SE EU FOSSE NINA 2021

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E S S O F U SE E NINA TEXTO E ENCENAÇÃO

ONLINE 15 A 22 MARÇO 2021

RITA CALÇADA BASTOS

INTERPRETAÇÃO CARL A MACI EL

TEATRO/ESTREIA

© Estelle Valente

M/12

Produção: Close2Paradise

teatrosaoluiz.pt


Quem é esta Nina, inspirada n’A Gaivota, de Tchekov, e em Os Apontamentos de Trigorin, de Tennessee Williams, que nos faz lembrar uma noiva fantasma? Faz lembrar uma noiva fantasma? Poético, isso... Realmente, o teatro tem essa magia de pôr o outro a olhar para o objeto que criámos e a sentir-se livre para fazer a sua leitura. Para mim, a Nina do Tchékov representa o arquétipo da resistência, e obviamente a de Tennessee Williams também, claro, não fossem Os Apontamentos de Trigorin uma derivação de A Gaivota, de Tchékov, e sempre me identifiquei muito com ela. Esta Nina, a minha Nina, é uma mulher que ama o teatro, que se fechou dentro do teatro recusando-se a aceitar que o Teatro possa acabar. Ama o teatro como ama a vida.

Essa reflexão mudou, de alguma forma, com tudo o que estamos a viver: pandemia, confinamento, suspensão da cultura...? Esta reflexão tornou-se ainda mais urgente e mais viva, sim, com este estado em que estão as coisas. Nas grandes crises, sejam sociológicas, sanitárias ou económicas, a precariedade e a fragilidade vêm sempre ao de cima. Era muito importante que conseguíssemos olhar o próximo como único e irrepetível. Penso que a arte em geral ajuda muito a criar esse estado de compreensão e relação entre as coisas e que isso facilita a comunicação e o entendimento. Têm, de uma vez por 2

fazer para irmos dar a outro lugar... Risos... Penso que o diálogo entre tentativa e o erro é a melhor maneira para se ir escrevendo essa realidade. E o amor, claro.

© Estelle Valente

À CONVERSA COM RITA CALÇADA BASTOS

Em cena, temos esta personagem presa num teatro e esta atriz que a quer salvar. Que reflexão se faz sobre o teatro? O teatro traz consigo um role de possibilidades de existência que me tranquiliza. A possibilidade de sermos muitos, de sermos vários. Promove a empatia e propõe-se atingir o inatingível: a obra de arte total, que Wagner diz só poder existir na música... Será a personagem que está presa no teatro ou a atriz que está presa à personagem? Em que tempo se passa a narrativa? É real, é ficção? É a atriz que está a falar da personagem ou está a falar de si própria usando a personagem? Ou é a personagem que precisa que a atriz exista para se manter viva? Esta matéria entre manipulador e manipulado acabou por me permitir acrescentar várias camadas na própria escrita do texto. Confesso que a dado momento a caneta começou a escrever sozinha...

Carla Maciel foi a atriz escolhida para este monólogo. O que trouxe ela ao espetáculo, de que maneira tornou esta Nina mais especial? Eu sabia que estava a escrever para ela. E Isso foi uma grande ajuda. A Carla é uma atriz muito generosa e essa generosidade vem da pessoa extraordinária e exigente que é. Uma verdadeira perfecionista, criativa, incansável – tem uma capacidade de trabalho fora do normal – e mostrou-se sempre muito atenta e interessada em perceber qual era, desde o primeiro momento, o meu imaginário para corresponder da melhor maneira possível. Posso dizer que, não só correspondeu, como o elevou e potenciou. Como é do conhecimento geral, escrever é um ato muito solitário e enquanto escrevia, apesar de já ter algumas ideias de encenação, houve coisas que só descobri com ela. É uma sorte tê-la neste projeto e uma sorte para qualquer encenador ou realizador, tê-la em qualquer projeto. É de uma entrega rara e por isso é muito difícil poupar-lhe elogios. A Carla tem uma visão muito interessante da vida e do teatro e ajudou-me a dissecar o texto para chegar àquilo que considero ser a melhor versão deste espetáculo. Espero que gostem.

todas, de ser criadas condições para que a cultura chegue a todos. Todos são necessários numa sociedade saudável. Mas isso só será possível começando na base da mesma, nas escolas, criando nos miúdos essa necessidade, esse entendimento. A cultura não pode nem deve ser dispensável. Nunca. De que forma a realidade e a ficção se cruzam em cena? Tentei que de todas as formas isso acontecesse. Interessa-me muito esse lugar. Até porque o que é a realidade e o que é a ficção? A realidade e a ficção, a apreensão que fazemos delas, não dependem da perspetiva de cada um? Uma das perguntas com que partiu para este espetáculo foi “De que forma as nossas escolhas influenciam o lugar onde estamos?”. Encontrou uma resposta? Hoje em dia não tenho dúvidas nenhumas de que são as nossas decisões que determinam o lugar onde estamos... Às vezes não sabemos é o que

Entrevista realizada por Gabriela Lourenço / Teatro São Luiz, em março 2021 3


15 a 22 março 2021 teatro online estreia

SE EURITA CALÇADA FOSSEBASTOSNINA Sala Virtual do São Luiz - bol.pt Segunda a segunda, às 19h (disponível até às 24h) Duração: 1h; m/12 €3 Em todas as sessões

© Estelle Valente

Conceção, texto e encenação: Rita Calçada Bastos; Interpretação: Carla Maciel; Desenho de luz: Paulo Santos; Cenografia e figurinos: Rute Osório de Castro; Música e espaço sonoro: Hugo Neves Reis; Vídeo: Raul Ribeiro; Produção executiva: Raul Ribeiro; Produção: Close2paradise

O Teatro São Luiz/EGEAC é parceiro no Projeto Europeu Inclusive Theater(s) Rede de desenvolvimento de novos públicos através de ações inclusivas para pessoas com necessidades específicas Direção Artística Aida Tavares Direção Executiva Ana Rita Osório Assistente da Direção Artística Tiza Gonçalves Adjunta Direção Executiva Margarida Pacheco Secretária de Direção Soraia Amarelinho Direção de Comunicação Elsa Barão Comunicação Ana Ferreira, Gabriela Lourenço, Nuno Santos Mediação de Públicos Téo Pitella Direção de Produção Mafalda Santos Produção Executiva Andreia Luís, Catarina Ferreira, Tiago Antunes Direção Técnica Hernâni Saúde Adjunto da Direção Técnica João Nunes Produção Técnica Margarida Sousa Dias Iluminação Carlos Tiago, Ricardo Campos, Tiago Pedro, Sérgio Joaquim Maquinaria António Palma, Miguel Rocha, Vasco Ferreira, Vítor Madeira Som João Caldeira, Gonçalo Sousa, Nuno Saias, Ricardo Fernandes, Rui Lopes Operação Vídeo João Van Zelst Manutenção e Segurança Ricardo Joaquim Coordenação da Direção de Cena Marta Pedroso Direção de Cena Maria Tavora, Sara Garrinhas Assistente da Direção de Cena Ana Cristina Lucas Bilheteira Cristina Santos, Diana Bento, Renato Botão

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