MARIA DO MAR (1930) 2021

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DE JOSÉ LEITÃO DE BARROS

MARIA DO MAR (1930)

12 JUNHO 2021 CINEMA/MÚSICA M/12

MÚS ICA DE

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VAS CO PEA RC E DE AZE VED O FILIPA PAIS (VOZ) FRANCISCO SASSETTI (PIANO)


MARIA DO MAR DE JOSÉ LEITÃO DE BARROS

COM ADELINA ABRANCHES, ALVES DA CUNHA,

OLIVEIRA MARTINS, ROSA MARIA PORTUGAL, 1930

Maria Do Mar é um notável trabalho de integração da paisagem marítima e da vida dos pescadores da Nazaré numa ficção construída à volta do ódio entre duas famílias por causa da morte de um pescador, provocada acidentalmente por outro. Embora sejam os filhos que, em primeira instância, se tornam as maiores vítimas desse ódio, acabará por ser na sequência da união amorosa deles que virá a acontecer a reconciliação. Um belíssimo filme, com imagens surpreendentes e um trabalho de montagem claramente marcado pela influência da vanguarda soviética da época, onde se notam ainda muitos outros sinais do cinema europeu e americano dos anos vinte do século passado. Esta sessão no Teatro São Luiz marca o início das atividades públicas do programa FILMar, que terá uma continuidade regular a partir de 30 de setembro de 2021 e ao longo de três anos. Financiado no quadro do programa EEA Grants, permitirá à Cinemateca digitalizar dez mil minutos de cinema português de temáticas relacionadas com o mar, num ambicioso

desafio destinado a dar maior visibilidade a uma das linhas estruturantes do cinema nacional conservado no nosso arquivo, corporizada tanto nas longas como nas curtas-metragens, nas áreas da ficção, documentário, animação, filmes de promoção e atualidades. A estratégia, articulada com parceiros nacionais de diferentes áreas da exibição, distribuição e mediação de públicos, será desenvolvida em diálogo com o Norsk Filminstitutt, entidade congénere da Cinemateca Portuguesa na Noruega. Esta sessão é, ainda, organizada no âmbito do programa A Season of Classic Films, financiado pelo Programa Europa Criativa e coordenado pela ACE (Association des Cinémathèques Européennes), destinado a valorizar o património cinematográfico europeu, em especial convidando à descoberta do mesmo por parte de novas gerações. Esta cópia em formato DCP (Digital Cinema Package) apresenta a versão restaurada pela Cinemateca Portuguesa em 2000 e teve origem na digitalização 4K do negativo de câmara 2

Culturgest, na qual foi também ouvida pela primeira vez a partitura original composta para o filme por Bernardo Sassetti, executada ao vivo por um conjunto orquestral dirigido por Vasco Pearce de Azevedo, com a participação de Filipa Pais e tendo ao piano o compositor. A sessão foi realizada no âmbito de um encontro das cinematecas europeias em Lisboa, por sua vez integrado no programa cultural da segunda Presidência Portuguesa do Conselho da União Europeia. Agora, no momento em que Portugal acolhe, uma vez mais, a presidência rotativa da União Europeia, apresentamos a nova cópia digital de Maria Do Mar, trazendo de novo o filme ao lugar da estreia, o São Luiz Teatro Municipal. Voltamos a juntar-lhe a notável composição de Sassetti, representativa da inventividade da sua escrita musical e atenta aos cambiantes emocionais da realização de Leitão de Barros – uma composição que o músico veio aliás depois a trabalhar, em aperfeiçoamentos sucessivos, ao longo da década que se seguiu àquela estreia.

original do filme. Alguns planos degradados ou inexistentes no negativo, assim como todos os intertítulos, foram digitalizados a partir do interpositivo produzido no restauro de 2000. O restauro digital de imagem e a correção de cor foram feitas pela Cineric Portugal. Este DCP foi finalizado pela Irmã Lúcia Efeitos Especiais. Estreado a 20 de maio de 1930, no São Luiz, Maria Do Mar é um dos expoentes do cinema mudo português, símbolo de mestria na construção de uma narrativa que encontra no feudo entre duas famílias uma história de amor que vai para lá do drama da faina dos pescadores da Nazaré. Se o filme foi exibido em inúmeras ocasiões e ciclos, o seu restauro é um marco importante na história da Cinemateca Portuguesa, e, em particular, na fase inaugurada com a instalação do laboratório de restauro do seu departamento ANIM (Arquivo Nacional das Imagens em Movimento). Com efeito, este foi o primeiro trabalho desse laboratório, dado a conhecer em 2000 (na cópia então produzida em película), em sessão realizada na 3


O FILME

João Bénard da Costa

apalpa o peito, na primeira das muitas ousadias eróticas da obra (e a cena motivou, à época, muitos reparos). “Os mais visivelmente ‘actores’”, disse eu. Mas tal afirmação não resiste a uma análise. Rosa Maria e Oliveira Martins não são os únicos actores do filme e são mesmo aqueles que neste filme começaram uma carreira de actor (caso de Oliveira Martins, depois “galã” bastante constante no nosso cinema dos anos 30 e 40) ou que a este filme resumem a sua aparição nas telas (caso de Rosa Maria, que nunca mais fez nada que se visse). Actores são, sim, quase todos os que os rodeiam, desde as glórias do teatro que à época eram Adelina Abranches (Tia Aurélia, “a Ilhoa”) e Alves da Cunha, até à mulher do Falacha (Perpétua dos Santos, que Leitão de Barros descobrira num guarda-roupa de Lisboa, a quem já dera um papel relevante na Lisboa, Crónica Anedótica e que, alguns anos depois, ainda fez uma inesquecível Tia Zefa nas Pupilas), ou aos “característicos” “Perú” e “Lacraio” (Horta e Costa e António Duarte, também descobertas de Barros). Ou seja, não é pelo “ofício”, ou pela ausência dele, que Maria e Manuel se “insularizam”. Se tanto representam

Se quisermos usar terminologia do mundo das artes ditas plásticas, Maria do Mar é sobretudo um fresco, um soberbo mural, subordinado a uma conjugada coralidade. [...] Grande parte da ambiguidade desta obra parece-me provir do contraste entre a assumida corporalidade (em muitas passagens, fortíssimo erotismo) do casal que mais escapa ao espaço fechado da enseada e ao espaço fechado da vila e as máscaras mortuárias (ou efígies da morte) que constantemente o cercam sem o conseguir murar, sejam essas máscaras de outros actores ou sejam elas as máscaras do povo da Nazaré. Essa ambiguidade é reforçada pelo facto de no filme se tardar a definir quem são os protagonistas. Até ao naufrágio, ou até à morte do arrais Falacha (Alves da Cunha) (no fundo, até à morte dos dois pais) o jovem casal é apenas esboçado. São os últimos a quem somos apresentados e, se tanto se distinguem dos outros, é porque são os mais visivelmente actores, os mais estranhos à comunidade. Dele, sabemos que “ainda não ia ao mar” e que ainda não tinha ido às sortes quando o pai morreu. Ela, entra no filme com a sua passagem a mulher, quando o pai simultaneamente a senta ao colo e lhe 4

que corresponda à grande rebentação de que falam os intertítulos) Leitão de Barros confiou a tragédia à montagem de grandes planos sucessivos de rostos impressivos e à montagem desses grandes planos, tão fugazes quanto marcantes, com vastos planos de conjunto ou planos de meio-corpo cerrados, que são outras tantas metáforas da fúria dos elementos e da raiva e impotência colectivas face a eles. Diversificando os pontos de vista, utilizando magistralmente a dialéctica plongée-contra-plongée, misturando as pessoas com as rochas antropomórficas, tornou prevalecente a imagem do abismo sobre a imagem da altura e envolveu a paisagem humana e natural numa danação sacral que, por completo, afasta essas cenas do

de actores, se tanto se impõem como actores (mal ou bem) é sobretudo, porque são os corpos mais estranhos àquela comunidade, como se fossem os únicos a quem é consentida a libertação do décor (e do peso da maldição a ele associado). E porque são os novos também, numa terra de velhos e não tem ao lado outros novos com presença dramática significativa. Por isso, a sua presença é tão discreta quanto destoante até ao primeiro “clímax” de Maria do Mar: o naufrágio. E nessa portentosa sequência - momento supremo do filme - que a coralidade mais se afirma e que é mais visível a influência do cinema soviético sobre Maria do Mar. Sem meios nem recursos técnicos para filmar uma tempestade (nunca nada vemos 5


Leitão de Barros chamou a Maria do Mar “documentário dramatizado da vida dos pescadores da Nazaré”. Maria do Mar, a meu ver, é bastante mais do que isso. E um dos exemplos mais conseguidos, à época em que foi feito, de abordagem documental de uma ficção dramática e lírica, utilizando quer a ficção quer o documentário para criar um microcosmos, onde explodem, sem peias argumentativas, as grandes paixões do homem. Conseguiu-o através de uma encenação que é uma das sínteses mais poderosas e singulares do realismo expressivo germânico, do conceptualismo soviético e do cultismo representativo americano. E conseguiu-o com a junção-disjunção de todas essas influências com uma realidade tão sui-generis, e finalmente tão portuguesa, como a Nazaré. Nisso, reside o seu maior feito e o seu maior efeito. Por isso, muito mais do que pela “estranha e incompreensível afinidade que aproxima tanto a alma portuguesa da alma eslavas”, que António Ferro sobretudo defendeu nele, Maria do Mar ocupa no nosso cinema um lugar único e permanente, como uma das obras de segredos mais fechados e de milagres mais abertos.

descritivismo, do documentarismo ou do naturalismo, para as transformar na visualização dos espaços da noite e dos espaços das trevas, dos tempos da fatalidade e dos tempos da revolta. Se as lições da montagem russa (provavelmente mais aprendidas em Pudovkine ou Olga Preobraienskaia do que em Eisenstein ou Vertov) são gloriosamente assimiladas, tal provém de essa montagem jamais utilizar uma única dominante, mas a soma da atracção de todos os factores estimulantes. É a partir da colisão e junção dos diversos elementos expressivos (rostos, gestos, imprecações, movimentos dos corpos, correrias de massas, peças significativas do décor) que é alcançada a siginificação totalizante. Entre múltiplos exemplos, cito a montagem do grande plano do velho das barbas com o da mulher de mãos postas a rezar (dizia-se que uma figurante de 103 anos), a desta com o plano das cruzes, associando-lhe, por sua vez, como leit-motiv frequente, o espantoso rosto da velha cega, essa Galiana que depois funcionará como parca da morte junto ao arrais. Ou a montagem dos planos dos acenos e brados das mulheres no rochedo, quase metidas nas ondas, com os enormes planos gerais em plongée, quando toda a aldeia corre para a praia, no momento da consumação do naufrágio, que não é ilustrada por nenhuma imagem do barco ou do mar, mas, uma vez mais, pelo plano mortal da velha Galiana, de novo metáfora do destino cego que se abateu sobre os homens tragados pelo oceano. [...]

João Bénard da Costa (1935-2009), Prémio Pessoa 2011, foi subdiretor (19801991) e diretor (1991-2009) da Cinemateca Portuguesa-Museu do Cinema, tendo assinado inúmeros textos, atualmente a serem reunidos na obra Escritos sobre cinema. Este texto pode ser lido, na íntegra, em www.cinemateca.pt 6

CRONOLOGIA DE UM FILME-CONCERTO

1930 Estreia de Maria do Mar, de Leitão de Barros, a 20 de maio, no Cine São Luiz. 1999 A Cinemateca Portuguesa encomenda a Bernardo Sassetti uma partitura com música original, que seria orquestrada por Vasco Pearce de Azevedo, Bernardo Sassetti e Luís Tinoco. 2000 Estreia na Culturgest, a 11 de março, e, no dia seguinte, no Rivoli Teatro Municipal, 1930, a cópia restaurada em 35mm, sob orientação de Luigi Pintarelli e Rafael Marques, dando início aos trabalhos do Arquivo Nacional das Imagens em Movimento, acompanhada da partitura de Bernardo Sassetti, por si interpretada, ao piano, com a participação do Quinteto de Cordas Lusitânia, Quinteto de Sopros Flamen, Rui Gabriel (saxofone alto), Mário Delgado (guitarras), André de Sousa Machado (percussão) e Filipa Pais (voz). 2013 A 24 de junho, é apresentada no Teatro Nacional São Carlos, com interpretação ao piano de Francisco Sassetti. 2020 É iniciado o restauro digital para produção de cópia em DCP. 2021 Maria do Mar regressa ao Teatro São Luiz, com a música de Bernardo Sassetti interpretada pela Orquestra Sinfonietta de Lisboa, sob a direção musical de Vasco Pearce de Azevedo, com a voz de Filipa Pais e o piano de Francisco Sassetti. 7


escolha dos instrumentos e respectivas orquestrações foram surgindo, a pouco e pouco, à medida que fui visionando o filme, isto é, umas boas dezenas de vezes! Em tom de conclusão, gostava de sublinhar o amor que dedico a esta obra, enaltecendo o precioso empenho que o Dr. João Bénard da Costa e o Eng° José Manuel Costa mostraram para levar avante este projecto – tão difícil em Portugal, onde importa promover e apoiar o desenvolvimento da música instrumental para cinema. Agradecimentos: ao meu pai, Sidónio Paes, que me ajudou na organização temática deste filme; a todos os intérpretes, pelo enorme interesse e dedicação que eu não esquecerei; ao maestro Vasco Pearce de Azevedo e ao compositor Luís Tinoco, dois músicos brilhantes, pela orquestração de alguns dos temas principais, ao José Pedro Gil, pelo incansável apoio que me deu ao longo de todo o processo de criação; ao realizador Anthony Minghella e ao compositor Gabriel Yared, pela inspiração e conhecimentos que me foram transmitidos sobre a música em relação com a imagem; aos compositores Bernard Herrmann e Nino Rota, pela arte e magia das obras que nos deixaram.

A MÚSICA Bernardo Sassetti

piano solo, nas sessões que aquela instituição dedica a esse tipo de cinema. Este convite e o tempo que dedico à composição trouxeram de novo o gosto que sempre tive pela imagem em movimento e uma enorme vontade de me dedicar à Sétima Arte, o que ultimamente tem vindo a acontecer com maior regularidade. Por tudo o que acabei de referir, Maria do Mar representa um desafio muito especial e, seguramente, o mais aliciante do meu ainda curto percurso musical, nomeadamente na área da composição. A composição da música de Maria do Mar foi iniciada no verão de 1998. A minha principal preocupação foi sempre o respeito pela realização de Leitão de Barros, na criação de temas musicais que pudessem acompanhar o fluxo das imagens, algumas delas de uma beleza, expressão e sensibilidade como nunca antes vi em cinema. O conceito da composição assenta num conjunto de números que acompanham as várias cenas e sequências do filme. Desta forma, o meu objectivo foi criar uma banda sonora que não pretende o efeito de sonoplastia exagerada – em que cada gesto ou expressão seja uma nota ou acorde musical – mas sim o complemento da imagem

O cinema e a música para filmes têm sido, para mim, uma enorme fonte de inspiração desde que comecei a dar os primeiros passos na música. Tenho boas recordações do primeiro ciclo de cinema a que assisti, promovido pela Cinemateca Portuguesa e dedicado a Alfred Hitchcock. Tinha então 12 anos e não faltei a nenhum dos seus filmes aí projectados, excepto um, Psycho, porque os meus pais não me deixaram! Enfim, nessas idades não se pode querer tudo. Algumas das suas obras principais contam com a magnífica partitura de Bernard Herrmann, inequivocamente um dos grandes compositores de música para cinema do século XX. Foi a partir das suas obras que me apercebi do quão importante é a música em relação com a imagem e vice-versa, sendo, pois, uma referência chave na abordagem que tenho da composição musical. Devo confessar que a música para cinema é a minha grande paixão mas que, durante muitos anos, esteve longe dos meus planos, nomeadamente quando decidi dedicar-me ao piano e, em particular, à música jazz. No entanto, em 1995, recebi da Cinemateca Portuguesa, um convite para acompanhar filmes mudos, em improvisos de 8

com ambientes musicais que aquela vai sugerindo ao longo de todo filme. Este é, talvez, o aspecto sobre o qual me debrucei com maior cuidado. O estilo de composição parece-me difícil de definir com exactidão. Ainda assim, posso adiantar que contei com diversas influências, tanto da música clássica como de temas de raiz popular portuguesa e pequenas canções, muito em voga nas décadas de 1930/40. Aliás, quando revejo a cena de Maria e Manoel na fonte imagino sempre a voz do nosso lendário tenor, Tomás Alcaide. Enfim, estes são, entre outros, os elementos fundamentais para a elaboração da Suite de Maria do Mar. A sua composição e desenvolvimento, a

Textos de João Bénard da Costa e Bernardo Sassetti originalmente escritos para a publicação Maria do Mar: Um filme de José Leitão de Barros, versão restaurada, música de Bernardo Sassetti. Lisboa, Cinemateca Portuguesa-Museu do Cinema, 2000, editado por ocasião da “Sessão Especial” que teve lugar no Grande Auditório da Culturgest em março de 2000 9


“Em Maria do Mar, citação imprescindível na história do cinema mundial, transparecem as primeiras obsessões, descritivas e pictóricas, que em Leitão de Barros se prolongam sistematicamente. Desde logo, o apelo da natureza e os desígnios das fainas marítimas (Ala-Arriba!), além dum subtil recorte erótico que detalhará, especialmente em Vendaval Maravilhoso”. Manuel Félix Ribeiro, José Leitão de Barros, Cinemateca Portuguesa, 1982

“Experiência neo-realista, sem dúvida, perfeitamente válida que, aliada a Douro Faina Fluvial [Manoel de Oliveira, 1931], nos coloca na vanguarda dessa experiência cinematográfica”. Eurico da Costa, Diário de Lisboa, 15 julho 1966

“Maria do Mar teve grande intenção plástica. Preocupado com as ‘cabeças da raça’, Leitão de Barros procurou aproveitar, tudo o que na Nazaré havia de figuras do povo com máscara vincada e cheia de carácter” Roberto Nobre, Singularidades do Cinema Português, Portugália Editora, 1964, p.169

ECOS “O modo como o corpo humano é filmado em Maria do Mar revela a audácia e a modernidade de Leitão de Barros, e permite ultrapassar as fronteiras de uma história convencional.”

Luís de Pina, citado por Luís Bordalo e Sá, em Trunfos e contradições da vontade – Para uma releitura de Lopes Ribeiro e Leitão de Barros no Contexto do Cinema de Propaganda, Tese de Doutoramento em Estudos Artísticos, Faculdade de Letras, Lisboa, Universidade de Lisboa, 2013, p.413

“Devido a Leitão de Barros, a Nazaré nasceu para a glória cinematográfica. E os seus pescadores de ontem, que povoam o filme, dispensam-se de receber lições de verdade psicológica e de profundidade humana dos que vieram depois, sem excluir os de ontem. Ninguém até hoje conseguiu torná-los mais verdadeiros, mais humanos, mais próximos da sensibilidade das plateias mundiais do cinema.” Diário de Notícias, 31 outubro 1964

Fotografias da Coleção Cinemateca Portuguesa-Museu do Cinema

“[Para Bernardo Sassetti] Maria do Mar representou um desafio muito especial e o mais aliciante do seu percurso musical” Isabel Alves Costa, Rivoli 1989-2006, edições Afrontamento, 2008, p.171

“Juntos, o filme de Leitão de Barros e a composição musical de Bernardo Sassetti, são um verdadeiro poema. Comovem pela paixão que um e outro revelam na sua criação. Pela beleza rara daquelas imagens negras do mar em fúria contra as rochas, das mulheres graníticas que rezam na praia de mãos postas, pelas capas ao vento como que a travar (ou seria anunciar?) a morte, pelos beijos ardentes embora infantis e pela contenção dos gestos. A música de Sassetti, essa, perturba pela delicadeza da alma, pela atenção aos olhares, às lágrimas e aos risos, pela alegria e pela tristeza, pelo pudor com que acompanha a acção e pela força que deposita em cada imagem.” Laurinda Alves, Público, 20 março 2000

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12 junho 2021 cinema

MARIAJOSÉ DO MAR (1930) LEITÃO DE BARROS DE

Sala Luis Miguel Cintra Sábado, 20h Duração: 1h30; m/12 Realização: José Leitão de Barros; Composição Original: Bernardo Sassetti; Interpretação: Orquestra Sinfonietta de Lisboa; Voz: Filipa Pais; Piano: Francisco Sassetti; Direção Musical: Vasco Pearce de Azevedo; Orquestrações: Bernardo Sassetti, Vasco Pearce de Azevedo, Luís Tinoco; Maria do Mar (canção original): Letra - Pereira Coelho, Música - Wenceslau Pinto, Arranjo original - Bernardo Sassetti Orquestra Sinfonietta de Lisboa violinos 1 António Figueiredo - concertino Ewa Michalska Jorge Vinhas Maria João Bonina Rita Franco Paula Pestana violinos 2 Ana Margarida Sanmarfull Ana Filipa Serrão Eurico Cardoso Kamelia Dimitrova Maria Gomes Rui Guerreiro violas Ricardo Mateus Joana Moser de Vasconcelos Fátima Rodrigues Mónica Saraiva Sandra Martins

violoncelos Luís Clode Bruno Baião Daniela Brito Gonçalves Emídio Coutinho contrabaixos João Panta Nunes Sofia Neide Carneiro sopros Ana Rita Prata (clar2) Augusto Rodrigues (tp2) David Costa (ob/ engl horn) Francisco Ribeiro (clar1) Luís Correia (fag) Marina Camponês (fl2) Paulo Guerreiro (tp1) Rita Nunes (sax) Rui Marques (fl1) percussão Fátima Juvandes

Co-apresentação: Cinemateca Portuguesa – Museu do Cinema e São Luiz Teatro Municipal

teatrosaoluiz.pt Direção Artística Aida Tavares Direção Executiva Ana Rita Osório Assistente da Direção Artística Tiza Gonçalves Adjunta Direção Executiva Margarida Pacheco Secretária de Direção Soraia Amarelinho Direção de Comunicação Elsa Barão Comunicação Ana Ferreira, Gabriela Lourenço, Nuno Santos Mediação de Públicos Téo Pitella Direção de Produção Mafalda Santos Produção Executiva Andreia Luís, Catarina Ferreira, Tiago Antunes Direção Técnica Hernâni Saúde Adjunto da Direção Técnica João Nunes Produção Técnica Margarida Sousa Dias Iluminação Carlos Tiago, Ricardo Campos, Tiago Pedro, Sérgio Joaquim Maquinaria António Palma, Miguel Rocha, Vasco Ferreira, Vítor Madeira Som João Caldeira, Gonçalo Sousa, Nuno Saias, Ricardo Fernandes, Rui Lopes Operação Vídeo João Van Zelst Manutenção e Segurança Ricardo Joaquim Coordenação da Direção de Cena Marta Pedroso Direção de Cena Maria Tavora, Sara Garrinhas Assistente da Direção de Cena Ana Cristina Lucas Bilheteira Cristina Santos, Diana Bento, Renato Botão

A Season of Classic Films


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