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60 anos Ano XI nº 157 Abril/2008 Associação de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Ribeirão Preto
Editorial A fundação da AEAARP, na década de 1940, mais precisamente em abril de 1948, como foi a da maioria das associações profissionais, foi motivada principalmente pelo Engº Civil fervor de alguns poucos profissionais idealistas e conscientes Roberto Maestrello da necessidade de atuação organizada no desenvolvimento das cidades, que àquela época iniciavam um processo de urbanização planejada, incentivadas pela criação, na década de 1930, dos Conselhos Regionais e dos Conselhos Federais, de acordo com a política reinante de trazer para as cidades as decisões que até então eram principalmente influenciadas pelo meio rural. Desta forma estes 60 anos de história de lutas e conquistas reafirmam cada dia mais a vocação institucional da AEAARP, atuando e influenciando com competência nos mais importantes problemas do cotidiano da cidade e da região. Podemos citar alguns, dentre centenas de fatos relevantes: 1 - A criação da FAEASP, dentro da AEAARP, tendo como 1º presidente o presidente à época da nossa entidade. 2 - O primeiro curso de gerentes de cidade do Brasil, instituído pelo ministério das cidades, administrado pela FAAP e ministrado na AEAARP. 3 - Atuação decisiva no estudo das leis complementares ao Plano Diretor de Ribeirão Preto, com trabalhos enviados ao COMUR e à Secretaria de Planejamento da Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto, que serviram de base para a sua adoção pelo município e estão servindo de objeto de estudos e orientação a diversos seminários e debates em muitos municípios brasileiros, gratuitamente. 4 - Trabalho pioneiro sobre reciclagem de resíduos sólidos em Ribeirão Preto. 5 - Trabalho sobre enchentes e drenagem urbana. 6 - Trabalho sobre áreas verdes, APP´s e praças públicas. 7 - Toda a programação que será efetivada durante este ano, como todos os eventos culturais, científicos e tecnológicos não só ligados às comemorações dos 60 anos da AEAARP como aqueles da nossa atuação normal nos problemas da cidade e dos nossos associados. E, além de todas estas razões, iniciamos nesta gestão o plano de reformas e ampliação da nossa sede visando a modernização e adequação de nosso espaço para melhor servir ao associado, dotando os espaços de condições melhores para prestar serviços mais eficientes. Assim, este cenário de construção reafirma a própria essência de nossa Associação, qual seja a do fomento da construção, do progresso e do empreendedorismo, com respeito à valorização profissional e à cidadania, ressaltando a nossa vocação de cada vez mais enfatizar o atendimento a todos os que se servem desta casa, melhorando-a e adaptando-a aos novos tempos. Tanto é que no plano de modernização da nossa sede, numa primeira etapa, estamos dotando o salão de festas de banheiros, aumentando a sua capacidade, melhorando a ventilação, iluminação e envolvendo-o ao paisagismo externo que se tornará a extensão do mesmo, dando-lhe um ar mais agradável e confortável, observando a norma de acessibilidade e o recolhimento das águas pluviais em reservatório específico para a utilização em atividades de jardinagem e limpeza, poupando com isso a água potável para atividades mais nobres e colaborando com a diminuição das águas nos canais da cidade, minorando o problema das enchentes. 60 anos para nós representam a idade do sucesso alcançado com a com a conquista da sabedoria. Este é apenas o começo de nossa contribuição aos 60 anos da AEAARP. Eng. Civil Roberto Maestrello. Presidente da AEAARP
EXPEDIENTE
Associação de Engenharia Arquitetura e Agronomia de Ribeirão Preto
Rua João Penteado, 2237 - Ribeirão Preto-SP - Tel.: (16) 2102.1700 Fax: (16) 2102.1700 - www.aeaarp.org.br / aeaarp@aeaarp.org.br Roberto Maestrello
Presidente
José Roberto Hortêncio Romero Vice-presidente
DIRETORIA OPERACIONAL Diretor-administrativo: Pedro Ailton Ghideli Diretor-financeiro: João Lemos Teixeira da Silva Diretor-financeiro Adjunto: Antônio Rounei Jacometti Diretor de Promoção da Ética de Exercício Profissional: José Aníbal Laguna DIRETORIA FUNCIONAL Diretor de Esportes e Lazer: Francisco Carlos Fagionato Diretora Comunicação e Cultura: Maria Inês Cavalcanti Diretora Social: Luci Aparecida Silva
Índice 60 ANOS
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60 ANOS
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PATRIMÔNIO
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CREA
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Conheça os homens que dirigiram a AEAARP
Dos bondinhos ao metrô
Palacete Innecchi
CREA-SP conquista Prêmio Projeto Tecnologia Solidária
DIRETORIA TÉCNICA Engenharia, Agrimensura e Afins: Argemiro Gonçalves Agronomia, Alimentos e Afins: José Roberto Scarpellini Arquitetura, Urbanismo e Afins: Marcia de Paula Santos Santiago Engenharia Civil, Saneamento e Afins: Luiz Umberto Menegucci Engenharia Elétrica, Eletrônica e Afins: Edson Luís Darcie Geologia e Minas: Caetano Dallora Neto Engenharia Mecânica, Mecatrônica, Ind. de Produção e Afins: Júlio Tadashi Tanaka Engenharia Química e Afins: Denisse Reynals Berdala Engenharia de Segurança e Afins: Edson Bim Computação, Sistemas de Tecnologia da Informação e Afins: Giulio Roberto Azevedo Prado Engenharia de Meio Ambiente, Gestão Ambiental e Afins: Evandra Bussolo Barbin DIRETORIA ESPECIAL Universitária: Onésimo Carvalho Lima Da Mulher: Camila Garcia Aguilera De Ouvidoria: Geraldo Geraldi Junior CONSELHO DELIBERATIVO Presidente: Wilson Luiz Laguna Carlos Alberto Palladini Filho Cecílio Fraguas Junior Dílson Rodrigues Cáceres Edes Junqueira Edgard Cury Ericson Dias Mello Hideo Kumasaka Hugo Sérgio Barros Riccioppo Inamar Ferraciolli de Carvalho
João Paulo de S. C. Figueiredo Luiz Eduardo Lacerda dos Santos Luiz Fernando Cozac Luiz Gustavo Leonel de Castro Manoel Garcia Filho Marcos A. Spínola de Castro Marcos Villela Lemos Maria Cristina Salomão Ronaldo Martins Trigo Sylvio Xavier Teixeira Júnior
OPINIÃO
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POLÍTICA PÚBLICA
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POLÊMICA
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BIODIESEL
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POLÍTICA
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REVISTA PAINEL Conselho Editorial: Maria Inês Cavalcanti, José Aníbal Laguna, Ericson Dias Mello e Hugo Sérgio Barros Riccioppo
60 ANOS
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Coordenação Editorial: Texto & Cia Comunicação – Rua Paschoal Bardaro, 269, cj 03, Ribeirão Preto-SP, Fone (16) 3916.2840, contato@textocia.com
BIBLIOTECA
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Notas – Cursos
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NORMAS TÉCNICAS
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SAÚDE
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Considerações sobre a utilização de água pluvial como fonte alternativa para usos não potáveis
Gestão sócio-ambiental: algunas lições de Minamata para o Brasil
Governo faz propaganda, mas ainda estudam o Pinhão Manso
Zoneamento de oleaginosas auxilia na produção de biodiesel
Faltarão 50 mil engenheiros para o PAC
Registro
Engenheiro lança “Rebaixamento temporário de aqüíferos”
Ribeirão-pretano coordena norma de tubos de concreto
Qualidade de vida
CONSELHEIRO TITULAR DO CREA-SP REPRESENTANTE DA AEAARP Câmara Especializada em Engenharia Civil: Ericson Dias Mello
Editores: Blanche Amâncio – MTb 20907 e Daniela Antunes MTb 25679 Publicidade: Promix Representações - (16) 3931.1555 - revistapainel@globo.com Adelino Pajolla Júnior / Jóice Alves / Lucimara Zaparolli Tiragem: 5.000 exemplares Locação e Eventos: Solange Fecuri - (16) 2102.1718 Editoração eletrônica: Mariana Mendonça Nader - mmnader@terra.com.br Impressão e Fotolito: São Francisco Gráfica e Editora Ltda. Fotos: Ezequiel Pereira e Texto & Cia. Painel não se responsabiliza pelo conteúdo dos artigos assinados. Os mesmos também não expressam, necessariamente, a opinião da revista.
60 anos
Presidentes Conheça os homens que dirigiram a AEAARP Durante todo o ano, a Revista Painel, que também está comemorando os 60 anos de fundação da AEAARP, vai apresentar a história dos presidentes da entidade. Esta edição traz a primeira reportagem e conta a história de Guilherme de Felippe, Francisco Cláudio Innecchi, Paulo Araújo Alvim e Antônio Nogueira de Oliveira - os quatro primeiros homens que presidiram a entidade.
Guilherme de Felippe Gestão 1948 - 1950
Em 8 de abril de 1948 foi fundada a Associação dos Engenheiros. A entidade, que mais tarde receberia o nome de AEAARP-Associação de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Ribeirão Preto, nasceu pelo esforço de Guilherme de Felippe e um grupo de profissionais, sendo a maioria composta por engenheiros agrônomos. As outras áreas profissionais – arquitetura e urbanismo e engenharia – eram raras naquele tempo, com excessão da engenharia civil. O primeiro presidente não era graduado. Havia se especializado em engenharia-sacra e tinha cursos na Itália, Sob o comando de Felippe, a entidade pautou seu trabalho por desenvolver ações que promovessem o reconhecimento do profissional. Um dos marcos do trabalho da primeira diretoria foi instituir uma tabela de honorários.
Francisco Cláudio Innecchi Gestão 1950 – 1952
Engenheiro civil, foi diretor do Departamento de Obras e Serviços Particulares da Prefeitura Municipal. Foi um dos fundadores da Associação. Nessa época, a entidade ainda não tinha sua sede e, então, os associados reuniam-se na Casa da Lavoura, ou em bares da cidade. E locais como o Palacete Innecchi, ou menos sofisticados, como subsolos de prédios em construção, também abrigaram muitas reuniões.
Paulo Araújo Alvim Gestão 1952 – 1954
Antônio Nogueira de Oliveira Gestão 1954 - 1956
Revista Painel
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60 anos
Dos bondinhos
Ribeirão Preto vai começar a discutir a implantação de um sistema de metrô. “Toda cidade com mais de 500 mil habitantes precisa pensar nisso”, afirma o prefeito Welson Gasparini. O político que mais vezes governou a cidade nas últimas décadas diz que a colaboração da AEAARP será essencial neste processo, assim como foi em outros momentos importantes do desenvolvimento rural, econômico e urbano da cidade. Quando a AEAARP foi fundada, o transporte coletivo era feito pelos bondinhos. Ao completar 60 anos de fundação, a Associação tem sua história fundida à de Ribeirão Preto. Em 1948, o asfaltamento da rodovia Anhanguera, ligando Ribeirão Preto a Campinas, marcou uma nova fase de desenvolvimento da cidade. Foi também este o ano de nascimento da Associação dos Engenheiros, em 8 de abril por iniciativa de Guilherme de Felippe. Naquela época a área urbana resumia-se a 16 bairros e a economia era eminentemente agrícola. Gasparini observa que a primeira vez que governou a cidade, entre 1964 e 1969, a população contava 150 mil pessoas. Hoje, segundo estimativa do IBGE-Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, somos mais de 550 mil ribeirão-pretanos. “Na Europa e os 6 AEAARP
EUA não há processo vertiginoso de crescimento demográfico tão rápido”, avalia. Neste cenário, “as forças vivas têm de estar atuantes para não deixar cair a qualidade de vida”, completa o prefeito. Em 1945, segundo a arquiteta Adriana Capretz, ocorreu a primeira tentativa de estabelecer um Plano Diretor que determinasse o crescimento ordenado da cidade. Ela é pesquisadora, autora do trabalho “Cem anos de desenvolvimento urbano de Ribeirão Preto”. O também arquiteto e acadêmico Osório Calil Junior conta que a tentativa de 1945 foi frustrada por interesses econômicos e imobiliários que igualmente fizeram cair por terra outras investidas na organização urbana. Em todas elas, a partir de sua fundação, a AEAARP esteve presente, seja como entidade representativa da sociedade ou por meio da ação direta de associados, que atuam com destaque no serviço público e na iniciativa privada. O vereador Leopoldo Paulino, presidente da Câmara Municipal, afirma que “as questões de infra-estrutura, crescimento urbano ordenado, respeito ao meio ambiente, às pessoas portadoras de deficiência e ao ser humano sempre foram itens negligenciados pelo poder público e privado no desenvolvimento das cidades”. Ele acredita que cabe a entidades como a AEAARP o papel fundamental de participar e agir para efetivar ações que organizem a cidade e promovam o futuro. O vereador exalta o engajamento em entidades classistas. “Nos 60 anos da AEAARP, gostaria de dizer aos profissionais da área, como engenheiros, arquitetos e agrônomos que participem do dia-a-dia da entidade e suas lutas para que ela seja cada dia mais forte e atuante e represente com fidelidade os anseios da categoria”. O embrião da cidade, o centro, vive um processo histórico de desvalorização e decadência, ao mesmo tempo que concentra um comércio vivo e agitado. Casarões, sobrados, teatros e igrejas
compuseram a paisagem daquela área, mantida pela efervescência cultural e econômica. Os tempos mudaram e os antigos moradores migraram inicialmente para a região do bairro Higienópolis e cada vez mais procuram regiões distantes dos corredores comerciais para estabelecerem suas residências. Manter a vivacidade aliada à qualidade de vida daqueles que trabalham, vivem ou passam por aquela região é, antes de tudo, cuidar da história fazendo com que a cidade tenha sempre vida. A ACIRPAssociação Comercial e Industrial de Ribeirão Preto lidera este trabalho, do qual a AEAARP é parceira. Francisco Pinghera, presidente da ACIRP, afirma que a parceria com a AEAARP na discussão de ações, como a revitalização do centro, tem como foco o trabalho pelo bem-estar e a busca de qualidade de vida de toda a população e sua expectativa é a de que esta relação seja ampliada. “Entidades como a AEAARP merecem todo o respeito da população e das autoridades, pois têm grande preocupação com o desenvolvimento regional, não apenas no setor em que atuam”, afirma o presidente da ACIRP.
À frente de seu tempo
A perseverança dos profissionais da agronomia que investiram na fundação da AEAARP e a determinação em investir em seu crescimento e na valorização profissional, com ações culturais, educacionais e políticas, dão a medida da importância da
ao metrô história dos associados na construção de Ribeirão Preto. Logo nas primeiras reuniões da entidade, foi instituída uma tabela de honorários com base do Instituto de Engenharia de São Paulo. No final dos anos 1960, a AEAARP se ligou ao CREA. Foi neste mesmo período que o escritório do Conselho passou a funcionar junto com a sede da Associação, em duas salas do edifício Padre Euclides, adquiridas por meio de doações de associados. A atual sede foi inaugurada em 1985 depois de um ano de construção em terreno doado pelo ex-prefeito Antônio Duarte Nogueira, nos anos 1970. Quando Ribeirão ganhou a primeira faculdade na área tecnológica, o Instituto Politécnico de Ribeirão Preto (atual Centro Universitário Moura Lacerda), a AEAARP já trabalhava pela valorização, a dignidade e a ética no exercício profissional. A entidade gestou a fundação da FAEASP e foi
Quem estava lá Quando Ribeirão Preto tinha 91.374 habitantes, 107.900 metros quadrados de área asfaltada e 21.068 construções de pequenos prédios, construções térreas e sobrados, Guilherme de Felippe fundou a Associação dos Engenheiros. Veja quem compôs o embrião da entidade.
sede dos primeiros cursos de Gerente de Cidades promovidos pela FAAP na cidade. A trajetória da AEAARP, em todos os momentos da história da cidade, demonstra que a entidade antecipa tendências e desenvolve uma ação coletiva com o objetivo de fortalecer as profissões e os profissionais que representa ao mesmo tempo em que é protagonista de sua própria história.
Reforma A sede da AEAARP está passando por reformas e ampliações. O projeto é assinado pelo arquiteto Carlos Alberto Gabarra e contempla ampliação de espaços, adequação e modernização. O salão de festas, que tinha uma área útil de aproximadamente 190 m2, será ampliado em cerca de 60 m2, e ganhará mais uma área descoberta (de pergolado) de 60 m2, que estará integrada com paisagismo para uso em eventos sociais, além dos banheiros que estão sendo construídos. A cozinha será transformada em um espaço gourmet, modernizada para atendimento tanto de grandes eventos como para as reuniões informais dos associados. O saguão está sendo adaptado com rampas e plataformas para o acesso de portadores de deficiência física e reformulação da escada principal. Além disso, haverá mais espaço para eventos técnicos, científicos ou acadêmicos no segundo pavimento, que está sendo construído e vai abrigar um auditório ou salas de aula. Com
Alberto Schirato Antonio Junqueira Reis Antonio Nogueira de Oliveira Basílio Penteado Machado Dimer Cornélio Acorsi Francisco Cláudio Inecchi Galileu Frateschi Guaracy Ribeiro Monteiro Henrique de Paula Silveira Iride Leoni Josaquim Desidério de Mattos José do Carmos Guimarães Marques Ferreira José Gutemberg de Souza Meirelles José Pupin Netto Mário de Figueiredo Nélson Nóbrega Ody Rodrigues Orlando de Andrade de Figueiredo Oswaldo Augusto Manprim Walter José Ragazzi
isso, haverá um espaço maior no térreo para a biblioteca da Associação. Finalmente, o projeto inclui um reservatório para captação de águas pluviais e um reservatório elevado para complementação do projeto de combate a incêndio. A sede da AEAARP começou a ser construída em outubro de 1984 e foi inaugurada em outubro de 1985, com projeto assinado por José Marcio Costa Couto. A segunda fase de reformas e ampliações aconteceu em 1992, com projeto de Carlos Alberto Gabarra. E, na terceira fase, o arquiteto Carlos Stechhahn construiu o salão de festas com a cozinha de apoio. Colaborações Empresas parceiras para a atual da AEAARP: Balau Madeiras Caio Arquitetura em Cerâmica Construtora Said
obra de reforma da sede Depósito Irajá Leão Engenharia Portobello Shop
Revista Painel
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Patrimônio
Palacete InNecchi A Revista Painel começa, a partir desta edição, a apresentar uma série de seis matérias sobre o patrimônio arquitetônico de Ribeirão Preto. Profissionais da cidade farão propostas para o que poderia ter sido feito ou, em alguns casos, ainda poderá ser feito por imóveis de importância histórica, arquitetônica e cultural. A intenção da AEAARP é propor um exercício de criatividade por parte dos profissionais, valorizando o papel do engenheiro e arquiteto no planejamento, construção, desenvolvimento de políticas urbanas para as cidades e preservação de seus patrimônios. E é, também, cumprir seu papel histórico de provocar o debate e reflexões acerca do meio em que vivemos. No final do ano, em data a ser divulgada pela AEAARP, todos os projetos criados para esta série serão impressos em pôsteres que comporão uma exposição comemorativa dos 60 anos da AEAARP. “A exposição poderá ser itinerante, sendo levada a escolas e espaços públicos permanentemente para incentivar a consciência de preservação”, sugere o presidente da AEAARP, engenheiro Roberto Maestrello. Para a primeira reportagem, foi eleito o Palacete Innecchi, que, nos primeiros anos de vida da AEAARP, chegou a abrigar reuniões de diretoria da entidade, fundada em 1948. Foram convidados o arquiteto e urbanista Eduardo Salata Orsi e a designer Maitê Orsi para apresentarem uma proposta para o que poderia ter sido o destino da construção erguida no início do século XX, em 1900, num momento de aquecimento da construção civil local, especialmente para os empreendimentos voltados a atender as demandas de moradia, 8 AEAARP
lazer e cultura da elite cafeeira que estava devidamente estabelecida na cidade, na fase de ouro do café, pouco antes da crise da Bolsa de Nova Iorque, em 1929. Neste contexto, é erguido o Palacete Innecchi, na rua Duque de Caxias, esquina com a Barão do Amazonas – uma entre as várias construções que começam a surgir e se contrapõem à então arquitetura de influências coloniais que, segundo Adriana Capretz, citando Reis Filho no livro “Associação Comercial e Industrial de Ribeirão Preto: Um espelho de 100 anos”, era uma arquitetura “feita com materiais locais – elementos neoclássicos sobre paredes de terra e sem o luxo que revestia a capital da Província”. Assim, os trabalhadores italianos que vieram em substituição aos escravos passam a ser a mão-deobra que reconstruiu a cidade. Esses mestres-de-obras italianos chegavam a “assinar os pedidos de licenças para construções e assumiam até mesmo as funções do arquiteto”, diz a pesquisadora. Ele também importavam os materiais mais nobres que utilizariam em seus projetos. As três décadas que abriram o século XX foram marcadas pelo surgimento de construções em estilo eclético que refletiam o perfil das famílias que estavam construindo a cidade. Desta época são construções como a Sociedade Recreativa, onde atualmente funciona o MARPMuseu de Arte de Ribeirão Preto “Pedro Manuel Gismondi”, o solar do Coronel Francisco Junqueira, onde, e também o Theatro Pedro II, este inaugurado em plena crise cafeeira e “viria a se tornar o grande símbolo do poder que esta economia representou para Ribeirão Preto”, escreve a pesquisadora Adriana Capretz Borges da Silva Manhas,
em sua dissertação de mestrado em Engenharia Urbana “Imigração e urbanização: o Núcleo Colonial Antônio Prado em Ribeirão Preto”, em março de 2002.
A construção da periferia Paralelamente a esse novo cenário que se constrói no centro da cidade, local de moradia, lazer e negócios dos barões do café e suas famílias, outro movimento de urbanização acontecia na periferia, com características muito específicas, fruto de uma filosofia estabelecida à época: era preciso retirar da nobre região central todos os possíveis agentes de contaminação, como cemitérios, hospitais de leprosos, indústrias etc., alerta Adriana Capretz. A escolha da área para receber tais equipamentos recaiu sobre o Núcleo Colonial Antônio Prado, que abrigou centenas de famílias de trabalhadores italianos, vindos para substituir a mão-deobra escrava e especializados em profissões urbanas – como os sapateiros, marceneiros, serralheiros, pedreiros e outros. Quase todos os 200 lotes do Núcleo foram comercializados cada um destinado a uma família composta por marido, mulher e filhos. Assim, esta região também abriga exemplares de pequenas vilas típicas italianas, que repetem, de forma simplificada, mais barata e menos requintada, o estilo eclético que caracterizava os casarões da área nobre de Ribeirão Preto. “São modelos que deveriam entrar nas propostas de preservação porque também têm importância para a reconstrução da história da cidade”, observa Adriana Capretz.
Vidro e aço Eduardo Salata Orsi e Maitê Orsi criaram uma proposta que valoriza o contraponto entre a arquitetura eclética do Palacete Innecchi e o design e materiais contemporâneos. “A idéia foi fazer um edifício com composição em planta orgânica e deixar o Palacete em primeiro plano”, explicam. O projeto vislumbra o Palacete, demolido em 0000, abraçado por uma construção destacada por materiais como o vidro e o aço. “É uma fusão de estilos – um do início do século XX e outro contemporâneo – que conviveriam harmonicamente”, sugerem os autores do projeto. Eles destacam que o contraste valoriza a arquitetura do Palacete. A obra, se pudesse existir, poderia ter múltiplas funções. O Palacete abrigaria um centro cultural, por exemplo, para reunir a comunidade em exposições de todas as artes, debates, conferências culturais e eventos afins. Já o novo edifício poderia abrigar uma empresa de prestação de serviços à população, ainda que se tratasse de um negócio com grande fluxo de pessoas – clientes e funcionários. Revista Painel
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CREA
conquista Tecnologia
Em 14 de agosto 2007, durante a realização do 4º Fórum da Mulher na 64ª SOEAA, o Grupo de Trabalho Mulher do Crea-SP conquistou o primeiro lugar no 1º Prêmio de Tecnologia Solidária. Após avaliar trabalhos dos Conselhos Regionais de todo o país, a comissão de premiação destacou o Programa de Habitação Social - Projeto João de Barro, idealizado pela arquiteta e urbanista Alessandra Curadi Joazeiro, coordenadora do GT Mulher do CreaSP. O Projeto João de Barro foi feito em parceria com a Prefeitura Municipal de Itanhaém com a intenção de minimizar o crescimento desordenado do município e evitar construções clandestinas, tornando acessível às comunidades menos favorecidas os conhecimentos da área tecnológica circunscrita ao Sistema. Segundo a coordenadora do GT, quando se observam as cidades de médio e grande porte do país, verificam-se núcleos extremamente 10 AEAARP
adensados na periferia. “Muitas das casas são construídas pelos próprios moradores em regime de mutirão. A maioria, devido à falta de informação, não prima pela economia, muito menos pela segurança da construção, o que pode, num futuro próximo, trazer problemas sérios, tanto para o poder municipal, quanto para o proprietário”, diz a arquiteta. O projeto destina-se à população que recebe entre três e seis salários mínimos e que, portanto, se precisasse pagar, não teria acesso a esses serviços. Com a ajuda do programa, as casas são construídas com a orientação técnica de um profissional habilitado, proporcionando melhor qualidade de vida, valorizando os imóveis e desenvolvendo ordenadamente o município. Por intermédio deste projeto, já foram concedidos 58 projetos de construção e de regularização aprovados e existem atualmente 13 processos de aprovação em andamento. “Só não pudemos atender
mais famílias devido à ausência de documentação de posse ou escritura de seus lotes, que, assim, não podem ter legalmente o projeto aprovado na Programa Prefeitura”, ressalta.beneficia
todos os envolvidos
O Projeto João de Barro foi aprovado através do Decreto nº 2.224, de 19 de agosto de 2004, e regulamentado através da Lei nº 3.085, de 07 de junho de 2004. Em 19 de novembro de 2004, objetivando o estabelecimento de cooperativa técnica, foi celebrado um convênio entre a Associação dos Engenheiros e Arquitetos e a Prefeitura Municipal de Itanhaém, visando assegurar a implantação e o desenvolvimento do Programa de Moradia Econômica. Pelo convênio, cabe à Prefeitura, entre outras obrigações, o cadastramento e a seleção dos beneficiários, a aprovação dos projetos e a isenção dos pagamentos de taxas, bem como quaisquer serviços de cunho administrativo. Os serviços técnicos desenvolvidos pelos profissionais indicados têm caráter social, cabendo-lhes tão somente uma ajuda de custo paga pela Associação de Engenheiros e Arquitetos de Itanhaém, com recursos provenientes da venda da Caderneta de Visita à Obra, de acordo com a Lei nº 2.620, de 28 de novembro de 2000, que garante que “20% do valor arrecadado deverá ser destinado à aplicação em projetos sociais desenvolvidos pela própria
Prêmio Projeto Solidária Associação à comunidade carente do município”. Para a Prefeitura Municipal, o convênio apresenta como vantagens a diminuição do número de construções clandestinas, a oportunidade de tornar a cidade mais planejada e organizada, maior segurança das moradias e melhor qualidade de vida e de saúde aos munícipes. Por sua vez, a Associação cumpre o seu papel social, uma vez que a entidade presta um serviço de assistência à população, assim como participa e conhece ativamente o processo de implantação da política habitacional do município. Segundo a Lei do Programa de Moradia Econômica – Projeto João de Barro, tem direito a requerer uma planta popular quem: possua como único imóvel o objeto da planta popular; não tenha gozado do benefício de planta popular ou qualquer outro tipo de programa habitacional nos últimos cinco anos; possua renda familiar de até quatro salários mínimos; documento de propriedade do terreno; e resida no município há, no mínimo, cinco anos. Apesar do sucesso do programa, em dezembro de 2005 o poder legislativo da cidade revogou a lei da “Caderneta de Obras” da Associação de Engenheiros e Arquitetos de Itanhaém, único meio de viabilizar o Projeto João de Barro. Desde então, a Associação vinha atendendo os beneficiários com um saldo gerado pela venda da Caderneta de Obras daquela época, recurso atualmente já esgotado. “Continuamos tentando novamente a aprovação da lei para garantir a continuidade do projeto, afinal trata-se de um serviço prestado para o bem pú-
blico”, diz a coordenadora do GT Mulher.
Projeto visa melhorar qualidade de vida da população O objetivo do Projeto
Tecnologia Solidária é proporcionar a formação de mulheres multiplicadoras junto aos Conselhos Regionais nas ações de melhoria da qualidade de vida das ser realizado em dezembro de 2008, em Brasília/DF, durante o WEC–Congresso Mundial de Engenheiros, sediado pela primeira vez no Brasil. Para a presidente do Crea-DF e coordenadora do Fórum da Mulher, engenheira civil Lia Sá, os projetos mostram não apenas a capacidade das mulheres na área tecnológica, mas a sua sensibilidade para os problemas sociais do país. Os GTs regionais são instituídos pelo GT nacional, que fornece as diretrizes de atuação dos grupos. regiões urbanas e rurais, visando mudar uma realidade comportamental por meio dos trabalhos propostos. Em consonância com a metodologia proposta pelo Projeto Tecnologia Solidária, o GT Mulher do Crea-SP selecionou como prioritários os seguintes segmentos: saneamento, habitação e assistência técnica institucional no âmbito da engenharia e arquitetura públicas, atendimento a comunidades urbanas com predominância de mulheres, que muito contribuem para a economia familiar e de baixa renda, num município onde a problemática da realização de obras sem acompanhamento de profissionais qualificados é evidente. Com a premiação, o GT Mulher do Crea-SP ganhou direito a duas inscrições para o Fórum da Mulher, que vai
Composição do GT Mulher do Crea-SP em 2007: arq. e urb. Alessandra Curadi Joazeiro (coordenadora), arq. e urb. Adriana Sanches Garcia, eng. agr. Juliana Parisotto Poletine, Dra., eng. quím. Gislaine Cristina Sales Brugnoli, eng. civil e de segurança do trabalho Elyane Maria Moraes Ferraudo; e arq. e urb. Célia Buccolo Ballario, Msc.. Informações: gtmulher@creasp.org.br Revista Painel 11
OPINIÃO
CONSIDERAÇÕES SOBRE A COMO FONTE ALTERNATIVA A escassez de água potável é uma das grandes preocupações neste início de século XXI, sendo discutida em todo o mundo e até mesmo apontada como um dos possíveis motivos de guerras em um futuro próximo. Em função disto, é cada vez maior a busca por alternativas eficientes para a redução do consumo per capita de água potável. As alternativas tecnológicas têm sido as mais sensatas, uma vez que permitem a redução do consumo sem a necessidade de alterações bruscas nos hábitos dos usuários. Entre estas soluções, o aproveitamento de água pluvial para fins não potáveis aparece como uma boa alternativa, pois além de reduzir o consumo funciona indiretamente como uma medida não estrutural de drenagem urbana, outro problema que afeta um grande número de cidades no Brasil. Sistemas para aproveitamento da água pluvial já são utilizados por todo o mundo, principalmente em países como EUA, Japão, Alemanha e Austrália. No Brasil, sua utilização ainda é reduzida devido principalmente à falta de conhecimento da tecnologia, o que acarreta certa desconfiança e insegurança à população. Porém, com a necessidade de redução do consumo de água potável devido à crise já existente e com o aprimoramento das técnicas de execução, utilização e manutenção de um sistema como este, sua aplicação tende a crescer gradativamente nos próximos anos. Esses sistemas já eram utilizados na antiguidade, porém com uma estrutura bastante simplificada. No Brasil autores citam que a instalação mais antiga é a da Fortaleza de Ratones, que foi construída no Século XVIII, onde a água dos telhados era coletada e conduzida a uma cisterna para ser consumida pelas tropas do Império.
A água pluvial pode ser utilizada em descargas de bacias sanitárias, irrigação de jardins, lavagem de automóveis, lavagem de garagens e subsolos de edifícios, piscinas, lavarápido de postos combustíveis, amassamento de concretos, etc., podendo ser utilizada até para fins potáveis, porém com tratamento adequado para que atinja os padrões de potabilidade exigidos. Um sistema de aproveitamento de água pluvial em edificações é composto pela área de coleta; condutores e o armazenamento (reservatórios ou cisternas). Para área de coleta geralmente são utilizadas as coberturas. O tratamento a ser dado a esta água dependerá de sua destinação final.
Esquema de coleta de água pluvial com reservatório de auto-limpeza Fonte: TOMAZ (1998)
Fortaleza de Ratones em Florianópolis Retirado do Projeto Fortalezas Multimídia www.fortalezasmultimidia.com.br
12 AEAARP
Sistemas de descarte da primeira água (reservatório autolimpeza na figura) são bastante comuns e considerados por muitos como essenciais ao sistema, até mesmo quando a água coletada não será utilizada para fins potáveis. A qualidade da água armazenada é algo que tem sido muito discutido, principalmente nos casos onde a água coletada é utilizada para fins potáveis, como o que ocorre, por exemplo, em determinadas regiões no Nordeste brasileiro. Em geral, a água precipitada apresenta boa qualidade, principalmente em função do processo de destilação
UTILIZAÇÃO DE ÁGUA PLUVIAL PARA USOS NÃO POTÁVEIS natural que a mesma sofre. Tal processo está ligado a qualidade da aos processos de evaporação e de condensação. No entanto, vários fatores Sistemas para podem alterar a qualidade da água aproveitamento da pluvial, tais como: condições climáticas locais, localização, tipo e material da área água pluvial já são de captação e do reservatório, presença utilizados por todo o ou não de acessórios, manutenção e limpeza adequada, entre outras, tornado-a mundo, principalmente muitas vezes imprópria para o consumo em países como EUA, humano. Japão, Alemanha e Na fase de elaboração do projeto, diversos procedimentos devem ser Austrália. No Brasil, adotados para garantir a qualidade da sua utilização ainda é água do ponto de vista bacteriológico. Um projeto onde a manutenção e limpeza reduzida... do tanque e da área de captação sejam facilitadas será um projeto que preserva
água pluvial. Reservatórios que evitam o contato direto de homens e animais com a água, utilização de equipamentos que descartem a primeira água precipitada, são ações que podem garantir essa “segurança sanitária”. O ideal, é que a qualidade da água a ser utilizada sempre seja analisada, observando se os padrões mínimos exigidos, para o uso ao qual ela se destina, foram alcançados. Simar Vieira de Amorim professor associado da Universidade Federal de São Carlos, simar@ufscar.br Daniel José de Andrade Pereira engenheiro civil, danielcivil@gmail.com
Política pública
Gestão sócio-ambiental: de Minamata
Sérgio Augusto Jábali Barretto é biólogo, com mestrado e doutorado pela Universidade de São Paulo. Consultor do Ministério da Saúde do Brasil.
Eco-parque em Minamata.
Separação do lixo doméstico, em 22 categorias, em Minamata.
A espécie humana, com sua inteligência diferenciada e suas inúmeras habilidades, tem sido capaz de realizar grandes e profundas transformações no meio ambiente (nos espaços locais e globais), adaptando-o de modo a favorecer a sua sobrevivência e a permitir os diferentes processos produtivos utilizados ao longo da história. Porém, o uso intensivo e, em alguns casos, predatório, dos recursos naturais, desencadeado principalmente após a chamada Revolução Industrial (no século XVIII), tem originado uma crescente preocupação acerca da sustentabilidade das intervenções humanas e da magnitude dos desequilíbrios ecológicos que, então, se estabelecem. Por essas razões, diversos movimentos ambientalistas, de proteção e preservação da natureza, vêm se institucionalizando em praticamente todos os países, durante essas últimas décadas. Mais recentemente, têm sido enfatizadas também as questões de cunho sócio-ambiental (ou de saúde ambiental), cujo foco concentra-se nos potenciais riscos e nos danos à saúde humana que são decorrentes das transformações no meio ambiente – principalmente as doenças e agravos que incidem na população, urbana e rural, como conseqüência da depleção e poluição das águas, do ar e dos solos. No caso brasileiro, é premente o desenvolvimento de uma gestão sócio-ambiental ágil e eficiente, que possa atender às demandas de uma nação com dimensões continentais, variados ecossistemas, importante produção industrial e agropecuária, disparidades econômicas regionais e marcantes vulnerabilidades sociais. E, nesse sentido, vale a pena buscar lições e experiências exitosas implementadas em outras partes do mundo – tendo sempre presente, naturalmente, as diferenças culturais e geográficas que distinguem o Brasil de outros países. Há no Japão, por exemplo, um município emblemático no que se refere aos assuntos que envolvem meio ambiente e saúde humana. A cidade de Minamata, situada no estado de Kumamoto, foi fundada no final do século XIX e cresceu alavancada pela produção de 14 AEAARP
Unidade de reciclagem de restos de construção, em Minamata.
Unidade de reciclagem de lixo doméstico, em Minamata.
Unidade de reciclagem de aparelhos eletrônicos, em Minamata.
Vista de uma das praias que foram completamente despoluídas, em Minamata.
fertilizantes da fábrica Chisso. No período pós-II Guerra Mundial, a Chisso ocupava a grande maioria da mão-de-obra do município e configurava-se como um dos alicerces do crescimento econômico japonês. Em 1956, porém, começaram a surgir, nas famílias de pescadores locais, vários casos de uma síndrome desconhecida. A morbidade, que passou a ser denominada doença de Minamata, incluía várias disfunções neuro-motoras, com diversos níveis de gravidade: ataxia, dormência nas mãos e pés, fraqueza muscular, estreitamento do campo da visão, danos à fala e à audição, distúrbios mentais, paralisia e coma (nos casos extremos, levando à morte). Após anos de pesquisas científicas e batalhas judiciais, foi comprovado que a causa da doença era o despejo massivo, por parte da fábrica Chisso, de mercúrio e metil-mercúrio nas águas dos rios e do mar, contaminando os peixes consumidos pela população. A intensa poluição ambiental perdurou até 1968 e os dados existentes indicam que: quase 3.000 pessoas foram oficialmente identificadas como portadoras da doença de Minamata (cerca de 700 delas ainda vivem) e mais de 22.000 pessoas, com idade acima de cinqüenta anos, possuem sintomas leves a moderados da síndrome (e continuam a buscar certificação legal, para obtenção de indenização – com base no princípio legal do “poluidor pagador”). Esse desastre ambiental e suas graves repercussões sobre a saúde pública induziram grandes mudanças em Minamata, ao longo das últimas três décadas. A Chisso diversificou sua produção, ampliando-a para outros itens de alta tecnologia e valor agregado (a empresa tornou-se umas das maiores fabricantes de cristal líquido do planeta); além disso, adota práticas avançadas de tratamento de resíduos (o mercúrio não é mais utilizado em sua linha de produção). E, em um contexto mais abrangente: as instituições governamentais do município de Minamata, do estado de Kumamoto e da esfera federal, articuladas com diversas organizações não governamentais (ONG) e com empresas privadas, vêm construindo um modelo de
algumas lições para o Brasil gestão sócio-ambiental com a participação comunitária, visando fazer da cidade um modelo mundial de respeito à natureza e ao bem-estar da população. As ações e estratégias conduzidas de forma compartilhada pelos diferentes setores da sociedade organizada têm gerado muitos benefícios e promovido vários empreendimentos de sucesso, dentre os quais se destacam: a) a drenagem de todos os organismos e sedimentos marinhos contaminados pelo mercúrio, e sua contenção e aterramento em área ampla sobre a qual foi edificado um eco-parque; b) a formação de grupos de apoio aos portadores da doença de Minamata, com a disponibilização de salas para seu encontro cotidiano e para a elaboração de artesanatos; c) a construção de um hospital e asilo para cuidar de alguns dos pacientes remanescentes, com sintomas mais graves da doença de Minamata; d) a estruturação e funcionamento de um Instituto Nacional para realização de pesquisas, análises clínicas e laboratoriais relacionadas à contaminação por mercúrio (subsidiando outras nações que enfrentam ainda dificuldades nessa área); e) a separação cotidiana, pelas famílias, do lixo reciclável em 22 categorias; f)
a instituição da figura dos “mestres” ambientais (cidadãos que atuam, por exemplo, na produção orgânica de alimentos ou na elaboração tradicional de papel ou de utensílios de bambu); g) a intensa fiscalização e tratamento dos resíduos industriais; h) o contínuo monitoramento das águas bruta e tratada, bem como dos alimentos (o teor de mercúrio dos peixes locais é inferior, atualmente, à média observada para o país); i) a implantação de fábricas, pela iniciativa privada, para a reciclagem de uma extensa gama de itens (restos de construção, garrafas “pet”, vidros, aparelhos eletrônicos, óleos industriais, plásticos e lixo doméstico, em geral). A capacidade de superação desse pequeno município japonês (de menos de 100 mil habitantes) é, portanto, fonte de inspiração para muitos gestores e administradores públicos, ao redor do mundo. Para as cidades brasileiras, em especial, a história de Minamata representa um alerta de vital importância (principalmente quando da vigência do Programa de Aceleração do Crescimento, PAC) e aponta para a necessidade de se criar instrumentos e caminhos que permitam, verdadeiramente, um desenvolvimento sustentável e profícuo.
POLÊMICA
Governo faz propaganda, mas O pinhão manso, cujo nome científico é Jatropha curcas, é uma planta de origem tropical bem adaptada a diversas regiões do Brasil, aparece em vários plantios desde a linha do Equador até o Estado do Paraná e possui múltiplos usos, o que faz com que a cultura tenha um considerável potencial de exploração comercial. Trata-se de um arbusto com altura média entre 2m e 3m, podendo chegar a mais de 8m e, em alguns casos, atingir os 12m de altura. Possui uma copa larga e irregular, caule reto e liso, com diâmetro de aproximadamente 2-3 cm, casca fina e amarelada coberta por uma fina camada de cera. Sua madeira é flexível, mas pouco resistente, seus ramos são compridos e possuem ramificações que surgem desde a base do tronco e por serem plantas que perdem suas folhas no inverno, apresentam muitas cicatrizes. Sua idade produtiva é alcançada entre três e quatro anos após o plantio no campo e chega a produzir por até 40 anos. O látex circula toda a planta em longos canais que o levam até as raízes. A planta de pinhão possui um sistema radicular com muitas raízes laterais e uma raiz principal, que atinge grandes profundidades. Na busca de informações sobre o centro de origem desta planta, verificou-se que vários pesquisadores se dedicaram a este tipo de estudo, no entanto, ainda existe um impasse em relação ao local exato de sua procedência, uma vez que ela aparece em todas as regiões intertropicais do globo. O pinhão manso pode ser encontrado desde as Américas Central e do Sul, África (regiões costeiras tanto do lado leste como oeste do continente), Ilhas de Cabo Verde, Ásia, Filipinas, até as ilhas da região de Java. Em todos estes locais, ele chegou muito provavelmente transportado nos navios mercantes. De acordo com a bibliografia consultada, alguns pesquisadores acreditam que, no Brasil, o Ceará é o berço desta espécie, no entanto, foi atribuído ao México seu centro de origem mais provável, visto que estudiosos observaram que nestes locais esta planta aparece de maneira natural nas florestas costeiras da região e não apenas em cercas vivas ou áreas cultivadas. 16 AEAARP
A combinação de fatores como a produção de óleo para o biodiesel, controle de erosão, crescimento em áreas marginais, seqüestro de carbono e resistência à seca, fazem com que a cultura do pinhão manso, além de gerar benefícios ambientais, aumente a fonte de renda das pessoas que dependem da agricultura familiar. No entanto, a falta de informações que comprovem cientificamente todo seu potencial, torna difícil sua divulgação e plantio. É uma planta cujas sementes germinam em torno de 10 dias após a semeadura e, quando colocadas no campo, podem sofrer problemas de adaptação nos casos onde o solo seja raso, encharcado, pouco arejado e de difícil drenagem. Quando se deseja um rápido estabelecimento da cultura, pode-se optar pelo uso da produção de mudas por estacas, com as novas plantas se formando, geralmente, três semanas depois de colocadas para enraizar. Apesar dos poucos estudos com esta planta, existem algumas informações sobre pragas e doenças para esta cultura aqui no Brasil, pois em plantios realizados pela CATI, já houve relatos sobre problemas com insetos que provocam furos nos troncos, ácaros e doenças como o oídio. Estudiosos sobre o assunto afirmam também que o pinhão manso é hospedeiro do vírus da mandioca e esta doença pode ser transmitida para as áreas de plantio próximas. Exemplos vindos da República de Mali, na África, mostram que em vilarejos onde existem grandes extensões de cervas vivas com Jatrophas, estas permitem a colheita
de vários quilos de sementes pelos moradores locais, que podem somar alguns dólares a mais na renda familiar depois que seu óleo é extraído e o produto é vendido. Hoje em dia, com a chegada da “era dos biocombustíveis”, esta planta tornou-se o carro-chefe da indústria da publicidade e propaganda, tanto a falada como a escrita. O termo biodiesel, associado a esta planta, é mais popular e vende tanto espaço publicitário em jornais e revistas como os escândalos na câmara e no senado federal. Quer incentivo maior que o presidente aparecer em público com uma muda de pinhão manso na mão? Isso aconteceu quando ele falou sobre o programa nacional do biodiesel, com início previsto para 2008 e que dificilmente será cumprido, mesmo que todos os esforços estejam voltados para que se consiga matéria-prima em quantidade suficiente para garantir a mistura mínima de 2% de biodiesel no óleo diesel convencional. Segundo o presidente da Associação Brasileira da Indústria do Biodiesel (Abiodiesel), o país que até agora produziu mais de 200 milhões de litros ainda tem um déficit de 600 milhões de litros e, em hipótese alguma, esta quantidade será suprida. Para a Agência Nacional do Petróleo, uma boa parte da produção que se esperava obter baseava-se nos mais de 30 projetos que estavam envolvidos com a produção de biodiesel, no entanto, as associações ligadas ao setor chegaram à conclusão de que no máximo cinco destes estavam conseguindo, efetivamente, produzir o óleo combustível. No caso da produção em escala familiar, o governo chegou a criar programas de incentivos fiscais previstos de acordo com o percentual da agricultura familiar envolvido no processo, mas muitas dúvidas ainda existem e este assunto precisa ser bem discutido. A espécie Jatropha curcas, L., antes mesmo deste alvoroço todo, estava sendo utilizada de várias outras maneiras, como por exemplo: cerca viva, pois os animais a respeitam devido ao forte sabor (acre) de suas folhas e casca, e também em conseqüência do lá-
ainda estudam o tex cáustico, que a torna invulnerável para animais de pequeno e grande porte; óleo para lamparinas, pois além da boa chama, não produz fumaça; planta para controle de erosão; óleo lubrificante, com algumas ressalvas devido à sua viscosidade e outras substâncias químicas de sua estrutura; tintas de escrever, de impressão e para pintura; em saboarias, fornecendo sabão duro marmoreado de excelente qualidade, muito solúvel em água e que produz bastante espuma; e como planta medicinal, apesar das observações rea-
Pinhão Manso
lizadas por vários pesquisadores sobre a toxicidade desta planta. Embora sejam inúmeros os relatos da utilização de muitas partes desta planta na medicina caseira, recomenda-se cautela ou mesmo não utilizar a planta para estes fins, pois existem vários casos de intoxicação provocados pela mesma. Sabe-se que ela possui propriedades purgativas e quando ingeridas em doses além da necessária, desencadeiam uma série de reações no organismo, tais como vômitos e diarréias que dependendo da intensidade podem provocar a morte da pessoa. Em meados da década de 1980, a EPAMIG (Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais) chegou a iniciar alguns trabalhos com esta cultura no Brasil, mas devido à falta de apoio financeiro que assegurasse o término destes, não foi possível a obtenção de todos os resultados. O que todos esperam, agora, é que as
pesquisas com esta promissora cultura possam ser financiadas e divulgadas, cessando assim o exagero e excesso de otimismo em torno desta cultura que, apesar de pouco estudada, sem dúvida é bastante promissora e está bem enquadrada no contexto da busca por opções menos poluentes de geração de energia. Eduardo Suguino – pesquisador científico da APTA - Ribeirão Preto – Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo
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Revista Painel 13
Biodiesel
ZONEAMENTO DE OLEAGINOSAS AUXILIA NA PRODUÇÃO DE BIODIESEL Entra em vigor em 01/07 a obrigatoriedade da adição de 3% de biodiesel ao óleo diesel no Brasil, a mistura conhecida como B3. A obrigatoriedade passou a vigorar em 01/01 deste ano, em percentual de 2% de biodiesel. Segundo o coordenador de Agroenergia, da Secretaria de Produção e Agroenergia, do Ministério da Agricultura, Frederique Rosa e Abreu, atualmente, 90% da matéria-prima utilizada no biodiesel são provenientes do óleo de soja, os outros 10% vêm do algodão, amendoim, palma de dendê, gergelim, girassol, mamona, canola e sebo ou gordura animal. Por isso a Secretaria de Política Agrícola (SPA) vem fazendo o zoneamento agrícola de risco climático das oleaginosas destinadas ao Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel. As oleaginosas contempladas são algodão, amendoim, canola, dendê, gergelim, girassol, mamona e soja. Os zoneamentos estão sendo divulgados
pelo Departamento de Gestão de Risco Rural no Diário Oficial da União à medida que a metodologia de risco seja concluída pela Embrapa e pelas instituições públicas de pesquisa. Desde 1996, já existe o zoneamento para as lavouras de algodão, soja e mamona. Os técnicos têm estudos para ampliar este trabalho para outros estados, como é o caso do algodão em Rondônia; da mamona, que, além da região Nordeste foi ampliada para todos os estados da região CentroSul na safra 2007, futuramente, Pará e Rondônia, e da soja nos estados da região Norte, menos Tocantins, já concluído. Serão finalizados ainda neste ano, os zoneamentos para a canola na região Sul, dendê nos estados do Maranhão e Piauí e girassol no Rio Grande do Norte e outros em andamento. As informações do zoneamento de risco climático especificam os tipos de solos, as cultivares, os períodos mais indicados para o plantio e a relação
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dos municípios considerados aptos ao cultivo em cada estado. Segundo o coordenador-geral de Zoneamento Agropecuário, da SPA, Francisco José Mitidieri, o zoneamento estimula a oferta de matérias-primas para a produção do biodiesel, hoje concentrado no óleo de soja, uma vez que esse pacote técnico orienta os agricultores, os agentes financeiros de crédito de custeio agrícola e o enquadramento no seguro rural. Produção e consumo de biodiesel A produção de biodiesel, em 2007, foi de 402 milhões de litros, o que representou uma mistura média de B1 (1% de biodiesel no diesel). A produção foi igual ao consumo de biodiesel. A expectativa de produção de biodiesel para 2008, conforme projeção do Ministério de Minas e Energia, é de pelo menos 1,05 bilhão de litros, sendo 420 milhões de B2, no 1º semestre, e 630 milhões de litros de B3, no 2º semestre.
Política
Faltarão 50 mil engenheiros para o PAC O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, apresentou um balanço das obras do PAC-Programa de Aceleração do Crescimento na AEAARP, em março, e disse que o volume de obras exigirá mais profissionais do que o mercado oferece. Em suas contas, faltarão pelo menos 50 mil engenheiros para tocar as obras do PAC. Bernardo traçou um balanço da carreira de milhares de engenheiros que saíram dos bancos universitários e acabaram empregados em outras funções, como as agências bancárias. “Uma geração inteira fora da profissão é uma anomalia”, avaliou o ministro. O crescimento do PIB-Produto Interno Bruto, que segundo o IBGE-Instituto Brasileiro de Estatística foi de 5,4% em 2007,
alavancou a economia e um dos setores que mais sentiram este empurrão foi a construção civil. O governo federal promete um aquecimento ainda mais expressivo com as intervenções do PAC. O ministro foi questionado pela impren-
sa local sobre possíveis investimentos incluídos no programa para as obras de contenção de enchentes em Ribeirão. Ele respondeu que o PAC está planejando intervenções permanentes em planejamento urbano para solucionar estes problemas em diversas regiões do país. Naquela semana, cinco pessoas haviam morrido em uma enchente ocorrida em Curitiba (PR). Bernardo não especificou nenhum investimento em Ribeirão. O ministro foi recebido na AEAARP pelo prefeito Welson Gasparini e pelo presidente da Associação, engenheiro Roberto Maestrello, que abriu a conferência ressaltando a importância da exposição feita por ele. Pelo menos 150 pessoas participaram do evento.
60 ANOS
Registro No dia 28 de fevereiro, a AEAARP recebeu diretoria, asociados, imprensa e autoridades para apresentar a programação de eventos comemorativos de seus 60 anos. O ponto alto do coquetel foi o lançamento do selo dos Correios alusivo ao aniversário da Associação.
BIBLIOTECA
Engenheiro lança “Rebaixamento Temporário de Aqüíferos” Rebaixar o nível d´água para realizar escavações e construções em ambiente seco e seguro é uma operação cotidiana em engenharia urbana. Apesar de ser uma instalação temporária, é fundamental que seja corretamente dimensionada, implantada e mantida a fim de assegurar condições técnicas e econômicas adequadas para a implantação da obra de engenharia definitiva. “Rebaixamento Temporário de Aqüíferos” é um manual que apresenta vários sistemas de rebaixamento e os critérios para seleção e dimensionamento de cada um deles e de seus equipamentos. Esses projetos específicos são completados pelo quadro de referência a respeito dos aspectos geotécnicos, hidráulicos e mecânicos de motores, bombas e demais componentes importantes, sem descuidar da drenagem superficial e profunda que os complementam. Entre os sistemas de rebaixamento são tratados: bombeamento direto, ponteiras, injetores e ejetores e bombeamento submerso. Exemplos de casos reais e exercícios resolvidos permitem ao leitor
compartilhar da grande experiência do engenheiro Urbano Alonso, um nome de destaque na prática da engenharia. O livro destina-se a engenheiros civis, estudantes e demais profissionais envolvidos com obras civis. Sobre o autor Urbano Rodriguez Alonso iniciou sua carreira profissional em 1967, no departamento técnico da Franki, no Rio de Janeiro, onde participou de vários projetos de execução de fundações e infraestrutura (subsolos). Nessa ocasião, colaborou no projeto de rebaixamento para a escavação da Casa de Força da barragem do Rio Curuá-Una, uma das maiores obras de rebaixamento da época, com área de 15.000 m2 e 20 m de profundidade. Foi professor da Escola de Engenharia da Universidade Mackenzie nas disciplinas de Mecânica dos Solos e Fundações durante 15 anos e da Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP) na disciplina de Fundações durante 17 anos. É autor dos livros Exercícios de Fundações, Dimensionamento de Fundações Profundas e Previsão e Controle das Fundações, além de co-autor da obra Fundações – Teoria e Prática.
city luz
NOTAS - CURSOS
NOTAS Sérgio Amaral, diplomata e ex-ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Maurílio Biagi Filho, presidente da Maubisa, Marcelo Diniz Junqueira, presidente da Clean Energy e Carlos Monforte, da Globonews.
Energia limpa O mundo todo está com a atenção voltada para o Brasil, que lidera a produção e as pesquisas de fontes alternativas de geração de energia limpa. O consumo de etanol aumenta 3 bilhões de litros todos os anos, segundo as informações reveladas durante o evento Cenários da Safra Canavieira, promovido em março, pela Facioli Consultoria. Marcelo Diniz Junqueira, diretor executivo da Clean Energy, participou do evento e disse que a revolução tecnológica no campo vai proporcionar o aumento da produção por meio de plantas geneticamente modificadas. A AEAARP promoveu no ano passado um amplo debate sobre o tema, durante a Semana de Agroenergia, que revelou lideranças da entidade à frente de importantes pesquisas para desvendar fontes alternativas à cana-de-açúcar ao mesmo tempo em que outros dedicamse em melhorar o desempenho deste cultivar.
22 AEAARP
Há 10 anos O livro comemorativo que a AEAARP editou há 10 anos, quando festejou o primeiro meio século de existência da entidade, registra que, naquela época, 500 milhões de litros de álcool estavam estocados pelas usinas e destilarias da região e que o consumo de álcool sofria redução.
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Produção e consumo de biodiesel A produção de biodiesel, em 2007, foi de 402 milhões de litros, o que representou uma mistura média de B1 (1% de biodiesel no diesel). A produção foi igual ao consumo de biodiesel. A expectativa de produção de biodiesel para 2008, conforme projeção do Ministério de Minas e Energia, é de pelo menos 1,05 bilhão de litros, sendo 420 milhões de B2, no 1º semestre, e 630 milhões de litros de B3, no 2º semestre. Cada 1% de biodiesel misturado ao diesel representa um ganho na balança comercial da ordem de US$ 300 milhões/ano, em virtude da substituição de diesel importado. Ou seja, com a mistura B3 a economia de divisas será de aproximadamente US$ 900 milhões.
Mobiliário urbano: última lei complementar terá audiências públicas A AEAARP foi protagonista na elaboração e aprovação do Plano Diretor, trabalhando para defini-lo e por sua aprovação. A última trincheira desta luta é a lei do mobiliário urbano, a última lei complementar ao Plano Diretor que ainda tramita no legislativo. Leopoldo Paulino, presidente da Câmara Municipal, disse a Painel que esta é uma das leis “mais mais complexas porque trata de muitos setores, temas, interfaces, que não têm uma cultura de interação”. Segundo ele, a Comissão de Justiça vai realizar audiências públicas com os diversos setores interessados para depois colocá-la em votação.
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Correios lança bloco de selos com obras de Niemeyer O Memorial da América Latina e o Museu de Arte Contemporânea de Niterói são as estampas de um bloco com dois selos que os Correios acabam de lançar. A arte do bloco, elaborada por Cris Alencar, remete a uma folha de rascunho, simbolizando traços de Niemeyer. Os selos começam com linhas simples nas laterais, até que, ao centro, as obras tomam aspecto real, apresentando no primeiro selo o Museu de Niterói. O segundo mostra o Memorial da América Latina e a estátua da mão espalmada, ostentando o desenho do mapa da América Latina. O fundo do bloco - que não é utilizado na postagem - retrata monumentos construídos em Brasília.
CURSOS Agenda de cursos voltados para a área de design do SENAC-Ribeirão Preto Feng Shui aplicado ao Design de Interiores O participante aprende os conceitos do Feng Shui e sua aplicação nos projetos de design de interiores. Também desenvolve e estimula a intuição e a criatividade (inteligência espiritual) através da metafísica. (Carga horária: 15 horas) Perspectiva a Mão Livre: o Croqui como Ferramenta de Projeto O participante torna-se capacitado para traçar perspectivas internas de um ou dois pontos de fuga, utilizando o croqui como uma valiosa ferramenta na hora de projetar e verificar se o que foi desenhado se verifica no espaço. (Carga horária: 27 horas)
NOVOS ASSOCIADOS
Vitrinismo Básico para o Varejo O participante aprende a organizar e expor produtos atendendo às necessidades de demonstração do objeto nas vitrines de acordo com o público alvo. (Carga horária: 36 horas) ARQUITETO E URBANISTA DANILO PAGLIUCA DAMAGGIO PAULO ROBERTO LOCCE JUNIOR ENGENHEIRA CIVIL CLAUDIA MARIA DIAS COTRIM ENGENHEIRO CIVIL ALVARO GUARITA NETO HOMERO LARRAZ FERREIRA IVAEL NADALIN ENGENHEIRO ELETRICISTA JOSE CARLOS MAZZO MILAGRE MARCELO NISHIDA
Decoração Prática O participante aprende a elaborar projetos básicos de distribuição de ambientes aplicando conhecimentos de circulação mínima, de espaço, mobiliário, distribuição funcional, materiais e suas aplicabilidades a fim de tornar os ambientes funcionais, dinâmicos, promovendo assim o bem estar dos usuários. (Carga horária: 54 horas) Técnico em Design de Interiores É um curso profissionalizante.O aluno aprende como planejar, criar e executar projetos de design de interiores residenciais e de espaços comerciais, com técnicas e soluções adequadas de acordo com as necessidades do cliente, a funcionalidade e a melhoria da qualidade de vida. (Carga horária mínima: 822)
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ESTUDANTE - AGRONOMIA E AFINS FERNANDO HENRIQUE RIBEIRO SYLLAS SAQUY BERTINI VINICIUS SUZUKI ANTONINI ESTUDANTE - ENGENHARIA CIVIL E AFINS FABRICIO FERNANDES PERES FLAVIA SICHCIOPI PEREIRA RENATO EDUARDO IBRAHIM THULLIO OLIVI ALMEIDA TECNICO DESENHISTA DE ARQUITETURA PLINIO LUIZ MIRANDA BORGES
Revista Painel 19
Normas técnicas
Ribeirão-pretano coordena norma de tubos de concreto O setor de infra-estrutura, em específico o de tubos de concreto, visando uma melhoria no processo de instalação de seus produtos nas obras de drenagem e esgotamento sanitário, junto a ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas vem conduzindo o estudo de norma para especificação do processo de instalação – assentamento dos tubos de concreto. Essa avaliação está sendo realizada por uma Comissão de Estudos, formada por consumidores (prefeituras, órgãos de saneamento), produtores (empreiteiros e construtores) e por neutros (laboratórios, projetistas e empresas de fiscalização), gerenciada pelo CB 02 – Comitê Brasileiro que trata dos produtos da construção civil. O engenheiro José Roberto Romero, coordenador da comissão e representante da AEAARP, explica que a elaboração dessa Norma Técnica para utilização dos tubos de concreto será um grande salto tecnológico tanto às empresas executoras das obras de drenagem e esgotamento sanitá-
PAINEL DE NEGÓCIOS
rio, como as empresas que utilizam esses serviços (prefeituras, órgãos públicos, concessionárias, loteamentos etc.). Segundo ele, após o texto em estudo se tornar uma norma técnica, os clientes que utilizarem sistemas de drenagem e esgotamento sanitário terão mais uma garantia de qualidade na obra final, pois a instalação de tubos de concreto já tem uma norma específica e, agora, haverá uma norma para o processo executivo/construtivo. As reuniões da comissão de estudos são na Av. Torres de Oliveira, 76 – Jaguaré – São Paulo – SP. Mais informações referentes ao projeto em questão (PN 02:107.02001) poderão ser obtidas no CB-02, pelo telefone (11) 3334-5620. Sobre a ABNT Fundada em 1940, a ABNT é uma entidade privada sem fins lucrativos, que tem como objetivo incentivar e promover a elaboração e o uso de normas técnicas, possibilitando às empresas brasileiras oferecerem produtos e serviços com a qualidade cada vez mais exigida no mercado.
É representante exclusiva de entidades internacionais como a ISO (Internacional Organization for Standardization), IEC (International Electrotechnical Comission), COPANT (Comissão Panamericana de Normas Técnicas) e AMN (Associação Mercosul de Normalização), defendendo os interesses da indústria brasileira no contexto mundial. O processo normalizador é vital para o desenvolvimento da economia no âmbito nacional ou internacional, sendo hoje um forte e decisivo diferencial competitivo para as empresas.
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Revista Painel 25
SAÚDE
Qualidade de Vida Muito se tem falado sobre este tema, no qual todos nós almejamos nos inserir. Quem não a busca? Como conseguir tal proeza em nossa vida diária? Alimentação balanceada e atividade física regular são hábitos muito saudáveis que impulsionam esse desejo, porém existem outros aspectos importantes nessa busca. Em minha experiência pessoal e clínica tenho percebido que a realização desse objetivo precisa estar alicerçada em atitudes conscientes de mudanças e estas, devem começar pela mente. O que pensamos, principalmente a nosso respeito, tem fundamental importância nessa procura. Respeitar o nosso sentir, o nosso coração, são aspectos fundamentais para uma vida harmônica. Concordo com o Dr. Deepack Chopra, quando nos alerta: “Somos as únicas criaturas na face da terra capazes de mudar nossa biologia pelo que pensamos e sentimos! Nossas células estão constantemente bisbilhotando nossos pensamentos e sendo
modificadas por eles. Um surto de depressão pode arrasar seu sistema imunológico; apaixonar-se, ao contrário, pode fortificá-lo tremendamente. A alegria e a realização nos mantêm saudáveis e prolongam a vida. A recordação de uma situação estressante, que não passa de um fio de pensamento, libera o mesmo fluxo de hormônios destrutivos que o estresse.” Dessa forma devemos considerar a doença como um desequilíbrio entre a nossa natureza física, mental e espiritual. Respeitar a nossa essência, ouvir nosso coração traz felicidade e esta felicidade atua no nosso organismo liberando hormônios naturais. Há pessoas que atraem para si todo o tipo de infortúnio. Se formos observar e analisar a atitude mental dessas pessoas, veremos, com grande margem de acerto, que seus pensamentos são sempre de lamentações e tristezas. Entretanto, se estas pessoas começarem a se olhar de outra forma, buscando enxergar a oportunidade de estarem vivas, atuando com pensamentos
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de construção, auto-estima e generosidade consigo mesmas, são capazes de mudar sua freqüência de pensamento e atuar a favor da saúde, do bem estar e da felicidade. O nosso mundo invisível só se tornará visível quando os nossos olhos conseguirem enxergar pela ótica da nossa essência. Só com respeito a si próprio e aos nossos reais sentimentos, conseguiremos dar o nosso melhor, ter mais saúde, alegria, felicidade e consequentemente qualidade de vida. Dra. Odinê Bechara odinebec@terra.com.br
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Editorial A fundação da AEAARP, na década de 1940, mais precisamente em abril de 1948, como foi a da maioria das associações profissionais, foi Engº Civil motivada principalmente pelo fervor de alguns poucos profissionais Roberto Maestrello idealistas e conscientes da necessidade de atuação organizada no desenvolvimento das cidades, que àquela época iniciavam um processo de urbanização planejada, incentivadas pela criação, na década de 1930, dos Conselhos Regionais e dos Conselhos Federais, de acordo com a política reinante de trazer para as cidades as decisões que até então eram principalmente influenciadas pelo meio rural. Desta forma estes 60 anos de história de lutas e conquistas reafirmam cada dia mais a vocação institucional da AEAARP, atuando e influenciando com competência nos mais importantes problemas do cotidiano da cidade e da região. Podemos citar alguns, dentre centenas de fatos relevantes: 1 - A criação da FAEASP, dentro da AEAARP, tendo como 1º presidente o presidente à época da nossa entidade. 2 - O primeiro curso de gerentes de cidade do Brasil, instituído pelo ministério das cidades, administrado pela FAAP e ministrado na AEAARP. 3 - Atuação decisiva no estudo das leis complementares ao Plano Diretor de Ribeirão Preto, com trabalhos enviados ao COMUR e à Secretaria de Planejamento da Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto, que serviram de base para a sua adoção pelo município e estão servindo de objeto de estudos e orientação a diversos seminários e debates em muitos municípios brasileiros, gratuitamente. 4 - Trabalho pioneiro sobre reciclagem de resíduos sólidos em Ribeirão Preto. 5 - Trabalho sobre enchentes e drenagem urbana. 6 - Trabalho sobre áreas verdes, APP´s e praças públicas. 7 - Toda a programação que será efetivada durante este ano, como todos os eventos culturais, científicos e tecnológicos não só ligados às comemorações dos 60 anos da AEAARP como aqueles da nossa atuação normal nos problemas da cidade e dos nossos associados. E, além de todas estas razões, iniciamos nesta gestão o plano de reformas e ampliação da nossa sede visando a modernização e adequação de nosso espaço para melhor servir ao associado, dotando os espaços de condições melhores para prestar serviços mais eficientes. Assim, este cenário de construção reafirma a própria essência de nossa Associação, qual seja a do fomento da construção, do progresso e do empreendedorismo, com respeito à valorização profissional e à cidadania, ressaltando a nossa vocação de cada vez mais enfatizar o atendimento a todos os que se servem desta casa, melhorando-a e adaptando-a aos novos tempos. Tanto é que no plano de modernização da nossa sede, numa primeira etapa, estamos dotando o salão de festas de banheiros, aumentando a sua capacidade, melhorando a ventilação, iluminação e envolvendo-o ao paisagismo externo que se tornará a extensão do mesmo, dando-lhe um ar mais agradável e confortável, observando a norma de acessibilidade e o recolhimento das águas pluviais em reservatório específico para a utilização em atividades de jardinagem e limpeza, poupando com isso a água potável para atividades mais nobres e colaborando com a diminuição das águas nos canais da cidade, minorando o problema das enchentes. 60 anos para nós representam a idade do sucesso alcançado com a com a conquista da sabedoria. Este é apenas o começo de nossa contribuição aos 60 anos da AEAARP. Eng. Civil Roberto Maestrello. Presidente da AEAARP
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Ano XI nº 157 Abril/2008 Associação de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Ribeirão Preto
60 anos