JOGOS DE OBEDIÊNCIA 2022

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teatrosaoluiz.pt

31 MAIO A 19 JUN 2TEA0TR2O/E2STREIA

S O G O J de OBEDIÊNCIA M AR TA CA RR EI RA S

© Estelle Valente

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à con v e r s a co m

MARTA CARREIRAS di r etor a artí st i ca d e Jogos de Obediência

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Este espetáculo vem na sequência de Pedro e o Capitão, estreado em 2017, que falava da banalidade do mal. Como chegaram a estes Jogos de Obediência? Depois de Pedro e o Capitão, que descrevia uma história entre dois homens da mesma idade que tinham escolhido percursos opostos, baseando as suas escolhas em ideologias e contextos circunstanciais, interessava agora estudar o momento anterior às escolhas. O que é que determina aquilo que somos e como fazemos as nossas escolhas. Também em Pedro e o Capitão, tínhamos sempre como pano fundo as questões políticas que o texto trazia, como a tortura e a ditadura. Neste espetáculo interessava-me falar de política, mas fora dos núcleos oficiais de poder. Um texto importante nesta escolha foi “O poder dos sem poder”, de Václav Havel, que nos fala da diferença entre consenso e dissidência e do potencial dos agentes sem pelouro oficial, todas as pessoas que não têm voz politicamente, ou seja, a grande maioria do mundo. Este conceito de multidão é muito caro a todos os regimes autoritários, uma vez que a sua força e escala dependem unicamente da força, trabalho e obediência dessa multidão. Ao contrário do “não” que em Pedro e o Capitão ouvíamos do princípio ao fim, Jogos de Obediência é sobre o “sim”que dizemos com ou sem instrumentos para o fazer em consciência. E é nas idades mais novas que começamos a não nos permitir

levantar uma questão, não nos permitir impor-nos numa situação. Somos sempre educados para corresponder a qualquer coisa e nunca estamos a viver para uma coisa do agora, mas sim para alcançar algo mais tarde. A adolescência surge como a altura em que ainda se pode contrariar isso? Sim, depois de trabalharmos sobre uma fase da vida em que as decisões estão tomadas, em que sabemos que já não vamos ser uma coisa oposta ao que somos, interessou-me trabalhar sobre uma fase em que ainda nada está definido, uma fase de construção de identidades, gostos, princípios: a adolescência. O tema da obediência e desobediência colou-se a este núcleo, porque esta é também uma fase associada a rebeldia. E acho até que existe pouca rebeldia! Quis pensar no porquê de não haver mais. Sabemos que, desde que nascemos, somos educados para corresponder a qualquer coisa: um padrão, uma forma, uma religião, uma doutrina, etc. Sabemos também que a desobediência não se ensina em idade nenhuma, ela vem ter connosco sozinha, quando vem. Primeiro obedecemos aos pais, depois aos professores, depois aos patrões, aos políticos, à cidade, às regras sociais do mundo, às leis, ao medo. A vida dos seres humanos não tem muito espaço nem lugar para se exercer fora de contextos de regras, protocolos, acordos e consensos. Onde quer que nos encontremos, 3


de alguma forma, acionar gatilhos de consciência, de livre-arbítrio, de visão crítica, ganhámos este jogo.

estamos sempre a encaixar numa forma qualquer pré-determinada e fazemo-lo sem pensar sequer. Na escola, no trabalho, no metro, no tribunal, no hospital, tudo são contextos com regras estabelecidas que conhecemos e cumprimos. Tudo são jogos. Sabemos também que a obediência faz parte da estrutura das sociedades, mas a questão maior é quando a vontade de agradar perante uma ordem ultrapassa a própria ordem e se torna doutrina. Nesse momento consegue-se o impensável, a força de uma multidão motivada por um desejo de agradar é insuperável. Howard Zinn diz que “o problema não é a desobediência, mas sim a obediência”. Se só fizéssemos o que nos mandam, os sistemas colapsavam. A adolescência é um terreno muito fértil, uma terra que não está saturada por muitas colheitas de diferentes tipos, uma paisagem rica onde ainda não estão edifícios construídos. Foi com adolescentes que trabalhámos sobre estes temas do espetáculo. Foram eles que nos fizeram refletir sobre a forma como obedecer ou desobedecer depende dos contextos em que estamos e das condições que dispomos. Foram eles que nos mostraram que desobedecer pode ser um gesto de grande coragem. Um aluno levantar-se numa aula e contestar uma decisão injusta de um professor é um gesto gigante. Sobretudo porque é um movimento que desencadeia uma cadeia de lastros que vão desde punições e represálias até efeitos repressivos no futuro de cada aluno. Quisemos trabalhar com adolescentes neste processo e muitas coisas no espetáculo vieram deles. É um espetáculo deles e para eles. E se isto,

É um espetáculo para eles levarem para o seu quotidiano. Este espetáculo não é sobre rebelião, nem ataques bombistas radicais. Não é sobre o Aristides Sousa Mendes, que tomou a decisão de desobedecer para salvar centenas de judeus. Este espetáculo é sobre os obedientes que somos todos e todas, em todas as camadas da sociedade, em todos os sítios, que anuímos num gesto recorrente sem consciência ou com apenas alguma... numa empresa, num grupo de amigos, no namoro... quando dizemos que sim, quando sentimos que não está certo e vamos na mesma, quando optamos por desistir de tudo pelo “bem maior”. Este espetáculo não é sobre aqueles que desobedeceram, mas sobre aqueles que continuam a jogar o jogo. Às vezes por não terem condições para dizer “não”, às vezes por falta de instrumentos para identificar o sistema como produtor das suas vontades e desejos, às vezes por cansaço e exaustão, às vezes por desistência, às vezes por desencanto, por medo, por relações de pertença a um grupo ou um império, às vezes porque não sobra mais nada. Como surgiu a ideia de fazer um espetáculo que fosse um jogo? O jogo é como a música para os adolescentes: um instrumento de lazer e desenvolvimento de muitas capacidades, mas também um desbloqueador social. Os adolescentes têm uma forte relação com diferentes plataformas de jogo e pensei que esta era uma ferra4

menta de trabalho que eles conheciam melhor do que nós. Fizemos muitos jogos durante o processo de investigação deste espetáculo e foi muito rico. Cedo percebemos que o contexto de jogo é muito específico e espoleta no ser humano estados que levaram anos a domar na educação. A competitividade, a ideia de ganhar ou perder, os conceitos de justiça e injustiça, tudo isso surge muito rapidamente e intensamente através de um jogo. O jogo é um dispositivo de estados emocionais. Quando estávamos a trabalhar com um grupo de adultos e adolescentes que quiseram participar num workshop do projeto, jogámos ao jogo das indicações, onde uma voz nos auscultadores vai dando ordens, lembro-me de um dia termos pedido às pessoas para fazerem a saudação nazi. Seis fizeram e seis não fizeram. Umas disseram: “eu fiz porque isto é um jogo”. E outras disseram: “eu não fiz porque é um jogo e posso desobedecer”. Este exercício provocou uma reflexão sobre as coisas que fazemos em contexto de jogo e aquelas que nunca faríamos em contexto nenhum. O teatro, sendo por excelência um contexto de jogo, é um lugar onde fazemos coisas que não faríamos noutro contexto. Este foi o ponto de partida para a ideia de o espetáculo se apresentar como uma experiência científica sobre obediência e desobediência.

cei o doutoramento em Estudos de Teatro, na Faculdade de Letras, e sou atacada – no bom sentido – por autores, com uma série de temas e questões. Este doutoramento permite a prática como investigação, então, pensei em trabalhar para a construção do espetáculo. A Fundação para a Ciência e Tecnologia financiou-nos o projeto sobre Memória e Holocausto e levantámos muitos materiais que agora estamos a usar no espetáculo. O princípio de pesquisa que vou defender na tese prende-se com a relação entre “Prática e Investigação: Construção e pensamento na criação teatral”. Durante o plano de investigação, que durou 12 meses, fizemos sempre cruzamentos entre as formas académicas de fazer investigação e as gramáticas de criação teatral. Fizemos workshops de cinco dias com adolescentes, alguns com membros da academia envolvidos também e houve momentos de prática mais académica, com conferências e conversas, que, mesmo assim, bebiam muito nas práticas teatrais. Introduzimos o conceito do jogo e o conceito das práticas que aplicamos no teatro na gramática da investigação. Foi mesmo uma fusão entre a academia e criação teatral. Que ideias principais saíram dessa fase de investigação? Durante o plano de investigação tínhamos uma relação com Holocausto, e por isso, relacionámo-nos com os desobedientes do Holocausto, a questão da banalidade, a pirâmide que desumaniza e desresponsabiliza a cada nível e que depois mina tudo o que são conceitos de moralidade e ética.

Como se desenvolveu todo o processo de investigação, que passou por esses encontros com adolescentes, por encontros com investigadores e conferências? Já com a ideia do espetáculo, come5


© Estelle Valente

Estudámos tudo isso, indo sempre ao Holocausto como um exemplo de fim do mundo, impensável. E esse trabalho foi acontecendo paralelamente com os encontros com um grupo de adolescentes de São Teotónio, todos vindos do Oriente, filhos de migrantes trabalhadores das estufas, e com um grupo de adolescentes um pouco mais velhos em Lisboa, antigos alunos. Com cada grupo, implementámos um sistema político, escolhemos regras, votámos leis para um mundo perfeito e as reflexões foram muito importantes para o espetáculo. Percebemos que, trabalhando com padrões de liberdade e de responsabilidade, era possível construir uma comunidade em qualquer sítio do mundo. Os participantes escreveram leis, determinaram cami-

nhos políticos, tomaram decisões de grupo, avaliaram noções de justiça e liberdade e traçaram um plano incrível de ações para o mundo: questões ambientais, de justiça e educação para todos, questões de género, de igualdade. Foi importante perceber por onde anda esta geração, que é muito diferente da minha. E jogámos imenso. Agora, trabalhamos com isso tudo no espetáculo. Como foi passar da investigação para o palco, confrontar todo esse material com atores que iam desempenhar um papel e uma equipa que ia criar um espetáculo? Se esta conversa acontecesse há dois meses, apresentaria uma bibliografia e citações sobre os conceitos 6

todos do espetáculo e as respetivas metodologias de ação. Agora, quase a estrear, sinto que a investigação é importante, mas a prática é uma linguagem que não se pode determinar nem enquadrar antes de acontecer. Este é um espetáculo que parte dos conceitos e do projeto de investigação e que não tinha um texto. Teve de ser todo esculpido de uma pedra grande. Posso falar em turbilhão de emoções, um grupo de atrizes e atores incrível em experiência e uma equipa grande e fundamental. Começámos por jogar muitos jogos, foi um mês a levantar jogos e a tentar perceber o que diziam. Foi muito difícil, na verdade, porque queremos muito que exista uma dimensão de acontecimento em cada jogo e que o espetáculo não seja apenas uma en-

cenação de um conjunto de jogos. Quisemos manter ativa a possibilidade que só um jogo permite e, ao mesmo tempo, criar um discurso para o espetáculo. Há coisas escritas e há lugares específicos onde queremos chegar no espetáculo, mas não deixa de haver improviso, há muitas variantes e todos os dias há jogos diferentes em cena. É sempre teatro, mas não deixa de se estar a jogar também. Para terminar, quero só acrescentar que este espetáculo é dedicado aos meus filhos, Violeta e Vicente.

Entrevista realizada em maio 2022, por Gabriela Lourenço / Teatro São Luiz 7


O JOGO DAS PERGUNTAS 20 perguntas para levar para casa, ler sozinho ou acompanhado, guardar numa gaveta, partilhar, descobrir respostas e outras perguntas

Qual foi a última vez em que sentiu que devia ter desobedecido e não

o fez?

o?

Preferia ser chefe ou empregado?

O que é que o faz obedecer sempre? A quem é que obedece sempre?

Qual é o trabalho mais difícil do mundo? Se tivesse tanto dinheiro que nunca mais tivesse de trabalhar, o que faria com o seu tem po?

A quem é que desobedece sempre? Quais são os princípios de que nunca abdica? Seria capaz de amar alg

, qual seria? ra para todas as pessoas no mundo

Se tivesse o poder de criar uma reg

uém com ideologias op

ostas às suas?

Se tivesse hipótese de salvar 100 pessoas ou salvar apenas a sua família, o que faria? Consegue imaginar um

Se pudesse mudar alguma coisa no mundo, o que seria e porquê? E quand

Que três lei promulgava para um mundo perfeito? A segurança é mais importante que

contexto em que seria ca

paz de matar?

Se tivesse hipótese de fazer desaparecer uma pessoa no mundo, quem Quando acha que um adolescente se torna adulto?

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seria?

a educação?

A História serve para não esquecer ou para perpetuar os erros do passad

o?

dientes?

Existirá alguma distinção geográfica entre os obedientes e os desobe Pode a arte salvar o mundo?

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O JOGO DAS CITAÇÕES 10 frases sobre obediência e desobediência para refletir, concordar, discordar e ir em busca de autores, livros e outras ideias Se a capacidade de desobediência constituiu o início da história da humanidade, a obediência será responsável pelo seu fim. Erich Fromm

Vejo, por toda a parte, gente que combate pela sua servidão como se se tratasse da sua salvação Espinosa

Os que são mais perigosos são os homens comuns, os funcionários dispostos a acreditar e a obedecer sem discutir Primo Levi

Não é ao poder que é necessário resistir, mas sim ao nosso desejo de obedecermos, à nossa adoração do chefe, porque são esse desejo e essa adoração que, precisamente, fazem com que ele se mantenha Fredric Gros

O problema não é a desobediência, o problema é a obediência Howard Zinn A verdadeira questão não é sabermos o motivo por que as pessoas se revoltam, mas porque não se revoltam Wilhelm Reich

O teatro está numa posição privilegiada para ter uma qualquer palavra a dizer sobre o assunto da violência. Nenhuma outra forma de arte consegue sugerir ligações entre os pequenos comportamentos quotidianos e as grandes forças de uma maneira tão palpável Tom Sellar

Nada seduz mais o homem do que o livre arbítrio, mas nada há também de mais doloroso Fiódor Dostoiévski Durante séculos, os homens foram punidos por terem desobedecido. Em Nuremberga, pela primeira vez, os homens foram punidos por terem obedecido Hannah Arendt Num contexto de submissão, o submisso obedece cegamente. Executa, age sem intenção própria, sob a responsabilidade de outrem: “ajo deste modo, faço isto, mas na verdade não sou eu” Fredric Gros

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* Este espetáculo contém frases ou ideias de: Cantiga sem maneiras, José Mário Branco Endgame, Beckett Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, Luís de Camões O Amante do Crato, Maria Velho da Costa Ó pastor que choras, José Gomes Ferreira O Processo, Franz Kafka Ouve-me, Helena Almeida Salto em altura, Carlos de Oliveira The trolley problem problem, James Wilson Bartleby, Herman Melville

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31 maio a 19 junho 2022 teatro

JOGOS DE OBEDIÊNCIA MARTA CARREIRAS

Sala Mário Viegas 3 a 11 junho; sexta e sábado, 19h30; domingo, 16h; 14 a 19 junho; terça a sábado, 19h30; domingo, 16h Escolas – 31 maio a 9 junho; terça a quinta, 14h30 Duração: 1h30; M/12 €12 (com descontos) 19 junho, domingo, 16h Direção Artística, Cenografia e Figurinos: Marta Carreiras; Assistência Artística: Romeu Costa; Dramaturgia: Raquel S.; Interpretação: Cuca M. Pires, Madalena Almeida, Rosinda Costa, Rui M. Silva, Sílvia Filipe, Vitor d’Andrade; Voz da Instituição: Ivo Canelas; Assistência de Encenação: Tadeu Faustino e Cuca M. Pires; Música: Sofia Vitória; Desenho de Luz: Zé Rui; Design de Som: Francisco Marujo e Margarida Pinto; Assistência de Cenografia e Figurinos: Martim Rodrigues; Direção de Produção: Maria Folque Guimarães; Apoios: Garantir Cultura, Caixa Cultura, Espaço do Tempo, Teatro Meridional, Lavrar o Mar, Bowing Coprodução: Bloco Operatório – Associação Cultural e São Luiz Teatro Municipal Agradecimentos: Nuno Tavares da Costa, Maria Helena Carreiras, Fernando Manuel Carreiras, Natália Luiza, Bruno Bernardo, Henrique Cruz, Tiago Soares, Fernando Alvarez, Madalena Victorino, Inês Melo Sousa, Matilde Real, Teatro Experimental de Cascais e Alexandra Formiga, Beatriz Pereira, Carolina Sendim, Diana Reis, Kénya, Marco Belezas, Ricardo Reis, Rita Raven, João Pataco, Pedro Henriques, Mava, Nena Trim, Laxmi Khadka, Mehak Jyoti, Kamal Prasad Upadhyaya, Simran Sen, Maitri Patel, Kabita Upadhyaya, Dawa Sherpa, Charanjot Kaur, Taranpreet Kaur Dhindsa, Aayush Kandel, Amrita Budha, Saima Sabin, Sneha Malla, Aashika Kandel, Daniel Wang, Arshpreet Kaur, Saimon Kandel, Gursanjpreet Kaur, Naima Sabin, Aria, Rani Pathak Espetáculo integrado no Projeto “The Holocaust and Modernity: Violence and obedience in present societies”, financiado pela FCT - Fundação para a Ciência e Tecnologia no âmbito do apoio especial “Portugal e o Holocausto: investigação e memória” [ID: 740684458] O Teatro São Luiz/EGEAC é parceiro no Projeto Europeu Inclusive Theater(s) Rede de desenvolvimento de novos públicos através de ações inclusivas para pessoas com necessidades específicas Direção Artística Aida Tavares Direção Executiva Ana Rita Osório Assistente da Direção Artística Tiza Gonçalves Adjunta Direção Executiva Margarida Pacheco Secretária de Direção Soraia Amarelinho Direção de Comunicação Elsa Barão Comunicação Ana Ferreira, Gabriela Lourenço, Nuno Santos Mediação de Públicos Téo Pitella Direção de Produção Mafalda Santos Produção Executiva Andreia Luís, Catarina Ferreira, Marta Azenha, Tiago Antunes Direção Técnica Hernâni Saúde Adjunto da Direção Técnica João Nunes Produção Técnica Margarida Sousa Dias Iluminação Carlos Tiago, Cláudio Marto, Ricardo Campos, Sérgio Joaquim Maquinaria António Palma, Miguel Rocha, Vasco Ferreira, Vítor Madeira Som João Caldeira, Gonçalo Sousa, Nuno Saias, Ricardo Fernandes, Rui Lopes Operação Vídeo João Van Zelst Manutenção e Segurança Ricardo Joaquim Coordenação da Direção de Cena Marta Pedroso Direção de Cena Maria Tavora, Sara Garrinhas Assistente da Direção de Cena Ana Cristina Lucas Camareira Rita Talina Bilheteira Diana Bento, João Reis, Pedro Xavier

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