2 A 6 MAR 2022 TEATRO M/12
C O CHI N CH I N A TEXTO AFONSO CRUZ
ADAPTAÇÃO E ENCENAÇÃO
© Telmo Sá
SANDRA BARATA BELO
teatrosaoluiz.pt
C OCHI N C H I N A Cochinchina era para o meu pai o lugar para lá do lugar. Uma pessoa podia pecar, mas a Cochinchina era o metapecado, a fera suprema, o ponto onde a razão enlouquece, estava para lá de Deus. yan lee - Existem infinitos lugares para se estar errado, apenas um para estar certo. Dois e dois tem um resultado correto e infinitos resultados errados. homem - Mas a felicidade não obedece a essas regras. yan lee - Estar no lugar errado pode ser fonte de felicidade. homem - Matar-me pode ser fonte de felicidade. yan lee - Não há condições certas para ser feliz. As famílias felizes terão de ser imperfeitas. homem - Diferentes umas das outras. yan lee - É impossível ser feliz sem dor. homem - Por muito paradoxal que possa parecer. yan lee - Sem desequilíbrio nada se move. homem - A vida é um desequilíbrio e, sem essa instabilidades e assimetria, teríamos apenas um vazio de pedra. yan lee - Os seres vivos são desequilibristas. homem - Eu seria infeliz num mundo feliz, ela seria feliz em qualquer mundo.
Cochinchina é um novelo cheio de nós que vamos fazendo e desfazendo ao longo do espectáculo e simultaneamente, com a subtileza de Afonso Cruz, entramos em diálogo com eixos das nossas memórias. É um convite à poesia e à reflexão – podemos pegar em linhas e agulhas para humildemente cosermos e aceitarmos as nossas imperfeições. Cochinchina é o longe mais longe possível e, no entanto, a maior definição de amor. Sandra Barata Belo
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“A minha única arma era a teimosia de um sonho”. As palavras do Afonso ecoam na minha cabeça há meses. Vivo diariamente com este puzzle montado pela Sandra, desmontado por mim, pela Margarida e pela Patrícia, e montado de novo pelos quatro a cada noite, numa tentativa de alcançar aquele inominável, aquele estado de entendimento que nem sempre as palavras explicam e que, por vezes, só mesmo os nossos corações o podem traduzir. Todos sonhamos, sobretudo acordados. “Cochinchina” fala-nos também disso. Dos sonhos, das expectativas, das frustrações e das escolhas de cada um de nós e de como aprendemos ou não a viver com elas. Espero que as palavras do Afonso e as nossa ideias ecoem no público e o façam sonhar. Seja a Cochinchina de cada um ao virar da esquina ou do outro lado do mundo. Vítor d’Andrade Era uma vez um homem que caminhou a sua vida com o seu pé Prometeu. Era uma vez um pai que deu a mão ao seu filho e o passeou pelo mundo com orgulho. Era uma vez uma mãe que foi sempre a direito ao som das canções da rádio. Era uma vez um amigo que abraçou e amou vestido com o maillot azul da mãe. Era uma vez uma mulher de gestos certos que não conheceu o abandono. Era uma vez uma Fernanda que foi mulher e amada para a frente e para trás. Era uma vez uma filha que teve pai e mãe. Era uma vez um mundo em paz, com cores e óculos de ver. Era… Uma… Vez… “Mas não foi bem assim, como bem sabes.” Porque não conseguimos cumprir o destino dos contos infantis? “Ser feliz para sempre”? Patrícia André Cochinchina, o lugar que fica para lá do lugar mais distante, serve de metáfora para o medo do desconhecido, a dificuldade de romper rotinas e estereótipos. É também um retrato possível da felicidade, como esta necessita de, na sua construção, ter imperfeições, desencontros e feridas. Numa carta, um pai vai cosendo a sua própria história, desde a infância ao presente, para que a sua filha a conheça, unindo todos os fios de uma trama complexa, que culmina num episódio de redenção. Afonso Cruz 3
© Daniel Pina
2 a 6 março 2022 teatro
COCHINCHINA AFONSO CRUZ
TEXTO ADAPTAÇÃO E ENCENAÇÃO SANDRA BARATA BELO Sala Luis Miguel Cintra Quarta a sexta, 20h; domingo 17h30 Duração: 1h40; M/12 €12 a €15 (com descontos) Texto: Afonso Cruz; Adaptação e Encenação: Sandra Barata Belo; Elenco: Vítor d’Andrade, Margarida VilaNova, Patrícia André; Assistência de Encenação: Raquel Oliveira; Cenografia: Rui Francisco; Assistência de Cenografia: Mariana Nascimento; Desenho de luz: Tasso Adamapoulos; Figurinos: Katty Xiomara; Música: Samuel Úria; Sonoplastia: Nanu Figueiredo; Movimento: Cláudia Nova; Direção Técnica & Operação de som e luz: Catarina Côdea; Fotografia e Design: Telmo Sá; Assessoria de imprensa: Helena Marteleira; Produção Executiva: Cassefaz; Produção: Beladona; Financiado por: Programa Garantir Cultura; Coprodução: Cineteatro Louletano, Teatro Municipal da Guarda, Cineteatro Avenida - Castelo Branco, Centro de Arte de Ovar e Teatro Aveirense; Apoio: SP Televisão Direção Artística Aida Tavares Direção Executiva Ana Rita Osório Assistente da Direção Artística Tiza Gonçalves Adjunta Direção Executiva Margarida Pacheco Secretária de Direção Soraia Amarelinho Direção de Comunicação Elsa Barão Comunicação Ana Ferreira, Gabriela Lourenço, Nuno Santos Mediação de Públicos Téo Pitella Direção de Produção Mafalda Santos Produção Executiva Andreia Luís, Catarina Ferreira, Marta Azenha, Tiago Antunes Direção Técnica Hernâni Saúde Adjunto da Direção Técnica João Nunes Produção Técnica Margarida Sousa Dias Iluminação Carlos Tiago, Cláudio Marto, Ricardo Campos, Sérgio Joaquim Maquinaria António Palma, Miguel Rocha, Vasco Ferreira, Vítor Madeira Som João Caldeira, Gonçalo Sousa, Nuno Saias, Ricardo Fernandes, Rui Lopes Operação Vídeo João Van Zelst Manutenção e Segurança Ricardo Joaquim Coordenação da Direção de Cena Marta Pedroso Direção de Cena Maria Tavora, Sara Garrinhas Assistente da Direção de Cena Ana Cristina Lucas Camareira Rita Talina Bilheteira Cristina Santos, Diana Bento, João Reis
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