Painel - edição 163 - out.2008

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Ano XI nº 163 outubro/2008 Associação de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Ribeirão Preto

Tecnologia e desenvolvimento Os desafios impostos pela elevação dos investimentos no país estão na ordem do dia dos profissionais de engenharia, arquitetura e agronomia

Semana Agronômica Workshop vai expor as pesquisas de matérias primas para a bioenergia

Construção Civil PIB do setor vai crescer 6,5% em 2008

Profissionais do Ano 2008 José Renato Magdalena, Eduardo Figueiredo e Manoel Ortolan são eleitos



Editorial

60 O mês de setembro foi de intenso trabalho na AEAARP. Iniciamos a nova fase de obras na sede, em continuidade ao plano de ampliação, modernização Eng. Civil e revitalização da mesma, com um projeto que promove profundas alterações Roberto Maestrello em parte da área do Salão de Eventos, contemplando modificações na área do bar, da cozinha e a incorporação de um deck anexo ao salão de eventos. A ampliação de seu espaço físico vai propiciar a criação de um local que poderá ser usado nos eventos maiores, como extensão do salão principal, ou de forma autônoma, em acontecimentos ao lado do bar. O pátio interno foi ampliado, recebendo nova cobertura de grama e será complementado ao final das obras com um piso ecológico de concreto e grama. Promovemos a Semana Tecnológica, com o Ciclo de Palestras “Tecnologia e Desenvolvimento”, que trouxe à AEAARP um debate essencial às nossas carreiras: a qualidade da formação profissional e os desafios que esta fase de intensos investimentos nos impõe. No dia 29 de setembro, na Reunião Plenária, elegemos os profissionais de Engenharia, Arquitetura e Agronomia – José Renato Magdalena, Eduardo Figueiredo e Manoel Ortolan, respectivamente – que receberão as homenagens em nossa festa de 6 de dezembro, na Sociedade Recreativa, ocasião em que faremos o lançamento do Livro dos 60 Anos da AEAARP. A organização do II Workshop “Agroenergia: Matérias Primas”, da Semana de Agronomia e do Almoço dos Agrônomos mobilizou associados, diretores e funcionários da sede. Recebemos os candidatos que disputaram o primeiro turno das eleições municipais e pautamos neste debate as questões que discutimos cotidianamente em nossa Associação – infra-estrutura, meio ambiente, transporte e habitação – e que influenciam diretamente na qualidade de vida das pessoas. A AEAARP firma-se na sociedade como uma entidade política, por vocação, e apartidária, por princípio. Mais do que isso, a entidade consolida-se como trincheira da defesa da qualificação e valorização profissional e como agente de modificações na sociedade. O conjunto de ações da Associação hoje é o reflexo de uma história de lutas, da qual somos herdeiros e indutores, uma vez que esta trajetória está em construção e aquilo que será a AEAARP nas próximas décadas depende de nós. A Associação tem a responsabilidade de liderar os debates necessários que envolvem os grandes problemas que se apresentam ao se pensar o desenvolvimento social e econômico de nossa cidade, que a cada dia se firma como metrópole regional com todos os problemas que se impõem a esta condição. Este é um debate importante e a deputada estadual Dárcy Vera, eleita para governar a cidade nos próximos quatro anos, precisará fazê-lo. Queremos nos somar a este esforço, colocando-nos a disposição da Prefeitura e da Câmara para estabelecer os estudos técnicos que se fizerem necessários. Os debates da Semana de Agronomia, as homenagens aos profissionais do ano, com o lançamento do livro que contará nossa história, são nossas próximas tarefas. Para dar conta de todos estes desafios, quero conclamar todos os associados para nos unirmos em torno da semente lançada em nossa casa, por um dos nossos convidados nos debates da Semana Tecnológica, o presidente do Instituto de Engenharia de São Paulo: “Se nós profissionais esclarecidos não nos unirmos para pensar numa direção única não vamos chegar a lugar algum”. Este propósito é pertinente tanto para as relações institucionais da AEAARP com outras entidades quanto para os profissionais que compõem o nosso quadro associativo no seu cotidiano. Estamos convencidos de que para vencer os obstáculos que temos pela frente – tanto do ponto de vista de nossas atividades diárias quanto das discussões que dão rumo à sociedade – a união de todos, a troca de idéias e o diálogo franco e democrático com responsabilidade são essenciais.

Eng. Civil Roberto Maestrello

Presidente da AEAARP


Expediente

Rua João Penteado, 2237 - Ribeirão Preto-SP - Tel.: (16) 2102.1700 Fax: (16) 2102.1700 - www.aeaarp.org.br / aeaarp@aeaarp.org.br Roberto Maestrello

DIRETORIA FUNCIONAL Diretor de Esportes e Lazer: Francisco Carlos Fagionato Diretora Comunicação e Cultura: Maria Inês Cavalcanti Diretora Social: Luci Aparecida Silva

Índice Presidentes

05

PRÊMIO

06

GEORREFERENCIAMENTO

07

CONSTRUÇÃO CIVIL

08

POLÍTICA

09

OPINIÃO

10

ENGENHARIA

12

pesquisa

13

Profissionais do Ano

Georreferenciamento: perspectivas, benefícios e problemas

PIB da construção vai crescer 6,5% em 2008

Candidatos a prefeito expõem programas de governo na AEAARP

Sem restrições tecnológicas, os pré-fabricados precisam romper obstáculos culturais

Virando o disco

Hidrogênio biológica

PROFISSÕES

Carreiras exigem formação contínua para atender o mercado

ARTIGO

Macadâmia: a rainha das nozes

14 18

ENERGIA

19

CREA

20

ABASTECIMENTO

21

AGRONOMIA

22

ABNT

24

NOTAS E CURSOS

25

Ribeirão Preto tem 50 transformadores ecológicos

O engenheiro agrônomo, o exercício profissional e o CREA

Brasil conclui maior colheita de grãos da história

A matéria-prima da bioenergia está no cetnro dos debates

Projeto de norma da ABNT está em consulta pública

José Roberto Hortêncio Romero Vice-presidente

DIRETORIA OPERACIONAL Diretor-administrativo: Pedro Ailton Ghideli Diretor-financeiro: Ronaldo Martins Trigo Diretor-financeiro Adjunto: Cecílio Fráguas Diretor de Promoção da Ética de Exercício Profissional: José Aníbal Laguna

Associação de Engenharia Arquitetura e Agronomia de Ribeirão Preto

Conheça os homens que dirigiram a AEAARP

Presidente

DIRETORIA TÉCNICA Engenharia, Agrimensura e Afins: Argemiro Gonçalves Agronomia, Alimentos e Afins: José Roberto Scarpellini Arquitetura, Urbanismo e Afins: Marcia de Paula Santos Santiago Engenharia Civil, Saneamento e Afins: Luiz Umberto Menegucci Engenharia Elétrica, Eletrônica e Afins: Edson Luís Darcie Geologia e Minas: Caetano Dallora Neto Engenharia Mecânica, Mecatrônica, Ind. de Produção e Afins: Júlio Tadashi Tanaka Engenharia Química e Afins: Denisse Reynals Berdala Engenharia de Segurança e Afins: Edson Bim Computação, Sistemas de Tecnologia da Informação e Afins: Giulio Roberto Azevedo Prado Engenharia de Meio Ambiente, Gestão Ambiental e Afins: Evandra Bussolo Barbin DIRETORIA ESPECIAL Universitária: Onésimo Carvalho Lima Da Mulher: Maria Teresa Pereira Lima De Ouvidoria: Geraldo Geraldi Junior CONSELHO DELIBERATIVO Presidente: Marcos Vilela Lemos Alexandre Sundfeld Barbin Carlos Alberto Palladini Filho Edes Junqueira Edgard Cury Ericson Dias Mello Hideo Kumasaka Hugo Sérgio Barros Riccioppo Inamar Ferraciolli de Carvalho João Paulo de S. C. Figueiredo

José Fernando Ferreira Vieira Luiz Antonio Bagatin Luiz Fernando Cozac Luiz Gustavo Leonel de Castro Manoel Garcia Filho Marcos A. Spínola de Castro Maria Cristina Salomão Ricardo Aparecido DeBiagi Sylvio Xavier Teixeira Júnior

CONSELHEIRO TITULAR DO CREA-SP REPRESENTANTE DA AEAARP Câmara Especializada em Engenharia Civil: Ericson Dias Mello REVISTA PAINEL Conselho Editorial: Maria Inês Cavalcanti, José Aníbal Laguna, Ericson Dias Mello e Hugo Sérgio Barros Riccioppo Coordenação Editorial: Texto & Cia Comunicação – Rua Paschoal Bardaro, 269, cj 03, Ribeirão Preto-SP, Fone (16) 3916.2840, contato@textocia.com Editores: Blanche Amâncio – MTb 20907 e Daniela Antunes – MTb 25679 Colaboração: Luiza Pellicani Publicidade: Promix Representações - (16) 3931.1555 - revistapainel@globo.com Adelino Pajolla Júnior / Jóice Alves Tiragem: 5.000 exemplares Locação e Eventos: Solange Fecuri - (16) 2102.1718 Editoração eletrônica: Mariana Mendonça Nader - mmnader@terra.com.br Impressão e Fotolito: São Francisco Gráfica e Editora Ltda. Fotos: Ezequiel Pereira e Texto & Cia. Painel não se responsabiliza pelo conteúdo dos artigos assinados. Os mesmos também não expressam, necessariamente, a opinião da revista.

Horário de funcionamento AEAARP Das 8h às 12h e das 13h às 17h Fora deste período, o atendimento é restrito à portaria.

CREA Das 8h30 às 16h30


presidentes

Conheça os homens que dirigiram a AEAARP A Painel apresenta os três últimos ex-presidentes da AEAARP.

Luiz Eduardo Siena Medeiros Gestão 2000 - 2002 A marca da gestão do arquiteto à frente da AEAARP foi a promoção de importantes debates e de exposições, inserindo questões técnicas e artísticas na ordem do dia da Associação. As realizações foram marcadas, segundo o ex-presidente, pelo relacionamento e coletividade dos associados que foram atraídos para a AEAARP, pois se identificaram com as questões de relevância que estavam sempre em debate. A atuação de uma equipe grande e coesa possibilitou, entre outras coisas, debater o papel dos conselhos municipais e regionais, o que favoreceu o fortalecimento da AEAARP perante o CREA-SP e o CONFEA. O ex-prefeito do Rio de Janeiro e arquiteto, Luiz Paulo Conde, ministrou palestra para os associados sobre a organização da cidade neste período.

Genésio Abadio de Paula e Silva Gestão 2002 - 2005 Presidente da AEAARP em seu segundo mandato, o engenheiro agrônomo Genésio Abadio de Paula e Silva marcou a nova gestão com ações de valorização profissional. Continuou defendendo a participação ativa dos profissionais na Associação. Uma ação importante que marcou o período, foi a negociação com uma prestadora de serviços médicos para atender mais de 4.000 associados, contrato este importante para a AEAARP.

Wilson Luiz Laguna Gestão 2005 - 2007 Ele ingressou na AEAARP em 1972 e desde aquele ano teve atuação destacada na entidade. Como presidente, dedicou-se para que a AEAARP fosse inserida nas discussões acerca dos rumos da cidade e instituiu o Fórum Permanente de Debates “Ribeirão Preto do Futuro”. Em fevereiro de 2006, tomou posse como secretário de Planejamento da Prefeitura Municipal e os debates do Fórum influenciaram diretamente a revisão do Plano Diretor naquele ano. Os trabalhos iniciais do Fórum levaram a entidade a firmar parcerias com outras entidades de Ribeirão Preto e com Associações de Bairro, que promoveram audiências públicas para debater os temas que envolvem a organização urbana e infra-estrutura e influenciaram diretamente na elaboração das Leis Complementares do Plano Diretor (Lei do Parcelamento, Uso e Ocupação do Solo, Lei do Código de Obras, Lei do Plano Viário e a Lei do Mobiliário Urbano), sendo que as três primeiras foram aprovadas após 35 anos de discussões.

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Prêmio

PROFISSIONAIS DO ANO A segunda-feira, 29 de setembro, foi dia de decisão na AEAARP. A entidade escolheu o engenheiro, o arquiteto e o agrônomo que receberão o Prêmio Profissionais do Ano – 2008. José Renato Magdalena, Eduardo Figueiredo e Manoel Ortolan serão homenageados, no dia 6 de dezembro, na tradicional festa de entrega do Prêmio, que acontecerá na Sociedade Recreativa. Conheça os premiados:

Engenheiro do ano José Renato Magdalena Graduado em Engenharia pela UNICAMP, iniciou sua carreira na Hopase Engenharia e Comércio, de São José do Rio Preto, e veio para Ribeirão em 1980 para construir o Delboux, na Vila Virgínia, e o residencial Boa Vista, na rua Arnaldo Victaliano. Depois abriu sua empresa, a Copema Engenharia e Construção, que já executou mais de 50 obras e empreendimentos totalizando 747 mil m2. Contribuiu com a construção do bairro Santa Cruz e participou do desenvolvimento do bairro Santa Ângela, ambos em Ribeirão Preto. Em 1999 recebeu o título de cidadão ribeirão-pretano. No ano passado, selou uma parceria com a construtora Klabin Segall para investimentos da ordem de R$ 100 milhões em Ribeirão Preto.

Arquiteto do ano Eduardo Eugênio Andrade Figueiredo Graduado em Arquitetura pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade “Braz Cubas” de Mogi das Cruzes. Trabalhou de 1975 a 1979 no Escritório de Arquitetura e Interiores “Germano Mariutti e José Duarte Aguiar”, participou de congressos internacionais de arquitetura no México e Argentina. Professor na área de projeto nas universidades Moura Lacerda e Unip, de 1997 a 2002. Tem trabalhos publicados em revistas da região e São Paulo com circulação nacional e internacional. Desde 1980 atua na área de construção civil residencial e comercial, e interiores, com projetos realizados na região de Ribeirão Preto, em São Paulo e outros estados, além de projetos em San José (Costa Rica) e Lisboa (Portugal).

Agrônomo do ano Manoel Carlos Azevedo Ortolan

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Engenheiro agrônomo pela Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”. Trabalhou de 1970 a 1972 na Copersucar, de 1972 a 1975 na gerência das fazendas Pouso Alegre e Boa Vista, em Goiás, de 1975 a 2000 na Gerência de Divisão Técnica da Associação dos Plantadores de Cana do Oeste do Estado de São Paulo, em Sertãozinho, de 2001 até hoje preside a entidade. Foi professor de Técnicas Agrícolas no Ginásio Estadual Winston Churchill, em Sertãozinho, conselheiro da Sociedade dos Técnicos Açucareiros e Alcooleiros do Brasil-Regional Sul, presidente da Orplana, de 2001 a 2007, é diretor administrativo da COCRED-Cooperativa de Credito dos Plantadores de Cana de Sertãozinho, diretor superintendente da COPERCANACooperativa dos Plantadores de Cana do Oeste do Estado de São Paulo, presidente da CANAOESTE-Associação dos Plantadores de Cana do Oeste do Estado de São Paulo, conselheiro vogal da Cocecrer-Cooperativa Central de Crédito Rural do Estado de São Paulo, membro da diretoria do Sindicato Rural de Ribeirão Preto e do COSAGConselho Superior do Agronegócio da FIESP.


Georreferenciamento

Georrefereciamento: perspectivas, benefícios e problemas Georreferenciamento. Trata-se apenas de uma nova técnica de agrimensura? A priori, podemos assim entender, visto que utiliza aparelhos do tipo GPS (Global Positioning System), capazes de realizar a “triangulação” de satélites para determinar um ponto na superfície terrestre. Significa dizer que, um ponto no solo, ao ser georreferenciado por profissionais habilitados, produz um marco único; este, por sua vez, será registrado por meio um software. A partir daí, os pontos, definidos em cada vértice de uma propriedade, produzirão um mapa no qual, em conjunto com os imóveis lindeiros, que também serão georreferenciados, produzirão demarcações com a garantia de que não haverá sobreposição de área. O grande diferencial é justamente a não sobreposição que, até então, vinha ocorrendo. Analisando a proposta do georreferenciamento sob uma perspectiva mais ampla, podemos dizer que se traduz em um revolucionário meio de controle do uso do solo e dos recursos naturais, não só pelo poder público (maior interessado), mas pela iniciativa privada. Vejamos que já se pode vislumbrar a sua aplicação nas transações comerciais envolvendo imóveis, no planejamento urbanístico, na administração de propriedades rurais, na arrecadação de impostos, contribuindo para a eficácia da Política Nacional do Meio Ambiente, no controle de limites, divisas e tapumes de propriedades e, até mesmo, no controle de focos da dengue, como demonstrou a reportagem publicada no Jornal A Cidade, de Ribeirão Preto, no dia 26 de março de 2008, que, ademais, acusou a existência 30 mil imóveis irregulares no município de Ribeirão Preto – SP. Neste último caso, o sistema georreferencial flagrou os imóveis, apontando-os com tamanho maior do que aquele lançado no cadastro imobiliário e, como conseqüência, houve aumento na arrecadação do IPTU. Neste diapasão, ao elaborar a monografia para o Curso de Direito das Faculdades COC, intitulada “A lei de Georreferenciamento no Âmbito do Direito Notarial e Registral: Repercussões em Face das Demais Esferas Jurídicas”, sob a orientação do Professor Ênio Santarelli Zuliani, buscamos demonstrar a problemática da implantação da lei 10.267/01, regulamentada pelos Decretos 4.449/02 e 5.570/05, que alterou artigos da Lei dos Registros Públicos. Com efeito, o “geo” trará ônus e bônus aos proprietários rurais. Ressalte-se que o descumprimento não acarretará sanções pecuniárias, porém, há prazos previstos (que já foram prorrogados), para que o proprietário faça a retificação extrajudicial da sua área na matrícula; do contrário, a alienação, o desmembramento, o remembramento ou o parcelamento do imóvel restará prejudicado. O estudo apontou que os reflexos jurídicos do georreferenciamento, excetuando os problemas encontrados dentro do Direto Notarial, repercutiram na esfera civil, agrária, ambiental, administrativa, tributária e constitucional. Na primeira, o “geo” representa um óbice para aqueles que desejam alienar os imóveis, atingindo o direito de fruição, inerente ao Direito Real de Propriedade. Segundo, a intervenção do INCRA, que deve conferir a inscrição no CCIR (Cadastro de Imóveis Rurais) e verificar a não sobreposição dos mapas georrefenciados ao Sistema Geodésico Brasileiro está sobrecarregada, provocando a impetração de Mandados de Segurança contra a autarquia. Terceiro, a delimitação das áreas de preservação permanente (APPs) e as Reservas Legais, representando, aqui, um dos maiores benefícios em prol das gerações futuras. Ademais, na esfera ambiental espera-se que uma propriedade georreferenciada e regularizada, com a conseqüente averbação das APPs na matrícula, impeça as recorrentes autuações que, muitas vezes, são indevidas e provocadas pelo despreparo dos fiscais. Vale destacar ainda que, segundo a reportagem exibida no dia 14/09/08 no programa Globo Rural, o Conselho Monetário Nacional, por meio de Resolução, irá restringir a disponibilização do crédito destinado ao custeio da safra para aqueles que não apresentarem a propriedade “georreferenciada” e de acordo com as leis ambientais. E os reflexos não param aqui; na esfera administrativa, destaca-se o papel de fiscalização do poder público; na tributária, a arrecadação do ITR; na esfera

constitucional, o direito de propriedade como direito e garantia fundamental, sofrendo, cada vez mais, certas limitações em nome da função social; e, por fim, pode-se discutir o custo da implantação do sistema. Fica aqui a indagação proposta pela Confederação Nacional da Agricultura (CNA): na medida em que a finalidade principal da lei é a fiscalização, por parte do poder público, sobretudo dos imóveis rurais, então, pode-se afirmar que o custo de implantação deverá ser de responsabilidade exclusivamente do particular? Perceba que ao lado dos muitos benefícios esperados pelo “geo”, há problemas graves, quais sejam: a precariedade dos registros e matrículas existentes, afrontando o princípio da especialidade; a já citada morosidade do INCRA e os custos envolvidos, que tenderão à estratosfera, na medida em que faltarão profissionais no mercado para cumprir as exigências dentro dos prazos exíguos previstos na lei, dentre outros. Vale ressaltar que os profissionais interessados em aplicar a lei de “geo”, prestando este serviço, deverão apresentar uma visão holística, unindo conhecimentos de diversas áreas, sobretudo jurídicos e de engenharia. Portanto, temos uma ferramenta tecnológica em prol do desenvolvimento, buscando trazer controle, segurança jurídica, desenvolvimento social e a reafirmação da função social da propriedade. Vivenciamos uma mudança de paradigma, evoluindo de uma ótica civilista e individualista chegando, hoje, na reafirmação dos direitos difusos e coletivos. Vale observar que a lei 10.267/01, os registros públicos e as leis ambientais são praticamente complementares, de acordo com uma análise sistemática das normas; e, baseando-se sempre na razoabilidade, princípio fundamental implícito na Constituição Federal, teremos um desafio: sopesar, de um lado, a iniciativa privada, que deve ser incentivada para produzir riquezas e, de outro, o meio ambiente e os princípios preservacionistas. Referências Bibliográficas ALMEIDA, Anaximandro Doudement. GeoLondrina “esquentou” no segundo dia e Dirigentes do CNA questionam INCRA. Disponível em: <http://www.irib.org.br/notas_noti/boletimel1741.asp> Acesso em: 29 de junho de 2008. BERNARDES, Cláudio. Plano Diretor de São Paulo e a Atividade Notarial e Registral. Disponível em: < http://www.irib.org.br/EducartorioSP_ClaudioBernardes.asp> Acesso em 18 de setembro de 2008. CENEVIVA, Walter. Lei dos Registros Públicos Comentada. São Paulo: Saraiva, 2008. DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil. São Paulo: Saraiva, 2005. FIORILLO, Celso A. Pacheco; RODRIGUES, Marcelo Abelha. Manual de Direito Ambiental e Legislação Aplicável. 2. Ed. São Paulo: Max Limonad, 1999. MIRANDA, Pontes de. Tratado de Direito Civil. Tomo XI. São Paulo: Revista do Tribunais, 1983. OLIVEIRA JR, Gervásio Alves de. Aspectos Legais do Georreferenciamento. Disponível em: <http://www.irib.org.br/notas_noti/boletimel1758.asp> Acesso em: 29 de junho de 2008. PAIVA, João Pedro Lamana. O Georreferenciamento – Um paradigma para o desenvolvimento da propriedade rural. Disponível em: <http://www.lamanapaiva.com.br/novidades. php>. Acesso em 19 de abril de 2008. PASSARELI, Luciano Lopes. As Retificações no Registro de Imóveis. Porto Alegre: Sergio Antonio Fabris Editor, 2008. PIRES Neto, Ari Álvares. Georreferenciamento e Retificação Extrajudicial de Imóveis Urbanos e Rurais. Revista de Direito Imobiliário. São Paulo: RT, v.58, jan-jun 2005, p.61. MARQUES, Benedito Ferreira. Direito Agrário Brasileiro.Goiânia: AB Editora, 2004. MENEZES, Agamenon. CNA propõe adiar recadastramento de imóveis da Amazônia Legal. Disponível em: <http://www.cna.org.br/site/noticia.php?n=19396> Acesso em 21 de abril de 2008. RIOS, Arthur Edmundo de Souza. Manual de Direito Imobiliário. 2.ed. Curitiba: Juruá Editora, 1999. SILVA, Waldomiro Azevedo. Curso Prático de Direito Imobiliário: Loteamento, Condomínio e Locações. 2. ed. Salvador: Editora Ciência Jurídica, 1991. TUTIKIAN, Claúdia Fonseca; TIMM, Luciano Benetti; PAIVA, João Pedro Lamana (Org.). Novo Registro Imobiliário e Registral. São Paulo: Quartier Latin, 2008. Gustavo de Souza Consoni: aluno de graduação do curso de Direito das Faculdades COC de Ribeirão Preto e administrador de empresas graduado pela Universidade Mackenzie – São Paulo.

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CONSTRUÇAO CIVIL

PIB da construção vai crescer 6,5% em 2008 Foto: Ana Paula Popolin

João Cláudio Robusti, Sergio T. Watanabe e José Batista Ferreira Foto: André Luís Rezende

José Batista Ferreira e empresários da construção civil de Ribeirão Preto, associados à regional do SindusCon-SP. Foto: André Luís Rezende

Paulo Skaf, presidente da FIESP, Sergio T. Watanabe, José Batista Ferreira e João Cláudio Robusti

O engenheiro Sérgio Tiaki Watanabe entoou discurso otimista na solenidade de posse na presidência do SindusCon-SP para o triênio 2008/2011. Ele anunciou as projeções do Sindicato e da FGV Projetos para o período de 2008 a 2012. “O Brasil deverá crescer em média 4,5%, ao ano. Já o PIB da construção aumentará 6,5%, ao ano”, disse. Watanabe destacou que, em 2008, a construção crescerá 10%. O cenário futuro é ainda mais animador: os investimentos em novas moradias passarão de R$ 106 bilhões para R$ 150 bilhões, em 2012. Cerca de 1,7 milhão de moradias devem ser construídas anualmente, seja formal ou informalmente, e o número de trabalhadores na construção deverá saltar de 2,2 milhões para 2,9 milhões. Todos estes números são inflados pela expectativa de aumento populacional no período estudado: o número de famílias deve se elevar de 53 milhões para 61,5 milhões. Watanabe ressaltou que a exigência de qualificação da mão de obra é crescente no setor, cenário também apontado no levantamento. “Teremos 700 mil trabalhadores a mais, dos quais 250 mil precisarão ter nível técnico ou superior.” Ainda segundo Watanabe, a construção civil continuará sendo favorecida por uma “ampla conjugação de fatores, dentre eles, o crédito imobiliário”. De acordo com o novo presidente, os investimentos neste segmento estão apenas começando. “Na infra-estrutura, os compromissos são firmes em termos de expansão de hidrelétricas, rodovias, portos e saneamento básico. Os maiores investimentos do PAC ainda estão por vir. A Copa de 2014 e os investimentos privados abrirão novas oportunidades para as construtoras.” O ministro das cidades, Marcio Fortes, participou da solenidade de posse e ouviu de Watanabe a crítica de que o PAC ainda não ‘deslanchou’. “Nos primeiros sete meses de 2008, dos R$ 16,5 bilhões autorizados, apenas pouco mais de R$ 0,5 bilhão foi pago. Isto precisa mudar.”, reivindicou. Watanabe alertou que a alta acumulada dos preços dos materiais básicos de construção, acima de 20% em doze meses, está provocando o desequilíbrio econômico-financeiro dos contratos de execução de obras públicas e privadas das construtoras. “Podendo, inclusive, inviabilizar as obras do PAC. A construção civil tem o dever de rechaçar aumentos especulativos e apoiar as ações dos fabricantes de materiais de construção, na ampliação de sua capacidade produtiva”, disse o novo presidente do SindusCon-SP. O empresário ribeirão-pretano João Cláudio Robusti, que presidiu o SindusCon-SP até setembro deste ano, disse que “o setor da construção civil passou de coadjuvante a protagonista, ocupando seu devido lugar no desenvolvimento do Brasil”.

Batista é reeleito e se torna coordenador das regionais O engenheiro José Batista Ferreira foi reeleito para a direção regional do SindusCon-SP, em Ribeirão Preto, e a partir deste mandato vai coordenar o trabalho das regionais do Sindicato em todo o estado. Uma das experiências exitosas de Batista foi a criação do ConstruSer (Encontro dos Trabalhadores da Construção Civil em Família), em parceria com Sesi e Senai, que promove diversas atividades esportivas, culturais, de saúde e lazer, em benefício dos trabalhadores da construção e seus familiares. Nesse ano, o projeto foi estendido para a capital e para as outras oito regionais no interior paulista e litoral. O ConstruSer vai 8

AEAARP

integrar as ações do programa permanente desenvolvido pelo SindusCon-SP, voltado a melhorar a qualidade de vida dos trabalhadores de suas empresas associadas. “Ficamos muito orgulhosos de ver uma idéia que surgiu em Ribeirão Preto tornar-se referência”, afirma Batista. A nova diretoria do SindusCon-SP, regional Ribeirão Preto, eleita para o triênio 2008/2011 tem no Conselho Consultivo os engenheiros Eduardo Benedito Maistro, Fábio Villas Bôas e Paulo Tadeu Rivalta de Barros. O empresário José Roberto Pereira Alvin, de Ribeirão Preto, assumiu uma das vice-presidências do SindusCon-SP.


política

Candidatos a prefeito expõem programas de governo na AEAARP Até o fechamento desta edição não havia acontecido o primeiro turno das eleições. Feres Sabino (PT)

Daniel Lobo (PTB)

Darcy Vera (DEM)

Rafael Silva (PDT)

A AEAARP convidou todos os candidatos à Prefeitura de Ribeirão Preto para exporem suas propostas. A diretoria encaminhou os convites a cada um expondo os temas que permeiam as discussões da entidade – infra-estrutura, meio ambiente, transportes e habitação – e convidou os associados para ouvirem e debaterem com os candidatos. Feres Sabino (PT), Daniel Lobo (PTB), a prefeita eleita Darcy Vera (DEM), Rafael Silva (PDT), Rubens Chioratto Junior (PSOL) e Welson Gasparini (PSDB) atenderam ao convite e estiveram no Auditório “Antônio Duarte Nogueira” entre os dias 12 e 19 de setembro. Apenas o candidato Mauro da

Rubens Chioratto Junior (PSOL)

Welson Gasparini (PSDB)

Silva Inácio (PSTU) não compareceu, alegando incompatibilidade de agenda. Roberto Maestrello, presidente da Associação, disse que o resultado dos encontros foi positivo. “A AEAARP tem caráter apartidário. Mas somos politizados, discutimos, no Fórum Permanente de Debates “Ribeirão Preto do Futuro”, temas que mudam a vida das pessoas e isso foi importante para que todos tivessem a oportunidade de conhecer o que estava nos planos daqueles que pleitearam a liderança de uma das maiores cidades do país”, avalia. Todas as participações dos candidatos foram gravadas em DVD e compõem o acervo da AEAARP.

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OPINIÃO

Construção Sem restrições tecnológicas, os pré-fabricados

*Paulo Eduardo F. de Campos A história da arquitetura moderna narra na sua origem as sucessivas revoluções ocorridas no desenvolvimento da indústria e como elas influenciaram os processos construtivos. Além de novos materiais, tais como o vidro e o ferro, os projetos de pontes, grandes naves industriais, estações de estrada de ferro etc. exigiram o restabelecimento de uma linguagem arquitetônica adequada às realidades e utopias que se encontravam na segunda metade do século XIX. A construção pré-fabricada de concreto, por sua vez, acabou consolidando-se como a forma mais viável e mais difundida para se promover a industrialização da construção, tomando um impulso sem precedentes no período do segundo pós-guerra. A opção pelo “grande painel” préfabricado de concreto, como resposta técnica e econômica às necessidades de reconstrução da Europa após a Segunda Guerra Mundial, converteu esta tecnologia num logotipo deste período. As realizações massivas na área de habitação ocorridas nesta época criaram, no entanto, uma espécie de estigma que associou a construção pré-fabricada durante muito anos à uniformidade, monotonia e rigidez na arquitetura, ou seja, flexibilidade “zero”. Seria muito restrita nos dias de hoje uma definição de industrialização calcada nos padrões do pós-guerra europeu, visto que tais modelos vêm sendo revisados em profundidade nos seus próprios países de origem, desde o final dos anos 80. Por sua vez, o desenvolvimento de sistemas e componentes construtivos mais leves, buscando conferir um maior valor agregado ou “densidade tecnológica” aos produtos, parece ser uma tendência dominante para o futuro do segmento de pré-fabricados de concreto. Os novos materiais empregados atualmente na produção de pré-fabricados de “última geração” - a exemplo do CAD (Concreto de Alto Desempenho), dos CPR (Concretos de Pós-Reativos) e dos materiais compostos - são parte fundamental 10 AEAARP

desta revolução sutil que vem ocorrendo há alguns anos nos países desenvolvidos e que agora já está presente entre nós. O emprego recente de painéis arquitetônicos e banheiros prontos pré-fabricados tem como fundamento as necessidades de maximização da eficiência dos métodos e procedimentos adotados na construção civil, a partir de um novo paradigma. Sob este ponto de vista, três aspectos principais podem ser destacados entre as propostas metodológicas para se atingir a eficiência em referência, a saber: • o uso da pré-fabricação na maior parte possível de partes do edifício • a crescente conversão do canteiro de obra em local de montagem de partes pré-fabricadas • a máxima racionalização dessa montagem. A administração da produção e o controle dos processos no canteiro, particularmente no que se refere às relações comerciais com terceiros e às entregas dos diversos insumos, desde projetos até materiais e serviços, são amplamente favorecidos dentro desta metodologia. Ainda que a adoção destas novas práticas não implique necessariamente no emprego da préfabricação total, claro está que a transformação da obra num local de montagem de partes préfabricadas é uma alternativa que pode contribuir decisivamente para melhorar o controle dos cronogramas e da produtividade em canteiro, uma vez que a produção dos componentes faz-se fora do local da obra, segundo contratos específicos, os quais estão submetidos aos seus próprios cronogramas.

Uma convicção na pré-fabricação de ciclo aberto O nível de desenvolvimento tecnológico da indústria da construção civil, a despeito dos avanços verificados com o emprego recente de painéis e módulos pré-fabricados, ainda é incomparavelmente mais atrasado que o dos demais setores da indústria convencional, além de não poder ser considerado homogêneo. No entanto, ao se observar alguns dos conceitos introduzidos no âmbito da construção industrializada no início do século XX, tais como os


civil precisam romper obstáculos culturais

de tolerância e intercambiabilidade, quando pioneiros como Walter Gropius e Wachsmann (1930) aplicavam em seus projetos as experiências de racionalização antes já experimentadas pelas construções metálicas, é possível perceber que muitos dos ideais utópicos daquela época são hoje perfeitamente factíveis. Ou seja, a possibilidade de produção seriada de edifícios industrializados, quer em suas partes fundamentais, quer na sua totalidade, é uma realidade e a indústria da construção civil está apta a dar um grande salto, superando num curto espaço de tempo a defasagem tecnológica do setor e alcançando um nível de industrialização equivalente àquele que já é visível nos países desenvolvidos. Em que pesem as profundas diferenças existentes entre as realidades do Brasil e dos países mais desenvolvidos, podese afirmar com relativa segurança que um ciclo semelhante ao experimentado no auge da aplicação das técnicas de préfabricação na Europa, após a Segunda Guerra Mundial, incluindo sua posterior obsolescência e a sua recente substituição por tecnologias e procedimentos mais flexíveis, menos rígidos, tem sido também uma tendência ao longo do desenvolvimento ainda incipiente da pré-fabricação no país. Ainda que cada país, evidentemente, deva buscar desenvolver os seus próprios modelos, mais adequados às suas necessidades e realidades, é impossível não reconhecer a influência que os sistemas abertos ou a “segunda geração da industrialização”, baseada no emprego intensivo de componentes, já vem exercendo no mercado brasileiro há pelo menos uma década. Não fosse assim, como explicar a reconversão de várias das empresas brasileiras, até então produtoras de sistemas préfabricados fechados para galpões industriais, em fabricantes de componentes para sistemas abertos, tais como: lajes alveolares, painéis arquitetônicos, estruturas baseadas no conceito de préformas, entre outros produtos? Por sua vez, vem novamente a pergunta: O que falta então para que o segmento de pré-fabricados de concreto venha a romper a barreira dos 5% que representam a sua participação histórica na produção de cimento no país? Há no Brasil, ainda que se considere somente a região centro-sul, um grande abismo separando a realidade da indústria da construção civil e a possibilidade de aplicação de sistemas pré-fabricados e procedimentos industrializados. As demandas existentes, mesmo se tratando do imenso déficit habitacional de mais de 6 milhões de unidades, foram e seguem sendo encaradas sob a ótica das formas tradicionais de se construir. O Brasil dispõe hoje de um parque produtor de préfabricados, cuja experiência e a capacitação técnica permitem

o desenvolvimento de produtos extremamente adequados a estas demandas. A falta de disseminação do uso de sistemas pré-fabricados abertos, baseados na utilização de componentes pré-fabricados com um alto valor agregado, é hoje mais uma questão cultural do que o fruto de uma limitação tecnológica, daí a questão recorrente: não se constrói porque não há soluções tecnológicas ou não há soluções tecnológicas porque não se constrói em larga escala empregando os pré-fabricados de concreto?

Obstáculos que precisam ser rompidos Partindo-se do pressuposto de que não são os fatores estritamente tecnológicos que representam o maior obstáculo à difusão da pré-fabricação no Brasil, chega-se à conclusão que uma visão de futuro sobre a pré-fabricação no país deva contemplar inicialmente: 1) A demonstração da validade desta ferramenta para a superação das demandas existentes, tomando como exemplo as experiências ocorridas nos países desenvolvidos. 2) A apresentação de obras nacionais e internacionais que tenham um caráter inovador e que tragam uma contribuição objetiva no sentido de aplicação dos novos conceitos inerentes à construção pré-fabricada em concreto (“industrialização de ciclo aberto”). 3) O rompimento do estigma que no passado associou a construção pré-fabricada à uniformidade, à monotonia e à rigidez na arquitetura. 4) A demonstração de que, para além da qualidade arquitetônica, as novas obras pré-fabricadas possuem qualidades intrínsecas relativas ao nível acabamento e ao atendimento das exigências de conforto do usuário final. 5) A consideração de que existem novas tecnologias à base de cimento, tais como o CAD e os compósitos; inovações tecnológicas aplicadas na execução de obras recentes e emblemáticas.

*Paulo Eduardo Fonseca de Campos é arquiteto, mestre em Engenharia Civil e doutor em Arquitetura e Urbanismo. É diretor da Precast Consultoria e Desenvolvimento do Produto, coordenador do Comitê de Painéis Arquitetônicos da ABCIC e assessor do Subprograma XIV do Programa Ibero-americano CYTED. Foi diretor de Projetos e Desenvolvimento da Pavi do Brasil Pré-fabricação - e-mail: pefonseca@precast.com.br Revista Painel

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ENGENHARIA

o disco

Virando

Dedicar-se a uma atividade profissional diferente da formação obtida nos bancos universitários pode não ter motivação financeira. O prazer e a satisfação pessoal movem aqueles que dedicam parte de seu tempo a uma outra atividade, como a música, por exemplo. Claro, cada um a seu modo. Hugo Riccioppo é engenheiro civil há 30 anos e mais da metade desse tempo ele se dedicou também à atividade de DJ, embalando festas em Ribeirão Preto. O ofício teve início nos anos de 1990, mas o gosto pela música começou antes, no extinto programa de rádio Country Club, que ele apresentava ao lado dos amigos Antônio Carlos Aguiar (advogado), José Maria Morgadi Miranda (fotógrafo) e André Mazzetto (engenheiro), no final dos anos de 1970. “No domingo à tarde tinha o footing na avenida 9 de Julho e nós resolvemos fazer alguma coisa diferente”, conta. A emissora era a Clube FM, que atualmente tem sede na mesma avenida (à época o estúdio ficava em um prédio próximo ao Hospital das Clínicas e a emissora estava instalada na avenida Francisco Junqueira, onde operava a PRA-7), e o programa difundia a música country americana todos os domingos. Ele deixou os microfones e passou a produzir festas para a juventude da época. Observando a atuação daqueles a quem encarregava o trabalho de colocar a música – os DJs – pensou que poderia fazer melhor. E é exatamente o que ele faz hoje. “Fiz uma para experimentar e nunca mais parei”, lembra. Ele já comandou sua pick-up em todas as regiões do estado de São Paulo e atravessou a fronteira em direção ao Paraná e Minas Gerais. Apesar da agenda cheia, Riccioppo faz questão de frizar: “em primeira instância, sou engenheiro”. Ele tem cerca de 200 mil m2 de obras que levam sua assinatura e afirma que a retração no mercado de en-

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genharia nos anos de 1990 foi um dos motivos que o incentivou a investir na carreira de DJ. “Mas eu nunca saí do mercado”, afirma. Riccioppo. Ele é o típico engenheiro que enfrentou a crise dos anos de desaceleração do crescimento e segue preparado tecnicamente para atender o mercado. O temperamento inquieto e a vontade de aprender sempre o levaram também para outras atividades: já foi professor substituto de ginástica em uma academia na cidade e começou a dedicar-se à gastronomia. “Trabalhei profissionalmente só uma vez, quando servi um jantar para 60 pessoas”. Luci Silva é outra engenheira que encontrou na música um prazer paralelo ao exercício profissional nas áreas civil e de segurança do trabalho. Ela é empresária da dupla de música sertaneja Fábio e Danilo. “Sou amiga deles e há cerca de dois anos me pediram ajuda”. Ela cuida desde a produção gráfica do disco da dupla até a agenda de shows e a negociação com artistas e compositores nacionais que tem músicas no repertório da dupla. O disco que foi lançado este ano, por exemplo, tem composições de artistas que trabalham com grandes nomes da música brasileira, como Chiitãozinho e Xororó. Um dos destaques deste disco é a participação especial de Zé Ramalho. “É gratificante realizar um trabalho que começa a fluir e aparecer”, afirma Luci. Ela também tem na engenharia sua atividade principal e observa diferenças nos dois ofícios. “Em um caso trabalhamos com a ciência exata, o resultado é aquele projetado. Na música o envolvimento é com o comportamento humano, não sabemos se as pessoas aceitarão ou não o produto que estamos apresentando”, avalia.


Pesquisa

Hidrogênio

biológico

Estudo desenvolvido na Escola de Engenharia de São Carlos-USP, propõe a produção de hidrogênio como fonte de energia renovável, em alternativa aos combustíveis fósseis, a partir do tratamento de águas residuárias. O projeto de pesquisa, que integra a geração de energia e o controle da poluição ambiental, rendeu a docentes e estudantes a primeira colocação na quinta edição do Prêmio Mercosul de Ciência e Tecnologia - categoria Integração. O professor Marcelo Zaiat, do Departamento de Hidráulica e Saneamento da EESC, explica que a produção biológica de hidrogênio pode ocorrer por duas vias: fotossíntese e processo fermentativo. “A produção fermentativa foi o tema abordado na pesquisa, que objetivou o desenvolvimento de biorreatores anaeróbios e o estudo das melhores condições para produção de hidrogênio. A fermentação é tecnicamente mais simples e, nesse caso, o hidrogênio pode ser obtido a partir da matéria orgânica presente em águas residuárias”, disse Zaiat à Agência FAPESP. Segundo ele, o processo anaeróbio de conversão de matéria orgânica divide-se basicamente em duas fases: acidogênica e metanogênica. O hidrogênio é obtido na primeira

fase (acidogênica), a qual é mediada por organismos que consomem a matéria orgânica das águas residuárias e produzem ácidos orgânicos, álcoois e hidrogênio. “O desafio nessa fase está no desenvolvimento de reatores biológicos mais adequados para essa conversão, permitindo a maximização da produção de hidrogênio. O uso de biorreatores acidogênicos conjugados com os metanogênicos possibilita o tratamento de água residuária, assim como a produção de hidrogênio como fonte de energia”, apontou. Nesse contexto de associação entre a produção de hidrogênio com baixo custo e o controle da poluição ambiental, Zaiat aponta que os trabalhos de pesquisa na área começaram a ser desenvolvidos na década de 1990 e que, até hoje, mais de 200 estudos sobre bioprodução de hidrogênio já foram publicados no mundo. O trabalho, apoiado pela FAPESP por meio de um Auxílio Regular a Pesquisa, foi conduzido por pesquisadores do Laboratório de Processos Biológicos da EESC, em parceria com colegas da Universidade da República (Udelar), no Uruguai. Fonte: Agência FAPESP


profissões

Carreiras

exigem formação contínua

O desenvolvimento do país tem reflexo direto na evolução das tecnologias e na abertura de mercado para profissionais de engenharia, arquitetura e agronomia. Este discurso fez eco no auditório da AEAARP na exposição dos quatro palestrantes que participaram dos três dias do Ciclo de Palestras “Tecnologia e Desenvolvimento”, promovido pela AEAARP por meio do Fórum Permanente de Debates “Ribeirão Preto do Futuro”.

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para atender o mercado

Roberto Maestrello presidiu as mesas nos três dias de palestras

José Tadeu da Silva, presidente do CREA-SP, Osório Accioly Gatto, presidente do IBAPE, Edemar de Souza Amorim, presidente do Instituto de Engenharia, e José Roberto Geraldine Junior, conselheiro do CONFEA, expuseram um panorama do exercício profissional nas carreiras de engenharia, arquitetura e agronomia. Ericson Dias Mello abriu o evento e reafirmou que o objetivo do Fórum, presidido por ele, é o de manter vivo o debate dos rumos das profissões e da cidade. Roberto Maestrello, presidente da AEAARP, presidiu as mesas nos três dias de debates e ressaltou o caráter plural da AEAARP e da inserção da entidade nos rumos da sociedade nestes 60 anos de existência. “O debate integra a programação dos 60 anos da entidade e o nível das discussões que tivemos nestes dias, desde a exposição dos palestrantes às intervenções do público, dão a medida de como nossa Associação está cada vez mais afinada e comprometida com as questões que valorizam nossas carreiras”, afirma Maestrello.

Ericson Dias Mello expôs os objetivos do Fórum Permanente de Debates “Ribeirão Preto do Futuro”

Leia a seguir os principais trechos das exposições. pessoas querem melhorar, o país tem recursos para desenvolver, mas não tem projeto”. Silva ressaltou que o cenário brasileiro não é somente de carência de profissionais, mas principalmente de falta de pessoas capacitadas. “Estamos na era do conhecimento. A era da carteira assinada, do emprego, passou. Quem tem capacitação e conhecimento está bem empregado. O exercício profissional está globalizado na área da engenharia”. A necessidade de capacitação se estende a toda a cadeia produtiva que envolve a área. O “Sistema S”, composto por SESI, SENAI e SENAC, tem recursos para investir na capacitação. “Tem R$ 15 bilhões e não consegue gastar pra treinar e qualificar mão de obra como encanador, eletricista, José Tadeu da Silva, pedreiro e pintor”, contou. presidente do CREA-SP O nível do desemprego na área da engenharia, eleições dizem que vão fazer Profissionais da área tecnológica estão na linha em sua visão, é reflexo da infra-estrutura, saneamento, baixa qualidade dos cursos tratamento de resíduos da de frente do desenvolvimento do país. Temos de disponíveis. Ele deu como construção civil, melhorar estar conscientes para estarmos capacitados, exemplo da demanda por planejamento urbano, requalificados e atualizados permanentemente. profissionais desta área transporte coletivo, promover o fato de a Petrobras ter ações pra proteger o meio José Tadeu da Silva, presidente do CREA-SP contratado, mesmo antes ambiente, guia, asfalto, de formada, uma turma creche, escola. Tudo isso inteira de geólogos em uma faculdade. Segundo ele a empresa precisa de tecnologia, porque não se faz nada no planeta que estatal precisará de centenas desses profissionais nos próximos não envolva profissionais da área tecnológica”, disse. anos, mas o mercado não oferece. O presidente do CREA-SP criticou o presidente Luiz Inácio Silva disse que cerca de 430 mil profissionais são registrados Lula da Silva. “Primeiro faz a obra e depois faz o projeto”, disse, no CREA-SP e mais da metade está inadimplente. Muitos referindo-se ao PAC-Programa de Aceleração do Crescimento deles não estão exercendo a profissão. “Alguns mudaram de que, segundo ele, esbarra justamente na falta de projeto. “As O mercado de trabalho exige profissionais cada vez mais capacitados. De acordo com o presidente do CREA-SP, a carência de engenheiros verificada atualmente é motivada, em grande parte, pela desaceleração da economia nos anos de 1990, que tirou muitos profissionais da área tecnológica do mercado e os desestimulou a buscar especializações. “Os candidatos nestas

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profissão, abriram negócio em outra área. Eles poderiam estar atendendo à demanda, mas em todas as áreas há inovações”, explicou, salientando que para estar preparado é necessário buscar especializações para acompanhar as novidades impostas pelo mercado. Em sua avaliação, esta é a área que tem o maior número de inovações. “A cada segundo uma nova tecnologia surge no planeta. Ficar dois anos sem nenhuma especialização significa tornar-se obsoleto para o mercado”, explicou. Ele concluiu que aqueles que escolheram a área tecnológica “não vão poder parar de estudar nunca”. “Se exercer a profissão durante 40 anos tem de estar estudando 40 anos. Se pára, está fora, não atende a demanda do desenvolvimento”, avaliou. Silva disse que o Conselho defende a atividade profissional

ao realizar o trabalho de fiscalização e garantir que leigos não atuem no mercado. O profissional bem qualificado garante qualidade, economia e segurança è sociedade. Em 2009, o CREA-SP vai investir R$ 5 milhões em aperfeiçoamento profissional, por meio de parcerias com as entidades de classe e instituições de ensino. Ele falou também do caderno técnico que o CREA-SP está preparando sobre os estádios de futebol brasileiros. Nele constarão as questões que os clubes devem atender para que o país possa se preparar para ser sede da Copa de 2014, conforme a candidatura lançada pelo governo Lula. “O país está num momento ímpar da engenharia, arquitetura e agronomia. Para crescer ainda mais, o país precisa desses profissionais e precisa da tecnologia”.

A engenharia, na visão do Poupança que, segundo Gatto, revelou recentemente que os presidente do IBAPE, permite financiamentos do setor imobiliário no primeiro trimestre deste atuar de forma abrangente em ano tiveram o mesmo valor do investimento das indústrias todas as áreas. Ele lembrou os durante todo o ano de 2006, evidenciando o aquecimento do profissionais que migraram para mercado. o setor financeiro nos anos de No setor de avaliações e perícias, há também carência de 1980 e 1990, em decorrência da profissionais qualificados que atendam às inovações impostas queda dos investimentos no país. pelo mercado. Há cerca de duas décadas, a peritagem era Gatto disse que hoje o Brasil uma atividade de complementação de renda, hoje exige vive um cenário diferenciado. especialização e conhecimento, como todas as outras áreas da “Balança comercial vigorosa, engenharia, arquitetura e agronomia. O IBAPE, segundo Gatto, conta do petróleo zerada, juros tem cerca de mil associados e em todo o país e, pelo menos, reais na faixa de 6 a 7%. O futuro mais três mil profissionais atuam nesta área. chegou”, afirmou. O presidente do IBAPE disse que as normas e os conhecimentos Osório Accioly Gatto “A engenharia, nos últimos aplicados na área exigem especialização, oferecida pelo próprio presidente do IBAPE cinco ou seis anos, resgatou sua Instituto, para que as avaliações sejam feitas com segurança, auto-estima. Temos mercado uma vez que exigem alto grau de de trabalho demandando”, conhecimento tecnológico. “A A engenharia, nos últimos cinco ou seis disse. Ele deu como exemplo avaliação de um imóvel hoje é um o mercado imobiliário de trabalho científico”, afirmou. O anos, resgatou sua auto-estima. Temos Sertãozinho, aquecido com os exercício profissional mudou nos mercado de trabalho demandando. investimentos no etanol. “Faltam últimos 10 anos e o país precisa casas para alugar, um sintoma retomar o nível científico. Uma Osório Accioly Gatto, presidente do IBAPE de economia revigorada”, das ações do IBAPE para qualificar exemplificou. Outro exemplo são os números da ABECIPo trabalho dos peritos é certificar estes profissionais junto ao Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e CREA-SP para que estejam habilitados para exercer a profissão.

Edemar Souza Amorim presidente do Instituto de Engenharia

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O presidente do Instituto de Engenharia fez um histórico da profissão no mundo. “Engenharia existiu quando o homem nasceu e precisou fazer ferramenta para uso pessoal”, disse. Amorim expôs um minucioso histórico, desde os monumentos que são patrimônios da humanidade, e cuja explicação para tais construções ainda é uma incógnita, até o advento da engenharia como um método científico organizado, adotado pela primeira vez na França, no século XVIII.

O Brasil foi o terceiro país a implantar uma escola de engenharia no mundo, com finalidade militar. E a abertura de ferrovias, a partir de 1860, deu impulso à economia paulista na época. Naquele tempo, como hoje, a engenharia foi responsável pela geração de riquezas e crescimento econômico. Até 1916 o Brasil implantou cinco mil quilômetros de ferrovias, atendendo à grande demanda por infra-estrutura exigida pelo comércio do café. “Nesse período surgiram os engenheiros no Brasil. Até então, a profissão era desconhecida”, conta. “A variação do PIB no século XX coincide com variação da engenharia. O desenvolvimento precisa de obras de infraestrutura, que precisa de engenharia”, disse Amorim. Ele alertou, entretanto, que é necessário planejar o crescimento, visão empregada pelos dirigentes brasileiros nos anos de 1970, período do regime militar. Ele lembrou que a usina de Itaipu foi


porque é operação de marketing, é lista de obras que não sai do a última grande obra feita no país com investimento externo antes do declínio econômico, que provocou também o êxodo de lugar, só não afundou porque não saiu do porto ainda”. A falta de mão de obra qualificada é uma das grandes pedras profissionais da engenharia para outras áreas. “O agravamento da crise econômica de 1979 levou o país à no caminho do programa. “O governo não tem gente, não tem engenheiro no governo, não tem engenheiro nas empresas estagnação. De lá para cá o Brasil parou e a engenharia também. e não tem engenheiro no Engenharia perdeu prestígio, quem se formava projeto. Sem planejamento Nossa missão é reerguer engenharia brasileira sem projeto, não tem obra”, não conseguia trabalho e a evasão de engenheiros atesta. E o empecilho não trabalhando em conjunto, num esforço que é de ordem econômica. “O para o mercado financeiro nunca foi feito no Brasil. Temos de lutar contra a dinheiro existe, não tem gente foi grande”, afirmou. Amorim disse que há seis mediocridade da maioria dos cursos de engenharia. para executar o projeto. Não meses a engenharia era tem gente para fazer edital Se não nos unirmos para pensar numa direção de concorrência – essa é uma sinônimo de desemprego. realidade triste”, concluiu. Atualmente, se o cenário é única não vamos chegar a lugar algum. Amorim encerrou sua outro, não deixa de inspirar Edemar Amorim, presidente do Instituto de Engenharia exposição afirmando que preocupação. “Hoje, o para interferir neste cenário é necessário organização entre país precisa de engenheiros. Mas está faltando qualificação. os profissionais. Segundo ele, em levantamento recente do Engenheiros são relevantes, condutores da inovação”, diz. CONFEA, foi constatado que apenas 10% dos profissionais da Ele criticou duramente a formação acadêmica oferecida área tecnológica participam de associações. Ele pontuou as no país – “é inadmissível engenheiro sair da faculdade sem diferenças entre os conselhos, sindicatos e as associações e dominar a língua inglesa e a tecnologia da informação” – e opinou: “é dever nosso participar”. a condução do PAC pelo governo federal – “o PAC é famoso

O arquiteto, conselheiro do ministérios das Cidades e Casa Civil –, se faz representar CONFEA, afirmou que nos em diversos conselhos e busca integração com entidades últimos anos os profissionais internacionais. da área tecnológica vivenciam “O desafio é buscar aprimoramento na formação profissional. um cenário confortável, Hoje temos práticas distantes das competências, principalmente principalmente em decorrência em decorrência da expansão do ensino na década de 1990”, dos investimentos previstos avaliou. Ele afirmou que o sistema educacional de nível no PAC. Entretanto, Geraldine superior busca hoje atingir todas as classes sociais. “A busca é alertou que muitos deles pela distribuição da oportunidade, mas ainda não encontrou o estão afastados do exercício caminho da qualidade”, disse. profissional em razão do baixo Nesta esfera, o Conselho atua pela adequação do corpo crescimento econômico dos docente, com capacitação do professores, e estuda formas de anos 1990 que estagnou os intervir para apoiar e dar suporte para “resgatar profissionais investimentos. que estão distantes e possam retomar a atividade”. José Roberto Geraldine Junior conselheiro do CONFEA “Há dificuldade de retomar Geraldine também usou o argumento histórico para pela falta de envolvimento e exemplificar a importância pela falta de prática. Imagine das profissões da um médico ficar 20 anos área tecnológica no Se não acompanharmos o desenvolvimento sem atender paciente, como desenvolvimento do país. tecnológico, acabamos ficando para trás. volta?”, comparou ao afirmar Disse que há cem anos o José Roberto Geraldine Junior – conselheiro do CONFEA que engenheiros, arquitetos Brasil exportava banana e agrônomos necessitam de e madeira e importava formação contínua para estarem conectados com os avanços todos os outros bens de países que detinham tecnologia. Esta tecnológicos e as mudanças da sociedade, como o advento de equação foi alterada, o que permite ao país ter uma balança novos materiais na construção civil e o Estatuto das Cidades. comercial favorável. Entretanto, ele avaliou que é necessário Ele expôs o funcionamento do CONFEA e seus objetivos. “O investir em conhecimento para que ela se mantenha e cresça. sistema fiscaliza para defender a sociedade da prática indevida “Para isso precisamos ter profissionais com atribuições e da profissão”, disse. Geraldine afirmou que o Brasil tem um habilidades”, avalia. milhão de profissionais da área tecnológica e que existem mais O conselheiro disse que um dos marcos recentes da de 800 entidades regionais onde deveriam militar, buscando regulamentação das profissões do sistema CONFEA/CREA é a envolvimento com a sociedade. resolução 1010, cuja definição envolveu entidades profissionais, O CONFEA, segundo sua exposição, investe no relacionamento instituições de ensino e o sistema para definir com certa clareza institucional com órgãos do governo federal – como os as atribuições.

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artigo

Macadâmia: a rainha das nozes Originária das florestas tropicais da região de Queensland (terras da rainha), na Austrália, a nogueira macadâmia (Macadamia integrifolia Maiden & Betche) produz uma das mais nobres amêndoas do mundo. Possui alto teor de ácidos graxos e poderosos antioxidantes, importantes para retardar o envelhecimento e proteger o sistema cardiovascular. Apesar de seus galhos moles se quebrarem com certa facilidade, ainda hoje alguns a utilizam como quebra-ventos. Em 1931 chegaram ao país, mudas de macadâmia utilizadas para fornecer sombra e também como planta ornamental, e na década de 40 o IAC (Instituto Agronômico de Campinas) iniciou os primeiros estudos sobre variedades além da viabilidade econômica. Nos anos 70 a instalação dos primeiros cultivos comerciais iniciou-se, e nos anos 80 as primeiras unidades de processamento da noz. A árvore é de grande porte, pertencente à família das Proteáceas chegando a 20 metros de altura. São cultivadas em altitudes que variam de 300 a 2000 metros e exigem precipitações médias entre 1300 a 2000 mm anuais e temperaturas médias entre 18 a 24 ºC. Suas folhas são estreitas e alongadas, bastante duras, cerosas e verdes durante todo o ano, medem entre 10 e 30 cm, podem apresentar espinhos em suas bordas e em cada entrenó aparecem três folhas. Suas flores que aparecem entre os meses de junho a setembro são brancas e se formam a partir de um cacho, parecido com os da videira, onde estão fixados os frutos carnosos, compostos por uma casca verde, externa, chamada de carpelo, que se abrem quando estes estão maduros. Após a abertura, aparece uma segunda casca, lisa, marrom, e extremamente dura, que protege em seu interior uma noz branca, muito rica em óleo. Em alguns casos existem floradas temporãs, mas estas são comuns em regiões mais frias ou de maior altitude, como o sul de Minas Gerais, propiciando colheitas fora de época. O desenvolvimento dos frutos se dá, normalmente, entre os meses de outubro a dezembro, quando se inicia a fase de enchimento dos frutos, que dura até março, mês que se inicia a colheita principal, que normalmente vai até o mês de maio. Em vários locais poderemos ver o cultivo consorciado ao plantio de café, pois as plantas de macadâmia se adaptam muito bem em regiões reconhecidamente propícias aos cafezais, além de serem mais resistentes ao frio, principalmente no caso das plantas adultas. O crescimento vegetativo destas ocorre praticamente durante o ano todo, dependendo principalmente da disponibilidade de água no solo. Plantas originárias de sementes não são recomendadas para o cultivo, pois podem demorar até 12 anos para iniciar o período reprodutivo. Atualmente as mudas utilizadas são enxertadas, e se bem cultivadas iniciam o processo reprodutivo aos 3 anos de idade. Porém a aquisição destas mudas ainda representa um alto valor no custo de implantação da cultura, visto que os preços variam de R$ 5,00 a R$ 10,00 por unidade. Os frutos são recolhidos do chão, semanalmente ou a cada 15 dias, para que não percam a qualidade devido ao contato com a umidade do Foto: Eduardo Suguino

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solo. A colheita pode ser feita mecânica ou manualmente, com auxílio de carrinhos recolhedores de nozes. Aos produtores cabe a tarefa de retirada dos carpelos, processo este, executado por máquinas chamadas descarpeladores. Antes da entrega do produto às fábricas é necessário que se faça uma pré-secagem da noz à sombra, para que a umidade fique abaixo dos 10%. A noz é muito utilizada na culinária para rechear bolos, tortas, bombons e sorvetes, proporcionando aos pratos um sabor suave e requintado. Seu óleo tem alto valor comercial, e é utilizado em cosméticos e perfumaria. É vendida nos mercados em embalagens que variam de 100 a 500g, podendo ser torrada e salgada, ou compondo com outras amêndoas, um “mix” de nozes, muito apreciadas pelos consumidores norte-americanos, que consomem cerca de 50% da sua produção, e são responsáveis por 22% da macadâmia produzida no mundo que é obtida principalmente das plantações concentradas no Havaí. A Austrália, país de origem da noz, é o maior produtor e exportador mundial (45 % do que é produzido no mundo), e seu mercado interno consome apenas 12 % deste total. Outros mercados como a China (15%), Europa (12%) e Japão (10%) também são importantes consumidores. O Brasil aparece como 7º produtor, com 3% da macadâmia produzida no mundo. Os últimos levantamentos apontam para uma área de cultivo em torno de 6.000 ha distribuídos entre os estados de São Paulo (33%), Espírito Santo (31%), Bahia (10%) e Rio de Janeiro (10%). Até o ano de 2005 havia, basicamente, 3 grandes indústrias de beneficiamento da noz: a Queennut, localizada no município de Dois Córregos – São Paulo, processando 35% da macadâmia nacional (1.150 ton/ano), a Coopmac no estado do Espírito Santo, processando 30%, (1.000 ton/ ano) e a Tribeca no estado do Rio de Janeiro, beneficiando 25% da noz (750 ton/ano). Nesta época, 90% da produção nacional eram exportados para vários países, mas a partir do fortalecimento do real frente ao dólar e a possibilidade de a noz macadâmia ficar estocada em estabelecimentos pelo mundo, os preços pagos aos produtores nacionais caíram assustadoramente gerando uma grande crise no setor de produção. Sem expectativa de uma renda alternativa, alguns produtores passaram então a instalar suas próprias unidades de beneficiamento do produto e entre os anos de 2006 e 2008, estimou-se que pelo menos 10 novas unidades de processamento foram criadas por aqueles que produzem a noz. Desde então, estes agricultores lutam pelo fortalecimento e abertura de novas possibilidades ao comércio do produto, fazendo surgir então, o mercado brasileiro de noz macadâmia.

Autores: Marcos José Perdoná – Pesquisador Científico da APTA – Ribeirão Preto Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo. Eduardo Suguino – Pesquisador Científico da APTA – Ribeirão Preto Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo. Foto: Marcos Perdoná

Foto: Marcos Perdoná


ENERGIA

Ribeirão Preto tem 50 transformadores ecológicos Transformadores que utilizam óleo vegetal, menos poluente, no lugar de óleo mineral estão sendo instalados na rede elétrica das distribuidoras CPFL Paulista e CPFL Piratininga, do Grupo CPFL Energia. A empresa investiu R$ 4,3 milhões na compra e instalação de 750 unidades e já encomendou outras 250 que serão entregues até o final deste ano. Os equipamentos fazem parte de um dos projetos de Pesquisa & Desenvolvimento que a CPFL Energia desenvolve com a Itaipu Transformadores e B&M desde 2005, e estão presentes em várias cidades do litoral e interior de São Paulo. Na região de Ribeirão Preto já foram instalados 150 equipamentos, um terço na cidade. De acordo com a empresa, o equipamento, que é chamado de “transformador ecológico”, tem muitas vantagens técnicas em relação aos similares que utilizam o óleo mineral, principalmente em relação à preservação ambiental em caso de vazamento. “A principal vantagem do transformador ecológico é a de que, em caso de acidente, o óleo vegetal é 100% biodegradável e sua degradação total ocorre em até 45 dias, enquanto o óleo mineral

levaria, aproximadamente, 15 anos para se decompor”, informa Rubens Bruncek Ferreira, diretor de Engenharia da CPFL Energia. Outro componente importante é o desenvolvimento de novas características que permitem aferir menores perdas técnicas, tornando o equipamento mais robusto perante os demais. O projeto de Pesquisa & Desenvolvimento entra em sua segunda etapa, na qual está prevista a ampliação da família dos transformadores para outras classes de potência (30, 45, 75, 112,5 kVA) e tensão (15 e 25 kV). A estimativa da CPFL Energia é a de que, dentro de um ano, os equipamentos já estarão disponíveis até mesmo para venda no mercado externo. Algumas empresas já se interessaram no licenciamento dessa tecnologia, que é de domínio da CPFL. Na primeira etapa do projeto foram desenvolvidos apenas 10 equipamentos para testes. Com a comprovação de sua eficiência, já foram adquiridas outras 750 unidades que estão sendo instaladas em 32 cidades da CPFL Piratininga e CPFL Paulista, que têm, respectivamente, 30 mil e 110 mil transformadores convencionais instalados na rede elétrica.

Revista Painel 19


crea

O engenheiro agrônomo, o exercício profissional e o CREA O Estado regulamenta uma profissão se entende que seu exercício indiscriminado “coloca em risco a sociedade”. A regulamentação cria compromissos legais e éticos profissionais, estabelecendo, através de normas específicas, direitos e obrigações aos mesmos e à sociedade. Com a regulamentação, o Estado criou os conselhos profissionais, que são autarquias federais de direito público, com recursos próprios, onde os profissionais com seus pares têm a função de fazer valer os compromissos éticos e legais, os direitos e as obrigações dos mesmos em defesa da sociedade. Resumindo, o Conselho tem como única objetiva função zelar pela qualidade e dignidade do exercício profissional em defesa da sociedade. Em 12 de outubro de 1933, no governo Vargas, tivemos a profissão agronômica como a primeira atividade tecnológica regulamentada, tendo logo a seguir ocorrido (11 de dezembro de 1933) a regulamentação dos demais profissionais com a conseqüente criação do nosso Conselho neste ano. Desde 1933 aos dias de hoje, já estamos, portanto, completando 75 anos de atividades profissionais regulamentadas e surge a indagação clara, se estamos, os profissionais e nossos conselhos, cumprindo nossa missão de profissão regulamentada em defesa da sociedade. Do início (1933), quando éramos talvez algumas centenas de profissionais, duas ou três profissões tecnológicas para mais de milhares de profissionais hoje com inúmeras profissões regulamentadas, tecnos, tecnólogos e acrescido de um avanço tecnológico estupendo, me parece quase impossível nosso Conselho cumprir sua missão sem uma reflexão profunda de cada um dos profissionais na retomada de nossa missão: “exercício profissional legal e ético, em defesa da sociedade”. O número e a diversidade de profissionais, tecnos e tecnólogos presentes hoje no mercado gerou uma acirrada disputa de mercado de trabalho fazendo com que o mesmo cobrasse cada dia mais do Conselho atitudes e atividades que não condizem com sua missão, desviando-o dos objetivos para os quais foi criado. O problema pessoal de competição no mercado de trabalho no atual planeta globalizado, neoliberal, capitalista, incita compreensivamente que cada um acredite que o problema está no sombreamento das áreas, no salário mínimo profissional, no número de escolas criadas, nas horas trabalhadas, desemprego, nas cadernetas de obra, nos caneteiros, etc. etc., produzindo atividades e discussões individualistas em detrimento do coletivo e principalmente de nossa missão que é essencialmente coletiva – defesa da sociedade. Somos gregários, portanto vivemos coletivamente, temos que raciocinar e agir coletivamente deixando de lado de uma vez por todas os problemas e atitudes pessoais em prol do exercício profissional e da sociedade. A teoria do uso e desuso pode estar mais próxima de nós do que imaginamos, com o conseqüente esquecimento da sociedade que redundará na desregulamentação profissional. A tão alardeada valorização profissional, que tanto falamos, nada mais é que uma campanha para a sociedade sobre as vantagens econômicas e de segurança que a mesma obtém ao contratar um profissional legalizado pelo nosso Conselho. O profissional não tem que ser imposto à sociedade. A sociedade é nosso consumidor e portanto tem que ser conquistada por nós. Ter sucesso profissional ou não vai depender cada dia mais de competência, que deve ser alcançada pelo aperfeiçoamento pessoal. Resta ao Conselho cumprir sua missão fiscalizando os profissionais, exigindo ética e legalidade, eliminando os maus profissionais através da fiscalização eficiente e a presença dos mesmos em toda obra tecnológica. Se na área agronômica tivéssemos fiscalização e esclarecimento aos produtores rurais da necessidade do engenheiro na produção de alimentos, com certeza o meio ambiente agradeceria; teríamos alimentos mais saudáveis e iríamos descobrir que o número de engenheiros agrônomos formados no país seria insuficiente para a demanda. O Conselho cumpre sua missão de defesa da sociedade, o planeta agradece e o engenheiro agrônomo estará valorizado. Reconhecemos o valor de nosso Conselho nestes 75 anos passados, mas entendemos que temos que parar de pensar e agir individualmente, e coletivamente nos unirmos em torno de nossos dirigentes na busca do coletivo. Levi Montebelo Conselheiro CREA-SP | Vice-presidente sudoeste da CONFEAB | Presidente da COOTA-SP


ABASTECIMENTo

Brasil

conclui maior colheita de grãos da história

A Conab confirmou a previsão anunciada durante a Agrishow 2008: a safra de grãos deste ano foi 9,2% maior que a passada, totalizando 143,87 milhões de toneladas. Segundo o órgão federal, o Brasil nunca produziu tantos alimentos como na safra atual (2007/08). Esta cultura é o grande destaque do período. Com duas colheitas no ano, o milho participou com 58,59 milhões de toneladas, ou 14% (7,21 milhões toneladas) a mais que na safra passada. Já a soja cresceu 2,8%, o equivalente a 1,66 milhões de toneladas. Outro grão em evidência foi o trigo, com 2,23 milhões toneladas (safra 2006/07) para 3,82 milhões de toneladas (safra 2007/08), diferença de 71,2% para cima. Apesar do aumento, esta quantidade ainda não é suficiente para abastecer o mercado interno, o que leva o Brasil a importar parte do produto da Argentina. Por outro lado, as exportações dos outros grãos cresceram. Até o final do ano serão embarcadas 52,17 milhões toneladas de milho, soja, feijão e algodão. De janeiro a julho, a saída Safra de trigo aumentou, mas ainda é insuficiente desses produtos e seus derivados já rendeu ao país US$ 13,29 bilhões. A balança comercial do para abastecer o mercado interno agronegócio, nesse mesmo período, contabilizou US$ 40,11 bilhões em exportações. De acordo com Wagner Rossi, presidente da Conab, este panorama consolida o agronegócio como um dos principais protagonistas da economia brasileira. A lista dos maiores estados produtores de grãos é encabeçada pelo Paraná (21,1%), seguida pelo Mato Grosso (19,7%), Rio Grande do Sul (15,6%) e Goiás (9,1%). No que se refere à área semeada, o país saiu de 46,21 milhões para 47,36 milhões de hectares. A região Centro-Sul responde por 79% do total. O milho e a soja são também as culturas que mais se beneficiaram com a ampliação das terras cultivadas, com 14,71 e 21,33 milhões de hectares, respectivamente. A Conab divulgou, ainda, a quantidade de alimentos que o governo e o setor privado mantem armazenada para a entressafra. Os estoques de passagem são de 10,63 milhões de toneladas de milho, 1,03 milhão de toneladas de arroz, 3,03 milhões de toneladas de soja, 535,5 mil toneladas de feijão e 2,28 milhões de toneladas de farelo de soja. A pesquisa foi realizada por cerca de 80 técnicos, entre os dias 18 e 22 de agosto. Eles consultaram agricultores, cooperativas, sindicatos, órgãos públicos e privados dos principais estados produtores.

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AGRONOMIA

A matéria-prima da bioenergia Os avanços nas pesquisas das matérias primas para a produção de agroenergia são a tônica das palestras que acontecerão entre os dias 15 e 18 de outubro, na AEAARP. A programação do II Workshop Agroenergia: Matérias-Primas e da Semana de Agronomia tem como palestrantes pesquisadores da Embrapa, APTA, universidades como a USP e UNESP, ANP, além de dirigentes sindicais. O engenheiro agrônomo José Roberto Scarpellini coordena o evento e afirma que o objetivo é expor as oportunidades de pesquisa com os biocombustíveis e como o produtor rural se situa em um ambiente de constante renovação tecnológica. Neste ano as oleaginosas, como algodão, amendoim e a soja, terão foco mais apurado nas palestras. Na avaliação de Scarpellini esta decisão atende a um posicionamento das linhas de pesquisa e do mercado, que vêem estas culturas como as mais promissoras para a produção de biocombustíveis nos próximos anos. A fitossanidade também é uma preocupação dos produtores e pesquisadores que está contemplada na programação. Será apresen-

tado um estudo em andamento sobre a “mancha laranja”, uma doença da cana-de-açúcar que ataca plantações de outros países. Apesar de ainda não ser registrada em território brasileiro, deve ser evitada e combatida da forma correta caso venha a surgir. “Para garantir que a produção seja sustentável é necessário que estejamos preparados para possíveis pragas ou doenças quarentenárias”, afirma Scarpellini. Além da exposição das pesquisas envolvendo as matérias primas, o evento vai abordar também a viabilidade da utilização do biodiesel em máquinas agrícolas, os aspectos econômicos que envolvem o cultivo da canade-açúcar e a utilização do bagaço como matéria-prima para a produção do etanol. As inscrições para o Workshop de Agroenergia e a Semana Agronômica para associados da AEAARP, do Sindicato Rural e Funcionários públicos são gratuitas e podem ser feitas pelo telefone (16) 2102.1700 ou pelo e-mail aeaarp@aeaarp.com.br e agroenergia@ aeaarp.org.br (www.aeaarp.org.br www.infobibos.com/agroenergia).

ALMOÇO COMEMORATIVO AO DIA DO ENGENHEIRO AGRÔNOMO

O tradicional almoço dos agrônomos acontecerá no dia 18, a partir das 12h, na chácara Villa do Lago. Todos os anos a festa congrega centenas de profissionais de Ribeirão Preto e região e acontecerá por adesão. Os interessados devem entrar em contato com Marina pelo telefone (16) 2102.1700.

22 AEAARP

Rodovia Anhanguera km 305,5 + 600 m (próx Novo Shopping)


Programação

Semana Agronômica 15 a 18 de outubro de 2008

“II WORKSHOP AGROENERGIA: MATÉRIAS PRIMAS” Local: Auditório da AEAARP - Rua João Penteado, 2237

Dia 15 de Outubro de 2008 – Quarta-feira 8h30

Energias limpas • Política e perspectivas para os bicombustíveis - Manoel Policarpo Castro Neto – ANP • Energia elétrica do bagaço da cana e desenvolvimento – Engº Agrº Jairo Menezis Balbo – Usina São Francisco • Aspectos econômicos do Biodiesel – Silene Maria de Freitas – APTA/IEA • Os bicombustíveis e o produtor rural – Joaquim Augusto Azevedo Souza – Presidente do Sindicato Rural de Ribeirão Preto

11h30 Debate Mediadora: Mariel Silvestre - COMDEMA 14h00 Bicombustíveis e o cenário prático • Biodiesel em Tratores – Profº Afonso Lopes - Laboratório de Engenharia Rural da FCAV/Unesp de Jaboticabal - SP • Os bicombustíveis e o meio ambiente – Engº Agrº Ariovaldo Luchiari Júnior – Embrapa Meio Ambiente • Fitossanidade em culturas oleaginosas – Engº Agrº Shizuo Dodo - ANDEF • Oleaginosas para produção de biodiesel – Engº Agrº Dílson Rodrigues Cáceres – CATI/DSMM 17h30 Debate Mediador: Engº Agrº José Roberto Scarpellini - AEAARP

Dia 16 de Outubro de 2007 - Quinta-feira 8h30

Cenário do Etanol • Aspectos econômicos da cultura da cana-de-açúcar Sérgio Torquato – APTA/IEA • Variedades de cana-de-açúcar – Engº Agrº Marcos G. Landell – Centro de Cana – APTA/IAC • Fracionamento do bagaço da cana-de-açúcar por hidrólise ácida – Maria das Graças A. Felipe - Escola de Engenharia de Lorena -USP. • Adubação Nitrogenada em cana-de-açúcar – Engº Agrº André César Vitti – APTA Regional - SAA

11h30 Debate Mediador: Engº Agrº Marcos José Perdoná APTA Regional – SAA 14h00 Manejo sustentável dos solos • Manejo sustentável de plantas daninhas - Engº Agrº Roberto Antonio Arévalo - APTA Regional – SAA Espaço técnico Syngenta

semana agronômica

está no centro dos debates

• Plantas para cobertura do solo e adubação verde - Engº Agrº Edmilson José Ambrosano – APTA Regional – SAA • Sistemas de preparo de solo e plantio de cana-de-açúcar Engº Agrº Dr Fábio Luiz Ferreira Dias – Centro de cana – IAC Espaço CREA-SP

O CREA no contexto da bioenergia • O Engenheiro Agrônomo, o exercício profissional e o CREA – Engº Agrº Levi Montebelo – CREA-SP

17h30 Debate Mediadora: Engª Agrª Érika A. G. Scaloppi APTA Regional – SAA

Dia 17 de outubro de 2008

Espaço reservado a Oficinas Tecnológicas” • Pragas e doenças da cana-de-açucar Engª Agrª Érika A. G. Scaloppi APTA Regional – SAA Engª Agrª Terezinha M. Cividanes APTA Regional – SAA • Práticas conservacionaistas em culturas oleaginosas Engº Agrº Roberto Botelho Branco APTA Regional – SAA Engº Agrº Marcos José Perdoná APTA Regional – SAA

Dia 18 de outubro de 2008

A partir das 12h - Almoço comemorativo ao dia do Engenheiro Agrônomo – por adesão Chácara Villa do Lago

Realização

Patrocínio

Revista Painel 23


ABNT

Projeto de norma da ABNT está em consulta pública A AEAARP participou, representada pelo engenheiro José Roberto Hortencio Romero, do projeto de norma técnica da ABNT-Associação Brasileira de Normas Técnicas e que está sob consulta pública até o final deste mês de outubro. Romero redigiu o projeto juntamente com uma equipe composta de vários profissionais de nível nacional PN 02.107.02-001 representantes de fabricantes de tubos, universidades, é o número do projeto fabricantes de equipamentos, prefeituras, autarquias de norma que está sob municipais, estaduais e federais. consulta nacional até o dia O engenheiro, que é vice-presidente da AEAARP, coordenou os trabalhos desta equipe para a elaboração da 27 de outubro e receberá norma. Segundo ele, até o dia 27 de outubro, profissionais colaborações por meio do da área poderão expressar sua colaboração ao projeto no site www.abntnet.com.br/ site www.abntnet.com.br/consultanacional. consultanacional A nova norma vai versar sobre “Execução de obras de esgoto sanitário e drenagem de águas pluviais utilizandose tubos e aduelas de concreto”. “A participação dos profissionais da engenharia é essencial para que possamos ter uma regra exeqüível e condizente com a realidade, e foi neste sentido que trabalhamos”, afirma Romero.

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NOTAS E cursos

CURSOS

Ribeirão ganha seu primeiro Atlas A USP em parceria com o Laboratório de Cartografia do Centro Universitário Barão de Mauá lançou o primeiro Atlas de Ribeirão Preto, que tem como público alvo os estudantes dos níveis fundamental e médio. O Atlas traz a configuração do espaço geográfico, ao longo da história da cidade, por meio de variadas linguagens (textual, pictórica, gráfica e outras) em formato CD-Rom. O formato permitirá a interatividade, além de apresentar movimentos e músicas. “Esse Atlas é inédito. São poucas as cidades que têm seu atlas. Todos os assuntos abordados mostram a preocupação ambiental, mas para chamar ainda mais a atenção para o tema incluímos a palavra no título, diz a coordenadora do Elo-Grupo de Estudo da Localidade, professora Andréa Coelho Lastória.

NOVOS ASSOCIADOS Arquitetura Adriana Rita Duarte Junqueira Arquitetura e Urbanismo Nara Queiroz Pinheiro Engenharia Civil Antonio Luiz Gama Castro Geraldo Yassuo Maruyama Marcelo Jacques da Silva Ribeiro Mauricio Alves de Castro

Gestão de Contrato de Projetos de Obras e Engenharia: Uma abordagem jurídica e administrativa

14/10/08 a 15/10/08 - Das 8h30 às 17h30 Instrutores: Alberto Sogaya Fernando Henrique Cunha Lucas Pessôa Pedreira Lapa Sérgio Mylius da Silva Investimento: Associados do IE: R$ 1.920,00 Não Associados: R$ 2.560,00 Incluso no custo: material didático, coffee breack, estacionamento e certificado Descrição: Os participantes irão aprender como encarar a administração de contrato como um processo sistêmico, a negociar um contrato de uma forma bem sucedida, redigir adequadamente os termos e as condições do contrato principal, entender e organizar a administração de um contrato de engenharia e construção, analisar e mitigar os riscos do projeto de forma eficiente, administrar a execução de contratos de uma forma profissional e eficiente, e solucionar as controvérsias e os conflitos de uma forma eficaz.

Formação Auditores Ambientais

10/11/08 a 14/11/08 - Das 18h30 às 22h45 Instrutor: Luiz Fernando J. Assumpção Investimento: Associados do IE: R$ 600,00 Não associados: R$ 720,00 Incluso no custo: material didático, coffee break e certificado Descrição: proporcionar aos participantes o conhecimento da prática de como bem executar auditorias ambientais, de conhecer e poder desenvolver as habilidades específicas de um auditor e de receber “Qualificação em Treinamento” como um Auditor Ambiental. Tomar conhecimento de como se planeja e conduz uma auditoria ambiental e como se elabora um Relatório de Auditoria, podendo assim prestar serviços profissionais para qualquer tipo de empresa. Local: Av. Dr. Dante Pazzanese, 120, Vila Mariana, São Paulo/SP Informações: (11) 3466-9253 www.institutodeengenharia.org.br e-mail: cursos@iengenharia.org.br

Espaço gourmet e deck novo na AEAARP antes

Engenharia Mecânica Adonis Tarcisio Soeira Estudante - Agronomia e afins Alex Danilo Rodrigues Estudante - Arquitetura e Urbanismo Adriano Ferreira Fernandes fazendo reforma

Estudante - Engenharia Civil e afins Jefferson Franculino da Silva Luciano Marcelo Magalhães Alpino Marcos Jose Ferraz Ribas Wendel Douglas de Mello Estudante - Engenharia Mecânica Marcos Maciel Técnico em Eletrotécnica Eduardo Henrique de Souza Nogueira

Quem visitar a AEAARP vai ver a casa em obras. A sede da Associação acaba de ganhar um espaço gourmet e um deck para eventos internos e locação. O projeto é assinado pelo arquiteto Carlos Alberto Gabarra. A obra teve início na segunda quinzena de setembro e a previsão é que esteja concluída até a segunda quinzena de novembro. Revista Painel 25



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