Painel - edição 258 - set.2016

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painel Associação de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Ribeirão Preto Ano IX nº 258 setembro/ 2016

OS DESAFIOS DO AQUÍFERO GUARANI A URBANIZAÇÃO, A UTILIZAÇÃO E A PROTEÇÃO LEGAL DO MANANCIAL

HOBBY

O engenheiro que cuida de pássaros

ARQUITETURA

Eficiência é aliada da qualidade de vida

AEAARP

TECNOLOGIA

Concreto permeável é aliado da sustentabilidade



palavra do presidente

N

Eng. civil Carlos Alencastre

os últimos anos, empresas e profissionais de engenharia têm ocupado o noticiário em colunas que não interessam à categoria. Já falamos sobre este tema. Porém, os últimos acontecimentos em Ribeirão Preto e o processo eleitoral em curso, além dos desfechos de ordem política em Brasília, obrigam à reflexão: qual é o papel que nós, enquanto profissionais organizados em uma entidade de classe prestigiada e de interesse público, devemos adotar perante nossa comunidade. O envolvimento da AEAARP com Ribeirão Preto no decorrer da história mostra que a responsabilidade da entidade é gigantesca. A capacidade técnica, de formulação e de influência no destino da cidade faz pesar sobre nós grande responsabilidade, que temos de assumir em conjunto e independente das preferências políticas pessoais. O Fórum de Debates Ribeirão Preto do Futuro, as instâncias internas da entidade, semanas técnicas, palestras e a participação em conselhos municipais e profissionais formam o conjunto de atividades político-institucionais que devem ser assumidas por todos os associados. À AEAARP não cabe levantar a bandeira por uma ou outra candidatura. Mas, é de responsabilidade da entidade apontar tecnicamente quais são os rumos que a administração e o legislativo devem adotar pelo bem público, que reflete em nossas atividades profissionais, nos projetos, empreendimentos e serviços que prestamos. Trata-se de um ciclo que não pode ser quebrado: nós devemos oferecer à comunidade conhecimento e técnica que proporcionem qualidade de vida. O retorno será positivo, isso a nossa história já demonstra. E é também desta forma que comprovamos que o que interessa à Engenharia, Arquitetura e Agronomia é a técnica, a qualidade, a lisura, a geração de emprego e o bem comum.


índice

ESPECIAL

05

TECNOLOGIA

10

FORMAÇÃO

13

PRODUTIVIDADE

14

Aquífero Guarani: desafios técnicos e legais

O concreto parceiro da sustentabilidade

Em parceria com a AEAARP, instituto promove cursos de pós-graduação

Organize e corrija seus dados com preenchimento relâmpago

ADMINISTRAÇÃO

Novos tempos para a AEAARP

ARQUITETURA

Eficiência combina com qualidade de vida

painel

VISITA

19

AGRONOMIA

20

GESTÃO

21

HOBBY

22

PAINEL ELEIÇÕES

24

CREA-SP

25

NOTAS E CURSOS

26

Indústria sustentável de papel

Oportunidades de negócios no campo

Inovação simples e direta

Do concreto à doçura

15

O que esperar?

16

Livro de Ordem: segurança para o profissional e a sociedade

Rua João Penteado, 2237 - Ribeirão Preto-SP - Tel.: (16) 2102.1700 - Fax: (16) 2102.1717 - www.aeaarp.org.br / aeaarp@aeaarp.org.br

DIRETORIA OPERACIONAL Diretor Administrativo: eng. agr. Callil João Filho Diretor Financeiro: eng. agr. Benedito Gléria Filho Diretor Financeiro Adjunto: eng. civil e seg. do trab. Luis Antonio Bagatin Diretor de Promoção da Ética de Exercício Profissional: eng. civil Hirilandes Alves Diretor Ouvidoria: eng. civil Milton Vieira de Souza Leite DIRETORIA FUNCIONAL Diretor de Esportes e Lazer: eng. civil Rodrigo Fernandes Araújo Diretor de Comunicação e Cultura: eng. agr. Paulo Purrenes Peixoto Diretor Social: arq. e urb. Marta Benedini Vecchi Diretor Universitário: arq. e urb. Ruth Cristina Montanheiro Paolino DIRETORIA TÉCNICA Agronomia, Agrimensura, Alimentos e afins: eng. agr. Jorge Luiz Pereira Rosa Arquitetura, Urbanismo e afins: arq. Ercília Pamplona Fernandes Santos Engenharia e afins: eng. Naval José Eduardo Ribeiro Horário de funcionamento AEAARP - das 8h às 12h e das 13h às 17h CREA - das 8h30 às 16h30 Fora deste período, o atendimento é restrito à portaria.

Eng. civil Carlos Eduardo Nascimento Alencastre Presidente Eng. eletr. Tapyr Sandroni Jorge 1º Vice-presidente

Eng. civil Arlindo Antonio Sicchieri Filho 2º Vice-presidente

CONSELHO DELIBERATIVO Presidente: eng.º civil João Paulo de Souza Campos Figueiredo Conselheiros Titulares Eng.º agr.º Dilson Rodrigues Cáceres Eng.º civil Edgard Cury Eng.º civil Elpidio Faria Junior Arquiteta e eng.ª seg.ª do trab.º Fabiana Freire Grellet Eng.º agr.º Geraldo Geraldi Jr Eng.º agr.º Gilberto Marques Soares Eng.º mec.º Giulio Roberto Azevedo Prado Eng.º elet.ª Hideo Kumasaka Eng.º civil Wilson Luiz Laguna Eng.º civil Jose Aníbal Laguna Arquiteto Luiz Eduardo Siena Medeiros Arq.ª e urb.ª Maria Teresa Pereira Lima Eng.º civil Ricardo Aparecido Debiagi Conselheiros Suplentes Eng.º agr.º Alexandre Garcia Tazinaffo Arq.º e urb.ª Celso Oliveira dos Santos Eng.º agr.º Denizart Bolonhezi Eng.º civil Fernando Brant da Silva Carvalho Eng.º agr.º José Roberto Scarpellini Eng.º agr.º Ronaldo Posella Zaccaro

AssociAção de engenhAriA ArquiteturA e AgronomiA de ribeirão Preto

REVISTA PAINEL Conselho Editorial: eng. civil Arlindo Antonio Sicchieri Filho, arq. urb. Celso Oliveira dos Santos, eng. mec. Giulio Roberto Azevedo Prado e eng. agr. Paulo Purrenes Peixoto - conselhoeditorial@ aeaarp.org.br Conselheiros Titulares do CREA-SP indicados pela AEAARP: eng. civil e seg. do trab. Hirilandes Alves e eng. mecânico Fernando Antonio Cauchick Carlucci Coordenação Editorial: Texto & Cia Comunicação Rua Galileu Galilei 1800/4, Jd. Canadá, Ribeirão Preto SP, CEP 14020-620 www.textocomunicacao.com.br Fones: 16 3916.2840 | 3234.1110 contato@textocomunicacao.com.br Editora: Daniela Antunes – MTb 25679 Colaboração: Bruna Zanuto – MTb 73044 Publicidade: Departamento de eventos da AEAARP - 16 2102.1719 Angela Soares - angela@aeaarp.org.br Tiragem: 3.000 exemplares Locação e Eventos: Solange Fecuri - 16 2102.1718 Editoração eletrônica: Mariana Mendonça Nader Impressão e Fotolito: São Francisco Gráfica e Editora Ltda.

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AQUÍFERO GUARANI: DESAFIOS TÉCNICOS E LEGAIS O abastecimento de água é um dos grandes desafios mundiais; o Guarani é um dos grandes aquíferos do mundo

O consumo de água é quatro vezes maior do que a capacidade de reposição no Aquífero Guarani, a fonte que abastece a cidade há quase 100 anos. Nesta conta estão computados o desperdício e as perdas do sistema, que faz jorrar muita água pelos canos de uma rede antiga. O consumo de água em Ribeirão Preto é um dos maiores do país: são 800 litros por habitante por dia. Considerando que o Departamento de Água e Esgoto de Ribeirão Preto (DAERP) não abastece a totalidade da cidade – condomínios, indústrias, estabelecimentos comerciais etc. têm poços particulares –, o volume consumido por pessoa pode ser ainda maior. “Estudos mostram que a água que bebemos do Aquífero tem entre mil e dois mil anos, o que comprova que a recarga é lenta”, informa o engenheiro Carlos Alencastre, presidente da AEAARP e diretor do Departamento de Águas e Energia Elétrica do Estado de São Paulo. Para efeito de comparação, a água que chega ao Aquífero hoje - e é somente cerca de 3% da precipitação da chuva - será consumida daqui a centenas de anos. A velocidade da recarga é lenta,

HIDROMITOS

Não há afloramento do Aquífero Guarani em Ribeirão Preto. É mito, por exemplo, que a Lagoa do Saibro, na Zona Leste, seja a água que chega à superfície. Daquele lugar, durante muitos anos foi extraída argila para fazer tijolos. A depressão resultante da exploração acumula água e forma a lagoa. Existem outras na cidade que foram consideradas afloramentos visíveis do Guarani durante muitos anos. Estudos revelaram, porém, que essas afirmações são inverídicas. “Hidromitos”, na classificação de Carlos Alencastre.

assim como é lenta a movimentação da água pelas rochas do Aquífero. Ribeirão Preto tem 557 poços artesianos. Exploram a água do Aquífero Guarani, o quarto maior manancial de água subterrânea do mundo, e outros mananciais, como lençóis freáticos. Do total desses poços, 285 são particulares e extraem 48.969.700 litros de água por dia do Aquífero. Outros 110 são do DAERP e respondem pela extração de mais de 400 mil litros por dia. Os outros poços são também particulares, mas captam água de outras fontes subterrâneas que têm menor vasão do que o Guarani, que tem 1,2 milhões de km2. O consumo dos poços é monitorado pelo Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE) e o volume extraído deve respeitar a outorga concedida para a exploração. Alencastre explica que há medição do consumo por hidrômetros AEAARP 5

nos poços públicos e privados. O nível da água do Aquífero está, em média, há 200 metros de distância da superfície. O conhecimento desenvolvido no decorrer dos anos derrubou mitos, como a crença de que sob a terra há um mar de água. “É arenito rochoso embebido em água”, esclarece Alencastre. A distância da fonte de água da superfície é variável, em razão do volume da extração em determinadas regiões e também do relevo que há sob a terra. No centro da cidade, na região da Catedral Metropolitana, por exemplo, o Aquífero está 70 metros mais distante do nível primitivo do Aquífero - aquele no qual o manancial se encontrava antes do início das perfurações de poços, que passou a acontecer nos anos de 1930 - do que em outras regiões, como na Zona Sul ou Zona Leste.


ESPECIAL

água

legislação

sustentabilidade

metodologias diferentes de exploração em cada região. No estado de São Paulo, por exemplo, o Guarani chega à cidade de Presidente Prudente, 1.200 metros abaixo da superfície. Em Bebedouro, cidade vizinha a Ribeirão Preto, a profundidade do mesmo manancial exige que a água extraída seja resfriada antes do consumo. “Em Marília, no inverno, o serviço de distribuição de água não faz o resfriamento. Desta forma, as pessoas economizam energia”, exemplifica. Rebaixamento do lençol

DESAFIO

Os sete bilhões de seres que habitam o planeta Terra têm 2,5% de água doce disponível para consumo, os outros 97,5% são água salgada. A porção consumível provém das calotas polares (68,9%), de aquíferos (29,9%), de rios e lagos (0,3%) e outras fontes (0,9%). Além da baixa quantidade, a distribuição é irregular. No Brasil, a região da Bacia Amazônica, por exemplo, concentra 81% da disponibilidade hídrica, mas é ocupada por 13% da população brasileira. Nas regiões Sul, Sudeste e Nordeste estão 9% dos recursos hídricos e 85,5% da população brasileira. A fórmula na qual há mais consumidores do que disponibilidade de abastecimento é batizada de estresse hídrico. Dos 29 maiores aglomerados urbanos do país, 16 precisariam encontrar novas fontes de abastecimento até 2015, segundo levantamento da Agência Nacional de Águas (ANA). Ribeirão Preto era uma delas. A indicação da Agência era a de usar a água do Rio Pardo, um projeto que não prosperou.

O consumo de água no Brasil é distribuído em 72% para agricultura, 22% para indústria e 6% para o consumo humano. O país tem 12% do total de reserva de água doce do planeta.

CARACTERÍSTICAS

Alencastre explica que a característica de cada região, a profundidade do manancial e a qualidade da água extraída exigem

A temperatura da água aumenta um grau a cada 30 metros de profundidade.

Evandro Grilli

A AEAARP e o SindusCon, com o apoio do escritório Brasil Salomão e Matthes Advocacia, promoveram o debate “O Aquífero Guarani e os dilemas da expansão urbana e de seu uso sustentável – Uma discussão inadiável”. O objetivo foi expor, do ponto de vista legal e técnico, as possibilidades de exploração da região de abrangência do Guarani. Revista Painel 6


especial

A proteção do Aquífero em Ribeirão Preto é a capa de basalto que o separa da superfície na maior parte do território, exceto na Zona Leste e na região do Aeroporto Leite Lopes, onde o aquífero é considerado livre, isto é, com acesso sem a presença do basalto. Esta característica coloca o manancial em maior risco de contaminação naquela região. Alencastre opina que legislação e a ação dos órgãos públicos de gestão e proteção, como o DAEE e a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), têm adotado medidas de proteção do Aquífero. Antes disso, por desconhecimento e falta de condições técnicas, o manancial esteve mais exposto a riscos. “O cemitério Bom Pastor foi instalado em uma região onde não há a capa de basalto protegendo o Aquífero”, exemplifica Alencastre. Existem centros de compras e bairros inteiros, de todos os padrões, instalados sobre áreas de recarga. “Hoje, a aprovação dos projetos é mais rigorosa. Algumas vezes, é melhor, por exemplo, ter uma urbanização planejada e orientada do que uma invasão sem critérios”, diz. Ele defende que os órgãos estaduais e a legislação de uso e ocupação do solo deem conta da proteção do manancial. “A legislação não prospera no município e é isso que daria a base legal para as diretrizes de ocupação do solo. A solução é a adoção de um marco regulatório”, opina. A adoção de pavimentação permeável em áreas de recarga, um Plano Diretor voltado à realidade do município e a adoção de uma lei de zoneamento especial atendem às necessidades locais. Mas, hoje ainda não é assim que funciona. “Está bagunçado”, conclui.

ÁGUA

legislação

sustentabilidade

Mapa dos poços em Ribeirão Preto

Ribeirão Preto é dividida em áreas de restrição e controle de exploração do Guarani. Zona 1 - são permitidas novas perfurações quando em substituição de poços existentes, destinados ao abastecimento para consumo humano e respeitando os critérios de distanciamento mínimo de 500 metros de áreas contaminadas e 200 metros dos corpos d’água superficiais. Zona 2 - substituições, unicamente de poços já existentes destinados ao abastecimento para consumo humano e respeitando os mesmos critérios da Zona 1. Novas perfurações são permitidas para poços destinados ao abastecimento de água para consumo humano e respeitando os seguintes critérios: 1 - distanciamento mínimo de 1.000 metros de poços existentes, conforme levantamento de campo atualizado a ser elaborado pelo solicitante e constante de Estudo de Viabilidade de Implantação-EVI; 2 - distanciamento mínimo de 200 metros dos corpos d’água superficiais; 3 - distanciamento mínimo de 500 metros de áreas declaradas contaminadas. Zona 3 - substituições unicamente de poços tubulares profundos já existentes destinados ao abastecimento para consumo humano e respeitando os mesmos critérios da Zona 1. Nessa região, novas perfurações de poços são permitidas desde que atendam os critérios da Zona 2.

AEAARP 7


especial

LEGISLAÇÃO

A Constituição Federal aponta como bens da União “lagos, rios e quaisquer correntes de água em terrenos de seu domínio ou que banhem mais de um Estado, sirvam de limites com outros países, ou se estendam a território estrangeiro ou dele provenham, bem como os terrenos marginais e as praias

LEGISLAÇÃO

água

pluviais” e, como bens dos estados, “as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, emergentes e em depósito, ressalvadas, neste caso, na forma da lei, as decorrentes de obras da União”. O Tratado do Mercosul, de 2 de agosto de 2010, prevê cooperação entre Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai para ações de preservação, garantindo a soberania

OS MAIORES AQUÍFEROS DO MUNDO ARENITO NÚBIA Extensão: 2,0 milhões Km2 Reserva: 150 mil Km3 Abrangência: Egito, Líbia, Chade e Sudão O maior reservatório de água fóssil do mundo, ou seja, de água selada, que não recebe reabastecimento por precipitação. Utilizada para produção agrícola no oásis de Kufra por sistema de irrigação subterrânea. ALTER DO CHÃO Extensão: 437,5 mil Km2 Reserva: 86,4 mil Km3 Abrangência: Brasil - Pará, Amapá e Amazonas O volume de água reservado seria suficiente para abastecer 100 vezes a população mundial. GRANDE BACIA ARTESIANA Extensão: 1,7 milhões Km2 Reserva: 8.7 mil km3 Abrangência: 22% do território australiano O aquífero é vital para a sobrevivência da população australiana. GUARANI Extensão: 1,2 milhões Km2 Reserva: 40 mil Km3 Abrangência: Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai No Brasil, o Guarani se estende pelos estados de São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

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sustentabilidade

de cada país em seu território. Existem outras leis federais que tratam do tema: Decreto Lei 7.841/45 – Código de Águas Minerais, Lei 6.938/81 – Política Nacional de Meio Ambiente, Lei 9.433/97 – Política Nacional de Recursos Hídricos, Lei 9.984/2000 – Cria a Agência Nacional de Águas, Lei 10.257/2001 – Estatuto da Cidade e Lei 12.651/2012 – Novo Código Florestal. Na esfera estadual, em São Paulo, a Lei 6.134/88 trata da Preservação de Depósitos Naturais de Águas Subterrâneas. O Artigo 9 desta Lei diz: “sempre que necessário o Poder Público instituirá áreas de proteção aos locais de extração de águas subterrâneas, a fim de possibilitar a preservação e conservação dos recursos hídricos subterrâneos”. Também no estado de São Paulo, há a Lei 7.663/1991 que versa sobre o Sistema Integrado de Gerenciamento de Recursos Hídricos. O Artigo 32 diz que o Estado pode delegar aos municípios o gerenciamento dos recursos hídricos de interesse local, incluindo aquíferos subterrâneos em áreas urbanizadas. O advogado Evandro Grilli, especialista em Direito Ambiental, sócio do escritório Brasil Salomão e Matthes Advocacia, conclui que a proteção constitucional efetiva inexiste. Acrescenta que as leis federais e estaduais que versam sobre água, não oferecem a proteção aos aquíferos e sequer mencionam as áreas de recarga. Grilli ressalta que a legislação prevê que as edificações mantenham 35% de áreas permeáveis na Zona Leste, percentual 75% mais alto do que nas demais áreas da cidade onde a exigência é de 20%. Há neste caso controvérsias com o Ministério Público (MP), que defende


especial

água

legislação

SUSTENTABILIDADE

Mapa com os principais aquíferos subterrâneos

a manutenção de 50% de áreas permeáveis como forma de proteger as áreas de recarga. O MP inicialmente moveu ações coletivas contra proprietários de imóveis daquela região. Recentemente os promotores perderam um embate jurídico com a Prefeitura de Ribeirão Preto: o Tribunal de Justiça derrubou a liminar que havia sido conquistada pelos promotores determinando a aprovação de lei que proteja a área de recarga e mantenha como área rural ¨ad eternum¨ uma faixa considerável da Zona Leste. “É necessário melhorar a previsão legal sobre o assunto, desde a Constituição até as leis federais, e dar um rumo para as leis municipais”, conclui Grilli. Ele levanta algumas questões para reflexão: qual é a verdadeira relevância das zonas de recarga de Ribeirão Preto para o Aquífero como um todo ou mesmo para o uso local? O problema está na recarga ou na captação que é feita acima da capacidade de recarga? Ou no desperdício da própria rede pública? É adequada a proteção em 35% para a Zona Leste prevista nas leis locais?

NO MUNDO

Alencastre, que participou dos três últimos fóruns mundiais de água e integra a comissão que organiza o próximo, que acontecerá em 2018, em Brasília, explica que a falta de acesso à água exige tecnologia, investimento e inovação para atender às necessidades de consumo humano, agrícola e industrial. Na Inglaterra, foi instalada uma usina de dessalinização. Na Namíbia, na África, o abastecimento é feito parcialmente

por manancial subterrâneo. Naquele país, parte do abastecimento é feito também por água tratada, proveniente de esgoto e pia. O sistema foi adotado no final dos anos de 1960 e os técnicos conseguem tornar a água potável. Em todo o planeta, o desafio é extrair, explorar, purificar e ter acesso aos 2,5% de água doce disponíveis. Em Ribeirão Preto, o desafio é preservar, mantendo a atividade econômica e sem frear o crescimento da cidade.

Mapa de águas subterrâneas AEAARP 9


tecnologia

O CONCRETO PARCEIRO DA SUSTENTABILIDADE Entidades que congregam a indústria e o comércio de material de construção apostam no varejo e na inovação para melhorar resultado de vendas

O mercado cimenteiro e os centros acadêmicos têm investido em pesquisas de novos tipos de cimentos e usos diferentes desse material, uma busca nem tão recente no resto do mundo. Estudos de concreto permeável, por exemplo, começaram na França entre as décadas de 1940 e 1950, devido ao crescimento das cidades e a consequente impermeabilização do solo. O desenvolvimento da tecnologia aconteceu na década de 1970 nos

Estados Unidos, França e Suécia. Porém, o uso se intensificou no mundo entre as décadas de 1990 e 2000. Em Ribeirão Preto (SP), o parque Doutor Fernando de Freitas Monteiro da Silva, conhecido como Parque das Artes, é o único parque da cidade que tem este piso, considerado ecologicamente correto. “O parque tinha a necessidade de pavimentação porosa para que a água da chuva pudesse retornar ao solo, per-

Parque Doutor Fernando de Freitas Monteiro da Silva, conhecido como Parque das Artes, em Ribeirão Preto (SP) Revista Painel 10

mitindo a manutenção do lençol freático e irrigação das raízes das árvores, anulando o escoamento superficial”, explica o arquiteto e urbanista Eduardo Salata, responsável pelo projeto. Segundo ele, comparando o concreto poroso ao piso asfáltico, há redução térmica de quatro graus na superfície do piso, amenizando a temperatura na pista de caminhada. A vida útil do concreto poroso é grande, de acordo com o arquiteto, desde que o piso seja executado seguindo padrões técnicos. “A manutenção é mais frequente, pois é preciso limpar os poros do concreto para que continue com percolação em 100% da porosidade”, explica. Não é necessário alteração no projeto para implantar este concreto. Porém, se o solo for muito impermeável, a absorção será mais lenta. “Para resolver isso, precisa fazer uma sub-base que permita a percolação”, explica. Existem normas nacionais e internacionais para o uso do produto, dentre elas destacam-se a norma da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) NBR 16416:2015 (Pavimentos permeáveis de concreto: requisitos e procedimentos, elaborada pelo Comitê Brasileiro de Cimento, Concreto e Agregados – CB 18), ACI-522R-06 e a ACI-211.3R-02, do American Concrete Institute.


Cientista mexicano cria cimento que brilha

Foi criado na Universidad Michoacana de San Nicolás de Hidalgo, no México, um tipo de cimento que capta a energia da luz durante o dia (solar ou artificial) e a irradia à noite. José Carlos Rubio Ávalos, cientista mexicano que lidera esta pesquisa, explicou, em entrevista exclusiva para a revista Painel, o diferencial do produto. “Nós utilizamos os mesmos produtos químicos do cimento Portland tradicional, o que mudamos foram os silicatos e aluminatos de cálcio”, disse. Ele estuda fotoluminescência há 11 anos. “O cimento tradicional é um corpo opaco que não permite passagem de luz. Então mudamos a matriz do cimento para que ele possa emitir luz”. O objetivo é criar um produto que melhore a sinalização de ruas e estradas. O cientista não dá mais detalhes da tecnologia, pois o material ainda está em processo para obtenção de patente. Os usos do cimento podem ser os mesmos do tradicional e a durabilidade também é igual, segundo ele. A comercialização está prevista para começar em novembro de 2016.

CONCRETO POROSO

José Roberto Hortêncio Romero Engenheiro civil

Há uma série de vantagens do concreto poroso que o tornaram uma opção popular para a construção de calçadas, ruas e estacionamentos. É um material especialmente comum entre empresas de construção e, sob o ponto de vista do meio ambiente, é uma solução ecologicamente correta, uma vez que ajuda a controlar o escoamento da água de forma sustentável e, mais importante, a recarga do aquífero. Concreto poroso é um concreto per-

meável, ou seja, que deixa a água fluir e chegar até o solo. É atraente porque ajuda no escoamento de águas da chuva, especialmente em épocas de tempestades intensas que causam enchentes. Com o concreto poroso, a água passa pelo produto e chega ao lençol freático, evitando inundações. A água que percola pelo concreto também serve como fonte de irrigação para plantas e jardins. O concreto poroso está sendo utilizado como camada de desgaste sobre o concreto de cimento Portland, pois o material apresenta bom desempenho quanto à resistência à frenagem na superfície do pavimento, e camada drenante em vias urbanas, pois filtra a água poluída que corre superficialmente nos pavimentos. Este concreto permite a percolação da água, reduzindo o potencial de hidroplanagem e do fenômeno spray causados pelas rodas dos veículos. O concreto poroso, chamado também AEAARP 11

de pervious concrete ou porous concrete, está ganhando popularidade em diversos projetos na área da Engenharia. A espessura da camada a ser utilizada em pavimentos é determinada por dois fatores: ▪ Propriedades hidráulicas: permeabilidade e volume de vazios ▪ Propriedades mecânicas: resistência à tração na flexão e compressão e no módulo de elasticidade No entanto, o concreto poroso não é adequado para todas as aplicações de construção devido às suas características.

Aplicações

Consiste basicamente em uma pasta de cimento Portland e água, com pouco agregado miúdo (areia de rio com módulo de finura de 2,08 mm), envolvendo em forma de película o agregado graúdo, permitindo a junção dos grãos e possibilitando um volume de vazios


interconectados elevado, sendo recomendado pela literatura entre 15% a 25% – de acordo com o estudo de João Virgilio Merighi, Rita Moura Fortes e Alex Bandeira – para possibilitar a passagem de água com rapidez.

Aplicações do concreto poroso

▪ Pavimentos em vias de baixo volume de tráfego, base e sub-base de pavimentos para revestimentos de concreto convencional, valetas de drenagem para baixo volume de água ▪ Estacionamentos e pátios de carga ▪ Ciclovias e calçadas ▪ Estabilização de taludes ▪ Decks de piscina ▪ Estruturas hidráulicas ▪ Barreiras acústicas

Na hidroplanagem ocorre a perda de aderência entre o pneu e o pavimento e a derrapagem que está diretamente ligada às condições de contato pneu/ pavimento. A hidroplanagem se divide em três grupos: ▪ Hidroplanagem dinâmica ▪ Hidroplanagem viscosa ▪ Hidroplanagem por borracha revertida Do ponto de vista de suas características, se o índice de vazios do concreto estiver entre 15 e 25%, a massa especifica será bem menor se comparado ao concreto tradicional.

Desenvolvimento experimental

De acordo com a pesquisa, foram utilizados corpos de provas cilíndricos e prismáticos, sendo a resistência determinada de acordo com as recomendações das normas ABNT NBR 5739/1994 e ABNT NBR 12142/1991.

Revista Painel 12

Conclusão

Em termos de literatura está havendo um aumento de pesquisa nessa área com excelente estudo. O concreto poroso anula a presença de água na superfície nos casos usuais de chuvas, possibilitando o contato pneu/pavimento.


formação

EM PARCERIA COM A AEAARP, INSTITUTO PROMOVE CURSOS DE PÓS-GRADUAÇÃO Professores têm vivências em diferentes mercados do país

Associados da AEAARP têm condições especiais para participar Gustavo Ferreira Matos Mariano dos cursos Gestor do IPOG que o Instituto de Pós-graduação e Graduação (IPOG) promove a partir do segundo semestre deste ano. As primeiras turmas já participaram de módulos dos cursos Master em arquitetura e lighting e Auditoria, avaliações e perícias em engenharia. Segundo Gustavo Ferreira Matos Ma-

riano, gestor da unidade do IPOG em Ribeirão Preto, no curso de auditoria, interessados ainda poderão aderir até janeiro de 2017. Ele explica que o formato dos cursos, que acontecerem uma vez por mês, de sexta a domingo, permite a adesão tardia às turmas. Até o final deste ano, dois novos cursos devem formar turmas: Design de interiores – ambientação e produção do espaço e MBA projeto, execução e controle de estruturas e fundações. O IPOG tem 14 anos, atua em todos os estados brasileiros com cursos de pós-graduação, MBA e especialização latu AEAARP 13

sensu, todos presenciais e com duração de dois anos, em média. Os professores que compõem a equipe do IPOG têm experiência profissional em diferentes estados brasileiros. Para Mariano, esta característica proporciona o acesso à troca de experiência e vivencias de diferentes mercados. Os associados da AEAARP têm desconto de R$ 130 em todos os cursos oferecidos pelo Instituto, que está instalado na sede da entidade, onde acontecem os módulos. As inscrições podem ser feitas no endereço www.ipog.edu.br. O escritório do IPOG funciona na AEAARP.


produtividade

ORGANIZE E CORRIJA SEUS DADOS COM PREENCHIMENTO RELÂMPAGO Fábio Gatti, especialista em Pacote Office

Um dos problemas mais frequentes que observo nas empresas é a integridade do banco de dados, ou automatizar a transformação das informações do jeito que vêm da extração do Enterprise Resource Planning (ERP - que significa planejamento dos recursos da empresa) para o MS-Excel, em dados “amigáveis” para geração de relatórios. Em nosso exemplo (tabela 1) podemos ver uma verdadeira anarquia nas informações de Supervisor, e o campo Cidade está junto com a Unidade da Federação (UF). Para corrigir e transformar as informações, costumeiramente necessitamos de verdadeiros gênios do MS-Excel, que gastam horas desenvolvendo funções e até macros para isso. Tabela 1

Em uma coluna ao lado, repetimos o cabeçalho Supervisor (Tabela 2), e inserimos o primeiro nome, manualmente, conforme queremos que seja transformado, vamos à célula logo abaixo, clicamos no Preenchimento Relâmpago (ou usamos seu atalho: CTRL + E) e todos os registros estão devidamente preenchidos. Podemos usar um exemplo prático (tabela 3), na qual transcrevemos os dados das colunas Escritor, Livro e Ano Livro para uma Referência Bibliográfica. Como padrão de referência, devemos citar o sobrenome em maiúsculo, seguido do nome do escritor, o nome do livro e seu ano. Após fazer o padrão para o primeiro registro, na célula abaixo, clicamos em Preenchimento Relâmpago e todas as referências foram transcritas automaticamente. Tabela 3

Após a versão 2013, há uma função, chamada Preenchimento Relâmpago, visualizada na guia Dados, da Faixa de Opções.

Podemos demonstrar uma exportação de um ERP para o MSExcel (tabela 4), que trouxe todos os dados dos campos para uma única coluna. Inserimos uma coluna ao lado, nomeada de Cidade, escrevemos o primeiro registro Santos, que corresponde à cidade do registro ao lado, e, na célula logo abaixo, apertamos o atalho CTRL + E. Pronto, todas as cidades foram inseridas. Tabela 4

Tabela 2

Lembrando: esta poderosa função só está disponível a partir da versão 2013. Sabendo usar as ferramentas do MS-Excel corretamente, não desperdiçamos nosso tempo com manutenção de dados. Revista Painel 14


administração

NOVOS TEMPOS PARA A AEAARP Diretoria, conselho, colaboradores e associados criam grupo para traçar objetivos para o futuro da Associação

Avanços tecnológicos, mudanças na formação e na atribuição dos profissionais de engenharia, arquitetura e agronomia, revolução nos meios de comunicação e na legislação foram testemunhados pela AEAARP nos mais de 60 anos de atividade da entidade. “A geração que criou a entidade é completamente diferente daquela que a fez crescer e não guarda qualquer semelhança com a que está por vir”, observa a antropóloga Danielle Moro, da Veropequi Desenvolvimento Organizacional. A equipe de Moro e um grupo de

diretores, conselheiros, colaboradores e associados da AEAARP dedicam-se a elaborar um plano de ação para o futuro da entidade. “A entidade é muito maior do que nós. Nossa obrigação é fazê-la forte e grande não só na estrutura física, mas também na sua capacidade de reunir os profissionais da classe”, observa o engenheiro agrônomo Callil João Filho, diretor administrativo da AEAARP. Moro explica que foi realizado um diagnóstico da gestão da entidade e das

AEAARP 15

ferramentas de relacionamento com a sociedade e os associados. “O projeto nasce de dentro para fora, absorvendo as experiências e introduzindo novos conceitos e práticas, acrescentando visões externas”, fala. A expectativa do engenheiro Carlos Alencastre, presidente da AEAARP, é a de preparar a entidade para as próximas décadas. “Para isso, convidamos não só os dirigentes, mas também todo associado que estiver disposto a colaborar com o futuro da entidade”, explica.


arquitetura

EFICIÊNCIA COMBINA COM QUALIDADE DE VIDA 7ª Semana de Arquitetura reuniu especialistas que apresentaram ideias e projetos de como a arquitetura pode contribuir para a qualidade de vida das pessoas

O centro dos projetos de arquitetura é o ser humano. Para a arquiteta e urbanista Ercília Pamplona, diretora de Arquitetura e Urbanismo da AEAARP, por outro lado, a arquitetura proporciona qualidade de vida ao adotar a Revista Painel 16

eficiência nos projetos. Uma das questões a ser solucionada é o conforto térmico, no meio urbano e nas unidades habitacionais. “As pessoas estão se aclimatando com a baixa temperatura do ar-condicionado e, quando vão às


ruas, sofrem com a diferença térmica”, alerta a arquiteta e urbanista Maria Solange Gurgel de Castro Fontes, da Universidade Estadual Paulista (Unesp), de Bauru (SP). É possível criar microclimas agradáveis ao convívio humano, mitigar impactos térmicos da urbanização e melhorar a qualidade térmica das cidades. “O clima urbano depende da interação entre características geográficas, materiais e rugosidade das cidades. É isso o que diferencia a temperatura do espaço urbano, que forma várias ilhas de calor, do ambiente rural”. A arquiteta cita o exemplo da cidade Stuttgard, na Alemanha, que até 1938 tinha altos índices de poluição, problemas de inversão térmica e era considerada a cidade mais quente do mundo. “As pessoas achavam que era culpa da condição geográfica da cidade, que está em um vale cercado por colinas. Porém, foi a urbanização que agravou a dissipação do calor. A ventilação vinda das encostas não atingia a área central, pois dois edifícios a desviava”. Meteorologistas descobriram que a situação dificultava a dispersão dos gases poluentes das chaminés e contribuía com o acúmulo de calor. Para reverter

Arquiteto e urbanista Luiz Fernando Lossardo

Exemplo que vem do Uruguai

Construir empreendimentos sustentáveis é o propósito de vida do arquiteto americano Michael Reynolds, que em fevereiro de 2016 entregou a construção da primeira escola sustentável da América Latina, na cidade de Jaureguiberry (Uruguai). A arquiteta e urbanista Fátima Regina de Souza, do escritório Arquitetura FRS, de Ribeirão Preto, participou deste projeto junto a outros 160 profissionais do mundo. “A construção usou materiais naturais, recicláveis e entulhos. Além disso, foi criado um sistema de tratamento de águas cinzas e negras por células botânicas, sistema que limpa as águas através das raízes das plantas, para a sua reutilização e liberação sem poluentes”. Em seus projetos, Reynolds utiliza a energia solar e eólica para gerar energia voltaica. Dentro dos ambientes existe a troca de ar quente e frio, que é controlada pela massa térmica presente no interior dos pneus que são posicionados no entorno das edificações. “Isso faz com que a casa esteja sempre fresca e nunca precise de ar-condicionado ou aparelho de aquecimento, garantindo temperatura estável em todas as estações do ano”, explica a arquiteta. Reynolds também aproveita a água da chuva, através de grandes cisternas, que supre a necessidade hídrica da edificação em boa parte do ano. “A água é aquecida por painéis solares e são tratadas em quatro filtros, pois segundo a legislação americana, isso é o suficiente para transformar a água em potável”, explica Souza. O arquiteto americano é fundador da Earthship Biotecture, empresa especializada em construir edifícios sustentáveis, que foi considerada órgão de utilidade pública mundial, depois do tsunami na Índia, em 2005. Equipe de profissionais da empresa se deslocou para áreas afetadas pelo tsunami e construiu habitação para desabrigados em tempo recorde. No endereço eletrônico da AEAARP, está disponível o vídeo Garbage Warrior, que conta a história de Reynolds.

Arquiteta e urbanista Maria Solange Gurgel de Castro Fontes

www.aeaarp.org.br

Arquiteto e urbanista Luiz Antonio Nigro Falcoski AEAARP 17

Arquiteta e urbanista Fátima Regina de Souza


o problema, foi aberta uma grande avenida que escoa a ventilação das colinas e favorece a ventilação urbana, as edificações passaram a utilizar tetos verdes e incrementaram a arborização urbana. Hoje, Stuttgard tem mais de 60% de cobertura vegetal, sistema de monitoramento do clima, poluição e ruídos, incentiva pesquisas de predição climática e simula o impacto de cada intervenção que será feita na cidade. A cidade é referência mundial de gerenciamento de calor. Além da condição geográfica, características topográficas, geológicas e hídricas devem ser levadas em consideração no processo de urbanização. O arquiteto e urbanista Luiz Fernando Lossardo, do Centro Universitário Barão de Mauá, cita a análise do uso solo, por exemplo, que é mais sintética do que analítica. “Uma coisa é relatar só aquilo que vemos como, por exemplo, declividade do solo ou cobertura vegetal. Quando falamos de

zoneamento geoambiental, buscamos informações técnicas como: estrutura geológica, potencial hidrológico e as variáveis desses elementos como permeabilidade, fertilidade e compactação do solo”. Por meio de estudos dos mapas de topografia, hipsometria, declividade, microbacias, pluviosidade, formação geológica e de superfície, entre outros, é possível detectar áreas de grande e de baixa absorção de água. “O profissional precisa saber o que tem no solo, pois se a área tiver baixa absorção de água vai gerar local propício aos alagamentos”. O arquiteto comenta que existem muitas áreas que poderiam ser exploradas para atividade agrícolas e estão sendo loteadas. Em contrapartida, existem terrenos com solo extremamente fracos e que são cultivados. “Com o zoneamento geoambiental podemos aproveitar o potencial de cada região, criar bons projetos para os planos diretores das cidades e evitar esses erros”.

Revista Painel 18

PLANO DIRETOR

Os planos diretores são motivos de preocupação para o arquiteto e urbanista Luiz Antonio Nigro Falcoski, da Universidade Federal de São Carlos (Ufscar). “O plano diretor é uma peça estratégica e precisa ser alterado em sua metodologia. O documento não pode ser um ato normativo, prescritivo ou genérico. Ele deve estabelecer ações concretas”. Falcoski defende que o plano diretor precisa prever cidades mais humanas, também conhecidas como cidades inteligentes que estruturam-se em seis pilares: economia, pessoas, governança, mobilidade, ambiente e modo de vida. “Hoje, os planos não produzem espaços físicos para as pessoas. Precisamos mudar essa visão”. Para ele, a cidade criada para as pessoas é um local cheio de vida no espaço público, mais seguro, sustentável e saudável. O arquiteto explica que cidades sustentáveis serão cada vez mais compactas, ou seja, reduzirão fluxo de pessoas e promoverão mobilidade urbana sustentável. Falcoski apresenta a média de habitantes por hectare de algumas cidades famosas do mundo: 80 habitantes por hectare (hab./ha) em São Paulo (SP), 210 hab./ ha em Paris (França), 600 hab./ha em Brasília (DF) e 180 hab./ha em Barcelona (Espanha). “Qual é a cidade do futuro? Qual é a densidade que queremos”, indaga. Ele alerta que é preciso proporcionar áreas de saúde, educação, promoção social, cultura, esporte e lazer em várias regiões do município para evitar a segregação socioespacial. “Temos que trabalhar com gestão ambiental, zoneamento ambiental, comunidades sustentáveis, edifício verde e empreendimentos sustentáveis para garantir mais qualidade de vida para as pessoas”.


visita

INDÚSTRIA SUSTENTÁVEL DE PAPEL Unidade inaugurada em 1993 é uma das dez plantas que a companhia possui no país

Há 23 anos, a unidade da International Paper em Luiz Antônio (SP) produz papel a partir da celulose extraída do eucalipto. As linhas de papel para uso doméstico, comercial e gráfico são 100% produzidos a partir de cultivos de eucalipto certificados e todas as sobras do processo – da madeira às sobras de papel provenientes da produção – são reutilizadas. A planta de Luiz Antônio tem aproximadamente 630 profissionais e capacidade produtiva de cerca de 400 mil toneladas de celulose e 360 mil toneladas de papel não-revestido por ano. 70% da produção é exportada, o que significa cerca de 20 mil toneladas/mês, para países como Colômbia, Venezuela, Argentina, Peru, Chile, Inglaterra, China e Austrália. A unidade possui a certificação de sustentabilidade da União Europeia, Ecolabel Flower, que atesta o bom desempenho ambiental dos produtos industrializados e serviços. A International Paper mantém parceria com cooperativas para que utilizem suas florestas de eucalipto para produzirem mel a partir da flor daquela árvore.

“Desde o início das operações da nossa fábrica em Luiz Antônio, investimos na melhoria contínua de nossos processos, além de planejamento, treinamento e engajamento das equipes”, afirma Dorival Almeida, gerente geral da fábrica. A International Paper é líder global em embalagens e papel. Tem unidades na América do Norte, Europa, América Latina, Rússia, Ásia e Norte da África, em 24 países,

Dilson Caceres, Gilberto Marques Soares, Angela Dorta, Paulo Peixoto, Benedito Gléria, Celso Santos, Carlos Alencastre, Ronaldo Zaccaro, Giulio Roberto Prado e Jorge Rosa: comitiva da AEAARP no último trecho da visita, o acabamento

empregando 53 mil pessoas. Seus negócios incluem embalagens industriais e de consumo e papéis não revestidos e celulose. A sede é em Memphis, Tennessee. Em 2015, as vendas líquidas foram de US$ 22 bilhões. No Brasil, suas fábricas dedicam-se à produção de papéis para imprimir e escrever, papel para embalagens e embalagens de papelão ondulado, empregando aproximadamente cinco mil pessoas.

A International Paper no Brasil:

• Fábricas de papel e celulose: Mogi Guaçu (SP) e Luiz Antônio (SP) • Fábrica de papel: Três Lagoas (MS) • Fábricas de papelão para embalagens e produção de embalagens de papelão ondulado: Paulínia (SP), Franco da Rocha (SP), Nova Campina (SP), Suzano (SP), Rio Verde (GO), Manaus (AM).

O PROCESSO

Uma comitiva da AEAARP visitou a unidade de Luiz Antônio e recebeu explicação detalhada do processo, desde a entrada AEAARP 19

das toras de eucalipto até o acabamento. A fábrica é divida em unidades – a agrícola, a de celulose e a da produção do papel propriamente dito. A madeira é cortada e descascada antes de entrar no processo industrial que a converte em celulose. Dessa planta, segue para a de produção, onde máquinas de cerca de 200 metros de comprimento recebem a celulose – uma massa composta de muita água que é projetada em uma esteira que começa a dar forma ao papel. Esta máquina produz uma bobina de cerca de dois metros de altura, encaminhada ao acabamento. É nesta última fase que o papel é cortado e embalado. Todo o processo industrial é automatizado e monitorado continuamente em salas de controle onde é possível ajustar todas as fases, além de permitir atenção total em relação à segurança da unidade. Este é um quesito,aliás,queimpressionaosvisitantes. Antes de iniciar a visita, são repassadas orientações e distribuídos equipamentos de segurança, que incluem capacete, colete, máscara, óculos e protetor auricular.


agronomia

OPORTUNIDADES DE NEGÓCIOS NO CAMPO Varejo, tecnologia, CAR e PRA são temas de palestras na 10ª Semana de Agronomia

Quase a totalidade das propriedades rurais brasileiras já aderiram ao Cadastro Ambiental Rural (CAR), segundo o engenheiro Eduardo Gusson. “O desafio no momento é viabilizar a execução do PRA [Programa de Regularização Ambiental] a fim de colocar em prática as propostas de melhoria ambiental da paisagem rural previstas no Novo Código Florestal”, explica o engenheiro florestal. Ele é especialista em restauração florestal e tem desenvolvido projetos de pesquisa com foco na redução de custos e aumento da eficiência ecológica na restauração florestal. Na visão de Gusson, no âmbito das políticas públicas, existem avanços nas tratativas para implantar mecanismos

de regulamentação da Lei Federal 12.651/2012, que estabeleceu o Código Florestal, formas de controle e incentivos necessários para sanar o passivo ambiental do agronegócio brasileiro, estimado em 21 milhões de hectares. “Pesquisadores e proprietários rurais estudam os meios de implantação das Áreas de Preservação Permanente (APP) e Reserva Legal com modelos economicamente viáveis”, explica. Gusson será um dos palestrantes da 10ª Semana de Agronomia que a AEAARP promoverá de 18 a 20 de outubro. Ele vê oportunidades de negócios no PRA e vai apresenta-las na palestra, demonstrando o potencial de rentabilidade econômica, Revista Painel 20

modelos de Reserva Legal e exemplos de planos de negócios.

O EVENTO

A Semana de Agronomia será aberta, no dia 18 de outubro, com a palestra do engenheiro agrônomo Luiz Concilius Gonçalves Ramos, diretor técnico-operacional da Companhia Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (CEAGESP), sobre o papel do Ceasa na comercialização de hortifrutigranjeiros. No dia 19, o palestrante será o engenheiro agrônomo Pedro Henrique de Cerqueira Luz, do departamento de Zootecnia na USP de Pirassununga (SP), sob o título Ciência do solo. A palestra de Gusson vai encerrar o evento, dia 20 de outubro.


GESTÃO

Flávio Augusto da Silva Gestor de projetos do SEBRAE – Ribeirão Preto

Inovação simples e direta

Perto dos anos 1950, o marketing desponta como parte importante da estratégia empresarial. Percebia-se que, ao falar para o mercado sobre seu produto ou serviço, as vendas aumentavam. Por muito tempo, marketing bem feito foi o trunfo das melhores empresas e dos melhores profissionais. O tempo, contudo, trouxe para a gestão empresarial a atenção para um termo relativamente novo: a inovação. Para que a atuação no mercado seja realmente fundada nela, é preciso entender o seu conceito e aplica-lo na prática. De forma simples, o Manual de Oslo conceitua a inovação como “a implementação de um produto, processo, método de marketing ou método organizacional novo ou significativamente melhorado”. O conceito complementa-se com o entendimento de que, para a mudança ser considerada inovação, é preciso gerar resultados. Com base nisso, a noção de que inovar é caro requer muito conhecimento ou diversos recursos se mostra equivocada. Entender que a inovação é fazer algo diferente que dê um resultado verdadeiro é a primeira etapa para que você seja, de fato, inovador. Entendido o conceito, é preciso colocá-lo em prática. Para obter a inspiração para inovar, é preciso identificar os problemas ou as oportunidades que, se atacadas, trarão resultados para o negócio. Uma das formas de se fazer isso é através da observação e da boa comunicação, com foco no cliente, nos colaboradores e nos concorrentes. Além de separar o pensamento em ambiente físico e virtual, ora comportar-se como cliente e ora como empresa, trará informações que subsidiarão as inovações. Em relação ao cliente, o segredo é a empatia. Comporte-se como cliente, pense em como ele encontra a sua empresa, tanto de modo virtual quanto físico. Virtualmente, o cliente procura seu nome no Google ou no Facebook? Fisicamente, é fácil encontrar seu endereço? Seu escritório está bem identificado? Há estacionamento? Após o cliente te encontrar, como é feito o contato? Por telefone, e-mail ou pessoalmente? Há um padrão de atendimento definido? Recados são anotados?

Há prazo para retornar para o cliente? O orçamento tem um padrão? Faça o teste. Imagine que você é o consumidor e está procurando sua empresa. O cliente é uma de suas maiores fontes para a inovação, escute-o! Faça perguntas, elabore pesquisas e tenha um canal claro e eficiente de comunicação. E-mail ou o Whatsapp, inclusive com o recurso da lista de transmissão, são exemplos. Evite suposições! Quer saber o que o cliente acha do seu produto ou serviço? Pergunte a ele. Quer refinar ainda mais a coleta de informação para melhorar o que é oferecido? Faça testes cegos ou consuma seu próprio produto. Pensando nos seus colaboradores, peça ajuda para resolver os problemas. São eles que estão diretamente envolvidos no dia a dia e sabem de problemas que você nem pensa que possam existir. Ouvi-los trará informações muito úteis para melhoria dos processos internos e impactará na melhoria do ambiente de trabalho. Use o método brainstorming. Estimule as ideias e crie um ambiente favorável à criatividade. Dê sempre o retorno para uma sugestão recebida, aplicável ou não, e avalie a possibilidade de recompensar o autor, se der certo. Por fim, treine as pessoas para que elas façam as coisas conforme você deseja. Finalmente, veja seus concorrentes como fontes de informação. Visite-os. Simule uma compra deles e veja como o atendem. Quais pontos são melhores ou piores ao que você já faz? Para lidar com os concorrentes, uma ferramenta interessante é o benchmarking. Além da pesquisa junto aos concorrentes, feiras e eventos do setor podem ser excelentes fontes de informação sobre as tendências e novidades que permitirão a inovação no seu negócio. Fale com seus fornecedores para saber como o mercado está agindo. Eles podem trazer informações úteis. Seguindo esses passos, você terá capacidade de começar o processo de inovação no seu negócio. O assunto se estende e para saber mais, procure ajuda, inclusive em entidades de apoio ao empreendedorismo. Lembre-se da frase de Einstein: “Insanidade é fazer sempre a mesma coisa e esperar resultados diferentes”.

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hobby

DO CONCRETO À DOÇURA Há cerca de 30 anos, engenheiro civil se dedica à criação do Canário-belga

Canários do plantel de Faria Junior

O engenheiro civil Durval Faria Junior trabalha em uma indústria de pré-moldados de concreto. Hoje, atua na área comercial, mas já ergueu muita construção. Ele conta que foi o pai que o introduziu, ainda criança, em um universo descrito como de beleza, sonoridade e cores. Ele é criador de canários-belga, ou canário doméstico. Tem 40 casais, criados em gaiolas no quintal de sua casa, no centro de Ribeirão Preto. Além dessas 80 aves, mantém ainda outras 10 como reserva de plantel. Faria Junior conta que, quando era criança, acompanhava o pai na criação de um Pássaro Preto e de uma Patativa do Norte. As duas espécies são silvestres e a manutenção em cativeiro nos dias atuais exige autorização do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (IBAMA), algo dispensável naquela época. Anos mais tarde, o engenheiro conheceu o Canário doméstico, espécie

nativa das Ilhas Canárias, na Espanha. Foi introduzida no Brasil pelos portugueses e espalhada pelo mundo por marinheiros e piratas que admiravam suas cores e canto. Fazia tanto sucesso na corte brasileira que acabou batizada também como

Ilha de cachorros

Faria Júnior no pavilhão do Campeonato Brasileiro

Canário-do-reino. Pelo fato de não ser nativa, sua manutenção em cativeiro dispensa autorização do IBAMA. “É considerada ave doméstica”, explica Faria Junior, que é registrado em órgãos oficiais como criador amador.

O nome das Ilhas Canárias é originado do latim canis, que significa cão, pelo fato de o lugar ser ocupado não só por belos pássaros de plumagem amarela ou acinzentada, mas também por enormes cachorros, quando os exploradores chegaram até lá. Revista Painel 22


Ele começou seu plantel nos anos de 1990. No final daquela década, passou a se dedicar à criação de itens mais apurados, “de raça”, e participar de eventos e competições que lhe rendem

Filhotes do plantel de Faria Junior

prêmios. “É só uma medalha, mas valoriza o plantel”, explica. Nessas ocasiões, comercializa os filhotes produzidos na temporada anterior – cerca de 100 por ano. O resultado obtido é o que sustenta o hobby. As diferenças nessa espécie, explica o engenheiro, se dão pela cor da plumagem, apuradas por meio da mutação promovida na criação em cativeiro. Ele se dedica a duas das cerca de 400 séries catalogadas: feo e acetinado. Por suas características, e pelo fato de não ser nativo, este pássaro não sobreviveria se vivesse solto, uma vez que não tem como se defender de predadores e não é adaptado às doenças silvestres. Faria Junior admira o canto, a beleza e gosta da rotina com seus animais – cuidar, alimentar e manejar o plantel.

Canários de cor acetinado

Os criadores legalizados, conta, são inimigos do tráfico de animais e, não raro, investem na criação e soltura de espécies nativas ameaçadas de extinção. O exemplo é o Canário-da-terra, nativo do Brasil, mas que era pouco observado na natureza há alguns anos. “O Bicudo praticamente sumiu, assim como o Curió”, conta. Os criadores legalizados passaram a repovoar estas espécies, que podem ser observadas na zona rural. A criação do Canário doméstico substituiu, segundo ele, a manutenção em cativeiro da Patativa do Norte. É a mesma espécie que o pai dele comprou de um motorista de caminhão que transportava a cerveja fabricada aqui há várias décadas para o Norte e Nordeste do país e voltava com aves silvestres, que vendia para completar o orçamento, prática muito comum.

Canário doméstico da cor feo

Curiosidade

Antes da Revolução Industrial, artesãos mantinham canários em suas oficinas e lojas, como forma de entretenimento. A prática foi adotada também pelos mineiros de carvão, que os utilizavam como alarme: caso morressem dentro da mina, era sinal de que havia vazamento de gás. Algumas fontes dão conta de que, para manter o poder sobre a espécie, a Espanha só permitia o comércio dos machos. Um acidente no transporte, porém, espalhou as aves por toda a Europa e, depois, para o resto do mundo. Rotina de cuidados inclui alimentação diária AEAARP 23


Painel eleições

O QUE ESPERAR? Diretores da AEAARP expõem o que esperam do próximo gestor da cidade

Quando registram suas candidaturas, os candidatos a prefeito de todo o país devem registrar também o plano de governo que defenderão no processo de disputa eleitoral. Segundo o advogado Juarez Donizete Melo, do Observatório das Eleições da Associação dos Advogados de Ribeirão Preto (AARP), a medida é exigida pela legislação eleitoral. “É, sobretudo, uma forma de firmar compromisso daquele candidato com as propostas que defenderá nesse período”, esclarece. Os documentos são extensos e não seguem um padrão. Melo pondera que os documentos podem sofrer alterações, uma vez que a reunião dos candidatos com os eleitores pode revelar outras necessidades. Nos últimos meses, a Painel publicou uma série de reportagens com o objetivo de fornecer ao associado da AEAARP ferramentas para manter a consciência crítica no momento da escolha daqueles que vão gerir o município nos próximos quatro anos. “A Associação incentiva o debate político no campo das ideias, A reportagem da Painel solicitou às assessorias de todos os candidatos à prefeito que enviassem os planos de governo. A maioria atendeu à solicitação e a AEAARP disponibiliza esses documentos em sua página na internet na área de notícias.

www.aeaarp.org.br

sobretudo daquelas que envolvem as áreas de atuação dos profissionais que representa e com as quais eventualmente podemos colaborar”, esclarece o engenheiro agrônomo Paulo Peixoto, diretor de Comunicação e presidente do Conselho Editorial da revista.

Honestidade

Consultados pela reportagem da Painel, a primeira palavra que diretores da AEAARP pronunciaram quando perguntados o que esperam do próximo gestor da cidade foi “honestidade”. O engenheiro Carlos Alencastre, presidente da associação, considera que este não é só um desejo ou uma esperança, é uma necessidade. “Os acontecimentos em nível nacional e local despertaram a opinião pública para questões que em algum momento puderam ser consideradas do jogo da política, mas que todos sabemos o quanto são prejudiciais para a população, para o planejamento da cidade e para as necessidades que o país enfrenta”, avalia. Ele espera que o próximo prefeito destrave a votação do Plano Diretor na Câmara Municipal. “Todas as ações necessárias à cidade estão atreladas a esta lei. Só com planejamento é possível construir a cidade atendendo aos anseios de todos”, diz. Ele lembra que importantes leis complementares, como a de mobilidade, Revista Painel 24

estão paradas na Câmara há vários anos. O engenheiro agrônomo Jorge Rosa, diretor de Agronomia, considera que é preciso investir em saúde e educação. Para a primeira questão, ele defende ação integrada nas escolas. “Implantar hortas orgânicas para ensinar as crianças a se alimentar do que é natural, como Deus criou. É um programa barato. E, se ensinar culturalmente a criança, vai tratar a saúde e não a doença”, sugere. O engenheiro naval, José Eduardo Ribeiro, diretor de Engenharia, fala em honestidade e competência. “É preciso colocar ordem na prefeitura e que as pessoas trabalhem no sentido da boa administração da cidade”, opina. “Espero que o próximo prefeito seja um cidadão honesto, com capacidade e experiência comprovadas através de sua história na vida pública, que possa preparar nossa cidade para o futuro e não um aventureiro populista, sem a competência e a aptidão necessárias ao exercício do cargo”, afirma o engenheiro João Paulo Figueiredo, presidente do Conselho Deliberativo da AEAARP. Para o 2º vice-presidente da AEAARP, engenheiro Arlindo Sicchieri Filho, o novo governo deve equilibrar o orçamento municipal. Em sua opinião, os investimentos que devem ser feitos na cidade não podem depender de recursos estaduais e federais.


crea-sp

LIVRO DE ORDEM: SEGURANÇA PARA O PROFISSIONAL E A SOCIEDADE

Resolução nº 1.024/2009

Artigo 2º: O livro de Ordem constituirá a memória escrita de todas as atividades relacionadas com a obra ou serviço e servirá de subsídio para: I – comprovar autoria de trabalhos; II – garantir o cumprimento das instruções, tanto técnicas como administrativas; III – dirimir dúvidas sobre a orientação técnica relativa à obra; IV – avaliar motivos de eventuais falhas técnicas, gastos imprevistos e acidentes de trabalho. V – eventual fonte de dados para trabalhos estatísticos. Desde 2009, todo serviço de Engenharia, Agronomia, Geografia, Geologia, Meteorologia e demais profissões vinculadas ao sistema tem de adotar o Livro de Ordem. A Resolução nº 1.024, de 21 de agosto de 2009, justifica a adoção do livro como mecanismo de fiscalização da atividade profissional, “considerando a necessidade, ditada pela crescente complexidade

dos empreendimentos, da adoção de novos mecanismos que propiciem eficiente acompanhamento e controle da participação efetiva dos profissionais nas obras e serviços pelos quais são responsáveis técnicos, de sorte a preservar os interesses da sociedade”. O engenheiro Araken Mutran, gerente regional do CREA em Ribeirão Preto, explica que o livro tem de estar no local do serviço e é o registro físico das ordens determinadas pelos profissionais. “O descumprimento desta resolução pode gerar multa, dentre outras medidas após julgamento”, esclarece Mutran. Para fins de fiscalização, de acordo com a resolução, o Livro de Ordem tem

Posicione o leitor óptico de seu equipamento móvel e veja a íntegra da resolução a partir desta imagem.

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também o objetivo de confrontar as informações com a Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) e determinar a efetiva participação do profissional no serviço para fins de expedição da Certidão de Acervo Técnico. É obrigatório o registro de dados do empreendimento, de seu proprietário, do responsável técnico, da ART, da data de início, previsão de conclusão do serviço, das etapas programadas, dentre outras medidas. O encerramento do livro deve coincidir com a solicitação da baixa por conclusão do empreendimento, por distrato ou outro motivo alegado.


notas e cursos AutoCad, ArchiCAD e REVIT só para associados

Oportunidade

Estão abertas as inscrições para cursos na AEAARP de AutoCAD, ArchiCAD e REVIT. As turmas terão no máximo 12 pessoas. As aulas serão ministradas na sede da entidade às segundas e quintas-feiras. Os cursos são exclusivos para associados que estejam em dia com a anuidade. Inscrições podem ser feitas na página www.aeaarp.org.br.

A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) receberá até o dia 31 de outubro propostas para o Programa FAPESP Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE). As propostas de financiamento devem conter projetos de pesquisa que podem ser desenvolvidos em duas etapas. A primeira fase é de demonstração da viabilidade tecnológica de um produto ou processo, com duração máxima de 9 meses e recursos de até R$ 200 mil. A segunda, é de desenvolvimento do produto ou processo inovador, com duração máxima de 24 meses e recursos de até R$ 1 milhão. Detalhes do edital estão disponíveis na página da FAPESP na internet: www.fapesp.br/pipe

Curso AutoCAD Prof.ª Cristiane Ramos Araújo Para profissionais (20 horas) 2ª feira |8h às 10h | R$ 200 Para estudantes (30 horas) 5ª feira |20h às 22h | R$ 250

Curso ArchiCAD (30 horas) Prof.º João Paulo Gomes 2ª Feira |20h às 22h | R$ 250 Curso REVIT (30 horas) Prof.º Felipe Silva 5ª feira | 14h às 16h | R$ 250

Plantio direto No dia 15 de outubro, o engenheiro agrônomo Denizart Bolonhezi vai ministrar o curso Atualização em sistema de plantio direto na AEAARP. O objetivo é apresentar os debates sobre as vantagens competitivas dessa técnica e os desafios a serem enfrentados na adoção da agricultura conservacionista. Bolonhezi é pesquisador na Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA) do Instituto Agronômico de Campinas (IAC), em Ribeirão Preto, e vai apresentar resultados de trabalhos que desenvolveu sobre o tema nos últimos anos, incluindo validações comerciais para os principais sistemas de produção da agricultura brasileira. No curso também será feito um histórico da evolução do sistema plantio direto no Brasil e no exterior.

novos associados Alessandra Viaro Engenheiro civil Ariovaldo Bertholini Engenheiro civil Fernando Falleiros Marini Engenheiro civil

DATA: 15 de outubro HORÁRIO: das 8h às 17h LOCAL: AEAARP Gratuito para associados que estejam em dia com a anuidade

Hamilton Campi Engenheiro civil Nayara Nunes Caetano Engenheira civil Regina Sumie Matsuda de Paula Engenheira civil Sandra Katsue Sakai Engenheiro civil

Floresta urbana

Amauri Augusto Ferreira Engenheiro mecânico

O bombeiro Robson Malavolta foi um dos palestrantes do curso Arborização Urbana e Poda realizado pela AEAARP. Durante dois dias, ele e o engenheiro José Walter Figueiredo falaram sobre conservação da floresta urbana e técnicas de manejo.

Gladston Torres de Mesquita Alencar Engenheiro mecânico Rafael Hernandes dos Reis Engenheiro mecânico Vitor Porto de Lima Rodrigues Engenheiro químico Oswaldo Luiz Tonelo Arquiteto e urbanista David Martins Berestinas Técnico em eletrotécnica

Faça a sua festa na AEAARP Reservas: 2102.1700 Revista Painel 26




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