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Arte | eva soban

Arte | eva soban

SÃO FRANCISCO XAVIER

Uma cidadezinha no pé da Serra da Mantiqueira atrai cada vez mais quem deseja experimentar uma vida simples no campo fora da agitação da cidade. Nem que seja por alguns dias

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POR: Mirela Mazzola

Incrustada nas montanhas da Serra da Mantiqueira, a pequena São Francisco Xavier

(57 Km de São José dos Campos e 159 Km de São Paulo) oferece uma experiência de refúgio no campo. Seus moradores – em torno de 3 mil habitantes – chamam a cidade de São Xico. O pacato distrito de São José dos Campos é quase uma volta ao passado dos destinos das serras paulistas. Por essa característica singular, os visitantes descobriram sua vocação turística como um abrigadouro cercado pelas montanhas. O clima da roça foi preservado, com direito a prosa na pracinha do coreto e um vaivém sossegado de cavaleiros. Esse lado bucólico há menos de duas décadas divide espaço com pousadas sofisticadas e lojas de artesanato. Muitos casais procuram São Xico para ver o tempo passar devagar. Depois de sair da cama sem culpa e tomar um café da manhã demorado, a escolha é entre ir até o centrinho ou se revigorar em uma trilha – há desde trajetos para iniciantes até percursos longos, como o que dura o dia todo e leva a Monte Verde.

No alto, a Pedra Mirante de São Francisco Xavier. À direita, uma das quedas d’água da região, o horizonte para as montanhas e casal desfrutando da vista

Quando ir

Praticamente o ano todo. São Xico está mais para uma escapada de fim de semana que para um destino de inverno propriamente dito. Ou seja, diárias e horários de funcionamento oscilam mais em função do dia da semana (ou feriados) que da estação do ano, como ocorre em Campos do Jordão, que fica mais cara no inverno. No caso de São Francisco Xavier, enquanto no meio do ano as temperaturas baixas dão aquele charme único ao lugar, no verão os banhos de cachoeira ficam bem mais convidativos. Geralmente em julho, o Festival Muriqui em Festa anima o distrito com apresentações de dança, maracatu, fanfarra, jazz e cortejos, além de intervenções artísticas.

O que fazer

Trilhas pontuadas por cachoeiras revigoram corpo e mente em São Francisco Xavier. Algumas agências de turismo do distrito promovem atividades, com saídas da Fazenda Monte Verde, a 5 Km do centro. Iniciantes podem caminhar três horas (6 Km no total) e conhecer a Toca do Muriqui – espécie de macaco que dá nome ao lugar. Para os mais experientes, a subida de 12 Km até a Pedra da Onça leva cinco horas, enquanto a trilha até Monte Verde (22 Km) dura oito horas, percorrendo riachos e bosques. Do Mirante do Abismo é possível avistar o Vale do Paraíba – a caminhada leva seis horas e percorre 12 Km. Com trilha íngreme e difícil, a subida até o Pico Focinho d’Anta, a 1.712m, é indicada para quem tem bom preparo físico. Começa na Estrada dos Remédios (a 10 Km do distrito) e dura cerca de cinco horas.

Algumas pousadas da cidade abrem suas propriedades com trilhas e quedas d’água para não hóspedes, cobrando uma entrada. É o caso da Pousada Cachoeira do Roncador. Por lá, o ingresso dá direito a usar a piscina, banheiros e estacionamento. Com 45 metros de altura, a queda no encontro do Rio do Peixe com o Ribeirão Roncador tem volume de água e poço para banho. A Pouso do Rochedo tem oito trilhas pontuadas por quedas d’água. Uma delas, com 4 Km, leva ao Mirante do Cruzeiro, a 2 mil metros de altitude. No trutário Serra das Águas, que abriga um restaurante, uma trilha fácil leva a duas cachoeiras, onde o acesso é cobrado.

Bem-estar

Nesta página, a igreja matriz de São Francisco Xavier, casa com vista para a serra e um momento de contemplação da natureza de São Xico. À direita, a horta comunitária na Praça da Igreja e o centro do distrito

Não é preciso se hospedar em uma pousada com spa para fazer tratamentos relaxantes em meio à natureza. No espaço Bruxinhas do Mato, da massoterapeuta Adriana Alves, são oferecidos banhos de imersão com ervas e flores frescas, massagens, reflexologia e reiki. Chás, aromatizadores, óleos e sabonetes usados nas terapias são de marca própria e vendidos para levar.

A cidade, seus moradores e lugares

O clima interiorano e a descoberta de São Francisco Xavier como destino turístico atraíram artistas e artesãos ao longo dos anos. Alguns mantêm seus ateliês no distrito, e também há lojas interessantes para quem não abre mão de descer a serra com sacolinhas. Uma cuidadosa seleção de artesanato brasileiro de várias regiões pode ser encontrada na loja Amantiquira, no centro, onde se encontram utensílios domésticos, bijuterias e objetos decorativos, além de óleos, hidratantes e sabonetes em versões de capim-limão e lavanda.

Na Bruxinhas do Mato, um gostoso sítio cercado de verde onde são feitos tratamentos holísticos, também há uma linha de chás, aromatizadores, óleos e sabonetes artesanais. Quem adora voltar para casa com quitutes na bagagem pode passar no Neo Armazém e Restô, que vende queijos produzidos na cidade, como meia cura e de cabra, e em outras regiões, a exemplo do canastra (MG). Aos sábados e domingos, das 8h às 17h, a Praça Cônego Antônio Manzi sedia uma feirinha de produtos orgânicos (colhidos na horta da Praça da Igreja) e artesanato.

COMO CHEGAR

De São Paulo dá para seguir pela Rodovia Presidente Dutra (BR-116) ou pelo sistema Ayrton Senna-Carvalho Pinto/ SP-070 até São José dos Campos (em ambos é preciso pegar a saída 152, acessada pela Dutra). O carro é o meio mais viável de conhecer os atrativos de São Francisco Xavier. Embora as lojas e restaurantes fiquem no centro, as hospedagens se espalham principalmente no Vale de Santa Bárbara e na estrada de Joanópolis, muitas com acesso por estrada de terra.

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