Ano XII nº 174 setembro/2009 Associação de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Ribeirão Preto
Para onde vai o lixo? 28 dos 250 bairros da cidade têm coleta seletiva. Mas a destinação continua sendo o grande entrave para grandes cidades. Semana Agronômica AEAARP prepara mais uma semana para discutir novidades em agroenergia
Engenharia Há quatro décadas surgiam os primeiros cursos de graduação em Engenharia na cidade
AEAARP Projeto de ampliação está pronto e prevê mais 300 m2
Foto: Fernando Battistetti
painel
AEAARP ASSOCIAÇÃO DE ENGENHARIA ARQUITETURA E AGRONOMIA DE RIBEIRÃO PRETO
Editorial
Eng. civil Roberto Maestrello
A sociedade civil tem diversos instrumentos de manifestação. O primeiro deles é o voto – direito reconquistado depois de duas décadas de regime de exceção. Entidades de classe, como a AEAARP, são também fóruns de discussão e têm condições técnicas e políticas de colaborar com os projetos desenvolvidos pelo município. É bom lembrar que a sobrevivência de entidades como a nossa esteve ameaçada naqueles 20 anos de regime autoritário. Os conselhos municipais, instituídos há mais de uma década, são também instrumentos de participação, pois contam com a legítima representação de todos os segmentos da sociedade civil, ainda que suas atribuições sejam limitadas por seu caráter meramente consultivo. A AEAARP tem representantes nos conselhos afetos à sua área de atuação, como o Conppac, o Condema e o Comur. Nossos associados com assento nesses conselhos, a maioria composta de dirigentes da Associação, pautam suas atuações e intervenções nas questões técnicas apresentadas nesses fóruns, buscando o desenvolvimento sustentável de nossa cidade, seguindo orientação dos nossos anseios em respeito ao estatuto e à tradição de isenção político-partidária de nossa entidade. O que temos acompanhado, entretanto, é um grande desrespeito às regras democráticas, que, inclusive, estão estabelecidas por leis, como o Estatuto das Cidades. A Prefeitura e a Câmara Municipal têm promovido alterações no Plano Diretor antes mesmo do previsto em lei e, o que é mais grave, sem sequer consultar o Comur, que é o foro natural de análise e discussões dos eventos dessa natureza. Atualmente a administração municipal quer mudar a composição do Condema para abrigar mais membros oficiais do que da sociedade, tentando, com isso, alterar o equilíbrio tão necessário entre as forças ali representadas. A AEAARP manifestou-se publicamente na imprensa e na Revista Painel contra a chamada Lei dos Puxadinhos. Estivemos na audiência pública da Câmara Municipal, que antecedeu ao engavetamento da primeira proposta e fizemos questão de registrar nossa participação, tanto na lista de presença quanto nas intervenções, com críticas e sugestões ao Projeto de Lei, o que ficou registrado através de nossas intervenções, que contaram com o endosso da maioria dos presentes, pela aclamação de nossas ponderações. E será dessa forma que defenderemos a participação dos conselhos nas decisões do Executivo e do Legislativo. Afinal, os governantes foram eleitos pelo voto popular, mas o exercício do poder requer boa dose de bom senso, de articulação e de respeito aos clamores dos cidadãos. Nossas portas sempre estarão abertas ao diálogo. Assim como estamos dispostos a lutar, sempre, contra iniciativas individualistas e o desrespeito às regras democráticas. Eng. civil Roberto Maestrello Presidente da AEAARP
Expediente
Rua João Penteado, 2237 - Ribeirão Preto-SP - Tel.: (16) 2102.1700 Fax: (16) 2102.1700 - www.aeaarp.org.br / aeaarp@aeaarp.org.br
Roberto Maestrello Presidente
Geraldo Geraldi Junior Vice-presidente
DIRETORIA OPERACIONAL Diretor Administrativo: Hugo Sérgio Barros Riccioppo Diretor Financeiro: Ronaldo Martins Trigo Diretor Financeiro Adjunto: Luis Carlos Bettoni Nogueira Diretor de Promoção da Ética de Exercício Profissional: José Anibal Laguna DIRETORIA FUNCIONAL Diretor de Esportes e Lazer: Newton Pedreschi Chaves Diretora de Comunicação e Cultura: Maria Ines Cavalcanti Diretor Social: Paulo Brant da Silva Carvalho
Associação de Engenharia Arquitetura e Agronomia de Ribeirão Preto
DIRETORIA TÉCNICA Engenharia Agrimensura e afins: José Mario Sarilho Agronomia, Alimentos e afins: Kallil João Filho Arquitetura, Urbanismo e afins: Luis César Barillari Engenharia Civil, Saneamento e afins: Edison Pereira Rodrigues Engenharia Elétrica, Eletrônica e afins: Tapyr Sandroni Jorge Geologia, Engenharia de Minas e afins: Caetano Dallora Neto Engenharia Mecânica, Mecatrônica, Ind. de Produção e afins: Giulio Roberto Azevedo Prado Engenharia Química e afins: Paulo Henrique Sinelli Engenharia de Segurança e afins: Luci Aparecida Silva Computação, Sistemas de Tecnologia da Informação e afins: Orlean de Lima Rodrigues Junior Engenharia de Meio Ambiente, Gestão Ambiental e afins: Gustavo Barros Sicchieri
Índice Lixo
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Semana Agronômica
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Plástico
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Engenharia
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MP quer que Ribeirão organize estrutura para coleta de lixo útil
Tecnologia impulsiona a agronomia
Indústria do plástico lança campanha nacional sobre consumo responsável
40 anos de engenharia em Ribeirão
DIRETORIA ESPECIAL Universitária: Hirilandes Alves Da Mulher: Nadia Cosac Fraguas De Ouvidoria: Arlindo Antonio Sicchieri Filho CONSELHO DELIBERATIVO Presidente: Luiz Gustavo Leonel de Castro Dilson Rodrigues Caceres Edgard Cury Eduardo Eugenio Andrade Figueiredo Elpidio Faria Junior Ericson Dias Melo Hideo Kumasaka Inamar Ferraciolli de Carvalho José Fernando Ferreira Vieira José Roberto Scarpellini
Luis Antonio Bagatin Luiz Fernando Cozac Luiz Gustavo Leonel de Castro Manoel Garcia Filho Nelson Martins da Costa Pedro Ailton Ghideli Ricardo Aparecido DeBiagi Sergio Luiz Coelho Wilson Luiz Laguna
CONSELHEIROS TITULARES DO CREA-SP REPRESENTANTES DA AEAARP Câmara Especializada em Engenharia Civil: Wilson Luiz Laguna Câmara Especializada em Engenharia Mecânica: Giulio Roberto Azevedo Prado
Meio ambiente
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Opinião
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REVISTA PAINEL Conselho Editorial: Maria Inês Cavalcanti, José Aníbal Laguna, Giulio Roberto Azevedo Prado e Hugo Sérgio Barros Riccioppo
Indicador Verde
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Coordenação Editorial: Texto & Cia Comunicação – Rua Paschoal Bardaro, 269, cj 03, Ribeirão Preto-SP, Fone (16) 3916.2840, contato@textocia.com
Pesquisa
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Editores: Blanche Amâncio – MTb 20907 e Daniela Antunes – MTb 25679 Colaboração: Georgia Rodrigues
Agronomia
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Publicidade: Promix Representações - (16) 3931.1555 - revistapainel@globo.com Adelino Pajolla Júnior / Jóice Alves
AEAARP
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Trânsito
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Notas e Cursos
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Horário de funcionamento
Ciência
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AEAARP Das 8h às 12h e das 13h às 17h Fora deste período, o atendimento é restrito à portaria.
Controle de mosca em avicultura de postura e suinocultura
A tragédia das escolas de Engenharia
Projeto que gera energia elétrica com roda d’água ganha prêmio
A tecnologia natural a serviço da produtividade agrícola
Sede da AEAARP será ampliada
USP e Autovias levam discussão internacional sobre trânsito para a AEAARP
A criação do universo – big bang ou gênesis?
Tiragem: 2.500 exemplares Locação e Eventos: Solange Fecuri - (16) 2102.1718 Editoração eletrônica: Mariana Mendonça Nader - mmnader@terra.com.br Impressão e Fotolito: São Francisco Gráfica e Editora Ltda. Fotos: Fernando Battistetti. Painel não se responsabiliza pelo conteúdo dos artigos assinados. Os mesmos também não expressam, necessariamente, a opinião da revista.
CREA Das 8h30 às 16h30
Foto: Fernando Battistetti
lixo
MP quer que Ribeirão
organize estrutura para
coleta de lixo útil
A Prefeitura Municipal coleta 500 toneladas de lixo por dia em Ribeirão Preto. Desse total, cerca de 7 toneladas são de lixo útil, segundo o Daerp (Departamento de Água e Esgoto de Ribeirão Preto). Mas o Ministério Público (MP) estima uma média de 3 toneladas/dia. O MP quer que a estrutura para coleta do lixo útil seja organizada e ampliada. A primeira cooperativa de agentes ambientais – como são chamados os trabalhadores que antes eram conhecidos como ‘catadores’ –, a Cooperútil, ficou inativa a partir do final do ano passado, acumulando problemas, inclusive dívida junto ao INSS. Já os agentes ambientais da Cooperativa Mãos Dadas recebem, hoje, pouco mais ou pouco menos de R$ 200 mensais. A Prefeitura tem de custear a estrutura da Cooperativa Mãos Dadas – a reportagem da Painel solicitou informações sobre esse custo, mas não obteve resposta até o fechamento desta edição. Em abril deste ano, o promotor do Meio
Ambiente Urbano, Sebastião Donizete Lopes dos Santos, instaurou inquérito para apurar os problemas relativos à coleta de lixo na cidade. A partir de então, foi criada uma comissão formada pelo Daerp, Coderp (Companhia de Desenvolvimento Econômico de Ribeirão Preto), Secretaria de Infraestrutura, Secretaria de Planejamento, Secretaria da Assistência Social e MP, que se reúne semanalmente para buscar soluções para os problemas que se arrastam há anos e discutir alternativas para ampliar a coleta de lixo útil. A coleta seletiva está implantada em 28 dos 250 bairros do da cidade. Segundo Marilene Falsarella, chefe da Seção de Resíduos Sólidos do Daerp, surgiu a ideia de criar em Ribeirão Preto o que já está sendo conhecido com o sugestivo nome de “ecoponto”. Serão locais específicos para recebimento de lixo útil com vigilância permanente, explicou Falsarella. “Já tivemos contêineres espalhados pela cidade, mas a experiência
não foi positiva. As pessoas jogavam lixo orgânico e até animais mortos junto com o lixo útil, além de atearem fogo nos contêineres”, relata. A reportagem de Painel não conseguiu retorno da superintendência do Daerp sobre o sistema de vigilância permanente anunciado pela chefe da Seção de Resíduos Sólidos. Há dois anos o município vem fazendo a coleta seletiva porta-a-porta. O trabalho de recolhimento dos recicláveis começa às 7h da manhã, mas na madrugada os catadores independentes passam coletando o que lhes interessa. “Como não recolhem tudo o que é reciclável, abrem sacos, espalham lixo pelas ruas e desperdiçam muita coisa”, explica Falsarella, que está há 10 anos no cargo e espera que a ideia dos ecopontos ajude a minimizar o problema.
Problema do lixo na cidade é antigo
Em 2001, catadores de lixo invadiram o aterro sanitário. Em 2003, por intervenção do MP, o problema teria um encamiRevista Painel
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lixo
Fotos: Fernando Battistetti
Antigo aterro sanitário de Ribeirão Preto.
Projeto Mãos Dadas Em 2008 foi criada a Cooperativa Mãos Dadas, que conta com 77 agentes e estava instalada inadequadamente em um galpão no Parque Permanente de Exposições até 24 de julho deste ano, quando mudou-se para o bairro Jardim Branca Salles. Segundo a assistente social Eliana Aparecida Camolese Borges, da Secretaria de Assistência Social e técnica do Programa Mãos Dadas, a cooperativa funciona em dois turnos, das 8h às 14h e das 14h às 20h. A Cooperativa Mãos Dadas tria e comercializa cerca de 6 toneladas de material por dia. Mas, segundo Camolese, precisaria de 60 pessoas em cada turno para dar conta de todo o trabalho. Para isso, informa, está havendo um processo de seleção de novos cooperados. nhamento com a criação da Cooperativa de Coleta, Triagem, Reciclagem e Comercialização de Materiais Orgânicos e Inorgânicos (Cooperútil), gerenciada pelo Daerp. O MP informou que a cooperativa já teve problemas administrativos e financeiros. No final de 2008 ela se desestruturou e ficou inativa. Em 2007 a própria cooperativa pediu intervenção do MP denunciando que lixo hospitalar estava sendo coletado junto com o lixo útil. O promotor Sebastião Santos instaurou inquérito, em abril de 2009, e novos problemas surgiram durante as apurações: a cooperativa estava funcionando inadequadamente no aterro sanitário, estava desorganizada, tinha dívida com o INSS – solucionada há cerca de um mês – e, além do mais, parte do material coletado estava voltando para o aterro sanitário. Sebastião Santos lembra que a coleta seletiva é mais cara ao município e por isso o material reciclável tem de ter destinação correta. 6 AEAARP
Promotor Sebastião Santos
Não há infraestrutura adequada para ampliar hoje a coleta seletiva e absorver todo o lixo útil.
Agentes ambientais da Cooperativa Mãos Dadas recebendo treinamento sobre segurança no trabalho.
O sistema de coleta de lixo em Ribeirão Preto Contratualmente, a Prefeitura pode coletar até 4% do lixo doméstico seletivamente. Desses 4%, a Prefeitura pode reduzir até 25% ou aumentar 25% a quantidade de lixo útil coletada, sem mexer no contrato, que também proíbe que o município aumente ou reduza a coleta seletiva além do limite estipulado. O MP propõe que esse percentual de coleta seja elevado. “Não estabelecemos uma meta definida; estabelecemos a meta de aumentar, mas isso tem de ser licitado novamente”, explica o promotor Sebastião Santos, lembrando que não há previsão orçamentária para aumentar ainda neste ano a coleta seletiva, mesmo dentro do que é autorizado pelo contrato; ou seja, isso só poderia ser feito a partir de 2010. O promotor informa que algumas conversas com representantes da Prefeitura levam à possibilidade de aumentar esses 25% a partir do ano que vem. O Daerp não informou se tem e qual a meta do município para ampliar a coleta seletiva. Além de não haver verba para este ano, o MP é contra o aumento imediato porque também, segundo ele, não há infaestrutura adequada para absorver esse aumento de lixo seletivo. Existia uma estrutura até o ano passado, que era a Cooperútil, para quem a Prefeitura destinava o lixo útil recolhido diariamente. Mas por problemas administrativos e financeiros, ela parou de funcionar no final do ano. “Por alguma razão que ainda não detectamos, essa estrutura acabou se estrangulando”, afirma o promotor. A partir de março/abril deste
ano, alguns cooperados da Cooperútil passaram a atuar na Cooperativa Mãos Dadas – esta funcionava independentemente, recolhendo lixo diretamente na cidade e também recebendo lixo útil das empresas com quem mantinham, e ainda mantêm, convênios. A Cooperútil estava ”inviável”, segundo o promotor, mas recebendo o lixo útil coletado pelo município. Atualmente, de fato em operação, só existe a Mãos Dadas, já que a Cooperútil está se reorganizando. “A ideia é resgatá-la. A Cooperútil é viável administrativamente, mas hoje existe juridicamente e, de fato, não opera”, explica o promotor. Segundo ele, a intenção do grupo formado para buscar alternativas para a coleta de lixo na cidade é que haja várias cooperativas atuando em vários setores do município. “No fundo o que a gente quer é criar núcleos de reciclagem espalhados pela cidade. Se cada um não tiver uma usina de reciclagem, pelo menos que tenhamos algumas usinas regionais”. Além da usina do Branca Salles, está sendo criada outra no Simioni – esta em fase de licenciamento ambiental – e estima-se que em seis meses esteja pronta. A usina do Branca Salles pode reciclar em torno de 3 toneladas de lixo/ dia. Com a criação da usina do bairro Simioni essa quantidade poderá ser triplicada. “Mas é preciso primeiro criar a estrutura de reciclagem para depois pensar em ampliar a base de coleta. Com essa estrutura de hoje, estamos no limite”, explica o promotor.
O quilo do papelão, comercializado para reciclagem, era vendido a R$ 1,60 antes da crise econômica mundial, iniciada no segundo semestre de 2008. Hoje, paga-se, no máximo, R$ 0,13 pelo quilo do papelão. Segundo Eliana Camolese, da Cooperativa Mãos Dadas, os agentes ambientais recebem entre R$ 180 e R$ 250 por mês, dependendo da quantidade de horas trabalhadas, além de cesta básica da Prefeitura. A administração municipal, em parceria com empresas locais, arca com todas as despesas de funcionamento da usina de reciclagem e a receita apurada com a venda do material reciclável é rateada entre os agentes sanitários cooperados. Segundo Maria Sodré, secretária da Assistência Social do município, antes da crise econômica, os agentes recebiam cerca de um salário mínimo por mês. O promotor Sebastião Santos diz que é preciso buscar alternativas para essa situação. Sodré diz que já há uma empresa parceira contribuindo financeiramente com a Cooperativa, mas que é preciso conseguir vários outros parceiros para manter a renda mensal mínima dos agentes. Há, ainda, outras empresas parceiras do Projeto Mãos Dadas: Banco do Brasil – Cia. de Bebidas Ipiranga – ACI – Campez Contabilidade – Coc – Tetra Pack – Rede Savegnago – Grupo Pão de Açúcar – USP Recicla – Ong Doe seu Lixo – Rotary Clube Jardim Paulista. Revista Painel
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lixo
Diretor da Exposucata
fala sobre a questão dos
recicláveis no Brasil A Secretaria Nacional de Saneamento divulgou que cerca de 60% dos resíduos sólidos urbanos no Brasil são de construção ou demolição. De olho no mercado, muitos negócios estão espalhados pelo país, como alternativa de fonte de renda e trabalho para muita gente e opção de material diferenciado de construção para profissionais e consumidores finais. Mas a reciclagem, no Brasil, é ainda assunto para muita conversa. Especialistas reclamam da falta de programas de incentivo ou políticas públicas para o setor. Afirmam que já existe uma tendência da população em separar o lixo reciclável, mas não há a contrapartida da coleta e destinação devidas, o que gera frustração nas pessoas. O cenário ainda conta com empresários que desconhecem o mercado exterior, a visão restrita de administradores públicos ante o custo alto da coleta seletiva de lixo, quando analisado isoladamente, e a dificuldade da logística reversa para buscar, ao final do consumo, o material reciclado e fazê-lo virar matéria-prima. Para falar sobre o assunto, o administrador Adriano Assi, diretor da Exposucata 2009 (Feira e Congresso Internacional de Negócios da Indústria de Reciclagem, que aconteceu de 8 a 10 de setembro em São Paulo, e está em sua quarta edição), concedeu entrevista à Painel. Assi falou na 4ª Exposucata sobre “Os caminhos para a exportação da sucata brasileira: riscos e oportunidades”. Painel – Qual o cenário da coleta seletiva no Brasil? Adriano Assi – A maioria dos municípios brasileiros não tem coleta seletiva. Com certeza, menos de 10% das cidades no país fazem esse tipo de coleta e, mesmo assim, o serviço não atende a 100% da localidade. Segundo o Compromisso Empresarial para Reciclagem (CEMPRE)*, a coleta seletiva custa cerca de 3 a 4 vezes mais que a coleta de lixo convencional. Existem, porém, muitas vantagens que podem ser listadas para o município que implanta a coleta seletiva do lixo. Há o benefício ambiental, que é indiscutível. Há o benefício econômico, com a volta do lixo para a cadeia produtiva como matéria-prima, e o benefício social, com a geração de empregos na base da pirâmide. Painel – O que o Sr. pode falar dos postos de trabalho e renda gerados pelo setor?
8 AEAARP
Adriano Assi – Eu questiono até onde as cooperativas de catadores promovem a inclusão social. Que inclusão social é essa em que a pessoa continua na rua puxando carroça? O recolhimento de impostos e direitos trabalhistas nas cooperativas não são tão enfáticos, vamos dizer assim. A maioria das cooperativas no Brasil não é autossustentável. Painel – Desde quando o Brasil começou a reciclar resíduos sólidos urbanos? Adriano Assi – Existem sucateiros funcionando há 90 anos no Brasil. Painel – Quais os exemplos pioneiros no Brasil de iniciativas de reciclagem de resíduos sólidos urbanos? Adriano Assi – Em Atibaia, interior paulista, existe uma grande usina de reciclagem de resíduos sólidos urbanos. Em abril de 2008 contabilizou-se 45 usinas no Brasil.
Educação ambiental em Atibaia A estância climática de Atibaia priorizou a educação ambiental para manter a área de preservação da cidade. Por meio do programa Fruto da Terra, Atibaia implantou, nas 33 escolas e para mais de 13 mil alunos do município, aulas sobre o assunto e apresentou para toda a comunidade novas formas para preservar o rico meio ambiente que circunda o local. Entre as ações desenvolvidas há quase dez anos em Atibaia, se destacam a implantação da coleta seletiva, a estação de tratamento de esgoto, a usina de reciclagem de lixo e o debate sobre a questão dos resíduos sólidos. Painel – Quanto produz uma cidade do porte de Ribeirão Preto – cerca de 600 mil habitantes – de resíduos de construção civil? Adriano Assi – Aproximadamente, 50% a 60% dos resíduos que chegam a um aterro são de demolição. Segundo dados da I&T Informações Técnicas, 37,4% do lixo são argamassa, 21,1% são concreto, 20,8% são cerâmica, 17,7% são pedras, 2,5% são cerâmica polida e 0,5% é proveniente são outros resíduos. Painel – Que tipo de incentivos existem no Brasil para a reciclagem de resíduos de construção e demolição?
Adriano Assi – Nenhum. O plástico reciclável, por exemplo, paga mais impostos do que o plástico virgem, só para citar um exemplo. Painel – Temos exemplos de iniciativas privadas ou políticas públicas no Brasil ou no exterior? Adriano Assi – Só a iniciativa privada é que move a indústria de reciclagem no Brasil. O governo não incentiva o setor e quando age trabalha de forma errada. Mas, como exemplo, podemos citar a Alemanha como um país que tem boa política ambiental. Painel – O 4º Congresso Internacional de Negócios da Indústria da Reciclagem, que acaba de acontecer, divulgou que de outubro de 2008 a abril de 2009 o setor de reciclagem vivenciou, globalmente, um dos piores momentos de sua história, com violenta baixa de preços e queda de demanda. Quanto movimenta esse negócio no Brasil? Adriano Assi – Somente no ano de 2007, o setor movimentou R$ 10 bilhões no Brasil. Mas nesse segmento ainda há muita informalidade e não sabemos, por exemplo, quantos postos de trabalho são gerados. Não há uma entidade nacional para congregar os profissionais do setor. Quando se fala em reciclagem, temos que considerar dois setores. Um referente ao pósconsumo industrial, que é o lixo gerado pela indústria. E outro referente ao pós-consumo residencial, que abrange todo o lixo gerado nas casas e também no hotel, no bar etc. Este representa, talvez, cerca de 60% do reciclável produzido. Já o material reciclável proveniente da indústria está bem destinado. Mas o processo industrial não gera mais resíduos do que o processo de consumo. E, além disso, podemos dizer que de 70% a 80% dos resíduos de produção no Brasil são reciclados; o que é gerado na indústria já vai para a mão do reciclador. Painel – O Congresso divulgou que, nos últimos meses de 2008, quando o mercado começou a reagir, com alguma demanda por parte de países do Oriente Médio, os comerciantes brasileiros perderam negócios por desconhecerem o mercado internacional. O Brasil não é competitivo nesse segmento? Adriano Assi – Com a crise econômica mundial recente, a demanda local foi freada de forma drástica. A crise na construção civil, por exemplo, retraiu o mercado de vergalhão,
principal consumidor de metais ferrosos. Só a Gerdau consome aproximadamente 60% das sucatas ferrosas recicláveis no Brasil. Por outro lado, o mercado interno não estava preparado para buscar espaço lá fora e perdeu-se muitos negócios. Países da Ásia, Índia, Turquia, Paquistão, Coreia, China, não têm reservas minerais e são potenciais clientes do Brasil. Mas podemos dizer que todos os mercados para recicláveis são bons no Brasil. Painel – O que falta para os empresários brasileiros entrarem com maior peso no comércio com o exterior? Adriano Assi – Falta perder o medo de exportar, de abrir mercados novos. Mas isso é questão de tempo.
Painel – O que o Sr. pode comentar sobre o cenário de coleta, reciclagem, comercialização, mercados e legislação? Adriano Assi – O problema é um só: a logística. O maior custo do setor é este. Veja o exemplo do processo de fabricação de chapas de alumínio, que são transformadas em latas, depois vão para a indústria de bebidas e entram no processo de envase. Depois disso, as latas são distribuídas com bebidas para todo o país. O grande desafio é fazer a logística reversa; colocar na mão do reciclador todo esse material. Painel – Qual é o futuro desse negócio no Brasil? Adriano Assi – O mercado está se mexendo. Mas enquanto vemos um cidadão que
Mapa da reciclagem Veja no endereço www.cempre.org.br o mapa da reciclagem no Brasil. No site é possível encontrar sucateiros, recicladores e cooperativas de baterias, borracha, eletrônicos, lâmpadas, longa vida, madeira, matéria orgânica, metais, óleo, papel, pilhas, plástico, pneus, tecidos, tinta, tubos dentais e vidros. É possível também conferir a tabela de preços de materiais recicláveis.
está propenso a mudar sua cultura e começa a separar o lixo reciclável em casa, vemos esse mesmo cidadão frustrado pela falta de respaldo – o material vai para o lixo comum e não retorna à cadeia produtiva para se transformar em matéria-prima. Mas vemos também que a indústria está buscando mais matéria-prima secundária, só que não a encontra, pois faltam incentivos do governo. O Brasil é um grande produtor de minério de ferro, bauxita etc. Enquanto não se extrair tudo o que o solo dá, a prioridade do governo será colocar no mercado as matérias-primas virgens. É preciso que haja uma valorização, começando pelas autoridades governamentais, da matéria-prima reciclada. Há mercado no Brasil e no exterior para todo tipo de matéria-prima. * O Compromisso Empresarial para Reciclagem (CEMPRE) é uma associação sem fins lucrativos dedicada à promoção da reciclagem dentro do conceito de gerenciamento integrado do lixo. Fundado em 1992, o CEMPRE é mantido por empresas privadas de diversos setores. www.cempre.org.br
semana agronômica
Tecnologia
impulsiona a
O avanço da produção e do consumo de etanol e a evolução das pesquisas e da produção do biodiesel são só algumas das possibilidades que o mercado tem colocado para os agrônomos nos últimos tempos. Essas características reverberam tanto na indústria quanto na lavoura e a modernização da economia impõe uma formação profissional cada vez Geraldo Geraldi Junior mais específica. As matérias-primas e as oportunidades apresentadas no setor vão pautar o III Workshop de Agroenergia, promovido pela AEAARP em outubro e que colocará as matérias-primas no centro dos debates. Será também uma oportunidade de reflexão sobre a profissão e a carreira. O futuro da agronomia está atrelado às questões ambientais. Essa é a avaliação 10 AEAARP
agronomia
do engenheiro agrônomo Geraldo Geraldi Junior, vice-presidente da AEAARP. A origem da atividade se confunde com a organização dos sistemas agrários em todo o mundo. No Brasil a profissão começou a ser ensinada em uma universidade no ano de 1875, na comunidade de São Bento das Lages, interior baiano, cujo curso está integrado hoje à Universidade Federal da Bahia, no campus de Cruz das Almas, no interior do estado. Em um texto de 2003, Jalcione Almeida, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, classificou a agricultura, e a agronomia por consequência, em cinco fases. A primeira delas trata de um período de sobrevivência do homem, enumerando a “prática da coleta, da caça, do cultivo primitivo sobre queimadas e desmatamentos sumários” como principais características. A última, ocorrida a partir do final do século passado, trata da “agronomia global, que aborda as relações das pessoas com seu ambien-
te natural” e introduz o termo ecologia para designar a relação do homem com o ambiente explorado. É nesse contexto que Geraldi vê a prática dos agrônomos de hoje. “É o reconhecimento de uma responsabilidade que não existia há bem pouco tempo”, lembra. Ele lembra que não faz muito tempo que empresas de grande porte implantaram diretorias ambientais preocupadas especificamente com os impactos do papel do homem no meio ambiente. O perfil do profissional também mudou. Antes, os profissionais da área tinham um comportamento comprometido com a origem familiar. “Eram contemplativos, sem estímulo econômico a não ser a sobrevivência”, conta.
Evolução tecnológica
A evolução tecnológica e a conversão dos pequenos negócios familiares em grandes empresas agrícolas, além da
cobrança imposta pelo mercado de trabalho, estão provocando uma série de mudanças de hábito. “Está acontecendo um aprimoramento profissional e novas possibilidades se apresentam no mercado”, avalia Geraldi. Hoje o agrônomo tem domínio da informática, de novas mídias e de, pelo menos, duas línguas estrangeiras. Geraldi é diretor técnico do Núcleo de Produção de Sementes da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI) e assistiu nas últimas décadas a mudança do perfil dos negócios agrícolas na região de Ribeirão Preto. Desde o advento do Proálcool, implantado em meados dos anos de 1970, as plantações de grãos – especialmente o milho – e de algodão deram lugar à lavoura de cana-de-açúcar. A evolução tecnológica está levando ao aprimoramento profissional e abrindo novas possibilidades de trabalho. A formação universitária, entretanto, é generalista, na visão de Geraldi. “A carreira tem suas especificidades”. Um dos exemplos listados por ele é a transgenia. “Esta é uma das disciplinas da Genética e é de extrema importância”.
Novos desafios da Agronomia
O também engenheiro agrônomo Dílson Cáceres, assistente agropecuário da CATI, conta que a agricultura brasileira, até pouco tempo, dedicava-se exclusivamente à produção de alimentos e fibras. Hoje tem também a responsabilidade de produzir energia. O Workshop de Agroenergia da AEAARP expõe, há três anos, as pesquisas que estão em andamento, tanto em relação à cana-de-açúcar quanto à cultura de oleaginosas. “É um mercado novo, em desenvolvimento”, avalia Cáceres. E para atendê-lo o agrônomo deve tornar-se um especialista em energia. Ele avalia que o desafio é aumentar a produtividade de alimentos e suprir a demanda mundial. Um exemplo é o consumo de óleo. Cáceres diz que o mundo produz, anualmente, 125 milhões de toneladas de óleo e o consumo é de 130 milhões de toneladas. A baixa produtividade de oleaginosas que podem substituir o milho, como o girassol e a canola, entraram no mercado. “O agricultor não conhece essas culturas”, diz o agrônomo, que é articulador da Rede Temática de Biodiesel do Ministério do
Desenvolvimento Agrário. É justamente na falta de informação do homem do campo que o profissional deve atuar. Cáceres conta que o serviço de Dílson Cáceres extensão agrícola foi desmantelado no início dos anos de 1990 e que a Rede Temática onde atua é uma tentativa de retomar esse serviço. “Há dez anos a agricultura era insipiente”, diz. A internet faz a informação ficar acessível e fácil, e o agricultor tornou-se também mais exigente. “Ele quer tecnologia”, constata. Cáceres viaja o país ministrando palestras sobre temas relativos à atividade agronômica, muitas delas em universidades. Em sua avaliação, os cursos de graduação, pós-graduação e demais especializações oferecem as ferramentas para o profissional que, para lidar com o campo, tem de ter vocação. “Sentir e ter amor naquilo que faz”.
Revista Painel
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semana agronômica
Programa
2009
Semana Agronômica Marcos Vilela Lemos III Workshop Agroenergia: matérias-primas
Coordenador José Roberto Scarpellini Inscrições e informações www.aeaarp.org.br www.infobibos.com/agroenergia | jrscarpellini@gmail.com | (16) 36371091 21021700 20 de outubro de outubro - 3ª feira - AEAARP 19h30 20h00 20h30
recepção solenidade de abertura Produtos biocompatíveis para o controle de doenças em plantas Eng. Agr. Wagner Bettiol - Embrapa Meio Ambiente - Jaguariúna
08h00 08h30 09h30 10h10 10h30 11h10 11h40 12h00 14h00 14h40 15h20 15h40 16h20 17h00
credenciamento Biocombustíveis no Brasil e no mundo Décio Luis Gazzoni - EMBRAPA e Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República Girassol para produção de biodiesel Eng. Agr. Amadeu Regitano Neto - APTA-IAC intervalo café Pinhão manso e agroenergia Eng. Agr. Lilia Sichman Aguilla - APTA-IAC Produção de alimentos e energia e o exercício profissional CREA SP Inovações tecnológicas Syngenta Jesus Alarcon do Carmo - Syngenta Debate intervalo almoço Manejo bioenergético para produção integrada de alimentos, fibras e energia Eng. Agr. José Roberto de Menezes - consultor Potencial de variedades de amendoim para o biodiesel Eng. Agr. Ignácio J. de Godoy - APTA/IAC intervalo café Soja como fonte de óleo para biodiesel Eng. Agr. Luciana Carlini - APTA-IAC Mamona como fonte de óleo para biodiesel Eng. Agr. Tammy A. Kiihl - APTA-IAC Painel tecnológico - apresentação de produtos e processos Debate
21 de outubro - 4ª feira - AEAARP
22 de outubro - 5ª feira - Centro de cana - IAC 08h00 Controle biológico de pragas em cana-de-açúcar 08h40 09h20 09h40 10h20 11h00 11h15 12h00 14h00 14h40 15h20 15h40 16h00
Eng. Agr. Terezinha M. S. Cividanes - APTA Centro Leste Manejo de nematóides na cultura da cana-de-açúcar Eng. Agr. Leila L. Dinardo Miranda - APTA/IAC intervalo café Minidestilarias - Instituto Brasileiro de Bioenergia - IBEN Manejo de doenças em cana-de-açúcar Eng. Agr. Alvaro Sanguino - consultor Inovações tecnológicas BASF Painel tecnológico - apresentação de produtos e processos Debate intervalo almoço Plantio direto e sustentabilidade Eng. Agr. Isabella Clerici de Maria - APTA/IAC Plantio direto e agroenergia Eng. Agr. Roberto B. F. Branco - APTA Centro Leste intervalo café Fundação Agrisus - sistema de produção sustentável A pedologia como ferramenta para caracterização de ambientes de produção Eng. Agr. Hélio do Prado - APTA/IAC
12 AEAARP
16h40 17h20
Manejo de plantas daninhas em cana-de-açúcar Eng. Agr. Carlos Azania - APTA/IAC Painel tecnológico - apresentação de produtos e processos Debate
23 de Outubro - 6ª Feira - Centro de cana - IAC
Visita monitorada ao Jardim Clonal de Cana-de-açúcar e Espaço SP Direto Eng. Agr. Marcio Aurélio Pitta Bidóia e Eng. Agr. Marcos José Perdoná
24 de Outubro - sábado - AEAARP
Almoço comemorativo ao Dia do Engenheiro Agrônomo
Comissão organizadora do 35º Almoço dos Agrônomos Callil João Filho Carlos Alberto Amaroli Carlos Henrique Paula e Silva Dilson Caceres Flávio Humberto Soares Genésio Abadio de Paula e Silva Geraldo Geraldi Jr Gilberto Soares Guido de Sordi
José Alberto Monteiro José Carlos Barbosa José Roberto Scarpellini Luiz Augusto Almeida Campos Luiz Gonzaga Fenólio Marcelo Arantes de Oliveira Noboru Saiki Wilson Emilio da C. Junior
4º Seminário de Agregação de Valor em Horticultura A Semana Agronômica também terá o 4º Seminário de Agregação de Valor em Horticultura. O evento acontecerá dia 23 de outubro, das 8h às 17h, na sede da AEAARP, e será realizado pela APTA Centro Leste – Ribeirão Preto.
Programação prévia 08h00 08h30 08h45 09h45 10h00 11h00 12h00 14h00 15h00 16h00 16h15
credenciamento abertura Controle de doenças em hortaliças Erika Auxiliadora Giacheto Scaloppi - APTA Centro Leste intervalo Qualidade da água e métodos de irrigação em hortaliças Flávio Busmeyer Arruda - IAC/APTA Cultivo consorciado de hortaliças Arthur Bernardes Cecílio Filho - UNESP almoço Mini-hortaliças Luis Felipe Villani Purquerio - IAC/APTA Compostos da matéria orgânica úteis na fertilização de hortaliças Giovani Sebben Bellicanta - Technes Agrícola Ltda. intervalo Homeopatia na produção orgânica de hortaliças Francisco Luiz Araújo Câmara - UNESP Informações: (16) 36371849 sallyblat@hotmail.com
* algumas palestras estão sujeitas a alterações
plástico
Indústria do plástico
lança campanha nacional sobre
consumo responsável Uma campanha para incentivar o uso e o descarte adequados de sacolas plásticas começou a ser veiculada pela mídia nacional no dia 11 de setembro. Com aporte de R$ 7 milhões para a primeira fase – até o final de 2009 a ação foi desenvolvida pela cadeia produtiva dos plásticos, que se reuniu pela primeira vez para promover a responsabilidade compartilhada e a sustentabilidade. A campanha conta com veiculações em TVs, jornais e revistas, destacando os benefícios do plástico e a relevância da questão dos resíduos sólidos urbanos. A intenção é reforçar que a solução desse problema depende da conscientização da sociedade sobre conceitos como o dos 3Rs (reduzir, reutilizar e reciclar as embalagens).
Para que esse posicionamento sensibilize a população, a cadeia produtiva do plástico tem atuado para resolver outra questão – a padronização de sacolas plásticas disponíveis no mercado. Quando fabricadas de acordo com a norma ABNT 14.937, as sacolas ficam mais resistentes e oferecem segurança ao consumidor. Em 2008, o setor lançou o Programa de Qualidade e Consumo Responsável de Sacolas Plásticas e, com o apoio da Associação Brasileira de Supermercados (Abras) e de suas correspondentes estaduais, passou a estimular os supermercados a adotar as sacolas dentro da norma. O Programa chegou a diversos estados brasileiros e tem registrado índices significativos de utilização responsável
das sacolas. Somente o Pão de Açúcar, já registrou queda de 35% no uso de sacolas em sua rede por todo o Brasil. A iniciativa da campanha é da Plastivida Instituto Sócio Ambiental dos Plásticos, em parceria com a Associação Brasileira da Indústria de Embalagens Plásticas Flexíveis (ABIEF) e com o Instituto Nacional do Plástico (INP), e conta com o apoio da cadeia produtiva, desde os fabricantes de matérias-primas (resinas plásticas) até os transformadores. O aporte de R$ 7 milhões inclui a campanha nacional e a continuidade do Programa de Sacolas até o final de 2009.
Revista Painel
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engenharia
40 anos
de engenharia
em Ribeirão
Maria Inês Cavalcanti
Os anos de 1960 foram de profundas mudanças sociais e econômicas em todo o mundo. No ano de 1969, o homem deu um passo ambicioso ao chegar pela primeira vez à lua. Em Ribeirão Preto, o empresário Oscar de Moura Lacerda lançou-se também numa grande empreitada ao desafiar os críticos e fundar o primeiro curso superior de Engenharia da cidade em uma instituição privada, o Instituto Politécnico, encampado pelo Centro Universitário Moura Lacerda. Uma das vozes críticas foi a da AEAARP, que se opôs à implantação do curso na cidade, manifestando-se inclusive perante o Ministério da Educação, segundo os registros do livro AEAARP 60 anos: histórias e conquistas, lançado em dezembro de 2008. A oposição sobreviveu menos de meia década e com a amizade restabelecida, as duas partes firmaram o mais antigo convênio ainda em vigência na Associação. Essa relação possibilitou também a abertura da AEAARP para os estudantes das áreas tecnológicas. O engenheiro civil Antônio Carlos Tosetto, docente desde a primeira turma, conta que o curso “era a menina dos olhos” de Oscar de Moura Lacerda. “O que precisasse fazer ele mandava fazer. Ele foi a uma olaria comprar tijolo, à vista, para a construção da sede. Ao chegar o dono, um japonês, disse que não tinha para entregar. O doutor Oscar comprou a olaria dele e depois vendeu de volta”, contou o engenheiro em entrevista concedida para o livro AEAARP 60 anos: histórias e conquistas. Havia demanda para o curso de Engenharia naquele período e, o que era ainda mais animador, havia trabalho para os profissionais da área. O engenheiro civil José Aníbal Laguna conta que a construção de Brasília, inaugurada quase uma década antes, e as políticas expansionistas implementadas a partir do regime instaurado em 1964, deram motivação à formação de engenheiros. Na visão da engenheira Maria Inês Cavalcanti, da 14 AEAARP
diretoria da AEAARP, houve um boom da Engenharia. “Estas intervenções mostraram para os brasileiros que valia a pena ser engenheiro”, avalia. Ela mesma foi uma das que embarcaram no bom momento do mercado. Em 1972 ingressou na quinta turma de Engenharia do Lacerda, composta inicialmente por 145 homens e cinco mulheres. Dentre esses, 71 se formaram, sendo que três eram mulheres. “Eles desistiram mais do que a gente”, provoca a engenheira, que viveu grandes emoções em sua vida nos corredores da instituição, como o início do trabalho de parto de sua primeira filha. O engenheiro civil Ericson Dias Mello, coordenador do curso de Engenharia e dos festejos de 40 anos, diz que “o curso foi estruturado em período integral e seguiu o modelo francês dos institutos politécnicos, com formação generalista e forte base em Ciências Matemáticas e Físicas”. Em sua avaliação a implantação do curso e a consequente formação dos primeiros engenheiros impulsionou o crescimento e o desenvolvimento da cidade, notadamente com o surgimento de novas empresas de engenharia e construção. As mudanças, tanto da grade curricular quanto das necessidades dos estudantes, provocaram a abertura de turmas no período noturno, além da criação de outros cursos, como Engenharia de Produção, Engenharia Eletrônica e Arquitetura, além das especializações e pós-graduações em Engenharia de Segurança do Trabalho, Engenharia de Estruturas, Engenharia Ambiental e Engenharia de Obras Rodoviárias. Mais recentemente, em convênio assinado com o Instituto Brasileir o
Hélcio Elias Filho
de Avaliações e Perícias de Engenharia (IBAPE), implantou os cursos de pósgraduação em Avaliações e Perícias de Engenharia e Avaliações e Perícias Ambientais em várias cidades e regiões do país. Tosetto avalia que o perfil do aluno mudou nessas quatro décadas. “Naquela época ninguém trabalhava; era estudante. Mas aí o aluno precisou trabalhar para estudar”, constata o professor. A grande diferença nesses 40 anos “é a falta de tempo que o aluno tem”, avalia. Metaforicamente, Maria Inês também vê diferenças: naquela época as ferramentas do engenheiro se restringiam à prancheta, régua de cálculo, os ábacos e a pena de nanquim. Os modernos softwares ocuparam esse espaço e os instrumentos de outrora já não figuram no cotidiano dos jovens que saem dos
Calendário comemorativo
Ericson Mello
Roberto Maestrello
bancos universitários. Tampouco daqueles que são da geração de Maria Inês. “Engenheiro que formou no Lacerda não virou suco nos anos de 1980”, defende a ex-aluna. Hélcio Elias Filho, diretor de planejamento da Jábali Aude Construções, é um desses. Ele é da turma que se formou em 1979 e conta que teve professores que concomitantemente ministravam aulas na Universidade de São Paulo (USP) e no Mackenzie. Ele faz coro aos seus colegas ao dizer que a engenharia era tratada como “uma pérola” e a família Lacerda tinha “um carinho especial” pelo
Antônio Carlos Tosetto
Instituto Politécnico. Tosetto conta que os primeiros anos foram de dificuldade e que para alcançar a certificação necessária, Lacerda contratou os melhores profissionais da época, o que resultou na formação de excelentes profissionais. Nesses 40 anos foram mais de dois mil engenheiros formados pela instituição. Desses, pelo menos 900 são filiados à AEAARP. “É a comprovação de que as divergências promovem o amadurecimento”, avalia Roberto Maestrello, presidente da AEAARP e ex-docente do curso de Engenharia do Instituto Politécnico.
O mês de outubro será de intensas atividades. A comissão organizadora dos festejos dos 40 anos da Engenharia no Moura Lacerda, coordenada por Ericson Dias Mello e composta por ex-alunos da instituição, está programando uma série de eventos. No dia 25 de outubro haverá um culto ecumênico, no campus, e está em fase de organização uma exposição de fotos e documentos desses 40 anos de história. Além disso, haverá uma sessão solene e uma festa prevista para acontecer no final do mês de outubro. A AEAARP vai participar dessa programação como parceira na realização da Semana de Engenharia, que acontecerá entre os dias 26 e 29 de outubro. A programação completa das comemorações estará disponível no site www.aeaarp.org.br e também no blog http://engenharia40anosmouralacerda. blogspot.com, que também tem a lista completa dos engenheiros formados naquela instituição.
Revista Painel
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meio ambiente
Controle de mosca em avicultura Diante do cenário atual voltado a atividades mais ecológicas, sustentáveis, menos invasivas e que visem à melhoria do modo de vida das pessoas bem como a conservação do meio ambiente, alguns trabalhos de pesquisa estão sendo realizados com o objetivo de otimização de determinados processos produtivos com melhoria na qualidade e sem que haja perda na produção. Este é o caso que facilmente encontramos em avicultura de postura e na suinocultura, onde devem ser constantes os cuidados com o controle de moscas. Vale lembrar que o excesso de moscas pode causar vários tipos de prejuízos para o produtor – pois estas transmitem doenças –, (para o ser humano, para as aves) – pela baixa produção dos operários e o contínuo incômodo causado pela presença destes insetos –, e também pela diminuição na qualidade dos ovos provocada pelo depósito de detritos e excrementos das moscas. Em casos mais severos esse incômodo pode atingir também as propriedades vizinhas, gerando desde reclamações até outros tipos de demanda. As moscas são insetos que se reproduzem rapidamente fazendo de seis a oito posturas de 100 a 120 ovos durante seu curto período de vida (25 a 45 dias). Após a postura, os ovos eclodem em menos de 24 horas e as larvas se desenvolvem em 4 a 6 dias. Depois de alimentadas, as larvas buscam a parte mais seca do esterco ou o solo onde se transformam em pupas. Após 5 a 6 dias, nascem as moscas adultas. Para nutrição das larvas, no caso da mosca doméstica, é necessário cerca de um grama de esterco úmido. Podese aqui avaliar o potencial de criação de moscas em um plantel de poedeiras
16
AEAARP
do professor Teruo Higa, da Faculdade ou em uma baia de suinocultura onde de Agronomia de Ryukus no Japão, que muitos desses animais são mantidos desenvolveu estudos e pesquisas em confinados e produzindo excrementos. pequenos organismos que receberam Nas granjas de postura, além dos ovos o nome de “microrganismos eficazes”. e das aves de descarte, o esterco deve ser Estes são o resultado do cultivo comconsiderado como um dos produtos reposto de microrganismos anaeróbicos e sultantes dessa atividade, demandando aeróbicos, como bactérias produtoras de investimentos e cuidados contínuos. A ácido láctico, as leveduras, as bactérias redução nos custos do manejo de aves fotossintéticas, fungos e actinomicetos de postura implica na permanência do que, em sua grande maioria, são utilizaesterco sob as gaiolas por longos períodos na industrialização de alimentos e, dos, o que para muitos faz parecer falta por isso, são inofensivos ao ser humano de cuidados ou até mesmo preguiça e aos animais (CPMO, 2002). do granjeiro diante dessa situação. No Esse composto reduz o mau cheiro entanto, na realidade, quando esses proveniente dos excrementos da criação montes de esterco se formam, significa de aves, tanto quando acrescentados na que o esterco está seco e isso não permialimentação como quando aplicados te a criação de larvas de moscas, o que diretamente nos resíduos de granjas. mostra nosso desconhecimento sobre Além da diminuição na quantidade de o manejo adequado e a utilização de moscas, o composto também traz outros medidas para o controle da mosca, que benefícios como redução de doenças e só se cria no esterco úmido ou molhado estresse animal, melhoria na qualidade (com umidade acima de 50%). do leite, da carne e dos ovos, dentre A secagem desse material e a preservaoutros (CPMO, 2002). ção da fauna de predadores e parasitos Fazendo um levantamento dos problede ovos e larvas mantêm o ambiente mas encontrados na região que possuem em equilíbrio e com poucas moscas. O relação com esse tipo de atividade, foi controle da criação de moscas pode ser possível fazer uma tabela que mostra realizado por meio de medidas de manea relação existente entre os problemas jo integrado que incluem as medidas de encontrados, seus efeitos e suas concontrole biológico, químico e mecânico, sequências. tanto do esterco quanto das carcaças dos animais mortos Problemas Efeitos Consequências como também dos resíduos de Quantidade excessiva Aumento na probabilidade Aumento dos gastos com de moscas de transmissão de doenças a sanidade dos animais ovos. Diminuição da qualidade Detritos depositados Desvalorização do produto Visando come renda do produtor pelas moscas bater o probleOdor desagradável Incômodo aos vizinhos Prejuízos, reclamações ma desses in e demanda setos que são atraídos pelo Neste sentido, foi desenvolvido um primau cheiro, o Centro de Pesquisas da meiro ensaio em propriedades da região Fundação Mokiti Okada publicou algude Guatapará - SP, onde havia criações mas informações referentes ao trabalho
de postura e suinocultura de suínos, codornas e galinhas de postura, que foi realizado pela Prefeitura de Guatapará em parceria com o Instituto de Pesquisas Técnicas e Difusões Agropecuárias da JATAK. Na primeira etapa deste trabalho, foi realizada a contagem das moscas capturadas nas armadilhas adesivas de 20 cm x 05 cm e coloração amarela, antes do início do tratamento, com a aplicação do produto previamente produzido, de acordo com as recomendações feitas pelo professor Teruo Higa. O produto foi aplicado diretamente no esterco e também misturado na ração e na água do bebedouro dos animais. Em seguida iniciou-se a fase de observações onde foram realizadas observações referentes à verificação da possibilidade de alteração no paladar dos animais, acompanhandose o consumo de ração antes e depois da aplicação do produto para controle de mosca, e se isso causou alterações na produtividade final de cada criação. Após essa fase de observações, foi
possível verificar que a aplicação desses microrganismos na alimentação e nos resíduos gerados pelos animais mostrou uma grande diminuição do mau cheiro e do número de moscas na granja de suínos e galinhas de postura e uma considerável diminuição desses mesmos fatores na criação de codornas. Soma-se a essa observação que isso aconteceu sem que houvesse influência negativa no hábito alimentar, consumo de água e na produtividade dos animais utilizados no ensaio. Por se tratar de um teste isolado, numa região onde havia outras criações, é possível acreditar que se o mesmo trabalho tivesse ocorrido ao mesmo tempo em quase todas as criações, o número de moscas seria bem menor, pois a proximidade entre essas propriedades aumenta o fluxo desses insetos mesmo quando há diminuição do cheiro. Esses estudos podem auxiliar o convívio entre seres humanos e animais e cujas criações, em função do aumento da densidade popu-
lacional, estão ficando cada vez mais próximas das criações, mostrando que a pesquisa agropecuária é uma importante ferramenta para aumentar a tecnologia envolvida nos processos produtivos e otimizar as condições de vida do cidadão e do meio ambiente. Julio Yoji Takaki – engenheiro agrônomo da Prefeitura Municipal de Guatapará - SP Eduardo Suguino – pesquisador científico da APTA-Ribeirão Preto Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo. Francisco Kenyti Hotta – engenheiro agrônomo e pesquisador do Instituto de Pesquisas Técnicas e Difusões Agropecuárias da JATAK/Guatapará - SP
Referência Bilbiográfica CPMO – CENTRO DE PESQUISA DA FUNDAÇÃO MOKITI OKADA. Microorganismos eficazes na pecuária. Ipeúna: Fundação Mokiti Okada M.O.A., 2002. 39p.
opinião
A tragédia das escolas de Engenharia José Roberto Cardoso Na década de 70, época do milagre econômico, quando no Brasil tínhamos algo em torno de 250 cursos de engenharia, a procura por um curso de engenharia pelos jovens era grande e a qualidade era alta, pois estava parametrizada no nível de qualidade das escolas tradicionais de engenharia, dentre as quais a Escola Politécnica da USP, a Escola de Engenharia da UFRJ, o ITA -fonte de inspiração da Faculdade de Engenharia Elétrica da Unicamp-, a FEI e a Mauá, entre outras. A qualidade era mantida devido ao fato de que o material humano recebido, oriundo das escolas públicas, detinha um padrão de qualidade altíssimo que é até hoje reverenciado e citado como uma das grandes perdas nacionais Tudo virou pó junto com a destruição da escola pública. Nossos grandes projetos foram definhando por duas décadas praticamente. Deixamos de pensar em tecnologia e passamos a valorizar o “pé de boi”, dar um jeitinho passou a ser ciência (ou ainda é!) e nossos salários foram lá embaixo. O pior reflexo desta fase foi a imagem que a engenharia passou aos jovens, sobretudo aquele do ensino médio. A engenharia deixou de ser uma profissão nobre, que muitos aspiravam ter, para ser uma profissão de desempregados, profissionais mal remunerados, responsável pela agressão ao ambiente e associado à corrupção. Por incrível que pareça, a escola pública acompanhou este pensamento e deixou de incentivar seus jovens a seguir esta carreira. O estudante que ousava manifestar seu interesse pelas exatas era ridicularizado nas salas de aula. O país, acompanhando esta tendência, deixou de investir em tecnologia, de modo que a tecnologia e a inovação saíram do cenário de incentivo governamental, quando ainda não tínhamos uma estrutura empresarial sólida para sustentá-la. A baixa remuneração afastou também 18 9 AEAARP
os profissionais da área tecnológica. Assim, os professores de física, matemática e química, vetores de incentivo juvenil à carreira tecnológica, preferiram procurar empregos em outras carreiras mais bem remuneradas a ser um professor de escola pública, mal pago e não respeitado. Estima-se que no Brasil faltem 80 mil professores de física e matemática e 50 mil professores de química; isto é, temos algo em torno de 130 mil profissionais ensinando física, química e matemática que não entendem nada de física, química e matemática -e transformam estas três disciplinas em um bicho de sete cabeças que afasta nosso jovem de uma carreira tecnológica. São os frutos deste cenário que estamos colhendo ao analisar o desempenho das engenharias neste último Enade. A formação do nosso ensino médio é centrada em humanidades, quando deveria ser equilibrada com a tecnologia, isto é, as disciplinas de exatas são um apêndice na estrutura curricular. Como consequência, as escolas de engenharia, em particular as particulares, deixaram de receber recursos humanos qualificados e bem formados, o que exigiu mudanças nas suas estruturas curriculares para tentar manter esse aluno em sala de aula. É comum encontrar em escolas de engenharia cursos de matemática que são meras revisões de conteúdos que deveriam ser supridos pelo ensino médio. O Brasil comporta atualmente mais de 1.500 cursos de engenharia. Mais de 300 mil estudantes estão matriculados nestes cursos. No entanto, em média, menos de 15 alunos se formam por curso -e 60% daquele contingente se evade ao final do segundo ano, justamente por não ter formação adequada para acompanhar as exigências de um curso com alto teor de disciplinas tecnológicas. Precisamos, urgentemente, recuperar a qualidade dos cursos de engenharia, sob pena de não conseguirmos atender aos desafios do desenvolvimento que o nosso país enfrenta neste momento. Fonte: Folha de São Paulo (04.09.2009)
Indicador verde A divulgação da taxa consolidada de desmatamento na Amazônia Legal no último ano mostra que a destruição voltou a crescer após três anos de queda. Entre agosto de 2007 e julho de 2008, foram derrubados 12.911 quilômetros quadrados, segundo dados do Prodes, gerados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). No período 2006/2007, a taxa foi de 11.532 km2 . Fonte: Greenpeace
Não regulada pelo Protocolo de Montreal, a emissão de óxido nitroso por atividades humanas supera a de CFCs como a mais danosa à camada de ozônio (Nasa). O óxido nitroso (N2O) é conhecido como gás do riso (ou hilariante), devido à capacidade de provocar contrações musculares involuntárias na face. Segundo pesquisa feita por cientistas da Administração Nacional do Oceano e Atmosfera (NOAA), nos Estados Unidos, o óxido nitroso se tornou, entre todas as substâncias emitidas por atividades humanas, a que mais danos provoca na camada de ozônio. Fonte: www.portaldomeioambiente.org.br
Acordo entre vinte grupos econômicos prevê medidas de combate às mudanças climáticas. Vinte das maiores empresas do país anunciaram dia 25/08, em São Paulo, um acordo de vanguarda para estimular a redução das emissões de carbono, um dos gases responsáveis pelas mudanças climáticas globais. Aracruz Celulose, Ligth Centrais Elétricas, Grupo Pão de Açúcar, Vale e Votorantim, entre outras, assinaram o documento. Fonte: www.portaldomeioambiente.org.br
pesquisa
Projeto que gera energia elétrica com roda d’água ganha prêmio A água vai para a roda, que, ao girar, gera energia elétrica, acumulada em baterias.
Levar energia elétrica para residências rurais de pequeno porte de forma sustentável foi um dos objetivos propostos para o desenvolvimento de um gerador para roda d’água, idealizado pelo Centro Universitário da FEI (Fundação Educacional Inaciana). O dispositivo foi premiado na categoria Incentivo à Pesquisa na Feira da Agricultura Familiar e do Trabalho Rural (Agrifam), realizada entre os dias 31 de julho e 2 de agosto, em Agudos, no interior de São Paulo. O projeto de iniciação científica recebeu placa e menção honrosa. O equipamento foi resultado de um ano de trabalho de pesquisa do ex-aluno do curso de Engenharia Elétrica da FEI, Vinícius Rizzo, 23 anos, com o orientador e professor Mario Kawano. “Eu queria desenvolver algo na área de energia alternativa para dar oportunidade às pessoas que
moram em pequenas residências rurais e que não têm acesso à energia elétrica”, explica o ex-aluno, que finalizou o projeto em 2006. O equipamento também pode gerar energia para carregar, por exemplo, bateria de caminhão. Desenvolver um gerador e acopla-lo à roda d’água foi uma alternativa encontrada para conseguir energia elétrica de fontes renováveis em locais distantes dos centros urbanos e que não têm fornecimento de energia elétrica, pois a roda d’água, dispositivo muito comum em área rural, é utilizada, na maioria das vezes, para bombear água até a residência. O equipamento completo custa cerca de R$ 3,7 mil. “Para obter a energia, o proprietário pode instalar o equipamento embaixo da barragem da lagoa. Essa água vai para a roda que, ao girar, gera energia elétrica, acumulada em baterias. Para essa energia alimentar a casa, é necessário um no bre-
ak”, destaca o professor do curso de Engenharia Elétrica da FEI, Mario Kawano. Com o equipamento desenvolvido pela FEI, a energia acumulada em baterias pode ser usada para abastecer uma residência de pequeno porte durante a noite. A energia elétrica gerada é de aproximadamente 27 watts, capaz de alimentar lâmpadas, rádio e televisão. Parte do dia a roda pode fazer o bombeamento da água que, quando finalizado, inicia o processo para armazenamento da energia. “O gerador tem acoplamento direto com a roda d’água. Foi desenvolvido para trabalhar em 70 rpm e é sintonizado, ou seja, só gera energia elétrica nessa rotação”, explica o professor Kawano. A Agrifam foi realizada pela Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de São Paulo (Fetaesp) e contou com apoio do Ministério da Ciência e Tecnologia e Ministério do Desenvolvimento Agrário.
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agronomia
A tecnologia natural a serviço
Metarhizium anisopliae: um Aplicação aérea
Leandro Vieira
Atualmente são conhecidos mais de 1 milhão de espécies de insetos, sendo que aproximadamente 2,5 milhões devam existir sobre a Terra. Desses insetos, cerca de 10% são considerados pragas com importância agrícola ou domissanitária (por exemplo: baratas, traças, formigas e cupins) (ALVES, 1998). Na busca por um método de controle de insetos-praga mais eficiente e sustentável, o controle biológico torna-se uma ferramenta indispensável ao Manejo Integrado de Pragas (MIP), visando, principalmente, o restabelecimento do equilíbrio ecológico dos agroecossistemas e a manutenção de sua biodiversidade. Dentre os programas de controle biológico (predadores, parasitóides e microorganismos), destaca-se o controle microbiano de insetos (utilizando-se fungos, vírus, bactérias, nematóides e protozoários) que no Brasil vem sendo pesquisado desde a década de 60 através dos fungos entomopatogênicos (aqueles causadores de doenças em insetos). Os fungos representam mais da metade de todas as pesquisas realizadas com microorganismos entomopatogêncios 20 AEAARP
(ALVES & LOPES, 2008). Na prática, os mais utilizados no combate às pragas agrícolas são o Metarhizium anisopliae (também vulgarmente conhecido como “fungo verde”) e o Beauveria bassiana (“fungo branco”). O fungo M. anisopliae possui características muito importantes: é um microorganismo que atua por contato, alojando-se no hospedeiro-praga e o contaminando (germinação, penetração e colonização). O inseto infectado, num curto espaço de tempo, já começa apresentar distúrbios de comportamento e fisiológicos, cessando sua alimentação, movimentação e locomoção. Em alguns dias, os insetos mortos viram agentes de disseminação dos esporos do fungo no campo, fazendo com que novos indivíduos (pragas) sejam controlados posteriormente. Sua aplicação é segura, sendo inofensivo aos aplicadores e também ao meio ambiente (ALVES, 1998). Possui especificidade, isso quer dizer que, só atua sobre os insetos-pragas, preservando os inimigos naturais (insetos benéficos). Recentemente, as pesquisas sobre a utilização do fungo M. anisopliae tiveram duas perdas bastante significativas.
Primeiro, em 2005, o falecimento do pesquisador Dr. Arthur F. Mendonça, introdutor do microhimenóptero Cotesia flavipes (utilizado no controle biológico da broca da cana-de-açúcar como principal tática de controle) no Brasil (PARRA et al., 2002) e um dos principais cientistas que estudaram as cigarrinhas da cana-de-açúcar e das pastagens (MENDONÇA, 2005). Já em 2008, o Dr. Sérgio Batista Alves (professor titular da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz – USP), que deixou uma herança valiosíssima sobre o controle microbiano de insetos. Hoje, no país, existem várias empresas que comercializam o fungo M. anisopliae. Entretanto, são muito poucas as empresas que possuem produtos formulados (solução concentrada em óleo emulsionável e pó molhável), além da formulação arroz + fungo. Assim, é importante a escolha da formulação certa para cada situação no campo. O fungo M. anisopliae possui ação contra diversas ordens e famílias de insetos. Na Tabela 1, estão relacionadas as culturas e as pragas onde se emprega o controle biológico no país.
da produtividade agrícola fungo biorregulador de insetos
Parasitismo
M. posticata-Ninfas e adultos com fungo
Tabela 1. Culturas e principais insetos-praga onde o fungo Metarhizium anisopliae pode ser empregado para o Controle Biológico no Brasil (Biotech Controle Biológico Ltda., Ribeirão Preto – SP, 2009). Culturas/Uso cana-de-açúcar café pastagens (gado de corte e leite) médico, veterinária e pecuária domissanitário algodão soja, milho, cucurbitáceas, amendoim, batata e ornamentais citros
hortaliças milho avicultura arroz (Irrigado) frutíferas tomate trigo coqueiro
Pragas controladas cigarrinha-da-raiz, cigarrinhada-folha, cigarrinha-do-cartucho, broca-da-cana ácaros cupins, cigarrinhas-das-pastagens carrapatos, pulgas, mosca doméstica e vetores da malária baratas mosca-branca, pulgão, ácaros e lagartas vaquinhas (brasileirinho, patriota, larva alfinete) e percevejo castanho cigarrinha-da-cvc, broca-docitros (coleobrocas), ácaros, mosca-das-frutas, cochonilhas, cupins e pulgões trípes, pulgão, traça-das-crucíferas e lagartas lagarta-do-cartucho e lagarta-dasespigas cascudinho percevejo-do-colmo mosca-das-frutas traça-do-tomateiro e trípes coró-das-pastagens barata do coqueiro
Placa com fungo
A região de Ribeirão Preto, principal polo sucroalcooleiro do país, possui extensas áreas com cana-de-açúcar aonde o controle biológico de pragas vem aumentando, principalmente devido ao Protocolo Agroambiental (que prevê o fim da queima da palha da cana), a expansão da cana-de-açúcar orgânica e também a adoção de táticas de manejo mais sustentáveis em todas as etapas da cultura. Assim, com o aumento da área de corte mecanizado, pragas que antes não eram problema, agora ganham importância agrícola. A cigarrinha-dasraízes e a broca-da-cana são um bom exemplo deste fenômeno, provocando queda de produtividade e um menor rendimento industrial. A solução desta problemática está no controle biológico com o uso de fungos. Isto porque, além dos benefícios proporcionados no controle de pragas, como o da cigarrinha-da-raiz, há também uma considerável redução na utilização de inseticidas químicos na cultura da canade-açúcar. É imprescindível salientar outro aspecto muito importante com o uso de M. anisopliae, seu efeito sobre a broca-da-cana (Diatraea saccharalis). Este inseto é suscetível aos fungos M. anisopliae e B. bassiana, onde cerca de 10% das lagartas são colonizadas naturalmente (ALVES & LOPES, 2008). Além disso, age em todos os estágios de desenvolvimento da broca, sendo altamente eficiente para ovos de 1 a 2 dias de idade e larvas recém eclodidas. Assim, quando se utiliza M. anisopliae para o controle de cigarrinhas, o ataque de broca-da-cana é menor, em função do parasitismo deste fungo e também da
Parasitismo ninfa
ação de outros inimigos naturais liberados no campo (ALVES & LOPES, 2008). A cada ano novas pesquisas são iniciadas e outras finalizadas, abrindo o leque de opções a serem utilizadas pelos produtores, cada vez mais, comprovando a eficiência do fungo M. anisopliae com um verdadeiro inseticida.
Leandro Vieira é engenheiro agrônomo (UNESP/Jaboticabal), doutor em Entomologia (USP/ Ribeirão Preto) e consultor técnico (Biotech Controle Biológico) leandro@biotech-al.com.br (16) 9245-1955/ 3969-3053 www.biotech-al.com.br
Literatura citada ALVES, S. B. Controle microbiano de insetos. FEALQ: Piracicaba. 1998, v. 4, 1163p. ALVES, S. B.; LOPES, R. B. Controle microbiano de pragas na América Latina: avanços e desafios. FEALQ: Piracicaba. 2008, v. 14, 414p. MENDOÇA, A. F. Cigarrinhas da cana-deaçúcar: controle biológico. INSECTA: Maceió. 2005. v. 1, 317p. PARRA, J. R. P.; BOTELHO, P. S. M.; CORRÊA-FERREIRA, B. S.; BENTO, J. M. Controle biológico no Brasil: parasitóides e predadores. MANOLE: São Saulo. 2002, v. 1, 635p.
Revista Painel
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aeaarp
Sede da AEAARP
será ampliada
O projeto de ampliação da sede da AEAARP, assinado pelo arquiteto Carlos Alberto Gabarra, está pronto. Os desenhos, que estão expostos no foier da área administrativa, preveem uma ampliação de pelo menos 300 metros quadrados. O engenheiro civil Hugo Riccioppo, diretor administrativo da entidade, explica que a escada externa, que leva à recepção da entidade, será eliminada e serão implantadas rampas de estrutura metálica fechadas com vidros que levarão a diferentes ambientes do prédio. O foier, onde os desenhos estão expostos, ganhará uma laje que vai abrigar a nova recepção, com acesso tanto ao Salão Nobre Antônio Duarte Nogueira quanto às cinco novas salas que poderão ser utilizadas para reuniões, cursos e palestras. Esses novos ambientes serão separados por divisórias móveis. “Dessa forma o espaço pode abrigar até cinco salas, mas também um único salão ou ambientes maiores”, explica Riccioppo. Uma rampa vai ligar essa área ao Espa-
ço Gourmet, integrando os ambientes de conferência com o de confraternização. O engenheiro argumenta que essa intervenção vai facilitar o acesso de convidados e possibilitará mais organização nos eventos. A concretização da ampliação vai aumentar a área do Crea-SP, que passará a utilizar todo o primeiro andar. “Todos os setores da AEAARP terão mais conforto, além de valorizar o patrimônio do associado e possibilitar a entrada de novas receitas com o aumento da capacidade de receber novos eventos”, avalia Riccioppo. A biblioteca será transferida para o foier, que ficará sob a laje da nova recepção, e uma plataforma elevatória atenderá portadores de necessidades especiais que precisem circular nos três pavimentos da sede. Além disso, todos os acessos serão pelas novas rampas e apenas uma escada interna, semelhante àquela que já existe, ligará o primeiro e o segundo pavimentos.
Palacete Innecchi já abrigou reuniões da AEAARP A primeira sede própria da Associação foi em um conjunto de salas no Edifício Padre Euclides, no centro da cidade. O imóvel foi adquirido no final dos anos de 1960, quando o prédio ainda estava em construção. Antes disso, entretanto, as reuniões dos primeiros associados aconteceram em locais históricos, como o Palacete Innecchi, cedido por Francisco Innecchi, que integrou a diretoria e presidiu a AEAARP, além do subsolo de prédios em construção, locais emprestados, como a sede do Aeroclube de Ribeirão Preto, presidido à época por Luiz Leite Lopes. De acordo com informações do livro AEAARP 60 anos: histórias e conquistas, o terreno da sede atual foi doado pelo então prefeito Antônio Duarte Nogueira em 1983 e a primeira fase das obras foi inaugurada em 4 de outubro de 1985. 22 AEAARP
As novas salas ficarão sobre a área que hoje abriga o Crea-SP e a base da construção será independente. “Será uma construção sobre aquela que já existe, sem utilizar as fundações, pois, não comportariam um novo pavimento”, explica Riccioppo. As paredes do prédio serão em dry wall, com placas duplas possibilitando o acabamento interno e externo. A obra será totalmente seca e, depois de iniciada, tem um prazo de 40 dias para a conclusão, desde que os investimentos sejam garantidos. “As estruturas serão pré-moldadas ou metálicas”, diz o engenheiro.
Investimento requer parceiros Para concretizar a ampliação da sede, a AEAARP busca parcerias com empresas e profissionais associados. A direção da entidade já está fazendo gestões nesse sentido. “Nós sempre contamos com a colaboração de parceiros, desde a primeira sede da entidade, além do empenho e a dedicação dos próprios sócios”, conta Roberto Maestrello, presidente da AEAARP.
trânsito
USP e Autovias
levam discussão internacional sobre trânsito para a AEAARP Uma discussão sobre o cenário do trânsito no mundo e as propostas para os países que precisam de modelo, como é o caso do Brasil, fez parte do Seminário sobre Segurança no Trânsito, que aconteceu dia 26 de agosto, na AEAARP. O evento foi realizado pelo Núcleo de Estudos de Segurança e Trânsito (Nest), do Departamento de Transportes da Escola de Engenharia da Universidade de São Paulo (USP), campus de São Carlos, e pela Autovias (Grupo OHL). Estiveram presentes profissionais da área de segurança pública, concessionárias de trânsito e palestrantes de renome internacional de órgãos ligados ao trânsito mundial. Mavis Johnson, presidente do Instituto do Trânsito do Canadá, consultora do Banco Mundial e coordenadora de programas de segurança no trânsito em vários países, começou o evento falando que os problemas na América estão ligados às características culturais dos povos do continente. “A Europa tem uma cultura de segurança, enquanto nós, americanos, defendemos a liberdade a qualquer custo. As pessoas resistem às leis e extrapolam limites. Para mudar essa cultura precisamos de uma geração inteira, cerca de 20 anos”, afirmou.
Experiência de sucesso
Magaly Romão, ex-secretária de Trânsito de Jaú - SP, cidade vencedora do Prêmio Volvo de Segurança no Trânsito em 2009, foi a segunda a falar. Ela apre-
sentou o sucesso dos programas de segurança no trânsito implantados na cidade. “Foram investidos R$ 8 mil e o retorno foi de R$ 60 mil”, disse. Além disso, segundo a profissional, o trabalho da Polícia Militar também foi essencial para reduzir o número de acidentes. O jornalista J. Pedro Corrêa, consultor da Volvo no Brasil e fundador do Programa Volvo de Segurança para o Trânsito, trouxe para o evento o tema 20 anos de lições de trânsito, obra literária, resultado de um trabalho de duas décadas. O livro trata de temas como a indústria das multas e a mudança de comportamento dos brasileiros a partir da obrigatoriedade do uso do cinto de segurança. A última participação internacional foi de Sverker Almqvist, doutor em Engenharia do Trafego, pesquisador em Segurança Viária pela Universidade de Lund (Suécia). Ele apresentou métodos que viabilizam a transferência das experiências na segurança viária para países em desenvolvimento. O evento teve também a participação de Coca Ferraz, consultor do Banco Mundial e coordenador do Nest. Ele apresentou dados que justificaram a mobilização dos especialistas em prol de um trânsito mais seguro. Segundo Ferraz, no período de 2000 a 2007 a frota de veículos cresceu quase seis vezes mais do a que população do Brasil. Neste novo cenário, o número de mortes no trânsito aumentou 6% no Brasil.
Mavis Johnson
Coca Ferraz
Magaly Romão
J. Pedro Corrêa e Cmdt PM Antonio Carlos Imperatriz
notas e cursos Prêmio
AEAARP abre inscrições para o Prêmio Profissionais do Ano A AEAARP está recebendo os currículos dos candidatos ao Prêmio Profissionais do Ano, que homenageia um engenheiro, um arquiteto e um agrônomo. Os currículos, que devem ser apresentados por qualquer associado da entidade, podem ser entregues até 17h do dia 21 de setembro. A escolha dos profissionais homenageados será no dia 28 de setembro, quando o Conselho Deliberativo se reúne e vota nos candidatos apresentados. A entidade instituiu a premiação em 1979 e desde então homenageia profissionais que reconhecidamente prestaram serviços à sociedade em suas áreas de atuação. Em 2008 os homenageados foram o engenheiro civil José Roberto Magdalena, o arquiteto Eduardo Figueiredo e o agrônomo Manoel Ortolan. Diretores e membros do Conselho da Associação não podem ser candidatos ao prêmio. A entrega acontecerá no dia 11 de dezembro durante a festa em homenagem ao Dia do Engenheiro e do Arquiteto.
Ação parlamentar Conselheiros do sistema Confea/ Crea participaram de ação parlamentar no dia 19 de agosto, juntamente com o Fórum dos Conselhos Federais de Profissões Regulamentadas e conselhos de profissões regulamentadas (Engenharia, Administração, Fonoaudiologia, Corretores de Imóveis, Biologia e Odontologia, entre outros), para tratar da sustentabilidade do Sistema Confea/Crea e a consequente garantia de segurança para a sociedade. Divididos em 12 grupos, de acordo com os seus estados, os conselheiros cumpriram uma série de compromissos agendados com deputados e senadores. O presidente do Confea, Marcos Túlio de Melo, explicou que uma proposta de Projeto de Lei desenvolvida pelo Fórum dos Conselhos Federais de Profissões Regulamentadas já passou pelo Ministério do Trabalho e está agora na Casa Civil. “Este projeto, inclusive, estabelece um limite máximo de quanto os conselhos podem cobrar em suas anuidades”. O ideal, segundo o presidente do Confea, seria que o texto fosse aprovado ainda neste ano no Congresso, para que entre em vigor já em 2010. Fonte: Confea
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A origem do universo como tudo começou? A AEAARP em parceria com o Centro Cultural Boa Vista promove, dia 21 de setembro, a conferência A origem do universo – como tudo começou?. O evento será realizado no Salão Nobre da AEAARP (Rua João Penteado 2237), das 19h às 21h. O ano de 2009 foi declarado pela ONU-Organização das Nações Unidas e pela IAU-International Astronomical Union o Ano Internacional da Astronomia. A conferência será ministrada pelo professor Paulo Henrique C. Neiva L. Jr., mestre em Astronomia pelo Instituto Astronômico e Geofísico da USP, doutor em Ciências pelo Instituto Tecnológico
de Aeronáutica (ITA) e presidente da Associação Paulista de Professores de Física. O evento é aberto à comunidade, voltado para universitários e profissionais atuantes nas diversas áreas. O Centro Cultural Boa Vista promove palestras sobre temas variados e tem por objetivo criar um ambiente de informação, discussão e debate, onde pesquisadores acadêmicos e profissionais especializados possam apresentar de forma breve e agradável temas importantes presentes na sociedade. Mais informações sobre o Centro Cultural Boa Vista podem ser obtidas no endereço eletrônico www.boavista.org.br.
V Seminário resíduos recicle Cempre
NOVOS ASSOCIADOS
De: 04/11/2009 a 06/11/2009
Arquitetura e Urbanismo Camila de Aguiar Pompolo
O V Seminário de Resíduos Recicle Cempre levará adiante a proposta do Cempre - Compromisso Empresarial para a Reciclagem, de promover o intercâmbio de informações e experiências bem sucedidas em coleta e reciclagem de resíduos no Brasil e no mundo. Dia 04 - quarta-feira Política nacional de resíduos sólidos. Ações setoriais em prol da reciclagem no Brasil Dia 05 - quinta-feira Inovação tecnológica A indústria de reciclagem e seus avanços Dia 05 - sexta-feria A contribuição das cooperativas de catadores Casos de sucesso de prefeituras em prol da reciclagem Mais informações: Fone (11) 3917.2878 eventos@rmai.com.br www.fimai.com.br Local: Expo Center Norte - Pavilhão Azul - São Paulo, SP
Engenharia Agronômica Julio Cesar Silva Canello Engenharia Civil Darcy Pinto dos Santos Estudante - Engenharia Eletrônica José Eduardo do Prado Estevão Estudante - Engenharia Civil e afins Carlos Eduardo de Castro Ivo Ferreira de Sousa Junior Rafael Bento de Godoy Estudante - Arquitetura e Urbanismo Ana Paula Nabar Martins Fernando Mendes Lopes Marceli Luise Ferreira Marina Gabriela da Silva Wallace de Oliveira Silva
AEAARP firma convênio com Faban
Antonio Benedito Gallo, da Faban, Hirilandes Alves, da AEAARP, Liliana Junqueira, da Faban.
Acordo estimula trabalho social A AEAARP acaba de firmar um convênio com a Faban/Uniesp que estimula a ação social por parte do estudante, além de uma série de benefícios aos associados e funcionários da entidade. O acordo é inédito e prevê descontos de 10%, 30% e 50% nas mensalidades dos cursos superiores. Hirilandes Alves, da Diretoria Especial Universitária da AEAARP, explica que o contrato prevê contrapartida do estudante beneficiário – para conquistar o desconto de 30% – com a prestação de serviços voluntários em entidades filantrópicas, com carga horária mínima de quatro horas semanais. O desconto de 50% incidirá sobre os valores das mensalidades de alunos que tenham 50 anos de idade ou mais e que também comprovem a contrapartida do trabalho social. Hirilandes ressalta que a cláusula que estipula a prestação de serviços de caráter comunitário é inédita nos convênios firmados pela AEAARP.
Apenas o desconto de 10% não exige a contrapartida. O presidente da Associação, engenheiro Roberto Maestrello, diz que o novo modelo de convênio interfere positivamente na formação do aluno. “É papel das empresas e entidades de classe buscar alternativas de atuação criativas e que agreguem valores aos cidadãos. Com esse acordo, estamos colaborando com a formação de profissionais diferenciados”, resume. A AEAARP tem convênios que oferecem descontos para associados, funcionários e seus dependentes no Centro Universitário Barão de Mauá, Moura Lacerda e Fafram, de Ituverava. A lista completa dos convênios está disponível no site www.aeaarp.org.br.
Ao preparar sua ART, não se esqueça de preencher o campo 31 com o código 046. Assim, você destina 10% do valor recolhido para a AEAARP. Com mais recursos poderemos fortalecer, ainda mais, as categorias representadas por nossa Associação. Contamos com sua colaboração!
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ciência
A criação do universo
big bang ou gênesis?
Como apresentar o que diz a ciência sobre um tema desse porte e com que autoridade? A abordagem será pela história da ciência: as visões do universo e os modelos criados ao longo dos séculos. Na Antiguidade com Aristóteles conhecemos as primeiras provas sobre a esfericidade da Terra, século IV a.C., e um geocentrismo baseado em evidências físicas e observacionais. No século II da nossa era, Ptolomeu, no seu Almagesto, apresenta um resumo de todo o conhecimento do universo até então no ocidente: uma Terra esférica no centro do universo, um geocentrismo bem alicerçado numa Física que inicia. Seria ingenuidade, entretanto, subestimar a capacidade desses nossos primeiros “cosmólogos”. Muitos dos argumentos que apresentam para defender o geocentrismo, dificilmente seriam derrubados pela maioria dos estudantes universitários atuais. A Idade Média inicia com a queda do Império Romano e a invasão bárbara que implicam num período inicial de trevas. Depois, aos poucos, há uma revitalização e o conhecimento refloresce com o exuberante desenvolvimento da técnica e da ciência – a bússola, o arado, os moinhos, os óculos, a construção das grandes catedrais, entre tantos outros – que, podemos dizer, culmina no século XII com o surgimento da universidade, uma invenção da Igreja Católica. Graças ao ambiente intelectual das universidades haverá o surgimento dos grandes expoentes no século XVI e início
do XVII: Nicolau Copérnico, Tycho Brahe, Johannes Kepler e Galileu Galilei. Mas ainda não há base para afirmar que a Terra gira. Apenas com Isaac Newton, na segunda metade do século XVII, com a gravitação universal amparada pelos alicerces lançados pelos gigantes anteriores, teremos uma ciência que mostre que a Terra pode girar. Agora o universo conhecido tinha o sol como centro e os planetas girando ao seu redor em órbitas elípticas. A título de curiosidade, a primeira prova experimental da rotação da Terra surgirá em 1851 com o pêndulo de Foucault. A evolução progride com o desenvolvimento dos telescópios e no início do século XX, especialmente com o astrônomo Edwin Hubble, descobrimos que a nossa galáxia não é a única e logo depois que todas elas estão se afastando uma das outras. Até aqui o universo era concebido estático e o próprio Eisntein resistia à ideia de um início, de uma grande explosão. Mais recentemente viu-se que as galáxias além de se afastarem umas das outras têm essa velocidade aumentando – nosso universo está crescendo. A ciência propõe sempre novos modelos. Será que conheceremos algum dia a realidade completa? Essa pergunta foi discutida por muitos filósofos da ciência: Karl Popper, Thomas Khun, Mariano Artigas, Stanley Jaki. Sem cair em ceticismos de um lado e ingenuidades de outro, a posição que parece mais equilibrada é a de um modelo que vai se tornando cada vez mais refinado, mais próximo da realidade, mas sempre será um modelo, pois a riqueza da realidade nunca será modelável. E a crise entre a ciência e a religião? O gênesis contraria a ideia do Big Bang?
Bastaria ler o que os primeiros grandes representantes do cristianismo, Santo Agostinho para citar algum, escrevem já nos séculos iniciais da nossa era sobre estes primeiros capítulos da Bíblia para verificar que isso nunca foi um problema real. Resumindo o que foi largamente discutido nestes séculos, o Gênesis afirma: • O Deus criador é transcendental – não faz parte da natureza. Como a ciência pode então apoiar ou discordar? • Este Deus criou tudo do nada – o nada citado é filosófico e não se identifica com o vácuo ou mesmo com o vácuo quântico, ou seja, não é mensurável pela ciência. • O homem tem um lugar especial em toda a criação, pois Deus o fez de forma diferente de todos os outros seres, um dia especial para a sua criação. • E finalmente a ideia de um dia especial reservado para glorificar a Deus: para os judeus, o sábado, e, no cristianismo, o domingo. Os pontos de atrito entre evolucionistas e criacionistas encontram-se na dificuldade de determinação dos seus âmbitos e métodos – âmbitos diferentes, metodologias diferentes –, não se pesa o amor. Como escreveu João Paulo II na sua Carta Encíclica Fides et Ratio, “a fé e a razão são como duas asas com as quais o espírito se eleva para a contemplação da verdade”. Completa o filósofo da ciência Stanley Jaki: “e um pássaro não voa com apenas uma asa”. Prof. Paulo Henrique C. Neiva L. Jr. é mestre em Astronomia pelo Instituto Astronômico e Geofísico da USP, doutor em Ciências pelo ITA-Instituto Tecnológico de Aeronáutica e presidente da Associação Paulista de Professores de Física. Explosão de uma estrela. Fonte www.wikipedia.org
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