Carla Martinez
Qua rta a terça, 21h; Todos os espaços do Te A classifica r pe at ro; Conversa com la CCE; €12 com descontos os ar tistas 28 abril, dom ingo
SÃO LUIZ TE ATRO MUNICIPAL 24 A 30 A BRIL 2019 OCUPAÇÃO TEATRO DO VESTIDO
(e continua a falar de ficar de fora de todas as peças. A esta altura, o público ainda está no foyer e, caso seja autorizado, V. terá dito um texto de dentro da bilheteira, qualquer coisa que se refere a,) (V) TUDO HÁ-DE ACABAR BEM, VAIS VER, diz-lhe ele a ela numa das peças. (nós gostamos do optimismo desta frase, TUDO HÁ-DE ACABAR BEM, mas não sabemos se acreditamos – é para acreditar..?) (V) TUDO HÁ-DE ACABAR BEM. O que se segue, não podemos contar. ***
Bem-vindos a este teatro. Já passa das 21h, dizem-vos que terão que andar um pouco (muito?) hoje, que é difícil que sabe-se lá o que eles andaram a fazer durante este tempo em que deambulavam a ver se conheciamdescobriam-compreendiam este teatro que é no fundo compreender todos os teatros e não compreender nenhum – e vamos entender isto de Teatro – para efeitos desta folha de sala – como uma coisa abrangente e não circunscrita ao edifício.
(um jardim em casa de uma cave um quarto uma rua todos imóveis, aguardam o fim de um regime. Lêem livros à espera de melhores dias Lutam contra a inércia, o medo, e a resignação, Dizem: Havemos de conseguir. E o que se segue a este ‘conseguir’ é diferente para cada um deles. Conseguir...? Amar, por exemplo, à vontade, numas escadas da cidade.)
Em resumo, não sabemos bem. Mas, estarmos todos juntos, aqui dá-nos algum conforto: Não saibamos juntos para passarmos a saber um pouco mais juntos também.
Terceiro acto (um palco vazio os fantasmas de peças passadas deambulam, sem se ver. Só D. os vê, ele que não consegue ver as letras nas páginas dos textos)
E aqui, perdeu-se Irremediavelmente Um caderno cheio de anotações.
Quarto acto (não sabemos bem mas estamos aqui)
E aqui D. sonhou que fotocopiava o texto da peça mas as folhas estavam todas em branco; acontece que, quando as dava aos actores, eles conseguiam ler, só D. é que não conseguia. D. sentia-se desesperado E acordou a suar (palavras dele) (e a gritar?). Para onde tinha ido todo aquele texto E porque é que só ele, não o conseguia ver no papel? O texto tinha-se perdido a caminho de. E o caderno de J. nunca mais foi encontrado. (fim de cena)
Epílogo (esta Folha de Sala está no que se chama em estado de pergunta e de procura enfim é uma folha de sala por vir). E tudo isto foi escrito, como será perceptível, numa ortografia que dizem ser antiga. PS. No primeiro ensaio, a equipa recebeu uma carta que dizia (e incluímos aqui parte desta correspondência íntima porque vos ajudará sem dúvida), Bem-vindos ao Ocupação e obrigada por terem aceite ser parte desta viagem. Ocupação é um espectáculo em percurso que parte de histórias relacionadas com o São Luiz Teatro Municipal, bem como cruzando essas histórias com obras dramáticas mais ou menos clássicas, e com outras referências que vão surgindo. Rapidamente evoluiu de ser um espectáculo comemorativo para ser uma viagem evocativa não só pelos espaços do teatro (e exteriores), como pela própria experiência do fazer teatral, do que é um ensaio, desse acto de ensaiar/ preparar/ procurar. Pode dizer-se que Ocupação é um espectáculo por vir, uma promessa, um espectáculo em montagem;
E continuava. Este texto continuava, Qualquer coisa sobre como para fazer teatro é preciso estar, ficar, permanecer. Eles não pareceram ficar mais animados com o que Ocupação seria. Mas aceitaram fazê-la, a essa ocupação, ainda assim, dizendo: É em conjunto que não saberemos Para em conjunto podermos vir a saber. Parece que isto nos reconfortava a todos, e ainda bem. Às vezes os corredores de um teatro são gelados E sentir esse conforto é bom. É bom. um texto escrito por Joana craveiro
nota: ao longo desta Ocupação, são citadas-apropriadas, mais ou menos livremente, as seguintes obras, reescritas por entre o texto de Joana Craveiro: Último Ano em Marienbad, de Alain Resnais As Três Irmãs, de Anton Tchekov O Tio Vânia, de Anton Tchekov O Museu da Rendição Incondicional, de Dubravka Ugresik Raposa, de Dubravka Ugresik A Voz Humana, de Jean Cocteau The Investigation, de Peter Weiss A Mãe, de Stanislau Witkiewicz A Nossa Cidade, de Thornton Wilder e A Cidade das Flores, de Augusto Abelaira. Lavínia Moreira cita o poema “Às Vezes”, de Sophia de Mello Breyner. * Animou-nos e inspirou-nos, ainda, a ideia de colagem, de montagem, e de textos perdidos, de Henri Lefebrve em The Missing Pieces.
Personagens/ Personas por ordem de entrada em cena Voz/ Rosabianca: Violeta D’ Ambrósio Frente de Sala Falso/ Giovanni Fazio: Tozé Cunha Encenador Sem Peça: João Silvestre Encenadora Desta Peça: Joana Craveiro Guias (e todos os restantes personagens necessários): Estêvão Antunes, Lavínia Moreira, Rosinda Costa, Simon Frankel, Tânia Guerreiro Radialistas: Carlos Fernandes, Maria José Baião Músico: Francisco Madureira Irina: Inês Minor Olga: Mafalda Pereira Directores de Cena: Daniel Moutinho, João Diogo Ferreira, Vera Bibi A Que Reconstitui: Alexandra Freudenthal Mâitre d’Hotel: Carlos Nery Macha: Elisabete Rito Léon Cobraski: Gustavo Vicente Mãe/ Helena Andréevna: Maria Emília Castanheira Mulher: Inês Rosado Clandestina: Ana Lúcia Palminha Controleira da Célula Clandestina: Beatriz Filomeno Contra-regra: Carolina Faias Direcção, concepção, texto: Joana Craveiro Interpretação: Alexandra Freudenthal, Ana Lúcia Palminha, Carlos Fernandes, Carlos Nery, Daniel Moutinho, Elisabete Rito, Estêvão Antunes, Francisco Madureira, Gustavo Vicente, Inês Minor, Inês Rosado, João Diogo Ferreira, João Silvestre, Lavínia Moreira, Mafalda Pereira, Maria Emília Castanheira, Maria José Baião, Rosinda Costa, Simon Frankel, Tânia Guerreiro, Tozé Cunha, Vera Bibi, Violeta D’ Ambrósio Assistência de encenação: Daniel Moutinho, João Diogo Ferreira, Vera Bibi Música: Francisco Madureira/ “Non”, tema de Miguel Bonneville Figurinos: Tânia Guerreiro Cenografia: Carla Martinez Desenho de luz: João Cachulo Materiais de arquivo e imagem: João Paulo Serafim Apoio à investigação: Daniel Moutinho e João Diogo Ferreira Participação Especial: Beatriz Filomeno, Carolina Faias Cabelos: Alexandre Carrilho Costureira: Inocência Rocha Produção: Cláudia Teixeira, Filipa Ribas, João Diogo Ferreira Apoio: Teatro Nacional D. Maria II Uma encomenda São Luiz Teatro Municipal em co-produção com o Teatro do Vestido Elisabete Rito, Francisco Madureira, Inês Minor e Mafalda Pereira participam nesta produção ao abrigo de um estágio curricular da ESAD. CR
O Teatro do Vestido é uma estrutura financiada pela República Portuguesa / Ministério da Cultura / Direção Geral das Artes. Joana Craveiro é artista residente do Teatro Viriato O Teatro do Vestido agradece às seguintes pessoas a generosidade e a partilha das suas histórias e descobertas, que figuram no texto deste espectáculo: Aida Freudenthal, Ana Maria Vieira de Almeida, Clara Rocha Santos, Fábio Monteiro, João Lourenço, Kimberley Ribeiro, Nuno Santos, Tiza Gonçalves, Vasco Vieira de Almeida; e ao Sr. António Lemos e ao Sr. Moreira. Agradece ainda aos taxistas que se sobressaltaram face ao nome da rua António Maria Cardoso, e com isso contaram diversas coisas relevantes. E agradece postumamente a Maria Barroso, por ter continuado a récita da peça até ao fim. E a Mário Viegas. O Teatro do Vestido gostaria também de agradecer às seguintes pessoas, pelo seu auxílio e apoio na construção de Ocupação: Alice Antunes, Alice Samara, Anas, André Pato, António Ramos, Armando Oliveira, Camila Augusta Teixeira, Catarina Castro, Conceição Teixeira, Cristina Carvalhal, Daniel Nunes, Fernando Nunes da Silva, Filomena Frade, Francisco, Helena Moreira, Irene Pimentel, Isabel do Carmo, José Ribeiro, Júlia Brito, Júlia Costa, Laurinda Antunes, Luís Bettencourt, Manuel Costa, Maria Emília Teixeira, Marias, Nelson Soares, Pedro, Pedro Moreira, Susana Nunes, Teresa Costa Reis. A toda a Equipa Técnica, de Produção, de Comunicação, Frente de Sala, Segurança, Limpeza e de Direcção de Cena do São Luiz Teatro Municipal, e à Direcção Artística. Obrigado às nossas famílias.
TEATROSAOLUIZ.PT
(JS) Está tudo errado. A didascália diz outra coisa. Eu devia começar sentado, vestido com uma casaca. O cenário seria azul. Carla!!!! É Carla, não é? Tudo errado. A folha de sala errada! Não acertaram num único nome no programa. As paredes não são azuis, não há nenhuma mão impressa na parede e dizem-me que não posso colar as radiografias a fazer de janelas. Não vai aparecer um criado a chamar-me a dizer que o público está aí.
Segundo Acto
Direção Artística Aida Tavares Direção Executiva Joaquim René Assistente da Direção Artística Tiza Gonçalves Programação Mais Novos Susana Duarte Adjunta Direção Executiva Margarida Pacheco Secretária de Direção Soraia Amarelinho Direção de Produção Mafalda Santos (Diretora), Andreia Luís, Catarina Ferreira, Margarida Sousa Dias, Mónica Talina, Tiago Antunes Direção Técnica Hernâni Saúde (Diretor), João Nunes (Adjunto) Iluminação Carlos Tiago, Nuno Samora, Ricardo Campos, Sérgio Joaquim Maquinistas António Palma, Paulo Lopes, Paulo Mira, Vasco Ferreira Som João Caldeira, Gonçalo Sousa, Nuno Saias, Ricardo Fernandes, Rui Lopes Vídeo João Van Zelst Manutenção e Segurança Ricardo Joaquim Direção de Cena Marta Pedroso (Coordenadora), Maria Tavora, Sara Garrinhas, Ana Cristina Lucas (Assistente), Rita Talina (Camareira) Direção de Comunicação Elsa Barão (Diretora), Ana Ferreira, Gabriela Lourenço, Nuno Santos Bilheteira Cristina Santos, Diana Bento, Renato Botão
JS entra a dizer que está tudo errado:
Primeiro Acto
SÃO LUIZ TEATRO MUNICIPAL
Esboços para uma cena – vamos chamar-lhe Folha de Sala, como JS sugeriu, e este é o texto da Folha de Sala (estranho nome):