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Lugares | local de pertencimento
O URBANO
MAIS HUMANO
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Lugares de encontros com os mais diferentes perfis, mas com uma coisa em comum: um local de pertencimento de todos os paulistanos
POR: Luiz Claudio Rodrigues | FOTOS: Paulo Brenta
São Paulo tem milhares de lugares em todas as suas
regiões que se tornaram ícones de toda a cidade. Mas há locais que dão um toque de personalidade pelo seu despojamento, pela sua arte, por sua cultura e, claro, sua rica gastronomia. São lugares que sem pompa e sem circunstância foram tomados por paulistanos pelo sentimento de pertencimento. Aqui, um pequeno recorte que inclui o Centro Cultural Vergueiro, a Galeria do Rock, o Mercado Municipal de São Paulo e o Beco do Batman. Locais de diferentes perfis frequentados por todas as tribos paulistanas.
Centro Cultural São Paulo
Com arquitetura monumental de Eduardo Eurico Prado e Luiz Teles e inaugurado em 1982, o Centro Cultural São Paulo (também conhecido como Centro Cultural Vergueiro) atrai diariamente estudantes, historiadores e moradores da cidade por seus equipamentos culturais, principalmente a sua biblioteca, considerada a segunda maior de São Paulo com um acervo de 110 mil livros. Comparado ao Centre Georges Pompidou, em Paris, o CCSP é o primeiro centro cultural multidisciplinar do país com espaços de naturezas diversas, destinados a usos complementares e amplos que ocupam sua área de 46.500m2 e quatro pavimentos.
O CCSP tem cinco salas de espetáculos e expositivos: o Adoniran Barbosa, um espaço de arena, rodeado por vidros; o Jardel Filho que recebe música, teatro e dança; Lima Barreto e Paulo Emílio, destinados à programação de cinema e o Espaço Cênico Ademar Guerra, de multiúso e alternativo. Para mostras em geral, o Centro Cultural dispõe de dois pisos expositivos: o Flávio de Carvalho e o Caio Prado. Sua biblioteca, além de um impressionante acervo de livros, também abriga obras de arte, documentos históricos e discos de vinil dos mais diversos gêneros musicais e milhares de cantores, compositores e musicistas.
O conjunto de bibliotecas conta com a Biblioteca Sérgio Milliet, que mantém o maior acervo; e outras mais especializadas como a Alfredo Volpi, focada em livros de arte; a Gibiteca Henfil, em histórias em quadrinhos; a Louis Braille, que oferece ampla coleção de publicações em braile e audiolivros e a Biblioteca de Culturas Surdas, com acervo e atendimento especial para o público surdo. Por fim, a Discoteca Oneyda Alvarenga, com sua coleção de discos que fica disponível para audição. O CCSP abriga, ainda, um laboratório para restauro e conservação de livros, documentos e obras, acessível somente a funcionários da área.
Entre os espaços educativos, a Ação Cultural do CCSP atua em todo o prédio, mas há lugares específicos para usos de formações e práticas artísticas. A Sala de Ação Cultural ou Sala de Vidro fica em frente à Sala Adoniran Barbosa e está completamente conectada ao fluxo do prédio; enquanto a Leon Hirszman se integra às mostras em cartaz. Há também espaços de ateliês abertos que recebem o público em horários específicos, para práticas gráficas e fotográficas artesanais e experiências em áudio.
Além disso tudo, o Centro Cultural tem jardins e áreas livres que fazem uma homenagem aos arquitetos que projetaram o prédio: o Jardim Eurico Prado Lopes, localizado na rampa de acesso ao metrô; e o Jardim Luiz Teles, na entrada da Rua Vergueiro, ao lado do restaurante. Fora isso, o CCSP oferece dois jardins suspensos, onde é possível ter ampla vista da cidade para se tomar sol, fazer piquenique, descansar ou encontrar amigos para um bate-papo. A Horta Comunitária, localizada no Jardim Suspenso (no lado da avenida 23 de Maio) e cultivada pelo Coletivo da Horta, que convida todos os frequentadores do CCSP para participar de mutirões.
Mercado Municipal de São Paulo
No centro da cidade, o Mercado Municipal de São Paulo (também conhecido como Mercado da Cantareira) tornou-se um ponto turístico da cidade. No Mercado, seus frequentadores (muitos dos quais, grandes chefs de cozinha de São Paulo) encontram verduras, legumes e frutas fresquinhas, passando por carnes, aves, peixes e frutos do mar, massas, doces, especiarias e produtos importados. Se já é difícil escolher o que levar entre as cerca de 300 bancas de alimentos, o Mercado ainda conta com vários restaurantes e lanchonetes. Entre os mais famosos, o Bar do Mané, que serve seus famosos sanduíches de mortadela; e o Hocca Bar por seus generosos pastéis de todos os sabores, principalmente o de bacalhau.
O prédio do mercado ocupa uma área de 12.600 m2 de área construída às margens do rio Tamanduateí e foi projetado pelo famoso arquiteto Ramos de Azevedo em 1926 e inaugurado em 1933. A execução dos seus vitrais foi feita pelo artista russo Conrado Sorgenicht Filho, também autor do trabalho feito na Catedral da Sé. O mercado tem ao todo 32 painéis subdivididos em 72 vitrais.
Galeria do Rock
Foi na década de 1950 que Maria Bardelli, Siffredi e Benjamin Citron se uniram para criar um projeto de espaços comerciais no centro de São Paulo. Os idealizadores da Galeria do Rock encomendaram uma concepção arquitetônica inteiramente nova para a época: curvas e vãos criados através de seus corredores iluminados, com luz natural durante todo o dia.
Essa mesma vanguarda continua até os dias de hoje. A Galeria reconhece o humano que existe em todos nós, independentemente de sua cor, gênero e gosto. Um lugar onde todos que caminham por lá se sentem bem. Resgatar essa energia foi o papel de Antônio de Souza Neto, que assumiu a administração do condomínio em 1993. Nessa época, o prédio tinha pouco mais de 50 lojas ocupadas e já estava instalada toda a seminal cultural Black no piso do subsolo, oriunda da Capela Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos. Os cabeleireiros e lojas de discos vendiam ingressos para os Bailes Black no Palmeiras e Juventus. Aos poucos, lojas de discos de rock foram se instalando nos pisos superiores, primeiro e segundo andares.
Outro personagem importante da Galeria do Rock é o Toninho da Galeria, síndico por muitos anos que iniciou um projeto baseado na felicidade, no coletivo, buscando referências em sua vida pessoal e na psicologia positiva, buscando um propósito e função para o condomínio. Percebendo a força cultural que já existia nos corredores da galeria, Toninho permitiu que abrissem lojas do gênero underground, dando de forma pioneira no Brasil uma conotação cultural a um espaço estritamente comercial. E é assim até hoje, um local em que as culturas diversas vivem em coletivo e se respeitam mutuamente.
centrocultural.sp.gov.br @mercadaosaopaulo @galeriadorockoficial @becodobatman.oficial
Beco do Batman
A história do Beco do Batman começa na década de 1980 quando foi encontrado nas paredes do beco um grafiti do homem-morcego dos quadrinhos. O acontecimento atraiu estudantes de artes plásticas, que começaram a fazer desenhos de influência cubista e psicodélica nas paredes do Beco, formando a galeria ao ar livre com paredes totalmente cobertas. O lugar fica entre os muros das ruas Gonçalo Afonso e Medeiros de Albuquerque. Atualmente, os desenhos são renovados constantemente por grafiteiros e tornou-se um ponto turístico que atrai estrangeiros e brasileiros da cidade e de outros Estados, muitos com guias turísticos falando os mais diversos idiomas.
Em novembro de 2020, o Beco do Batman cobriu suas paredes de preto como forma de protesto e luto à morte do artista plástico NegoVila. O Local Studio, coletivo responsável pela zeladoria do Beco do Batman, e vários artistas independentes classificaram a pintura como uma “nota de repúdio pública”. Só que uma vida de cores não pode ficar presa ao preto. Então, no início de fevereiro deste ano os mesmos artistas se organizaram para recolorir os muros do beco, que voltou a ter as cores e a alegria que o tornaram famoso. São dezenas de obras de artistas como Enivo, Mauro Neri, Chivitz, Binho, André Monteiro, Yara Amaral, Ciro Schunemann e Prozak.