Folha de sala ODE MARÍTIMA

Page 1

são lu i z te atro m u n i c i pal ESTA NOITE

DIAS DO DESASSOSSEGO DIAS DO DESASSOSSEGO Um projecto da Casa Fernando Pessoa e da Fundação José Saramago

30 nov

A nossa natural angústia de pensar: Fernando Pessoa e as marcas que deixou na poesia portuguesa segunda às 21h30 TEATRO DO BAIRRO ALTO/ CORNUCÓPIA €5

Um recital encenado por Luis Miguel Cintra com Guilherme Gomes, José Manuel Mendes, Luis Miguel Cintra e Luísa Cruz

© susana paiva

Uma encomenda da Casa Fernando Pessoa nos 80 anos da morte de Fernando Pessoa

bilhete suspenso Convidamos o público do São Luiz a adquirir um bilhete pelo valor de 7 euros, que fica suspenso na nossa bilheteira e que reverte para pessoas apoiadas pelas entidades associadas. O restante valor do bilhete é suportado pelo Teatro. O Bilhete Suspenso é um projecto que se insere na política de responsabilidade social do São Luiz Teatro Municipal. Conheça, junto da bilheteira do Teatro, as entidades associadas. bilheteira@teatrosaoluiz.pt tel: 213257650

são luiz teatro municipal Direcção Artística Aida Tavares Direcção Executiva Joaquim René Programação Mais Novos Susana Duarte, Inês Almeida (Estagiária) Adjunta Direcção Executiva Margarida Pacheco Secretariado de Direcção Olga Santos Direcção de Produção Tiza Gonçalves (Directora), Susana Duarte (Adjunta), Andreia Luís, Margarida Sousa Dias Direcção Técnica Hernâni Saúde (Director), João Nunes (Adjunto) Iluminação Carlos Tiago, Ricardo Campos, Ricardo Joaquim, Sérgio Joaquim Maquinistas António Palma, Cláudio Ramos, Paulo Mira, Vasco Ferreira Som Nuno Saias, Ricardo Fernandes, Rui Lopes Secretariado Técnico Sónia Rosa Direcção de Cena José Calixto, Maria Távora, Marta Pedroso, Ana Cristina Lucas (Assistente) Direcção de Comunicação Ana Pereira (Directora), Elsa Barão, Nuno Santos Design Gráfico silvadesigners Vídeo Tiago Fernandes Bilheteira Cidalina Ramos, Hugo Henriques, Soraia Amarelinho Consultoria para a Internacionalização Tiago Bartolomeu Costa Frente de Casa Letras e Partituras Coordenação Ana Luisa Andrade, Teresa Magalhães Assistentes de Sala Ana Sofia Martins, Catarina Ribeiro, Domingos Teixeira, Filipa Matta, Helena Malaquias, Hernâni Baptista, Inês Macedo, João Cunha, Sara Garcia, Sara Fernandes, Carlos Ramos (Assistente) Segurança Securitas Limpeza Astrolimpa

30 nov

ODE MARÍTIMA De Álvaro de Campos Segunda ÀS 19H Teatro-Estúdio Mário Viegas A classificar pela CCE Duração aprox: 80 / 90 minutos €5

Direcção e interpretação: João Grosso Co-apresentação: Casa Fernando Pessoa e São Luiz Teatro Municipal

nove m bro 2015


“ (…) Em 1915 e 16 o que chocou foi a histerização do grito, o delírio das imagens e viu-se num poema vasto como o mar uma simples provocação vanguardista, uma vontade de escândalo e um canto primário de exaltação da vida moderna. Não se viu, nem era então possível ver nele, a epopeia do fracasso mascarado em viagem imaginária, barco bêbado da só bebedeira da alma. A voz que fala na Ode Marítima surge partilhada entre a vontade de ser como os antigos marinheiros, vidas que crêem no mundo e se perdem alegre e ferozmente nas suas águas profundas e o sonho parado do anónimo correspondente comercial caído do céu da cultura e da adolescência viajante e exótica na “capital d’ olvido” estagnada em rotina e pasmo, que é Lisboa onde Pessoa e seus amigos, se consomem à volta da eterna mesa do café. Dos mortos sonhos imperiais que navio algum entrando no porto cheio de sol onde ainda estão as naus para “os que vêm em tudo o que lá não está” pode ressuscitar, só a nostalgia deles feita alma, transmudada em saudade dilacerante do Inacessível, encarna com uma sorte de absoluta perfeição no pequeno navio que sai a barra da Vida, enfrentando “humilde e natural” a bruma do Destino jamais dissipada para aquele que um dia ousou fitá-la:

Passa, lento vapor, passa e não fiques… ……………………………………………… Perde-te no Longe, no Longe, bruma de Deus Perde-te, segue teu destino e deixa-me… Eu quem sou para que chore e interrogue? Eu quem sou para que te fale e ame? Eu quem sou para que me perturbe ver-te? ……………………………………………… Parte, deixa-me, torna-te Primeiro o navio a meio do rio, destacado e nítido, Depois o navio a caminho da barra, pequeno e preto, Depois ponto vago no horizonte (ó minha angústia!), Ponto cada vez mais vago no horizonte…, Nada depois, e só eu e a minha tristeza, E a grande cidade agora cheia de sol E a hora real e nua como um cais já sem navios, E o giro lento do guindaste que, como um compasso que gira, Traça um semicírculo de não sei que emoção No silêncio comovido da minh’ alma… (...) In: Fernando Pessoa Revisitado de Eduardo Lourenço Moraes Editores, 2ª edição, Janeiro de 1981


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.