painel
Associação de Engenharia Arquitetura e Agronomia de Ribeirão Preto
Ano XI nº 154 Janeiro/2008 Associação de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Ribeirão Preto
Renascimento
Engenharia salva peroba rosa no Bosque Fábio Barreto 60 anos - Roberto Maestrello é sabatinado por diretores e conselheiros da AEAARP e inaugura comemorações pelo aniversário da entidade Cana - Novas variedades do IAC estarão disponíveis em fevereiro e vão proporcionar ganho para o produtor e a indústria
Editorial Rua João Penteado, 2237 - Ribeirão Preto-SP - Tel.: (16) 2102.1700 Fax: (16) 2102.1700 - www.aeaarp.org.br / aeaarp@aeaarp.org.br Roberto Maestrello
Presidente
José Roberto Hortêncio Romero Vice-presidente
DIRETORIA OPERACIONAL Diretor-administrativo: Pedro Ailton Ghideli Diretor-financeiro: João Lemos Teixeira da Silva Diretor-financeiro Adjunto: Antônio Rounei Jacometti Diretor de Promoção da Ética de Exercício Profissional: José Aníbal Laguna DIRETORIA FUNCIONAL Diretor de Esportes e Lazer: Francisco Carlos Fagionato Diretora Comunicação e Cultura: Maria Inês Cavalcanti Diretora Social: Luci Aparecida Silva DIRETORIA TÉCNICA Engenharia, Agrimensura e Afins: Argemiro Gonçalves Agronomia, Alimentos e Afins: José Roberto Scarpellini Arquitetura, Urbanismo e Afins: Marcia de Paula Santos Santiago Engenharia Civil, Saneamento e Afins: Luiz Umberto Menegucci Engenharia Elétrica, Eletrônica e Afins: Edson Luís Darcie Geologia e Minas: Caetano Dallora Neto Engenharia Mecânica, Mecatrônica, Ind. de Produção e Afins: Júlio Tadashi Tanaka Engenharia Química e Afins: Denisse Reynals Berdala Engenharia de Segurança e Afins: Edson Bim Computação, Sistemas de Tecnologia da Informação e Afins: Giulio Roberto Azevedo Prado Engenharia de Meio Ambiente, Gestão Ambiental e Afins: Evandra Bussolo Barbin DIRETORIA ESPECIAL Universitária: Onésimo Carvalho Lima Da Mulher: Camila Garcia Aguilera De Ouvidoria: Geraldo Geraldi Junior CONSELHO DELIBERATIVO Presidente: Wilson Luiz Laguna Carlos Alberto Palladini Filho Cecílio Fraguas Junior Dílson Rodrigues Cáceres Edes Junqueira Edgard Cury Ericson Dias Mello Hideo Kumasaka Hugo Sérgio Barros Riccioppo Inamar Ferraciolli de Carvalho
João Paulo de S. C. Figueiredo Luiz Eduardo Lacerda dos Santos Luiz Fernando Cozac Luiz Gustavo Leonel de Castro Manoel Garcia Filho Marcos A. Spínola de Castro Marcos Villela Lemos Maria Cristina Salomão Ronaldo Martins Trigo Sylvio Xavier Teixeira Júnior
CONSELHEIRO TITULAR DO CREA-SP REPRESENTANTE DA AEAARP Câmara Especializada em Engenharia Civil: Ericson Dias Mello REVISTA PAINEL Conselho Editorial: Maria Inês Cavalcanti, José Aníbal Laguna, Ericson Dias Mello e Hugo Sérgio Barros Riccioppo Coordenação Editorial: Texto & Cia Comunicação – Rua Paschoal Bardaro, 269, cj 03, Ribeirão Preto-SP, Fone (16) 3916.2840, contato@textocia.com Editores: Blanche Amâncio – MTb 20907 e Daniela Antunes MTb 25679 Publicidade: Promix Representações - (16) 3931.1555 - revistapainel@globo.com Adelino Pajolla Júnior / Jóice Alves / Lucimara Zaparolli Tiragem: 5.000 exemplares Locação e Eventos: Solange Fecuri - (16) 2102.1718 Editoração eletrônica: Mariana Mendonça Nader - mmnader@terra.com.br Impressão e Fotolito: São Francisco Gráfica e Editora Ltda. Fotos: Carlos Natal (Capa), Carlos Bolfarini e Texto & Cia. Painel não se responsabiliza pelo conteúdo dos artigos assinados. Os mesmos também não expressam, necessariamente, a opinião da revista.
Engº Civil Roberto Maestrello
O ano que se inicia traz, além das esperanças e desejos que fomentamos no seio de nossas famílias, uma grande carga de responsabilidade para a direção da AEAARP. Assumimos há quase um ano e temos a responsabilidade de marcar os 60 anos de fundação da entidade. Os primeiros passos já foram dados, com a constituição de uma comissão representativa da diretoria, dos conselhos Consultivo e Deliberativo e da Engenharia, Arquitetura e Agronomia. Entretanto, mais do que festejar, é necessário que façamos uma reflexão profunda sobre o nosso papel perante a sociedade. Nestes 60 anos, a AEAARP foi palco de discussões importantes que influenciaram diretamente o desenho de nossa cidade. Esta função, política em si e apartidária por princípio, foi exercida com esmero por todos que compõem a entidade. O Fórum Ribeirão Preto do Futuro agrega, há algum tempo, estes debates, polemizando ao mesmo tempo em que aponta soluções para as grandes questões que são colocadas em pauta. A defesa da atividade profissional é outra esfera de atuação da AEAARP e, neste campo, também a ação conjunta de todos os associados é primordial para alcançarmos êxito. Em recente reunião com representantes do CREA-SP reivindicamos o aumento da representatividade da AEAARP no Conselho que, por seu lado, informou que apenas 1.600 dos mais de 3.000 filiados à nossa entidade optaram por ela na última contagem dos associados que optaram por ser representados pela AEAARP, o que fez reduzir o número de cadeiras. A AEAARP tem representatividade política e institucional suficientes para se fazer representar de forma mais efetiva no CREA-SP. Nesta matemática fica evidente que a participação dos filiados é essencial. A primeira edição de 2008 da revista Painel expõe estas questões, tanto na sabatina na qual respondi a questões importantes formuladas por conselheiros e diretores da AEAARP, quanto nas matérias e artigos que refletem a relevância do exercício responsável de nossas profissões.
ENTREVISTA
60 anos
Na trilha do desenvolvimento
2008 “Como presidente, sou o porta-voz do associado...mas é o associado que tem de trazer seus anseios e solicitações para que a AEAARP cumpra com legitimidade seu papel.”
Maestrello
2008 será um ano marcante para a AEAARP. É esta a avaliação e a expectativa do presidente Roberto Maestrello, que foi sabatinado por diretores e conselheiros da entidade sobre questões classistas e políticas que envolvem as profissões representadas pela AEAARP. Foi cobrado e também cobrou empenho de diretores e conselheiros em suas ações, declarou disposição de ampliar debates que envolvem os representantes da Associação em conselhos como o Condema, o Conpacc e o Comur e valorizou críticas e sugestões que são administradas pela ouvidoria. Neste ano, a AEAARP completa 60 anos de fundação. Reverenciar a história da Associação e aprofundar as ações da entidade para o futuro, atuando “com mais freqüência e volume nos conselhos, nas discussões que envolvem o futuro” é uma das expectativas do presidente para o próximo período. Maestrello pretende ver a AEAARP e os associados cada vez mais envolvidos com os grandes temas em debate na cidade, influenciando nos rumos do desenvolvimento, e ressaltou a importância política da Associação, enfatizando seu caráter apartidário. “É nosso grande trunfo, podemos influenciar sem tomar 4 AEAARP
partido, para o bem da cidade, da região e do associado”, disse. Hugo Riccioppo, Maria Inês Cavalcanti, Giulio Prado, Gustavo Leonel, Luci Aparecida Silva, Pedro Ghideli, José Roberto Scarpellini, Alexandre Barbim, Geraldo Geraldi Júnior e José Aníbal Laguna participaram da sabatina. Veja os principais temas discutidos: Contribuição do Conselho Deliberativo “Todos os temas e todos os problemas que temos levado, o Conselho tem discutido, algumas vezes aprova e outras não, mas de uma maneira geral tem trabalhando como equipe, é essa minha visão. Acredito que uma freqüência maior dos membros do Conselho, não só nas reuniões, nas plenárias, poderia contribuir de uma maneira mais efetiva com a Associação, seria importante que viessem mais à sede. Estamos praticamente todos os dias aqui, chega um e outro, trazem os problemas, ajudam, dão contribuição, experiência. As pessoas que vêm às reuniões têm positivamente atuado de uma forma muito boa.” Expectativa em relação à diretoria “Que cada um cuide de sua
área, todos somos ocupados (com atividades particulares), mas algumas diretorias deveriam ter mais empenho. Há diretores que vêm aqui todos os dias, e nem é isso que quero pedir, uma vez que cada diretor tem seus afazeres e preocupações. Desde que aceitei participar da Associação de uma forma mais direta como diretor eu venho aqui quase todos os dias; não só venho como penso a Associação todos os dias.” O papel do Conselho Consultivo “O Conselho dos Ex-presidentes é para aconselhar, não participar no dia-a-dia, é para trazer a experiência de todos os problemas vividos no passado, e criar um caldo de conhecimento no trato dos problemas da associação. Isso é importantíssimo para nós. O Conselho Consultivo está reunido permanentemente, não precisa ser só nas reuniões formais. Precisa vir aqui... o Laguna, o Genésio, o Siena, e outros também. E, claro, nas reuniões que acontecem todos os meses é importante a participação. É um órgão que aconselha, não cobra. Tenho que prestar contas para o Conselho Fiscal e em última análise ao Conselho Deliberativo e o Conselho Consultivo tem de vir aqui para aconselhar.”
e da valorização profissional Tecnologia da informação “Temos avançado, na medida do possível. Queria que estivéssemos oferecendo mais computadores, mais programas para que o associado pudesse usufruir. E claro que cursos também, de informática, não somente internamente, mas também com empresas que pudessem trazer seus cursos para a Associação.” Burocracia na aprovação de projetos “Essa é uma preocupação dessa diretoria. Coloquei esta questão em pauta, procurei a Secretaria de Planejamento e falei com o [Gilberto] Pinhata. Coloquei a Associação à disposição. Muitas vezes o engenheiro não tem o tratamento devido na secretaria. Coloquei uma sala na Associação à disposição, assim como sugeri a possibilidade de ocuparmos uma sala na secretaria, com infra-estrutura por nossa conta. Eles acharam muito bonito. Já cobrei várias vezes e acredito que hoje, com o Pinhata e o também o Wilson Laguna estando lá, penso que estamos mais próximos de conseguir. É muito importante essa prestação de serviço auxiliando na agilização e aprovação dos projetos.” Comemoração dos 60 anos “Temos a felicidade e a sorte que este marco aconteça durante a nossa gestão. Esse evento de comemoração estará à altura da importância de nossa Associação. A diretoria vai investir em uma programação de caráter técnico e cultural, representativa da Associação. A comissão que estamos montando, que terá representantes de todas as profissões que compõem a Associação, da diretoria e do Conselho, vai se responsabilizar pela programação, que deve contar a nossa história e também projetá-la para a sociedade.”
Ações pela valorização profissional “Discutir o problema aqui e trabalhar para auxiliar na rapidez do processamento da tramitação dos processos é uma maneira de valorizar o nosso profissional. Trabalhar junto ao Comur e ao Condema, com nossa experiência e bagagem, é uma maneira de fazer reconhecer a importância desses profissionais, além de oferecer discussões e palestras em todas as áreas, debates sobre parcelamento e uso do solo, Plano Diretor, mobiliário urbano, facilitar o acesso dos profissionais ao conhecimento e possibilitar a compra subsidiada de instrumentos para seu trabalho também é uma ação neste sentido. Nosso trabalho é efetivamente de valorização dos profissionais.” Exercício legal da profissão “Associação tem um poder relativo, temos feito junto ao CREA-SP gestões, participando de reuniões e denunciando obras irregulares pela falta de profissionais. Isso não é função só da diretoria da entidade, mas de qualquer engenheiro que se depare com uma obra irregular, uma obra sem uma placa... Temos que chamar o CREA, sim. Isso deve acontecer inclusive quando diz respeito às prefeituras, que têm profissionais responsáveis por isso. Temos que acionar a prefeitura quando necessário!” Ampliação da sede “A ampliação da sede é uma das metas dessa diretoria. Nestes dez meses, nós procuramos os projetos existentes e colocamos em cima da mesa a situação atual da Associação. Procuramos ouvir todas as pessoas que já estiveram envolvidas anteriormente. Convidamos o
arquiteto [Carlos] Gabarra, que foi quem fez todo o projeto inicial da sede da Associação, e ele inclusive já está trabalhando. A Comissão de Obras fez um plano de massa, o engenheiro Pedro Ghideli e eu nos propusemos a calcular a parte de concreto armado e metálica. Enfim, acredito que vamos ter um projeto pronto nos próximos meses para podermos iniciar uma campanha de ampliação da sede. Essa reforma vamos fazer mais simplificada. Nós acreditamos que se fizermos isso vamos dar à Associação aquilo que está sendo demandado hoje; ou seja, mais salas para conferências e palestras, oferecendo mais oportunidades ao profissional, valorizando e, além disso, dando maior possibilidade de utilização.” Crescimento do setor da construção “Se no Brasil o setor está crescendo quase 40%, nossa região vai participar ativamente deste índice. Como todos sabemos, nossa região tem grande potencial de produção de riqueza. A Transerp divulgou, por exemplo, que o trânsito na cidade é de 300 mil veículos e que está dobrando neste período de férias. Isso significa que a região está comprando, consultando médico, vindo a prestadores de serviços em Ribeirão. Quando eu me formei em engenharia, convivi com o milagre brasileiro. O engenheiro foi altamente valorizado naquela época. Depois de vivermos um período de 25 anos de estagnação total, nos deparamos agora com o crescimento. Isso é muito bom, pois há geração de emprego, disseminação de riqueza. No entanto, é importante fazer um alerta: temos visto requisição para o engenheiro trabalhar, mas não temos visto valorização salarial correspondente a este trabalho. Isso eu não vi até agora, e gostaria de ver também.” Revista Painel
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ENTREVISTA
Representatividade no CREA “A ART é uma necessidade e uma obrigação de toda atuação do profissional. Se vai aprovar uma planta você vai e recolhe a ART, eu acho isso certo. O que eu gostaria que o CREA trouxesse ao profissional é o valor correspondente à atuação. Temos cobrado isso do CREA, tivemos uma reunião com os representantes do Conselho, eles vieram à Associação responder o questionamento que fizemos sobre a nossa representatividade. Tem uma matemática de renovação, que é confusa, Maria Inês Cavalcanti, mas nós estamos questionando porque a associação tem perdido representatividade de diretora de Comunicação e Cultura uma maneira geral. Gostaríamos de ter no mínimo um representante de arquitetura, um de engenharia e um de agronomia. A pujança e o tamanho da Associação dão o direito de termos no mínimo três representantes no CREA. Os representantes do CREA disseram que o número de optantes pela Associação tem caído, por isso nossa representatividade está caindo. Nós pedimos a eles que nos dessem a lista das pessoas que optaram pela AEAARP no ano de 2006, que foi usado como norma para mudar a representatividade em 2007. São cerca de 1.600 pessoas que optaram pela Associação. Queremos saber quem são esses 1.600, porque nós temos 3.000 associados. Eu sei que nesses 3.000 associados há estudantes, pessoas que não pagam o CREA. Portanto, esses 1.600 são aqueles que José Aníbal Laguna, conselheiro e ex-presidente estão legalmente habilitados no CREA. Esse número foi usado para determinar a nossa representatividade. Nós vamos comparar as duas listas, de associados com os que optaram pela AEAARP e quem estiver fora, nós vamos atrás para aumentar o número daqueles que optam por nossa Associação e, por conseguinte, sermos credores de uma maior representatividade no CREA. Temos nos batido com uma questão: os órgãos públicos, as prefeituras, que não recolhem a ART de seus profissionais, não os prestigiam. Nós vamos bater mais nesta questão de que o profissional tem que ser valorizado.” Engenheiros agrônomos “Vamos mostrar que essa Associação é aquela da festa dos agrônomos, que foi brilhante, que teve a Semana de Agroenergia. A Associação deve demonstrar para aqueles que saíram que está aqui, à disposição deles. Por uma pequena quantia anual ele é credor de tudo isso que nós podemos oferecer.” Projeto AEAARP e CREA-SP “Aumentar nossa representatividade no CREA, ampliar nossa sede dando melhores instalações para os nossos associados, o CREA e para nossos funcionários e aprofundar as ações que temos desenvolvido para a valorização dos profissionais. Todas as ações deste ano queremos fazer em parceria com o CREA – fiscalizar obras, apontando aquelas que necessitam de atenção do CREA, pressionar os órgãos públicos para que valorizem o profissional que está lá. Nós somos um órgão associativo, e não normativo, mas estamos aqui para apontar ao CREA as falhas que identificamos e usar nosso peso junto ao mesmo para prestigiar os profissionais.”
Geraldo Geraldi Júnior, diretor de Ouvidoria
Giulio Azevedo Prado, diretor de Computação, Sistemas de TI e afins
Quem ganha com as grandes construtoras em Ribeirão ”Todos os setores. Ganha o engenheiro, o operário, o prestador de serviços, o cidadão porque tem uma oferta maior de produtos. Proporciona também investimentos em diferentes regiões da cidade. Veja que há lançamentos em todas as regiões, não só na zona sul, mas nas leste, oeste e norte também. Isso é muito importante para a cidade.” Gustavo Leonel, conselheiro
Luci Aparecida Silva, diretora social
6 AEAARP
José Roberto Scarpellini, diretor de Agronomia, Alimentos e afins
Hugo Riccioppo, conselheiro
Pedro Ghideli, diretor administrativo
Alexandre Barbim, chefe da unidade de gestão do CREA-SP em Ribeirão
DEPOIMENTO
EX-PRESIDENTES DIZEM O QUE ESPERAM PARA 2008 Luiz Eduardo Siena Medeiros
Presidente AEAARP na gestão 2000-2002 e 2002-2004 A AEAARP tem que ser vista sob uma perspectiva histórica porque tem uma presença muito forte na comunidade, inclusive regional e no sistema Confea/Crea. É uma entidade que construiu uma tradição de participar de momentos e de decisões importantes. A principal razão da existência da entidade é o fato de ela poder agregar os profissionais e representar os mais elevados aspectos da tecnologia nas áreas de engenharia, arquitetura e urbanismo e agronomia. Para o futuro: não há como não pensar em levar adiante a valorização das profissões tecnológicas, cabe à AEAARP, nas suas diversas participações na comunidade, nos conselhos e, acima de tudo, do ponto de vista social, se colocar perante as grandes questões que a sociedade demanda nas relações das pessoas com o espaço geográfico, econômico, estético e cultural; debatendo soluções e alternativas como vem fazendo ao longo desses 60 anos, de forma cada vez mais ampla, aberta e plural.
Genésio Abadio de Paula e Silva
Presidente AEAARP nas gestões 1994-1996 e 2002-2005 Vimos a AEAARP nascer pelas mãos de um grupo de abnegados e hoje a vemos como uma entidade de representatividade em todo o Estado de São Paulo. A entidade precisa assumir o papel de liderança que lhe cabe na defesa dos profissionais e ampliar seu raio de influência para a região, trabalhando para que os profissionais de engenharia, arquitetura e agronomia tenham a maior expressão possível na comunidade onde estão inseridos. A AEAARP mantém vivo um quadro de profissionais de qualidade, é imperioso e obrigatório que tenham uma participação forte e decisiva nos rumos de nossa região, influenciando nos debates. A associação não pode fugir desse papel. Nada vem sem cobrança, aquele que recebe deve dar e retribuir.
Décio Carlos Setti
Presidente AEAARP na gestão 1969-1971 Observo que, nos últimos anos, a Associação teve uma ascensão tremenda! Está cada vez mais participativa e inserida nas discussões que são abertas na sociedade. A Associação cumpre o seu papel de orientar o crescimento da cidade, e penso que é este o caminho que deva seguir. O seu caráter apartidário é fundamental para que a AEAARP siga influenciando dos destinos da cidade sem sofrer influência direta de nenhuma corrente de pensamento, se não aquele que norteia as ações dos profissionais. A comprovação desta característica da Associação é o fato de ela se abrir a todas as correntes no período eleitoral e promover em sua sede eventos que debatem o futuro da cidade, discutindo suas propostas e programas. É exatamente este o rumo certo para a Associação.
José Aníbal Laguna Presidente da AEAARP na gestão 1980-1982 Desde o milagre brasileiro, dos anos de 1970, Ribeirão Preto não passa por um crescimento como este que vivemos agora, quando são geradas grandes oportunidades. É um movimento irreversível que vai resultar em pelo menos 10 anos de um movimento extraordinário que influencia diretamente a construção civil. Nunca o mercado foi tão ativo, fruto do planejamento dos últimos 30 anos. Neste contexto, a AEAARP é um exemplo de organização que deve ser seguido por todo o setor no país, porque influenciou nas decisões que alavancaram este bom momento que desfrutamos hoje. A cidade de Ribeirão Preto foi construída com a contribuição ativa da Associação e de seus associados e a participação destas mesmas pessoas nos próximos anos vai traçar o rumo do nosso futuro. Revista Painel
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LEGISLAÇÃO
Resolução nº 1.010/05 do CONFEA A nova sistemática de Engenheiro Civil Ericson Dias Mello* Arquiteto e Urbanista João Carlos Correia** Aprovada em 2005 pelo plenário do Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia-CONFEA, e vigente desde 1º de julho de 2007, a Resolução nº 1.010/05 vem sendo alvo de interesse crescente por parte dos profissionais, entidades de classe e instituições de ensino do sistema. Fruto de muitos debates e objeto de muitas controvérsias, a Resolução nº 1.010 é o texto substituto da Resolução nº 218, de 1973, na definição da sistemática de concessão de atribuições profissionais aos engenheiros, de todas as modalidades, arquitetos e urbanistas, agrônomos, geólogos, geógrafos, meteorologistas, técnicos e tecnólogos da área. A Resolução encontra amparo e suporte na Lei nº 5.194, de 1966, que disciplina o exercício das atividades da engenharia, arquitetura e da agronomia, deinindo as bases do sistema profissional CONFEACREA’s. O texto da Resolução nº 1010/05 define os princípios da nova sistemática de concessão de atribuições profissionais, entendido como o ato de consignar direitos e responsabilidades aos profissionais, e a Resolução nº 1.016/06 é formada pelos anexos da Resolução nº 1.010, que definem as atividades profissionais (anexo I), as áreas e campos de atuação profissional (anexo II) e a sistemática de cadastramento institucional, de cursos e programas e o perfil de atuação do egresso (anexo III), documentos para preenchimento por parte das instituições de ensino tecnológico, que serão a base para a análise do Conselho e a definição das atribuições profissionais aos egressos dos cursos da área. O disposto na resolução atinge todos os ingressantes em cursos da área tecnológica a partir de julho de 2007, mas é opcional para todos aqueles que estão cursando suas graduações ou cursos técnicos. Além disso, os profissionais já 8 AEAARP
registrados podem solicitar extensão de atribuições profissionais pelo novo texto, para cursos de pós-graduação, desde que cumpram os requisitos estabelecidos na resolução. Em comparação com a Resolução nº 218/73, são grandes as alterações nos princípios e nos procedimentos. Segundo o engenheiro e professor Ruy Carlos de Camargo Vieira, um dos principais mentores da nova Resolução, a 1010, como vem sendo chamada, possibilita uma visão holística do espectro profissional, em contraponto à visão segmentada do texto legal anterior. Uma das principais características da nova resolução é a concepção matricial para as atividades e competências dos profissionais, isso porque, segundo o novo texto legal, as atividades profissionais; isto é, as ações características dos profissionais (projetar, planejar, executar, coordenar, etc.) definidas no anexo I da Resolução em número de 62 atividades, devem ser relacionadas com as competências por campo de atuação das diversas áreas e modalidades (definidas no anexo II), possibilitando assim a concessão de atribuições profissionais rigorosamente em função do perfil de formação. Esse modelo substitui o anterior, em que as atividades eram concedidas em bloco, independentemente da análise do perfil de formação do egresso, cabendo apenas uma ou outra restrição em relação às áreas de atuação de determinada modalidade ou categoria, se não contempladas no currículo do curso. Outra questão importante é a interdisciplinaridade, aqui entendida como a possibilidade de o profissional ampliar suas atribuições profissionais para atividades e campos de atuação próprios de outras modalidades profissionais, desde que na mesma categoria. A restrição para categorias distintas; isto é, a impossibilidade de que engenheiros, arquitetos e agrônomos possam estender suas atribuições para os outros grupos, é definida no artigo 9º da resolução, o que vem sendo objeto de
discussões e controvérsias. De qualquer forma é forçoso reconhecer o avanço do novo texto, ao possibilitar que estudos em cursos regulares de pós-graduação, tanto no lato como no estrito sensu possam conduzir a novas atribuições profissionais, fortalecendo o conceito de educação continuada que se impõe no atual contexto educacional e profissional. Também disciplinas cursadas como optativas em cursos de graduação podem representar novas atribuições, desde que cursadas em cursos regulares perante o MEC. A Resolução 1.010 do CONFEA define que as atribuições profissionais sejam concedidas inicialmente em função do currículo padrão do curso, isso é, em função das disciplinas e atividades obrigatórias, cursadas por todos os alunos concluintes. As disciplinas e atividades optativas cursadas na graduação, e também os cursos e programas de pós-graduação possibilitam ao profissional já registrado a extensão de suas atribuições profissionais, em requerimento individual, que será analisado nas câmaras especializadas dos CREAs, com apoio da CEAP-Comissão de Educação e Atribuições Profissionais. Importante destacar ainda a aderência do texto da resolução à nova LDB-Lei de Diretrizes e Bases da Educação e às Diretrizes Curriculares Nacionais. O texto resgata também o disposto nos artigos 10 e 11 da Lei 5.194, que estabelece a competência das instituições de ensino em indicar ao Conselho Federal as características dos profissionais por ela diplomados, informando o perfil de formação dos egressos. Essa prática será estabelecida com a sistemática definida no anexo III da Resolução, que define o cadastramento de instituições, cursos e perfil de formação, documentos que serão preenchidos pelas instituições de ensino para análise do CREA. Ponto importante da nova resolução é a forma harmônica de tratamento com as profissões inseridas no sistema por força de lei, caso dos técnicos, geologia, geografia e meteorologia, sendo que em caso de
atribuições profissionais do sistema conflito entre as leis dessas profissões e o disposto na Resolução 1.010, deve prevalecer o disposto nas leis. A Resolução 1.010 define ainda que os títulos profissionais devem ser estabelecidos em acordo com os campos de atuação, e que não há obrigatoriedade de concordância do título profissional com o título acadêmico, sendo que para a atribuição do título profissional deve se observar a tabela de títulos definida na Resolução nº 473/2002, que é atualizada anualmente pelo CONFEA. Há que se reconhecer que embora a resolução contenha muitos pontos positivos nos seus princípios de educação continuada e visão holística do espectro profissional, a operacionalização do disposto na resolução não é simples e
tem motivado muitos debates no sistema CONFEA-CREA. Como tentativa de tornar o processo de concessão de atribuições profissionais algo mais simples e factível, as comissões de especialistas do CONFEA se debruçam sobre a formatação da chamada Matriz de Conhecimentos, um conjunto de diretrizes que relacionam conteúdos mínimos com as atribuições por campo de atuação profissional. O trabalho está em andamento e certamente irá contribuir para tornar o procedimento mais simples do ponto de vista operacional. Mais informações sobre a Resolução nº 1.010 podem ser obtidas no site do CONFEA www.confea.org.br, ou com a CEAP-Comissão de Educação e Atribuições Profissionais do CREA-SP.
* Engenheiro Civil. Professor do Centro Universitário Moura Lacerda. Conselheiro e Coordenador da CLN do CREA SP. Coordenador do Fórum Permanente de Debates “Ribeirão Preto do Futuro” da AEAARP. ** Arquiteto e Urbanista. Professor do Centro Universitário Barão de Mauá e da UNARAraras. Conselheiro e Coordenador da CEAP do CREA-SP.
Este assunto foi tema de palestra realizada dia 3 de dezembro, na sede da AEAARP, com patrocínio do CREA.
ARQUITETURA
PRIMEIRO CATÁLOGO DE PRODUTOS INCLUSIVOS DO PAÍS JÁ ESTÁ NO AR O Instituto Brasil Acessível (IBA) em parceria com e o Instituto Brasileiro de Desenvolvimento da Arquitetura (IBDA) estão lançando o Catálogo Virtual de Produtos Inclusivos. Inédito no Brasil, o Catálogo é um guia para consumidores, arquitetos e engenheiros, reunindo produtos certificados com o Selo de Produto Inclusivo do Instituto Brasil Acessível. Os produtos atendem ao conceito de acessibilidade. O Catálogo pode ser acessado nos sites do IBDA - http://www.forumdaconstrucao.com.br/catalogo - e do IBA -www.brasilacessivel.org.br. A primeira versão on-line do Catálogo reúne 33 produtos - pisos, portas, ferragens e acessórios de sinalização - que foram avaliados pelo IBA seguindo os requisitos da acessibilidade: segurança no uso, acessibilidade, uso independente e igualitário, conforto, estética, flexibilidade, fácil percepção e entendimento. Entre as primeiras empresas que tiveram seus produtos avaliados para a obtenção do Selo de Produto Inclusivo estão Eliane, Yale La Fonte, Arco Sinalização e Mercur. Desde quando foi lançado o projeto, o IBA avalia e seleciona produtos em conformidade com os princípios do Universal Design, ou seja, que podem ser adotados por todos, independentemente de limitações temporárias ou permanentes. O Catálogo Virtual será atualizado à medida que mais empresas inscreverem seus produtos como candidatos ao Selo de Produto Inclusivo. A versão impressa sairá em 2008. “Trata-se de um importante canal de informações para a qualidade de vida das pessoas. O Brasil é um país que está envelhecendo. Isso intensifica a busca por produtos que atendam às necessidades dos idosos. A cada ano, 650 mil novos idosos são incorporados à população brasileira. A acessibilidade é cada vez mais importante para o bem-estar das pessoas, jovens, idosos ou portadores de necessidades especiais”, enfatiza Sandra Perito, presidente do IBA. Segundo Sandra, outro aspecto em destaque é que o consumidor tornou-se consciente e exigente. “Quanto mais pessoas atentas a esses produtos, melhores serão os ambientes e a indústria poderá explorar ainda mais esse potencial de mercado. É vantagem tanto para quem compra quanto para quem produz”, acrescenta. Para J. Osíris Thomaz de Almeida, diretor geral do IBDA, a arquitetura inclusiva é uma realidade mundial e o Brasil precisa alinhar-se a essa tendência. “O Catálogo atende a consumidores e também auxilia e conscientiza profissionais da necessidade do uso de produtos que tenham uso universal. Dessa forma, o IBDA incentiva a construção civil à prática de novos conceitos nos projetos de arquitetura, que garantam mais qualidade de vida à população”, ressalta. 10 AEAARP
Critérios de Avaliação Os sete princípios do Universal Design permitem avaliar de maneira sistemática os produtos existentes e a auxiliar tanto designers como consumidores sobre produtos e ambientes mais usáveis. Princípio 1 - Igualdade de uso • Provê o mesmo uso para todos: idêntico quando possível, equivalente quando não possível. • Evita segregar ou estigmatizar qualquer usuário. • Provê o mesmo uso para todos: idêntico quando possível, equivalente quando não possível. Princípio 2 - Flexibilidade de uso • Provê opções de métodos de uso. • Provê adaptabilidade para a necessidade do usuário. Princípio 3 - Uso simples e intuitivo • Elimina complexidade desnecessária. • Consistente com a expectativa e a intuição do usuário. Princípio 4 - Informação perceptível • Usa diferentes modos - pictorial, verbal, tácito - para apresentação redundante de informações essenciais. • Maximiza a legibilidade de informações essenciais. Princípio 5 - Pouco esforço físico • Permite ao usuário manter uma posição neutra do corpo. • Minimiza sustentar o esforço físico. Princípio 6 - Dimensões e espaços para aproximação e uso • Provê alcance confortável a todos os componentes para pessoas sentadas ou em pé. • Acomoda variações de mãos e formas de pega. Princípio 7 - Tolerância a erros • Chama a atenção para os perigos e os erros. • Provê características de segurança (antifalhas). As empresas podem solicitar a análise de seus produtos pelo tel. (11) 5044-1054.
RESPONSABILIDADE SOCIAL
São Paulo ganha o segundo
jardim sensorial
O espaço conta com 30 tipos de plantas de diferentes cheiros e texturas Foi inaugurado, no dia 10 de dezembro, um novo jardim sensorial na cidade de São Paulo. O espaço de 50 m² fica na sede da Serasa e reúne 30 tipos de plantas de diferentes cheiros e texturas. É o primeiro em uma empresa privada em São Paulo e o segundo de toda a cidade, voltado a todos os profissionais da organização, em especial às pessoas com deficiência visual. “O jardim sensorial tem plantas que estimulam todos os sentidos, como manjericão, jasmim-estrela, alecrim e arruda. Além disso, conta com corrimãos, piso pólo tátil e placas em Braille com a identificação de cada planta. O principal público são os cegos, mas não só eles, todos podem desfrutar do jardim”, explica o coordenador do Processo Serasa de Empregabilidade de Pessoas com Deficiência, João Baptista Ribas. Atualmente, 14 pessoas com deficiência visual trabalham na Sede da Serasa. Além dos profissionais da empresa, o jardim sensorial receberá também visitas monitoradas de grupos externos, que devem ser agendadas por meio do endereço eletrônico programaempregabilidade@ serasa.com.br. Para Tiago Almeida Lemos, portador de deficiência visual que trabalha na área de Planejamento de Pessoas da Serasa, será um privilégio poder sentir e compreender melhor a natureza. “Com o jardim sensorial, nós cegos teremos a oportunidade de apreciar a beleza das plantas. Será muito gratificante”, afirma. Tiago Lemos espera ainda por outras iniciativas como a da Serasa. “Um jardim sensorial é uma idéia muito rica e importante para a inclusão social e, como São Paulo é uma cidade com muitos jardins, acredito que com um pouco mais de esforço é possível disseminar esse conceito”, finaliza Lemos. O jardim sensorial da Serasa fica na sede da empresa - Alameda dos Quinimuras 187, Planalto Paulista, São Paulo-SP.
“Será um privilégio poder sentir e compreender melhor a natureza.”
Revista Painel 11
ENGENHARIA
Peroba rosa resiste Há cerca de 20 anos, os freqüentadores das noites animadas do restaurante JR Bosque, instalado dentro do Bosque Municipal Fábio Barreto, não imaginavam que os restos da diversão seriam queimados ao pé de uma árvore centenária. O resultado desta ação quase obrigou a derrubada da árvore, que acabou sendo salva pela ação da engenharia, com um projeto de estaiamento executado em 2003. A manutenção aconteceu nos últimos dias e revelou a solidez do projeto. Remanescente da Mata Atlântica, o exemplar de peroba rosa de mais de 300 anos ganhou um buraco profundo na base de seu tronco, comprometendo sua estabilidade. A árvore foi avaliada por técnicos da ESALQ-Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz de Piracicaba que atestaram sua vitalidade. Antes do estaiamento, foi feito um tratamento de ‘dendrocirurgia’ no tronco, técnica que impede e contém o processo de apodrecimento da parte interna pela ação de fungos, bactérias e cupins. O engenheiro Pedro Ghideli, que assina o projeto de estaiamento, explica que o tronco recebeu um anel de metal vulcanizado revestido em lona com amarração em quatro pontos diferentes, o que confere equilíbrio. O revestimento do anel tem por objetivo evitar a necrose desta área do tronco, assim como
Gustavo Nonino, diretor do bosque
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fissuras em sua estrutura, o que poderia ocasionar a entrada de bactérias que comprometeriam sua saúde e longevidade. Estima-se que o tronco desta árvore pese mais de 200 toneladas. O sistema é sustentado por quatro tubulões de concreto armado de 75 centímetros de diâmetro, fincados 6 metros abaixo da terra. Um dispositivo de roldanas, instaladas no anel – que fica há 16 metros de altura – e nos tubulões, garantem a distribuição do peso da árvore mesmo diante de situações extremas, como uma tempestade de ventos. Nestas situações, Gustavo Nonino, diretor do bosque, percebe o tensionamento dos cabos de aço. O zootecnista Alexandre Carvalho Gouveia, chefe da Divisão de Educação Ambiental da Secretaria Municipal de Planejamento, relata que tanto os cabos quanto o anel fazem barulho. “Os funcionários já se acostumaram”, conta, na confiança de que o cálculo preciso garante a segurança de todos. Pedro afirma que o projeto no Bosque Fábio Barreto é inédito na América Latina. “Além do trabalho em si há muita satisfação em participar de um projeto desta envergadura, que envolve uma espécie rara em todo o mundo e que foi essencial para sua preservação”, diz o engenheiro. Alexandre conta que, desde a execução do projeto, a peroba rosa é
Alexandre Carvalho Gouveia na fenda provocada pela fogueira na peroba
Pedro Ghideli em um dos apoios da árvore
graças à engenharia parada obrigatória do roteiro de educação ambiental do bosque. “Ficou mais educativo”, afirma. Na manutenção realizada nos últimos dias do ano de 2007, Pedro Ghideli verificou que o anel não danificou o tronco da peroba rosa. Foram feitos alguns ajustes nos dispositivos de apoio do anel, nos tubulões de concreto e o retensionamento dos quatro cabos de estaiamento, equalizando suas tensões. Nesta manutenção, os dispositivos de tensionamento dos cabos foram pintados com tinta epóxi para garantir maior conservação e proteger dos efeitos corrosivos que o local proporciona, uma vez que é muito úmido.
A peroba O Bosque Fábio Barreto tem, no total, 12 exemplares de peroba rosa, espécie considerada em extinção. Aquela que foi salva pelo estaiamento é a mais antiga e faz par com outra que está há poucos metros e é alguns anos mais nova. A espécie é nativa e produz grande quantidade de sementes apenas a cada dois a quatro anos. Em decorrência da exploração descontrolada do uso comercial da madeira, é raro encontrar uma árvore destas em sua área de ocorrência natural.
Não é o ângulo reto que me atrai. Nem a linha reta, dura, inflexível, criada pelo homem. O que me atrai é a curva livre e sensual. A curva que encontro nas montanhas do meu país...
100 anos - Oscar Niemeyer PARABÉNS! Revista Painel 13
AGRONOMIA
NOVAS VARIEDADES DE CANA DO IAC A partir de fevereiro de 2008 produtores de cana-de-açúcar poderão obter pacotes tecnológicos das quarto novas variedades da planta desenvolvidas pelo IAC/APTA-Instituto Agronômico, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento. Os pacotes incluem, além das mudas, instruções sobre como cultivá-las e multiplicálas. As variedades chegam ao mercado com a responsabilidade de superar em 17% a produtividade dos cultivares mais comuns e gerar cerca de 120 toneladas/hectare. Segundo o diretor do Programa Cana IAC, Marcos Guimarães de Andrade Landell, as novas variedades, que exigiram mais de 13 anos para serem desenvolvidas, irão assegurar o ganho de produtividade de 1,5% ao ano, índice que o segmento vem conquistando há mais de três décadas. “Elas vêm atender às demandas do setor, são novas ferramentas que irão possibilitar ganhos muito significativos”, explica Landell. Segundo ele, é possível obter aumentos de 10% a 30%, se os produtores souberem explorar bem o perfil desses materiais, associando-os ao ambiente de produção adequado. Dentre essas variedades (veja quadro), a IAC91-1099 e a IACSP95-5000 são as que mais se destacam pela elevada produtividade e concentração de sacarose. Comparadas a materiais
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bastante cultivados comercialmente, a produtividade da IACSP95-5000 foi superior em 17,7% e a da IAC91-1099 em 11%. Esses valores correspondem uma variação na produção de 120 a 90 toneladas/hectare e de 140 a 95 toneladas/hectare, respectivamente. Ainda relacionada a essas características, a IAC91-1099 garante uma boa produtividade mesmo em cortes avançados, com produção superior em 20% a dos materiais que apresentam esse mesmo perfil. “Os ensaios que validaram essa variedade foram conduzidos até o quarto corte, em diversos ambientes de produção. Nessa condição, para o quarto corte ela apresentou dados médios de 94 toneladas/hectare”, informa o pesquisador do Programa Cana IAC, Mauro Alexandre Xavier. Segundo ele, outro aspecto que também chama a atenção na IAC91-1099 é o seu caráter rústico-estável, o que possibilita seu cultivo em ambientes médios a desfavoráveis. Em relação ao nível de maturação, os novos frutos do programa de melhoramento genético de cana-deaçúcar do IAC atendem a diferentes demandas, ao atingirem o nível de sacarose ideal para o corte em diferentes períodos. A IAC91-1099 e IACSP95-5000 apresentam boa capacidade de acumular sacarose ao longo da safra, tornando-se uma boa
opção para corte entre o inverno e a primavera – o que corresponde ao período entre julho e novembro. Já a IACSP95-3028 e a IACSP93-2060 chamam a atenção pela precocidade de maturação, o que beneficia a colheita durante o período de menor volume de produção. “Para a IACSP95-3028, colhida em início de safra – um momento bastante crítico para o acúmulo de sacarose – o teor percentual desse açúcar pode ser 7,5% superior ao das variedades ainda cultivadas e utilizadas em início de safra”, pontua Xavier. O pesquisador explica que, enquanto IACSP95-3028 atende à necessidade de antecipação da colheita para final de março e início de abril, a IACSP932060 destina-se entre a quarta e a sexta quinzenas da safra. Essa característica permite que os produtores planejem melhor e possam adiar ou antecipar o início do corte. Dos quatro materiais, a IAC91-1099 e a IACSP95-500 foram desenvolvidas para a colheita mecânica crua, por possuírem porte muito ereto, e a IACSP93-2060 também apresenta boa adaptação a essa condição de colheita – prática que dispensa a queimada da cana-de-açúcar, bastante utilizada na colheita manual. “Essa característica é muito importante. Nos próximos anos, toda a colheita no Estado de São Paulo será mecanizada e, com esse novo cenário, todas as novas variedades de cana devem seguir essa tendência”, explica Landell. De acordo com Xavier, as variedades de canade-açúcar sem características agronômicas que possibilitem a adoção dos processos mecanizados, provavelmente, serão substituídas em um curto espaço de tempo.
ESTARÃO DISPONÍVEIS EM FEVEREIRO Conheça as novas variedades de cana IAC IAC91-1099 Alta produção agrícola associada a alto teor de sacarose. Apresenta uniformidade de altura e diâmetro de colmos, característica facilitadora do processo de colheita mecânica. Adaptada às regiões de Piracicaba, Jaú, Ribeirão Preto, Catanduva e oeste paulista, além das regiões de expansão do Centro-Oeste brasileiro. Adequada para colheita nos meses de junho a outubro.
IACSP93-2060 Variedade precoce e rica em sacarose. Adaptada à colheita mecânica. Boa adaptação às regiões de Ribeirão Preto, Serra da Mantiqueira, Catanduva e Goiás. Adequada para colheita de final de abril a agosto.
IACSP95-5000 Variedade com perfil de alta produtividade e elevadíssimos teores de sacarose. Adaptada à colheita mecânica. Apresenta grande estabilidade associada a perfil responsivo, sendo adaptada praticamente a todas as regiões de cultivo da região centro-sul do Brasil. Com possibilidades de colheita de junho a outubro. IACSP95-3028 Variedade riquíssima em sacarose e hiperprecoce com possibilidades de colheita a partir do final de março. Apresenta ótima brotação de gemas no plantio e boa soqueira. Possui boa performance em ambientes restritivos.
OPINIÃO
Sistemas Complexos: *José Roberto Castilho Piqueira Todos os brasileiros acompanharam, consternados, o acidente com o avião da Gol, a queda das obras da estação do metrô de São Paulo e a queda do avião da TAM. Centenas de vidas interrompidas em segundos, e um turbilhão de opiniões, palpites e matérias nos meios de comunicação. Além disso, a violência está presente nos níveis sociais, culturais e econômicos os mais díspares, invadindo populações independentemente de seu porte. Cidades grandes, bairros periféricos, pequenos núcleos habitacionais, enfim, nenhum deixa de ser afetado por assaltos, estupros, assassinatos, pedofilia e agressões domésticas. Ingerimos tudo isso como se fosse nosso alimento e, na família, nas rodas de amigos, nos blogs e nas festinhas levantamos hipóteses, encontramos culpados, apontamos soluções. Sofremos quando algo acontece perto de nós, ficamos indignados, organizamos protestos, e logo a vida continua e novas notícias substituem aquelas que vão ficando velhas na nossa memória, levandonos ao conformismo ou à verborragia inútil.
“...a violência está presente nos níveis sociais, culturais e econômicos os mais díspares, invadindo populações independentemente de seu porte.”
Para tentar alguma explicação, pensemos nas previsões do tempo, veiculadas pelas emissoras de rádio 16 AEAARP
e TV e pelos jornais, impressos ou eletrônicos. Até bem pouco tempo, ríamos delas. Há até um caso famoso, ocorrido na Grã-Bretanha em 1987, quando um furacão ocorreu simultaneamente a previsões de ventos moderados, divulgadas pelo serviço de meteorologia. Em meados da década de 1960, pesquisadores de ciências físicas e de matemática iniciaram a popularização da idéia de comportamentos caóticos em sistemas físicos. Esses comportamentos apresentam o que se chama, em linguagem técnica, de sensibilidade às condições iniciais. Isto é, pequenas mudanças em certas grandezas, dada a complexidade do sistema e suas não linearidades, causam grandes mudanças em seu comportamento. Dessa forma, as condições climáticas, para serem previsíveis em prazos razoáveis, requerem um trabalho de computação muito grande e sofisticado. Entretanto, as administrações dos países desenvolvidos investiram muito nisso, e hoje as previsões do tempo são muito mais confiáveis. Isso não evita furacões ou tsunames, mas permite que medidas preventivas sejam tomadas, evitando maiores prejuízos às populações afetadas. Assim são, hoje, os grandes problemas de engenharia: tão intrincados e com tantas variáveis correlacionadas, que pequenas variações em algumas variáveis provocam comportamentos imprevisíveis e, às vezes, catastróficos. Por isso, a piada que circulou pela internet dizendo que a pista estava molhada, o freio não funcionou, o avião caiu, as pessoas morreram e o dono da casa de tolerância foi preso talvez faça sentido. As autoridades podem ter achado que construir um prédio alguns centímetros fora da norma não mudaria o mundo e autorizaram a irregularidade. As rotas de descida sofreram pequena variação, o coeficiente de atrito da pista também variou um pouco, e o nível de atenção do piloto, resultado de outro sistema complexo, ficou um pouco mais baixo. Todas
essas pequenas mudanças podem, em conjunto, ter produzido a grande tragédia. Os testes de solo talvez não tenham sido tão rigorosos, as medições não tão precisas, a atenção dos engenheiros que fiscalizavam a obra, não tão acurada, e pronto: lá se vai a estrutura, formando a cratera que sorveu algumas vidas na obra do metrô. O piloto do Legacy desliga o transponder, as informações de altitude não são corretamente passadas ou interpretadas, e lá se vão dezenas de vidas, deixando famílias tristes e criando pânico em quem precisa viajar por via aérea.
“Nossas malhas de transporte atuais são sistemas altamente complexos, não lineares e sensíveis a condições iniciais. Por isso, não há mais como fazer boa engenharia sem matemática avançada e atualizada. “ Nossas malhas de transporte atuais são sistemas altamente complexos, não lineares e sensíveis a condições iniciais. Por isso, não há mais como fazer boa engenharia sem matemática avançada e atualizada. Os bancos e as grandes instituições financeiras sabem disso muito bem. Todo ano empregam jovens talentosos, egressos de nossas principais escolas de engenharia, para desenvolver sofisticados modelos de precificação de ativos, previsões de resultados de investimento, análise de risco e planejamento. As ferramentas a serem usadas são similares àquelas da boa engenharia, envolvendo dinâmica não linear e abordagens probabilísticas. Curioso notar que nos meios de en-
tragédias e esperanças genharia é que há mais relutância na aceitação dessa realidade. Engenheiros com boa formação são considerados teóricos, e suas opiniões muitas vezes nem são respeitadas. Talvez o resultado seja este: vultosas obras de engenharia, com análise e modelagem pobre e, como conseqüência, controle insatisfatório de variáveis importantes. Temos de imitar os meteorologistas e banqueiros, desenvolvendo modelos mais completos e complexos, minimizando riscos sob uma perspectiva que, cada vez mais, leve o ser humano em consideração. Como projetista, operador e, sobretudo, como usuário daquilo que, supostamente, a tecnologia mais sofisticada tem condições de oferecer em termos de comodidade e qualidade de vida. Isso independe de partidos políti-
cos, ideologias ou interesses econômicos. A natureza, bem entendida, e as máquinas, bem utilizadas, podem, talvez, proporcionar um mundo melhor. A responsabilidade é de todos, em particular daqueles encarregados de tomar decisões pouco técnicas e muito político-econômicas, se não levam em conta a extrema sensibilidade dos sistemas atuais às mudanças de condições iniciais.
“A natureza, bem entendida, e as máquinas, bem utilizadas, podem, talvez, proporcionar um mundo melhor.”
Quase 6.000 obras de fundações em 27 anos de atividades. - Estacas moldadas “in loco”: • tipo raiz em solo e rocha. • tipo Strauss. • escavadas com perfuratriz hidráulica. • escavadas de grande diâmetro (estacões). • hélice contínua monitoradas. - Estacas pré-moldadas de concreto. - Estacas metálicas (perfis e trilhos). - Tubulões escavados à céu aberto. - Sondagens à percussão SPT-T. - Poços de monitoramento ambiental. - Ensaios geotécnicos.
Revista Painel 11 16 3911.1649 basefund@convex.com.br
O motoqueiro que me assaltou e carregou minha mochila, achando que lá havia um “laptop”, também foi vítima de mudanças das condições iniciais. Como senti frio antes de sair de casa, voltei para pegar a blusa e esqueci a pequena máquina. Foi com o rapaz meu livro The Feynmann Lectures on Physics. Que ele faça bom proveito e que essa reversão de expectativa o leve a pequenas mudanças, para melhor. Enfim, também fazemos parte de um sistema complexo, e não é desprezível nossa capacidade de produzir pequenas mudanças que impliquem benefícios à sociedade. *Professor titular do Departamento de Engenharia de Telecomunicações e Controle da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (EPUSP)
ARTIGO
Plantas medicinais: cuidados e Segundo informações emitidas pela Organização Mundial da Saúde, cerca de 80% da população mundial já buscou aliviar sintomas dolorosos ou desagradáveis fazendo uso de alguma erva, e quase 85% da medicina tradicional estão diretamente relacionados aos extratos e princípios ativos das plantas medicinais. Mesmo depois do aparecimento dos medicamentos de origem sintética, a utilização das plantas para suprir as necessidades básicas do homem é um importante fator para o seu desenvolvimento. A medicina sempre observou as virtudes terapêuticas das plantas. Sabe-se, por exemplo, que Hipócrates, o mais ilustre médico da Antiguidade, só aconselhava medicamentos vegetais, e a Bíblia exibe uma referência sobre este assunto, que pode ser encontrada no livro de Eclesiastes (39:4): “o Senhor produziu da terra os medicamentos; o homem sensato não os desprezará”. No entanto, antes mesmo desta rápida lembrança sobre a medicação pelas plantas, nas antigas civilizações conhecidas, já existia o hábito de se recorrer às virtudes curativas de certos vegetais. Apesar dos avanços e das tecnologias desenvolvidas na área médica, o uso destas plantas na medicina caseira continua sendo uma alternativa viável para aqueles cuja renda familiar impossibilita a aquisição de muitos medicamentos industrializados, e também àqueles que têm dificuldades de acesso ao sistema público de saúde. A comprovação científica da ação terapêutica de algumas plantas medicinais, bem como o reconhecimento dos diversos órgãos envolvidos com o meio ambiente, preservação dos recursos genéticos, e indústrias, que as utilizam no tratamento de algumas necessidades básicas de saúde da população menos fa18 AEAARP
vorecida, incentivaram a criação de programas de incentivo à pesquisa e produção destas plantas.No dia 3 de maio de 2006, o Ministério da Saúde elaborou a portaria nº. 971 que aprova a utilização da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no Sistema Único de Saúde (SUS), e no dia 22 de junho de 2006 foi aprovada a Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos por meio do decreto nº. 5.813. Estas normas criaram um conjunto de medidas que mostram a importância do manejo das plantas medicinais e incentivam o seu cultivo, visto que, de modo geral, não existem populações naturais dessas plantas suficientes para atender toda sua demanda. Com o acima exposto fica clara a importância medicinal das plantas, contudo, um tema ainda pouco discutido é a possibilidade de ocorrerem variações do conteúdo de metabólitos secundários, substâncias essas normalmente responsáveis pelas atividades biológicas das plantas. Em recente revisão publicada no periódico Química Nova (GOBBONETO, L.; LOPES, N. P., 2007), foi apresentado um extenso levantamento bibliográfico evidenciando que o metabolismo secundário de plantas pode variar consideravelmente em função de vários fatores como, por exemplo: altitude; temperatura; composição do solo; suplemento de água; ataque de pragas/ herbívoros; composição atmosférica; radiação ultravioleta e ritmo biológico (sazonal e circadiano). Portanto a constância de concentrações de metabólitos secundários é praticamente uma exceção. Por outro lado, estudo recente do mesmo grupo de pesquisa mostrou que os metabólitos secundários de uma espécie vegetal selvagem, amostrada diretamente em seu habitat em três diferentes populações, se man-
tiveram em concentrações constantes durante os dois anos do estudo, demonstrando, portanto, que em alguns casos o metabolismo secundário pode não se alterar em função de fatores climáticos, temporais ou ambientais (SAKAMOTO, H.T.; GOBBO-NETO, L.G.; CAVALHEIRO, A.J.; LOPES, N.P.; LOPES, J.L.C., 2005). As condições de coleta, estabilização e estocagem podem também ter influência na qualidade e, conseqüentemente, no valor terapêutico de preparados fitoterápicos. Deve ficar claro, ainda, que existem relatos de variações sazonais no conteúdo de praticamente todas as classes de metabólitos secundários, como óleos essenciais, lactonas sesquiterpênicas, ácidos fenólicos, flavonóides, cumarinas, saponinas, alcalóides, taninos, graxas epicuticulares, iridóides, glucosinolatos e glicosídeos cianogênicos. Como exemplo, podemos enfatizar que as folhas de Digitalis obscura apresentam as menores concentrações de cardenolídeos, como o lanatosídeo A, na primavera e uma fase de rápido acúmulo no verão seguida por uma fase de decréscimo no outono; as concentrações de hipericina e pseudo-hipericina na erva de São João (Hypericum perforatum, utilizada no tratamento de depressões leves a moderadas) aumentam de cerca de 100 ppm no inverno para mais de 3.000 ppm no verão; nas raízes de Panax ginseng foi detectado um grande aumento na concentração de damarano-saponinas bioativas, tais como o ginsenosídeo, no verão; o conteúdo de derivados do ácido valerênico e valepotriatos, como o valtrato, nas raízes de Valeriana officinalis (utilizada como sedativo moderado) também apresenta variações marcantes durante o ano; os conteúdos de C-glicosídeos, O-glicosídeos e antraquinonas livres (metabólitos responsáveis pela atividade laxante da planta)
precauções com a nossa saúde nos brotos e folhas da cáscara sagrada (Rhamnus purshiana) flutuam marcadamente durante o ano; nas folhas de Ginkgo biloba as concentrações de biflavonóides, como a ginkgetina, constituintes ativos dos extratos utilizados para tratamento de desordens vasculares periféricas e cerebrais, também apresentam marcantes variações sazonais; por outro lado, não há consenso quanto às variações no conteúdo dos ginkgolidos, devido à existência de resultados contraditórios na literatura. Estas informações não devem ser interpretadas de forma alarmista, mas justificam a necessidade de pensarmos em nossas posturas sobre como e de que maneira os vegetais podem auxiliar o homem.
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Autores Professor Dr. Norberto Peporine Lopes – Departamento de Física e Química da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto – Universidade de São Paulo. Engº. Agrº. Dr. Eduardo Suguino – Pesquisador Científico da APTA Ribeirão Preto – Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo Dr. Leonardo Gobbo Neto – Departamento de Biologia da Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Ribeirão Preto – Universidade de São Paulo. Bibliografia consultada (GOBBO-NETO, L.; LOPES, N. P. Plantas medicinais: fatores de influência no conteúdo de metabólitos secundários. Química Nova, v. 30, p. 374-381, 2007), (SAKAMOTO, H.T.; GOBBO-NETO, L.G.; CAVALHEIRO, A.J.; LOPES, N.P.; LOPES, J.L.C. Quantitative HPLC analysis of sesquiterpene lactones and determination of chemotypes in Eremanthus seidelii MacLeish & Schumacher (Asteraceae). J. Braz. Chem. Soc., v. 16, n. 6B, p. 1396-1401, 2005).
LANÇAMENTO
Marcos Acayaba:
35 ANOS DE ARQUITETURA
Dentro do conjunto de publicações de monografias na área de arquitetura lançado pela Cosac Naify, o volume sobre a obra deste exemplar arquiteto, expoente de sua geração, refaz o contexto de um período recente da arquitetura paulista. Baseado na tese de doutoramento do autor, defendida na FAU-USP em 2004, o livro, lançado em dezembro, é uma crônica a partir de sua obra e sua experiência formativa, enfatizando aspectos da síntese pessoal entre projeto, pesquisa e construção. Marcos Acayaba formou-se na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP em 1969 e fez parte das primeiras turmas depois da reestruturação curricular de 1962, fato que se tornou referência no panorama de ensino de arquitetura do país. Esta introduziu um currículo para uma formação multidisciplinar e estabeleceu uma didática de ateliês de ensino, onde o desenho passou a significar projeto e não mais composição. Ao mesmo tempo foi o momento de acirramento das posturas políticas em relação ao golpe militar de 64, e a instituição envolveu-se de tal modo nesse embate que marcou profundamente a geração formada neste período. Nos relatos de Acayaba transparecem sua postura como arquiteto e o modo produtivo de sua arquitetura, 20 AEAARP
baseada na diversidade, no exercício de liberdade projetual. Sua obra vem de uma geração pós 60, onde a questão estrutural é importante na formalização da obra e fruto do bom relacionamento com os mestres modernos paulistas que nesta época ministravam na faculdade. O livro publica uma coletânea de obras demonstrando a diversidade de desenhos e programas a que o arquiteto se propôs a enfrentar nos últimos 35 anos. No programa doméstico merece atenção especial a residência Milan (1975), uma obra experimental de projeto e construção; a residência Hélio Olga (1988), em estrutura de madeira pré-fabricada (experiência bem sucedida que abriu campo para a pesquisa com sistemas pré-fabricados em outros trabalhos), e ainda os conjuntos residenciais horizontais, sendo o mais recente a Vila Butantã (2004). Importantes também são o projeto urbano para o concurso do Vale do Anhangabaú e as obras dos programas mais simbólicos, como o projeto para o Museu da Escultura (1986) e o Pavilhão de Sevilha (1991). Entre os trabalhos mais recentes está o projeto de requalificação e edifícios novos para a ECA-Escola de Comunicações e Artes da USP (2006). A publicação dos trabalhos é apresentada por textos, dois deles introdutórios, escritos por Hugo Segawa e Julio Katinsky e um ensaio de Guilherme Wisnik. Em seguida, uma crônica de Acayaba nos relata sua formação e acompanha a descrição dos projetos e obras, relatando os fatos mais significativos a eles relacionados, as circunstâncias em que foram produzidos, as condicionantes, as principais referências e os fios condutores entre os mesmos. A importância desta publicação está na iniciativa de tornar acessível a obra de um arquiteto cuja versatilidade reside na capacidade de reunir
a um só tempo as tradições de nossa arquitetura moderna e o momento de ruptura em relação a ela. Acayaba nos ensina que projetar é um exercício de articulação onde construção, liberdade e respeito ambiental estruturam suas escolhas formais. Um exemplo rico dos caminhos traçados pelas gerações diretamente ligadas aos mestres modernos nacionais.
Sobre o arquiteto Marcos Azevedo Acayaba nasceu em 1944 em São Paulo e formou-se em 1969 em arquitetura e urbanismo na FAU-USP, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, onde é professor desde 1994. Com várias obras premiadas em concursos públicos no Brasil, Acayaba constituiu um conjunto de trabalhos de grande diversidade de programas, que vem recebendo destaques seguidos em publicações nacionais e internacionais.
Livro MARCOS ACAYABA Textos de Marcos Acayaba, Hugo Segawa, Julio Roberto Katinsky e Guilherme Wisnik Capa dura 21,5 x 26,5 cm 272 páginas 469 ilustrações R$ 95,00 ISBN 978-85-7503-663-1
CREA
Apaest e Crea-SP comemoraram Dia do Engenheiro de Segurança do Trabalho Para comemorar o Dia do Engenheiro de Segurança do Trabalho (27 de novembro), a Apaest-Associação Paulista de Engenheiros de Segurança do Trabalho realizou, no Salão Prestes Maia da Câmara Municipal de São Paulo, o Seminário “Valorização da Engenharia de Segurança do Trabalho”, com apoio do Crea-SP. Fizeram parte da programação as palestras “A importância da Ação Fiscalizadora da Engenharia de Segurança do Trabalho” (com o engenheiro civil José Tadeu da Silva, presidente do Crea-SP, principal responsável pela criação da primeira Câmara Especializada de Engenharia de Segurança do Trabalho do país, que começará a funcionar no Conselho paulista no início de 2008), “Segurança em Eventos Públicos” (com o vereador Evandro Magnusson Filho), “Estratégia para Valorização Profissional do Engenheiro de Segurança do Trabalho” (com o engenheiro Celso
Luiz Florian, presidente da Apaest, e o engenheiro Nelson Agostinho Burille, da Associação Ibero-Americana de Engenharia de Segurança do Trabalho) e “Novos Rumos da Engenharia de Segurança do Trabalho” (com o engenheiro professor Celso Atienza, presidente da Andest-Associação de Docentes de Engenharia de Segurança do Trabalho e assessor do Crea-SP). A Apaest também prestou homenagens aos profissionais que mais contribuíram para o desenvolvimento do setor no Brasil – engº Luiz Faro, de 89 anos, patrono da Engenharia de Segurança do Trabalho brasileira; Dr. Jorge Maluly Netto, médico do trabalho e político que mais trabalhou pela causa da categoria, relator do Projeto de Lei 7.410 que regulamenta a profissão; e os engenheiros José Tadeu da Silva e Celso Atienza, para a instalação da Câmara Especializada de Engenharia do Trabalho.
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NOTAS - CURSOS
AGENDA
ILUMEXPO/2008
Exposição e Conferência da Gestão de Iluminação Pública
Bolsa de Valores
A APTA-Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios, vinculada à Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, está organizando o 2º Seminário dos Programas Estratégicos da APTA sobre “Sustentabilidade Ambiental – qualidade de vida para novas gerações”. O evento acontece nos dias 13 e 14 de março de 2008 em Barra Bonita-SP. As inscrições são gratuitas e os resumos poderão ser enviados no período de 1º de janeiro a 20 de fevereiro de 2008. Informações no site www.apta.sp.gov.br/ambiental.
O sucesso do setor da construção civil no mercado em 2007 se repetiu na Bolsa de Valores. No decorrer do ano, 15 empresas do setor abriram capital e tiveram bom desempenho no mercado de ações. De acordo com o analista de investimentos Régis Chinchila, da TBC Agentes Autônomos, de Ribeirão Preto, os recursos captados na bolsa foram utilizados principalmente para financiar investimentos das empresas, como compra de terrenos e financiamento do capital de giro. Segundo o analista, a combinação da continuidade da queda nas taxas básicas de juros, o aumento de renda real da população brasileira e o alongamento dos prazos dos financiamentos, aumentará a oferta de crédito imobiliário e tornará a compra de imóveis mais acessível à população. Dessa forma, acredita que a demanda por imóveis continuará aquecida em 2008. Régis afirma que a Camargo Corrêa, que fez o lançamento de seu primeiro empreendimento no interior em Ribeirão Preto no final do ano, seguirá como um dos destaques na Bolsa de Valores em 2008.A recomendação do analista da TBC tem como base a boa velocidade de vendas da empresa, gestão financeira sólida, baixa exposição de caixa e marca reconhecida.
Esgoto tratado
Lançamento
A Ambient, empresa concessionária responsável pelo tratamento do esgoto em Ribeirão Preto, está instalando 44 quilômetros de interceptores na cidade para atingir a meta de 100% do esgoto tratado. O projeto inclui áreas de expansão urbana previstas no Plano Diretor. O investimento é de R$ 38,7 milhões, desembolsados pela Ambient que, em contrapartida, teve o contrato de exploração do tratamento de esgoto ampliado em 65 meses.
O IBEAS realiza, dia 31/01, palestra sobnre os cursos de Gestão Ambiental, com o lançamento do livro “Desafios Jurídicos na Proteção do Sistema Aqüífero Guarani”, do Prof. Ricardo Guimarães, na AEAARP.
10/03/08 a 11/03/08 Local: Centro de Convenções Frei Caneca - SP Público: gestores e demais profissionais, de todo o país, envolvidos com a gestão da iluminação pública, principalmente os atuantes nas empresas de distribuição de energia elétrica, prefeituras e órgãos públicos. Conteúdo: os grandes temas do evento incluem Novos Paradigmas para a Gestão, Tecnologias para Implementação e Barateamento de Redes de Distribuição, Relacionamento entre Concessionárias e Órgãos Públicos, Redes Aéreas e Subterrâneas, Arquitetura em Espaços Públicos, Projetos e Planejamento, Eficiência Energética, Centros de Operação, Política Nacional de Iluminação Pública, Iluminação Decorativa e de Destaque, dentre outros. Cada um desses temas será abordado em palestras, cases, painéis e rodadas de negócios, além de demonstrações e distribuição de material e folhetos na exposição. Fonte: www.institutodeengenharia.org.br
AEAARP na ABNT O engenheiro José Roberto Romero, representante da AEAARP na ABNT, foi escolhido pelo CBC2-Comitê Brasileiro da Construção Civil coordenador de execução de obras de esgoto e drenagens de águas pluviais. A ABNT normatizou a execução das obras durante o Fórum Nacional, realizado na capital paulista.
Seminário APTA
NOVOS ASSOCIADOS Andréia Lucci Farias
Estudante de Arquitetura e Urbanismo
Luis Guilherme Felix
Estudante de Engenharia Agronômica
Marçal Farnochi
Arquiteto e urbanista
Marcos Guimarães de Andrade
Engenheiro agrônomo
Thiago Luis Terassi
Estudante de Arquitetura e Urbanismo
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PAINEL DE NEGÓCIOS
LIGUE E ANUNCIE 16 3931.1555
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