MEIO NO MEIO 2021

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MEIO NO MEIO


MEIO NO MEIO é a nova criação de Victor Hugo Pontes, que reflete um processo de três anos com um grupo intergeracional proveniente de quatro territórios – Almada, Barreiro, Lisboa e Moita – ao qual se vieram juntar outros intérpretes profissionais, num trabalho que combina e retrata diferentes percursos artísticos dos que estão em cena. Acompanhando a vida destes participantes ao longo de três anos, atravessados por uma pandemia, MEIO NO MEIO parte das ideias de percurso e de expectativa; de memória e autobiografia; e do movimento incessante de corpos levados ao limite por Victor Hugo Pontes, na sua linguagem coreográfica tão singular. O título do espetáculo decorre de um espaço de possibilidade (o meio) e dos caminhos que se abrem diante de uma espécie de clareira (esse tal meio). Às vezes, chama-se “futuro” a esses caminhos, ou somente “vida”, ou “destino”, ou uma dessas palavras que designa o que aí vem. O espetáculo não deixa de questionar, também, a forma como organizamos e contamos o nosso passado e o apontamos ao futuro por vir. MEIO NO MEIO usa a documentação e (auto)reflexão sobre cada uma das vidas retratadas em cena, para construir um mapa afetivo de memórias e possibilidades, fixadas no texto de Joana Craveiro. Tudo isto, ao som da música intensa, mas também intimista, guerreira e libertadora dos Throes + The Shine, que era a música pedida por aqueles corpos.



MEIO NO MEIO é um projeto coordenado pela ARTEMREDE e desenvolvido no âmbito do programa PARTIS da Fundação Calouste Gulbenkian, em parceria com os municípios de Almada, Barreiro, Lisboa e Moita, a estrutura artística Nome Próprio, a Rumo-Cooperativa de Solidariedade Social e o CIES-Iscte. Com direção artística do coreógrafo Victor Hugo Pontes, o projeto promoveu, de 2019 a 2021, a formação artística de jovens e adultos dos territórios envolvidos, abrangendo mais de 70 participantes. Durante este período, os formandos participaram em ações de formação e pesquisa nas áreas da dança teatro, cinema, artes visuais e música hip-hop/rap, coordenadas por Victor Hugo Pontes (Dança) e por cinco outros artistas, ligados a estes territórios: Carina Silva (Teatro, Barreiro), Mário Ventura (Cinema, Moita), Catarina Pé-Curto e Joana Sabala (Artes Visuais, Almada) e Nuno Varela (Música Hip-Hop/Rap, Marvila-Lisboa). O desenvolvimento local do projeto foi coordenado por uma equipa mista municipal, da cultura e da intervenção social: Patrícia Teixeira e Teresa Pestana (Almada), Maria José Lêdo, Célia Gaudêncio e Catarina Gil (Barreiro), Cláudia Matos e Sara Rodrigues (Lisboa) e Sofia Figueiredo e Rita Azevedo (Moita). Cada grupo de participantes incluiu um mediador do território: Mavatiku José (Almada), Celso Fonseca (Barreiro), Cristina Santos (Lisboa) e Rolaisa Embaló (Moita). Concluído este processo de capacitação, 12 participantes foram selecionados para participar na residência artística desenvolvida no Centro de Experimentação Artística do Vale da Amoreira (Moita) e integrar a equipa artística do espetáculo MEIO NO MEIO. Este espetáculo multidisciplinar, dirigido por Victor Hugo Pontes, representa o culminar do projeto e agrega as aprendizagens do trabalho desenvolvido ao longo de dois anos e meio. Todo o processo de formação e criação foi registado e dará origem a uma longametragem documental, realizada por Maria Remédio, a estrear no final de 2021. O projeto teve ainda o acompanhamento do investigador Rui Telmo Gomes, do CIES-Iscte, o que resultará numa publicação, a lançar também em 2021. MEIO NO MEIO é o segundo projeto da ARTEMREDE produzido no âmbito do programa PARTIS. O primeiro, Odisseia, envolveu seis municípios e deu origem a uma peça de teatro (E Agora Nós!, de Rui Catalão), a um espetáculo de artes de rua (Histórias em Viagem, da Radar 360º) e a um filme-concerto (CurtasMigratórias, António-Pedro/Caótica). 4



O ROTEIRO QUE ESTAVA PREVISTO E O CAMINHO QUE NOS TROUXE ATÉ AQUI Há cerca de dois anos e meio começou o projeto MEIO NO MEIO, tema do projeto de investigação sobre práticas artísticas participativas que comecei ao mesmo tempo. O plano previa dois anos de formações artísticas em diferentes áreas (dança, teatro, artes visuais, cinema, hip-hop) e um terceiro ano dedicado à montagem de um espetáculo original. Tomei parte nas formações com os restantes participantes e fiz de público nos ensaios antes de haver público. Esse era o plano, mas claro, o que aconteceu até agora – o dia de hoje – não podia ser previsto. Estas são algumas notas que fui tomando.

Rui Telmo Gomes é investigador integrado do CIES-Iscte. Doutorado em Sociologia (2013, IscteInstituto Universitário de Lisboa). Desenvolve investigação nos domínios da sociologia da arte e cultura, privilegiando temas como: processos artísticos participativos; profissões artísticas e do setor criativo; políticas culturais. É membro da equipa do OPAC - Observatório Português das Atividades Culturais.


TERRITÓRIOS Quem não conhece a região e olhar no mapa os quatro territórios do MEIO NO MEIO – Trafaria (Almada), Barreiro antigo, Marvila (Lisboa) e Vale da Amoreira (Moita) –, todos à beira do Tejo ou perto das suas margens, poderá pensar que são lugares físicos próximos entre si e relativamente próximos em linha reta do centro histórico da capital. Mas isso é apenas no plano abstrato do mapa. Na experiência quotidiana, estes são lugares sociais periféricos na área metropolitana de Lisboa, estabelecidos nos interstícios da malha urbana. Quem habita estes bairros e trabalha ou convive no centro da cidade dedica horas diárias nas deslocações, em especial se o fizer nos transportes públicos. Marvila e Vale da Amoreira são bairros municipais de realojamento, implantados em zonas de vazio urbano, ou melhor, em zonas onde a construção urbana faz fronteira com resquícios do espaço rural às portas da cidade – onde faltam infraestruturas ou espaço público habitável e resistem hortas e o rebanho ocasional. O Segundo Torrão (Trafaria, Almada) é um bairro de autoconstrução, cuja história os habitantes mais antigos fazem remontar a cabanas de pescador utilizadas para veraneio de moradores de bairros populares de Lisboa; panorama que se alterou bastante em décadas mais recentes, com a chegada de populações migrantes em busca de trabalho e que aí se instalam em condições precárias. No Barreiro antigo, as marcas da antiga vila operária, as suas associações culturais históricas, mas também um edificado por vezes degradado, devoluto ou ocupado, coexistem com a frente ribeirinha virada para Lisboa suspensa num processo de qualificação por acontecer. Os quatro bairros são diversos entre si e representam diferentes momentos históricos da formação de periferias urbanas em torno de Lisboa, neste século e no século xx. Dentro das diferenças, há um traço comum: a importância dos fluxos migratórios na configuração dos territórios. A experiência migratória – pessoal ou familiar – é comum entre os participantes do MEIO NO MEIO: nuns casos, o deslocamento da província para a capital, talvez envolvendo uma experiência de emigração; noutros, a imigração de outros países (em especial países africanos lusófonos) para Portugal, que pode até ser apenas um ponto de passagem na diáspora. Essa experiência coletiva de trânsito entre espaços e tempos é uma das matérias biográficas recriadas na prática artística do MEIO NO MEIO. 7


AO LONGO DO CAMINHO – O PRIMEIRO ANO Neste momento – agora – a pergunta é inevitável: – Será mesmo possível que o “MEIO NO MEIO” esteja a aproximar-se do fim? Pelo menos, está já muito próxima a data de estreia do espetáculo, quase dois anos e meio depois de termos iniciado em conjunto um caminho de descoberta e experimentação. Somos cerca de 70 participantes neste projeto, habitantes de 4 bairros diferentes na região de Lisboa – alguns chegados de diferentes pontos do país e do mundo, uns há muito e outros há pouco tempo. O caminho começa em algum lugar e aconteceu desta vez na primavera de 2019, com a formação de teatro no Barreiro; alguns jogos, muita improvisação e, quase sem darmos por isso, a primeira apresentação pública à comunidade, um exercício dramatúrgico sobre memórias e experiências pessoais – iremos fazer este trabalho várias vezes nos próximos tempos, de diferentes maneiras e usando várias linguagens artísticas. Antes de chegar o verão, a formação de cinema na Trafaria, entre o escuro da sala onde se viram alguns clássicos do cinema ou documentários


e a calçada cheia de sol onde se filmou a curta “Bilingueiros” – aí está para ser vista. No outono, a formação de hip-hop no Vale da Amoreira. Alguns de nós vinham com experiência, e tinham já rimas feitas e até views no YouTube; não sabíamos bem, outros de nós, o que era ou podia ser… até que começaram as battles – e aí fomos todos para o estúdio, todos atrás das M’n’M Power Girls! E no final do ano, a formação de artes visuais em Marvila explorou diferentes suportes, mais uma vez em torno de materiais autobiográficos e da representação de si – através de muitas diferentes imagens, exceto selfies... Entre estas formações, o núcleo de dança, primeiro no Barreiro e depois nos outros bairros – tempo curto, intensidade total. E assim passou o primeiro ano. Na verdade não, ainda não, no momento em que se estava a completar o primeiro ano, acontece a oportunidade de mostrar o projeto a um público desconhecido do “Isto é Partis” – uma energia brutal. Não sabíamos na altura, mas logo a seguir, poucas semanas depois, ia começar a pandemia que veio virar tudo do avesso…



AO LONGO DO CAMINHO – O ANO DA PESTE De repente pára tudo, como em todo o lado à nossa volta. Já estava a começar uma nova formação de cinema, preparava-se também a de teatro, ficou tudo parado. A pergunta – e agora? Vamos ter de parar, vamos ter de recomeçar, temos de nos encontrar – mas como? Alguma solução terá de se encontrar, vamos ter de experimentar qualquer coisa nova, temos de nos encontrar… E assim hoje e muitas vezes ao longo dos próximos meses, sempre a experimentar hipóteses de trabalho – será que abre? quando é que abre? –, sempre a recomeçar quase do zero, mas não exatamente do ponto zero, à procura de um passo adiante. Sempre a procurar uma forma de não parar, de não ficar para trás, de ninguém ficar para trás. Também como em todo o lado à nossa volta, a primeira tentativa de resistência foi mergulhar no mundo aos quadradinhos das teleconferências e grupos de mensagens, só para nos vermos, para dizer que estamos cá, mesmo se distantes, próximos. Nem todos temos o computador que é preciso, ou o telemóvel, ou a rede, ou os dados, ou o tempo, ou a companhia, ou o conforto. Mais que nunca, o contato é preciso. E durante algumas semanas vamos fazendo e inventando esse simulacro à distância, teatro nos écrans, coreografias inteiras na expressão facial, vídeos em cadáver esquisito, retratos encenados em que trocamos de pele uns com os outros – enganar o tempo, prosseguir. Na breve interrupção do verão e outono, voltámos a encontrar-nos, já advinhávamos que era um reencontro curto, mas um reencontro, uma maneira diferente de estar, encontros mais pequenos, grupos contados pelos dedos, a permanente vigilância dos gestos, mas um reencontro. E ainda assim, a descoberta, novos ciclos, de novo a dança, o cinema, o teatro, as artes visuais, o hip-hop. O grupo divide-se e junta-se, conseguimos levar o caminho do meio. Por fim, conseguimos encontrar-nos todos outra vez num domingo de sol à tarde em Marvila, por caminhos conhecidos e desconhecidos. Parece que passou já muito tempo, mas não é o fim.

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RITUAIS ARTÍSTICOS “Cada um e cada uma pode fazer o exercício enquanto se sentir confortável.” O início começa pelo princípio e nas primeiras formações o início são jogos para quebrar o gelo, dizer o nome, criar o grupo. O exercício mais simples é formar uma roda, todos dizerem o nome à vez, memorizar todos os nomes, chamar um nome e trocar de lugar, sair de jogo se falha o nome. Outro dia mais adiante, talvez até numa formação diferente, trazer um objeto de casa, associar ao nome, contar um episódio da história pessoal. A cada passo uma estória com uma memória mais vincada, uma sucessão de episódios, uma narrativa de si, várias narrativas, às vezes a brincar, às vezes a sério. Outras vezes não é uma narrativa, é um desenho, fotografia – outras vezes é uma cena improvisada, uma estória falsificada, uma biografia inteira inventada, uma rima rap que parece fado à desgarrada, pedacinhos de história.


Já na fase final do projeto, depois das formações artísticas, durante a residência de criação do espetáculo, há um regresso a esses exercícios iniciais de apresentação de si – antes de mais o nome, o que há num nome? qual é a história do nome? Mas agora já não é apenas dentro do grupo, não é apenas para quem já é conhecido, é para o público – e é já amanhã. Agora no palco, já não é exatamente a história de cada um, quem sabe?, talvez a estória tenha acontecido mas com outro nome noutro lugar, será verdade?, talvez não tenha acontecido exatamente assim, mas foi sentida assim e só assim pode ser contada – talvez seja uma história mais verdadeira? Talvez o retrato seja mais verdadeiro quando nos pomos no lugar do outro. O palco é um lugar sagrado? “Boa noite, isto passa-se antes de começar.”


OS ARTISTAS- FORMADORES Victor Hugo Pontes, Diretor Artístico É licenciado em Artes Plásticas – Pintura, pela FBAUP, Porto. Em 2001, frequentou a Norwich School of Art & Design, Inglaterra. Tem o curso profissional de Teatro do Balleteatro Escola Profissional e o curso de Pesquisa e Criação Coreográfica do Fórum Dança. Em 2004, fez o curso de Encenação de Teatro na Fundação C. Gulbenkian e, em 2006, o curso do Projet Thierry Salmon – La Nouvelle École des Maîtres, dirigido por Pippo Delbono, na Bélgica e Itália. Como criador, inicia-se em 2003 com o trabalho Puzzle, apresentando as suas criações por todo o país e internacionalmente. Das suas mais recentes criações como encenador/coreógrafo destaca: Margem (2018), Drama (2019), Madrugada para a CNB (2019) e Os Três Irmãos (2020). Em 2007, venceu o 1.o Prémio com Ícones no 2nd International Choreography Competition Ludwigshafen 07 – No ballet, Alemanha. Em 2017 foi bolseiro da Fundação C. Gulbenkian, no programa DanceWeb do Festival ImPulsTanz, Viena. Em 2019 venceu o Prémio SPA na categoria de Dança – Melhor Coreografia, com o espectáculo Margem. É, desde 2009, o Diretor Artístico da Nome Próprio – Associação Cultural. Carina Silva, Formadora de Teatro Professora e formadora de Teatro e movimento há mais de 20 anos, em contextos de ensino formal, não formal e em contextos de Intervenção Comunitária. Após a licenciatura em Teatro da ESMAE, fez cursos de Intérprete de Dança e de Dança na Comunidade no Fórum de Dança e o Mestrado em Educação Artística/Teatro na Educação (ESE-IPL). Trabalha também como actriz, encenadora e membro da Direção da ArteViva Companhia de Teatro do Barreiro desde 2010, coordena o projeto pedagógico da Companhia desde 2005. Mário Ventura, Formador de Cinema Formou-se em Realização para Cinema e Televisão na ETIC - Escola Técnica de Imagem e Comunicação e frequentou o curso de Escrita e Realização de Autor para Cinema na RESTART - Instituto de Criatividade, Artes e Novas Tecnologias. Trabalha há mais de 10 anos nas áreas da realização, imagem e montagem no cinema e audiovisual. É programador no Cineclube do 14


Barreiro e membro da Federação Portuguesa de Cineclubes. É fundador e diretor do Entre Olhares - Mostra de Cinema Português. Catarina Pé-Curto, Formadora de Artes Visuais Estudou Arquitetura de Interiores e Escultura, fez também formação em Cinema de Animação de Volumes, Fotografia, Teatro, Gravura, Animação para a Infância, Educação Criativa, Cenografia. Concebe material gráfico e ilustração sobretudo na área da divulgação cultural e, cria cenografias, vídeo, figurinos, marionetas, máscaras e adereços para diversas companhias de teatro. Como formadora dinamiza oficinas de artes plásticas e visuais, e tem ainda colaborado regularmente em projetos de criação artística e intervenção comunitária. Joana Sabala, Formadora de Artes Visuais Estudou Sociologia no ISCTE e tem Formação Avançada em Teatro e Psicologia, pelo ISPA. Desde cedo aprofundou as suas competências performativas através de programas de educação estética e artística, formação de atores e expressão corporal, plástica e musical e, atualmente, trabalha como formadora, encenadora e atriz. É fundadora dos “Actos Urbanos”, Teatro Comunitário e assume ainda a coordenação pedagógica do serviço de públicos do Festival Internacional de Banda Desenhada da Amadora. Nuno Varela, Formador de Música Hip-Hop/Rap Em 2006 criou uma das maiores plataformas de divulgação de Hip Hop, a Hip Hop Sou Eu, e trabalha ativamente na promoção de artistas e projetos desta área. É Manager de Artistas na We Deep Agency, desde 2015 e atualmente, está envolvido em vários projetos de desenvolvimento de competências de jovens de territórios carenciados. Tem aprofundado a sua experiência enquanto formador e desenvolve dinâmicas de mediação no seu bairro, Marvila.

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Maria Remédio Trabalha como freelancer nas áreas de ilustração, vídeo e educação. Observa o mundo através da sua câmara de filmar, tendo já realizado vários documentários e projetos de imagem em movimento, dos quais destaca Terceiro Bê (2006), Morar aqui (2008), The wall: a pesquisa (2015) e Canção ao meio (2018). Desenvolve, desde 2006, oficinas artísticas, visitas-jogo e projetos pedagógicos para o Museu Calouste Gulbenkian, Cinemateca Júnior, MAAT, LU.CA Teatro Luís de Camões, Doclisboa, entre outros. Nome Próprio Fundada no ano 2000 por Victor Hugo Pontes, a Nome Próprio produz peças de dança contemporânea e teatro. Ao longo dos anos, desenvolveu projetos com vários artistas e instituições, apresentados nacional e internacionalmente: Fundação Calouste Gulbenkian, Centro Cultural de Belém, Teatro Nacional de São João, Teatro Municipal do Porto, Centro Cultural Vila Flor, Maria Matos e São Luiz Teatro Municipal, Festival Panorama (Brasil), Festival de Dance de Cannes (França), Théâtre de Liége (Bélgica), entre muitos outros. RUMO - Cooperativa de Solidariedade Social Trabalha na promoção da inclusão educativa, profissional e comunitária, visando a defesa de direitos e cidadania e a promoção do direito à igualdade de oportunidades. Atua no terreno com ampla experiência de trabalho em rede, com entidades como CLDS, RSI, Escolhas, Progride, sendo também gestora de DLBC e promotora do projeto Cidadania Ativa, da Fundação Calouste Gulbenkian. Enquanto membro das Redes Sociais do Barreiro, Almada, Seixal, Montijo, Oeiras, Lisboa e Cascais, garante ainda uma ampla penetração territorial.

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A ARTEMREDE é um projeto de cooperação cultural e territorial que atua, desde 2005, nas áreas da programação em rede, do apoio à criação, da formação e da mediação cultural. Os projetos, iniciativas e programação ARTEMREDE apontam sempre ao desenvolvimento de competências, das equipas municipais aos espectadores, envolvendo artistas, mediadores e autarcas. Em 2021 estão ativos 5 projetos, 3 dos quais internacionais, que pressupõem ações de capacitação junto de dezenas de profissionais da cultura. Programar em rede é promover sinergias e colocar em diálogo territórios e agentes culturais diversos. A programação artemrede é construída por vários atores e através de múltiplos momentos de reflexão e discussão com os programadores locais. Anualmente é lançada uma convocatória para artistas nacionais e internacionais poderem apresentar as suas propostas à programação da rede. Uma rede de territórios e agentes culturais tem a responsabilidade e a vontade de contribuir para políticas integradas que beneficiem as comunidades. Assumimos em permanência o papel de catalisador de projetos para o desenvolvimento de políticas culturais locais. Desde 2020 concretizamos o Compromisso Cultura 2030, uma iniciativa intermunicipal para apresentar uma carta de compromisso conjunta sobre a cultura enquanto pilar do desenvolvimento sustentável. A ARTEMREDE atualmente é constituída por 18 associados: os municípios de Abrantes, Alcanena, Alcobaça, Almada, Barreiro, Lisboa, Moita, Montemoro-Novo, Montijo, Oeiras, Palmela, Pombal, Santarém, Sesimbra, Sobral de Monte Agraço, Tomar, Torres Vedras e a Cooperativa Rumo.

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FICHA TÉCNICA DO PROJETO Direção Artística e Formação de Dança: Victor Hugo Pontes Formação de Artes Visuais: Catarina Pé-Curto e Joana Sabala Formação de Cinema: Mário Ventura Formação de Música Hip-Hop/Rap: Nuno Varela Formação de Teatro: Carina Silva Participantes: Adérito Montes | Alegria Gomes | Ana Hortência Mucauro | Ana Jossim | Ana Sofia Pinto | Assana da Costa | Beatriz Nunes | Benedito José | Bruno Cardoso | Bruno Marques | Carlos Franqueira | Carlos Santos | Carolina de Matos | Cátia Pereira | Celso Fonseca | Cláudio Lopes | Daniel Dionísio | Daniela Casimiro | Duarte Moreira | Dúnia Semedo | Eduardo Cabrita | Elsa Elias | Ema Fernandes | Ercília Micaela | Érica de Barros | Flávia dos Santos | Florina Bobon | Geicibel Correia | Geremias Uatna | Guilherme Franco | Hugo Baptista | Hugo Correia | India Pedro | Inês Bernardo | Inês de Castro | Inês Martins | Iris Gonçalves | João Montes | Julião Ninte | Leopoldina Félix | Liliana da Silva | Luís Mendonça | Luís Nunes | Luisa Mucauro | Luiz Mendonça | Magali Bonaparte | Márcia Fonseca | Maria Augusta Ferreira | Maria Cândida Santos | Maria Cristina Santos | Maria da Glória Pedrosa | Maria Teresa d´Amaral | Mariana Granadeiro | Mariana Rocha | Marta Ameixa | Massimiliano Ferraina | Mavatiku José | Nair Pedro | Nérida Rodrigues | Panzo Joaquim | Paulo da Silva | Rafaela Enderenço | Ricardo Teixeira | Rita Correia | Rita Ferreira | Rita Pardal | Rolaisa Embaló | Rui Henriques | Settímio Fernandes | Sidolfi Katendi | Tiago Pedro | Yana Suslovets Direção Executiva: Marta Martins Gestão de Projeto: Cláudia Hortêncio Coordenação Social: Rute Pires (RUMO) Coordenação Municipal (Cultural e Social): Cláudia Matos e Sara Rodrigues (Lisboa), Maria José Ledo, Catarina Gil e Célia Gaudêncio (Barreiro), Sofia Figueiredo e Rita Azevedo (Moita), Patrícia Teixeira e Teresa Pestana (Almada) Investigação/Estudo de Impacto Sociocultural: Rui Telmo Gomes Realização de Documentário: Maria Remédio Comunicação: Bruno Castro Design: Invisible Design (Patrícia Teixeira) Fotografia: Bruno Castro (pág 5, 10), José Caldeira (pág. 5, 6, 7), Vera Marmelo (pág. 1, 2, 12, 18, 19, 20) e Carlos Porfírio (pag. 22)

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MEIO NO MEIO ARTES VISUAIS - ALMADA E LISBOA Primeiro dia de formação. Que medos e expectativas trazem? - perguntámos. Muitos medos - de desenhar, de pintar, de enfrentar folhas vazias, de não ser capaz. Poucas expectativas. Façam uma selfie, - pedimos nós. Se não podia ser uma que já tinham, - perguntaram alguns. Fiquei horrível! Posso por filtros? Eu ponho sempre filtros! Agora com o sorriso nº5... Eu gosto é da que me tirou o meu filho... Passou tudo a correr... Os desenhos espontâneos e tresloucados e os exercícios de observação e rigor... As linhas que se confundem com os planos e os pontos que nem sempre são bolinhas no centro da imagem. Os exercícios via WhatsApp e a pilha de folhas desenhadas, fotocopiadas, recortadas, pintadas, sempre a crescer... O que é que estás a fazer? Perguntámos uns aos outros... A lavar vidros festivamente, a fazer ginástica com um olhar apaixonado, à espera do convite para dançar com uma grande neura, a dormir com vontade de rir, a dançar com fúria, a varrer o chão com alegria esfuziante... E para fotografar tudo isto, toca a relembrar, primeiro plano, plano de pormenor, de frente, perfil e costas... E os lugares, como fotografamos lugares? Mais uma vez os pontos, as linhas, os planos, isto é muito complicado e hoje ainda temos de procurar simetrias, sombras e terços... Para saber de nós procurámos nos espelhos e os reflexos eram quase sempre de outro... Último dia da formação. Juntámos as imagens brilhantes e pequeninas do digital com as pregas imensas do papel. Juntámos os lugares com as ações, recortámos, colámos e pintámos, e agora aqui estão nas paredes. Que medos e expectativas resistiram? ainda não perguntámos. Mas vimos como o grupo cresceu no final, como as horas passaram vertiginosamente na azáfama de concluir os trabalhos, como a hora do lanche ia ficando cada vez para mais tarde, e a hora de sair foi ficando esquecida. Esse mambo está muito consistente... diz o Beni. E nós concordamos.


FICHA ARTÍSTICA E TÉCNICA Formadoras da ação núcleo de artes visuais | Catarina Pé-Curto e Joana Sabala Participantes | Benedito José | Cândida Santos | Sidolfi Katendi | Cila Micaela | Cristina Santos | Daniel Dionísio | Dina Félix | Dúnia Semedo | Elsa Elias | Flávia Santos | Hugo Baptista | Inês Bernardo | Inês Martins | Maria Augusta Ferreira | Mavatiku José | Ricardo Teixeira


MOITA: 4 E 5 JUNHO ‘21 BARREIRO: 2 E 3 JULHO ‘21 ALMADA: 11 E 12 SETEMBRO ‘21 LISBOA: 22, 23 E 24 OUTUBRO ‘21

Classificação etária: M/12 anos Duração: 1h40 aprox. MEIO NO MEIO é um espetáculo de Victor Hugo Pontes, com texto de Joana Craveiro, cenografia de F. Ribeiro e música de Marco Castro e Igor Domingues (Throes + The Shine). Direcção Técnica e Desenho de Luz de Wilma Moutinho, Figurinos por Catarina Pé-Curto e Victor Hugo Pontes, Vídeo de Maria Remédio e Apoio Dramatúrgico de Madalena Alfaia. Direcção de Produção Joana Ventura, Produção Executiva Mariana Lourenço. Interpretação: Alegria Gomes, Benedito José, Dúnia Semedo, João Pataco, Leopoldina Félix, Luís Nunes, Maria Augusta Ferreira, Mavatiku José, Nérida Rodrigues, Paulo Mota, Ricardo Cardoso Teixeira, Rolaisa Embaló, Sidolfi Katendi, Teresa Amaral, Valter Fernandes, Yana Suslovets. Coprodução Artemrede, Nome Próprio e São Luiz Teatro Municipal.


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