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Arquitetura | o novo e o antigo

O CONTEMPORÂNEO LADO A LADO COM O PASSADO

O contraste surpreendente entre um teatro moderno cercado por casarões do século passado na capital paulista

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POR: Ana Maria Lins FOTOS: Cortesia Teatro Porto Seguro

Localizado numa das áreas mais arborizadas do bairro de Campos Elísios e ladeado por casarões da primeira metade do século passado, o Teatro Porto Seguro revela como a arquitetura contemporânea pode conviver lado a lado com edifícios de outras épocas. Com 4.100 m2, o teatro abriu as cortinas para o público no dia 6 de maio de 2015. Com piso térreo, frisas e balcão, a sala de espetáculos tem capacidade para acomodar 508 pessoas, incluindo portadores de necessidades especiais. É dividido em térreo e subsolo, e comporta quatro camarins individuais, um camarim coletivo, uma sala de ensaio e uma sala de imprensa para coletivas e entrevistas.

O Teatro Porto Seguro carrega um significado particular que se traduz em duas formas: cultura e revitalização. A origem dessa proposta nasce no complexo administrativo de uma empresa seguradora, com prédios existentes que precisariam se adaptar a uma nova realidade e emergir como braço de restauração de uma região urbana marcada por construções relevantes na capital paulista, como a Pinacoteca, a Sala São Paulo e outros edifícios tombados pelo Patrimônio Histórico e Arquitetônico.

Normalmente se faz um projeto em um terreno, mas nesse caso havia um espaço disponível em meio às edificações da Porto Seguro, principalmente casarões da primeira metade do século 20. "Tínhamos de encaixar um partido nessa área com todo o programa de necessidades que um teatro de grande porte demanda. Afinal, aquela região necessitava e merecia uma obra desse porte, além do retorno interessante para a empresa, em vários aspectos", conta a arquiteta Ana Maria Ferreira Afonso, do escritório AIC Arquitetura & Urbanismo.

Nas páginas anteriores, a fachada do Teatro Porto Seguro. Aqui, acima e abaixo, a sala de espetáculos com capacidade para 508 pessoas

Para fazer um teatro com instalações que atendessem a uma grande diversidade de usos e que provesse agilidade técnica para acompanhar a velocidade da agenda de programação, o primeiro passo foi intervir nas áreas de um dos edifícios existentes. “O foyer, por exemplo, era o térreo do prédio corporativo, mas com pé-direito muito baixo. No entanto, com efeitos arquitetônicos foi possível ampliá-lo visualmente. Ele se integra à linguagem contemporânea do complexo a partir do vidro para o forro, quartzo para o piso e madeira nas paredes para aquecer o ambiente. Já o subsolo, anteriormente destinado a um estacionamento, foi demolido e deu lugar a áreas técnicas do teatro, camarins e salas de suporte aos atores”, detalha Ana.

Com o teatro como núcleo do projeto, os arquitetos buscaram elementos que atendessem premissas básicas de visibilidade, acústica e infraestrutura para espaços cênicos. Esses itens fazem parte da arquitetura e precisam ser explorados para potencializar a qualidade de um espetáculo. Assim, o programa foi distribuído com bilheteria; foyer com café/bar; plateia para 508 lugares (divididos em plateia inferior, balcão e frisas); palco com quartelada e sob palco (totalizando 180 m e 15 m de altura); fosso e elevador de orquestra; doca e elevador de carga; camarins (individuais, coletivo, adaptado e de palco); sala de ensaio e de figurinos; sala de estar e recepção para os artistas; sala de piano; enfermaria; administração e áreas técnicas diversas. “Basicamente exploramos a madeira, pela qualidade de harmonia visual e por ser um material natural com grande qualidade acústica. Para complementar, foram utilizados o carpete para os pisos e a borracha para a plateia, com funções específicas”, ressalta Ana.

Os casarões da primeira metade do século 20 restaurados pela Porto Seguro no entorno do Teatro Al. Barão de Piracicaba, 740, Campos Elíseos, São Paulo. Tel.: (11) 3226-7300 teatroportoseguro.com.br

Acústica, cenotécnica e climatização

A arquiteta também explica que um dos grandes diferenciais técnicos foi a acústica binária, com um som que admite interação entre plateia e palco. “Isso foi concebido a partir da forma e volume favoráveis do projeto da sala e, principalmente, pelos painéis de madeira em diferentes planos, com forros de desenho curvo que pegam a plateia e o balcão. Esse conjunto permitiu a perfeita distribuição do som direto, natural, sem amplificação ou por meio de alto-falante com microfone”. Outro destaque do projeto foi a automação da cenotécnica de última geração. No palco, por exemplo, há uma estrutura automatizada com 25 varas cênicas e cinco de iluminação. Já do ponto de vista térmico deve-se ressaltar o ar-condicionado do palco, que possui controle separado com relação ao da plateia, já que depende da preferência dos artistas acioná-lo. “Todos os equipamentos de climatização estão sobre base antivibratória, em salas protegidas acusticamente, para não transmitirem ruído ou vibração para a caixa cênica. Assim como os dutos de ar, que também tiveram tratamento acústico para não produzir essa mesma interferência”, conclui a profissional.

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