artística Aida Tavares Direção Executiva Ana Rita Osório Programação Mais Novos Susana Duarte Assistente da Direção Artística Tiza Gonçalves Adjunta Direção Executiva Margarida Pacheco Secretária de Direção Soraia Amarelinho Direção de Comunicação Elsa Barão Comunicação Ana Ferreira, Gabriela Lourenço, Nuno Santos Direção de Produção Mafalda Santos Produção Executiva Andreia Luís, Catarina Ferreira, Mónica Talina, Tiago Antunes Direção Técnica Hernâni Saúde Adjunto da Direção Técnica João Nunes Produção Técnica Margarida Sousa Dias Iluminação Carlos Tiago, Ricardo Campos, Tiago Pedro, Sérgio Joaquim Maquinaria António Palma, Filipa Pinheiro, Vasco Ferreira, Vítor Madeira Som João Caldeira, Gonçalo Sousa, Nuno Saias, Ricardo Fernandes, Rui Lopes Operação Vídeo João Van Zelst Manutenção e Segurança Ricardo Joaquim Coordenação da Direção de Cena Marta Pedroso Direção de Cena Maria Tavora, Sara Garrinhas Assistente da Direção de Cena Ana Cristina Lucas Bilheteira Cristina Santos, Diana Bento, Renato Botão

TEATROSAOLUIZ.PT


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