Associação de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Ribeirão Preto
painel
Ano X nº 267 junho/ 2017
AEAARP
Carreira: para onde ir? Quase 80% dos trabalhos que existirão em 2025 ainda não foram criados, uma realidade que exige conhecimento, persistência e mudanças de rumos
Internet Os algoritmos determinam o que você vê Agricultura O campo na versão 4.0 Jornada AEAARP vai ao Plantarum, veja a oportunidade
palavra do presidente Eng. civil Carlos Alencastre
A revisão do Plano Diretor de Ribeirão Preto é uma das tarefas mais importantes que se tem na cidade hoje. O aniversário da fundação de Ribeirão Preto, comemorado no dia 19 de junho, deve chamar a atenção da população para a necessidade de pensar nesse lugar para o futuro, para além do que se pode usufruir hoje, mas, sobretudo o que será deixado para as novas gerações. O nome disso é planejamento e a tarefa é desafiadora: a revisão precisa pautar a recomposição e harmonização da floresta urbana, por exemplo. Ribeirão Preto é arborizada, porém há grande concentração de vegetação em algumas regiões da cidade e em outras é pobre. Outro imenso desafio é a preservação do Aquífero Guarani, cuja reserva deve ser protegida. Nós precisamos também falar sobre a recuperação da Mata de Santa Tereza, da recuperação dos córregos que cruzam a cidade, do Rio Pardo e da fauna urbana. Precisamos falar sobre todos esses temas ao mesmo tempo em que garantimos o desenvolvimento econômico e social da cidade. Eis o desafio. Historicamente, o setor produtivo desmata, depreda, usa os recursos naturais para fazer funcionar a roda da economia. A cidade de Ribeirão Preto que nós queremos no futuro precisa ser sustentável, usar o manancial do Aquífero Guarani com responsabilidade e sabedoria e cuidar das riquezas naturais garantindo o crescimento sustentável, valorizando a indústria, a pesquisa, o setor de serviços, que são os geradores das riquezas. De todos esses desafios, a AEAARP tem de ser parceira, partícipe e, sobretudo, protagonista. Porque foi assim no passado e é assim que cumprimos o propósito de sermos entidade de interesse público, reconhecimento recebido do estado e do município. Os problemas enfrentados hoje resultam de decisões equivocadas do passado, pautadas na urgência e tomadas a partir da falta de conhecimento. Simplesmente porque anos atrás não eram conhecidas as consequências da falta de planejamento viário, da perfuração desregrada de poços de captação de água, de construção de residências ou prédios comerciais sem o correto zoneamento das áreas. Agora, entretanto, todos sabemos o que deve ser feito. E este texto é para reiterar o convite: vamos fazer?
índice
ESPECIAL 05
TECNOLOGIA 18
Fazer diferente
Algoritmo, pós-verdade e engenharia
Sustentabilidade 09
Agronomia 20
Resíduos de cigarro viram papel reciclado
Controle eficiente de pragas é o principal desafio na cultura de hortaliças
História 11
Social 23
Painel está na cápsula do tempo
Noite de arte
Jornada AEAARP 12
produtividade 24
Visita ao Jardim Botânico Platarum
Microsoft OneNote – Organização e Colaboração
Gestão 13
crea-sp 25
Por que usar o marketing de conteúdo?
Resolução determina cancelamento do registro por má conduta
Agronegócio 14
Conectividade e tecnologia de ponta no campo
painel
notas e cursos 26
Rua João Penteado, 2237 - Ribeirão Preto-SP - Tel.: (16) 2102.1700 - Fax: (16) 2102.1717 - www.aeaarp.org.br / aeaarp@aeaarp.org.br
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Diretoria Operacional Diretor administrativo - eng. agr. Callil João Filho Diretor financeiro - eng. civil Arlindo Antonio Sicchieri Filho Diretor financeiro adjunto - eng. agr. Benedito Gléria Filho Diretor de promoção e ética - eng. civil e seg do trab. Hirilandes Alves Diretor de ouvidoria - arq. urb. Ercília Pamplona Fernandes Santos Diretoria Funcional Diretor de esporte e lazer - eng. civil Milton Vieira de Souza Leite Diretor de comunicação e cultura - eng. agr. Paulo Purrenes Peixoto Diretor social - eng. civil Rodrigo Araújo Diretora universitária - arq. urb. Ruth Cristina Montanheiro Paolino Diretoria Técnica Agronomia - eng. agr. Alexandre Garcia Tazinaffo Arquitetura - arq.urb. Marta Benedini Vechi Engenharia - eng. civil Paulo Sinelli
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Eng. civil Carlos Eduardo Nascimento Alencastre Presidente
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Associação de Engenharia Arquitetura e Agronomia de Ribeirão Preto
REVISTA PAINEL Conselho Editorial: eng. civil Arlindo Antonio Sicchieri Filho, arq. urb. Celso Oliveira dos Santos, eng. mec. Giulio Roberto Azevedo Prado e eng. agr. Paulo Purrenes Peixoto - conselhoeditorial@ aeaarp.org.br Conselheiros Titulares do CREA-SP indicados pela AEAARP: eng. civil e seg. do trab. Hirilandes Alves e eng. mecânico Fernando Antonio Cauchick Carlucci Coordenação Editorial: Texto & Cia Comunicação Rua Galileu Galilei 1800/4, Jd. Canadá, Ribeirão Preto SP, CEP 14020-620 www.textocomunicacao.com.br Fones: 16 3916.2840 | 3234.1110 contato@textocomunicacao.com.br Editora: Daniela Antunes – MTb 25679 Colaboração: Bruna Zanuto – MTb 73044 Foto capa: Freepik.com Publicidade: Departamento de eventos da AEAARP - 16 2102.1719 Angela Soares - angela@aeaarp.org.br Tiragem: 3.000 exemplares Locação e Eventos: Solange Fecuri - 16 2102.1718 Editoração eletrônica: Mariana Mendonça Nader Impressão e Fotolito: São Francisco Gráfica e Editora Ltda.
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especial
Fazer diferente Mais do que sucesso, é preciso construir uma carreira sustentável e aprender a transformar obstáculos em boas ideias Você já ouviu a expressão “pensar fora da caixa”. Especula-se que ela tenha sido usada pela primeira vez nos anos de 1960, em um treinamento na empresa de Walt Disney, nos Estados Unidos. A frase sugere que o profissional deixe a zona de conforto, procure adotar hábitos diferentes, estimulando a criatividade. Segundo a consultora Danielle Moro, este comportamento é exigido tanto do profissional que está começando a carreira quanto daquele que já tem muitas horas
de trabalho computadas no currículo. Porém, não é a chave para o sucesso. Aliás, sucesso é um substantivo perigoso, que não existe como objetivo final de qualquer carreira. Na visão da consultora, o que se busca hoje é a sustentabilidade no mercado de trabalho, que tem altos e baixos. É importante estar preparado para todos os momentos, adquirir – ou desenvolver – algumas habilidades profissionais, mas sobretudo investir em habilidades comportamentais.
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Danielle Moro
Mudança de rumo
Moro é antropóloga, trabalha com Desenvolvimento Organizacional e é especialista em cultura do ambiente corporativo. Na palestra que ministrou na AEAARP, na 11ª Semana de Agronomia e Meio Ambiente, mostrou números que dimensionam as mudanças pelas quais a sociedade vai passar: quase 80% dos trabalhos que existirão em 2025 ainda não foram criados. Isto é, em apenas oito anos, poderá acontecer uma revolução nas carreiras e nas relações de trabalho. A informação leva à conclusão de que, afora as carreiras clássicas – e algumas tendem a perpetuar –, milhares de pessoas que nascem hoje não têm um futuro tão certo quanto os seus pais gostariam. Moro enfatiza que no mercado não é possível “controlar nuances, tomar decisões e progredir dentro da normalidade”. A carreira, em sua visão, não é uma linha contínua rumo ao sucesso. Profissionais devem preparar-se para altos e baixos. “A gente precisa ter certeza de que não tem controle das coisas. Às vezes, a gente acha que tem controle, que a tecnologia está a nosso favor, que tudo vai dar certo. Há uma onda de otimismo. Porém, acho mais fácil a gente aprender a lidar com a incerteza do que ficar brigando com a certeza de saber que a incerteza está ao nosso favor”, disse. Em sua visão, o investimento na formação deve ser anterior ao curso superior, ainda nos primeiros anos da escola, e precisa transcender a técnica. “O melhor,
é ensinar os alunos a serem humanos”, diz. Este é o sentido que na Agronomia, por exemplo, pode ensejar investimentos pautados em setores em alta – como a sustentabilidade.
Disputa inglória
Moro argumenta que o desafio da formação básica e técnica pode estar entre aquele que está na posição de aluno e o que é professor: a internet, cada vez mais disponível em equipamentos móveis e que disputam a atenção com quem está tentando ministrar uma aula, por exemplo. Segundo ela, 97% da informação do planeta estão digitalizadas; desse total, 80% estão disponíveis na internet. Enquanto esse volume gigantesco de informação de todos os tipos está a um clique do aluno, o professor escreve na lousa e tenta chamar a sua atenção. Em 2005, um bilhão de pessoas on-line estavam conectadas à internet. Em 2015, esse número saltou para 3,2 bilhões. A mudança de comportamento estimulada pela avalanche de informações e possibilidades demonstra a necessidade de “sair da caixa”. “Pensar em novas ações para saber para onde a gente vai”, resume Moro. Observar o local onde vive e conviver com as pessoas são comportamentos que podem gerar negócios. Moro fala sobre “locavoros”, aqueles que consomem e priorizam o consumo de itens que estejam próximos. Como, por exemplo, comprar itens na horta ao invés de ir ao
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supermercado. Nesse caso, o consumo está diretamente relacionado à distância percorrida pelo produto. Quanto mais próximo, mais sustentável. Moro explica que a questão da sustentabilidade está no topo das preocupações que motivam profissionais e carreiras em destaque. “Independente da formação, misturam campos de conhecimento e habilidades”, fala. No cenário de mudanças culturais, profissionais convivem com incertezas, reconfiguração de carreira, carreiras que se tornam obsoletas, tendo de tomar importantes decisões em momentos de turbulência. Por isso, insiste a consultora, as competências devem ser adquiridas desde as séries fundamentais. O desafio será saber como redirecionar competências e não se tornar obsoleto. “Não adianta saber o que cada um de nós sabe, mas sim o que fazermos com o que sabemos. Nem todas as competências têm a ver com conhecimento técnico”, afirma. Segundo ela, as habilidades mais valorizadas são comportamentais – curiosidade, iniciativa, persistência, resistência à frustração, adaptabilidade, liderança, sensibilidade às dimensões sociais e culturais. São características exigidas por grandes empresas que, entretanto, não são encontradas por recrutadores. “Como ensinar e aprender curiosidade? Não tem aula disso na faculdade”, explica Moro. “A internet ao mesmo tempo em que abre o mundo na palma da mão, também afasta as pessoas, que conversam cada
vez menos e, por consequência, reduzem as possibilidades de troca de experiências e conhecimento”, observa.
Saindo da caixa
O engenheiro agrônomo Denis Pretto conta que começou a carreira na agronomia em empresas de defensivos agrícolas, nas áreas de pesquisa, comercial e de marketing. “Vi a oportunidade de mudar o rumo da carreira e investi no negócio”, conta ele, que desde 2009 trabalha com coleta de dados e em 2011 passou a prestar serviços com equipamentos e softwares próprios. Dito assim, a história de Pretto parece naturalmente ascendente. “No primeiro ano, o faturamento foi de R$ 20 mil”, conta. Significa que, naquele momento, coragem e trabalho foram ingredientes da aposta que fez em explorar novas oportunidades de negócios. A empresa começou com serviços florestais. Ele se propôs a coletar e analisar dados de pragas em floresta e entregar o resultado em dois dias. Exigia conhecimento agronômico e tecnologia, sem qualquer investimento. Pretto observou as necessidades do mercado e cresceu, diversificando o portfolio de produtos. Atua hoje em vários estados do país, tem 60 funcionários, prestando serviços, oferecendo softwares e sistemas de gestão, tudo baseado em necessidades agronômicas dos clientes. Sua empresa faz o manejo de pragas e doenças, de plantas daninhas,
medição de efetivo plantio, cartografia, medição de produção, monitoramento ambiental, patrimonial e pulverização agrícola, utilizando drones e veículos aéreos não-tripulados. A dificuldade de Pretto não foi técnica, do ponto de vista da agronomia, mas sim comercial. “Faculdade dá embasamento técnico, falta a parte comercial”, fala. Esse aspecto do negócio, aprendeu com a experiência. “Todo mundo é vendedor, vendemos tudo todos os dias. A gente vende ideia, vende serviço”, explica.
Denis Pretto
Na 11ª Semana de Agronomia e Meio Ambiente da AEAARP, a engenheira agrônoma Alessandra Julianetti Barreto mostrou os serviços prestados pela Cooperativa de Produtores Rurais (Coopercitrus), de Bebedouro (SP), com o uso de equipamentos de alta tecnologia, como os drones.
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Rodrigo Junqueira Barbosa de Campos
Na Fazenda São Luiz, em São Joaquim da Barra (SP), a comercialização dos produtos originados da experiência agroflorestal também é uma das dificuldades do engenheiro agrônomo Rodrigo Junqueira Barbosa de Campos. O avô, conta, queimou a vegetação para plantar café. Foi o que, na universidade, o ensinaram a fazer. “Precisei queimar o que aprendi para olhar para a natureza e ver que o ser humano faz parte dessa natureza”, conta. A iniciativa nasceu de experiências que adquiriu durante a formação em agronomia. “Instituições como a AEAARP oxigenam e compartilham conhecimento para que o aluno que sai da faculdade possa adquirir novas experiências e mudar um pouco a ordem das coisas”, explica. Em sua história, a mudança começou em Seropédica (RJ), onde conheceu experiências e pessoas que faziam trabalhos
de recuperação do solo e agricultura não-convencional. Foi seu primeiro contato com o Sistema Agroflorestal. Nos 430 hectares da Fazenda São Luiz, ele combina a agroflorestal e a lavoura de cana-de-açúcar, que ocupa 200 hectares. Segundo ele, o princípio agroflorestal é replicar estratégias da natureza para aumentar a participação dos seres humanos nos processos naturais, atentando para princípios de biodiversidade, sucessão, dinâmica e cooperação. Cada elemento do sistema tem necessidades diferentes, por isso não se sobrepõem, mas se completam – ou se esgotam. Em sua propriedade, conta, houve queda na produção de bananas, por exemplo. Ocorre que a floresta cresceu e as ba-
Estudantes e profisisonais participaram do evento
Revista Painel 8
naneiras precisavam de mais luz para manterem-se produtivas. Enquanto o processo acontecia, ele preparou a lavoura de café para substituir essa produção. Pretto voltou-se para a tecnologia, investiu em equipamentos e serviços que fornecem respostas rápidas para os problemas vivenciados no campo. Junqueira buscou romper com práticas agrícolas convencionais e a conversar com o homem do campo que há mais tempo cuidava das terras que passou a administrar. “Algumas pessoas sabiam mais do que eu, eles estavam na lida. É preciso ter humildade como profissional, saber ouvir e aprender com o outro”, ensina.
sustentabilidade
Resíduos de cigarro viram papel reciclado Empresa de Votorantim (SP) apresentou a experiência na 11ª Semana de Agronomia e Meio Ambiente
A AEAARP é o primeiro ponto de coleta em Ribeirão Preto de resíduos de tabaco que serão encaminhados para reciclagem. A empresa Poiato Recicla, de Votorantim (SP), coleta as bitucas de cigarros e as processa na usina de reciclagem, montada a partir de tecnologia desenvolvida na Universidade Federal de Brasília (UnB).
Segundo o empresário Marcos Poiato, idealizador do projeto, os brasileiros fumantes consomem, em média, 17 cigarros por dia. Cada bituca descartada contém 8.600 substâncias tóxicas. O descarte em aterros e lixões, segundo Marcos Poiato
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ele, representa grande risco para lençóis freáticos e o solo. A decomposição desse resíduo demora de 15 a 20 anos. Para se ter uma ideia, 20 bitucas de cigarros são suficientes para transformar 10 litros de água em esgoto. Resíduos de cigarro são classificados como lixo tóxico classe 1, a mesma classificação recebida pelo lixo hospitalar, por exemplo. Entretanto, segundo Poiato, 98% do descarte é feito em ruas e calçadas.
Empreendedorismo
O negócio começou quando Poiato, o empresário, decidiu deixar a carreira de executivo para apostar em sua própria empresa. No embalo da lei antitabagismo, investiu na logística de coleta das bitucas de cigarro e depois buscou a tecnologia para a transformação do resíduo. Pesquisou experiências em outros países – no Canadá o resíduo é usado para a fabricação de pallets de plástico, na
China em anticorrosivos e no Chile em tecido – mas, decidiu pela tecnologia 100% nacional desenvolvida por pesquisadores da UnB. Poiato tem exclusividade sobre ela no Brasil. Os clientes da Poiato são prefeituras e empresas privadas, que recebem de volta o papel fabricado a partir dos resíduos coletados. A rusticidade resultante do processo torna o material ideal para uso em artesanatos e trabalhos manuais.
Logística
As caixas coletoras instaladas pela Poiato são periodicamente retiradas. A instalação deve ser contratada pelo estabelecimento interessado. Na usina de reciclagem, as bitucas são transformadas em massa celulósica. A matéria-prima pode ser utilizada como papel para trabalhos artesanais ou bombas de semente para reflorestamento. Esse processo é realizado pela Poiato em parceria com o SESI. Em uma triagem, as bitucas são separadas de outros dejetos. O material é fervido em água com produtos químicos que têm por objetivo anular as substâncias tóxicas; o resultado disso é filtrado. 95% da água utilizada na fervura é tratada e reutilizada. Os 5% restantes são armazenados e vêm sendo utilizados para estudos de viabilidade de transformação em inseticida ou pesticida por uma universidade. Segundo a empresa, todo o processo tem licenças provenientes de órgãos ambientais (CETESB e IBAMA), vigilância sanitária e tem a certificação ISO 14001. O rito, a partir desse ponto, é o mesmo utilizado nas indústrias de reciclagem de papel: hidratação da massa de celulose, obtenção do formato desejado e coloração.
Caixa coletora de resíduos de cigarro Revista Painel 10
história
Painel está na cápsula do tempo Em 2056, quando Ribeirão Preto completar 200 anos, a cápsula será aberta Duas edições da revista Painel integram a cápsula do tempo preparada pela Prefeitura Municipal para marcar o centenário de construção do Palácio Rio Branco, sede da administração. A cápsula, que foi enterrada, será aberta no bicentenário de Ribeirão Preto – em 2056. As edições foram as de setembro de 2016 e abril de 2017. As reportagens principais dessas edições tratam, respectivamente, do Aquífero Guarani e das questões de captação, tratamento e destinação do esgoto da cidade. A escolha, segundo o engenheiro Carlos Alencastre, presidente da AEAARP, deve-se ao desafio imposto em relação à preservação e uso da água na cidade. “Nós hoje trabalhamos para garantir que no futuro as pessoas tenham qualidade de vida. Por isso, é importante que saibam como esses temas foram tratados”, justifica. A cápsula tem também fotos, mensagens, cartas e jornais. “Temos aqui 100 anos da história de nossa cidade e precisamos dar continuidade. Por isso, mostrar no futuro os costumes, como vivia e pensava a população de Ribeirão Preto é importante para deixar registrado toda à história de uma geração”, disse o engenheiro agrônomo Antônio Duarte Nogueira Júnior, prefeito municipal. Cinco alunos da rede municipal de ensino são os guardiões da cápsula. Eles serão os responsáveis por zelar por ela e assegurar que seja aberta no dia 19 de junho de 2056. “Este alunos que hoje têm
Carlos Alencastre e Antônio Duarte Nogueira Júnior
cerca de dez anos, terão 50 na [época da abertura] e poderão lembrar as autoridades do futuro para que retirem a cápsula e mostre os documentos”, disse o prefeito.
Palácio Rio Branco
As obras do Palácio Rio Branco foram iniciadas em 3 de agosto de 1915 e a obra ficou pronta em abril de 1917. O prédio conta com dois pavimentos e um porão, tem 600 metros quadrados de área coberta, totalizando 1800 metros quadrados de construção. O estilo de sua fachada é uma transição do barroco para o moderno e foi inspirado nas fachadas arquitetônicas do início do século da França. O nome escolhido foi uma homenagem ao Barão do Rio Branco, falecido em 1912, que também ganhou um busto na praça que fica em frente ao Palácio. Durante AEAARP 11
Jardim Botânico Plantarum
seus anos iniciais, o Palácio foi sede da Câmara dos Vereadores, da Prefeitura, da Procuradoria e outros órgãos públicos. No início do século 20, o poder conferido aos coronéis do café da cidade, que tinham a maior produção cafeeira do mundo, era exercido no interior dos salões. Em grandes mesas no Salão Nobre, grandes fazendeiros, muitas vezes nomeados vereadores, fechavam negócios e determinavam os destinos econômicos da cidade, do estado e, muitas vezes, do país. O Palácio Rio Branco tem dois salões que marcaram as grandes decisões da política e economia de Ribeirão Preto, o Salão Rosa, nomeado como Orestes Lopes de Camargo e o Salão Nobre Antônio Duarte Nogueira. Hoje, estes salões representam a história viva de Ribeirão Preto.
Jornada AEAARP
Jardim Botânico Plantarum
Visita ao Jardim Botânico Platarum Local foi tema de reportagem da revista Painel em outubro de 2016 A AEAARP vai liderar uma visita guiada ao Jardim Botânico Plantarum, em Nova Odessa (SP). A visita é a primeira iniciativa do projeto Jornada AEAARP, uma série de visitas técnicas que pretende colaborar com a formação de jovens profissionais e aprimorar conhecimentos daqueles que já estão no mercado de trabalho. A visita ao Plantarum será no dia 8 de julho. Harri Lorenzi, engenheiro agrônomo e botânico, será um dos guias da visita. O Plantarum tem 90 mil metros quadrados que abrigam quatro mil espécies de plantas e preserva 24 espécies de árvores extintas na natureza. Ao longo de 35 anos, Lorenzi realizou expedições científicas pelo país com o intuito de contribuir com a conservação da flora brasileira. O Plantarum mantém acordos com instituições nacionais e estrangeiras,
como a Universidade de São Paulo (USP), a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), o Jardim Botânico do Rio de Janeiro (JBRJ), o New York Botanical Garden, o Missouri Botanical Garden, o Fairchild Tropical Botanic Garden, o Montgomery Botanical Center, o Kew Gardens, Aarhus University e o Gothenburg Botanical Garden. A instituição é filiada à Rede Brasileira de Jardins Botânicos (RBJB) e participa do Botanic Gardens Conservation International (BGCI), entidade criada em 1987 para interligar jardins botânicos do mundo. No Brasil, 2.400 espécies de plantas estão ameaçadas de extinção, segundo o Centro Nacional de Conservação da Flora (CNCFlora). As espécies são descritas no Núcleo Lista Vermelha, organizado pela CNCFlora. Revista Painel 12
Os jardins botânicos são locais destinados a proteger espécies nativas. São formados por plantas vivas, organizadas e identificadas de acordo como nome botânico, que servem para estudo e documentação do patrimônio florístico do país. O Brasil tem 21 instituições com registro permanente de jardim botânico no Sistema Nacional de Registro de Jardins Botânicos (SNRJB). Jornada AEAARP | Plantarum Data: 8 de julho Horário: saída 6h e retorno às 16h30 Local de embarque: AEAARP – Rua João Penteado, 2.237 Investimento: R$ 120 (para associados) R$ 150 (para não associados) | O valor inclui: traslado, lanche, visita monitorada e almoço no local.
gestão
Mariana Rossatti Molina Analista de negócios do SEBRAE-Ribeirão Preto
Por que usar o marketing de conteúdo?
O marketing de conteúdo está consolidado como uma das principais estratégias de marketing, com importância ainda maior na era digital. A questão de muitas empresas não é mais se devem ou não o utilizar e, sim, como utilizá-lo melhor que os concorrentes. O marketing de conteúdo é uma estratégia na qual a empresa produz conteúdos de interesse para o seu público-alvo. O objetivo é informar e entreter o público, o atraindo de maneira natural, para que o mesmo veja a empresa como referência no assunto. Se bem feito, irá aumentar sua visibilidade na internet e o engajamento do público com a sua marca. Então, o marketing de conteúdo não é sobre fazer uma propaganda sobre o serviço de arquitetura e reforma que ofereço, e sim, trazer informações sobre “como escolher o melhor revestimento para sua casa”, sobre “como utilizar melhor o espaço em apartamentos pequenos” ou até mesmo “como fazer sua reforma sem dor de cabeça e cumprir o cronograma”. Para empresas que oferecem soluções técnicas, como engenharia, arquitetura, consultoria, é uma estratégia para aumentar a confiabilidade de sua solução, demonstrando ao cliente que a empresa tem know-how e, ainda, tangibilizar o serviço. Uma vantagem da estratégia é que, muitas vezes, o principal investimento é o conhecimento e experiência que você já possui. Algumas dicas para utilizar a estratégia e ter melhores resultados: - Pode ser difícil resistir à tentação de “vender” seus produtos/ serviços. Mas o foco do marketing de conteúdo é a informação que o cliente precisa. Se o público se sentir pressionado a comprar, ele pode parar de acompanhar o seu conteúdo. Você
pode, paralelamente, continuar usando estratégias de marketing focadas na venda. - Busque entender quais são as informações que o seu cliente quer obter. Pesquisas com o seu público e a análise das expressões mais buscadas no Google podem ajudar a decidir quais temas são mais relevantes. - Utilize a linguagem do seu cliente. Se ele não for técnico, cuidado com termos complexos. Use uma linguagem de fácil leitura, use títulos chamativos e, caso interessante, utilize figuras, cases e exemplos. - Você pode usar diversos canais, como blogs, vídeos no Youtube, e-mails marketing, e-books, eventos presenciais, etc. O importante é saber quais canais o seu público alvo utiliza e estar neles. - Não espere que todos os acessos e leituras se convertam em vendas. Sua empresa precisa pensar em maneiras de reter estes visitantes e transformá-los em clientes, mas é natural que a taxa de conversão seja baixa. Nem todos os Leads (usuários em contato com sua empresa) se convertem em vendas. Muitas vezes, eles simplesmente não estão no momento de consumir o seu produto ou serviço, ou estão geograficamente distantes. - Sempre se atualize. Traga informações sobre as tendências, novos produtos e serviços. O consumidor irá procurar informações sobre as novidades do mercado. - Busque parcerias! Caso não tenha o conhecimento de determinado assunto, busque parcerias com profissionais ou empresas que têm. Divulgue as informações em sites de parceiros. - Seja criativo! A internet traz muito conteúdo, busque se diferenciar e se destacar dos demais.
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agronegócio
Conectividade e tecnologia de ponta no campo
O termo Agricultura 4.0 – também conhecido como Agricultura Digital – surgiu na Alemanha, em 2012, e derivou de outro: Indústria 4.0, segundo o engenheiro agrícola Daniel Duft. De acordo com a pesquisadora Silvia Massruhá, chefe-geral do setor de Informática Agropecuária da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), nos próximos anos, o aumento da produção mundial de alimentos terá origem no ganho de produtividade e, consequentemente, no uso de novas tecnologias. “Cada vez mais, serão necessárias técnicas que auxiliem o agricultor a fazer mais com menos; ou seja, de modo mais eficiente, mais rápido e com menos custo”. Além disso, a revolução tecnológica no campo contribuirá para a eficiência no uso de insumos, diminuição dos impactos ao meio ambiente e melhorias na qualidade de trabalho e na segurança dos trabalhadores. A Agricultura Digital reúne tecnologias da informação e da comunicação, além de métodos computacionais de alto desempenho, rede de sensores,
comunicação máquina para máquina (M2M), conectividade entre dispositivos móveis, computação em nuvem, métodos e soluções analíticas para processar grandes volumes de dados e construção de sistemas de suporte para a tomada de decisões e manejo em toda cadeia de valor da agricultura. Em 2009, a Embrapa realizou um estudo sobre softwares agropecuários. “Nesta época, tínhamos o seguinte diagnóstico: 41% dos softwares eram voltadas a administração e gerenciamento, 21% ao manejo animal, 14% ao cultivo vegetal e 25% ao controle de processos e atividades rurais”, cita Massruhá. A Embrapa Informática Agropecuária e algumas empresas parceiras estão re a l i za n d o u m m a p e a m e nto d e softwares e serviços web específicos para a agricultura. “Os resultados preliminares indicam que existem 213 empresas que atuam indiretamente na agricultura e apenas 95 de pequeno e médio portes atuam diretamente no gerenciamento do campo”, informa. Em 2016, foi divulgado o censo de startups agrícolas realizado Revista Painel 14
Lilian Alves
Eficiência, produtividade e redução de custos no setor agropecuário demandam a criação de novas tecnologias
Pesquisadora da Embrapa Informática Agropecuária Silvia Massruhá
pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP). O levantamento identificou 75 startups com potencial de crescimento de 70% ao ano, em média. As principais áreas de atuação dessas empresas estão relacionadas às tecnologias de suporte à decisão, softwares para gestão, equipamentos inteligentes (Internet das Coisas) e agricultura de precisão. Os principais mercados de atuação são soja, milho, cana-de-açúcar, café e pecuária de corte. As tecnologias que vem sendo adotadas no campo são desenvolvidas tanto no Brasil quanto no exterior. “Entretanto, muitas das técnicas importadas são adaptadas para a agricultura tropical”, avalia a pesquisadora. Segundo Mass-
NOVIDADES TECNOLÓGICAS DA AGRISHOW 2017
ruhá, as inovações tecnológicas introduzidas no campo foram determinantes para que a agricultura brasileira alcançasse o patamar atual. “Nos últimos 50 anos, a capacidade produtiva da agricultura no país quase triplicou”. Os produtores do Centro-Sul do país – principalmente em algumas regiões do Rio Grande do Sul, São Paulo, Goiás e Mato Grosso – são os que mais investem em novas tecnologias para o setor agropecuário, de acordo com a pesquisadora.
Fazendas do futuro
“A busca pela otimização no uso de recursos naturais e de insumos no campo fará com que as fazendas do futuro sejam massivamente monitoradas e automatizadas”, aponta Massruhá. Sensores distribuídos pela propriedade e interligados à internet gerarão dados em grande volume (Big Data), que deverão ser filtrados, armazenados (na nuvem) e analisados. “A força de trabalho humana não será capaz de gerenciar todos esses
No início de maio, Ribeirão Preto (SP) recebeu a 24ª Feira Internacional de Tecnologia Agrícola em Ação (Agrishow). Empresas e profissionais do setor agropecuário conheceram dispositivos que armazenam dados ambientais e mensuram parâmetros do solo e da água, estações meteorológicas com e sem telemetria de dados e estações solarimétricas para mensuração da radiação solar. Foi apresentado também o protótipo de trator autônomo que funciona sem tratorista e é comandado à distância por tablet ou pelo computador do operador. Durante a feira, também aconteceu o Startagro Agrishow, evento que reuniu especialistas, empreendedores e produtores para discutir o cenário desafiador da agropecuária, a revolução das máquinas e a conectividade no campo.
dados e, cada vez mais, necessitaremos de algoritmos aprimorados, por meio de técnicas de inteligência computacional e computação cognitiva, para auxiliar nas análises”, alerta a pesquisadora. Após a análise de dados, o ciclo é fechado através de comandos remotos – por meio do computador, tablet ou smartphone – de tratores e implementos agrícolas que, munidos de GPS, farão intervenções pontuais para otimizar custo, produção e impacto no meio ambiente, segundo Massruhá.
Robôs no curral e sensores na fertilização agrícola
Um em cada cinco currais na Alemanha está implantando a tecnologia 4.0, com o uso de robôs que fazem tarefas diárias através de sensores. Os investimentos iniciais são altos, mas o ganho é de 10% na produção do leite. Dentre as funcionalidades dos equipamentos destacam-se: a avaliação da quantidade de gordura e proteína do leite, a frequência que a vaca é ordenhada, a distribuição da comida em pequenas porções, entre outras. Outra novidade são os sensores de nitrogênio instalados em tratores para distribuir de forma eficiente o fertilizante no campo. Esses sensores captam por ondas de luz a cor das plantas e, de acordo com a quantidade de clorofila, o produtor saberá o quanto de fertilizante deverá ser usado. O sensor também identifica onde o trator já passou e evita jogar dose dupla no mesmo local. Assim, o custo da produção diminui e o solo recebe menos nitrato. Assista ao vídeo do Canal DW, compartilhado na página da AEAARP na internet, na área de Notícias.
Trabalho no campo
Segundo Massruhá, as novas tecnologias vieram para suprir a redução da mão de obra no campo. “Os filhos de agricultores não estão mais buscando trabalho na lavoura. Na verdade, a tecnologia está trazendo mais pessoas para o setor. Por exemplo: aumentou o número de mulheres que veem no campo uma oportunidade de trabalho”, acrescenta o engenheiro agrônomo Alexandre de Sene, professor de Agronomia no Centro Universitário Moura Lacerda. O engenheiro agrônomo diz que a tecnologia deixou as máquinas agrícolas mais leves e mais confortáveis e isso resultou no aumento de mulheres tratoristas no país.
“Os profissionais do meio agrícola que não se atualizam a cada três meses, já estão desatualizados”, Engenheiro agrônomo Alexandre de Sene, professor de Agronomia
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tecnologias que estão sendo inseridas no campo. “Os profissionais do meio agrícola que não se atualizam a cada três meses, já estão desatualizados”.
Pequenos produtores
Na visão de Massruhá, os pequenos produtores ou agricultores familiares poderão ser os grandes beneficiados com as novas tecnologias. “Na era da economia compartilhada, os produtores poderão compartilhar veículos, dados e otimizar a produção”, avalia a pesquisadora. De acordo com Sene, as novas tecnologias precisam surgir primeiro para os grandes produtores, para depois chegar aos pequenos, pois, segundo ele, o contrário não as viabilizaria. “Existem
A Embrapa tem desenvolvido diversos estudos, sistemas e equipamentos com foco na Agricultura 4.0. O aplicativo Roda da Produção auxilia na tomada Agribot registra plantação em demonstração de decisão em propriedades em São Carlos produtoras de leite. A empresa também conta com um sistema de informações agrometeorológicas, denominado Agritempo, que fornece informações para o zoneamento agrícola de risco climático, instrumento de política agrícola e gestão de riscos na agricultura. Além disso, os pesquisadores criaram sistemas que geram dados geoespaciais: o Sistema Interativo de Suporte ao Licenciamento Ambiental (SISLA), o Sistema Interativo de Análise Geoespacial da Amazônia Legal (SIAGEO) e o Sistema de Análise Temporal da Vegetação (SATVeg). Robôs agrícolas também estão sendo desenvolvidos pela Embrapa. O Agribot é uma plataforma com dois metros de altura por três metros de comprimento, não tem motorista e se desloca sozinho por uma plantação portando equipamentos sofisticados de diagnóstico de plantas e solos. O robô aponta o estágio de desenvolvimento das plantas, detecta estresse hídrico, encontra pragas e faz o mapa da situação da lavoura. Um braço mecânico pode ser acoplado para a coleta de amostras do solo e análise em tempo real.
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Fábio Reynol
Estudos recentes dA Embrapa
Alexandre Sene
A mão de obra capacitada é outro entrave a ser vencido pela Agricultura 4.0. “Tanto os produtores quanto os técnicos, consultores e operadores de máquinas terão o desafio de analisar os dados gerados pelos sensores, máquinas e equipamentos e divulgar informação e conhecimento para que o produtor possa tomar a melhor decisão em tempo real”, avalia a pesquisadora. Sene alerta que profissionais que não estejam qualificados não terão oportunidade no campo. “Todos terão que se aperfeiçoar, entender de tecnologia e passar por treinamentos frequentemente”, enfatiza. O engenheiro agrônomo afirma que não existe universidade no mundo que esteja preparando os futuros agrônomos para as
O drone Geocom libera algumas espécies de vespas como a Trichogramma e a Cotesia flavipes para auxiliar no controle biológico de algumas pragas nas plantações
empresas que já estão criando drones específicos para a pulverização de pequenas áreas”. Outro grande desafio do setor é a falta de infraestrutura para transmissão de dados coletados no campo, que ainda é muito dependente de cobertura do sinal de celular. “Entretanto, a tendência é que essa dependência diminua com o surgimento de alternativas via rádio e com a expansão da cobertura de celular na zona rural”, analisa a pesquisadora. Sene cita a cidade Luís Eduardo Magalhães (BA), região responsável por 60% da produção de grãos da Bahia, que já conta com internet 4G no campo. Segundo Massruhá, de 2008 a 2014, o número de usuários de internet via celular na zona rural passou de 4% para 24%. Sene diz que o Brasil tem grande potencial no desenvolvimento de novas tecnologias voltadas à Agricultura 4.0. “Somos líderes em agricultura tropical. A Embrapa produz muita pesquisa no setor. O [Centro Universitário] Moura Lacerda é o ambiente acadêmico que mais produz tecnologia relacionada ao controle biológico no Brasil, por exemplo”. Segundo o engenheiro agrônomo, o controle biológico é o setor que mais cresce dentro da agricultura, cerca de 15 a 20% ao ano. “Com o avanço da tecnologia, essa área pode crescer ainda mais”.
Conhecer todas as espécies de seres vivos envolvidos na agricultura como plantas, insetos, fungos etc. é um dos principais desafios para o correto manejo das espécies, segundo o biólogo Cláudio de Oliveira, do Instituto de Biociências da Universidade Estadual Paulista (UNESP) “Júlio de Mesquita Filho”, de Botucatu (SP). Diante disso, vem sendo desenvolvido por dezenas de instituições do Brasil e do mundo o projeto Barcode of life, que consiste na identificação das informações genéticas de vegetais, animais e microbianos em um tipo especial de código de barras. “Quando queremos identificar uma espécie retiramos seu DNA, sequenciamos o gene de interesse e comparamos com uma biblioteca que possui sequências de um grande número de organismos [BOLD Systems]. Se a sequência for igual a uma já catalogada, temos a identificação na hora. Se for diferente, precisamos buscar outras formas de identificação e depois guardamos as informações no mesmo banco de dados para que outros pesquisadores possam usar”, explica o biólogo. Segundo Oliveira, hoje, o projeto reúne 5.449.012 sequências de barcodes, dessas 506.773 são de animais. Os dados são de acesso público e estão disponíveis no endereço eletrônico www.boldsystems.org
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Cláudio de Oliveira
Código de barras para identificação de espécies
Laboratório do Instituto de Biociências da UNESP de Botucatu-SP
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tecnologia
Algoritmo, pós-verdade e engenharia O comportamento de usuários na internet é mapeado o tempo todo, proporcionando oportunidades de mercado, de negócios e até mesmo novas áreas de atuação na Engenharia
Anualmente, a Oxford Dictionaries, departamento da Universidade de Oxford, na Inglaterra, elege uma palavra para a língua inglesa que marcou o ano. A de 2016 foi post-truth, pós-verdade em português. Muito dessa escolha se deve a um fenômeno da internet, especialmente nas redes sociais, o algoritmo. “No contexto computacional, o algoritmo representa um conjunto finito de procedimentos para a realização de uma tarefa. Os algoritmos são a base para o desenvolvimento de programas de computador”, explica Rodrigo Plotze, docente e pesquisador do curso de Engenharia da Computação da Universidade de Ribeirão Preto (UNAERP).
Conceitualmente, o algoritmo é definido como uma sequência de passos para a resolução de um problema. O ser humano utiliza algoritmos o tempo todo na realização de tarefas diárias: uma receita culinária, por exemplo, pode ser considerada um algoritmo. No fenômeno da internet ao qual nos referimos no primeiro parágrafo, algoritmos do Facebook, por exemplo, são programados para que o usuário receba informações que corroboram sua visão de mundo. Analistas internacionais avaliam que este fenômeno impulsionou boatos na eleição de Donald Trump nos Estados Unidos, por exemplo. Revista Painel 18
A etimologia da palavra ALGORITMO remete ao sobrenome de um matemático persa Al-Khwarizmi. No entanto, na computação não existe um consenso sobre quem foi o criador desse conceito, segundo Plotze.
Na internet e nas redes sociais existem vários tipos de algoritmos. “Quando você realiza uma pesquisa em uma ferramenta de busca como o Google, por exemplo, existe um algoritmo que é responsável por analisar os termos utilizados na
busca e retornar os resultados mais adequados”, explica Plotze. O mesmo acontece nas redes sociais: as publicações que aparecem no feed de notícias do usuário são selecionadas a partir de um algoritmo computacional que analisa vários tipos de informações.
ne, pelo computador ou pela Smart TV, os quais produzem milhares de bytes de informações digitais. “O grande desafio das empresas de tecnologia é reunir essas informações, definir o perfil do usuário e criar ações de marketing específicas”, avalia Plotze.
Veja no endereço eletrônico da AEAARP, na área Notícias, o artigo Como funcionam os algoritmos do Facebook, Twitter e Instagram, de Isabelle Vieira, profissional formada em Relações Internacionais, e os 20 algoritmos que dominaram o mundo, segundo o portal Oficina da Net.
O ativista e autor Eli Pariser – cofundador e chefe-executivo da Upworthy, presidente da MoveOn. org, cofundador da Avaaz.org – apresentou uma palestra no TED sobre os “filtros-bolhas” on-line. Segundo ele, o esforço das empresas de tecnologia em fornecer informações e produtos sob medida para cada internauta limita o acesso às informações que poderiam ampliar a visão de mundo das pessoas. Ele avalia que isso é ruim tanto para o usuário quanto para a democracia. Assista ao vídeo no endereço eletrônico da AEAARP, na área Notícias.
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O parâmetro mais tradicional para captar informações do usuário é o histórico de navegação. “Todas as páginas visitadas na internet podem ser usadas como parâmetros pelos algoritmos. Assim, o conteúdo visualizado pelo usuário em uma rede social está intimamente relacionado com suas preferências de navegação”. Além disso, quando o usuário usa o smartphone para acessar a internet, seja por meio da rede wifi ou pelo pacote de dados de uma operadora, as empresas de tecnologia conseguem capturar a localização e oferecer produtos e serviços que estejam próximos. “Para a pessoa que está no trânsito com os dados móveis habilitado é fornecido, de maneira compulsória, dados da localização, que podem ser usados por algoritmos de navegação como o Waze ou Google Maps, por exemplo”. Outras fontes também podem ser utilizadas como parâmetros, por exemplo, as publicações de mensagens, fotos ou vídeos. “Quanta informação digital um usuário produz ao longo do dia?”, indaga o docente. A sociedade está conectada grande parte do dia, seja pelo smartpho-
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Linguagem de programação
Não existe uma linguagem de programação específica para a criação de algoritmos. Cada empresa utiliza a tecnologia computacional de sua preferência, segundo o pesquisador. “Na maioria das vezes, é necessária mais de uma linguagem de programação para a criação de algoritmos”, informa Plotze. As ferramentas utilizadas pelos desenvolvedores são denominadas Ambientes de Desenvolvimento Integrados (no inglês, IDE-Integrated Development Environment). “IDE é um programa de computador utilizado para desenvolver outros programas. Como exemplo temos o Microsoft Visual Studio, Oracle NetBeans e Eclipse. Cada empresa escolha a IDE de acordo com a linguagem de programação usada”, complementa. AEAARP 19
Algoritmos serão um dos temas debatidos na Web.br 2017, principal encontro brasileiro sobre tendências e boas práticas de desenvolvimento web, que acontecerá em São Paulo (SP), nos dias 24 e 25 de outubro.
O desafio das empresas de tecnologia é conseguir mensurar a relevância dos conteúdos selecionados pelos algoritmos para cada usuário. “Esses algoritmos precisam entender a linguagem natural humana, o que não é simples. Hoje, existem diversas pesquisas sobre Mineração de Dados [Data Mining], que avaliam as publicações feitas por humanos e, com isso, determinam as relevâncias”, cita Plotze. Essa área vem crescendo muito, segundo o pesquisador, e novas carreiras estão sendo criadas, tais como o cientista de dados.
É possível fazer uma busca sem deixar rastros digitais?
Segundo o designer de produto João Paulo Lopes Nozella, não. “Tudo o que fazemos na internet deixa um rastro, da mesma maneira que deixamos nossas pegadas quando caminhamos pela areia. Essas ‘pegadas virtuais’ são usadas de diversas formas dentro e fora da internet, através de estratégias de marketing”, explica Nozella, que atua no gerenciamento de e-commerce e de mídias sociais. Se o usuário busca um shampoo, por exemplo, em um navegador, as empresas fabricantes de shampoo conseguem captar essa pesquisa e enviar propagandas que aparecerão nas redes sociais, no e-mail e nos banners de divulgação dentro dos sites visitados pelo internauta. “As empresas estão investindo muito em ferramentas como Google AdWords, que direciona as propagandas de acordo com o perfil do usuário”.
agronomia Fruto de tomate com Helicoverpa armigera
Folíolo de tomate com galeria e lagarta da traça-do-tomateiro
Folha de repolho com alta infestação do pulgão verde
Controle eficiente de pragas é o principal desafio na cultura de hortaliças Manejo agrícola aliado a técnicas sustentáveis pode reduzir pragas na lavoura
Não há registros oficiais sobre perdas por pragas na produção de hortaliças, segundo o entomologista da Embrapa, engenheiro agrônomo Miguel Michereff Filho. Ele explica que para fazer esse levantamento deveriam ser analisados vários parâmetros, como a região produtora, o clima, a cultura em questão, o sistema de produção, dentre outros. Hoje, um dos principais desafios na cul-
tura de hortaliças é controlar de forma eficiente pragas agrícolas e implantar técnicas sustentáveis. Para o entomologista, o Manejo Integrado de Pragas (MIP) é a ferramenta mais adequada, pois além de ser viável economicamente também adota métodos sustentáveis. Esse manejo consiste no uso planejado e simultâneo de vários tipos de controle de pragas ao longo do ciclo da cultura. “Quando se Revista Painel 20
cria várias frentes de controle, compatíveis entre si, a eficiência aumenta e o problema fitossanitário reduz”. O primeiro passo do MIP é distinguir o que é praga e o que não é. “O diagnóstico da presença da praga na lavoura ajuda na correta tomada de decisão, reduz a frequência e a quantidade de aplicação de defensivos, diminuindo o custo sem afetar a produção”. Em seguida, são re-
Alice K. Inoue-Nagata
alizadas inspeções periódicas na lavoura para evitar a “calendarização” da pulverização de agrotóxico. “Muitas vezes, agricultores aplicam produtos sem saber se a praga está presente na lavoura ou se sua infestação pode levar a perdas financeiras”, explica Filho. O uso de inseticidas reguladores de crescimento, que atuam na fisiologia do inseto quando ele está na fase jovem (ninfa ou lagarta), por exemplo, não serve para as pragas que já estão no estágio adulto. “Além de jogar dinheiro fora, o uso equivocado favorece a pressão de seleção que resultará uma população da praga resistente ao agrotóxico”. O MIP tem como princípios a manutenção da população da praga em níveis toleráveis à exploração agrícola, a preservação ou o incremento de fatores de mortalidade natural (principalmente inimigos naturais) e a racionalização no uso dos agrotóxicos, por meio do uso integrado de métodos de controle com base em parâmetros econômicos, ecológicos e sociais. “O manejo integrado de pragas pressupõe a associação de dois ou mais métodos de controle, não usa somente controle químico. Com exceção de situações críticas, como várias pragas-vetores na mesma cultura, é possível reduzir as pulverizações e, com isso, amortizar o custo de produção em até 40%”, ressalta Filho. O entomologista alerta que o controle químico não é o único caminho, principalmente, porque os custos de produção estão muito elevados, visto que a maioria dos agrotóxicos é importada e sofre influência do dólar.
Aplicação de inseticidas em cultivo de tomate rasteiro
O entomologista diz que várias práticas podem ser adotadas antes da semeadura para reduzir o uso do controle químico como, por exemplo, análise do histórico da área cultivada; programa de isolamento da área com barreiras físicas para retardar a entrada da praga na lavoura; plantio na melhor época do ano para evitar picos de ocorrência de pragas e doenças; uso de cultivares adaptadas, resistentes e precoces, entre outros. Após a colheita, existem outros cuidados como a destruição dos restos culturais e a sucessão de culturas (evitar hospedeiros da mesma espécie), que ajudam a quebrar o ciclo biológico da praga e garantir a sanidade da próxima safra. Filho avalia que o MIP ainda é pouco adotado pelos produtores de hortaliças e que, em curto prazo, não são necessárias novas técnicas de controle, mas sim incentivo para adoção dos métodos já existentes. Em longo prazo, o entomologista defende a sistematização de conhecimento e geração ou adaptação de tecnologias, principalmente, a partir de iniciativas multi-institucionais. “A tendência é que equipes multidiscipli-
MÉTODOS DE CONTROLE QUE PODEM SER USADOS NO MIP
Manejo do ambiente de cultivo (controles cultural, físico e mecânico), controle por comportamento, resistência de plantas (incluindo plantas geneticamente modificadas), controle biológico (ação de predadores, parasitoides e entomopatógenos), manipulação genética de pragas, controle alternativo e, quando necessário, controle químico com produtos que agem em favor de organismos benéficos e com baixa toxicidade ao homem.
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nares estudem não só a cultura, mas a propriedade, para gerar soluções mais duradouras e eficazes”. Ele explica que existe muita tecnologia direcionada ao controle de pragas nas lavouras, mas sem planejamento ou adoção de boas práticas – como manejo de fertilidade do solo e rotação de culturas – pode ocorrer um desequilíbrio no sistema, contribuindo para o aumento de pragas e doenças.
TÉNICAS CASEIRAS FUNCIONAM?
Existem diversas técnicas caseiras para controles de pragas disponíveis na internet. O entomologista explica que algumas práticas como, por exemplo, o manejo da cultura, uso de extratos, óleos e detergentes auxiliam no combate às pragas em pequenas áreas de cultivo (hortas urbanas). Porém, na maioria das vezes, esses métodos caseiros têm apenas ação paliativa e eficácia de curta duração. Depois disso, a praga volta a infestar. Filho explica que muitos desses produtos alternativos têm ação repelente sobre insetos e ácaros praga, durando por até quatro dias. “Técnicas caseiras de controle de pragas devem ser usadas com cautela, pois nem todas foram comprovadas cientificamente. Além disso, aplicações frequentes de determinado produto podem prejudicar a planta”, alerta.
Aumento das pragas
As monoculturas apresentam grande uniformidade genética, com cultivos sucessivos e nenhum período de pousio, o que acarreta problemas com pragas e doenças, reflexos do mau funcionamento do agroecossistema. “Sem identificar a causa principal, o agricultor toma ações paliativas (controle do agente causador de danos), para manter a rentabilidade em curto prazo, e não ajusta o sistema de produção rumo à sustentabilidade”, diz o entomologista. Segundo ele, é preciso adotar alternativas de controle menos impactantes e que caminhem rumo à sustentabilidade do sistema produtivo. O cultivo em larga escala oferece grande quantidade de alimento durante o ano, o que contribui com a explosão populacional de pragas. Se somar isso ao uso indiscriminado de agrotóxico – que
eliminam os inimigos naturais das pragas – a situação fica ainda pior, pois surgem mais pragas ou, com o passar dos anos, elas tornam-se mais severas. O clima também pode ser favorável às pragas, de forma que as populações aumentem e deixem de ser controladas naturalmente, levando a rigorosas infestações e perdas na produção. Nesse contexto, existem períodos de secas prolongadas ou veranicos sucessivos durante a estação chuvosa. Outro fator que contribui para o aumento de pragas é o comércio internacional e o deslocamento humano, que podem transportar espécies fitófagas – espécie que se nutre de matérias vegetais –, introduzindo pragas exóticas que, na ausência de inimigos naturais, encontram condições propícias para explodir e causar danos graves.
PRAGAS RESISTENTES E DE DIFÍCIL COMBATE
Mosca branca adulta, praga recorrente nas hortaliças
Tripes adulto, importante praga de tomate, pimentão e alface Revista Painel 22
FOTOS Miguel Michereff Filho
Nessa categoria, destacam-se insetos e ácaros fitófagos que apresentam grande capacidade reprodutiva; ou seja, multiplicam-se rapidamente, gerando danos ao cultivo mesmo em baixa infestação. Outros exemplos são as espécies de hábito sugador como as moscas-brancas, os tripes e os pulgões, sendo algumas dessas transmissoras de vírus que ocasionam doenças severas em tomate, batata, pimentão e pimentas, melancia, melão e alface. “Quando atuam como vetores de vírus, uma pequena quantidade desses insetos [um ou dois insetos na lavoura] já é suficiente para gerar grandes perdas na produção”, diz Filho. Outro grupo de pragas de difícil combate são as lagartas broqueadoras de frutos, como a traçado-tomateiro e a broca-das-cucurbitáceas, que se protegem dentro dos frutos e não são atingidas facilmente pelos inseticidas. No caso de ácaros, existem várias espécies que não são percebidas facilmente na lavoura, suas populações explodem rapidamente, mesmo se o produtor adotar alguma medida de controle. Um exemplo é o ácaro-rajado em morangueiro e o ácaro-branco em pimentão.
As regiões mais quentes, e que não passam por período de inverno frio e chuvoso, registram mais pragas em hortaliças. Alguns exemplos são os estados do Rio de Janeiro, norte do Espírito Santo e Minas Gerais. Já nos locais onde o inverno é frio (com temperaturas entre 6°C e 8°C) ocorre, naturalmente, a quebra do ciclo biológico das pragas, reduzindo significativamente a infestação nas plantações de hortaliças durante a primavera. Os estados da região Sul, assim como as regiões elevadas do estado de São Paulo e sul de Minas Gerais são alguns exemplos. “No geral, a maioria das hortaliças sofre com a infestação de uma ou duas espécies de pragas (insetos ou ácaros fitófagos) que, se não controlados eficientemente, podem levar a perdas consideráveis”, explica o entomologista. Segundo Filho, no Brasil não há grandes avanços tecnológicos para o controle de pragas em hortaliças. “O que tem surgido são alguns inseticidas e acaricidas químicos que são mais eficientes contra algumas pragas de difícil controle (moscas-brancas, tripes, mosca-minadoras traça-do-tomateiro e traça-das-crucíferas), menos tóxicos ao homem e mais seletivos em favor dos inimigos naturais”. De acordo com o entomologista, é preciso melhorias nas tecnologias para aplicação de pesticidas, de forma que produtos eficientes possam atingir os alvos biológicos – insetos e ácaros escondidos ou protegidos na face inferior das folhas, dentro de brotações e inflorescências – e propiciar o controle esperado pelos agricultores. Veja a entrevista completa do entomologista da EMBRAPA Miguel Michereff Filho para a revista PAINEL, no endereço eletrônico da AEAARP, na área de Notícias.
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social
Noite de arte O primeiro evento do projeto AEAARP Cultural reuniu autores, poetas e músicos na AEAARP. O Sarau AEAARP foi organizado pela arquiteta Ercília Pamplona, diretora da entidade, e teve como pauta a obra de Fernando Pessoa.
Gustavo Molinari e Cristina Modé
Mara Sena e Ecília Pamplona
Regina Foresti, Gustavo Molinari, Eliane Ratier e Ercilia Pamplona
Bina Duarte Collaço, Mercedes Furegato, Marta Benedini Vecchi e Norma Campaz
Gislaine Araújo e Paulo Márcio Araújo
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João Paulo Figueiredo e Vera Figueiredo
produtividade
Microsoft OneNote Organização e Colaboração Fábio Gatti, especialista em Pacote Office
Saindo um pouco do universo do Excel, neste artigo comentaremos um pouco sobre uma ferramenta fantástica para gestão, organização e colaboração de anotações, tabelas, dados, imagens, vídeos e áudios. Esta ferramenta é o Microsoft OneNote. Talvez um dos softwares do Pacote Office menos utilizados entre os brasileiros, porém muito querido em outros países, o Microsoft OneNote permite-nos a criação de Blocos de Anotações independentes, que poderíamos assemelhar com um fichário. Em um fichário comum, nós temos as divisórias de assuntos, e as folhas dentro de cada divisória, e é assim que o OneNote funciona. Estes blocos podem ser criados tanto em seu computador local, quanto na nuvem, sendo possível o compartilhamento de blocos na nuvem para uso Imagem 1 simultâneo entre vários usuários. Um exemplo bem sim-
ples de uso prático para o dia-a-dia do OneNote é a criação de uma lista de compras em um Bloco de Notas na nuvem pessoal. Este bloco pode ser acessado pelo aplicativo no celular, e você pode marcar os itens que for pegando, e outras pessoas podem ver e interagir com sua lista ao mesmo tempo, como ilustrado na imagem a seguir:
Aprenda e diversifique! “Se a única ferramenta que você tem é um martelo, para você tudo começa a se parecer com um prego”, Abraham Maslow.
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crea-sp
Resolução determina cancelamento do registro por má conduta Resolução 1.090/2017 CAPÍTULO II DO ENQUADRAMENTO Art. 3º São enquadráveis como má conduta ou escândalos passíveis de cancelamento do registro profissional, entre outros, os seguintes atos e comportamentos: I - incidir em erro técnico grave por negligência, imperícia ou imprudência, causando danos; II - manter no exercício da profissão conduta incompatível com a honra, a dignidade e a boa imagem da profissão; III - fazer falsa prova de qualquer dos requisitos para o registro no Crea; IV - falsificar ou adulterar documento público emitido ou registrado pelo Crea para obter vantagem indevida para si ou para outrem; V - usar das prerrogativas de cargo, emprego ou função pública ou privada para obter vantagens indevidas para si ou para outrem; VI - ter sido condenado por Tribunal de Contas ou pelo Poder Judiciário por prática de ato de improbidade administrativa enquanto no exercício de emprego, cargo ou função pública ou privada, caso concorra para o ilícito praticado por agente público ou, tendo conhecimento de sua origem ilícita, dele se beneficie no exercício de atividades que exijam conhecimentos de engenharia, de agronomia, de geologia, de geografia ou de meteorologia; e VII - ter sido penalizado com duas censuras públicas, em processos transitados em julgado, nos últimos cinco anos. Art. 4º O enquadramento da infração por crime considerado infamante dependerá da apresentação da decisão criminal transitada em julgado.
O CONFEA acaba de editar a Resolução nº 1.090, de 3 de maio de 2017, que “dispõe sobre o cancelamento do registro profissional por má conduta pública, escândalo ou crime infamante”. Na justificativa, o Conselho reforça que a Resolução atende a dispositivos já determinados legalmente, tais como os artigos 71 e 75 da Lei nº 5.194, de 1966, que, respectivamente, estabelecem
penalidades por infração a esta Lei e “estabelece que o cancelamento do registro será efetuado por má conduta pública e escândalos praticados pelo profissional ou sua condenação definitiva por crime considerado infamante”. Araken Mutran, chefe da UGI de Ribeirão Preto, comenta que a Resolução 1.090/2017 foi aprovada para que o Conselho corrobore diante da sociedade AEAARP 25
o seu dever de protegê-la do mau exercício profissional. Ele fala que a função do Conselho não é punir o profissional, mas garantir que o exercício correto, ético e tecnicamente eficiente prevaleça. Dentre outras coisas, a Resolução fixa definições e procedimentos necessários à condução do processo de cancelamento do registro profissional quando é verificada “má conduta pública, escândalos e crimes infamantes, bem como os procedimentos para requerimento de reabilitação do profissional”. Neste último caso, a Resolução se baseia na Constituição Federal de 1988, que no inciso XLVII, alínea “b”, do Artigo 5, estabelece a garantia de que não haverá penas de caráter perpétuo. O processo, segundo o Capítulo III da Resolução, inicia-se no CREA, a partir de denúncia ou iniciativa própria, “e conduzido em caráter prioritário na forma estabelecida pela resolução específica que trata do processo ético-disciplinar”. A câmara especializada na modalidade do profissional denunciado se responsabilizará pelo encaminhamento do processo à Comissão de Ética Profissional. A Resolução determina ainda que o CREA “deverá instaurar processo de ofício quando constatados por qualquer meio à sua disposição, inclusive a partir de notícias veiculadas em meios de comunicação idôneos, indícios de má conduta pública, escândalo ou condenação por crime infamante”.
notas e cursos AEAARP integra Governo Desenvolvimento Econômico e Infraestrutura de Ribeirão Preto
Mostra do design da aviação brasileira
O engenheiro Carlos Alencastre, presidente da AEAARP, é o representante da entidade no Conselho de Governo Desenvolvimento Econômico e Infraestrutura, composto por secretários municipais, sociedade civil e empresariado. Também foi formado o Conselho de Governo de Desenvolvimento Social. Os dois órgãos têm vínculos direto com o gabinete do chefe do executivo. A função dos conselhos é prestar assessoria e consultoria nas decisões do prefeito Antônio Duarte Nogueira Júnior e garantir a fiel execução do programa de governo, coordenando a execução das políticas públicas de natureza intersetorial. “Possuímos instrumentos institucionais que estão em andamento, desde o programa de governo, o plano de metas encaminhado à Câmara Municipal em março, com os quatro eixos de governança, as 55 metas e os mais de cem objetivos de desenvolvimento sustentável. Estamos discutindo, neste momento o Plano Diretor. Vamos levá-lo para apreciação da Câmara Municipal e, se possível, aprová-lo junto com a Lei de Uso e Ocupação do Solo para que a segurança jurídica sirva de apoio para as tomadas de decisão, além de oferecer uma garantia estável para tomada de decisão em empreendimentos”, explicou Nogueira durante a posse dos conselheiros.
Até o dia 20 de agosto o Museu da Casa Brasileira, instituição da Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo, apresenta, em parceria com o Instituto Embraer, o universo de criação do design nacional para artefatos concebidos para voar. A exposição mostra o design da aviação brasileira desenvolvido na Embraer. O criador da mostra é o arquiteto Guto Lacaz, estudioso do pioneirismo de Santos Dumont e entusiasta da história da aviação e do sonho do homem em voar. Entrando no Museu, uma linha do tempo apresenta a história da aviação brasileira com modelos tridimensionais de aeronaves em escala 1:50, desde 1709 a 2017, apresentando aviões produzidos por iniciativas autônomas e outras empresas, além de todas as séries criadas pela Embraer. O Museu fica em São Paulo (SP), na Avenida Brigadeiro Faria Lima, 2705.
novos associados
O engenheiro Vinicius Marchese Marinelli, presidente do CREA-SP, esteve com os engenheiros Tapyr Sandroni Jorge, vicepresidente da AEAARP, Carlos Alencastre, presidente da AEAARP, e Giulio Azevedo Prado, conselheiro da entidade, durante a feira Agrishow e reforçou a parceria do Conselho com a entidade.
Escolha sempre a AEAARP na sua Anotação de Responsabilidade Técnica (ART). Alínea 46 fortalece a atuação da sua entidade de classe.
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Maisa Juliane Damaso Arquiteta e urbanista Priscila de Freitas Lacerda Vanzo Arquiteta e urbanista Carlos Alberto Lourenço Engenheiro civil Valter Katsume Hiraichi Engenheiro civil Alberto Estevam Martinez Engenheiro eletricista Lucas Marcetti Sterquino da Silva Engenheiro eletricista Armando Carlos Nicastro Engenheiro mecânico Paulo Bauduin Nakano Engenheiro mecânico Antonio Ferdinando Zanardi Geólogo Antonio Carlos Targa Técnico em eletrotécnica Sonia Gomes Peçanha Estudante de engenharia civil Ludmila Calderero Azenari Estudante de engenharia de alimentos Antonio Aparecido Barbosa Técnico em eletrotécnica Luis Fernando Martinelli Técnico em eletrotécnica Francisco Sergio Faria Técnico em eletrônica Mario Augusto Volpini Técnico em eletrônica Álvaro Joaquim Pereira Tecnólogo em mecânica Izabela Felicio do Val Estudante de arquitetura Gislaine de Carvalho Ferrarezi Estudante de arquitetura
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