Painel - edição 155 - fev.2008

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painel

Associação de Engenharia Arquitetura e Agronomia de Ribeirão Preto

Ano XI nº 155 Fevereiro/2008 Associação de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Ribeirão Preto

Onde estão as cores do passado? Patrimônio - A imagem do Palacete Innechi chama a atenção para a situação do patrimônio cultural da cidade: à beira da demolição, prontos para ficar somente na saudade.

Construção civil - O vigor de um segmento que vem atraindo grandes investimentos para Ribeirão Preto.


revista

painel,

AEAARP

Associação de Engenharia Arquitetura e Agronomia de Ribeirão Preto

Informação para construir o futuro. Em 2008 a AEAARP completa 60 anos. Várias atividades e comemorações estão planejadas durante o ano. E a Revista Painel dará ampla cobertura aos acontecimentos. Além disso, depois de 10 anos informando os mais de 3.000 associados da entidade, a Painel continuará trazendo reportagens, debates e opiniões sobre temas de interesse do profissional e da comunidade.

Destaques das próximas edições: • Lançamento do selo comemorativo dos 60 anos. • Lançamento da programação de eventos do ano. • Comemoração dos 60 anos. • Semanas de debates, palestras e workshops. • Lançamento do livro dos 60 anos e outras ações.

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Editorial Rua João Penteado, 2237 - Ribeirão Preto-SP - Tel.: (16) 2102.1700 Fax: (16) 2102.1700 - www.aeaarp.org.br / aeaarp@aeaarp.org.br Roberto Maestrello

Presidente

José Roberto Hortêncio Romero Vice-presidente

DIRETORIA OPERACIONAL Diretor-administrativo: Pedro Ailton Ghideli Diretor-financeiro: João Lemos Teixeira da Silva Diretor-financeiro Adjunto: Antônio Rounei Jacometti Diretor de Promoção da Ética de Exercício Profissional: José Aníbal Laguna DIRETORIA FUNCIONAL Diretor de Esportes e Lazer: Francisco Carlos Fagionato Diretora Comunicação e Cultura: Maria Inês Cavalcanti Diretora Social: Luci Aparecida Silva DIRETORIA TÉCNICA Engenharia, Agrimensura e Afins: Argemiro Gonçalves Agronomia, Alimentos e Afins: José Roberto Scarpellini Arquitetura, Urbanismo e Afins: Marcia de Paula Santos Santiago Engenharia Civil, Saneamento e Afins: Luiz Umberto Menegucci Engenharia Elétrica, Eletrônica e Afins: Edson Luís Darcie Geologia e Minas: Caetano Dallora Neto Engenharia Mecânica, Mecatrônica, Ind. de Produção e Afins: Júlio Tadashi Tanaka Engenharia Química e Afins: Denisse Reynals Berdala Engenharia de Segurança e Afins: Edson Bim Computação, Sistemas de Tecnologia da Informação e Afins: Giulio Roberto Azevedo Prado Engenharia de Meio Ambiente, Gestão Ambiental e Afins: Evandra Bussolo Barbin DIRETORIA ESPECIAL Universitária: Onésimo Carvalho Lima Da Mulher: Camila Garcia Aguilera De Ouvidoria: Geraldo Geraldi Junior CONSELHO DELIBERATIVO Presidente: Wilson Luiz Laguna Carlos Alberto Palladini Filho Cecílio Fraguas Junior Dílson Rodrigues Cáceres Edes Junqueira Edgard Cury Ericson Dias Mello Hideo Kumasaka Hugo Sérgio Barros Riccioppo Inamar Ferraciolli de Carvalho

João Paulo de S. C. Figueiredo Luiz Eduardo Lacerda dos Santos Luiz Fernando Cozac Luiz Gustavo Leonel de Castro Manoel Garcia Filho Marcos A. Spínola de Castro Marcos Villela Lemos Maria Cristina Salomão Ronaldo Martins Trigo Sylvio Xavier Teixeira Júnior

CONSELHEIRO TITULAR DO CREA-SP REPRESENTANTE DA AEAARP Câmara Especializada em Engenharia Civil: Ericson Dias Mello REVISTA PAINEL Conselho Editorial: Maria Inês Cavalcanti, José Aníbal Laguna, Ericson Dias Mello e Hugo Sérgio Barros Riccioppo Coordenação Editorial: Texto & Cia Comunicação – Rua Paschoal Bardaro, 269, cj 03, Ribeirão Preto-SP, Fone (16) 3916.2840, contato@textocia.com Editores: Blanche Amâncio – MTb 20907 e Daniela Antunes MTb 25679 Publicidade: Promix Representações - (16) 3931.1555 - revistapainel@globo.com Adelino Pajolla Júnior / Jóice Alves / Lucimara Zaparolli Tiragem: 5.000 exemplares Locação e Eventos: Solange Fecuri - (16) 2102.1718 Editoração eletrônica: Mariana Mendonça Nader - mmnader@terra.com.br Impressão e Fotolito: São Francisco Gráfica e Editora Ltda. Capa: Eduardo Salata Orsi e Maitê Orsi Fotos: Carlos Bolfarini e Texto & Cia. Painel não se responsabiliza pelo conteúdo dos artigos assinados. Os mesmos também não expressam, necessariamente, a opinião da revista.

O ano de 2008 começou com muito trabalho para nós que compomos a AEAARP, no âmbito privado e também no associativo. O aquecimento Engº Civil do setor da construção civil em todo o país se Roberto Maestrello reflete no mercado de Ribeirão Preto. A cidade está ganhando uma nova silhueta com o volume de construções e lançamentos de grandes construtoras e incorporadoras. O SindusconSP projeta que o setor vai impulsionar ainda mais o crescimento do PIB em 2008 e todas as estatísticas e previsões da economia apenas colocam em números aquilo que a população vê a olho nu. Construir e crescer, entretanto, devem ser ações feitas com certa dose de responsabilidade social. Ribeirão Preto é uma cidade centenária e foi palco de importantes disputas econômicas e políticas neste século e meio de fundação. O patrimônio resultante disso conta a nossa história. Diferente de visões difundidas há algumas décadas, hoje é fato consumado a necessidade de preservar prédios históricos, ocupar regiões degradadas pelo tempo, além dos imensos vazios urbanos localizados muitos deles em locais muito interessantes. A AEAARP defende esta bandeira e descortina mais uma vez esta discussão na Painel, expondo a nova e a antiga silhueta da cidade, na qual temos de nos inserir, como profissionais e cidadãos. Se Ribeirão tem um século e meio, a AEAARP ajudou a construir grande parte desta história. É em 2008 que vamos comemorar os 60 anos de fundação. O calendário de atividades – técnicas, culturais e sociais – vai atravessar o ano, sendo uma oportunidade ímpar de congregar os associados. Rever a nossa história será também uma forma de reverenciarmos nossas lutas e de reafirmarmos a disposição de caminharmos juntos. Um bom começo é dar os primeiros passos de 2008 incentivando o debate, como a entrevista concedida pelo arquiteto José Antônio Lanchoti, que assumiu a presidência da ABEA-Associação Brasileira de Ensino de Arquitetura e Urbanismo, além de conselheiro do CONFEA- Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia, orgulhando-nos por ser sócio e ex-conselheiro da AEAARP, que integra fóruns como Conselho Nacional de Cidades, do Ministério da Cidades, e influencia diretamente em normas como as determinadas pela ABNT sobre acessibilidade. Este assunto nos remete ao Plano Diretor e nos obriga a uma cobrança pública: apenas uma lei complementar não foi ainda votada pela Câmara Municipal, justamente aquela que trata do mobiliário urbano, que define regras importantes para a ocupação e o uso dos equipamentos nos espaços públicos. A demora nesta definição não fará vencedores, apenas vencidos. A falta de uma decisão desta ordem faz de Ribeirão Preto uma cidade pujante e forte, com estrutura de colônia. A cidade merece decisões do seu tamanho e tão importantes quanto sua economia e o seu povo.


ENTREVISTA

“A cidade é dinâmica, O arquiteto e urbanista José Antônio Lanchoti é também assim: tão dinâmico quanto Ribeirão Preto, a cidade onde vive e a que representa por todo o país. Docente há 15 anos e coordenador do curso de Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário Moura Lacerda, acaba de assumir a presidência da ABEA-Associação Brasileira de Ensino de Arquitetura e Urbanismo, o que o leva a ocupar espaços importantes no cenário nacional, como uma cadeira de membro do Conselho Nacional das Cidades, do Ministério das Cidades. Considerado um dos maiores especialistas em acessibilidade, tema que a inquietação do meio acadêmico o fez estudar, colaborou com a ABNT na revisão da Norma Brasileira de Acessibilidade NBR-9050 e recebeu outro convite para fazê-lo novamente. Em 2005, integrou o grupo de trabalho do Ministério das Cidades que elaborou o Programa Brasileiro de Acessibilidade – Brasil Acessível, coordenado pelos ribeirão-pretanos Renato Boareto e Augusto Valeri, e colaborou com a CORDE-Coordenaria Nacional para a Integração da Pessoa com Deficiência e a Casa Civil na elaboração do Decreto Federal nº. 5.296/04, que estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade. Leia a seguir a entrevista que Lanchoti concedeu à Painel, em que fala, dentre outras coisas, sobre a formação dos profissionais, a criação do Conselho de Arquitetura e Urbanismo e as vantagens e desvantagens do boom da construção civil em Ribeirão Preto. Painel: Qual o caráter que o senhor pretende dar ao seu mandato à frente da ABEA? José Antônio Lanchoti: Buscarei manter o trabalho que a diretoria vem fazendo durante estes 15 anos que estamos na entidade. Todas as decisões que a ABEA tomou na busca da melhoria da qualidade de ensino da Arquitetura e Urbanismo 4 AEAARP

foram discutidas em seus eventos e aprovadas em seu Conselho Superior. Estamos em pleno processo de criação do conselho próprio e essa será uma tarefa grande em meu mandato. Estaremos buscando a ampliação da parceria com o Programa Brasil Acessível do Ministério das Cidades para a capacitação das universidades quanto à graduação dos novos profissionais envolvidos com a acessibilidade. Tenho, ainda, uma missão pessoal em meu mandato que é de reaproximar os estudantes, de forma mais ativa, da FENEAFederação Nacional dos Estudantes de Arquitetura e Urbanismo, que se manteve um pouco isolada nestes últimos anos, provavelmente, pela dinâmica da entidade de mudança de sua direção a cada ano, dificultando um contato mais estreito. Como fiz parte da criação da FENEA em idos de 85 a 87, sinto-me nesta obrigação. Painel: Qual sua posição a respeito da proposta de criação de um conselho dedicado exclusivamente à fiscalização e regulação do exercício da arquitetura e urbanismo? JAL: Temos assistido a resistência de algumas pessoas sobre a criação do Conselho de Arquitetura e Urbanismo que não consigo entender. No mundo inteiro é assim. Cada profissão possui o seu conselho. Como no Brasil temos esta questão histórica, desde 1933 quando o CONFEA foi criado, e temos o hábito de resistir a mudanças, alguns acreditam que será um problema este novo Conselho. É necessário entender que, como em qualquer separação (conjugal, empresarial etc.), há um período de adaptação que não é satisfatório a ninguém, mas depois todos se sentem melhor. Como presidente da ABEA, assumi a Coordenação do Fórum Nacional das Entidades - Colégio de Arquitetos e Urbanismo (CBA). Este Fórum é composto pela ABEA, pelo IAB (Instituto de Arquitetos do Brasil), pela FNA (Federação Nacional de

Arquitetos e Urbanistas), pela AsBEA (Associação Brasileira de Escritórios de Arquitetura) e pela ABAP (Associação Brasileira de Arquitetos Paisagistas). São entidades nacionais que congregam arquitetos e urbanistas e vêm coordenando os trabalhos de tramitação do Projeto de Lei que cria o Conselho. Por conta disso, estivemos em reunião com diversos senadores e deputados federais no ano passado e, após o veto presidencial em 31 de dezembro, o presidente Lula determinou que um novo Projeto de Lei seja feito pelo Ministério do Trabalho e, assim, temos que acompanhar os trabalhos junto a este Ministério e à Casa Civil. Painel: Como o senhor avalia a formação do arquiteto e urbanista hoje? As ações junto ao MEC para aprimorar a qualidade dos cursos têm surtido resultados positivos? JAL: Posso afirmar que a formação hoje é muito diferente do que foi a minha formação. Não vou arriscar dizer se melhor ou pior, mas vou afirmar que é diferente. Até porque o Brasil que temos hoje é diferente. Não estamos mais em um regime de ditadura política, temos uma ampla abertura de mercado profissional e uma internacionalização do conhecimento (não vou chamar de globalização e sim de internacionalização) e vivemos em uma condição de aprendizado muito mais dinâmica do que antes. Hoje com a ajuda da internet é possível visitar diversos museus do mundo, acessar informações técnicas de vários projetos internacionais, ler


não pára” pensamentos e textos de arquitetos, sociólogos, antropólogos ou de outro profissional que possa nos ajudar, influenciar ou nos atualizar sobre qualquer assunto. No meu tempo, eram somente livros e revistas (as internacionais eram poucas e muito caras). O MEC tem se esforçado em encontrar uma forma de contribuir para a melhoria da qualidade do ensino brasileiro. Sem entrar na defesa ou não do chamado SINAES-Sistema Nacional de Avaliação do Ensino Superior, temos que reconhecer que ele tem demonstrado uma radiografia do ensino superior no Brasil. Tivemos uma reunião com o Prof. Ronaldo Mota, secretário de Ensino Superior do MEC, e ele disse que “tem percebido uma melhoria da avaliação dos cursos, mas não tem percebido uma melhoria na qualidade da formação dos novos profissionais”. Ou seja, muito já se fez e muito há o que fazer. Painel: Muitos profissionais ligados à área tecnológica têm feito do exercício ilegal da profissão – sem recolher ART – uma prática que burla a lei e enfraquece a categoria. Como o senhor avalia o papel do sistema CONFEA-CREA neste cenário? JAL: Esse problema dentro do sistema CONFEA-CREA é tratado como falta ética justamente porque o profissional sabe (ou pelo menos deveria saber) que há deveres a serem cumpridos dentro do seu regime de trabalho, de seu conselho profissional e de sua conduta ética. Eles são necessários para a garantia da defesa da sociedade. Ao burlarem esta determinação estão contribuindo para o enfraquecimento de toda uma categoria e a mais um desrespeito para com a sociedade. O CREA-SP tem ampliado consideravelmente sua fiscalização contra o exercício ilegal. Temos que aprender a contribuir com este trabalho do CREA, denunciando se necessário, lembrando sempre que o sistema não existe para defender o profissional; esta é uma função do

Sindicato (no caso o SASP), mas sim para defender a sociedade do mal profissional e do leigo no exercício ilegal da profissão. A questão desta discussão é que alguns profissionais entendem a ART apenas como “boleto arrecadatório” do CREA. Para estes profissionais que só enxergam isso fica difícil justificar a existência do comprometimento desta arrecadação com a responsabilidade técnica constante nela. Tem uma frase de John Ruskin que costumo dizer aos meus alunos: “Não há quase nada no mundo que certos homens não possam fazer ou fabricar um pouco pior e vender mais barato, porém, as pessoas que considerarem somente o preço, serão vítimas constantes daqueles homens”. Lanchoti e diretores da ABEA na 3ª Conferencia das Cidades

Painel: Ribeirão Preto vive um bom momento no setor da construção civil, com lançamentos de empreendimentos residenciais e comerciais que, inclusive, têm atraído grandes incorporadoras para a cidade. O senhor acredita que a malha urbana é capaz de absorver, com conforto, este fluxo de crescimento? JAL: Esta colocação é preocupante e verdadeira, porém não podemos continuar a pensar a cidade pela ótica do automóvel. Este é um equívoco da década de 1960 e até hoje poucas cidades tiveram a inteligência de priorizar o pedestre como, por exemplo, Curitiba. Embora tenha um título equivocado de cidade-modelo (puro marketing) ela conseguiu

com um Plano Diretor, criado no fim da década de 1960, e revisto sempre que necessário, priorizar o planejamento urbano e fez com que a cidade acompanhasse regras importantes como linhas expressas de deslocamento viário, valorização do transporte coletivo de qualidade e da escala do pedestre e, finalmente, construção de equipamentos urbanos distribuídos pela cidade, com qualidade arquitetônica e valorização ambiental. Sucesso na certa. O crescimento da construção civil nas cidades sempre é bem-vindo. Gera empregos, estimula a circulação de dinheiro, desperta interesses e oxigena áreas abandonadas. Porém, este crescimento deve respeitar regras do planejamento urbano estabelecido em sua peça mais importante: o Plano Diretor. Em Ribeirão Preto não vemos esta situação acontecer em todas as áreas da cidade e, mesmo com todo esforço público e privado, a cidade ainda está aquém do que poderia ser. A história do aeroporto é uma grande novela longe de ter final feliz. A rodoviária como está hoje não agrega nenhum valor social, visual ou imobiliário, mas, mesmo assim, a tão esperada reforma não acontece. Qual será o resultado do crescimento de usuários desta rodoviária daqui a 10 anos? E daqui a 20? A cidade é dinâmica, não pára. Se a rodoviária é uma grande porta de entrada vem a pergunta: será suficiente sua reforma? O quadrilátero central resistiu à pressão comercial dos grandes shopping centers e à busca de moradia nos condomínios dispersos na malha urbana, mas precisa de uma atenção ainda maior de investimentos. É preciso ouvir os técnicos da Secretaria do Planejamento e Gestão Ambiental em seus pareceres. Muitas vezes lêem-se críticas contra um possível exagero de zelo, mas não o é. A visão do técnico – e é por isso que ele passa por uma graduação, capacita-se – deve ser respeitada. Ninguém melhor Revista Painel

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ENTREVISTA

do que ele para querer a melhoria da qualidade de vida da área em relação à qual ele tem responsabilidades. Painel: A Lei Complementar ao Plano Diretor que trata do mobiliário urbano, da qual o senhor é um dos autores, ainda não foi votada pela Câmara Municipal. Os problemas de acessibilidade na cidade são sérios e antigos. O senhor vê, em todas as esferas de governo, uma política global que dê respostas a estas necessidades? JAL: Quando a Lei do Mobiliário Urbano estava sendo elaborada, em 1996, imaginávamos que, dentre as leis complementares ao Plano Diretor, recém-aprovado em 1995, seria a primeira a ser aceita devido à sua simplicidade no envolvimento do planejamento global da cidade. Grande equívoco. Primeiro, houve a dificuldade de não se encontrar nenhum município brasileiro com

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uma lei única que tratasse de todo o mobiliário urbano. Seríamos pioneiros. Depois, a falta de referências de pesquisa sobre a matéria. Finalmente, em 2006, ela foi encaminhada à Câmara para aprovação e, provavelmente pela mesma falta de referência, o Legislativo tem analisado com muita cautela sua aprovação. Percebeu-se que houve um grande ganho visual, urbano e político na cidade de São Paulo com a aprovação da lei Cidade Limpa, mas aqui nossa lei ainda não foi discutida para se chegar a um consenso legislativo. E olha que ela nem é tão radical quanto a da capital. Em relação à acessibilidade, com certeza, haveria um grande eco com a aprovação da Lei do Mobiliário em Ribeirão Preto, mas de qualquer maneira o Decreto Federal nº. 5.296/04 garante, em esfera nacional, a questão da acessibilidade. Precisamos apenas ampliar a fiscalização em determinados setores.

Lanchoti e Oscar Niemeyer

O arquiteto Oscar Niemeyer recebeu, em 2003, cópias do projeto que desenvolveu para o campus do Centro Universitário Moura Lacerda, erguido na região do aeroporto Leite Lopes. O projeto foi desenvolvido em 1972 quando o arquiteto estava exilado na França. À época, os originais foram enviados aos mantenedores do Centro Universitário, que os têm guardados até hoje. Nem todas as edificações estão prontas, mas o desenho viário e alguns prédios estão edificados, com adequações feitas pela instituição por conta das necessidades de funcionamento das atividades ali desenvolvidas. As cópias foram entregues por Lanchoti.


60 ANOS

AEAARP constitui grupos de trabalho para comemorar seus

60 anos

60 anos AAEAARP comemora no dia 8 de abril 60 anos de fundação. Para celebrar a data e o trabalho de diretores e profissionais, além dos colaboradores que, durante seis décadas, transformaram-na em uma entidade respeitada, foram formadas comissões de trabalho para a organização dos eventos comemorativos que serão realizados durante todo o ano. No dia 21 de fevereiro, haverá uma solenidade de lançamento do calendário de eventos comemorativos do ano. Na oportunidade, também será lançado o selo dos 60 anos. Até o mês de abril, a AEAARP entrega ao município os relatórios sobre “Enchentes e Drenagem Urbana” e “Áreas Verdes, APP´s e Praças Públicas”. Em março, serão realizados eventos técnicos para debater os temas “Os impactos da Justiça do Trabalho nas relações de trabalho”, “Segurança e saúde no trabalho na indústria da construção”, e “Qualidade de vida no trabalho”, realizados pelo “Fórum Permanente

de Debates – Ribeirão Preto do Futuro”. Em abril haverá uma semana de eventos culturais, exposições e palestras técnicas com uma solenidade para celebrar os 60 anos. Em junho, acontecerá a Semana do Meio Ambiente com debates e workshops de intervenção em uma praça pública da cidade. Também será realizada uma palestra ou debate sobre “Tecnologia e o futuro de Ribeirão Preto”. Em agosto, a AEAARP realiza o seminário do “Fórum Permanente de Debates – Ribeirão Preto do Futuro”. Em outubro, acontece a Semana Agronômica e o tradicional almoço dos agrônomos, em comemoração ao dia do profissional. Em novemro será realizada a festa de final de ano da AEAARP, com a entrega do Prêmio Profissionais do Ano e o lançamento do livro comemorativo dos 60 anos da entidade.

Comissões

Quatro grupos já estão trabalhando para a organização de todos os eventos e ações de comemoração do aniversário da AEAARP:

Comissão de Festas Luci Aparecida Silva Maria Inês Cavalcanti Hugo Sérgio Barros Riccioppo Antônio Rounei Jacometti João Lemos Teixeira da Silva Pedro Ailton Ghideli

Comissão de Homenagens Marcos Villela Lemos João Paulo da S. C. Figueiredo Wilson Luiz Laguna dècio Carlos Setti Orlando Barbosa de Freitas

Comissão de Obras Pedro Ailton Ghideli Luiz Umberto Menegucci Marcia de Paula Santos Santiago João Lemos Teixeira da Silva Antônio Rounei Jacometti José Aníbal Laguna Carlos Alberto Gabarra

Comissão de Comunicação Maria Inês Cavalcanti José Anibal Laguna Ericson Dias Mello Hugo Sérgio Barros Riccioppo Luiz Eduardo Siena Medeiros

Revista Painel

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ENGENHARIA

Hidrovia: Na edição da revista Painel de agosto de 2007 (n° 149) foi apresentado o cruzamento de duas hidrovias na região de Magdeburg na Alemanha. Sem dúvida, constitui-se um marco de engenharia pelo ineditismo da proposta e principalmente, pelo aspecto incomum da solução adotada. Num país rodoviário como o nosso, causa espanto e surpresa as soluções utilizadas em outros modais de transportes. Mas, na verdade, por ser o transporte aquaviário largamente utilizado na América do Norte e Europa, a infraestrutura e a tecnologia empregada apresentam propostas inovadoras e arrojadas, em maior ou menor escala. O plano inclinado transversal de Arzviller/Saint-Louis, localizado na região da Lorena (França), substituiu uma seqüência de 17 eclusas, vencendo um desnível de 44,55m com rampa de 41%. Sua câmara transversal comporta uma embarcação do tipo barcaça freycinet e sua capacidade operacional é de 40 embarcações em 13 horas de operação, contando com a previsão de uma segunda unidade. A profundidade d’água dentro da câmara é de 3,2m. Ele está localizado sobre o canal do Marne ao Reno, à aproximadamente 80 quilômetros Strasbourg, nas montanhas dos Vosges.

Mas, mesmo sendo as propostas anteriores muito arrojadas, nada se compara à Roda de Falkirk. Foi construída para permitir a navegação entre Edimburgh e Glasgow (Escócia), unindo os canais Union e Forth & Clyde, abrindo-se assim um corredor para o desenvolvimento econômico da parte central daquele país. O antigo sistema de 11 eclusas encontrava-se desativado desde 1933. A Roda de Falkirk é o pedaço final na renovação do sistema de canais de navegação da Escócia, permitindo que barcos pequenos possam atravessar o país. Esta obra integra o Projeto British Waterways Millennium Link, um amplo programa de restauração dos canais de navegação do Reino Unido, eliminando-se com a sua construção 11 eclusas e a remoção de 32 obstruções à navegação. A Roda de Falkirk é um elevador rotatório de 35 metros de altura, composto por dois braços em aço maciço que giram em torno de uma coroa central e é acionado por motores hidráulicos. O elevador fica na extremidade de uma esatrutura de concreto armado (aqueduto), que faz a conexão com o canal de navegação. Devido ao simples mas inteligente sistema de engrenagens, o gasto de energia para a movimentação dos barcos é mínimo, pois o peso do barco que desce, contribui para a elevação do que está na outra extremidade do braço. As duas gôndolas, que acomodam até quatro barcos de 20m cada, possuem a capacidade de elevar 600 toneladas de água a 35m de altura em menos de 15 minutos. Para acionamento do sistema, conta com 10 motores hidráulicos com potência total de 1,5 KW.

Plano inclinado de Arzviller/Saint-Louis (França)

Vista aérea da Roda de Falkirk

Uma outra proposta similar, mas agora no sentido longitudinal, o plano inclinado de Ronquières (Bélgica) também permite vencer o desnível de 67,53m, utilizando-se de uma câmara deslizante e auxiliado por um sistema de contrapesos.

Embarcação entrando na gôndola Plano inclinado de Ronquières (Bélgica)

Outro marco de engenharia do setor de infraestrutura de transporte aquaviário é o elevador de embarcações Strépy-Thieu na região de Wallonia (Bélgica). Com capacidade para elevar 1.350 toneladas a 73,5m, é a resposta do Ministério dos Transportes daquele país para atender as novas especificações do transporte aquaviário internacional na Europa.

Elevador de embarcações Strépy-Thieu (Bélgica)

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Área de atracação para espera

Vista do elevador giratório e centro de visitantes


mais curiosidades Além das estruturas anteriormente mostradas, pode-se ainda destacar as escadas de eclusas de Valdieu-Lutran e de Beziers na França e, também, o túnel-canal que liga os rios Ródano na França ao rio Reno na divisa com a Alemanha.

Túnel-canal de ligação dos rios Ródano e Reno

Eng. Mec/Civil André Teixeira Hernandes, MSc.

Analista em Infra-estrutura de Transportes Departamento Nacional de Infra-estrutura de Transportes – DNIT Administração da Hidrovia do Paraná - AHRANA Escadas de eclusas de Valdieu-Lutran e de Beziers (França)

Quase 6.000 obras de fundações em 27 anos de atividades. - Estacas moldadas “in loco”: • tipo raiz em solo e rocha. • tipo Strauss. • escavadas com perfuratriz hidráulica. • escavadas de grande diâmetro (estacões). • hélice contínua monitoradas. - Estacas pré-moldadas de concreto. - Estacas metálicas (perfis e trilhos). - Tubulões escavados à céu aberto. - Sondagens à percussão SPT-T. - Poços de monitoramento ambiental. - Ensaios geotécnicos.

Revista Painel 11 16 3911.1649 basefund@convex.com.br

Fontes: TACHY, Michel Dib. A hidrovia como solução ecológica. In: Congresso de Infra-estrutura de Transportes (CONINFRA), São Paulo, SP, 2007. http://www.undiscoveredscotland.co.uk/falkirk/falkirkwheel/index.html http://www.christianblome.de http://www.portogente.com.br/texto.php?cod=3324 http://www.canal-du-centre.be/Education/Ast/Fr/ascenseurstthieu.html http://www.angelfire.com/planet/portos/Index_arquivos/page0024.htm


INFORME PUBLICITÁRIO

Pós-graduação em Engenharia qualifica profissinais para o setor tecnológico A Engenharia nacional ocupa um lugar de destaque no desenvolvimento tecnológico do país, sendo responsável por garantir ao Brasil a competitividade necessária para seu desenvolvimento equilibrado e as melhorias sociais decorrentes deste processo. É nesse contexto que o Centro Universitário Moura Lacerda, com seus 84 anos de tradição e 40 anos de experiência na formação de Engenheiros, vem desenvolvendo seus programas de Pós-graduação em Engenharia e Tecnologia. Eles capacitam, qualificam e requalificam profissionais de Engenharia, das diversas modalidades, arquitetos e urbanistas, agrônomos, geólogos, geógrafos, meteorologistas, tecnólogos e outros profissionais do setor tecnológico, para enfrentarem os novos desafios da Engenharia, em especial em setores bastante aquecidos, como construção civil, infra-estrutura e Engenharia Ambiental.

Nova legislação O momento é ainda mais relevante para a Pós-graduação em Engenharia em função das alterações na legislação do sistema profissional, mais especialmente com a vigência da Resolução no 1.010/2005 do Confea (Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia), que dispõe sobre a nova sistemática de concessão de atribuições profissionais do sistema tecnológico. Pela nova resolução, contrariamente ao que estabelecia o instrumento legal anterior, é possível aos profissionais registrados no sistema Confea/Crea (Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia) a extensão, isto é, a ampliação de atribuições profissionais, mesmo que em campos de atuação de modalidades diferentes aos da graduação. O Moura Lacerda construiu os Projetos Pedagógicos da Pós-graduação em Engenharia em profunda consonância com essa realidade. Eles atendem o objetivo maior de capacitar e qualificar profissionais para diversas áreas de atuação, e em acordo com o disposto na nova Resolução do Confea, propiciando aos egressos a possibilidade de ampliação das atribuições profissionais em setores e áreas importantes, como Engenharia Ambiental, Engenharia de Estruturas e Engenharia de Obras Rodoviárias e Sistemas Viários Urbanos,

além da tradicional Engenharia de Segurança do Trabalho, que ancorada em legislação própria permite a engenheiros, arquitetos e urbanistas nova habilitação profissional no sistema Confea/Crea. Os cursos oferecidos pelo Moura Lacerda são integralizados em 18 meses, com aulas às sextas-feiras à noite e aos sábados, quinzenalmente, e carga horária de 400 horas-aula – à exceção da Engenharia de Segurança do Trabalho, com 740 horas-aula e atividades programadas semanalmente.


Engenharia de Estruturas Engenharia Ambiental Sendo uma das mais importantes áreas da Engenharia atualmente, o curso visa proporcionar uma visão integrada dos problemas ambientais, em especial aspectos de saneamento do meio urbano, com ênfase nos Sistemas de Infraestrutura Sanitária, Tratamento de Resíduos e Efluentes e na Análise, Gestão e Controle Ambiental. O curso proporciona conhecimentos e atualização científica das bases e formas de gestão do meio ambiente e do uso sustentável dos recursos naturais e energéticos. Por ser área de regulamentação relativamente recente, o curso constitui-se em especial oportunidade para a extensão de atribuições profissionais na área ambiental a engenheiros, arquitetos, agrônomos e demais profissionais registrados no CREA. Além disso, o programa é compatível e de interesse para profissionais de outras áreas, como biólogos, químicos, profissionais da saúde pública, advogados da área ambiental, administradores públicos e outros.

Engenharia de Obras Rodoviárias e Sistemas Viários Urbanos O curso visa à capacitação de profissionais da Engenharia, Arquitetura e áreas afins na análise de questões relativas a projetos, construção e manutenção de rodovias e sistemas viários urbanos e de transportes, proporcionando fundamentação técnica para a melhoria e ampliação do conhecimento dos profissionais envolvidos com a infra-estrutura viária, um setor em pleno desenvolvimento em nossa região. É voltado a engenheiros, arquitetos, agrônomos, administradores públicos, construtores, empreiteiros, concessionários de serviços públicos e demais interessados em aprofundar seus conhecimentos na área.

Ancorado no importante aquecimento da construção civil, em especial com os grandes investimentos no setor imobiliário na região, e frente às novas tecnologias desenvolvidas para a área, que resultaram inclusive em importantes alterações das normas técnicas relacionadas à Engenharia de Estruturas, o curso de Especialização em Engenharia de Estruturas tem como objetivo a atualização e a ampliação de conhecimentos teóricos e práticos. Ele possibilita aos profissionais melhores condições para a elaboração e análise dos projetos estruturais, sejam estes em concreto armado, aço ou madeira, bem como facilitar sua compreensão no ambiente do canteiro de obras. É voltado aos profissionais da Engenharia Civil e Arquitetura.

Engenharia de Segurança do Trabalho A Engenharia de Segurança do Trabalho tem desenvolvido e ampliado sua importância e participação na sociedade de forma expressiva nos últimos anos. A profissãode Engenheiro de Segurança do Trabalho é regulamentada pela lei no 7.410 de 1985 e pelo Decreto no 92.530 de 1986. O registro no CREA é restrito aos egressos de Cursos de Especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho, devidamente cadastrados no sistema, como é o caso do curso oferecido com sucesso pelo Moura Lacerda já há 10 anos. Ele possibilita a engenheiros e arquitetos registrados no sistema profissional uma nova habilitação na condição de engenheiros de Segurança do Trabalho, e um campo de atuação extremamente próspero e aquecido. O programa do curso visa dotar os participantes de uma metodologia básica para a melhoria das condições e meio ambiente do trabalho, tendo em vista a preservação da integridade física dos trabalhadores nas empresas e obras de serviços. As inscrições para os cursos de Pós-graduação em Engenharia 2008 estão abertas no Centro Universitário Moura Lacerda. Informações podem ser obtidas na Secretaria da Coordenadoria de Pesquisa e Pós-graduação pelos telefones (16) 2101-1021 e 0800-707-1010.


LANÇAMENTOS

Construindo uma Em 2008, a construção civil vai colaborar com 5,5% do PIBProduto Interno Bruto do país. Esta é a expectativa do SindusconSP, que fechou o ano de 2007 comemorando os excelentes resultados impulsionados principalmente pela facilidade de acesso às linhas de crédito. Em Ribeirão Preto houve aumento de 85% na arrecadação da Prefeitura Municipal no setor de obras particulares (veja quadro). Segundo os dados da Secretaria Municipal de Obras, nos sete primeiros meses do ano passado, a área licenciada na cidade cresceu 44,9%, passando de 752.302 m², em 2006, para 1.080.705 m², em 2007. “O setor está em um crescimento sustentado, nada a ver com uma bolha ou algo especulativo. Depois de um longo período de estagnação assistimos a um avanço acelerado que deve continuar em 2008”, projeta o presidente do SinduCon-SP, João Claudio Robusti. As “estrangeiras” O primeiro empreendimento no interior de São Paulo de uma das grandes incorporadoras do país, a Camargo Correa, foi lançado em Ribeirão no final de 2007. O Jardim Sul é um condomínio Maquete eletrônica do Clinical Center da Jábali Aude

horizontal com área total de 200.000 m² e menos de 15% de área construída. As casas foram projetadas para receberem, no futuro, dependendo do interesse do comprador, sistema de aquecimento solar. As tubulações e redes elétricas foram projetadas para comportar aparelhos de ar condicionado em todos os cômodos. As unidades terão opções de construção para que cada proprietário possa montar um imóvel de acordo com sua personalidade. As casas são assobradadas e têm projetos que variam de 189 m² a 253 m². O empreendimento é feito em parceria entre Camargo Corrêa Desenvolvimento Imobiliário, Perplan Empreendimentos e Urbanização e Bild Desenvolvimento Imobiliário. A verdadeira avalanche de lançamentos imobiliários em 2007, que se concentraram principalmente na região sul da cidade, abriu o ano de 2008 em alta. A construtora Trisul, que tem em seu portfólio mais de 2 milhões de metros quadrados contruídos, anunciou cinco novos empreendimentos em Ribeirão Preto. Quatro deles serão lançados em 2008 e um em 2009. “Viemos com o objetivo de criar raízes na cidade e oferecer produtos de alta qualidade e preços competitivos para atender as necessidades do mercado local, que é bastante exigente”, explica Ricardo Stella, diretor de incorporação da Trisul. A Trisul é a fusão das empresas Incosul e Tricury, focadas em empreendimentos de padrão econômico no estado de São Paulo. As duas têm mais de 30 anos de experiência no mercado de incorporação imobiliária da região metropolitana de São Paulo. Em outubro de 2007, a Trisul lançou suas ações na Bovespa e captou mais de R$ 300 milhões. Os lançamentos em Ribeirão têm a bandeira Trisul Life. O valor máximo do metro quadrado divulgado pela empresa é de R$ 2,5 mil. Outras construtoras, como a Cité e a MRV, investem em setores diferentes da cidade. A Cité lançou um condomínio na região dos Campos Elíseos e a MRV tem empreendimentos em bairros como o Jardim Paulista. Entretanto, a zona sul segue como coqueluche do momento. Pratas da casa A Habiarte Barc Construtores foi a primeira construtora da cidade a erguer torres na região da avenida João Fiúza, hoje o metro quadrado mais caro de Ribeirão. No primeiro semestre de 2008 serão lançados dois novos empreendimentos naquela região: o Porto Búzios Condo Clube e o edifício Cidade de Lisboa. O Porto Búzios terá duas torres e estrutura recreativa com mais de 25 itens de lazer. O outro empreendimento, que também já foi anunciado ao mercado, é o Cidade de Lisboa, um projeto do arquiteto Adolpho Lindenberg em estilo neoclássico com um apartamento por andar. O edifício foi lançado no final do ano passado e fica na Alta Fiusa. É o segundo empreendimento no bairro Mirante Morro do Ypê,

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Nova paisagem depois da entrega em 2007 do Cidade de Petrópolis. O diretor da Habiarte Barc, Paulo Tadeu Rivalta de Barros, acredita que o mercado imobiliário do país está crescendo, depois de mais de duas décadas de estagnação. Para ele, o aquecimento da construção civil é resultado do aumento da oferta de crédito, com a redução da taxa de juros e a expansão das linhas de financiamento, além dos instrumentos jurídicos, que melhoraram a segurança nas relações de compra e venda de imóveis. “O mercado imobiliário vem expandindo em todo o país, mas é lógico que a região de Ribeirão Preto, com uma economia altamente pujante, se destaca no cenário nacional. A cidade tem um grande potencial que precisa ser garimpado”, afirma Barros. A Habiarte Barc contabiliza mais de 30 empreendimentos com cerca de 1.300 unidades entregues. A partir de fevereiro, a construtora começa a comercializar o Centro Empresarial Castelo Branco, localizado na Avenida Castelo Branco. O projeto prevê varandas que possibilitam a flexibilização no projeto de ventilação das salas. O térreo do prédio de 25 andares oferece também um boulevard com 14 lojas, agência bancária e uma praça de convívio. O empreendimento terá ainda um auditório para 55 pessoas, salas de reunião com capacidade para 18 pessoas, sendo para uso simultâneo ou não, além de uma praça de apoio. Ao todo, serão disponibilizadas mais de 450 vagas. Além de receber empreendedores nos últimos tempos, Ribeirão Preto tem também “exportado” experiências. A Jábali Aude Construções conta com mais de um milhão de metros quadrados construídos em Ribeirão e todo o Estado de São Paulo. O portifólio da empresa tem obras residenciais, comerciais, industriais e especiais, como o restauro do Theatro Pedro II, em Ribeirão Preto, e do Edifício Saldanha Marinho, no centro da cidade de São Paulo. Atualmente trabalha na finalização de empreendimentos em Franca e Americana, além ter concluído recentemente o condomínio Vilas de Buenos Aires em Ribeirão Preto. Em janeiro deste ano a construtora iniciou as obras do Clinical Center Ribeirão Preto, empreendimento que caracteriza-se como um “shopping” da saúde. Os 15 pavimentos serão dedicados totalmente a este setor, com espaços para consultórios, clínicas, laboratórios de análises clínicas e diagnóstico por imagem. O engenheiro civil Iskandar Aude, diretor da empresa, afirma que um andar inteiro foi vendido antes mesmo do lançamento. Será instalado ali um hospital-dia, mas o nome do comprador ainda não é revelado pelos empreendedores. Iskandar afirma que uma pesquisa minuciosa no mercado revelou a viabilidade do empreendimento. O projeto tem lajes planas, o que permite a personalização dos espaços internos. O acabamento em laminado melamínico e piso em porcelanato facilitam a higienização dos ambientes. O

Clinical segue a tendência nacional de reunir em um só lugar todos os serviços de saúde, conferindo conforto tanto para pacientes quanto para os profissionais da saúde. São 370 vagas de estacionamento e infra-estrutura completa para atender desde a medicina tradicional, dentistas, fisioterapeutas, entre outros. Obras Inskandar Aude - pesquisa definiu perfil do empreendimento semelhantes estão em andamento no Rio de Janeiro, São Paulo e Curitiba. “O momento atual é excelente tanto para as obras particulares quanto para as públicas, uma vez que a sociedade civil organizada está pronta para trabalhar pela redução do déficit habitacional, o que resultará em mais oportunidades de trabalho e possibilidade de compra”, afirma Iskandar, que é também vice-presidente do SindusCon-SP no Estado de São Paulo. Em 2007, a entidade lançou o movimento “Moradia para todos, esta meta é possível” Cidade de Lisboa, a segunda torre do Mirante Morro do Ype

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LANÇAMENTOS que tem como proposta, entre outras coisas, a criação de uma nova modalidade de financiamento habitacional do FGTS para a população de baixa renda e a pretensão de acabar com um déficit habitacional estimado pela FGV Projetos em 7,964 milhões de residências (números de 2006). Ocupar espaços Roberto Maestrello, presidente da AEAARP, defende que a Câmara Municipal deva apressar a tramitação da Lei do Mobiliário Urbano, a última lei complementar do Plano Diretor a ser homologada pela casa de leis. “Um conjunto de soluções urbanas deve ser adotado para que sejam corrigidos equívocos do passado e a cidade esteja preparada para absorver este fluxo de crescimento”, avalia. O engenheiro lembra que, por iniciativa da Associação, foi indicado ao poder público municipal a construção de viadutos no cruzamento das avenidas Castelo Branco e Presidente Kennedy e da rodovia Anhanguera com a avenida Henry Nestlé. “Os estudos estão prontos e a necessidade é premente”, alerta. Ele afirma que a contribuição da construção civil para o aumento da arrecadação e para a geração de empregos deve ser comemorada por todos . “Com a responsabilidade e a serenidade daqueles que pretendem ver o crescimento sustentável de nossa cidade”. A AEAARP defende que os empreendedores invistam em regiões pouco valorizadas da cidade.

Arrecadação de Ribeirão Preto no setor de obras particulares 2007 2006 2005

R$ 2,295 milhões R$ 1,240 milhões R$ 942,4 mil

Vista aéra da maquete do Condomínio Jardim Sul

Material de construção deve crescer até 10% em 2008 Vendas no setor cresceram 8,5% em 2007, na comparação com 2006 De janeiro a dezembro de 2007, o setor de material de construção apresentou um crescimento acumulado de 8,5% na comparação com o mesmo período de 2006, segundo a Anamaco-Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção, que representa as 138 mil lojas existentes no país. Na comparação mês a mês, o desempenho em dezembro foi 5,5% superior a dezembro de 2006 e, em novembro, 6% superior a agosto de 2006. Os materiais básicos tiveram crescimento de 12,5% nas vendas do período e os materiais elétricos e hidráulicos cresceram, respectivamente, 9% e 7,6%, na comparação com 2006. Os materiais de acabamentos tiveram desempenho 11,5% superior ao mesmo período de 2006. O destaque foram os setores de pisos e tintas que cresceram 13,7% no acumulado do ano.

Segundo o presidente da Anamaco, Cláudio Conz, os índices refletem a retomada de obras, desde os primeiros anúncios de incentivos ao setor por parte do governo federal. “O momento é favorável a esse movimento de retomada de obras, principalmente porque os juros estão em queda e tivemos o aumento das linhas de financiamento, sendo que muitas delas, inclusive, melhoraram suas condições. Até mesmo os bancos, percebendo essa tendência, flexibilizaram muito os critérios para os candidatos a tomadores dos empréstimos, o que facilitou ainda mais o acesso das pessoas ao sonho da casa própria”, declara. Ainda segundo Cláudio Conz, as vendas de material de construção devem aumentar em 2008. “A nossa expectativa é que o setor continue crescendo este ano. Devemos crescer entre 8,5% a 10% até o final de dezembro”.

Os efeitos do PAC e dos recursos do FGTS Segundo Conz, os efeitos do PAC ainda não foram sentidos pelo setor, mas devem impulsionar o crescimento de toda a cadeia produtiva. De acordo com o presidente da Anamaco, apesar dos projetos do governo federal e de todas as medidas tomadas para incentivar a cadeia produtiva da construção, esse passo ainda é muito pequeno frente a um déficit habitacional de 7 milhões 223 mil moradias, das quais 6 milhões e 55 mil estão entre as famílias com renda de até 3 salários mínimos, segundo dados do IBGE. “O déficit habitacional pode duplicar se levarmos em conta a qualidade dessas moradias. No Nordeste, dos imóveis próprios quitados, 75,1% são inadequados. Essa taxa chega a 65,7% no Sudeste. O Brasil possui mais de 7 milhões de moradias sem banheiro”, comenta Conz. “Sabemos que será um trabalho de

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formiguinha, mas o governo está muito disposto a atuar em parceria com o setor empresarial. Além disso, da nossa parte, vamos continuar trabalhando a redução do ICMS incidente sobre os materiais de construção nos Estados e desenvolver uma série de ações visando desburocratizar ainda mais o nosso setor, principalmente no tocante aos financiamentos, que já tiveram grande avanço, mas ainda longe do ideal”, completa. O presidente da Anamaco também afirma que o ‘calcanhar de Aquiles’ do segmento é a qualificação profissional. “Segundo o Instituto Data Popular, mais de 5,5 milhões de trabalhadores estão empregados no setor da construção. É uma mão-de-obra que pode ter uma oportunidade de requalificação, o que terá impacto direto na renda dessas pessoas e na diminuição do risco de acidentes de trabalho no nosso setor”, finaliza.


AGRICULTURA

SÃO PAULO ULTRAPASSA 3 MIL TONELADAS DE EMBALAGENS VAZIAS DE DEFENSIVOS AGRÍCOLAS RETIRADAS DO CAMPO Um dos três Estados que mais destinam embalagens vazias de defensivos agrícolas, São Paulo foi responsável pela retirada de 3.063 toneladas de embalagens vazias de defensivos agrícolas do meio ambiente entre janeiro e dezembro de 2007, volume 5,5% maior do que o alcançado em 2006. Atualmente, São Paulo responde por 19% do total destinado pelo Brasil. A principal razão para tal sucesso é a união de esforços dos elos integrantes da cadeia agrícola, como produtores rurais, indústria fabricante (representada pelo INPEVInstituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias), canais de distribuição, cooperativas e poder público, que em São Paulo é representado pela Secretaria da Agricultura do Estado de São Paulo, a Coordenadoria de Defesa Agropecuária (CDA), a Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo e a CETESB.

Brasil: balanço positivo rumo à maturidade do sistema Entre janeiro e dezembro foram enviadas para reciclagem ou incineração 21.129 toneladas de embalagens vazias de produtos fitossanitários, volume 7,6% maior do que o registrado em 2006, quando as unidades de recebimento de todo o país destinaram 19.634 toneladas. A rede de centrais e postos de recebimento de embalagens vazias de defensivos agrícolas também cresceu em 2007. Foram inauguradas 11 novas unidades nos Estados do Pará, Acre, Amazonas - estreantes no sistema -, São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Rondônia e Bahia. Atualmente, funcionam no país mais de 365 unidades de recebimento.

Referência mundial O Brasil figura atualmente na liderança entre os países que possuem sistemas de destinação final de embalagens vazias de defensivos agrícolas. Do volume total comercializado, foram destinados cerca de 80% do total de embalagens vazias colocadas no mercado e 95% do total de embalagens primárias (aquelas que entram em contato direto com o produto). A Alemanha destina atualmente 60%; a Austrália, 50%; a França, 45%; e os Estados Unidos, menos de 20%. Com o material resultante da reciclagem das embalagens são fabricados mais de 15 artigos como barricas de papelão, conduítes, caixas de passagem de fios elétricos, embalagem para óleo lubrificante, sacos plásticos para descarte de lixo hospitalar, entre outros.

BRASIL CONSUMIRÁ 30,6 MILHÕES DE TONELADAS DE FERTILIZANTES EM 2016 O aumento da demanda mundial por grãos exige maior produtividade no campo, o que amplia o consumo de fertilizantes. A demanda de fertilizantes projetada para 2016 é de 30,6 milhões de toneladas. O Brasil importará cerca de 21,3 milhões de toneladas. Esses números fazem parte do estudo realizado pela Assessoria de Gestão Estratégica, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Soja, milho, cana-de-açúcar e café são as culturas que mais utilizam fertilizantes no Brasil. Entre os Estados, Mato Grosso é o maior consumidor de fertilizantes, com cerca de 16,5% da demanda nacional, seguido de São Paulo (15,6%), Paraná (14,1%), Minas Gerais (12,3%), Rio Grande do Sul (11,3%), Goiás (9,0%) e Bahia (6,3%), segundo dados das indústrias do setor de fertilizantes.

Volume de destinação de embalagens para reciclagem no Brasil Ano

Volume (toneladas)

2004

13.933

2005

17.881

2006

19.634

2007

21.129 Sobre o INPEV

O INPEV-Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias é uma entidade sem fins lucrativos que representa a indústria fabricante de defensivos agrícolas em sua responsabilidade de destinar as embalagens vazias de seus produtos de acordo com a Lei Federal nº 9.974/2000 e o Decreto Federal nº 4.074/2002. A lei atribui a cada elo da cadeia produtiva agrícola (agricultores, fabricantes, canais de distribuição e poder público) responsabilidades que possibilitam o funcionamento do Sistema de Destinação de Embalagens Vazias. O instituto foi fundado em 14 de dezembro de 2001 e entrou em funcionamento em março de 2002. Atualmente, possui 67 empresas e sete entidades de classe do setor agrícola como associadas. Revista Painel 15


PATRIMÔNIO

A “antiga” paisagem

Palacete Innecchi e Clube Recreativa Acervo: Arquivo Público e Histórico de Ribeirão Preto

O Pateo do Collegio, incrustado no centro da cidade de São Paulo e rodeado por arranha-céus, é testemunha de 453 anos de história. Esta afirmação não é verdadeira. A construção sofreu com a disputa entre jesuítas e bandeirantes, foi parcialmente destruída, depois reerguido pelos padres, sofreu alterações importantes e, finalmente, o que está hoje de pé é, na verdade, uma réplica da construção original. Uma única parede, datada de 1653, resiste na área externa, onde fica o elegante Café do Pateo. A parede, em taipa de pilão (veja quadro), fica protegida e isolada do visitante, que lê em uma placa as explicações sobre sua construção. Gilberto Pinhata

A reconstrução do Pateo e devolução aos jesuítas aconteceu em plena ditadura militar e é tida hoje como exemplo de preservação do patrimônio cultural. É este um dos exemplos que inspiram o engenheiro 16 AEAARP

civil Gilberto Pinhata na presidência do Conppac-Conselho de Preservação do Patrimônio Cultural de Ribeirão Preto, posto que assumiu nos últimos dias do ano de 2007. Na contramão da expansão imobiliária e do surgimento de uma nova paisagem urbana estão os 35 processos de tombamento e algumas expectativas nada animadoras a respeito de construções históricas. Questionado se os prédios antigos passíveis de tombamento são velhos ou históricos, Pinhata sorriu e preferiu passar à questão seguinte, ressaltando a importância de preservar a história da cidade. O caso mais notório é o Casarão da Caramuru. Este será fatalmente demolido em razão da falta de investimentos. “É triste porque não tem vitória de lado nenhum: a história perde, a Prefeitura perde e os proprietários também”, atesta o engenheiro. Pinhata sugere que a iniciativa privada poderia usar o terreno, preservando partes da obra, como paredes que têm afrescos, usando a preservação do Pateo do Collegio como exemplo. A idéia, entretanto, esbarra em entraves de ordem jurídica e econômica, apesar de ter sido usada em Ribeirão quando o Palácio do Rio Branco foi restaurado. Na área

do protocolo, o piso foi refeito, mas um trecho do antigo revestimento foi mantido, sob a proteção de um vidro, para que o visitante possa ver como foi a construção original. Rosa Cocenza: “Faltam incentivos públicos!”

Investimentos Na semana em que Pinhata concedeu entrevista para a Painel, a USP-Universidade de São Paulo anunciou que tem a intenção de ocupar o Hotel Brasil, que fica na avenida Jeronimo Gonçalves, como uma extensão do curso de música. A iniciativa depende ainda de captação de recursos para viabilizar o restauro do prédio, que data dos anos de 1930. A notícia animou o atual presidente do Conpacc, que pretende tirar daquela região qualquer visão pejorativa e batizá-la, definitivamente, como o centro histórico de Ribeirão. Para avançar, entretanto, é necessário investir. Este é o coro que Pinhata compõe com lideranças como


está em ruínas

Acervo: Arquivo Público e Histórico de Ribeirão Preto

Rosa Maria Britto Cosenza de Oliveira, presidente do Conselho Municipal de Cultura e membro do Conppac. Em sua visão, faltam incentivos públicos, como o desconto em impostos, e iniciativas criativas, como convidar estudantes de faculdades de Engenharia e Arquitetura para que façam projetos de recuperação do patrimônio cultural que está tombado, porém esquecido. Rosa Maria inspira seu discurso em favor da preservação em experiências como as da Bélgica, onde as fachadas

Theatro Pedro II. Foto: Carlos Natal

de prédios históricos são preservadas e seu interior é reformado de acordo com a necessidade daqueles que irão ocupá-los. Ela lembra que a falta da consciência de preservação do patrimônio impediu que as novas gerações tivessem contato com ícones da história ribeirão-pretana, como o Palacete Innecchi. Sua demolição é “o maior crime” contra o patrimônio de Ribeirão, em sua avaliação. Ela lembra que a casa foi erguida para fazer frente ao Clube da Recreativa, que ocupava o prédio onde atualmente

está instalado o MARP-Museu de Arte de Ribeirão Preto. O terreno onde ficava a casa é ocupado hoje por uma agência bancária. Responsável pela demolição do palacete, o mesmo banco deu para a Prefeitura Municipal outro patrimônio, a fábrica desativada da Cianê, localizada na avenida Costa e Silva. O projeto de recuperação e ocupação do lugar ainda não saiu do papel, apesar da doação ter ocorrido há dois anos. A engenheira civil Maria Inês Cavalcanti, que representa a AEAARP no Conppac, acredita que a iniciativa privada poderia “adotar” alguns dos patrimônios já tombados e ocupá-los, com lojas e agências bancárias, por exemplo. “Seria como um presente para a cidade”, afirma. Pinhata diz que falta envolvimento público e privado em projetos de preservação do patrimônio cultural. “Uma cidade com o orçamento de Ribeirão pode investir mais nisso”, afirma, ressaltando que entende as prioridades que os investimentos nas áreas sociais devam ter. À frente do Conppac, ele pretende seduzir a iniciativa privada e interceder junto ao poder público para que outros crimes contra o patrimônio não sejam escritos na história da cidade e que outros prédios, como o da Caramuru, possam resistir aos anos de disputa. Revista Painel 17


PATRIMÔNIO

A parede de taipa de pilão Este é um dos poucos testemunhos da arquitetura colonial do século XVI realizada no Brasil, sendo o mais importante resquício da época da fundação da cidade de São Paulo. Foi construída pelo Pe. Afonso Brás – “o primeiro arquiteto brasileiro” – em 1585, quando se realizaram reformas na residência dos padres, Igreja e Colégio, erguidos em 1556, sob administração dos jesuítas, que constituíram as primeiras obras oficiais do então vilarejo de São Paulo de Piratininga, fundada em 1554. A parede apresenta ainda um valor artístico inigualável pela forma como foi edificada. A taipa de pilão era uma técnica vinda da península ibérica, muito comum no cotidiano colonial brasileiro e principalmente paulista, devido à escassez de outros materiais (pedra e cal) e por ser de igual resistência à de alvenaria de pedra, além de menos trabalhosa. De uma maneira geral seu processo de construção consistia na mistura de terra umedecida, areia, estrume, fibras vegetais e sangue de boi. Essa mistura era colocada entre duas pranchas verticais, onde ficava até secar. Houve outras reformas do prédio original, mas mesmo com a transformação da casa dos jesuítas em Palácio da Presidência da Província, ocasião em que a fachada foi totalmente descaracterizada, a parede sobreviveu. Ali permanece ainda hoje, preservada por contínuos cuidados e esforços, como homenagem ao passado e respeito àqueles que nos antecederam.

Visão elitista Adriana Capretz Borges da Silva Manhas, autora do artigo “Cem anos do desenvolvimento urbano de Ribeirão Preto”, observa em seu trabalho que há um descaso com o patrimônio arquitetônico na cidade e “os poucos esforços para a restauração não consideram todo o sítio, preservando os edifícios isoladamente, que permanecem desconectados do contexto geral. Além disso, são escolhidos para preservação apenas exemplares representativos da elite, enquanto casas centenárias em bairros tradicionais são desconsideradas, como se não fizessem parte da história”.

A quantas anda o patrimônio de Ribeirão Preto? De acordo com levantamento do engenheiro Gilberto Pinhata, a preservação do patrimônio cultural está no caminho certo. O Hotel Brasil tem boas perspectivas de solução com a intervenção da USP. A avenida Jerônimo Gonçalves, a Praça das Bandeiras, o Palácio Rio Branco e a antiga fábrica da Cianê contam com estudos de restauro e a Cervejaria Antarctica Niger está em fase de restauro. Um dos ícones do período cafeeiro, o Quarteirão Paulista, que inclui o Theatro Pedro II, o Pinguim e o Hotel Palace, já está restaurado.

Um exército de restauradores O trabalho de restauro do Pedro II contou com um exército de dezenas de restauradores, muitos formados durante os quatro anos que durou a obra. As 75 anos, o marceneiro Luiz Scarpini Netto é um dos exemplos. “O mais trabalhoso foi recuperar a boca de cena, o ponto principal do teatro. Todo o madeiramento do teatro estava destruído e não tínhamos referência do original”, lembra. “Usamos fotografias para fazer nosso trabalho”, conta Scarpini, que chegava às 7h da manhã e passava o dia no Pedro II. Segundo a Jábali Aude Construções, que executou as obras, 580 funcionários nas áreas de administração e restauro, foram envolvidos no trabalho. 18 AEAARP


BALANÇO

Diretoria Financeira

atinge metas estipuladas em 2006

A Diretoria Financeira apresenta o balanço do trabalho iniciado em fevereiro de 2007, de acordo com orientação da Presidência, o diretor-financeiro João Lemos Teixeira da Silva e o diretor adjunto Antônio Rounei Jacometti traçaram um plano de trabalho ambicioso há um ano. Segundo eles, o objetivo era equilibrar financeiramente a entidade e conseguir um superávit para a AEAARP Os diretores estipularam conseguir uma reserva financiera equivalente ao montante de 70% das despesas anuais da entidade – que variam de R$ 750 mil a R$ 800 mil. “Com isso, a AEAARP tem condições de manter todo seu funciona-

mento, sem interromper atividades esenciáis, em algum possíel momento adverso”, explicam.

O plano de trabalho foi dividido em dois alvos: -Diminuir custos com consumo de água, telefone e energia elétrica, sem prejuízo das atividades diárias. -Promover eventos autofinanciados para diminuir gastos da AEAARP.

anúncio gráfica

20 AEAARP

Foram priorizados os investimentos da AEAARP em tecnologia e recursos humanos, conseguindose manter sem reajustes o valor da mensalidade dos sócios sem reajustes até o momento e, para aumentar as receitas, fez um plano de ações para diminuir o índice de inacimplência, com resultados positivos, e estimulou o aluguel das salas da AEAARP para eventos de terceiros. Segundo a Diretoria Financeira, hoje, após um ano de trabalho com aplicação do planejamento estipulado, a AEAARP não tem dívidas acumuladas e conta com reserva financiera suficiente para suas necessidades e segurança para a administração.


CREA

inaugurou nova Sede na Av. Rebouças Em 25 de outubro, Dom Manuel Parrado Carral, bispo auxiliar de São Paulo (Região Sé), conduziu a cerimônia de benção na inauguração da nova sede do Crea-SP, na esquina da avenida Rebouças com a rua Oscar Freire. Na data, o bispo Carral representou o arcebispo metropolitano de São Paulo, Dom Odilo Pedro Scherer, que estava em Brasília/DF participando de reunião da CNBBConferência Nacional dos Bispos do Brasil. O edifício de seis pavimentos que abriga a nova sede do Crea-SP foi batizado “Edifício Santo Antônio Sant’Anna Galvão” em homenagem ao primeiro santo nascido no Brasil, Frei Galvão, padroeiro da construção civil e dos profissionais da área. A homenagem ocorreu na mesma data homologada pelo Confea, por iniciativa do Crea-SP, como Dia dos Profissionais da Construção Civil, e remete a uma história de fé e determinação – a história do frei franciscano que atuou na construção do Mosteiro da Luz como arquiteto, engenheiro, mestre de obras, pedreiro, servente e gestor administrativo. “Por seu caráter, disciplina, ética e humildade, nada mais justo que prestarmos essa homenagem no mesmo dia em que comemoramos o Dia do Patrono dos Profissionais da Construção Civil”, diz o eng. José Tadeu da Silva, presidente do Crea-SP. Na ocasião, o presidente do Crea-SP recebeu uma homenagem da Diretoria da Abenc-SP (Associação Brasileira de Engenheiros Civis do Estado de São Paulo), que lhe outorgou o título de sócio benemérito. Além do presidente do Crea-SP, compuseram a coluna de honra da cerimônia o presidente do Confea, eng. Marcos Túlio de Melo; os diretores Walter Logatti e Marcos Vilela Lemos; o superintendente geólogo João Batista Novaes; o presidente da Abenc-SP, eng. André Monteiro de Fázio; o presidente da Abenc nacional, eng. Ney Perracini de Azevedo; o presidente do Sintec-SP, téc. Wilson Wanderlei Vieira; o presidente do Sinaenco, José Roberto Bernasconi; o presidente do Instituto de Engenharia, Edemar de Souza Amorim; o ex-presidente do Crea-SP, Michel Haddad; o presidente do Ibape-SP, Tito Lívio Ferreira Gomide; e o arquiteto Gustavo Melo, representando o presidente da Faeasp, eng. Hélio Rodrigues Secco. O novo edifício do Crea-SP foi instituído como a Casa da Ética para os profissionais registrados no Conselho paulista, e, nele, dezenas de conselheiros trabalharão pelo aperfeiçoamento moral e humano de engenheiros, 20 AEAARP

arquitetos, agrônomos, geólogos, geógrafos, tecnólogos e técnicos das mais variadas modalidades em atuação no estado de São Paulo. No novo endereço, funcionarão todas as Câmaras Especializadas do Crea-SP, bem como comissões permanentes e especiais, grupos de trabalho, fóruns de instituições de ensino e entidades de classe. O novo espaço vai oferecer melhores condições operacionais para a análise de processos realizada pelo corpo funcional de apoio técnico e de assistência ao colegiado. A escolha do prédio na Avenida Rebouças levou em conta, além da facilidade de acesso ao local e o estado geral da edificação, suas dimensões perfeitamente adequadas às necessidades do Conselho. Após longa negociação, o edifício foi adquirido em condições as mais favoráveis para o Conselho paulista e sua reforma foi, por medida econômica, inteiramente executada por colaboradores da casa. Graças ao cumprimento do cronograma, o Crea-SP pôde programar, para o próprio dia da inauguração, as primeiras reuniões de trabalho das câmaras especializadas.

No novo endereço, funcionarão todas as Câmaras Especializadas do Crea-SP, bem como comissões permanentes e especiais, grupos de trabalho, fóruns de instituições de ensino e entidades de classe.


NOTAS - CURSOS AGENDA

Prorrogação do recadastramento

NOVOS ASSOCIADOS

O prazo para o recadastramento obrigatório do sistema Confea/Crea/Mútua foi prorrogado para abril. Até o dia 30 as atuais carteiras de identidade profissional terão validade. Após esta data, o profissional somente poderá ter acesso aos serviços prestados pelo Crea, inclusive ao registro de Anotação de Responsabilidade Técnica, ao se recadastrar. Desde agosto de 2006 foi iniciada uma campanha, em nível nacional, convocando todos os profissionais para o recadastramento que até junho de 2007 era feito gratuitamente. A taxa de recadastramento é R$ 15.

MARIANA GRAGEL MORELLO Arquiteta e Urbanista MANOELA CORREA TABLAS Engenheira Agrônoma ANTONIO JOSE CAVARZANI Engenheiro Civil DANIEL DA SILVA BAROZA Engenheiro Químico LENILTON CARLOS SAQUETO Estudante Agronomia e afins MAXION PEGORIN CAETANO Estudante Agronomia e afins ADRIANA CRISTINA MARTELATO Estudante Arquitetura e Urbanismo DAVID ROBERTO CAMARGO MARIANO Estudante Arquitetura e Urbanismo GUILHERME ANTONIO CONSOLIN Estudante Arquitetura e Urbanismo ANDRE NILTON FESTUCIA Estudante Engenharia Civil e afins FRANCINE RIGUETO Estudante Engenharia Civil e afins ELIAS PEREIRA DA SILVA Estudante Engenharia de Produção THAIS SILVEIRA RIGHI Estudante Engenharia de Alimentos WELLINGTON ZAMARA DE MONTE Técnico em Edificação SEBASTIAO MORELLO Tecnólogo

CURSOS

Gestão da qualidade na construção civil 26/02/08 a 28/02/08 18h30 às 22h30 Local: Instituto de Engenharia Av. Dr. Dante Pazzanese, 120 Instrutor: Carlos Williams Carrion Investimento: Associados do IE: R$270,00 Não Associados IE: R$360,00 www.institutodeengenharia.org.br

Avaliação e perícia em imóveis urbanos 11, 13, 18, 20 e 25 de fevereiro de 2008 19h às 23h Local: Instituto de Engenharia Av. Dr. Dante Pazzanese, 120 Instrutor: Eng.º e Advogado Dr. José Fiker Investimento: Associados do IE: R$300,00 Não Associados: R$440,00 www.institutodeengenharia.org.br

Aperfeiçoamento em tecnologia de plásticos O Departamento de Engenharia de Materiais da UFSCar está recebendo inscrições para o curso de Aperfeiçoamento em Tecnologia de Plásticos. O curso vai especializar profissionais de diferentes áreas que trabalham com polímeros, mesmo sem ter recebido formação específica nesta área tecnológica. As aulas oferecem reciclagem de conhecimentos sobre Tecnologia de Plásticos para profissionais já formados na área. O conteúdo é o mesmo da formação de Engenheiros de Materiais especializados em polímeros da UFSCar. O foco principal é a capacitação para a resolução de problemas industriais, por meio da identificação da relação entre a característica final do produto e sua estrutura, e as condições de processo de fabricação a que foi submetido. Público: químicos, físicos, engenheiros mecânicos, engenheiros químicos, engenheiros de materiais e outros profissionais da indústria que atuam na área de plásticos e que necessitam de um conhecimento técnico-científico especialmente em materiais termoplásticos. Em função da profundidade de abordagem dos tópicos, o curso não é recomendado para técnicos de nível médio, com exceção daqueles que já tenham experiência na área.

NotaS de esclarecimento

As inscrições (R$ 1.000 por módulo ou desconto de 10% para inscrição em todos os módulos) devem ser feitas pela Internet com, no mínimo, um mês de atendecedência do módulo a ser cursado. Os interessados devem preencher a ficha de inscrição e encaminhá-la para o e-mail fmfaro@ufscar.br, ou pelo fax (16) 3361-5404. Informações: (16) 3351-8514.

Em relação à reportagem intitulada “Peroba rosa resiste graças à engenharia”, a revista Painel esclarece que o engenheiro civil calculista Efrain Ribeiro dos Reis liderou uma equipe multidisciplinar que elaborou o projeto de estaiamento da árvore, tema da reportagem. Os documentos históricos deste projeto foram apresentados pelo engenheiro Efrain ao presidente da AEAARP, Roberto Maestrello. “Estes esclarecimentos são de extrema importância e os documentos fazem parte da história de Ribeirão Preto”, disse o presidente.

Informe-se sobre os cursos de Gestão Ambiental e Gestão de Sistemas Integrados e Direito Anbiental do IBEAS: www.ibeas.org.br

Luiz Eduardo Siena Medeiros foi presidente da AEAARP na gestão 2000-2002.

Serão oito módulos, de 24 horas cada, com 20 vagas em cada um dos módulos. Os candidatos podem inscrever-se em todos, ou optar por módulos separados. Os alunos que cursarem os oito módulos receberão um Certificado Especial em “Aperfeiçoamento em Tecnologia de Plásticos”, emitido pela Pró-Reitoria de Extensão (ProEx) da UFSCar.

Revista Painel 21


SAÚDE

Gripes e resfriados também atacam no verão Mesmo sendo o inverno a época mais propícia para a ocorrência de doenças respiratórias, os vírus da gripe também ataca na época mais quente do ano, o verão, trazendo reações tão incômodas quanto nos dias frios, como sensação de cansaço e dificuldade para respirar. O vírus da gripe dissemina principalmente pelo ar que respiramos. E difunde-se por gotículas produzidas durante a tosse, espirros e após contato entre indivíduos doentes e sadios através das mãos previamente contaminadas. Este vírus é facilmente espalhado em

ambientes com pouca circulação de ar como supermercados, lojas, teatros, cinemas, aviões, escolas, ambientes de trabalho, entre outros. Portanto, não há como ficar totalmente isento de adquirir o vírus da gripe, mas é possível tentar preveni-la mantendo o equilíbrio do organismo com uma boa qualidade de vida: alimentação saudável, beber bastante líquido, respeitar o tempo de sono e adotando medidas simples, mas importantes como: lavar as mãos com freqüência e evitar longa permanência em locais fechados e aglomerados de pessoas, procurando

Dra. Letícia Melo

manter circulação de ar nos ambientes com janelas e portas abertas. Dra. Letícia Melo é infectologista do Hospital São Francisco

Livro MARCOS ACAYABA Textos de Marcos Acayaba, Hugo Segawa, Julio Roberto Katinsky e Guilherme Wisnik Capa dura 21,5 x 26,5 cm 272 páginas 469 ilustrações R$ 95,00 ISBN 978-85-7503-663-1 20 AEAARP 19


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